Este documento discute conceitos de risco político e fornece exemplos de análise de risco político e política externa. Aborda definições de risco, risco político e análise de conjuntura política, e analisa casos como as negociações sobre o programa nuclear iraniano e eventos políticos no Brasil e EUA.
1. ANÁLISE DE RISCO
POLÍTICO: CONCEITOS E
CASOS
Prof. Dr. Flávio Rocha de Oliveira
Universidade Federal de São Paulo - Unifesp
2. Discutir os Conceitos de Risco e Risco Político
Análise de Risco Político
Análise de Política Externa
Aplicação em alguns eventos políticos
Estudo de Caso:
As negociações em torno do programa nuclear iraniano
Brasil (2011) e EUA (2015)
OBJETIVOS DA AULA
3. A atividade política – Cooperação e Conflito
Interesses Individuais x Necessidades Coletivas
Nível Micro x Nível Macro – Grupos, Organizações, Governos e
o Sistema Internacional
Status, Prestígio, Poder e Riqueza – Luta e Acomodação
Perguntas básicas:
Como uma sociedade é organizada?
Quem obtém o quê?
Como?
Quem cria e interpreta as leis?
Ideologias dominantes?
Como ela ocorre em vários níveis?
PARTE 1 - POLÍTICA
4. Risco – Inerentes às atividades humanas
Sociedades – Redes Complexas de Relações
Indivíduos – Avaliação de intenções e possibilidades
Julgamento Racional:
Perigos x Oportunidades
Custo x Benefício
Ameaças x Ganhos
Incerteza x Risco
Globalização e Complexidade Crescente das Relações Entre os
Povos
Aumento das probabilidades de perdas e ganhos
desigualmente distribuídos
Reação e Adaptação – Ex.: Automóveis e Relações Conjugais
PARTE 2 – RISCO: O FENÔMENO E AS
PERCEPÇÕES
5. Risco – Origem do Termo ligado à expansão comercial do
Renascimento (Ewald) e às navegações no séc. XVI (Giddens)
Renascimento Italiano – Impulso Comercial
Bernstein: Risco e Probabilidade
Aspecto Predominantemente Negativo – trade-off com as
oportunidades de ganhos
RISCO – ORIGEM E DEFINIÇÃO
6. Sécs. XX e XXI – A percepção de Risco enquanto ameaça torna-
se predominante
Giddens e Beck – Guerra Fria e Pós-Guerra Fria
Sociedade Contemporânea passa a ser dominada por uma
cultura do medo e da incerteza
Sociedade de Risco
Risco Se Infiltra em Todas as experiências cotidianas –
Top/Down e Bottom/Up
Ex.: Crise Financeira e Violência Cotidiana (crimes, acidentes de
trânsito, inflação)
RISCO – SÉC XX E XXI
7. Riscos Externos – Natureza (Terremotos, Furacões, Secas)
Riscos Fabricados – Humanidade (crises financeiras,
terrorismo, problemas com produtos industrializados)
Os Riscos Fabricados Passam para o Primeiro Plano das
preocupações
De indivíduos, governos e organizações
Riscos Fabricados são uma consequência da expansão do
conhecimento:
O controle de alguns elementos leva ao surgimentos de ameaças não
antecipadas.
Ex. 1: Informática – Privacidade, vigilância, crimes cibernéticos
Ex. 2: I.A. – Desaparecimento de Empregos e enfrentamento com os seres
humanos
RISCOS - TIPOS
8. 1. Preocupações coletivas expressando medos – capilarização.
Ex. 1: Sistema Financeiro, desemprego, epidemias,
corrupção, violência, violência política,
Ex. 2: Terrorismo e guerras
2. Mal-estar na modernidade – a sensação de que as coisas
sempre podem desandar
3. Os processos Políticos e seus protagonistas devem definir
parâmetros para identificar os principais riscos e as melhores
maneiras de lidar com eles
RESULTADOS
9. 4. Importante: os sistemas políticos e seus decisores devem
escolher quais riscos devem ser trabalhados e quais riscos devem
ser aceitos como inevitáveis.
Rasmussen – Segurança e Guerra
Necessidade do Gerenciamento do Risco – Quais os potenciais
riscos em termos de política externa e segurança que ameaçam
diferentes países?
Elaborar várias respostas possíveis – Alternativas
Considerar os possíveis Riscos que emergirão dessas
alternativas.
Ex.: 11 de Setembro de 2001, Terrorismo e EUA
RESULTADOS
10. Risco Político – Ancorada na Percepção do Risco (individual,
grupal, social)
Ponto de partida: literatura Anglo Saxã – Risco Político
enquanto fenômeno dos países em desenvolvimento
Estudos que buscam analisar o impacto dos eventos políticos
sobre os mercados
PARTE 3 – O RISCO POLÍTICO
11. 1. Ian Bremmer (Eurasia Group) e Keats
Risco – Probabilidade de que um evento provoque uma perda
mensurável
1º. Componente – Probabilidade
2º. Componente – Impacto
Ex. 1: OGM e Bio-hacking (Pequena probabilidade e Alto
Impacto)
Ex. 2: Cibersegurança e Transações econômicas (grande
probabilidade e impactos distribuídos)
RISCO POLÍTICO
12. Abordagem da Escolha Racional – mensuração e cálculo
estatístico – mundo dos negócios
Alerta: o analista deve ter em mente que a política é
caracterizada por aspectos subjetivos e imponderáveis, como
a ambição individual, os valores coletivos e a capacidade de
julgamento dos decisores
2. Habbeger – Incerteza e Futuro
O futuro é aberto: o que é, o que pode ser, o que será.
RISCO POLÍTICO
13. Risco Político (Bremmer) : a probabilidade de que uma ação
política particular produzirá mudanças nos resultados
econômicos.
Quantificação difícil
3. McKellar: Risco político como prejuízo potencial que um
comportamento político causa para uma operação de negócios.
Exs.:
RISCO POLÍTICO
14. Althaus – Ponto de vista dos profissionais da política
Risco Político atrelado ao julgamento feito pelos decisores
Lideranças políticas veem o mundo com a lógica da obtenção
e manutenção do poder.
Democracias liberais: eleições periódicas e formação de
alianças políticas
Regimes Autoritários: remoção violenta do poder
RISCO POLÍTICO - DECISORES
15. Lamborn – Risco Político enquanto possibilidade de que
escolhas políticas produzam resultados adversos no poder
exercido pelos membros-chave dentro de uma coalização
governante
LAMBORN
16. Filosofia Política – Maquiavel (O Príncipe)
Conceitos Chave – Virtú e Fortuna
Análise com prescrições para a ação política bem sucedida
Maquiavel sempre considera os riscos que a atividade política
traz para os príncipes
Imperfeição perpétua: a vitória sempre traz a sua cota de
problemas e riscos
MAQUIAVEL
17. Decomposição e Reconstituição (Análise e Síntese)
Papel dos Atores Políticos – Dentro e fora do governo
Contextualização – Estrutura e Conjuntura
Relações Internacionais: O Risco Político emerge em diferentes
regiões
Globalização – Intensificação do Risco Político: Comunicações e
Transportes
Efeito de Contágio
Ex.: ISIS, Grande Oriente Médio e Europa
A ANÁLISE DO RISCO POLÍTICO
18. 1 - Instabilidade Política nos países em Desenvolvimento
Legado histórico, descolonização e GF, intervenção das grandes
potências e emergência das massas.
Ex.: Revolução Xiita (1979) e Primavera Árabe
2 – Dependência Energética
Produtores globais usam o petróleo como arma política
China e da Índia entram pesado no mercado consumidor global
Todos os consumidores buscam diminuir os riscos
Políticos da dependência energética
3 – Mercados Emergentes
Realidades Políticas domésticas impactam no funcionamento dos
mercados
Cálculos Puramente Econômicos mascaram problemas políticos
internos
Ex.: Crise da Rússia no final dos anos 90
PRINCIPAIS CAUSAS DE RISCO POLÍTICO
19. 4 – Transformações Tecnológicas
Tecnologias Disruptivas geram riscos políticos – competição econômica
e desemprego
Barateamento tecnológico gera risco político – grupos e governos com
acesso a tecnologias com potencial de destruição de bens e vidas
5 - Declínio dos EUA
Vácuo de poder em algumas regiões do mundo
Novas potências serão fiadoras da estabilidade política internacional?
6 – Instabilidades econômicas e disputas políticas internas nos países
desenvolvidos
ARP “reversa”
Europa – Grécia e Alemanha
EUA – Congresso x Executivo? Orçamento federal de 2013
PRINCIPAIS CAUSAS DE RISCO POLÍTICO
20. A – Risco Político Doméstico (estabilidade)
B – Risco Político Externo – Risco Geopolítico – Possibilidade
de ameaça existencial
C – Risco Político e Mercado de Capitais
D – Risco Político e Regulação
TIPOS DE RISCOS POLÍTICOS
21. Incertezas – Riscos – Riscos Manipuláveis
Empresas – Identificar os Riscos Políticos em época de
Globalização
Ex.: Credit Suisse
Sociedade Civil – Sindicatos organizam lobbies junto ao
executivo e ao parlamento
Ex.: Regulamentação das atividades terceirizadas no Brasil (2015)
PARTE 4 – ADMINISTRANDO O RISCO
POLÍTICO
22. Governos – Máquina pública deve ser montada para lidar com
riscos internos e externos
Domesticamente: base partidária, ministérios, aliança com
governos locais
Maximizar o alcance das políticas públicas
Garantir condições de governabilidade
Democracias liberais: presença de um contexto de competição
política permanente, que fica mais acirrada em alguns
momentos
ADMINISTRANDO O RISCO POLÍTICO
23. A Administração do Risco Político não previne todas as
perdas, e não garante os melhores resultados
O que garante: um mínimo de coerência, previsibilidade,
resiliência e adaptabilidade dos atores políticos e do sistema
como um todo.
ADMINISTRANDO O RISCO POLÍTICO
24. Elemento importante na Análise de Risco Político
Evidencia os aspectos dinâmicos e inquantificáveis da ação política
Análise de Conjuntura Política implica na Leitura da Realidade em
Movimento
Deve-se levar em conta elementos imprevisíveis na ação política. Ex.:
Campanhas eleitorais com um candidato francamente favorito
Importante: a ACP objetiva ter uma utilidade prática, que é subsidiar a
atividade dos atores políticos
Identificar as condições da ação política para a realização dos
objetivos estratégicos dos atores políticos
PARTE 5 -
A ANÁLISE DE CONJUNTURA POLÍTICA
25. A Análise de Conjuntura Política pode ser posicionada, já que
um dos seus objetivos é influenciar o rumo dos
acontecimentos políticos
O analista deve olhar os acontecimentos do ponto de vista do
demandante E dos outros atores que integram o momento.
Ex.: Análise da Conjuntura Política Israelense feita por um
observador do governo brasileiro
ANÁLISE DE CONJUNTURA POLÍTICA
26. Subcampo das Ris e da Ciência Política
Abordagem multi e interdisciplinar
Busca explicar o comportamento da política externa de um país
Observando sistematicamente os tomadores de decisão e os
desdobramentos de suas ações
Análise de Política Externa observa
a) Os atores domésticos (executivo, burocracia, parlamento,
sociedade civil, atores econômicos)
b) O Sistema Internacional
PARTE 6 – ANÁLISE DE POLÍTICA
EXTERNA
27. Análise de Política Externa busca observar o Sistema Internacional
Observar o que ocorre no interior dos Estados
Construir explicações multicausais
Utilizar criticamente conceitos e teorias de várias áreas do conhecimento
Desenvolver explicações sobre o comportamento específico de certo ator
Observar atentamente o processo de tomada de decisão
Observar as Elites decisórias e as instituições
Explicar as conjunturas
Construir Cenários (o mesmo ocorre em vários ramos das ciências sociais)
ANÁLISE DE POLÍTICA EXTERNA
28. Ex.: A Política Externa do Governo Lula (2003-2010)
Evento: tentativa de mediar um acordo sobre o programa nuclear
iraniano
APEx busca entender a motivação e o processo desse evento
a) Quais os interesses brasileiros em jogo? Qual o contexto
conjuntural doméstico na época?
b) Quais são os componentes do processo decisório em política
externa no Governo Lula?
c) Quais os interesses brasileiros nesse jogo?
ANÁLISE DE POLÍTICA EXTERNA
29. d) Quais instituições tomaram parte nas decisões? (Presidência
e MRE), Ministérios econômicos (?), Defesa (?)
e) Quais grupos buscaram influenciar esse evento? (assessores,
partidos, empresários)
f) Como a personalidade e a visão de mundo dos principais
líderes influenciou no processo e nas decisões? (Carisma de
Lula, Visão de Celso Amorim, posicionamento de Marco Aurélio
Garcia e de Samuel Pinheiro Guimarães)
g) Como a imprensa brasileira comportou-se naquele momento?
ANÁLISE DE POLÍTICA EXTERNA
30. h) Como a imprensa internacional interpretou esse movimento?
i) Como os líderes estrangeiros interpretaram esse movimento?
j) Qual o interesse de vários países do sistema internacional
que foram afetados em termos de Ganhos e Perdas pela
tentativa de mediação?
k) Qual o papel das instituições internacionais, como a ONU?
ANÁLISE DE POLÍTICA EXTERNA
31. Quais as considerações de Risco Político que estiveram
presentes?
Na mente dos decisores durante a tentativa de mediação?
Decisão e Decisões (Implementação)
Riscos de Impasse
Micro-decisões
Não-decisões
RISCO POLÍTICO – GOVERNO LULA
32. Identificação de padrões de decisão e comportamento em Política Externa
Identificação de Estruturas e de Conjunturas
Identificação de Tendências
Identificação de rupturas
Análise das principais personalidades decisoras
Busca de subsídios para a identificação de sinais e alertas antecipados
Minimizar os riscos políticos
Identificar janelas de oportunidades e ganhos
Construção de Cenários futuros – Prós e contras
ARP E APEX
33. As Negociações em torno do programa nuclear Iraniano –
Comparar a tentativa de mediação brasileira (2010) com a
negociação liderada pelos EUA (2015).
Objetivo: Ressaltar a importância da consideração do Risco
Político na Análise Política
Personalidades – Drama – Declarações
Ideia inicial: pessoas em posição de comando ponderam,
decidem e implementam levando em consideração os riscos
políticos de suas ações.
PARTE 7 -EXERCÍCIO – ESTUDO DE CASO
– PROCEDIMENTOS
34. 1. O que sabemos sobre as negociações, disputas e problemas
cercando o programa nuclear iraniano?
2. Quais fatores (variáveis) influenciaram a decisão brasileira
de mediar a negociação? Quais fatores (variáveis)
influenciaram a decisão norte-americana de liderar a
negociação (2015)?
3. Quem são os principais participantes da negociação?
(indivíduos, organizações, ministérios, partidos políticos,
etc)
4. Qual a visão de mundo (sistema de crenças) dos principais
decisores?
QUESTÕES DO EXERCÍCIO COMPARATIVO
35. 5. Há posições em disputa dentro dos governos? P.ex., um
grupo é a favor da negociação, outro é contra?
6. Por que o Brasil tomou a iniciativa de tentar mediar essa
controvérsia naquele momento? Por que os EUA
torpedearam o acordo? Por que o Brasil manteve o processo
de negociação mesmo quando as grandes potências
sinalizaram que não apoiariam a mediação?
7. Qual o contexto regional (Grande Oriente Médio) na época
da negociação brasileira e qual o atual?
QUESTÕES - CONTINUAÇÃO
36. 8. Quais os contextos domésticos dos governos brasileiro e
americano durante os dois processos de negociação? (pense
sempre na questão do Risco Político)
9. Em sua avaliação, o governo brasileiro tomou as melhores
decisões? O governo americano tomou as melhores
decisões?
10. Quais seriam as alternativas que vocês sugeririam para os
respectivos governos, caso fossem parte dos grupos
decisores?