SlideShare a Scribd company logo
1 of 3
Filosofia 10º Ano - Ficha Formativa
Tema: John Rawls e a Justiça como equidade
1 – Quem é John Rawls?
John Bordley Rawls (1921 – 2002) é o quinto filho de Willian Lee Rawls e Anna Bell Rawls.
O interesse de Rawls por questões sociais começa devido ao envolvimento da sua mãe com o movimento
feminista e com a constatação de que a grande população negra de Baltimore (região onde morava) vivia em
condições muito diferentes da população branca. Além disso, Rawls também teve contacto com os brancos
pobres da região do Maine, onde a família costumava passar férias.
Em 1961, Rawls é convidado para ir dar aulas em Harvard. Espera mais um ano para acabar as suas
actividades no MIT e vai para Harvard em 1962, onde deu aulas até 1991, ano em que se aposentou.
Os anos seguintes, em Harvard, foram dedicados a acabar de escrever Uma Teoria da Justiça e às aulas
sobre grandes autores da filosofia política.
No final da década de 60, Rawls faz parte de movimentos contra a Guerra do Vietname. Toda essa
polémica levou Rawls a reflectir sobre questões como a desobediência civil e sobre a ética nas relações
internacionais.
Rawls passou os anos de 1969-70 no Centro de Estudo Avançados da Universidade de Stanford, a acabar de
escrever Uma Teoria da Justiça.
Em 1995, Rawls sofre o primeiro de vários derrames que farão com que a sua carreira académica seja bastante
prejudicada.
John Bordley Rawls morre num sábado, 24 de Novembro de 2002, em sua casa, em Lexington, Massachusetts,
de insuficiência cardíaca.
2 – Qual o seu objectivo? Quais as suas influências?
Baseado em Kant e John Locke, Rawls tem como objectivo criar um conjunto de ideais para formar uma
sociedade justa. O autor da mais importante teoria de justiça social do século XX reconhece diferenças na
sociedade e procura que esta seja julgada com direitos iguais na diferença. Defende ainda a liberdade individual.
Outro objectivo a que se propõe é a apresentação de alternativas ao utilitarismo.
3 – Qual a posição de Rawls face ao utilitarismo?
À semelhança de Kant, Rawls considera a pessoa um ser livre, racional, igual, que tem fim em si mesmo.
Dessa forma, discorda do Utilitarismo pois não há um critério único e universal que permita distinguir boas
e más acções, não há o reconhecimento de direitos fundamentais do Homem e não é levado em consideração a
forma justa ou injusta como a felicidade é distribuída.
4 – Assinale pontos de contacto entre Kant e Rawls
Ambas as teorias apresentadas de Kant e Rawls baseiam-se no dever ser, em princípios que estão já
definidos e segundo os quais cada ser humano deve reflectir antes de agir, são assim teorias deontológicas – a
primeira de natureza moral, a segunda de natureza política. Ambas as teorias abdicam do carácter útil e
consequencialista das acções.
Os dois filósofos defendem a universalidade e vêem o Homem como um ser livre, igual, racional e fim em
si mesmo – o homem é um ser de dignidade.
5 – Porquê a necessidade de escolha racional de princípios de justiça social?
O homem é, para Rawls, um ser social que obtém vantagens a partir da Vida em sociedade. Contudo, esta
Vida em sociedade pode trazer conflitos que levam à definição de princípios que sirvam como critérios para
atribuir direitos e deveres.
A definição de princípios pode ser uma tarefa difícil pois como se podem criar regras que garantam a
imparcialidade, a justiça e evitem o conflito de interesses se o Homem é, por natureza, egoísta?
Rawls soluciona o problema com a Posição Original.
6 – O que é a Posição original?
A Posição Original é uma situação hipotética que coloca os Homens numa base de igualdade, despidos
das suas características, dos seus interesses e dos seus objectivos (véu de ignorância). Ignorando as suas
vontades pessoais, o Homem opta pelo seu melhor que acaba por ser o melhor para todos visto estarem todos
na mesma base de igualdade.
A Posição Original garante então a imparcialidade e a universalidade (o que é bom para um, é bom para
todos).
7 – Defina véu de ignorância
O véu de ignorância despe os Homem das suas características, vontades, desejos, interesses, estatutos e leva-
os a ignorar também a situação dos seus parceiros. O véu de ignorância tem como objectivo levar os Homens a
optar sempre com imparcialidade.
8 – O conceito de justiça de Rawls desenvolve-se em torno de dois princípios:
A. O que diz o Princípio de Igualdade?
Este princípio defende a liberdade individual e esta tem de ser compatível com a liberdade individual dos outros.
Os Homens têm igual liberdade na política, na justiça, na opinião, na propriedade, no respeito pela dignidade
humana, … Este princípionuncadeveserquebradosobnenhumacircunstância.
B. E o Princípio da Diferença?
Este princípio defende a distribuição igual da riqueza, a não que os mais desfavorecidos sejam mais
beneficiados. Os ricos devem dar auxílios e contribuições aos mais pobres e devem combater o número de
pessoas que nascem mais desfavorecidas. No fundo, o grande objectivo é contrariar a diferença entre muito rico
e muito pobre.
Este princípio abrange ainda a igualdade nas oportunidades. Todos têm o mesmo direito a aceder a posições e
cargos.
ESTES DOIS PRINCÌPIOS GARANTEM A COEXISTÊNCIA PACÍFICA DE UMA SOCIEDADE JUSTA
9 – Será, para Rawls, legítima a desobediência civil?
No desenvolvimento da ideia do Contrato Social de John Locke, Rawls é defensor da obediência dos
cidadãos face à autoridade do estado que só é legítima se este respeitar os princípios de justiça.
Se tal não acontecer, Rawls assume a possibilidade de desobediência civil.
A desobediência civil consiste num movimento público não violento (manifestação, desfile, ocupação de
instituições, …) que visa o não cumprimento da lei a fim de provocar alterações na lei do governo.
Para Rawls, este acto de gravidade considerável deve ser bem ponderado e as suas consequências têm de ser
medidas. Nunca deve resultar anarquia e desordem de um acto de desobediência civil.
10 – Que aspectos devem ser ponderados quando a ela se recorre?
Visto a desobediência civil constituir um acto grave, é necessário ponderar as circunstâncias e condições
até onde pode ser justificada.
A desobediência civil pode ser aplicável se tiverem sido violados os dois princípios de justiça (liberdade
básica e diferença), se for a última alternativa, isto é, se nenhum dos apelos feitos anteriormente resultou e se
não houver riscos de advirem desordem ou anarquia com consequências negativas para todos (o funcionamento
normal das instituições deve ser respeitado, etc).
11 – Qual o papel da desobediência civil?
Só existe desobediência civil numa sociedade quase justa. Se uma sociedade fosse totalmente justa,
todos os direitos dos cidadãos seriam assegurados e estes nunca teriam de reivindicar. Assim, a desobediência
civil vêm contribuir para o melhoramento e aperfeiçoamento das leis de uma sociedade, garantindo que todos os
direitos dos cidadãos são cumpridos.
É afastada a ideia de anarquia e desordem se a desobediência civil for apenas usada como último recurso
e se foram ponderados todos os riscos.
12 – O que é a objecção de consciência?
Trata-se de um acto individual que consiste no incumprimento da lei por motivos de consciência. O
praticante pode alegar motivos políticos, religiosos, ambientais, …
Por exemplo, recusar realizar um aborto por parte de um médico é uma questão de objecção de
consciência por motivos religiosos.
13 – Reflicta sobre a teoria de Jonh Rawls encontrando pontos de contacto e afastamento
entre esta e as perspectivas de Kant e Stuart Mill
É notório o afastamento entre a teoria utilitarista de Stuart Mill e a teoria política de Rawls. Rawls critica a
falta de um critério absoluto e universal na definição de boas e más acções e o relativismo com o qual as acções
são tratadas. Para Rawls a felicidade tem o preço da justiça e não pode ser reduzida à ausência de dor.
Por outro lado, Rawls tem como grande influência Kant. As suas teorias convergem na universalidade.
Rawls defende que aquilo que é bom para um tem de ser bom para todos através da Posição Original e Kant
defende o mesmo princípio através do seu Imperativo Categórico (“Age sempre segundo uma máxima tal que
esta se possa tornar lei universal”).
Os pontos de vista destes dois filósofos são semelhantes também na forma como encaram o Homem. O
Homem é para eles um ser livre, igual e fim em si mesmo. Ambosapresentamteoriasdeontológicasbaseadas
no dever ser.
Rosa Sousa

More Related Content

What's hot

Esquema comparativo das éticas de kant e de mill
Esquema comparativo das éticas de kant e de millEsquema comparativo das éticas de kant e de mill
Esquema comparativo das éticas de kant e de millLuis De Sousa Rodrigues
 
Justiça e equidade teoria de john rawls
Justiça e equidade teoria de john rawlsJustiça e equidade teoria de john rawls
Justiça e equidade teoria de john rawlsRaquel Lopes da Costa
 
A filosofia moral utilitarista de stuart mill
A filosofia moral utilitarista de stuart millA filosofia moral utilitarista de stuart mill
A filosofia moral utilitarista de stuart millFilazambuja
 
Fundamentação da moral
Fundamentação da moral Fundamentação da moral
Fundamentação da moral Marco Casquinha
 
Diversas respostas ao problema da natureza dos juízos morais
Diversas respostas ao problema da natureza dos juízos moraisDiversas respostas ao problema da natureza dos juízos morais
Diversas respostas ao problema da natureza dos juízos moraisLuis De Sousa Rodrigues
 
A filosofia moral de kant
A filosofia moral de kantA filosofia moral de kant
A filosofia moral de kantFilazambuja
 
Iniciação à atividade filosófica
Iniciação à atividade filosóficaIniciação à atividade filosófica
Iniciação à atividade filosóficaFilazambuja
 
Determinismo e Liberdade na Ação Humana
Determinismo e Liberdade na Ação HumanaDeterminismo e Liberdade na Ação Humana
Determinismo e Liberdade na Ação HumanaLeonidia Afm
 
Método_conjeturas_refutações_Popper
Método_conjeturas_refutações_PopperMétodo_conjeturas_refutações_Popper
Método_conjeturas_refutações_PopperIsabel Moura
 
Formas de inferência válidas
Formas de inferência válidasFormas de inferência válidas
Formas de inferência válidasHelena Serrão
 
Dimensões da Ação Humana e dos Valores (Kant e Mill)
Dimensões da Ação Humana e dos Valores (Kant e Mill)Dimensões da Ação Humana e dos Valores (Kant e Mill)
Dimensões da Ação Humana e dos Valores (Kant e Mill)InesTeixeiraDuarte
 
Filosofia 10º Ano - Os Valores
Filosofia 10º Ano - Os ValoresFilosofia 10º Ano - Os Valores
Filosofia 10º Ano - Os ValoresInesTeixeiraDuarte
 

What's hot (20)

Esquema comparativo das éticas de kant e de mill
Esquema comparativo das éticas de kant e de millEsquema comparativo das éticas de kant e de mill
Esquema comparativo das éticas de kant e de mill
 
Justiça e equidade teoria de john rawls
Justiça e equidade teoria de john rawlsJustiça e equidade teoria de john rawls
Justiça e equidade teoria de john rawls
 
A filosofia moral utilitarista de stuart mill
A filosofia moral utilitarista de stuart millA filosofia moral utilitarista de stuart mill
A filosofia moral utilitarista de stuart mill
 
Fundamentação da moral
Fundamentação da moral Fundamentação da moral
Fundamentação da moral
 
Diversas respostas ao problema da natureza dos juízos morais
Diversas respostas ao problema da natureza dos juízos moraisDiversas respostas ao problema da natureza dos juízos morais
Diversas respostas ao problema da natureza dos juízos morais
 
Libertismo
Libertismo Libertismo
Libertismo
 
A filosofia moral de kant
A filosofia moral de kantA filosofia moral de kant
A filosofia moral de kant
 
A teoria ética utilitarista de mill
A teoria ética utilitarista de millA teoria ética utilitarista de mill
A teoria ética utilitarista de mill
 
Iniciação à atividade filosófica
Iniciação à atividade filosóficaIniciação à atividade filosófica
Iniciação à atividade filosófica
 
Kant e Stuart Mill
Kant e Stuart MillKant e Stuart Mill
Kant e Stuart Mill
 
Determinismo e Liberdade na Ação Humana
Determinismo e Liberdade na Ação HumanaDeterminismo e Liberdade na Ação Humana
Determinismo e Liberdade na Ação Humana
 
Método_conjeturas_refutações_Popper
Método_conjeturas_refutações_PopperMétodo_conjeturas_refutações_Popper
Método_conjeturas_refutações_Popper
 
A teoria ética de kant
A teoria ética de kantA teoria ética de kant
A teoria ética de kant
 
Formas de inferência válidas
Formas de inferência válidasFormas de inferência válidas
Formas de inferência válidas
 
O problema da justiça distributiva
O problema da justiça distributivaO problema da justiça distributiva
O problema da justiça distributiva
 
Dimensões da Ação Humana e dos Valores (Kant e Mill)
Dimensões da Ação Humana e dos Valores (Kant e Mill)Dimensões da Ação Humana e dos Valores (Kant e Mill)
Dimensões da Ação Humana e dos Valores (Kant e Mill)
 
Filosofia 10º Ano - Os Valores
Filosofia 10º Ano - Os ValoresFilosofia 10º Ano - Os Valores
Filosofia 10º Ano - Os Valores
 
Stuart mill
Stuart millStuart mill
Stuart mill
 
A teoria ética de kant
A teoria ética de kantA teoria ética de kant
A teoria ética de kant
 
Popper e a Ciência
Popper e a CiênciaPopper e a Ciência
Popper e a Ciência
 

Similar to Rawls respostas

Teorias da Justiça - Amartya Sen - Robert Nozick
Teorias da Justiça - Amartya Sen - Robert NozickTeorias da Justiça - Amartya Sen - Robert Nozick
Teorias da Justiça - Amartya Sen - Robert NozickTatiana Mareto Silva
 
Filosofia - Exercício de Conceptualização
Filosofia - Exercício de ConceptualizaçãoFilosofia - Exercício de Conceptualização
Filosofia - Exercício de ConceptualizaçãoTomás Pinto
 
A questão de equidade john raws
A questão de equidade   john rawsA questão de equidade   john raws
A questão de equidade john rawsdinho tiba
 
Apresentação PPT Capítulo 6 - O problema da organização de uma sociedade just...
Apresentação PPT Capítulo 6 - O problema da organização de uma sociedade just...Apresentação PPT Capítulo 6 - O problema da organização de uma sociedade just...
Apresentação PPT Capítulo 6 - O problema da organização de uma sociedade just...Cecília Gomes
 
Trabalho direitos humanos completo
Trabalho direitos humanos completoTrabalho direitos humanos completo
Trabalho direitos humanos completoCamila Martins
 
AULA_justiça como equidade.ppt
AULA_justiça como equidade.pptAULA_justiça como equidade.ppt
AULA_justiça como equidade.pptalexon5
 
A Justiça e a Moral em Rawls.pptx
A Justiça e a Moral em Rawls.pptxA Justiça e a Moral em Rawls.pptx
A Justiça e a Moral em Rawls.pptxSergioRicardo74419
 
Direitos Humanos
Direitos HumanosDireitos Humanos
Direitos HumanosKevinkr9
 
Direitos Humanos
Direitos HumanosDireitos Humanos
Direitos HumanosKevinkr9
 
Cidadania moderna
Cidadania modernaCidadania moderna
Cidadania modernaMaira Conde
 
F:\Curso De Direitos Humanos\Aulas\2ª Aula 10 03 2010\Criticas Aos Direitos...
F:\Curso De Direitos Humanos\Aulas\2ª Aula   10 03 2010\Criticas Aos Direitos...F:\Curso De Direitos Humanos\Aulas\2ª Aula   10 03 2010\Criticas Aos Direitos...
F:\Curso De Direitos Humanos\Aulas\2ª Aula 10 03 2010\Criticas Aos Direitos...gueste105fd
 

Similar to Rawls respostas (20)

Teorias da Justiça - Amartya Sen - Robert Nozick
Teorias da Justiça - Amartya Sen - Robert NozickTeorias da Justiça - Amartya Sen - Robert Nozick
Teorias da Justiça - Amartya Sen - Robert Nozick
 
Politica 4
Politica 4Politica 4
Politica 4
 
John Rawls
John RawlsJohn Rawls
John Rawls
 
Filosofia - Exercício de Conceptualização
Filosofia - Exercício de ConceptualizaçãoFilosofia - Exercício de Conceptualização
Filosofia - Exercício de Conceptualização
 
eqt10_ppt_7.pptx
eqt10_ppt_7.pptxeqt10_ppt_7.pptx
eqt10_ppt_7.pptx
 
A questão de equidade john raws
A questão de equidade   john rawsA questão de equidade   john raws
A questão de equidade john raws
 
Apresentação PPT Capítulo 6 - O problema da organização de uma sociedade just...
Apresentação PPT Capítulo 6 - O problema da organização de uma sociedade just...Apresentação PPT Capítulo 6 - O problema da organização de uma sociedade just...
Apresentação PPT Capítulo 6 - O problema da organização de uma sociedade just...
 
Trabalho direitos humanos completo
Trabalho direitos humanos completoTrabalho direitos humanos completo
Trabalho direitos humanos completo
 
AULA_justiça como equidade.ppt
AULA_justiça como equidade.pptAULA_justiça como equidade.ppt
AULA_justiça como equidade.ppt
 
Resumodefilo6
Resumodefilo6Resumodefilo6
Resumodefilo6
 
Slides rawls
Slides rawlsSlides rawls
Slides rawls
 
A Justiça e a Moral em Rawls.pptx
A Justiça e a Moral em Rawls.pptxA Justiça e a Moral em Rawls.pptx
A Justiça e a Moral em Rawls.pptx
 
Direitos Humanos
Direitos HumanosDireitos Humanos
Direitos Humanos
 
Direitos Humanos
Direitos HumanosDireitos Humanos
Direitos Humanos
 
Direitos humanos
Direitos humanosDireitos humanos
Direitos humanos
 
10 edição
10 edição10 edição
10 edição
 
2013 6 7 uma teoria da justiça 1
2013 6 7 uma teoria da justiça 12013 6 7 uma teoria da justiça 1
2013 6 7 uma teoria da justiça 1
 
Cidadania moderna direitos civis
Cidadania moderna   direitos civisCidadania moderna   direitos civis
Cidadania moderna direitos civis
 
Cidadania moderna
Cidadania modernaCidadania moderna
Cidadania moderna
 
F:\Curso De Direitos Humanos\Aulas\2ª Aula 10 03 2010\Criticas Aos Direitos...
F:\Curso De Direitos Humanos\Aulas\2ª Aula   10 03 2010\Criticas Aos Direitos...F:\Curso De Direitos Humanos\Aulas\2ª Aula   10 03 2010\Criticas Aos Direitos...
F:\Curso De Direitos Humanos\Aulas\2ª Aula 10 03 2010\Criticas Aos Direitos...
 

More from Filipe Prado

A obra de arte afonte 2 (2)
A obra de arte    afonte 2 (2)A obra de arte    afonte 2 (2)
A obra de arte afonte 2 (2)Filipe Prado
 
Arte pela arte e arte militante 1
Arte pela arte e arte militante 1Arte pela arte e arte militante 1
Arte pela arte e arte militante 1Filipe Prado
 
Quanto vale a obra de arte
Quanto vale a obra de arteQuanto vale a obra de arte
Quanto vale a obra de arteFilipe Prado
 
B. obama dicurso premio nobel
B. obama  dicurso premio nobelB. obama  dicurso premio nobel
B. obama dicurso premio nobelFilipe Prado
 
B. obama prémio nobel
B. obama  prémio nobelB. obama  prémio nobel
B. obama prémio nobelFilipe Prado
 
Ficha prep. 4° teste
Ficha prep. 4° testeFicha prep. 4° teste
Ficha prep. 4° testeFilipe Prado
 
Stuart mill e kant
Stuart mill e kantStuart mill e kant
Stuart mill e kantFilipe Prado
 
Fil. 10º 3ºteste a
Fil. 10º 3ºteste aFil. 10º 3ºteste a
Fil. 10º 3ºteste aFilipe Prado
 
Fil. 10º 2ºteste a
Fil. 10º 2ºteste aFil. 10º 2ºteste a
Fil. 10º 2ºteste aFilipe Prado
 
Stephen hawking deus
Stephen hawking   deusStephen hawking   deus
Stephen hawking deusFilipe Prado
 
Ao encontro de richard zimler
Ao encontro de richard zimlerAo encontro de richard zimler
Ao encontro de richard zimlerFilipe Prado
 
Ficha formativa nº8
Ficha formativa nº8Ficha formativa nº8
Ficha formativa nº8Filipe Prado
 

More from Filipe Prado (20)

Tres teorias
Tres teoriasTres teorias
Tres teorias
 
A obra de arte afonte 2 (2)
A obra de arte    afonte 2 (2)A obra de arte    afonte 2 (2)
A obra de arte afonte 2 (2)
 
Arte e mercado
Arte e mercadoArte e mercado
Arte e mercado
 
Arte pela arte e arte militante 1
Arte pela arte e arte militante 1Arte pela arte e arte militante 1
Arte pela arte e arte militante 1
 
Quanto vale a obra de arte
Quanto vale a obra de arteQuanto vale a obra de arte
Quanto vale a obra de arte
 
3ºteste fil. c
3ºteste fil. c3ºteste fil. c
3ºteste fil. c
 
B. obama dicurso premio nobel
B. obama  dicurso premio nobelB. obama  dicurso premio nobel
B. obama dicurso premio nobel
 
B. obama prémio nobel
B. obama  prémio nobelB. obama  prémio nobel
B. obama prémio nobel
 
Prep. 3 ° teste
Prep. 3 ° testePrep. 3 ° teste
Prep. 3 ° teste
 
Ficha prep. 4° teste
Ficha prep. 4° testeFicha prep. 4° teste
Ficha prep. 4° teste
 
3ºteste fil. c
3ºteste fil. c3ºteste fil. c
3ºteste fil. c
 
Stuart mill e kant
Stuart mill e kantStuart mill e kant
Stuart mill e kant
 
Fil. 10º 3ºteste a
Fil. 10º 3ºteste aFil. 10º 3ºteste a
Fil. 10º 3ºteste a
 
Valores e cultura
Valores  e culturaValores  e cultura
Valores e cultura
 
Fil. 10º 2ºteste a
Fil. 10º 2ºteste aFil. 10º 2ºteste a
Fil. 10º 2ºteste a
 
Stephen hawking deus
Stephen hawking   deusStephen hawking   deus
Stephen hawking deus
 
Ao encontro de richard zimler
Ao encontro de richard zimlerAo encontro de richard zimler
Ao encontro de richard zimler
 
Ficha formativa nº8
Ficha formativa nº8Ficha formativa nº8
Ficha formativa nº8
 
Ficha trab. nº7
Ficha trab. nº7Ficha trab. nº7
Ficha trab. nº7
 
Ficha trab. 6
Ficha trab. 6Ficha trab. 6
Ficha trab. 6
 

Rawls respostas

  • 1. Filosofia 10º Ano - Ficha Formativa Tema: John Rawls e a Justiça como equidade 1 – Quem é John Rawls? John Bordley Rawls (1921 – 2002) é o quinto filho de Willian Lee Rawls e Anna Bell Rawls. O interesse de Rawls por questões sociais começa devido ao envolvimento da sua mãe com o movimento feminista e com a constatação de que a grande população negra de Baltimore (região onde morava) vivia em condições muito diferentes da população branca. Além disso, Rawls também teve contacto com os brancos pobres da região do Maine, onde a família costumava passar férias. Em 1961, Rawls é convidado para ir dar aulas em Harvard. Espera mais um ano para acabar as suas actividades no MIT e vai para Harvard em 1962, onde deu aulas até 1991, ano em que se aposentou. Os anos seguintes, em Harvard, foram dedicados a acabar de escrever Uma Teoria da Justiça e às aulas sobre grandes autores da filosofia política. No final da década de 60, Rawls faz parte de movimentos contra a Guerra do Vietname. Toda essa polémica levou Rawls a reflectir sobre questões como a desobediência civil e sobre a ética nas relações internacionais. Rawls passou os anos de 1969-70 no Centro de Estudo Avançados da Universidade de Stanford, a acabar de escrever Uma Teoria da Justiça. Em 1995, Rawls sofre o primeiro de vários derrames que farão com que a sua carreira académica seja bastante prejudicada. John Bordley Rawls morre num sábado, 24 de Novembro de 2002, em sua casa, em Lexington, Massachusetts, de insuficiência cardíaca. 2 – Qual o seu objectivo? Quais as suas influências? Baseado em Kant e John Locke, Rawls tem como objectivo criar um conjunto de ideais para formar uma sociedade justa. O autor da mais importante teoria de justiça social do século XX reconhece diferenças na sociedade e procura que esta seja julgada com direitos iguais na diferença. Defende ainda a liberdade individual. Outro objectivo a que se propõe é a apresentação de alternativas ao utilitarismo. 3 – Qual a posição de Rawls face ao utilitarismo? À semelhança de Kant, Rawls considera a pessoa um ser livre, racional, igual, que tem fim em si mesmo. Dessa forma, discorda do Utilitarismo pois não há um critério único e universal que permita distinguir boas e más acções, não há o reconhecimento de direitos fundamentais do Homem e não é levado em consideração a forma justa ou injusta como a felicidade é distribuída. 4 – Assinale pontos de contacto entre Kant e Rawls Ambas as teorias apresentadas de Kant e Rawls baseiam-se no dever ser, em princípios que estão já definidos e segundo os quais cada ser humano deve reflectir antes de agir, são assim teorias deontológicas – a primeira de natureza moral, a segunda de natureza política. Ambas as teorias abdicam do carácter útil e consequencialista das acções. Os dois filósofos defendem a universalidade e vêem o Homem como um ser livre, igual, racional e fim em si mesmo – o homem é um ser de dignidade. 5 – Porquê a necessidade de escolha racional de princípios de justiça social? O homem é, para Rawls, um ser social que obtém vantagens a partir da Vida em sociedade. Contudo, esta Vida em sociedade pode trazer conflitos que levam à definição de princípios que sirvam como critérios para atribuir direitos e deveres. A definição de princípios pode ser uma tarefa difícil pois como se podem criar regras que garantam a imparcialidade, a justiça e evitem o conflito de interesses se o Homem é, por natureza, egoísta? Rawls soluciona o problema com a Posição Original.
  • 2. 6 – O que é a Posição original? A Posição Original é uma situação hipotética que coloca os Homens numa base de igualdade, despidos das suas características, dos seus interesses e dos seus objectivos (véu de ignorância). Ignorando as suas vontades pessoais, o Homem opta pelo seu melhor que acaba por ser o melhor para todos visto estarem todos na mesma base de igualdade. A Posição Original garante então a imparcialidade e a universalidade (o que é bom para um, é bom para todos). 7 – Defina véu de ignorância O véu de ignorância despe os Homem das suas características, vontades, desejos, interesses, estatutos e leva- os a ignorar também a situação dos seus parceiros. O véu de ignorância tem como objectivo levar os Homens a optar sempre com imparcialidade. 8 – O conceito de justiça de Rawls desenvolve-se em torno de dois princípios: A. O que diz o Princípio de Igualdade? Este princípio defende a liberdade individual e esta tem de ser compatível com a liberdade individual dos outros. Os Homens têm igual liberdade na política, na justiça, na opinião, na propriedade, no respeito pela dignidade humana, … Este princípionuncadeveserquebradosobnenhumacircunstância. B. E o Princípio da Diferença? Este princípio defende a distribuição igual da riqueza, a não que os mais desfavorecidos sejam mais beneficiados. Os ricos devem dar auxílios e contribuições aos mais pobres e devem combater o número de pessoas que nascem mais desfavorecidas. No fundo, o grande objectivo é contrariar a diferença entre muito rico e muito pobre. Este princípio abrange ainda a igualdade nas oportunidades. Todos têm o mesmo direito a aceder a posições e cargos. ESTES DOIS PRINCÌPIOS GARANTEM A COEXISTÊNCIA PACÍFICA DE UMA SOCIEDADE JUSTA 9 – Será, para Rawls, legítima a desobediência civil? No desenvolvimento da ideia do Contrato Social de John Locke, Rawls é defensor da obediência dos cidadãos face à autoridade do estado que só é legítima se este respeitar os princípios de justiça. Se tal não acontecer, Rawls assume a possibilidade de desobediência civil. A desobediência civil consiste num movimento público não violento (manifestação, desfile, ocupação de instituições, …) que visa o não cumprimento da lei a fim de provocar alterações na lei do governo. Para Rawls, este acto de gravidade considerável deve ser bem ponderado e as suas consequências têm de ser medidas. Nunca deve resultar anarquia e desordem de um acto de desobediência civil. 10 – Que aspectos devem ser ponderados quando a ela se recorre? Visto a desobediência civil constituir um acto grave, é necessário ponderar as circunstâncias e condições até onde pode ser justificada. A desobediência civil pode ser aplicável se tiverem sido violados os dois princípios de justiça (liberdade básica e diferença), se for a última alternativa, isto é, se nenhum dos apelos feitos anteriormente resultou e se não houver riscos de advirem desordem ou anarquia com consequências negativas para todos (o funcionamento normal das instituições deve ser respeitado, etc). 11 – Qual o papel da desobediência civil? Só existe desobediência civil numa sociedade quase justa. Se uma sociedade fosse totalmente justa, todos os direitos dos cidadãos seriam assegurados e estes nunca teriam de reivindicar. Assim, a desobediência civil vêm contribuir para o melhoramento e aperfeiçoamento das leis de uma sociedade, garantindo que todos os direitos dos cidadãos são cumpridos.
  • 3. É afastada a ideia de anarquia e desordem se a desobediência civil for apenas usada como último recurso e se foram ponderados todos os riscos. 12 – O que é a objecção de consciência? Trata-se de um acto individual que consiste no incumprimento da lei por motivos de consciência. O praticante pode alegar motivos políticos, religiosos, ambientais, … Por exemplo, recusar realizar um aborto por parte de um médico é uma questão de objecção de consciência por motivos religiosos. 13 – Reflicta sobre a teoria de Jonh Rawls encontrando pontos de contacto e afastamento entre esta e as perspectivas de Kant e Stuart Mill É notório o afastamento entre a teoria utilitarista de Stuart Mill e a teoria política de Rawls. Rawls critica a falta de um critério absoluto e universal na definição de boas e más acções e o relativismo com o qual as acções são tratadas. Para Rawls a felicidade tem o preço da justiça e não pode ser reduzida à ausência de dor. Por outro lado, Rawls tem como grande influência Kant. As suas teorias convergem na universalidade. Rawls defende que aquilo que é bom para um tem de ser bom para todos através da Posição Original e Kant defende o mesmo princípio através do seu Imperativo Categórico (“Age sempre segundo uma máxima tal que esta se possa tornar lei universal”). Os pontos de vista destes dois filósofos são semelhantes também na forma como encaram o Homem. O Homem é para eles um ser livre, igual e fim em si mesmo. Ambosapresentamteoriasdeontológicasbaseadas no dever ser. Rosa Sousa