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ANÁLISE CRÍTICA DE ARTIGO

Humor e Discriminação por
Orientação Sexual no Ambiente
Organizacional
Artigo Escolhido
Humor e Discriminação por Orientação
Sexual no Ambiente Organizacional
Hélio Arthur Reis Irigaray
Luiz Alex Silva Saraiva
Alexandre de Pádua Carrieri
Publicado na Revista de Administração Contemporânea (RAC),
Curitiba, v.14, nº5, art. 7, pp. 890-906, Set./Out. 2010 ISSN: 14156555 (Classificação B1)
Conceitos
Básicos
Ambiente Organizacional
Tudo o que envolve uma dada organização,
interna ou externamente. Vai além das
interações dentro de uma determinada
organização e parte para o exterior da
mesma, ou seja, se constitui das relações da
empresa com outras organizações sociais, de
uma forma ampla.
Discriminação
Segundo a OIT é considerada discriminação toda distinção,
exclusão ou preferência que tenha por fim alterar a
igualdade de oportunidade ou tratamento em matéria de
emprego ou profissão.
A discriminação pode se dar por sexo, idade, cor, racismo
estado civil, religião, ou por ser a pessoa, portadora de
algum tipo de deficiência (ableísmo). Discrimina-se, ainda,
por doença, orientação sexual, aparência, e por uma série de
outros motivos, que nada têm a ver com os requisitos
necessários ao efetivo desempenho da função oferecida. O
ato discriminatório pode estar consubstanciado, também, na
exigência de certidões pessoais ou de exames médicos dos
candidatos a emprego.
A legislação brasileira considera crime o ato discriminatório,
como se depreende das leis 7.853/89 (pessoa portadora de
deficiência), 9.029/95 (origem, raça, cor, estado civil,
situação familiar, idade e sexo) e 7.716/89 (raça ou cor).
Objetivo
Buscar de que forma se manifesta o humor como meio de
discriminação por orientação sexual no ambiente de
trabalho, ou seja, entender como as chacotas, piadas
pretensamente inócuas e comentários bem humorados
burlam os discursos organizacionais, estigmatizam,
corroboram o preconceito, e funcionam como controle
social.
Rir para que, de que e de quem? Funções sociais,
conotação e denotação do humor
O humor já foi objeto de estudo diversas vezes, adquirindo, assim,
inúmeras definições nos mais variados âmbitos;
Uma de suas finalidades é como lubrificante social (Moody, 1978);
Provoca mudança na percepção da realidade;
No Brasil, os comentários bem humorados e as piadas se baseiam
em traço psicológico (avareza, honestidade); estético (gordos,
loiras); gênero (mulher); nacionalidade (portugueses, argentinos);
naturalidade (nordestinos, gaúchos); raças e etnias (judeus,
negros); bem como orientação sexual, especialmente os
homossexuais masculinos e femininos.
Identidade e sobrevivência de gays no
ambiente de trabalho
Percepção social de um desvio de conduta moral, que comprometeria seus
desempenhos profissionais causada pela heteronormatividade (implícita ou
explícita);
Quando assumidos correm o maior risco de receberem menores salários,
agressões verbais ou até mesmo físicas e de serem demitidos.
Ser identificado como homossexual no mundo corporativo pode
comprometer a ascensão profissional de um indivíduo, em função de sua
dificuldade em elaborar uma rede de contatos. Estas pressões sociais
implicam sensações como angústia, impotência e ansiedade, uma vez que
os gays se percebem obrigados a se manterem em permanente estado de
vigilância pela expectativa de serem atacados física ou verbalmente a
qualquer momento, introjetando, assim, atitudes sociais negativas, que se
podem desdobrar em custos psicossomáticos (Irigaray, 2008);
Identidade e sobrevivência de gays no
ambiente de trabalho
Ainda,
segundo a teoria de
Maslow sobre a hierarquia das
necessidades
humanas
(CHIAVENATO, 2009), a segurança
é
tida
como
a
segunda
necessidade primária, portanto
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básico, sem ela o indivíduo não
consegue
manter
um
nível
aceitável de produtividade e pode,
até, fazer com que a organização
inteira sofra com isso dependendo
do cargo que ocupa e sua
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organizacional.
Identidade e sobrevivência de gays no
ambiente de trabalho
Assumidos

Gladiadores
Pacificadores

Parcialmente
Homossexuais

Gente Boa

Assumidos

Super-Homem
Machão

Não assumidos

Sedutor
Invisível
Metodologia
A pesquisa, qualitativa, baseou sua coleta de dados em
observações e entrevistas. Esta pesquisa foi realizada ao
longo de 30 (trinta) meses. No total, foram observadas 13
grandes empresas (9 em São Paulo e 4 no Rio de Janeiro), de
diversos segmentos, nas quais o acesso se deu via
consultoria, treinamento ou convite. Foram realizadas,
ainda, 38 entrevistas, em lugares públicos, com duração
média de 65 minutos cada.
Homossexuais (na faixa de 35 anos)

1

100%
7

5

1
6

12

50%

9

7

7

1

0%

1

4

8
10
5

São Paulo

Rio de Janeiro

Negro

Branco

Mulato

Solteiro

Divorciado

Pós-graduação

Graduação

Ens. Médio

Católico

Espírita

Sem Religião

Publicamente

Particularmente
Heterossexuais (na faixa de 36 anos)
100%

50%

3

14

20
20

6
2

2
5

15

16

3

12
7

1

0%

2

12

12

1

São Paulo

Rio de Janeiro

Negro

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Solteiro

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Mestrado

Graduação

Ens. Médio

Ateu

Católico

Protestante

Espírita

Judeu

Masculino

Feminino
Metodologia
Ao longo do trabalho, os autores estiveram conscientes de
que esta estratégia de pesquisa não os tornaria neutros nem
autônomos;
entretanto
buscou-se
distanciamento
(estranhamento) do objeto estudado (bracketing), no sentido
de não confundir o subjetivismo do pesquisador (seus juízos
de
valor)
com
o
dos
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de
pesquisa:
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ANÁLISE DAS
HISTÓRIAS DE VIDA
Os Heterossexuais Riem dos Gays – De Que e
Por Quê?
(01) “Trabalhei com gays homens e gays mulheres ... os meninos são
mais
divertidos,
bem
humorados,
bem
arrumados,
bem
vestidos, sempre te tratam bem e, pode anotar aí, se você estiver de
baixo astral é só conversar com um gay por 5 minutos... Eles são muito
engraçados.
Mas,
já
as
sapa
(sic)
não,
elas
são
emburradas, sérias, parece que fazem questão de se enfeiar ...
terninho, cueca aparecendo, camisa de homem, cabelo curto, batido na
nuca e sempre com o rosto contraído, a testa franzida” (L.
C., heterossexual).
(04) “A empresa é bem clara que aqui não pode haver preconceito ...
mas é lógico que piada sobre v. sempre rola, né? Afinal, os caras são
muito engraçados ... de preto (sic), mulher, judeu e português também
... não é racismo, é só humor. Lá na matriz [nos Estados Unidos] rola
aquele papo de politicamente correto; mas aqui é Brasil, né? A gente é
bem humorado e tudo acaba em festa” (P., heterossexual).
Os Heterossexuais Riem dos Gays – De Que e
Por Quê?
(07) “A melhor coisa que fiz foi lotar o call center de funcionário gay
[riso] É o melhor dos mundos: eles têm a delicadeza, minúcia, atenção
da mulher, sem o perigo de gravidez, só a TPM que é a mesma e
constante [gargalhada] Mas daí você dá um pouquinho de atenção e
eles ficam todos contentinhos e voltam saltitantes (sic) para o trabalho”
(P., heterossexual).
(08) “Aqui no banco eu atendendo todo tipo de gente e sempre tive
stress na vistoria de entrada da agência, até que eu contratei a Marieta
(nome fictício) ... entre a gente, a gente chama ela de Tonhão, se
lembra do TV Pirata? Mas ela tem cara de mulher, isso é, mais ou
menos; mas trabalha como um homem. É pau para toda obra, até
garrafão de água ela troca e ainda faz tudo o que as meninas querem”
(A., heterossexual).
(09) “Ah, eu acho as políticas de diversidade super importantes, os
gays também precisam de amparo na gravidez e licença-maternidade”
(C., heterossexual).
Os Gays Riem dos Gays – De Que e Por Quê?
(10) “A gente nasce gay. Você acha que se alguém pudesse escolher não ia
preferir ser hétero ... ser normal como os outros: casar, ter filhos, ser feliz?
Eu olho ao meu redor e só vejo um bando de bicha (sic)
maluca, saltitando, dando piti. Não me identifico com isso. Se pudesse, eu
queria ser um bofe (sic), daqueles bem másculos, sérios que levam as
mulheres à loucura” (R., homossexual).
(12) “Cara, para ser v* (sic), o cara tem que ser macho para c*, nem falo só
em dar a b* (sic), não. Tive que enfrentar meu pai, minha mãe, meus
amigos, meus colegas de trabalho. Se eu fosse uma florzinha desde
pequeno, teria sido muito mais fácil; mas sempre fui machão, saía na
porrada, jogava futebol, fui fazer economia, o que a julgar pelos nossos
ministros não quer dizer muito, né (risos). Mas eu sempre soube onde meu
desejo estava e durante a faculdade abri geral, de uma vez só, para todo
mundo... Até hoje, tenho que aguentar deboche, gozação; mas, quanto
mais me batem, mais forte eu fico. Tenho muito orgulho de ser o que sou.
Continuo macho, saio na porrada, jogo futebol, não desmunheco, mas sou
gay sim. Quem disse que para ser gay tem que ser efeminado? E sabe de
uma coisa, acho que os afeminados, as travas são muito mais corajosos do
que este bando de enrustidos e gente que leva vida dupla. Elas dão a cara a
tapa. Isso que é coisa de Homem” (H., homossexual).
Reflexões Finais
No estudo ficou evidente que o humor – por meio da
comicidade, ironia, piadas e anedota – naturaliza a homofobia, e que ele é
usado como um sutil instrumento de controle (Freitas, 1999) da
sexualidade, do espaço social e dos valores heterocêntricos.
Também implica o aprofundamento das discussões sobre as formas mais
sutis de violência no ambiente de trabalho. Do ponto de vista empírico, é
responsabilidade inequívoca das organizações incluir, como parâmetro de
análise de resultados, os aspectos de justiça social e qualidade de vida dos
seus empregados, o que implica reconhecer e respeitar suas diferenças
para poder tratá-los em pé de igualdade. À sociedade, por fim, cabe refletir
sobre o fato de que ser complacente com práticas discriminatórias de
qualquer tipo, mesmo com as bem humoradas, é contribuir para a
continuação da desigualdade entre os indivíduos. Rir junto com o
agressor, sob qualquer pretexto, significa tornar-se cúmplice de piadas
invariavelmente de mau gosto. E isso não tem graça nenhuma.
Críticas
Bibliografia rica;
Ótimo referencial teórico, sendo muito explicativo;
Aborda o assunto de uma forma ampla;
O autor consegue usar uma linguagem técnica e ser
compreendido facilmente;
Faz uso de uma boa metodologia;
Tema vivenciado no cotidiano, não só organizacional, mas
geral;
Se limita ao abordar apenas heterossexuais e homossexuais.
Referencias bibliográficas
CHIAVENATO, Idalberto. Recursos Humanos: o capital humano das
organizações. 9 ed. Rio de Janeiro, Elsevier, 2009;
FREITAS, M. E. Cultura organizacional: identidade, sedução e carisma?
Rio de Janeiro, FGV 1999;
IRIGARAY, H. A. R. Estratégias de sobrevivência dos gays no ambiente
de trabalho. Anais do Encontro Anual da Associação Nacional de PósGraduação e Pesquisa em Administração, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 31.
Setembro 2007;
IRIGARAY, H. A. R. Discriminação por orientação sexual no ambiente de
trabalho: uma questão de classe social? Uma análise sob a ótica da
pós-modernidade crítica e da queer theory. Anais do Encontro de
Administração Pública e Governança, Salvador, BA, Brasil, 3. 2008;
MOODY, R. Cura pelo poder do riso. Rio de Janeiro, Nórdica, 1978

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Humor e Discriminação Por Orientação Sexual no Ambiente Organizacional

  • 1. ANÁLISE CRÍTICA DE ARTIGO Humor e Discriminação por Orientação Sexual no Ambiente Organizacional
  • 2. Artigo Escolhido Humor e Discriminação por Orientação Sexual no Ambiente Organizacional Hélio Arthur Reis Irigaray Luiz Alex Silva Saraiva Alexandre de Pádua Carrieri Publicado na Revista de Administração Contemporânea (RAC), Curitiba, v.14, nº5, art. 7, pp. 890-906, Set./Out. 2010 ISSN: 14156555 (Classificação B1)
  • 4. Ambiente Organizacional Tudo o que envolve uma dada organização, interna ou externamente. Vai além das interações dentro de uma determinada organização e parte para o exterior da mesma, ou seja, se constitui das relações da empresa com outras organizações sociais, de uma forma ampla.
  • 5. Discriminação Segundo a OIT é considerada discriminação toda distinção, exclusão ou preferência que tenha por fim alterar a igualdade de oportunidade ou tratamento em matéria de emprego ou profissão. A discriminação pode se dar por sexo, idade, cor, racismo estado civil, religião, ou por ser a pessoa, portadora de algum tipo de deficiência (ableísmo). Discrimina-se, ainda, por doença, orientação sexual, aparência, e por uma série de outros motivos, que nada têm a ver com os requisitos necessários ao efetivo desempenho da função oferecida. O ato discriminatório pode estar consubstanciado, também, na exigência de certidões pessoais ou de exames médicos dos candidatos a emprego. A legislação brasileira considera crime o ato discriminatório, como se depreende das leis 7.853/89 (pessoa portadora de deficiência), 9.029/95 (origem, raça, cor, estado civil, situação familiar, idade e sexo) e 7.716/89 (raça ou cor).
  • 6.
  • 7. Objetivo Buscar de que forma se manifesta o humor como meio de discriminação por orientação sexual no ambiente de trabalho, ou seja, entender como as chacotas, piadas pretensamente inócuas e comentários bem humorados burlam os discursos organizacionais, estigmatizam, corroboram o preconceito, e funcionam como controle social.
  • 8. Rir para que, de que e de quem? Funções sociais, conotação e denotação do humor O humor já foi objeto de estudo diversas vezes, adquirindo, assim, inúmeras definições nos mais variados âmbitos; Uma de suas finalidades é como lubrificante social (Moody, 1978); Provoca mudança na percepção da realidade; No Brasil, os comentários bem humorados e as piadas se baseiam em traço psicológico (avareza, honestidade); estético (gordos, loiras); gênero (mulher); nacionalidade (portugueses, argentinos); naturalidade (nordestinos, gaúchos); raças e etnias (judeus, negros); bem como orientação sexual, especialmente os homossexuais masculinos e femininos.
  • 9. Identidade e sobrevivência de gays no ambiente de trabalho Percepção social de um desvio de conduta moral, que comprometeria seus desempenhos profissionais causada pela heteronormatividade (implícita ou explícita); Quando assumidos correm o maior risco de receberem menores salários, agressões verbais ou até mesmo físicas e de serem demitidos. Ser identificado como homossexual no mundo corporativo pode comprometer a ascensão profissional de um indivíduo, em função de sua dificuldade em elaborar uma rede de contatos. Estas pressões sociais implicam sensações como angústia, impotência e ansiedade, uma vez que os gays se percebem obrigados a se manterem em permanente estado de vigilância pela expectativa de serem atacados física ou verbalmente a qualquer momento, introjetando, assim, atitudes sociais negativas, que se podem desdobrar em custos psicossomáticos (Irigaray, 2008);
  • 10. Identidade e sobrevivência de gays no ambiente de trabalho Ainda, segundo a teoria de Maslow sobre a hierarquia das necessidades humanas (CHIAVENATO, 2009), a segurança é tida como a segunda necessidade primária, portanto indispensável para o bem-estar básico, sem ela o indivíduo não consegue manter um nível aceitável de produtividade e pode, até, fazer com que a organização inteira sofra com isso dependendo do cargo que ocupa e sua respectiva importância a nível organizacional.
  • 11. Identidade e sobrevivência de gays no ambiente de trabalho Assumidos Gladiadores Pacificadores Parcialmente Homossexuais Gente Boa Assumidos Super-Homem Machão Não assumidos Sedutor Invisível
  • 12. Metodologia A pesquisa, qualitativa, baseou sua coleta de dados em observações e entrevistas. Esta pesquisa foi realizada ao longo de 30 (trinta) meses. No total, foram observadas 13 grandes empresas (9 em São Paulo e 4 no Rio de Janeiro), de diversos segmentos, nas quais o acesso se deu via consultoria, treinamento ou convite. Foram realizadas, ainda, 38 entrevistas, em lugares públicos, com duração média de 65 minutos cada.
  • 13. Homossexuais (na faixa de 35 anos) 1 100% 7 5 1 6 12 50% 9 7 7 1 0% 1 4 8 10 5 São Paulo Rio de Janeiro Negro Branco Mulato Solteiro Divorciado Pós-graduação Graduação Ens. Médio Católico Espírita Sem Religião Publicamente Particularmente
  • 14. Heterossexuais (na faixa de 36 anos) 100% 50% 3 14 20 20 6 2 2 5 15 16 3 12 7 1 0% 2 12 12 1 São Paulo Rio de Janeiro Negro Branco Mulato Casado Solteiro Divorciado Mestrado Graduação Ens. Médio Ateu Católico Protestante Espírita Judeu Masculino Feminino
  • 15. Metodologia Ao longo do trabalho, os autores estiveram conscientes de que esta estratégia de pesquisa não os tornaria neutros nem autônomos; entretanto buscou-se distanciamento (estranhamento) do objeto estudado (bracketing), no sentido de não confundir o subjetivismo do pesquisador (seus juízos de valor) com o dos objetos de pesquisa: indivíduos, grupos, sistemas socioculturais.
  • 17. Os Heterossexuais Riem dos Gays – De Que e Por Quê? (01) “Trabalhei com gays homens e gays mulheres ... os meninos são mais divertidos, bem humorados, bem arrumados, bem vestidos, sempre te tratam bem e, pode anotar aí, se você estiver de baixo astral é só conversar com um gay por 5 minutos... Eles são muito engraçados. Mas, já as sapa (sic) não, elas são emburradas, sérias, parece que fazem questão de se enfeiar ... terninho, cueca aparecendo, camisa de homem, cabelo curto, batido na nuca e sempre com o rosto contraído, a testa franzida” (L. C., heterossexual). (04) “A empresa é bem clara que aqui não pode haver preconceito ... mas é lógico que piada sobre v. sempre rola, né? Afinal, os caras são muito engraçados ... de preto (sic), mulher, judeu e português também ... não é racismo, é só humor. Lá na matriz [nos Estados Unidos] rola aquele papo de politicamente correto; mas aqui é Brasil, né? A gente é bem humorado e tudo acaba em festa” (P., heterossexual).
  • 18. Os Heterossexuais Riem dos Gays – De Que e Por Quê? (07) “A melhor coisa que fiz foi lotar o call center de funcionário gay [riso] É o melhor dos mundos: eles têm a delicadeza, minúcia, atenção da mulher, sem o perigo de gravidez, só a TPM que é a mesma e constante [gargalhada] Mas daí você dá um pouquinho de atenção e eles ficam todos contentinhos e voltam saltitantes (sic) para o trabalho” (P., heterossexual). (08) “Aqui no banco eu atendendo todo tipo de gente e sempre tive stress na vistoria de entrada da agência, até que eu contratei a Marieta (nome fictício) ... entre a gente, a gente chama ela de Tonhão, se lembra do TV Pirata? Mas ela tem cara de mulher, isso é, mais ou menos; mas trabalha como um homem. É pau para toda obra, até garrafão de água ela troca e ainda faz tudo o que as meninas querem” (A., heterossexual). (09) “Ah, eu acho as políticas de diversidade super importantes, os gays também precisam de amparo na gravidez e licença-maternidade” (C., heterossexual).
  • 19. Os Gays Riem dos Gays – De Que e Por Quê? (10) “A gente nasce gay. Você acha que se alguém pudesse escolher não ia preferir ser hétero ... ser normal como os outros: casar, ter filhos, ser feliz? Eu olho ao meu redor e só vejo um bando de bicha (sic) maluca, saltitando, dando piti. Não me identifico com isso. Se pudesse, eu queria ser um bofe (sic), daqueles bem másculos, sérios que levam as mulheres à loucura” (R., homossexual). (12) “Cara, para ser v* (sic), o cara tem que ser macho para c*, nem falo só em dar a b* (sic), não. Tive que enfrentar meu pai, minha mãe, meus amigos, meus colegas de trabalho. Se eu fosse uma florzinha desde pequeno, teria sido muito mais fácil; mas sempre fui machão, saía na porrada, jogava futebol, fui fazer economia, o que a julgar pelos nossos ministros não quer dizer muito, né (risos). Mas eu sempre soube onde meu desejo estava e durante a faculdade abri geral, de uma vez só, para todo mundo... Até hoje, tenho que aguentar deboche, gozação; mas, quanto mais me batem, mais forte eu fico. Tenho muito orgulho de ser o que sou. Continuo macho, saio na porrada, jogo futebol, não desmunheco, mas sou gay sim. Quem disse que para ser gay tem que ser efeminado? E sabe de uma coisa, acho que os afeminados, as travas são muito mais corajosos do que este bando de enrustidos e gente que leva vida dupla. Elas dão a cara a tapa. Isso que é coisa de Homem” (H., homossexual).
  • 20. Reflexões Finais No estudo ficou evidente que o humor – por meio da comicidade, ironia, piadas e anedota – naturaliza a homofobia, e que ele é usado como um sutil instrumento de controle (Freitas, 1999) da sexualidade, do espaço social e dos valores heterocêntricos. Também implica o aprofundamento das discussões sobre as formas mais sutis de violência no ambiente de trabalho. Do ponto de vista empírico, é responsabilidade inequívoca das organizações incluir, como parâmetro de análise de resultados, os aspectos de justiça social e qualidade de vida dos seus empregados, o que implica reconhecer e respeitar suas diferenças para poder tratá-los em pé de igualdade. À sociedade, por fim, cabe refletir sobre o fato de que ser complacente com práticas discriminatórias de qualquer tipo, mesmo com as bem humoradas, é contribuir para a continuação da desigualdade entre os indivíduos. Rir junto com o agressor, sob qualquer pretexto, significa tornar-se cúmplice de piadas invariavelmente de mau gosto. E isso não tem graça nenhuma.
  • 21. Críticas Bibliografia rica; Ótimo referencial teórico, sendo muito explicativo; Aborda o assunto de uma forma ampla; O autor consegue usar uma linguagem técnica e ser compreendido facilmente; Faz uso de uma boa metodologia; Tema vivenciado no cotidiano, não só organizacional, mas geral; Se limita ao abordar apenas heterossexuais e homossexuais.
  • 22. Referencias bibliográficas CHIAVENATO, Idalberto. Recursos Humanos: o capital humano das organizações. 9 ed. Rio de Janeiro, Elsevier, 2009; FREITAS, M. E. Cultura organizacional: identidade, sedução e carisma? Rio de Janeiro, FGV 1999; IRIGARAY, H. A. R. Estratégias de sobrevivência dos gays no ambiente de trabalho. Anais do Encontro Anual da Associação Nacional de PósGraduação e Pesquisa em Administração, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 31. Setembro 2007; IRIGARAY, H. A. R. Discriminação por orientação sexual no ambiente de trabalho: uma questão de classe social? Uma análise sob a ótica da pós-modernidade crítica e da queer theory. Anais do Encontro de Administração Pública e Governança, Salvador, BA, Brasil, 3. 2008; MOODY, R. Cura pelo poder do riso. Rio de Janeiro, Nórdica, 1978

Editor's Notes

  1. Esta é outra opção para um slide de Visão Geral usando transições.
  2. Use um cabeçalho de seção para cada um dos tópicos, para que a transição seja evidente ao público.