Quanto custa uma infecção? Este trabalho apresenta uma resposta a esta questão.
Esta apresentação resulta do trabalho académico dos autores (Ana Tavares (Enf.ª no Hospital Distrital de Santarém, EPE), Cláudia Simão (Enf.ª no Hospital Distrital de Santarém, EPE), Hugo de Sousa (Enf. na USF D. Sancho I) e Sofia Ferreirinha (Enf.ª no Hospital Distrital de Santarém, EPE)), no âmbito da disciplina de economia da saúde integrada na Pós-graduação em Gestão de Unidades de Saúde do Instituto Politécnico de Santarém.
IACS - Uma Perspectiva de Redução de Despesa Pública
1. IACS: Uma Perspectiva de
Redução de Despesa
Pública
ECONOMIA DA SAÚDE Ana Tavares
Cláudia Simão
Hugo de Sousa
Sofia Ferreirinha
19.12.2015 Prof. Doutora Sandra Oliveira
2. Objetivos
• Compreender o impacto das IACS na Economia da Saúde;
• Conhecer as medidas implementadas para reduzir
as infeções associadas aos cuidados de saúde, evitáveis,
através de práticas baseadas na evidência;
• Entender o papel dos Profissionais de Saúde como
agentes de mudança na sustentabilidade do SNS.
3. Aplicação de métodos na procura de
objetivos e metas que melhorem a
gestão dos riscos associados à
prestação de cuidados de saúde
Apoiar os
gestores e os
clínicos do
Serviço
Nacional de
Saúde
Envolvimento das responsabilidades de governação, de
coordenação e da prática operacional da prestação
de cuidados
Recomendação do Conselho da União Europeia, de 9 de junho de
2009, sobre a segurança dos doentes decorre da Estratégia Nacional
para a Qualidade na Saúde.
Plano Nacional para a Segurança do Doente 2015-2020
4. 1. Aumentar a cultura de segurança do ambiente interno.
2. Aumentar a segurança da comunicação.
3. Aumentar a segurança cirúrgica.
4. Aumentar a segurança na utilização da medicação.
5. Assegurar a identificação inequívoca dos doentes.
6. Prevenir a ocorrência de quedas.
7. Prevenir a ocorrência de úlceras de pressão.
8. Assegurar a prática sistemática de notificação, análise e prevenção de incidentes.
9. Prevenir e controlar as infeções e as resistências aos antimicrobianos.
São causa de significativa
morbilidade e mortalidade,
bem como de consumo
acrescido de recursos
hospitalares e comunitários. No
entanto, cerca de um terço são,
seguramente evitáveis.
Objetivos estratégicos do PNSD
Plano Nacional para a Segurança do Doente 2015-2020
IACS - é uma infeção adquirida pelos doentes em consequência dos
cuidados e procedimentos de saúde prestados podendo, também,
afetar os profissionais de saúde durante o exercício da sua atividade.
Por vezes, estas infeções são também denominadas de infeções
nosocomiais, apesar desta designação não ser inteiramente abrangente
por excluir o ambulatório.(PNCI, 2007)
5. Plano Nacional de Saúde
A infeção associada aos cuidados de saúde (IACS) constitui um problema de grande relevância a
nível nacional, a par do crescente desenvolvimento do conhecimento científico e do aparecimento de
novas tecnologias, bem como de novas terapêuticas que suportam os cuidados de saúde.
As implicações subjacentes à ocorrência de infeção nas unidades de prestação de cuidados de saúde
comportam, entre outros, um considerável aumento da morbilidade e mortalidade, assim como o
recurso a terapêuticas mais agressivas e dispendiosas e a um aumento do número de dias de
internamento, interferindo negativamente nos indicadores de qualidade e produtividade.
Acesso a cuidados de saúde de qualidade, é um direito
fundamental do cidadão, a quem é reconhecida toda a
legitimidade para exigir qualidade nos cuidados que lhe são
prestados, sendo que a segurança é um dos elementos
fundamentais da qualidade em saúde.
Programa da
prevenção e do
controlo das infeções
aos cuidados de saúde
Programa da
prevenção das
resistências aos
antibióticos
Programa de prevenção e
controlo de infeção e
resistência aos
antimicrobianos
Despacho do Secretário de Estado
Adjunto do Ministro da Saúde n.º
2902/2013, de 22 de fevereiro.
Plano Nacional para a Segurança do Doente 2015-2020
6. Programa de prevenção e controlo de infeção e resistência aos antimicrobianos
Despacho do Secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde n.º 2902/2013, de 22 de fevereiro.
Os objetivos gerais deste Programa prioritário são a redução da taxa de infeção associada aos cuidados
de saúde, a promoção do uso correto de antimicrobianos e a diminuição da taxa de microrganismos
com resistência a antimicrobianos
Organização Mundial de Saúde e do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças.
Plano Nacional para a Segurança do Doente 2015-2020
8. 1) Atingir uma taxa de prevalência de infeção hospitalar de 8%.
2) Reduzir em 50% face a 2014, o consumo de antimicrobianos.
3) Atingir uma taxa de MRSA de 20%.
4) Reduzir em 50% face a 2014, o consumo de carbapenemes.
5) Reduzir em 50% face a 2014, o consumo de quinolonas.
Metas do PNSD no âmbito do PPCIRA:
Fonte: PLANO NACIONAL PARA A SEGURANÇA DOS DOENTES 2015-2020
Plano Nacional para a Segurança do Doente 2015-2020
9. Infeções adquiridas em Hospitais
Fonte: Grupo Técnico para a Reforma Hospitalar (p. 193)
Taxa de doentes infetados, entre
as mais elevadas da Europa em
2003
Agravamento da taxa de
doentes infectados
Dados de prevalência realizados em
Hospitais Portugueses em 2003, 2009 e
2010
A Evidência …
12. (…)
4.A percentagem de hospitais aderentes a pelo menos um dos quatro Programas de vigilância
epidemiológica de infeção adquirida no hospital aumentou para 85%;
5.A Campanha de Precauções Básicas de Controlo de Infeção atingiu uma taxa de adesão de 70% nos
hospitais e de 24% nos ACES;
6.Foi implementado um Programa de Apoio à Prescrição Antibiótica em 40% dos hospitais;
(…)
9.Em 2013, pela primeira vez ao fim de 10 anos, o rácio entre consumo em ambulatório de antibióticos
de largo espectro e antibióticos de espectro estreito diminuiu, de 37,65 para 34,02 (redução relativa de
10%);
10.O consumo hospitalar global de antibióticos, comparando os primeiros semestres de 2012, 2013 e
2014, teve redução relativa de 8%, em 2 anos;
(…)
RESULTADOS DO PROGRAMA NACIONAL DE PREVENÇÃO E CONTROLO DE INFEÇÕES E DE
RESISTENCIA A ANTIMICROBIANOS
(PPCIRA) (DGS/DGS) EM 2013/2014
A Evidência …
13. 16.Em unidades de cuidados intensivos de adultos, as bacteriemias associadas a cateter venoso central
por 1000 dias de cateter venoso central diminuíram de 2,1 para 0,95, entre 2009 e 2012;
17.Em unidades de cuidados intensivos de adultos, as pneumonias associadas ventilação por 1000 dias de
intubação diminuíram de 11,2 para 8,7, entre 2008 e 2012;
18.A sepsis neonatal por 1000 dias de cateter venoso central em unidades de cuidados intensivos
neonatais teve redução relativa de 32% nos últimos dois anos (2011-2013) e de 20% no último ano (2012-
2013), atingindo o valor de 9,13;
19.Em infeção de local cirúrgico, houve redução de infeção associada a prótese de anca e a prótese do
joelho entre 2011 e 2012, com as densidades de incidência a diminuírem de 0,5 para 0,1 (anca) e de 0,7
para 0,1 (joelho).
RESULTADOS DO PROGRAMA NACIONAL DE PREVENÇÃO E CONTROLO DE INFEÇÕES E DE
RESISTENCIA A ANTIMICROBIANOS
(PPCIRA) (DGS/DGS) EM 2013/2014
A Evidência …
14. Taxa de prevalência de Infeção adquirida na UCCI
Em 418 residentes confirmou-se a presença de infeção numa prevalência de
infeção de 8,1%.
(…) o médico assistente prescreve um antibiótico porque considera estar-se em
presença de infeção (o que se verificou em 26 residentes), a taxa de
prevalência sobe para 8,6%.
A Evidência …
15. O custo económico das IACS
repercute-se no:
O conhecimento dos custos associados a uma infeção permite aos decisores
pesar o custo/benefício e justificar os investimentos no âmbito da prevenção
AVALIAÇÃO SE CUSTOS ASSOCIADOS Á INFEÇÃO DO LOCAL CIRURGICO NOS SERVIÇOS DE CIRURGIA GERAL DO HOSPITAL
GERAL SANTO ANTÓNIO, ERNESTINA AIRES, Dezembro 2011
• Aumento da demora média da hospitalização;
• Aumento da utilização de antibióticos e outros fármacos;
• Recurso a mais estudos laboratoriais e outros meios de diagnóstico;
• Custos intangíveis e sociais.
Impacto Económico
16. Custos Exemplos
Diretos Dispêndio monetário que se aplica diretamente na
produção de um serviço, implica retirada financeira real
e “imediata.”
Custos com
medicamentos
Indiretos são comuns a diversos procedimentos ou serviços, a
sua distribuição é proporcional ao volume de produção.
Luz, água, limpeza
Fixos São os operacionais vinculados à estrutura utilizada. Salários e despesa com a
estrutura
Variáveis São relacionados com o volume de produção e podem
aumentar ou diminuir de acordo como numero e tipo
de atendimentos.
Gastos com materiais
específicos
Intangíveis Relacionados com o sofrimento físico/psíquico da
pessoa e família.
Geralmente não são
incluídos nas análises de
custos
Ernestina Aires (2011)
Impacto Económico
18. Forma de cálculo do custo das IACS
Impacto Económico
Fonte: Grupo Técnico para a Reforma Hospitalar, MS (2011)
19. • Custos económicos
dos cuidados de
saúde (Cirurgia
geral)
• Estudo descritivo
• Custos da infeção
hospitalar
• Estudo descritivo
• Avaliação dos
custos hospitalares
• Estudo Caso -
Controlo
• Custos da infeção
• Custos dos
programas de
infeção
• Estudo descritivo
HOSPITAL DE
COIMBRA,
(Martins, 2007)
CENTRO
HOSPITALAR DA
COVA DA BEIRA
(Martins, Franco
e Duarte, 2007)
HOSPITAL GERAL
DE SANTO
ANTÓNIO (Aires,
2011)
IPO DE COIMBRA
Estudos Empíricos
Impacto Económico
20. HOSPITAL DE
COIMBRA,
(Martins, 2007)
Concluiu que:
- os doentes que adquiriram infeção tiveram uma
Demora Média 2,4 x Sup.
- a média global de custos do internamento por
serviço nos casos foi 2 x Sup.
Doentes com infeção:
- custos globais com os antibióticos 2,5 x Sup.;
- custos adicionais 1.389,40€
•Culturas microbiológicas cerca de 9 x Sup.;
•Análises de patologia clínica 2 x Sup.;
•Imagiologia 2 x Sup.;
Estudos Empíricos
Impacto Económico
21. CENTRO
HOSPITALAR DA
COVA DA BEIRA
(Martins, Franco e
Duarte, 2007)
Média global de
Custos 2 x Sup..
Custos Adicionais: 35
851,96€
Verificou-se: doentes com infeção
• Custo mínimo de internamento 1 614,90€
• Custo máximo de 45 161,40€
• Custo média de 8 645,54€
Verificou-se: doentes sem infeção
• Custo mínimo de internamento 645,15€
• Custo máximo de 22 580,70€
• Custo média de 3 857,93€
Estudos Empíricos
Impacto Económico
25. Estratégias
7 Recomendações do Conselho da União Europeia aos Estados-Membros
para a Segurança do Doente:
• 1. Desenvolver políticas e programas nacionais para a Segurança do
Doente;
• 2. Responsabilizar e informar os cidadãos e os doentes;
• 3. Apoiar a criação ou reforço dos sistemas de notificação de eventos
adversos não recriminatórios;
• 4. Promover o ensino e formação dos profissionais de saúde sobre a
segurança dos doentes;
• 5. Classificar e medir a segurança a nível comunitário;
• 6. Partilhar conhecimentos, experiências e boas práticas;
• 7. Desenvolver e promover a investigação no domínio da segurança dos
doentes.
OPSS, 2015
Conclusões
26. Estratégias
1. Liderança ao mais alto nível do Ministério da Saúde.
2. Reforço complementar das entidades representativas mais
relevantes de doentes e de profissionais.
3. Liderança institucional do topo da gestão dos Hospitais, com
reforço do papel da GCL – PPCIRA e dos responsáveis dos serviços.
4. Existência de um núcleo central, mandatado pelo Ministro da
Saúde, com poderes e estatuto suficientes para liderar e
coordenar o esforço dos Hospitais e conjugar apropriadamente a
sua ação com os organismos competentes.
5. Existência de recursos suficientes.
6. Esforço coordenado com as complementares das iniciativas da
DGS na matéria.
Fonte: Grupo Técnico para a Reforma Hospitalar, MS (2011)
Conclusões
27. Estratégias
7. Coordenação ainda com a Saúde Pública, envolvendo os Lares e as
Unidades de Cuidados Continuados da comunidade para aplicação
das boas práticas, de forma a reduzir os impactos cruzados de
altas taxas de infeção institucional.
8. Obtenção de apoios internacionais para transferência das
melhores práticas.
9. Conjugação com os processos de acreditação e de manutenção
das acreditações já obtidas.
10. Criação de incentivos de financiamento, abrangendo Hospitais e
Unidades de Cuidados Continuados Integrados.
11. Transparência e comunicação dos dados da infeção nosocomial.
Fonte: Grupo Técnico para a Reforma Hospitalar, MS (2011)
Conclusões
28. 1. Redução, ao longo de 3 anos, a 5% da taxa de prevalência das
infeções adquiridas em Hospital.
2. Poupança de uma parte dos recursos gastos em infeção
nosocomial, 282.000.000€, a estimar, tendo em conta o impacto
tanto sobre os custos variáveis, como, desejavelmente, sobre os
custos fixos.
3. Poupança correspondente à redução das infeções com origem na
Comunidade (Lares e Unidades de Cuidados Continuados).
Impactos
Fonte: Grupo Técnico para a Reforma Hospitalar, MS (2011)
Conclusões
30. Aires, E. (2011). Avaliação de custos associados à infeção do local cirúrgico nos serviços de cirurgia
geral do Hospital Geral Santo António. Mestrado em Infeção em Cuidados de Saúde,
Universidade Católica Portuguesa - Instituto das Ciências da Saúde, Lisboa.
Despacho n.º 1400-A/2015 (Diário da República, 2.ª série — N.º 28 — 10 de fevereiro de 2015).
Direção Geral da Saúde. (2007). Programa Nacional De Prevenção e Controlo da Infeção Associada
aos Cuidados de Saúde. Lisboa: Ministério da Saúde
Direção Geral da Saúde. (2013). Programa de vigilância epidemiológica infeções nosocomiais da
corrente sanguínea. Lisboa: Relatório da VE-INCS - 2013.
Duarte, J. C., Franco, M. J., & Martins, M. I. (Junho de 2007). Um estudo caso sobre os custos das
infeções no Centro Hospitalar Cova da Beira. Revista Referência, nº 4.
Grupo Técnico para a Reforma Hospitalar. (2011). Relatório Final - Os Cidadãos no centro do Sistema.
Os Profissionais no centro da mudança. Lisboa.
Instituto Português de Oncologia. (sd). Quanto nos custa a Infeção Hospitalar? A abordagem do tema
no IPO de Coimbra. Coimbra. Obtido em 2015
Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos. (2014).
Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos em números – 2014.
LISBOA: DIREÇÃO-GERAL DA SAÚDE.
Bibliografia