O Alienista é uma sátira contra o cientificismo do século XIX, narrada em terceira pessoa e ambientada na cidade de Itaguaí, RJ. A obra descreve as ideias megalômanas do alienista Simão Bacamarte, que abre um manicômio para isolar todos os habitantes da cidade considerados loucos, levando ao caos. A linguagem objetiva usada reforça o tom de paródia da obra e evidencia o fracasso das concepções científicas ridiculizadas por Machado de Assis.
2. SOBRE A OBRA
Pertence ao conjunto das obras que inauguram a
segunda fase do escritor, isto é,
a) do livro de contos:
Papéis avulsos (1882)
a) do romance:
Memórias póstumas de Brás Cubas (1880)
3. SOBRE A OBRA
Embora alguns autores classifiquem essa obra
como conto, o enredo ampliado aproximam-na
mais do gênero novela (grande quantidade de
personagens);
Nessa obra, o autor trata de questões
conflituosas, como a cura e a sanidade, doença e
saúde, ciência e verdade, filosofia e senso comum;
À época da publicação da obra no Brasil, a teoria
psicanalítica ainda estava nascendo (Freud tinha
apenas 26 anos em 1882...).
4. SOBRE A OBRA
A obra é estruturada em treze capítulos;
Recorre ao recurso de crônicas como estratégia
narrativa de deslocamento temporal, mesclando o
real e a ficção.
5. QUESTÕES IMPORTANTES
O Alienista é uma sátira contra o espírito
cientificista que dominava o pensamento no
século XIX;
Descrente que os conceitos puramente científicos
possam levar ao entendimento do homem, o autor
cria uma situação paradoxal.
6. O SEU TEMPO
No século XIX as concepções positivistas,
desenvolvidas principalmente pelo filósofo
francês Auguste Comte, compreendiam a história
da humanidade em três estágios:
A. o mítico
B. o metafísico e
C. o positivo.
7. POSSÍVEIS INFLUÊNCIAS
É provável que Machado tenha lido O elogio da
loucura (1511), do autor renascentista Erasmo de
Roterdã.
i. Nessa obra, a Loucura, personificada em uma
deusa, sobe a um palco e, diante de uma plateia
(os leitores), começa a enumerar toda sorte de
disparates capaz de gerar a irracionalidade;
ii. Na visão renascentista, a Loucura é também a
personagem principal de muitos fatos
importantes que contribuíram para o
desenvolvimento da sociedade.
8. O NARRADOR
O Alienista é narrado em terceira
pessoa;
O narrador se baseia no relato de
crônicas antigas, o que promove um
deslocamento temporal em relação
ao presente.
9. PERSONAGENS PRINCIPAIS
Simão Bacamarte (o Alienista): espécie de
caricatura do cientificismo do século XIX, é
vitimado pelas próprias ideias;
D. Evarista: esposa de Bacamarte, desempenha
papel coadjuvante;
Crispim Soares (o boticário): amigo e
admirador de Bacamarte, ajuda-o em suas
pesquisas megalômanas.
10. PERSONAGENS PRINCIPAIS
Porfírio (o barbeiro): preso duas vezes na Casa
Verde, liderou uma rebelião popular contra
Bacamarte, o que o levou a tomar a Câmara de
Itaguaí na sua derradeira posição de protetor da
Vila.
Padre Lopes: conselheiro de Bacamarte, não
via com bons olhos suas ideias científicas, embora
seja um personagem ambivalente, uma vez que
funciona na narrativa ora como protetor ora como
instigador contra o alienista.
11. ESPAÇO E TEMPO
A ação se passa em Itaguaí, pequena cidade do
estado do Rio de Janeiro, próxima de Iguaçu.
Os “tempos remotos” parecem se referir a algum
momento no século XVIII, no tempo de D. João V.
12. LINGUAGEM
Como se trata de uma sátira a um determinado
tipo de cientificismo, a obra recorre:
a) a uma linguagem objetiva e impessoal;
b) procura apresentar com fidelidade os fatos
narrados (crônicas);
c) Ao simular uma linguagem mais próxima da
objetividade da linguagem científica, o autor
amplifica o efeito cômico;
d) Ao se apoiar numa linguagem pretensamente
neutra, confirma o fracasso da neutralidade e a
ruína das concepções científicas descritas em
toda a novela.