O documento discute fungicidas utilizados na cultura do algodão, descrevendo as principais doenças fúngicas que afetam a cultura, como a Ramulose e a Ramulária. Também explica os principais grupos químicos de fungicidas, incluindo triazóis, estrobilurinas e benzimidazóis. Por fim, aborda questões como a fitotoxidade, resistência de fungos a fungicidas e referências bibliográficas.
2. Introdução
Dos 250 patógenos relatados na cultura do algodão, mais de
90% são fungos;
A Ramulose (Colletotrichum gossypii var. cephalosporoides) e a
Ramulária (Ramularia areola) se destacam como as duas
doenças fúngicas de maior importância;
A maioria das doenças fúngicas são disseminadas via sementes
infectadas;
O custo com fungicidas variou de 2,80-3,9% do custo de
produção na safra 2013/2014 segundo IMEA.
3. Principais doenças fúngicas
Doença Patógeno(s) Órgão(s)
atacado(s) Observações
Ramulose Colletotrichum gossypii
var. cephalosporoides
Geralmente folhas
mais novas
A aplicação de fungicidas deve-se
iniciar quando os primeiros
sintomas forem indentificados em
poucas plantas (1 – 2%).
Ramulária, falso
oídio ou
mancha branca
Ramularia areola Geralmente folhas
mais velhas
Controle químico se faz necessário
quando as primeiras lesões são
identificadas nas folhas mais velhas.
Tombamento
Aspergillus, Penicillium,
Fusarium, Phyhium,
Rhyzopus,
Colletotrichum gossypii
e Rhizoctonia solani
Plântulas pré ou
pós emergidas
Reduz stand de plantas
significativamente. Tratamento de
sementes é indispensável.
Murcha de
Fusarium
Fusarium oxysporum Todas as fases da
cultura
Tratamento de sementes é
fundamental.
4. Principais doenças fúngicas
Doença Patógeno(s) Órgão(s) atacado(s) Observações
Mancha de
alternária
Alternaria
marcrospora
Folhas mais velhas e
folhas cotiledonares
Maior incidência entre o florescimento e
a frutificação. Pulverizações contra
outros patógenos contribuem para seu
controle.
Ferrugem
tropical Phakopsora gossypii Folhas
Fungicidas utilizados no controle de
Ramulária são eficientes para controle
da ferrugem no algodão.
Mancha de
Mirotécio
Myrothecium
roridum
Folhas de plantas
jovens
Fungicidas a base de cobre e
benzimidazóis já foram utilizados no
controle da doença.
Mancha de
Estenfílio Stemphylium solani Folhas Não existem fungicidas registrados.
Mancha-alvo Corynesopora
cassiicola
Folhas, flores, frutos,
raízes e caules
Não existem fungicidas registrados.
5. Principais Grupos Químicos
Triazóis
- Atuam na integridade da membrana plasmática;
- Inibem a biossíntese do ergosterol ruptura da
membrana;
- Inibem também a biossíntese dos triglicerídios e
fosfolipídios necrose celular;
6. Principais Grupos Químicos
Triazóis
- A maioria são sistêmicos;
- Rápida absorção e translocação;
- Elevado efeito residual.
- Exemplos: Aproach Prima (triazol +estrobilurina) – Du
Pont; Emerald – FMC, Triade – Bayer.
7. Fonte: Reis, E M, Reis A C, Carmona M A. MANUAL DE FUNGICIDAS, Editora UPF.
Germinação de uredosporos, após o tratamento com um triazol.
8. Principais Grupos Químicos
Estrobilurinas
- Inibidores da Quinona externa da mitocôndria (IQe);
- Inibem a respiração mitocondrial, reduzindo a
formação de ATP;
- A germinação dos esporos é a fase do ciclo biológico
dos fungos com maior sensibilidade as estrobilurinas;
- Controlam uma ampla gama de doenças fúngicas;
9. Principais Grupos Químicos
Estrobilurinas
- Absorção foliar, gradual e translaminar.
- Exemplos: Priori Xtra (estrobilurina + triazol) –
Syngenta; Elatus (estrubilurina + pirazol
carboxamida) - Syngenta
11. Principais Grupos Químicos
Benzimidazóis
- Inibem a biossíntese de tubulinas;
- Interferem na mitose durante a divisão da metáfase;
- O fuso mitótico é destruído e os núcleos filos não se
separam, levando a morte da célula.
- Exemplos: Cercobin 500 SC – IHARA; Delsene – Du
Pont.
12. Fonte: Reis, E M, Reis A C, Carmona M A. MANUAL DE FUNGICIDAS, Editora UPF.
Estrutura celular mostrando os microtúbulos
13. Principais Grupos Químicos
Dicarboxamidas
- Não possuem mecanismo de ação definido;
- O mecanismo de ação provável está relacionado com a
peroxidação dos lipídios e bloqueio do transporte de elétros de
NADPH para o citocromo-c;
- Inibem a germinação dos esporos e causam ramificações,
dilatações e lise das hifas.
- Exemplo: Orthocide 500 – Arysta; Captan – Adama.
14. Fitotoxidade
O que é?
Sintomas
Possíveis causas
Fonte: http://www.focorural.com/detalhes/n/n/3249.html
Sintoma de fitotoxicidade devido a aplicação de
fungicida;
Possível causa: condições climáticas
inadequadas.
15. Primeira aplicação e intervalo das
aplicações
Primeira aplicação:
- Deve-se levar em conta o custo com o controle químico e
o potencial de dano econômico que a doença pode causar;
- Início da doença na área.
Intervalo das aplicações:
- Quantidade de chuva ocorrida após a pulverização;
- Residual do produto.
16. Resistência de fungos à
fungicidas
Capacidade de adaptação à condições adversas;
Redução da sensibilidade;
Variabilidade, mutação e seleção;
Alteração herdável: “Uma vez desenvolvida, a resistência é
herdada” (Brent, 1999);
Fatores: condições ambientais, pressão da doença e
frequência de aplicação do fungicida.
17. Origem da resistência
Fonte: http://pt.slideshare.net/bruunno3/resistncia-de-fungos-fungicidas-slide
20. Referências bibliográficas
Andrade, B A et al. Resistência de fungos à fungicidas. Disponível em:
http://pt.slideshare.net/bruunno3/resistncia-de-fungos-fungicidas-slide. Acesso em:
setembro de 2014;
Chitarra, L G. Cartilha de Identificação e Controle de Doenças do Algodoeiro. Embrapa.
Campina Grande, PB, 2007;
Custo de Produção Algodão – Safra 2013/14. Imea. Disponível em:
http://www.imea.com.br/upload/publicacoes/arquivos/R410_2013_01_CPAlgodao.pdf.
Acesso em: setembro de 2014;
Miranda, J E, Suassuna, N D. Identificação e Controle das Principais Pragas e Doenças
do Algodoeiro. Junho, 2004;
Moura, P C S. Efeitos fisiológicos da aplicação de triazol e estrobilurinas em soja. Esalq,
Piracicaba, 2013;
Reis, E M, Reis A C, Carmona M A. MANUAL DE FUNGICIDAS, Editora UPF, 2010;
Siqueri, F V. CONTROLE QUÍMICO DE DOENÇAS DO ALGODOEIRO. Fundação de
Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso. V Congresso Brasileiro de Algodão.