Este documento discute a tendência da Igreja em dizer "não" excessivamente, afastando os fiéis. A Igreja precisa ser mais acolhedora e flexível em questões como batismos, casamentos e divórcios para atrair as pessoas. A ideologia do género também é criticada por negar as diferenças naturais entre homem e mulher.
1. A Igreja dos nãos…
Não tenho qualquer dúvida de que a Igreja foi perdendo
adeptos e impacto na sociedade pelo facto de (sobretudo) reagir,
em vez de agir. Ao invés de um discurso afirmativo e proativo,
pregou durante muito tempo a luta contra o “mundo” (sempre
sinónimo de concupiscência…) e contra as “modernices”. E caiu
na pedagogia do «não». A este propósito, quão significativas são
estas palavras de D. Ilídio Leandro, membro da Comissão Epis-
copal do Laicado e Família: «O caminho que a Igreja tem feito,
não por culpa da Igreja, mas da pedagogia que se tem vivido (…)
é a de ser vista como a Igreja do Não. Diz que não a tudo, e ape-
nas propõe algo que hoje se torna muito difícil ver nos próprios
membros da Igreja» (Família Cristã, jan. 2014).
Com tanta pastoral de manutenção, e com tantos afazeres co-
laterais do clero, nem tempo houve para nos apercebermos da-
quilo que já S. Tomás de Aquino e Santo Agostinho no diziam há
mais de sete séculos, e que o Papa Francisco há meses recordou:
«Há normas ou preceitos eclesiais que podem ter sido muito efi-
cazes noutras épocas, mas já não têm a mesma força educativa
como canais de vida. São Tomás de Aquino sublinhava que os
preceitos dados por Cristo e pelos Apóstolos ao povo de Deus
«são pouquíssimos». E, citando Santo Agostinho, observava que
os preceitos adicionados posteriormente pela Igreja se devem
exigir com moderação, ‘para não tornar pesada a vida aos fiéis’
nem transformar a nossa religião numa escravidão, quando ‘a
misericórdia de Deus quis que fosse livre’. Esta advertência, feita
há vários séculos, tem uma atualidade tremenda. Deveria ser um
dos critérios a considerar, quando se pensa numa reforma da
Igreja e da sua pregação que permita realmente chegar a todos»
(EG, 43).
Inserem-se neste contexto imensas situações que só têm
afastado da Igreja muito batizados, ou têm impedido mais pes-
soas de entrarem para a assembleia dos crentes: as relacionadas
com o batismo (pouco acolhimento a cenários mais estranhos,
como filhos de mães solteiras, de pais em situação irregular, ou
de não praticantes, para não falar na questão dos padrinhos…);
as relacionadas com o matrimónio (autorizações dos párocos,
dificuldade em casar fora das paróquias dos noivos, horários de
casamento, etc.); as relacionadas com a extrema-unção (para
os casos de católicos não praticantes) ou as exéquias (em que
pequeníssimos entraves são infinitamente ampliados devido à
instabilidade emocional dos familiares). Isto, para não referir
muitas outras situações formais que vamos ouvindo por aí e que
revoltam as pessoas. É claro que, da parte institucional da Igreja
há justificação para o «não»... Mas também havia suporte legisla-
tivo para a mulher adúltera ser apedrejada até à morte, e Cristo
preferiu o arrependimento e o perdão (ou estarei a exagerar?).
Mais uma vez, bem razão tem o Papa Francisco quando diz
que «[na Igreja], em muitas partes, predomina o aspeto admi-
nistrativo sobre o pastoral, bem como uma sacramentalização
sem outras formas de evangelização» (EG, 63)!
E se eu entrar no campo da moral sexual e do planeamento
familiar, exemplos desta intransigência da Igreja não faltarão,
como supõem…
E se eu falar do problema complexo e espinhoso dos divor-
ciados em segunda união? O “não” absoluto do acesso aos sa-
cramentos da Penitência e Comunhão, sem distinguir situações,
sem atender às pessoas concretas, tem projetado para as perife-
rias muitíssimos casais e famílias. Sendo uma questão “em aber-
to” há muitos anos (pelo menos desde João Paulo II), por que
razão não se deram passos mais arrojados em busca de novas
soluções? A resposta é só uma: por medo. Por medo e preguiça.
Ou seja, para evitar abusos ou injustiças, para não se desvalori-
zar o sacramento, para “não dar trabalho” (as leis radicais des-
coloridas – do “sim” e do “não” – são tão cómodas, meu Deus!).
Mais uma vez, bem razão tem o nosso Papa quando diz (e
mais do que uma vez) que prefere «ter uma Igreja acidentada,
ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja
enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às pró-
prias seguranças» (EG, 49).
A este(s) propósito(s), quão oportuna, sensata e ousada foi
a recente intervenção de D. Walter Kasper na reunião extraor-
dinária de cardeais, dedicada ao tema da família – intervenção
esta considerada pelo Papa como um exemplo de teologia “pro-
funda” e “serena”! Não a cinjamos unicamente ao «problema
complexo e espinhoso» (e estou a citá-lo) dos divorciados em
segunda união. Mas é, sem dúvida, o ponto que mereceu mais
destaque no discurso. E como este assunto – porque fraturante,
porque incómodo até para quem escreve – merece mais espaço,
ficará para outra oportunidade…
Praticamente comecei com uma citação de D. Ilídio – uma voz
autorizada da Igreja portuguesa. Termino com ele, com (mais)
esta afirmação ousada, a que dou total assentimento: «É a Igreja
que tem de se adaptar às pessoas e não o contrário».
Jorge Cotovio
jfcotovio@gmail.com
ANO XCIII • Nº 4499 • 27 de Março de 2014 Director: A. JESUS RAMOS
s
Projecto “Ergue-te”
Irmãs Adoradoras combatem a prostituição
A Coordenação das Capelanias dos Hospitais de Coimbra
reuniu profissionais e especialistas para um debate alargado
sobre a importância de “Comunicar com Rosto”.
Promover a humanização
no cuidar dos doentes
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Reportagem na página 4
2. 27 de Março de 2014
2
A “Ideologia do Género” em debate
na paróquia de S. João Baptista
A paróquia de São João Baptista, em Coimbra, vai levar a efeito um
grande debate sobre a ideologia do género com a participação do doutor
Pedro Vaz Patto (juiz desembargador), no dia de 2 Abril às 21, 15 horas.
A teoria ou ideologia do género defende que as diferenças sexuais
são antes de mais nada uma construção social e não uma realidade ob-
jetiva. Significa isto que, segundo esta ideologia, ser homem ou mulher
não é uma realidade desde logo biológica, representada pela diferença
de sexos, mas uma construção íntima de cada um. Com base nesta con-
cepção, vêm-se defendendo posições, muitas delas já consagradas na
lei, que destoam daquilo que para muitos é uma evidência. É o caso,
por exemplo, da eliminação legal (nomeadamente para efeitos de re-
gisto civil) das figuras do pai e da mãe, substituídas pelas formulações
de “progenitor A” e de “progenitor B”. Será razoável eliminar as figuras
do pai e da mãe da lei? Claro que com que isto se pretende impor uma
ideologia muito clara contrária à família. Não se trata aqui de conside-
rar a evolução das sociedades e a mudança dos papéis das pessoas em
família. Nas últimas décadas, assistimos a uma valorização do papel do
homem nas tarefas da casa, assim como ao aparecimento da mulher
nos mercados de trabalho, e tudo isso é positivo. O que aqui está em
causa é a defesa de um sistema de relações que não só é contrário aos
Evangelhos como ao que é evidente aos nossos olhos. Este é apenas um
exemplo, mas muitos outros há.
Ciente da gravidade das consequências da aplicação da teoria do
género à vida em sociedade, a Igreja já se pronunciou sobre a situação.
E a Conferência Episcopal Portuguesa aprovou há alguns meses um im-
portante documento sobre esta matéria. Não se trata de uma matéria
doutrinal desligada das nossas vidas, mas, pelo contrário, de uma ma-
téria que tem muito a ver com as nossas percepções sobre a vida e o
modo como queremos viver. E, nesse sentido, interessa a todos, tanto
ou mais do que a crise que nos afecta.
A Paróquia de São João Baptista está ciente da sua responsabilidade
em relação a uma matéria de tão grande importância. Nesse sentido,
convidou um dos maiores estudiosos portugueses da matéria, o Dr. Pe-
dro Vaz Patto (atualmente Juiz Desembargador). Trata-se de um bom
comunicador, que vem preparado para falar de modo claro para que
todos o entendam.
Notícias dos Arciprestados
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Arciprestado de Coimbra (Urbana) Arciprestado de Pombal
No salão paroquial da igreja de
São José, no dia 20 de Março, pelas
21h15, o Professor Eugénio Fonseca,
presidente nacional da Cáritas, apre-
sentou no âmbito das conferências
Quaresmais 2014, o tema “Ir ao en-
contro dos Pobres”.
É notória a preocupação do San-
to Padre Francisco pelos pobres,
propondo uma “Igreja pobre para
os pobres”. Como concretizar esta
aposta numa Igreja para os pobres?
No início da conferência, o Padre
João Castelhano deu o mote ao afir-
mar que “é preciso passar das pala-
vras aos actos e não podemos ficar
em casa”. E quem não ficou em casa
foi o professor Eugénio Fonseca,
presidente Nacional da Cáritas – a
instituição que melhor responde aos
pedidos de socorro dos mais neces-
sitados – para no serão do dia 20 de
Março, apresentar algumas reflexões
sobre como “Ir ao encontro dos Po-
bres”. O professor Eugénio Fonseca
fez uso da parábola do Bom Sama-
ritano para explicar como se realiza
este encontro: “para ir ao encontro
dos pobres temos que descer dos
nossos preconceitos, certezas e até
verdades. Temos que descer de nós
próprios. Temos que chegar perto
para ver a realidade tal como ela é
e não como gostaríamos que fosse.”
Segundo o presidente da Cáritas,
a parábola do Bom Samaritano é a
parábola do encontro (mas também
dos desencontros). Assim, para ser
próximo temos que aprender com o
Bom Samaritano. Não podemos ficar
na atitude passiva de quem se limita
a constatar, a lamentar-se, a criticar
e a exigir que outros façam porque
nós estamos muito ocupados e não
podemos envolver-nos. O Bom Sa-
maritano aproximou-se daquele que
precisava de ajuda. E não quis saber
o estatuto social daquele homem
debilitado. O Samaritano com a sua
atitude recorda ao mundo o signifi-
cado da compaixão. E ter compaixão
é sofrer com…, é fazer do problema
do outro, o nosso problema. O pro-
fessor Eugénio Fonseca chamou a
O Vigário Episcopal para a Pas-
toral, na nossa Diocese, esteve em
Pombal, na passada sexta-feira, para
“desafiar” a comunidade do Arci-
prestado a ir para o terreno evan-
gelizar. “Chega de falar de Envange-
lização. Arregacemos as mangas e
evangelizemos”, disse o conferencis-
ta, lembrando a visão pragmática do
Papa Francisco.
Pe. Jorge Silva Santos participou
nas Conferências Quaresmais, orga-
nizadas pelo Arciprestado de Pom-
bal, e abordou o tema “O discipulado
missionário da comunidade cristã”.
A conferência do Pe. Jorge incidiu
na temática da Nova Evangelização
e sugeriu alguns caminhos possíveis
para chegar ao maior número de
cristãos que se encontrem “adorme-
cidos”. Um dos caminhos sugeridos
foi a criação de grupos de discípu-
los que possam acolher as pessoas
que andam à procura de Deus. “O
método cristão não é doutrinar, mas
é ver como vivem os cristãos. Preci-
Conferências Quaresmais de S. José: “Não
demoremos a ir ao encontro dos pobres”
atenção dos cristãos para a urgência
de ajudar a sociedade a perceber o
significado desta virtude dissipando
que “ter compaixão não é comise-
ração, ter pena ou ver no outro um
diminuído”. O responsável máximo
da Cáritas Portuguesa explicou que,
a exemplo do Bom Samaritano, ao
aproximarmo-nos, temos que ver no
outro, um irmão. E só assim passa-
mos da dimensão da solidariedade
para a dimensão da fraternidade. O
que podemos então fazer? Façamos
como o Bom Samaritano: dar-nos e
dar do que é nosso. A exemplo do
Bom Samaritano, temos que ser me-
diadores daqueles que passam por
necessidades e dificuldades. Temos
que os encaminhar para os estalaja-
deiros de hoje, como são: o Serviço
Nacional de Saúde, a Segurança So-
cial, as conferências Vicentinas, os
Centros Sociais Paroquiais, os Servi-
ços Sociais das Autarquias Locais, os
centros de Emprego, etc. Mas neste
passo, a nossa responsabilidade
não termina aqui. Tal como o Bom
Samaritano, não podemos desligar-
-nos, temos isso sim que continuar
a acompanhar a situação da pessoa.
Segundo o professor Eugénio
Fonseca, presidente Nacional da Cá-
ritas, a parábola do Bom Samaritano
é um protótipo de itinerário muito
realista do que deve ser o encontro
com os pobres. E no final da sua in-
tervenção recordou o ensinamento
de Jesus: “ir ao encontro dos pobres
é ir ao encontro de Deus”. “Não de-
moremos!” – desafiou-nos.
Hugo Anes
Vamos arregaçar as mangas
e vamos evangelizar
samos de ter instâncias, grupos de
vida onde possamos dizer aos que
andam à procura: venham e vejam”,
disse. Ao nível do Arciprestado de
Pombal está a funcionar, deste o pas-
sado mês de outubro, a Catequese de
Adultos. É intenção do Arcipreste,
Pe. João Paulo Vaz, criar, no próximo
ano pastoral, pequenos grupos de
catequese de adultos para aprofun-
damento da fé.
A segunda etapa no processo de
evangelização é a formação de dis-
cípulos. “Ser discípulo é um grande
caminho de conversão que leva uma
vida, mas sozinhos não somos capa-
zes. Tem de ser feita em comunida-
de”. A visão da Diocese passa por for-
mar comunidades “alicerçadas em
Cristo”. A formação abrange diversas
dimensões que deverão integrar-se
harmonicamente ao longo de todo o
processo formativo. E é preciso que
estes discípulos se tornem evangeli-
zadores, servidores na comunidade,
construtores na comunhão e que se
apoiem mutuamente.
O último passo deste processo
sugerido pelo Pe. Jorge é o desenvol-
vimento de líderes pelo reconheci-
mento do potencial missionário dos
leigos e o seu desdobramento no
seio da Igreja e da sociedade.
As Conferências Quaresmais pros
seguem amanhã, pelas 21h00, com
Maria Angeles de los Rios, fundado-
ra do Movimento Mambré e de Nova-
humanitas. A sessão será antecedida
por momento musical animado por
um grupo da Filarmónica Artística
Pombalense que tem animado todos
os serões das conferências.
Paula Marques
Celebrando os 60 anos da pri-
meira Visita da Imagem Peregrina de
Nossa Senhora de Fátima, cerca de
400 pessoas peregrinaram até Fáti-
ma no passado dia 15 de Março.
Iniciaram a peregrinação com a
celebração da Eucaristia na Basílica
e fizeram oração junto dos túmulos
dos Pastorinhos e com a ajuda pre-
ciosa, clara e objectiva da Postula-
dora dos Videntes – Irmã Ângela
Coelho – fomos ajudados a reflectir
sobre o testemunho daqueles que fo-
ram mediadores da Mensagem, dum
modo especial dos Beatos Francisco
e Jacinta Marto.
À tarde, houve um espaço cultu-
ral e de memória da visita realizada
há dez anos e em caminhada orante,
avançaram para a Capelinha com o an-
dor ornado de orquídeas, para acolher
a Imagem da Senhora mais brilhante
que o Sol. Juntando-se um grupo dio-
cesano da Mensagem de Fátima, o que
criou um sentido mais eclesial da nos-
sa Igreja Particular de Coimbra.
Pelas 19 horas chegaram à Ilha,
onde a Filarmónica, crianças das Ca-
tequeses e uma pequena multidão
aguardava de velas acesas na mão,
dísticos e expressões bíblicas.
E entre cânticos, celebrações, via
sacra, filme Aparição, Procissão de
velas, confissões… Festa dos Oratórios
da Imaculada, culminaram com a cele-
bração do Crisma presidido pelo Bis-
po, Senhor D. Virgílio. De Salientar ao
Loas e Poemas a Nossa Senhora canta-
das em polifonia pelos grupos corais,
todos unidos. A noite de Sábado para
Domingo até às 15 horas foi de Adora-
ção ao Santíssimo Sacramento.
A Eucaristia foi presidida pelo
Pe. Dário Pedrosa que veio celebrar
connosco 100 anos de Apostolado da
Oração e demos início á grande pro-
cissão percorrendo os quatro quiló-
metros até à Igreja de Nossa Senhora
da Expectação da Guia.
Mais de duas mil pessoas, em
oração, louvor e canto a Nossa Se-
nhora, por entre milhares de flores
colocadas nos laterais do percurso.
Esta caminhada de Fé prosseguiu
esta semana na Guia onde se destaca
uma exposição de Arte Sacra e uma
Cantata a Nossa Senhora …e do-
mingo, pelas 16 horas teremos o Pe.
Francisco da Mensagem de Fátima e
nova Procissão para a Igreja Paro-
quial -Mãe - Mata Mourisca.
A.N.T.
Quaresma sob o olhar de Maria
3. 27 de Março de 2014
3 Igreja / Notícias dos Arciprestados
Arciprestado do Nordeste
Arciprestado de Coimbra Norte
Adoração Comunitária em S. Tiago
Há mais um ano que se iniciou na igreja de S. Tiago, em Coimbra, um
tempo de Adoração Eucarística pelas vocações. Durante doze horas
por dia, muitas pessoas rezam, para que o senhor continue a suscitar
no coração de muitos jovens o desejo de O servir com alegria, ainda
mais, neste projecto. Por isso, a comissão responsável pela Adoração
em S. Tiago propõe, para além da adoração silenciosa e pessoal diária,
um tempo semanal de oração comunitária todas as quintas-feiras à
noite, pelas 21,30 horas, organizado por um grupo paroquial, movi-
mento ou secretariado diocesano.
Dia Diocesano dos Doentes
O Secretariado Diocesano do Movimento da Mensagem de Fátima pro-
move no dia 5 de Abril, o sexto dia Diocesano dos Doentes, destinado a
todos que já tenham participado num Retiro de Doentes, em Fátima, e
que tenham feito parte das respectivas equipas de apoio. Este encontro
realizar-se-á no Salão Polivalente da igreja de S. José, em Coimbra, com o
programa habitual: recitação do terço; reflexão do Padre Manuel Antunes,
assistentenacionaldoMMF;confissõeseaAdoraçãoaoSantíssimo;missa
presidida pelo Bispo de Coimbra, D. Virgílio Antunes; Depois do almoço
partilhadohaveráaindalugarparaumareflexãoorientadapeloEnfermei-
ro Nuno Neves, responsável nacional do sector dos doentes e deficientes
físicos do MMF; O encontro termina com um momento de oração e umas
palavras do presidente do Secretariado Diocesano do MMF.
Cáritas de Coimbra recolhe 30 mil euros na campanha nacional
A Cáritas Diocesana de Coimbra angariou no peditório nacional cerca
de 30 mil euros, mais 15 por cento do que o recolhido no ano passado,
sendo agora este valor canalizado para o Centro de Apoio Social da
instituição. “As verbas angariadas neste peditório vão reverter exclu-
sivamente para as pessoas em situação de carência e emergência so-
cial que venham a ser apoiadas pelo Centro de Apoio Social da Cáritas
de Coimbra”, explica uma nota enviada à nossa redacção. Em 2013 o
contributo do valor angariado no Peditório Público ajudou a Cáritas
de Coimbra a “apoiar mais de duas mil pessoas”. “Apercebendo-se de
um acréscimo dos pedidos de ajuda, que resultaram num aumento de
cerca de 170 por cento do número de atendimentos realizados (de 611
em 2012 passou-se para 1042 em 2013), a Cáritas Diocesana de Coim-
bra considerou essencial provocar a sociedade para a participação
nesta acção solidária em 2014, quer com donativos, quer no âmbito do
voluntariado”, lançado assim a campanha ‘Há pessoas de carne e osso’.
Esta campanha consistiu em colocar manequins em vários espaços co-
merciais da diocese, “alertando para o facto de que todas as pessoas
precisam de comida, medicamentos e casa”. O peditório realizou-se
em 76 locais da Diocese de Coimbra, quatro centros comerciais e 72
equipas nas comunidades, supermercados e lojas locais e contou com
a participação de 505 voluntários.
Células Paroquiais de Evangelização
A Diocese de Coimbra vai apresentar nos próximos dias 28 (padres)
e 29 (leigos) de Março um sistema de células paroquiais de evange-
lização (CPE) com a presença do Padre Mário Saint- Pierre, teólogo
e pastoralista. “Com o seu efeito multiplicador, as células são a Igreja
em crescimento e aqui a palavra ganha toda a sua dimensão; cresci-
mento qualitativo da vida dos discípulos e crescimento quantitativo
pela multiplicação das células, e com elas, o crescimento do número
dos participantes na assembleia dominical paroquial”, porque o “cres-
cimento faz parte do ADN da Igreja desde o início”, explicita uma nota
de apresentação desta iniciativa. O Padre Mário Saint-Pierre, natural
do Quebeque, Canadá, é “um especialista no documento de Aparecida,
Brasil, que viu desde o princípio nas células de a evangelização um
bom método para formar discípulos missionários tal como é dito nes-
se documento e depois retomado pelo Papa Francisco na encíclica ‘A
Alegria do Evangelho’”, refere o comunicado. As CPE foram conhecidas
em Coimbra em 2008 e desde então o interesse tem aumentado sendo
que actualmente existem “cerca de 40 leigos que se reúnem em células
e evangelizam quotidianamente, fazendo até então uma experiência
extraordinária de aprender o que é ser discípulo de Cristo e missioná-
rio”. “Alguns deles vão mesmo de porta em porta, mas o que é pedido a
cada um é a evangelização da sua rede de relações quotidianas, o «oi-
kos» para que em cada ano cada célula se multiplique por duas e cada
ano duplique o número de discípulos em células e a fazer crescer a
paróquia”, acrescenta a nota. O sistema de células paroquiais de evan-
gelização (CPE) foi criado na Europa em 1985 pelo padre Pigi Perini da
paróquia de Santo Eustórgio em Milão e foi reconhecido pelo Conselho
Pontifício para os Leigos em 29 de Maio de 2009, em Roma.
Vicentinos da diocese reunidos em Assembleia da Quaresma
Foi num espírito de salutar convívio eclesial que cerca de uma centena
de vicentinos oriundos das quatro regiões pastorais da Diocese de Coim-
bra se reuniu, no Instituto “Justiça e Paz”, para a sua habitual Assembleia
da Quaresma. No centro da reflexão esteve a temática “Sociedade de S.
Vicente de Paulo (SSVP): Identidade e Missão”, que foi tratada a partir de
diversas dimensões, previamente trabalha-das por vários vicentinos. Na
sua intervenção, Luís Subtil, presidente do Conselho Central de Coim-
bra, referiu que, independentemente da idade dos vicentinos, é neces-
sário “preservar o espírito jovem, caracterizado pelo entusiasmo, adap-
tação e imaginação criadora”. Por seu turno, o presidente do Conselho
de Zona, João da Cunha Matos, salientou que a SSVP “será tão mais fiel
aos seus princípios fundadores quão mais envolvida estiver em relações
solidárias com todos os outros”. O Padre Carlos Delgado, conselheiro es-
piritual, além das dimensões da espiritualidade vicentina, acentuou a
importância da relação como verdadeiro e autêntico encontro, centrado
na pessoa humana e não no acessório, sublinhando a espontaneidade
do Papa Francisco na relação que estabelece com as pessoas.
Igreja em Coimbra A Coordenação das Capelanias
dos Hospitais da Diocese de Coimbra
quer reunir esforços de profissionais
e especialistas para que se entenda
“a humanização como uma mais-va-
lia” no cuidar dos doentes.
“O hospital é o local das grandes
notícias, boas e também más e é ne-
cessário saber dar boas e más notí-
cias, é necessário saber comunicar
não o fazendo apenas tecnicamente,
ou seja não é apenas o técnico que
comunica com a pessoa tem de ser
a pessoa do técnico que comunica
com a pessoa que está doente”, disse
à Agência Ecclesia o padre José An-
tónio Pais, capelão dos Hospitais da
Universidade de Coimbra (HUC) e
coordenador dos capelães dos Hospi-
tais da Diocese de Coimbra.
O responsável falava durante um
simpósio sobre o tema ‘Comunicar
com Rosto’, dedicado aos profissio-
nais de saúde, que decorreu nos dias
20 e 21 de Março.
Para ensinar “as pessoas a comu-
nicar” têm sido organizados vários
eventos e cursos para ajudar os pro-
fissionais de saúde, algo essencial
porque “a humanização é uma mais-
-valia, não gasta dinheiro porque
está dentro de cada um”, revelou.
Promover a humanização no cuidar dos doentes
Para tal “é determinante que se
tenha a consciência de que um hospi-
tal não pode ser só regido por ques-
tões económicas, mas sobretudo por
questões humanas”, porque “muitas
vezes pode até faltar algum material
mas se não faltar o coração, a ternura,
o afecto, o respeito para com o doente
já quase que nem é preciso dinheiro”,
explicou o capelão dos HUC.
O pediatra Filipe Almeida coor-
dena um grupo de humanização no
Hospital de São João no Porto onde
trabalha e lembra que “os profissio-
nais de saúde não lidam com doen-
ças mas sim com doentes” e por isso
“são indissociáveis as capacidades
de preparação científica, tecnológica
para dar resposta às doenças mas in-
serida no meio real que é o humano”
sendo” preciso estar preparado para
conhecer e acompanhar o doente
que é quem tem a doença”.
“Num tempo de contenção econó-
mica a humanização deve ser o pata-
mar que mais facilmente é acolhido
pelas instituições porque é o que
menos custa dinheiro por isso não
há questões orçamentais que pos-
sam obstaculizar o desenvolvimento
da humanização”, pelo contrário “é
exatamente nesta altura que se deve
perceber que o investimento em hu-
manização vale a pena”, acrescenta.
“É importante que a avaliação das
instituições e dos profissionais de
saúde se faça também nesta vertente
sob pena de a esquecermos e valori-
zarmos apenas aquilo que é o caráter
científico, de produtividade, de con-
tenção económica que têm muita im-
portância mas não podem ser os últi-
mos rankings para avaliar”, concluiu.
Magda Freitas, enfermeira no Cen-
tro Hospital Tondela-Viseu acredita
que “a enfermagem tem duas compo-
nentes: a ciência e a arte de cuidar”
sendo que “é essencial que a parte
científica não seja descurada” tendo
sempre a seu lado “o lado humano,
deixando fluir de uma forma conscien-
te e formada o cuidar do doente”.
“A redução do número de en-
fermeiros, o aumento do número de
doentes, a falta de espaço para colo-
car os doentes faz com que se viva a
profissão sob muita pressão de ter-
mos de corresponder ao pedido do
aumento de produção e das burocra-
cias que nos são pedidas mas o hu-
manismo vai ficando sempre dentro
daqueles que exercem a profissão
com alma e acaba por transparecer
sempre”.
O Pároco continua doente, embo-
ra vá recuperando gradualmente, por
graça de Deus. Mas a vida pastoral
vai-se mantendo, não ao ritmo que
ele lhe imprimiria em normal estado
de saúde, mas da forma que é possí-
vel aos colegas que o ajudam e às ca-
tequistas que, dedicadas e dinâmicas,
vão programando as festas da cate-
quese nos seus diversos níveis, sem-
pre com o envolvimento dos pais e o
interesse das comunidades cristãs.
No dia 16, fora a Festa da Palavra
em S. João do Campo. E que bonito
que foi testemunhar o entusiasmo dos
Unidade Pastoral de Ançã
Arciprestado do Baixo Mondego
O Senhor Bispo de Coimbra,
D.VirgílioAntunes,noâmbitodavisita
pastoral que está a efectuar às comu-
nidades paroquiais do Arciprestado
do Baixo Mondego, visita a paróquia
da Granja do Ulmeiro no próximo
fim-de-semana.
Enquanto Pastor Diocesano, o
Bispo vai ao encontro dos seus ir-
mãos na fé, daqueles que lhe estão
particularmente confiados, para
os confirmar nessa mesma fé, ten-
do ocasião para “conhecer as suas
ovelhas e ser por elas conhecido”.
É, pois, o momento em que o Bispo,
mais de perto, exerce a favor do seu
Dia da Festa de São José, que se vi-
veucomfé,alegria,saudadesegratidão
pensando no Chefe de Família – o PAI.
Lembrámos e rezámos, na linda
capela do Lar a oração de São Francis-
co de Assis: «...Onde houver a pertur-
bação, que eu deixe a vossa paz; onde
houver o desentendimento, que eu
deixe a vossa caridade; onde houver a
tristeza, que eu deixe a vossa alegria;
onde houver a fome que eu deixe o
pão. Glorioso São José, Padroeiro da
IgrejaUniversalemeuespecialprotec-
miúdos, felizes e alegres por saberem
já manusear a Bíblia e capazes de en-
contrar na mesma os textos da liturgia
desse dia. Tinham a sensação de que já
eram «grandes» e sabiam coisas que os
seus avós nunca tinham aprendido. E
houve o compromisso generalizado de
nãoguardaremnaestante,comoobjec-
to de adorno, a bíblia que lhes fora en-
tregue, mas que iriam procurar conhe-
cê-la melhor e lê-la frequentemente.
No dia 23, outras festas se segui-
ram, com a colaboração do Vigário
Episcopal. Cónego Sertório, a pre-
sidir em S. Facundo às festas do Pai
Nosso, da Palavra e do Credo, e ou-
tro colega a presidir em Ançã à Festa
do Pai Nosso. Aqui, era meia igreja
reservada para a festa. Os miúdos,
acompanhados pelos pais, preen-
chiam a parte da frente, e foram
transmitindo para a assembleia nu-
merosa a informação de que, quando
rezavam o Pai Nosso, eram sete os
pedidos que dirigiam ao Pai do Céu.
Com uma empatia visível com as
catequistas que os têm acompanha-
do, a festa foi decorrendo, alegre e
solenizada, e, no final, foi a azáfama
da fotografia para memória futura.
povo o ministério da palavra, da san-
tificação e da orientação pastoral,
entrando em contacto mais directo
com as preocupações, as alegrias e
as expectativas da porção do povo de
Deus que lhe está confiada.
A visita pastoral à Granja do Ul-
meiro, começa dia 28, com D. Virgí-
lio a visitar, pelas 12h30, o Instituto
Pedro Hispano. Pelas 14h30, visita
o Centro de Assistência Paroquial e,
pelas 14h45, visita a Junta de Fre-
guesia. Para as 16h00, está agenda-
da um encontro com a Irmandade do
Santíssimo Sacramento, zeladoras e
ministros extraordinários da Comu-
nhão, seguindo-se uma reunião com
a Fábrica da Igreja. Pelas 17h30, D.
Virgílio visita a capela de Santa Clara
da Painça, onde presidirá à recita-
ção do terço. Pelas 18h00, o prelado
encontra-se com os Acólitos, seguin-
do-se uma reunião com o grupo da
catequese e grupo coral.
No dia 29, D. Virgílio reúne-se com
crismandos, pelas 10h00. Esta visita à
comunidade da Granja do Ulmeiro cul-
mina no domingo, pelas 15h00, com o
Bispo a presidir à celebração da Euca-
ristia, durante a qual administrará o
sacramento do Crisma.
Aldo Aveiro
D. Virgílio visita Granja do Ulmeiro
tor, intercedei por mim, Junto de Ma-
ria, a Rainha dos Apóstolos e Mãe de
Misericórdia...e realizar este sublime
ideal: passar por toda a parte a fazer o
bem segundo as necessidades daque-
les que Deus puser no meu caminho.»
Ao lanche houve sessão de fados
dedicada aos pais para mais de cem
pessoas – utentes e familiares.
Um abraço de gratidão ao nosso
amigo avoense Sr. José Gonçalves da
Silva que com a sua voz melodiosa
acompanhada pelos acordes sonoros
da sua viola nos mimou com fados de
Lisboa e de Coimbra.
Participaram também os nossos
amigos Arménio Dias e José Brás
Nunes. Esta serão musical terminou
com «AVÔ TEM MAIS ENCANTO NA
HORA DA DESPEDIDA»
Presentes o nosso Presidente Sr.
Manuel Nunes e o grande beneméri-
to e impulsionador do Lar, Sr. Aristi-
des Gonçalves.
Um abraço amigo e de parabéns
a todos os PAIS, vivos e ausentes.
Dia do Pai no Lar de Avô
4. 27 de Março de 2014
4Reportagem
A renúncia quaresmal deste ano
destina-se ao projecto “ERGUE-TE”,
da Fundação Madre Sacramento das
Irmãs Adoradoras, que lidera em
Coimbra uma Estrutura de Emprego
Protegido para mulheres que aban-
donam a prostituição.
Este projecto foi criado em 2009
pela Congregação das Irmãs Adora-
doras e tem como principal objectivo
combater a discriminação da pessoa,
especialmente a mulher, em contex-
to de prostituição. Esta equipa que
acompanha a prostituição no distri-
to de Coimbra é constituída por uma
assistente social com funções de
direcção técnica, a Irmã Martinha,
duas psicólogas, um educador social
e uma dúzia de voluntários, que dia-
riamente calcorreiam os principais
sítios de prostituição.
As Irmãs Adoradoras vieram
para Coimbra no início dos anos 90
a convite da Cáritas Diocesana de
Coimbra, para coordenar um Centro
de Atendimento situado no Terreiro
da Erva e uma casa de acolhimento -
Casa de Nossa Senhora da Paz - para
acolher as mulheres vítimas de todo
o tipo de violência, nomeadamente a
prostituição. Com a abertura de uma
outra casa de acolhimento perten-
cente à Cáritas, chamada Comunida-
de de Inserção “Renascer”, as Irmãs
Adoradoras equacionaram a sua ac-
ção e permanência em Coimbra, ten-
do em conta o seu carisma de proxi-
midade e apoio à mulher em contex-
to de prostituição. “Pensamos numa
intervenção mais directa, constituin-
do uma equipa de rua para assistir
as mulheres em contexto de prosti-
tuição. Procurou-se junto da Segu-
rança Social que a verba atribuída
ao funcionamento da Casa de Nossa
Senhora da Paz fosse canalizada
para este projecto das Irmãs Adora-
doras, que consistia numa equipa de
rua e num gabinete de atendimento.
Havia, no entanto, duas entidades
- uma promotora, a Cáritas, e outra
executora, as Irmãs Adoradoras. Por
indicação da Segurança Social, as Ir-
mãs Adoradoras constituíram uma
IPPSS de âmbito nacional, designada
Fundação Madre Sacramento, com
o intuito de dar suporte jurídico ao
projecto de Coimbra que iniciou em
Novembro de 2009, chamado Equi-
pa de Intervenção Social ERGUE-TE”,
recorda a Irmã Martinha, orgulhosa
deste projecto.
A Equipa ERGUE-TE presta apoio
a todas as mulheres em contexto de
prostituição, em todo o distrito de
Coimbra. Apoio esse que se traduz
em assistência psicológica, social, ju-
rídica, de saúde, etc. Possui um gabi-
nete de atendimento no Edifício Azul
e uma unidade móvel (esta financia-
da em parte pela Segurança Social)
que percorre as estradas do distrito,
fazendo “giros no exterior” a bares
de alterne, pensões, apartamentos,
ruas, etc.
A Irmã Martinha reconhece que
há muitas mulheres que desejam
abandonar a prostituição mas que,
infelizmente, por diversas razões,
muitas não têm condições de o fazer,
não estando à altura de competir
com outras pessoas que procuram
emprego. Surge então a necessida-
de de criar uma estrutura, com uma
dinâmica de funcionamento o mais
semelhante possível às estruturas
laborais, com formação em vários
âmbitos da vida: costura, trabalhos
manuais, tarefas domésticas, culiná-
ria, gestão financeira, etc. Segundo
a Irmã Martinha, trabalha-se todo o
âmbito da pessoa humana: aprende-
-se a trabalhar por objectivos, a res-
ponsabilidade, o trabalho em equipa,
as relações com os outros, etc. O ob-
jectivo é que as mulheres integradas
na Estrutura de Emprego Protegido
(EEP) mostrem motivação e vontade
de abandonar a prática da prostitui-
ção, façam um processo de inserção
sócio-laboral e, depois de uma ano,
reúnam as condições para integrar o
mercado laboral normal.
A EEP nasceu em Fevereiro de
2013 em parceria com o CEARTE.
Foi registada a marca “ergue-te” que
ficou associada a peças (bolsas) em
burel e linho para depois serem co-
mercializadas.
A média de permanência de cada
mulher na EEP é de um ano, ao abri-
go de medidas de apoio ao emprego.
Durante este período, a Equipa de
Intervenção Social ERGUE-TE efecti-
va o acompanhamento psicossocial
à mulher, delineando com esta um
plano de acompanhamento com ob-
jectivos e etapas definidas, com vis-
ta à integração no mercado laboral
normal, até que se reúna todas as
condições para a autonomia e para o
exercício pleno da cidadania. A EEP
iniciou com quatro mulheres que se
encontram neste momento já inte-
gradas no mercado laboral normal.
Outras três estão a ser neste momen-
to acompanhadas nesta Estrutura.
Questionada sobre o aumento
da prostituição em Coimbra, a Irmã
Martinha refere que não se tem re-
gistado um aumento tão significativo
como era esperado por causa da cri-
se económica, mas tem-se verificado
que as mulheres que se prostituem,
fazem-no por mais tempo e por va-
lores mais baixos - “As mulheres que
se encontram neste mundo chegam-
-nos cada vez mais maltratadas psi-
cologicamente”.
“Maria” (nome fictício) elogia
este projecto e realça a importância
do papel das Irmãs Adoradoras no
âmbito do mesmo, não tivesse sido
prostituta nas ruas da Baixa.
“Ninguém quer saber da pros-
tituição, é um facto. “A Diocese de
Coimbra foi a única do país a ter uma
iniciativa tão arrojada e inovadora
por altura desta Quaresma,” como
tão bem caracteriza a Irmã Marti-
nha, iniciativa que foge aquilo que
é comum… basta olharmos para as
renúncias quaresmais das outras
dioceses.
“Maria” foi prostituta duran-
te oito anos e teve uma vida mui-
to difícil. Um dia foi abordada pela
equipa “Ergue-te” que a convidou a
passar pelo gabinete de atendimen-
to. Mediante o acompanhamento da
equipa foi-lhe proposto integrar a
Estrutura de Emprego Protegido. De
voz embriagada, “Maria” vai-nos di-
zendo que o mundo da prostituição
é um mundo de sofrimento, onde os
clientes as maltratam física e psico-
logicamente. É muito difícil entrar
para o mercado de trabalho normal
sobretudo quando são conhecidas
como prostitutas; valeu-lhe esta ini-
ciativa (a EEP) que lhe ofereceu uma
oportunidade para voltar a ser uma
mulher com dignidade. O carinho,
o amor com que foi recebida pela
equipa mexeu muito com a “Maria”,
sobretudo quando não se está habi-
tuada a afectos. “No mundo da pros-
tituição somos apenas um objecto,
mais nada”, afirma à nossa repor-
tagem. “Pelo facto do cliente pagar
o serviço, acha-se no direito de ter
poder sobre todo o nosso corpo. Às
vezes, nos quartos, torna-se pertur-
bador e violento ao ponto de nos
humilharem até à exaustão”, refere.
Entrou neste mundo por amor, por
influência de uma amiga que a ali-
ciou a prostituir-se. Questionada so-
bre a saída da prostituição, “Maria”
responde que é possível, basta ar-
ranjar um trabalho, como aconteceu
no seu caso. Em relação ao mundo da
prostituição há muitos preconceitos:
“para quem queira deixar esta vida
vai haver sempre dificuldades em
ser contratada porque leva sempre
traumas, rótulos, etc. A simpatia do
Padre Paulo Simões que nos recebeu
de braços abertos, no Instituto Justi-
ça e Paz, onde nos ofereceu algumas
refeições no início do funcionamento
da EEP, foi uma experiência extraor-
dinária. A forma como tem sido tra-
tada pela equipa técnica deu-lhe ou-
tro alento à vida”, refere “Maria”.
O facto da renúncia quaresmal
reverter para este projecto, aumenta
a responsabilidade de toda a equipa,
refere a Irmã Martinha. “Isto leva-
-nos a reflectir sobre aquilo que es-
tamos a fazer em nome da Igreja”,
refere a responsável pelo projecto,
“porque agora passa a ser conhecido
de todos; de facto, a Igreja quer cola-
borar, quer fazer caminho com estas
mulheres que estão na fronteira e
nós somos a ponte”, refere.
Na verdade, o “Correio de Coim-
bra” foi o primeiro órgão de informa-
ção a interessar-se por este projecto.
Foi graças a uma reportagem dedica-
da à Equipa ERGUE-TE, que a Irmã
Martinha foi a Fátima e falou peran-
te uma Igreja diocesana reunida em
torno do seu pastor, onde partilhou
as suas dificuldades e angústias por
um projecto no qual acredita e en-
trega toda a sua vida. Sabemos que
a prostituição nunca irá acabar, mas,
com o empenho e dedicação de mui-
tos voluntários e técnicos que se de-
dicam a este projecto não poderão
dignificar e valorizar mais o papel da
mulher, vítima de maus tratos, como
consequência da prostituição? Jesus
Cristo não terá dado o exemplo ao
não condenar Maria Madalena?
Segundo uma das psicólogas des-
te projecto “quem se prostitui não
pode ter uma boa saúde mental, uma
boa auto-estima, uma boa personali-
dade construída. Quando falta todo
o género de apoio, a via mais rápida
para a angariação de algum dinheiro
é através da prostituição. Há filhos
para alimentar, há contas por pagar…
Para se trabalhar a problemática da
prostituição é preciso trabalhar a ní-
vel da relação de proximidade com
base na confiança”, refere Marta Ne-
ves. “O grande trabalho é realmente
daquelas que querem deixar a pros-
tituição, nós só as acompanhamos”,
explica. “É um trabalho muito moro-
so mas gratificante e fazemo-lo por
gosto.
O que mais impressionou esta
equipa quando começou a trabalhar
neste projecto foi a capacidade de
acolhimento destas mulheres.
Miguel Cotrim
Projecto “Ergue-te”: Irmãs Adoradoras
combatem a prostituição
Sou cristã, procuro conhecer
Deus através de Jesus Cristo e vivo
todos os dias um encontro íntimo
com Ele, que me torna feliz pois dá
sentido à minha vida. Vivo a vida
de uma forma agradecida e pro-
curo servir Deus na co-construção
do Reino. Porque Deus me ama
assim, incondicionalmente, e me
dá este sentido da vida, sinto uma
alegria interior que me leva a que-
rer falar Dele a todos, evangelizar.
A minha missão é comunicar esta
boa nova, é dar-me, é servir, é le-
var esta alegria ao outro. É Deus
que opera através de mim.
Há momentos difíceis, em que
não apetece sorrir… mas logo re-
cordo como Deus me procurou
quando andei perdida, como me
perdoou 70x7, como me ama as-
sim cheia de pecados, como é bom
e misericordioso. Aí procuro o
rosto de Deus nas pessoas do dia-
-a-dia e tento sorrir e ajudar os
outros, diariamente, tal como fui
também tantas vezes ajudada. Só
pode amar quem foi amado.
No meu caminho tive a feli-
cidade de encontrar a Equipa de
Intervenção Social ERGUE-TE, das
Irmãs Adoradoras, onde fui acolhi-
da como psicóloga. Trabalhar no
âmbito da inclusão social, sejam
quais forem os rostos, é para mim
O desafio da minha vida. Ser cristã
integra o ser psicóloga e ter esta
missão. É na atitude de confian-
ça, alegria, amor e misericórdia
que sou cristã no meu trabalho.
Como psicóloga é-me pedido que
aprenda a conhecer uma pessoa,
convidando essa pessoa a fazer
uma viagem de autoconhecimento
comigo. É-me exigido que a ajude
a (re)construir a sua identidade a
partir da capacidade de se amar e de
se perdoar, para se poder transfor-
mar. O potencial de cada um é muito
pequeno, mas é com essa migalha
que Deus faz os milagres nas páscoas
que essas pessoas vivem. E depois é
esperado que acompanhe os diferen-
tes processos de autonomia de cada
pessoa, de enviar cada uma em mis-
são para uma nova vida, no sentido
do Amor e da Alegria.
O que mais me fascina neste pro-
jeto, e com o qual muito me identi-
fico, é a ênfase na autonomia e na
cidadania plena, em detrimento do
assistencialismo fácil e rápido, em
que os resultados obtidos são natu-
ralmente falaciosos. É um trabalho
muito lento, o de mudar atitudes,
identidades, promover projetos de
vida alternativos ao contexto de
prostituição, mas acredito que a re-
valorização do outro é a única forma
de o levar a acreditar que tem valor.
Desde o primeiro momento, em que
paramos a carrinha na berma da es-
trada para abordar uma mulher em
contexto de prostituição, ao momen-
to em que essa mesma mulher vem
ao gabinete e aceita o nosso apoio,
que a nossa atitude é a de profundo
respeito pela sua liberdade e indivi-
dualidade. Na intervenção realizada,
que se pretende rigorosa e de quali-
dade, o objetivo último é o da dignifi-
cação da pessoa pela sua inclusão so-
cial, através da sua inserção laboral.
Só assim se pode pretender uma ci-
dadania plena, a partir do sentimen-
to de pertença a uma comunidade,
não basta a mudança a nível intrap-
síquico; tem de haver uma constru-
ção de uma rede social que nutra a
resiliência e a empatia.
Omaisfáciléamarestasmulheres
desamadas e vítimas de toda a forma
de violência, onde a prostituição é
o rosto da perversão da nossa so-
ciedade silenciosa e permissiva.
Difícil é mudar a mentalidade as-
sente na desigualdade de direitos,
na indiferença face ao sofrimento,
na aceitação ignorante que uma
pessoa se possa prostituir por op-
ção. Difícil é mudar os fatores fa-
miliares, económicos e sociais que
permitem a violência, a injustiça,
a pobreza, a promiscuidade e que
levam à exclusão social, à exclusão
de si, pela negação ao direito mais
básico do ser humano, que é o di-
reito de se amar. É urgente mudar
estas mentalidades, seja pela edu-
cação das nossas crianças e jovens,
seja por projetos de prevenção
primária. Nunca a humanidade se
preocupou tanto com os direitos
do Homem como neste século, mas
a mulher vítima da prostituição
continua esquecida.
Muito temos a aprender com
o riquíssimo legado de Santa Ma-
ria Micaela, que através deste seu
Carisma de Adoração-Libertação,
nos desafia diariamente a esta
missão tão simples e complexa
que é a de ver e servir Cristo pre-
sente nas mulheres exploradas.
Ajudar a (re)construir
Marta Neves
(Psicóloga do Projecto)
5. 27 de Março de 2014
5 Página da Catequese
Paróquia de Almalaguês
21 jovens do grupo de jovens de
Almalaguês, acompanhados por 4
catequistas, estiveram em Roma de
28 de Fevereiro a 3 de Março. O gru-
po foi orientado pelo Padre Dehonia-
no Fernando Fonseca, natural de Al-
malaguês e residente em Roma há já
alguns anos no Colégio Internacional
Leão Dehon. Os padres Luís Miranda
e Nuno Santos da Diocese de Coim-
bra disponibilizaram também algum
do seu tempo numa reflexão com os
jovens.
Das actividades programadas fi-
zeram parte a visita aos museus do
vaticano, nomeadamente a Capela
Sistina, Basílica e Praça de S. Pedro
(com subida à Cúpula e descida às
grutas vaticanas) e Basílica de S. João
de Latrão onde os jovens foram con-
vidados a renovar as promessas do
seu Baptismo.
Naturalmente a visita incluiu ou-
tras zonas de interesse da cidade tais
como o Coliseu, os Fóruns romanos,
o Capitólio, a Igreja do Gesù, a fonte
de Trevi, o Pantheon, a Praça Navon-
na, SS. Trindade dos Montes e Campo
das Flores.
Grupo de Jovens em Roma
Após a Eucaristia dominical, pre-
parada pelos jovens e celebrada junto
ao túmulo de S. Pedro, o grupo teve
a felicidade de receber a bênção do
Papa Francisco no Angelus Domini.
Os jovens rezaram pela Igreja, pelas
famílias, pelas pessoas que tornaram
possível esta peregrinação e pelas in-
tenções que traziam no coração.
As conversas animadas, os cân-
ticos e brincadeiras estiveram pre-
sentes ao longo de toda a viagem,
transformando-a numa experiencia
que se espera marcante para a his-
tória deste recém-criado Grupo e
para cada um dos jovens que nela se
aventurou.
Paróquia de S. Julião
Na nossa Igreja de São Julião, Fi-
gueira da Foz, recebemos, no passa-
do domingo, dia 16 março, na Euca-
ristia das 12h, os nossos pequenitos
do 2º ano e as suas famílias, para
rezarmos todos juntos o Pai Nosso.
Porquê celebrar o Pai Nosso? Porquê
celebrar as orações? Cada oração as-
sume na vida de cada um de nós um
Festa do Pai Nosso
papel de comunhão com Deus, um
papel de proximidade. Num ano em
que o Pai Nosso impera nas sessões
da catequese de todos os grupos do
2º ano, esta celebração surge como
um brinde à caminhada que estes
meninos e meninas fazem em torno
desta bela oração. Cada grupo prepa-
rou minuciosamente a participação
nesta celebração, uma vez que toda a
Eucaristia teve ao cargo de crianças,
pais e catequistas pois além de ser
do 2º ano é uma festa para toda a co-
munidade, onde puderam mostrar a
todos a felicidade de já conseguirem
dizer de viva voz Pai Nosso que es-
tais nos Céus… Ao longo da nossa pe-
quena festa foi surpreendente ver os
nossos pequenitos já tão crescidos,
e mesmo com o nervosismo e con-
tentamento à mistura, deram-nos
uma vivência do Pai Nosso muito
importante, pois além de o saberem
rezar também nos sabem ensinar o
importante significado da oração
ao nosso grande e maravilhoso Pai.
Estas vivências em comunhão com
a catequese, conseguem oferecer
a estas crianças o significado que a
Igreja deve ter na nossa vida, pois
com pequenos passos, cada um des-
tes pequenitos, que ainda há pouco
começou a sua caminhada, torna-se
Igreja, Igreja viva, Igreja alegre. Que
a alegria deste dia se propague por
todos os dias destas crianças e esta-
mos certos que daqui por um ano es-
tarão preparados para receber Jesus
na sua Primeira Comunhão. http://
catequesesaojuliao.blogspot.pt/
Paróquias de Figueira de Lorvão, Lorvão e Sazes de Lorvão
No passado dia 23 de Março,
reuniram-se os Catequistas das
Paróquias de Figueira de Lorvão,
Lorvão e Sazes de Lorvão para uns
momentos de reflexão e adoração ao
Santíssimo Sacramento. Orientado
pelo Sr. Pe Pedro Miranda, reflecti-
mos sobre a necessidade de parar
e orar, e de colocar nas mãos do Se-
nhor as alegrias e as frustrações que
vamos tendo, enquanto Catequistas.
Tendo como base de meditação, o
Evangelho de S. Marcos (Mc.6), e a
Conversão de S. Paulo (Act. 9, 3-18),
bem como extractos de uma homilia
de S. João Crisóstomo e da Alegria do
Evangelho do Papa Francisco (EG.
1,2), vimos como “a Alegria do Evan-
gelho enche o coração e a vida inteira
dos que se encontram com Jesus”.
Campanha de Quaresma
Decorre a Campanha da Qua-
resma, na Paróquia de Figueira de
Lorvão. Um momento do Ofertório
em que as crianças da Catequese, em
caminhada para a Páscoa, levam até
ao altar a sua renúncia transforma-
da em géneros, que serão doados em
benefício de utentes de duas institui-
ções de solidariedade social.
Catequistas
em reflexão
e oração
ATENÇÃO CATEQUISTAS!....
CursodeIniciaçãoemPombal
Conforme já anunciado, e promovido pela Paróquia de Pombal,
vai realizar-se nessa localidade um Curso de Iniciação para Cate-
quistas, nos próximos dias 16, 17 e 18 de Maio. Para inscrição ou
mais informações contactar a Paróquia de Pombal: 236 212 076.
Paróquia de S. José
Nos dias 11 e 14 de Fevereiro,
as crianças do 6º ano da Catequese
de Infância, da Paróquia de S. José,
juntamente com as suas catequistas,
realizaram uma visita aos idosos re-
sidentes do Centro Social de S. José.
Esta visita inseriu-se no programa
do 2º Bloco da catequese, onde o
tema central “JESUS ANUNCIA E
PROPÕE O REINO DE DEUS” induz
a que as crianças possam fazer uma
experiência comunitária que lhes
permita identificar formas simples
de levar aos outros um pedacinho
desse Reino, onde o amor, a empatia
e o acolhimento devem imperar e
reforçar a caminhada cristã grupal e
individual. Foi uma experiência única
onde não faltaram a alegria dos ido-
sos, a curiosidade dos catequizandos,
a emoção de jovens e menos jovens, a
partilha das funcionárias que explica-
ram como cuidam e são um suporte
“familiar” no dia-a-dia de cada idoso
e, sobretudo, a vivência prática dos
conteúdos que os catequistas trans-
mitem em sala de catequese.
Pretendeu-se dar corpo aos en-
sinamentos de Jesus, tornando ines-
quecível esta catequese e ambicio-
nando a vinculação das crianças ao
sentimento de pertença à Igreja e, de
um modo particular, à sua responsa-
bilidade sócio caritativa, num tempo
em que os cristãos devem reforçar a
sua atenção aos necessitados, segun-
do o seu dever e as recomendações
do nosso querido Papa Francisco.
Reunião de catequistas
Realizou-se no passado dia 15 de
Fevereiro, a reunião geral de catequis-
tas da infância, da Paróquia de S. José,
inserida no Plano de Actividades, que
habitualmente contempla três reu-
niões anuais, para além de um fim-
-de-semana formativo, que ocorre em
cada mês de Setembro, ou seja pre-
viamente ao início da catequese. Esta
reunião integrou ainda um tempo que
se intitulou de “Reflexão Quaresmal
Formativa”, no qual foi feita a apresen-
tação do projecto diocesano “Caminho
para Cristo em Igreja”, procedendo-se
ainda à experiência de oração, funda-
mentada nas orientações para o Pri-
meiro Domingo da Quaresma.
Pretendeu-se não só a sensibili-
zação para a caminhada quaresmal,
mas também a intensificação da prá-
tica da lectio divina, nem sempre as-
sumida e/ou conhecida por parte de
todos os catequistas.
Crianças do 6.º volume
visitam idosos da paróquia
Paróquia de Vila Cã
Na continuação das várias festas
da Catequese, as crianças do 2.º ano
da nossa comunidade paroquial de
Vila Cã, receberam no passado Do-
mingo a oração do Pai Nosso, cen-
trada na frase “O Pai me ama, Ele me
chama para me fazer feliz”. O nosso
pároco Pe. Manuel Nobre, transmitiu
às crianças o valor desta mensagem,
explicando-lhes que Deus é um Pai
maravilhoso que nos ama, nos en-
sina o bem, e só quer que sejamos
Festa do Pai Nosso
felizes. Recordou também o dia de
S. José, dia em que é costume honrar
o nosso pai na terra com um gesto
de carinho e amor. Convidou então
as crianças juntas com os pais, os
catequistas e toda a comunidade a
louvar o nosso Pai do Céu durante
a Eucaristia. No final as crianças en-
tregaram aos pais um coração com
esta pequena frase: “O pai me ama” e
comprometeram-se a rezar todos os
dias a oração do Pai Nosso.
6. 27 de Março de 2014
6Eclesial
Nem só de Pão
Eu sou a Ressurreição e a vida
A Palavra de Deus
V DOMINGO DA QUARESMA
(6 de Abril de 2014)
Leitura da Profecia de Ezequiel (Ez. 37,12-14)
Assim fala o Senhor Deus: «Vou abrir os vossos túmulos e de-
les vos darei ressuscitar, ó meu povo, para vos conduzir à terra
de Israel. Haveis de reconhecer que Eu sou o Senhor quando
abrir os vossos túmulos e deles vos fizer ressuscitar, ó meu
povo. Infundirei em vós o meu espírito e revivereis. Hei-de
fixar-vos na vossa terra e reconhecereis que Eu, o Senhor, o
disse e o executei». – Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL
No Senhor está a misericórdia
e abundante redenção.
Leitura da Ep. de S. Paulo aos Romanos (Rom. 8. 8-11)
Irmãos: Os que vivem segundo a carne não podem agradar a
Deus. Vós não estais sob o domínio da carne, mas do Espírito,
se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não
tem o Espírito de Cristo, não Lhe pertence. Se Cristo está em
vós, embora o vosso corpo seja mortal por causa do pecado, o
espírito permanece vivo por causa da justiça. E, se o Espírito
d’ Aquele que ressuscitou Jesus de entre os mortos habita em
vós, Ele, que ressuscitou Cristo Jesus de entre os mortos, tam-
bém dará vida aos vossos corpos mortais, pelo seu Espírito
que habita em vós. – Palavra do Senhor.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo seg. S. João
(Jo. 11, 1-45)
Naquele tempo, as irmãs de Lázaro mandaram dizer a Jesus
«Senhor, o teu amigo está doente». Ouvindo isto, Jesus disse:
«Essa doença não é mortal, mas é para a glória de Deus, para
que por ela seja glorificado o Filho do homem». Jesus era ami-
go de Marta, de sua irmã e de Lázaro. Entretanto, depois de
ouvir dizer que ele estava doente, ficou ainda dois dias no lo-
cal onde Se encontrava. Depois disse aos discípulos: «Vamos
de novo para a Judeia». Ao chegar lá, Jesus encontrou o ami-
go sepultado havia quatro dias. Quando ouviu dizer que Jesus
estava a chegar, Marta saiu ao seu encontro, enquanto Maria
ficou sentada em casa. Marta disse a Jesus: «Senhor, se tives-
ses estado aqui, meu irmão não teria morrido. Mas sei que,
mesmo agora, tudo o que pedires a Deus, Deus To concederá».
Disse-lhe Jesus: «Teu irmão ressuscitará». Marta respondeu:
«Eu sei que há-de ressuscitar na ressurreição do último dia».
Disse-lhe Jesus: «Eu sou a ressurreição e a vida. Quem acre-
dita em Mim ainda que tenha morrido, viverá; e todo aquele
que vive e acredita em Mim, nunca morrerá. Acreditas nisto?»
Disse-lhe Marta: «Acredito, Senhor, que Tu és o Messias, o Fi-
lho de Deus, que havia de vir ao mundo». Jesus comoveu-Se
profundamente e perturbou-Se. Depois perguntou: «Onde o
pusestes?» Responderam-Lhe: «Vem ver, Senhor». E Jesus cho-
rou. Diziam então os judeus: «Vede como era seu amigo». Mas
alguns deles observaram: «Então Ele, que abriu os olhos ao
cego, não podia também ter feito que este homem não mor-
resse?» Entretanto, Jesus, intimamente comovido, chegou ao
túmulo. Era uma gruta, com uma pedra posta à entrada. Disse
Jesus: «Tirai a pedra». Respondeu Marta, irmã do morto: «Já
cheira mal, Senhor, pois morreu há quatro dias». Disse Jesus:
«Eu não te disse que, se acreditasses, verias a glória de Deus?»
Tiraram então a pedra. Jesus, levantando os olhos ao Céu, dis-
se: «Pai, dou-Te graças por Me teres ouvido. Eu bem sei que
sempre Me ouves, mas falei assim por causa da multidão que
nos cerca, para acreditarem que Tu Me enviaste». Dito isto,
bradou com voz forte: «Lázaro, sai para fora». O morto saiu,
de mãos e pés enfaixados com ligaduras e o rosto envolvido
num sudário. Disse-lhes Jesus: «Desligai-o e deixai-o ir». Então
muitos judeus, que tinham ido visitar Maria, ao verem o que
Jesus fizera, acreditaram n’Ele. – Palavra da salvação.
Sugestão de CânticosMário Arcanjo
Entrada
– Eu darei ao meu povo a salvação..................................................... CEC II 119
– Eu sou a salvação..........................................................................CEC II 117/118
– A quem iremos......................................................................................... CEC II 106
Ap. dos Dons
– A vós, Deus e Senhor.................................................................................NCT 242
– Na hóstia sobre a patena.........................................................................NCT 248
– Jesus, nossa redenção...............................................................................NCT 567
Comunhão
– Assim como o Pai........................................................................................NCT 671
– Eu sou a ressurreição.................................................................................CEC I 94
– Todos aqueles...............................................................................................NCT 673
Pós- Comunhão
– É preciso renascer......................................................................................... CT 306
– A vida por nós destes................................................................................NCT 107
Quase no termo da Quares-
ma, a Palavra de Deus situa-nos
hoje diante do problema mais
grave da nossa vida: a morte...
Jesus de Nazaré, fez, Ele próprio,
a experiência da morte. Mas ao
ressuscitar, transformou-se em
fonte de vida e garantiu a nossa
ressurreição.
A Palavra de Deus tem uma
força única: é capaz de chamar os
mortos à vida! Ouçamo-la com fé,
pois precisamos muito dela para
vivermos a vida nova de Cristo. A
Eucaristia que vamos celebrar é
«Mistério de Fé» por excelência:
só podemos apreciá-la se pos-
suirmos os «Olhos novos» que
nos dá a fé, e nos libertará do
mundo do «homem velho», para
fazermos parte do «mundo do
homem novo», inaugurado em
Cristo.
RENOVAÇÃO
O profeta Ezequiel conta-nos
a sua extraordinária visão: vê
uma planície imensa de ossos
ressequidos os quais o Senhor
anima pela palavra do Profeta. E
retomando a vida, os ossos endi-
reitam-se sobre os seus pés e for-
mam um grande exército.
Ao Povo Judeu, derrotado
pelo desespero do Exílio, o Pro-
feta anuncia uma gloriosa reno-
vação.
Esta visão de Ezequiel con-
serva plena actualidade. Por toda
a parte são milhares e milhares
os que perderam a fé no Senhor
e a esperança num mundo novo.
Mas a voz do Senhor faz-se ouvir
de novo: «hei-de fazer-vos res-
suscitar peta força do meu Espí-
rito e formareis um grande, um
enorme exército».
Esta promessa de Deus cum-
prir-se-á, à letra, quando Ele vol-
tar todos os mortos ressuscita-
rão! Ele é a Ressurreição e a Vida.
Também hoje.
UMA CAMINHADA
Uma das novidades evangé-
licas elaboradas por S. Paulo, na
sua Carta aos Romanos, é o Es-
pírito de Deus a habitar nos que
pertencem a Cristo para estes
agirem segundo o espírito. Tal
comportamento é sementeira
inscrita na vida que, ao termo,
permitirá colher os frutos da Res-
surreição, esses que Jesus possui
já como primícias dos ressuscita-
dos. Apesar de continuar sujeito
da morte, o cristão possui, des-
de agora, pela fé, pelo baptismo,
a vida de filho adoptivo do Pai.
O mesmo poder divino que res-
suscitou Cristo, age desde já no
cristão, preparando-o para a gló-
ria da ressurreição. «Aquele que
dos mortos ressuscitou a Cristo
Jesus, dará também plenitude de
vida aos vossos corpos mortais».
Caminhar para a Páscoa é dispor-
mo-nos a fazer uma caminhada e
é como se cada um de nós fosse
um catecúmeno a preparar o seu
baptismo? A afastar os obstácu-
los que nos impedem de viver
como filhos de Deus e irmãos
uns dos outros?
A RESSUREIÇÃO E A VIDA
Perante a morte de um amigo
íntimo, Lázaro, e o sofrimento da
família, Jesus comporta-se como
um verdadeiro homem; capaz de
sofrer, de se emocionar, de cho-
rar. Mas, devolvendo-o à vida,
Jesus manifesta-se como Filho
de Deus, a quem o Pai concede o
que Ele lhe pede.
Jesus aproveitou, realmente,
a Sua estadia entre os homens
para dizer por gestos e palavras,
a grande esperança que vinha
oferecer aos homens. A ressur-
reição de Lázaro é um dos episó-
dios mais sugestivos; desta espe-
rança em plena actividade.
Ser cristão e membro da
Igreja é ter «nascido de novo».
Isto exige conversão contínua:
abandonar o «homem velho», o
«homem carnal» e viver como
«homem novo», conduzido pelo
Espirito Santo.
Esta vida nova deve manifes-
tar-se em sentimentos e atitu-
des novas que sejam verdadeiro
«seguimento de Jesus», na trans-
formação do mundo segundo
o espírito de Cristo: na família,
educação, saúde, cultura, política
e profissão...
É nestas áreas que o Senhor
quer ser «Ressurreição e Vida».
“O mundanismo espiritual,
que se esconde por detrás de
aparências de religiosidade e até
mesmo de amor à Igreja, é bus-
car, em vez da glória do Senhor, a
glória humana e o bem-estar pes-
soal. É aquilo que o Senhor cen-
surava aos fariseus: «Como vos
é possível acreditar, se andais à
procura da glória uns dos outros,
e não procurais a glória que vem
do Deus único?» (Jo 5, 44). É uma
maneira subtil de procurar «os
próprios interesses, não os inte-
resses de Jesus Cristo» (Fl 2, 21).
Reveste-se de muitas formas, de
acordo com o tipo de pessoas e
situações em que penetra. Por
cultivar o cuidado da aparência,
nem sempre suscita pecados de
domínio público, pelo que exter-
namente tudo parece correcto.
Mas, se invadisse a Igreja, «seria
infinitamente mais desastroso
do que qualquer outro munda-
nismo meramente moral»1
(93).
1º Busca da glória huma-
na. Viver ou trabalhar para a
sua própria glória, glória huma-
na, para o triunfalismo estéril, o
elogio fácil, o estar na ribalta do
palco, o procurar aplausos, é en-
trar no caminho do mundanismo
espiritual. Só quem, na humilda-
de do coração pobre, procura só
e sempre a glória de Deus é que
segue os ensinamentos de Cristo
e o caminho do Evangelho. Trata-
-se de buscar no mais profundo
de si mesmo os interesses de Je-
sus e não os próprios interesses,
sejam o comodismo, o dinheiro,
os aplausos, as palmas por ser
vedeta. Os santos eram apre-
ciados e elogiados exactamente
porque buscavam só os interes-
ses de Jesus Cristo. Dá-Lo a co-
nhecer, fazê-Lo mais amado, esti-
mado, louvado, menos ofendido.
Fazer tudo para que Jesus seja
glorificado, com total dedicação,
sem buscar os próprios interes-
ses. Jesus sempre o primeiro na
vida, no trabalho, nas preocupa-
ções; Jesus, o Único a Quem nos
demos e para Quem trabalhamos
e vivemos. Sempre e só a sua gló-
ria, mesmo que nos desprezem.
2º Um mundanismo desas-
troso. Mais que o mundanismo
moral, este tipo de mundanismo
espiritual, que nem sempre dá
nas vistas, escandaliza, fere os
que nos rodeiam, seria para a
Igreja tremendamente desastro-
so. Como um cancro subtil, que
vai dominando a vida, impedin-
do a glória de Deus e o serviço
humilde do próximo. Desastroso
porque os apóstolos se centram
em si mesmos e não buscam a
glória do Senhor, andam embria-
gados à busca do elogio, andam
envenenados pelo prazer fútil da
honra mundana e da ostentação
fácil, do elogio que enche de fu-
maça o “eu interior” vaidoso e
megalómano, como o fumo do
príncipe das trevas. Participan-
tes da vanglória e da cobiça que
não busca a glória de Deus mas
se deixa conduzir e seduzir pe-
los critérios do “príncipe deste
mundo”. E as trevas cegam a inte-
ligência, os olhos da alma.
3º Dominar o espaço da
Igreja (95). Dominar este espaço
com um cuidado exibicionista da
liturgia, da doutrina e do prestí-
gio da Igreja, mas não se preocu-
par com o Evangelho e que este
adquira verdadeira inserção no
povo e nas necessidades concre-
tas da história… A vida da Igre-
ja transforma-se numa peça de
museu ou numa possessão de
poucos… Outro modo do mun-
danismo actuar é o fascínio de
poder mostrar conquistas so-
ciais e políticas… Outras vezes
age numa densa vida social cheia
de viagens, reuniões, jantares,
recepções… Ou então desdobra-
-se num funcionalismo empre-
sarial, carregado de estatísticas,
planificações, avaliações, onde
o principal beneficiário não é o
povo de Deus, mas a Igreja como
organização… Não há o selo de
Cristo encarnado, crucificado e
ressuscitado… Encerrados em
grupos de elite, não saímos à pro-
cura dos que andam perdidos,
nem das multidões sedentas de
Cristo…
Dário pedroso, s.j.
1
Henri De Lubac, Méditation sur
l’Église, Paris, FV, 1968, 321.
(Meditando a Exortação Apostólica do Papa Francisco – n.º 4)
Não ao Mundanismo Espiritual
7. 27 de Março de 2014
7 Geral
Manuel Augusto Rodrigues
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Vaticano II 50 Anos depois (77)
Pub.
1. A canonização do padre José
de Anchieta no próximo dia 2 de
Abril mediante uma “canonização
equivalente” suscitou, como é na-
tural, grande júbilo em especial
nas Ilhas Canárias e no Brasil. Um
pormenor que interessa referir
respeita ao procedimento sim-
plificado das canonizações: a não
exigência de um segundo milagre
como sucedeu com o jesuíta Pedro
Pierre Favre e com Ângela de Foli-
nho e agora com Anchieta. É a cha-
mada “canonizatio equipollens»
(canonização equivalente) segun-
do a qual o bispo de Roma por
simples decreto canoniza alguém
inscrevendo a festa no calendário
litúrgico.
João Paulo II serviu-se de tal
processo com três santos e Ben-
to XVI com Hildegarda de Bingen.
Segue-se, a 27 de Abril, o Papa João
XXIII. Ao todo serão sete as derro-
gações; só Leão XIII fizera mais em
vinte anos de pontificado. Alguns
críticos põem em causa semelhan-
tes canonizações porque, segundo
a doutrina actualmente em vigor
há teólogos defensores do princí-
pio segundo o qual as canoniza-
ções implicam – contrariamente às
beatificações – o magistério infalí-
vel da Igreja.
O padre Kolvenbach, prepósito-
-geral da Companhia de Jesus, es-
creveu em 1997 por ocasião do 4.º
centenário da morte de Anchieta
uma carta a toda a família inacia-
na na qual traça o perfil do grande
missionário do Brasil, oriundo das
Canárias. Começa assim a missiva:
«No próximo dia 9 de Junho, com
uma série de celebrações de ca-
rácter religioso e civil, científico
e popular, a Companhia de Jesus,
juntamente com a nação brasileira
e com a sua terra natal, comemora
o IV centenário da morte do Bea-
to José de Anchieta. Proclamado
“Apóstolo do Brasil” pelo adminis-
trador apostólico do Rio de Janei-
ro durante a celebração das suas
exéquias, foi desde então não só
venerado como santo mas também
reconhecido pelo povo brasileiro
como um dos fundadores da sua
Igreja e da sua própria nacionali-
dade».
Como «arquétipo e símbolo da
empresa evangelizadora naquelas
partes do novo mundo», ficou li-
gado a Mem de Sá e à criação das
cidades de S. Paulo e do Rio de
Janeiro, bem como às origens da
educação e da cultura da nova na-
ção. Kolvenvah referiu-se ao facto
de Anchieta ter plasmado a auto-
consciência do povo que nascia do
dramático encontro dos nativos
com os colonizadores portugue-
ses. Através a sua actuação: como
professor e enfermeiro, catequista
e pregador, guia espiritual e con-
selheiro político; mediante a força
da sua personalidade carismática
entre os indígenas e colonos; pelo
testemunho da sua fé e pela sua
entrega generosa e gratuita ao ser-
viço dos outros.
Kolvenbach refere alguns fac-
tos mais significativos da vida de
Anchieta (foi superior da comuni-
dade jesuítica e provincial) e apon-
ta alguns aspectos da sua obra rica
personalidade: missionária e mís-
tico, poeta, apaixonado da causa
de Deus e dos pobres, sempre per-
to dos homens e da natureza, cul-
to e simples, doente mas sabendo
resistir, fecundo apesar da falta de
recursos, figura que irradiava sim-
patia. Soube denunciar as injusti-
ças dos colonizadores e anunciar
a Boa Nova aos oprimidos, aman-
do de coração os portugueses e os
brasileiros.
Beatificado a 22 de Junho de
1980 por João Paulo II, Anchie-
ta converte-se assim no segundo
santo das Ilhas Canárias, depois de
Hermano Pedro. Será a sexta cano-
nização realizada por Francisco e o
segundo jesuíta proclamado santo
depois do francês Pedro Fabro. An-
chieta nasceu em San Cristóbal de
La Laguna a 19 de Março de 1534 e
faleceu em Reritiba, Brasil, cidade
que passou a chamar-se Anchieta,
a 9 de Junho de 1597. Em 1548,
ano da fundação do Colégio das Ar-
tes, veio para Coimbra onde se fez
jesuíta e frequentou aquela insti-
tuição. A pouco e pouco converteu-
-se num grande apaixonado pela
poesia e pela escrita. Compunha
versos latinos com extrema facili-
dade e era conhecido como o “Ca-
nário de Coimbra”. Em Outubro de
1998, realizou-se na Universidade
de Coimbra um Congresso evocati-
vo da criação do Colégio das Artes
que foi organizado por Sebastião
Tavares de Pinho que também edi-
tou as respecticas actas: “Anchieta
em Coimbra – 450 anos – Colégio
das Artes da Universidade (1548–
1998)”.
Em Coimbra, a pouco e pouco
converteu-se num grande apai-
xonado pela poesia e pela escrita.
Compunha versos latinos com ex-
trema facilidade e ficou conhecido
como o “Canário de Coimbra”.
2. Em Maio de 1553 embarcou,
juntamente com cinco jesuítas,
para o Brasil, colónia em que se de-
bateriam dois magnos problemas:
o dos índios e o dos escravos negros
provindos de África. Aliás a defesa
dos direitos humanos ainda hoje
constitui uma questão grave em
muitas partes do mundo, havendo a
salientar que há vários tipos de es-
cravatura. Outro grande missioná-
rio, Francisco Xavier, seguiu para o
Oriente onde exerceu o apostolado
entre 1542 e 1552, ao passo que o
labor evangelizador de Anchieta se
prolongou por 44 anos.
Anchieta de Salvador da Baía
de Todos os Santos seguiu para
S. Vicente vindo a encontrar-se
com o padre Manuel de Nóbrega
em Piratininga. Estudou o idioma
tupi, falado pelos índios do mesmo
nome, escrevendo versos e obras
de teatro, e começou a evidenciar-
-se como dramaturgo vindo a ser
o estandardizador dessa língua.
Apoiou a construção de novos
edifícios religiosos, apesar a sua
doença.
Muito contribuiu para apazi-
guar os ânimos nos conflitos que
surgiam com frequência. Anchieta
convidava à reflexão e moderava
as questões entre os portugueses
e as tribos amazónicas. Manuel de
Nóbrega conseguiu obter um tra-
tado que juntasse os povos amazó-
nicos com os europeus.
Foi ordenado sacerdote no Rio
de Janeiro, em 1566, por D. Pedro
Leitão que conhecia desde os anos
de Coimbra. Durante sua prelazia,
D. Pedro teve grande e bom con-
tacto com os índios que defendeu
contra os abusos dos brancos e
dando maior apoio aos aldeamen-
tos instaurados pelos jesuítas.
Com 49 anos, Anchieta gran-
jeara grande fama em todo o Brasil
e no mundo. A partir de 1588 era
já considerado apóstolo do Brasil
e grande escritor. Entre as várias
evocações de Anchieta, lembra-
mos que em 1960, em S. Cristóvão
de La Laguna, foi colocada uma
estátua em sua honra, realizada
pelo artista ítalo-brasileiro Bruno
Giorgi, que imaginou uma espécie
de trampolim pelo qual Anchieta
caminha, seguro, rumo ao seu des-
tino eclesiástico como jesuíta em
Portugal.
Além da “Arte de gramatica da
língua mais usada na costa do Bra-
sil”, escreveu sobre Mem de Sá e di-
versos livros catequéticos, cartas,
informações, sermões, poesias, o
célebre poema “De Beata Virgine
Dei Maria”, o primeiro de índole
literária escrito no Brasil. Na sua
obra em latim destacam-se 12.000
versos latinos.
3. O Papa Francisco passou a
ser aquele que canonizou maior
número de pessoas: mais de 800
apenas num ano de pontificado. A
ideia corrente é a de que foi João
Paulo II com 483! Aquele eleva-
do número deveu-se ao facto de
Bergoglio, de uma só vez, ter pro-
clamada santos António Primaldo
e seus companheiros que foram
martirizados em 1480 pelos Tur-
cos em Otrante, uma aldeia do sul
de Itália, por haverem recusado
converter-se ao islão. Francisco no
seu discurso evitou por em causa
o islão e apelou aos cristãos perse-
guidos a ter «a coragem da fideli-
dade» e a «responder ao mal com
o bem». Afirmou: «A fé faz-nos ver
para além dos limites do nosso
olhar humano», «mesmo no meio
de obstáculos e incompreensões».
O Papa evocou «os numerosos
cristãos que sofrem ainda violên-
cias». O Papa argentino manifestou
desde o início do seu pontificado
uma atenção particular para com
os mártires contemporâneos. A 15
de Abril de 2013 referiu que a Igre-
ja actual conta mais mártires do
que nos primeiros séculos do cris-
tianismo. Em Outubro serão feitos
beatos 522 espanhóis da guerra ci-
vil de Espanha (1936-1939), facto
que é tantas vezes profundamente
distorcido.
O Papa tem tido em atenção os
povos indígenas e diversos proble-
mas existentes como a escravatu-
ra. O Concílio II em vários docu-
mentos fala da liberdade religiosa.
Há dias, teve lugar a apresentação
no Vaticano do “Global Freedom
Network”, um acordo entre os re-
presentantes das grandes religiões
mundiais para erradicar las mo-
dernas formas de escravatura e o
tráfico de pessoas, em colaboração
com a Walk Free Foundation. In-
tervieram o chanceler da Pontifícia
Academia das Ciências e das Ciên-
cias Sociais, representando o Papa,
M. Azab, representando o Grande
Imã de Al-Azhar (Egipto), D. J. Mo-
xon, representando o arcebispo de
Cantuária, e A. Forrest, fundador
da Walk Free Foundation.
O objectivo deste acordo é «er-
radicar a escravatura moderna e o
tráfico de seres humanos em todo
o mundo antes de 2020». Con-
vidam todas as Igrejas cristãs e
confissões religiosas do mundo a
intervir. A Igreja Católica desde o
século XV pronunciou sua posição
condenando a escravatura de que
são exemplos os papas Eugénio
IV que em 1435, através da bula
“Sicut Dudum”, mandou restituir
à liberdade os escravos das Ilhas
Canárias. Em 1462, o Papa Pio II
(1458-1464) deu instruções aos
bispos contra o tráfico negreiro
que se iniciava, proveniente da
Etiópia; o Papa Leão X (1513-
1521) despachou documentos no
mesmo sentido para os reinos de
Portugal e da Espanha.
Nos séculos seguintes, outros
papas pronunciaram-se no mesmo
sentido até chegarmos a Gregório
XVI pela bula “In Supremo Aposto-
latus” e Leão XIII pela encíclica “In
Plurimis”, dirigida aos bispos do
Brasil, pediu-lhes apoio ao Impe-
rador (Dom Pedro II) e a sua filha
(Princesa Isabel), na luta que esta-
vam a travar pela abolição definiti-
va da escravidão.
A canonização da segunda me-
xicana, Maria Guadalupe Garcia
Zavala e da primeira colombiana,
Laura Montoya, e brevemente de
Anchieta traduzem o empenha-
mento da Igreja em se respeitar a
cultura dos povos indígenas e sua
liberdade. O “Ad gentes” e a “Gau-
dium et spes” abundam em consi-
derações sobre este tema.
A canonização de José de Anchieta, o “Canário de Coimbra”, grande
humanista e missionário em Terras da Vera Cruz
8. 27 de Março de 2014
8
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Última página
Em linha com… o Vaticano
Papa pede alegria no encontro com Jesus
O Papa Francisco pediu aos cristãos para, neste tempo de Qua-
resma, não terem medo de ir ao encontro de Jesus. Na oração do
Angelus, de domingo passado, o Papa falou do exemplo da Boa
Samaritana. “Somos chamados a redescobrir a importância e o
sentido da nossa vida cristã, iniciada no baptismo, e, tal como a
Samaritana, a testemunhar aos nossos irmãos a alegria do encon-
tro com Jesus. Recordemos estas duas frases: cada encontro com
Jesus muda a vida; cada encontro com Jesus enche de alegria”,
afirmou na Praça de São Pedro. O Papa Francisco falava para mi-
lhares peregrinos, no Vaticano, onde lembrou ainda do Dia Mun-
dial de Luta contra a Tuberculose que se assinalou na passada
segunda-feira. Pediu, por isso, oração pelos que sofrem da doença
e pelos que apoiam os doentes.
Revista “Fortune” elege Papa como líder mundial do ano
A revista “Fortune” nomeou o
Papa Francisco o líder mundial
do ano, na listagem anual. A lis-
ta, que inclui políticos, empre-
sários e figuras sociais, para
além de outros líderes religio-
sos como o Dalai Lama, enu-
mera 50 personagens, com o
Papa em primeiro lugar, segui-
do da chanceler alemã, Angela
Merkel. No “site” da “Fortune”
lê-se que “Francisco pediu re-
centemente para se parar com o tratamento de estrela de rock.
Ele sabe que até agora as suas acções, embora revolucionárias,
apenas se reflectem um novo tom e intenções. O trabalho mais
duro está para vir, mas há muitos sinais de um ‘efeito Francis-
co’: numa sondagem realizada em Março, nos EUA, um em cada
quatro católicos disseram que tinham aumentado as suas dádivas
aos pobres este ano. Desses, 77% disseram que era em parte de-
vido ao Papa”. Segundo a “Fortune”, a lista não distingue apenas
os líderes mais influentes, mas sim aqueles que estão a tornar o
mundo melhor: “Numa era esfomeada de liderança, encontrámos
homens e mulheres que o vão inspirar - alguns famosos, outros
pouco conhecidos, todos a entusiasmar os seus seguidores e a
contribuir para um mundo melhor”.
Papa nomeia vítima de abusos para grupo de combate à pedofilia
O Papa Francisco nomeou, no passado dia 22 de Março, uma víti-
ma de abuso sexual por um membro da Igreja para fazer parte do
grupo encarregado de atacar o problema da pedofilia. Foram no-
meados os primeiros oito elementos do grupo de peritos anuncia-
do em Dezembro. São quatro homens e quatro mulheres de oito
países diferentes. Entre eles está Marie Collins, vítima de abuso
na Irlanda nos anos 60 e que batalhou contra a pedofilia ao longo
dos últimos tempos. Francisco considera que uma das maiores
prioridades da Igreja Católica é a protecção dos menores. “Olhan-
do para o futuro sem esquecer o passado, a comissão tomará em
mãos a promoção da protecção dos mais jovens”, escreve o porta-
-voz do Vaticano, Frederico Lombardi, em comunicado.
No dia em que se assinalou
a memória das vítimas da Máfia
(21 de Março), o Papa Francisco
pediu, de joelhos, a conversão
dos criminosos ligados à Máfia.
No final do encontro que reu-
niu cerca de 15 mil pessoas, mui-
tas das quais, vítimas do crime
organizado, o Papa mandou uma
mensagem aos grandes ausen-
tes: os próprios mafiosos.
“Não posso terminar sem di-
rigir uma palavra aos grandes
ausentes hoje, aos homens e mu-
lheres mafiosos. Por favor, mu-
dem de vida! Convertam-se! Pa-
rem de fazer o mal! Convertam-
-se! Peço-vos de joelhos! É para o
vosso bem!”
O poder, o dinheiro que agora
têm, proveniente de tantos negó-
cios sujos e crimes, são dinheiro
e poder ensanguentados e não os
poderão levar para a outra vida.
Convertam-se! Ainda vão a tem-
Papa pede conversão dos mafiosos
po, para não acabarem no infer-
no”, suplicou o Papa Francisco.
Tratou-se de um encontro mui-
to emotivo, com a leitura em voz
alta dos nomes e apelidos das víti-
mas feita por alguns dos familiares,
neste dia da memória das vítimas
da máfia. Um dos familiares, em
nome dos presentes, pediu ao Papa
para olhar nos olhos de cada um e
ver a dor de terem perdido um pai,
ou um filho, um marido, mulher,
irmã ou irmão, todos eles vítimas
inocentes mortos pela Máfia.
Muitas das vítimas são magis-
trados, agentes de polícia, deze-
nas de sacerdotes, jornalistas ou
simplesmente cidadãos que ti-
veram a coragem de não alinhar
com o crime organizado.
O arcebispo filipino D. John
Forrosuelo Du concluiu, na passa-
da segunda-feira, uma visita a Por-
tugal, a convite da Fundação Ajuda
à Igreja que Sofre (AIS), para agra-
decer a ajuda portuguesa na re-
construção do país, atingido pelo
tufão Haiyan em Novembro.
Em declarações à Agência Ec-
clesia, o prelado, da Arquidiocese
de Palo, fala num dia “assustador,
mesmo aterrorizante”, marcado
pela morte e pela destruição.
A 8 de Novembro de 2013, o
Haiyan deixou um rasto de cerca
de oito mil mortos ou desapare-
cidos quando devastou a região
central do arquipélago das Filipi-
nas, destruindo mais de um mi-
lhão de casas.
O tufão, considerado como
um dos mais fortes em terra e o
segundo desastre natural mais
mortífero da história recente das
Filipinas, causou prejuízos na or-
dem dos 12,9 mil milhões de dó-
lares (9,4 mil milhões de euros).
Muitos continuam a residir
em abrigos temporários, após
semanas de total isolamento
por causa dos danos provocados
pelo tufão, mas após uma primei-
ra reação de tristeza, as pessoas
começaram a responder, graças à
sua fé. “
“Na sua maioria são pessoas
pobres. Têm esta fé, esta confian-
ça no Senhor e por causa dessa
confiança, porque acreditam
que o Senhor vai estar com eles,
avançam, seguem em frente. No
entanto, é uma situação de ver-
dadeira miséria”, observa D. John
Forrosuelo Du.
A Arquidiocese de Palo está
situada numa das zonas mais
afetadas: as casas, igrejas e a pró-
pria residência episcopal foram
atingidas pelo vento, numa área
de dezenas de quilómetros.
“Tenho 70 igrejas e cerca de
90 por cento ficou severamente
danificada. Esta é a situação ago-
ra e estamos a tentar reconstruir
as igrejas”, revela o arcebispo lo-
cal.
As dioceses vizinhas têm pro-
curado ajudar, mas só o auxílio
de organizações internacionais
pode levar à reconstrução.
O prelado filipino passou pela
igreja da Encarnação, no Chiado,
e pelo Colégio das Irmãs Vicen-
tinas, no Campo Grande, em Lis-
boa, bem como pelo Santuário de
Fátima.
Este último local foi particu-
larmente significativo, dado que
três dias após a tragédia, os cató-
licos de Palo receberam a visita
da imagem peregrina de Nossa
Senhora de Fátima.
“Não tinha comida, estava
sem água. Um grupo de jovens
veio e chegou à minha à casa, a
pé – não podiam usar o carro,
porque a estrada estava cheia de
destroços – e traziam-me a ima-
gem peregrina de Fátima”, recor-
da o arcebispo.
Arcebispo filipino veio a Portugal falar
dos desafios reconstrução do seu país
O Vaticano espera mais de
cinco milhões de peregrinos para
as canonizações de João Paulo II
e João XXIII a 27 de Abril, primei-
ro domingo após a Páscoa.
O anúncio da data da cerimó-
nia de canonização de João Paulo
II e João XXIII foi anunciada pelo
Papa Francisco a 30 de Setembro
do último ano, após consistório
ordinário público.
O dia escolhido coincide com
o segundo domingo do tempo
pascal, da Divina Misericórdia,
celebração instituída por João
Paulo II e na véspera da qual o
Papa polaco faleceu, em 2005.
O actual Papa aprovou a ca-
nonização de João XXIII, falecido
há 50 anos, após ter recebido o
parecer favorável da Congrega-
ção para as Causas dos Santos,
dispensando o reconhecimento
de um novo milagre.
João Paulo II foi proclamado
beato por Bento XVI a 1 de Maio
de 2011, na Praça de São Pedro.
A penúltima etapa para a de-
claração da santidade, na Igreja
Católica, concluiu uma primeira
fase de trabalhos, iniciada em
maio de 2005, incluindo o pro-
cesso relativo à cura da freira
francesa Marie Simon-Pierre, que
o Vaticano considerou um mila-
gre, depois do repentino desapa-
recimento da doença de Parkin-
son na religiosa.
Karol Jozef Wojtyla, eleito
Papa a 16 de Outubro de 1978,
nasceu em Wadowice (Polónia),
a 18 de Maio de 1920, e mor-
reu no Vaticano, a 2 de Abril de
2005.
A Igreja Católica celebra a
memória litúrgica de João Paulo
II a 22 de Outubro, data que as-
sinala o dia de início de pontifi-
cado de Karol Wojtyla, em 1978,
pouco depois de ter sido eleito
Papa.
Vaticano espera milhões de peregrinos
para a canonização do Papa João Paulo II