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TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
A(s) questão(ões) a seguir abordam um poema de Raul de Leoni (1895-1926).
A alma das cousas somos nós...
Dentro do eterno giro universal
Das cousas, tudo vai e volta à alma da gente,
Mas, se nesse vaivém tudo parece igual
Nada mais, na verdade,
Nunca mais se repete exatamente...
Sim, as cousas são sempre as mesmas na corrente
Que no-las leva e traz, num círculo fatal;
O que varia é o espírito que as sente
Que é imperceptivelmente desigual,
Que sempre as vive diferentemente,
E, assim, a vida é sempre inédita, afinal...
Estado de alma em fuga pelas horas,
Tons esquivos e trêmulos, nuanças
Suscetíveis, sutis, que fogem no Íris
Da sensibilidade furta-cor...
E a nossa alma é a expressão fugitiva das cousas
E a vida somos nós, que sempre somos outros!...
Homem inquieto e vão que não repousas!
Para e escuta:
Se as cousas têm espírito, nós somos
Esse espírito efêmero das cousas,
Volúvel e diverso,
Variando, instante a instante, intimamente,
E eternamente,
Dentro da indiferença do Universo!...
(Luz mediterrânea, 1965.)
1. (Unesp 2014) Indique o verso em que ocorre um adjetivo antes e outro depois de um
substantivo:
a) O que varia é o espírito que as sente
b) Mas, se nesse vaivém tudo parece igual
c) Tons esquivos e trêmulos, nuanças
d) Homem inquieto e vão que não repousas!
e) Dentro do eterno giro universal
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
O texto a seguir foi extraído de uma crônica de Affonso Romano de Sant’Anna, cronista e poeta
mineiro. Professor universitário e jornalista, escreveu para os maiores jornais do País. “Com
uma produção diversificada e consistente, pensa o Brasil e a cultura do seu tempo, e se
destaca como teórico, como poeta, como cronista, como professor, como administrador cultural
e como jornalista.”
Porta de colégio
Passando pela porta de um colégio, me veio a sensação nítida de que aquilo era a
porta da própria vida. Banal, direis. Mas a sensação era tocante. Por isso, parei, como se
precisasse ver melhor o que via e previa.
Primeiro há uma diferença de 1clima entre 6aquele bando de adolescentes
espalhados pela calçada, sentados sobre carros, em torno de carrocinhas de doces e
refrigerantes, e aqueles que transitam pela rua. Não é só o uniforme. Não é só a idade. É
toda uma 2atmosfera, como se estivessem ainda dentro de uma 8redoma ou aquário, numa
bolha, resguardados do mundo. Talvez não estejam. Vários já sofreram a pancada da
separação dos pais. 7Aprenderam que a vida é também um exercício de separação. 9Um ou
outro já transou droga, e com isso deve ter se sentido (equivocadamente) muito adulto. Mas
há uma sensação de pureza angelical misturada com palpitação sexual, que se exibe nos
gestos sedutores dos adolescentes.
Onde estarão 4esses meninos e meninas dentro de dez ou vinte anos?
5Aquele ali, moreno, de cabelos longos corridos, que parece gostar de esporte, vai
se interessar pela informática ou economia; 5aquela de cabelos louros e crespos vai ser
dona de boutique; 5aquela morena de cabelos lisos quer ser médica; a gorduchinha vai
acabar casando com um gerente de multinacional; 5aquela esguia, meio bailarina, achará um
diplomata. Algumas estudarão Letras, se casarão, largarão tudo e passarão parte do dia
levando filhos à praia e à praça e pegando-os de novo à tardinha no colégio. [...]
Estou olhando aquele bando de adolescentes com evidente ternura. Pudesse
passava a mão nos seus cabelos e contava-lhes as últimas histórias da carochinha antes
que o 3lobo feroz as assaltasse na esquina. Pudesse lhes diria daqui: aproveitem enquanto
estão no aquário e na redoma, enquanto estão na porta da vida e do colégio. O destino
também passa por aí. E a gente pode às vezes modificá-lo.
SANT’ANNA, Affonso Romano de. Affonso Romano de Sant’Anna: seleção e prefácio de
Letícia Malard. Coleção Melhores Crônicas. p. 64-66.
2. (Uece 2014) Atente para o que se diz a respeito da preposição de que entra na composição
do título da crônica: “Porta de colégio”.
I. A preposição de, sozinha, sem contração, como é usada nesse título, generaliza o
substantivo, no caso do texto, colégio.
II. A contração da preposição de com o pronome demonstrativo aquele, que resultaria em
daquele, manteria inalterado o sentido do título.
III. A introdução, no título do texto, do artigo definido o, que resultaria em do, alteraria o sentido
do título.
Está correto o que se diz apenas em
a) I.
b) I e III.
c) II e III.
d) II.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Em texto publicado no fim de maio, no The New York Times, 4Gary Gutting, professor
de filosofia da Universidade de Notre-Dame, argumenta que os cursos superiores deveriam
deixar de centrar-se na transmissão de conhecimento 3por si e engajar os estudantes em
5“exercícios intelectuais”. O autor cita o exemplo 6de seu próprio curso, no qual explora com os
estudantes obras de Platão, Calvino e Nabokov. 9O 8objetivo é 7simplesmente colocar os
pupilos em contato com grandes textos. 10O que se ganha não é verniz cultural, mas o prazer
de explorar caminhos intelectuais e estéticos, de ampliar a visão do mundo e da natureza
humana.
Para o filósofo, 1a educação universitária pode ser o espaço do explorador. O ensino,
para ele, não deveria ser avaliado pela quantidade de informações transmitidas e assimiladas,
mas pela possibilidade de estimular uma atitude de abertura a novos conhecimentos e pela
capacidade de assimilar novas ideias provocadas nos estudantes. O conhecimento que vem do
uso e da prática é o produto final de uma semente plantada na escola.
Naturalmente, as sociedades necessitam de profissionais tecnicamente qualificados,
capazes de preencher as vagas nas empresas e desempenhar suas tarefas. Profissões, como
a medicina, a administração, a engenharia e a advocacia, exigem o domínio de grandes corpos
de conhecimento. Entretanto o simples domínio desse saber não torna o detentor capaz de
exercer uma profissão. Empresas e outras organizações exigem cada vez mais de seus
funcionários a capacidade de entender o mundo ao redor, de pensar criativamente, de criar e
de agir com autonomia.
2É a nossa base cultural, a permear a literatura, a música, o cinema e o teatro, que
contém os elementos para desenvolver essas capacidades. São nossas viagens intelectuais
pelo mundo das artes a nos permitir escapar das convenções, olhar além dos lugares-comuns,
fazer conexões, pensar fora do convencional e buscar novas ideias. Quem não tem a
oportunidade de mergulhar no amálgama cultural tem menores chances de desenvolver tais
capacidades.
WOOD JR., Thomaz. A educação pela arte. Carta Capital. São Paulo: Confiança, n. 756, p. 48,
10 jul. 2013. Adaptado.
3. (Uneb 2014) Sobre o texto, está correto o que se afirma em
a) A expressão “por si” (ref. 3) tem como referente “Gary Gutting” (ref. 4).
b) O termo “em ‘exercícios intelectuais’ ” (ref. 5) constitui um modificador verbal que expressa
meio.
c) O vocábulo “próprio”, em “de seu próprio curso” (ref. 6), indica reforço.
d) A palavra “simplesmente” (ref. 7) mantém relação sintática com o substantivo “objetivo” (ref.
8), qualificando-o.
e) Os termos “O”, em “O objetivo” (ref. 9), e “O”, em “O que se ganha” (ref. 10), equivalem-se
morfologicamente.
4. (Enem 2013)
Nessa charge, o recurso morfossintático que colabora para o efeito de humor está indicado
pelo(a)
a) emprego de uma oração adversativa, que orienta a quebra da expectativa ao final.
b) uso de conjunção aditiva, que cria uma relação de causa e efeito entre as ações.
c) retomada do substantivo “mãe”, que desfaz a ambiguidade dos sentidos a ele atribuídos
d) utilização da forma pronominal “la”, que reflete um tratamento formal do filho em relação à
“mãe”.
e) repetição da forma verbal “é”, que reforça a relação de adição existente entre as orações.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Ricos e ricos
Os ricos, como ensinou Scott Fitzgerald, são seres humanos diferentes de você e,
provavelmente, de todas as pessoas que você conhece mais de perto – eis aí, dizia ele, a
primeira coisa realmente importante, talvez a única que é preciso aprender com eles. Não
pense, nem por um instante, que você possa estar na mesma turma. É possível, sim, conviver
com gente rica, falar de assuntos comuns, frequentar lugares parecidos. Dá para torcer pelo
mesmo time de futebol, ter gostos semelhantes ou partilhar desta e daquela ideia. Mas
inevitavelmente, mais cedo ou mais tarde, vai ficar claro que a aproximação chega só até um
certo ponto; a partir daí entra em ação um freio automático, e os ricos deslizam de volta para o
seu mundo psicológico particular. Fitzgerald sabia do que estava falando. Andou cercado de
gente rica durante a maior parte de sua vida tumultuada e curta, sobretudo depois que
espetaculares sucessos como O Grande Gatsby ou Suave é a Noite o transformaram num
fenômeno na literatura americana e mundial.
Adaptado de: J.R. Guzzo, Revista Veja, edição 2254, 01/02/2012, pag. 106.
5. (Uepg 2013) Assinale o que for correto quanto à classificação das palavras em destaque
nos excertos do texto.
01) ...a partir daí entra em ação um freio automático, e os ricos deslizam de volta para o seu
mundo psicológico particular. (adjetivo).
02) É possível... falar de assuntos comuns... (adjetivo).
04) ...os ricos deslizam de volta para seu mundo psicológico particular. (adjetivo).
08) ...os ricos deslizam de volta para seu mundo psicológico particular. (substantivo).
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
“Carta a uma jovem que, estando em uma roda em que dava aos presentes o tratamento de
‘você’, se dirigiu ao autor chamando-o ‘o senhor’”.
6. (Espcex (Aman) 2013) A análise morfossintática das palavras grifadas, na sequência em
que aparecem, está correta na alternativa:
a) conjunção integrante, adjunto adverbial, partícula apassivadora, pronome pessoal oblíquo
b) sujeito, pronome relativo, pronome pessoal, artigo definido
c) pronome relativo, conjunção integrante, objeto direto, pronome substantivo
d) pronome relativo, adjunto adverbial, pronome oblíquo, objeto direto
e) objeto direto, pronome locativo, sujeito, artigo definido
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
A questão toma por base um poema de Luís Delfino (1834-1910) e a reprodução de um
mosaico da Catedral de Monreale.
Jesus Pantocrátor1
Há na Itália, em Palermo, ou pouco ao pé, na igreja
De Monreale, feita em mosaico, a divina
Figura de Jesus Pantocrátor: domina
Aquela face austera, aquele olhar troveja.
Não: aquela cabeça é de um Deus, não se inclina.
À árida pupila a doce, a benfazeja
Lágrima falta, e o peito enorme não arqueja
À dor. Fê-lo tremendo a ficção bizantina2.
Este criou o inferno, e o espetáculo hediondo
Que há nos frescos3 de Santo Stefano Rotondo4;
Este do mundo antigo espedaçado assoma...
Este não redimiu; não foi à Cruz: olhai-o:
Tem o anátema5 à boca, às duas mãos o raio,
E em vez do espinho à fronte as três coroas de Roma.
(Luís Delfino. Rosas negras, 1938.)
(1) Pantocrátor: que tudo rege, que governa tudo.
(2) Bizantina: referente ao Império Romano do Oriente (330-1453 d.C.) e às manifestações
culturais desse império.
(3) Fresco: o mesmo que afresco, pintura mural que resulta da aplicação de cores diluídas em
água sobre um revestimento ainda fresco de argamassa, para facilitar a absorção da tinta.
(4) Santo Stefano Rotondo: igreja erigida por volta de 460 d.C., em Roma, em homenagem a
Santo Estêvão (Stefano, em italiano), mártir do cristianismo.
(5) Anátema: reprovação enérgica, sentença de maldição que expulsa da Igreja, excomunhão.
7. (Unesp 2013) A leitura do soneto revela que o poeta seguiu o preceito parnasiano de só
fazer rimar em seus versos palavras pertencentes a classes gramaticais diferentes, como se
observa, por exemplo, nas palavras que encerram os quatro versos da primeira quadra, que
rimam conforme o esquema ABBA. Consideradas em sua sequência do primeiro ao quarto
verso, tais palavras surgem, respectivamente, como
a) adjetivo, verbo, substantivo, adjetivo.
b) substantivo, adjetivo, verbo, verbo.
c) substantivo, adjetivo, substantivo, advérbio.
d) verbo, adjetivo, verbo, adjetivo.
e) substantivo, substantivo, verbo, verbo.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Buscando a excelência
Lya Luft
Estamos carentes de excelência. A mediocridade reina, assustadora, implacável e
persistentemente. Autoridades, altos cargos, líderes, em boa parte desinformados,
desinteressados, incultos, lamentáveis. Alunos que saem do ensino médio semianalfabetos e
assim entram nas universidades, que aos poucos – refiro-me às públicas – vão se tornando
reduto de pobreza intelectual.
As infelizes cotas, contras as quais tenho escrito e às quais me oponho desde sempre, servem
magnificamente para alcançarmos este objetivo: a mediocrização também do ensino superior.
Alunos que não conseguem raciocinar porque não lhes foi ensinado, numa educação de
brincadeirinha. E, porque não sabem ler nem escrever direito e com naturalidade, não
conseguem expor em letra ou fala seu pensamento truncado e pobre. [...] E as cotas roubam a
dignidade daqueles que deveriam ter acesso ao ensino superior por mérito [...] Meu conceito
serve para cotas raciais também: não é pela raça ou cor, sobretudo autodeclarada, que um
jovem deve conseguir diploma superior, mas por seu esforço e capacidade. [...]
Em suma, parece que trabalhamos para facilitar as coisas aos jovens, em lugar de educá-los
com e para o trabalho, zelo, esforço, busca de mérito, uso da própria capacidade e talento, já
entre as crianças. O ensino nas últimas décadas aprimorou-se em fazer os pequenos aprender
brincando. Isso pode ser bom para os bem pequenos, mas já na escola elementar, em seus
primeiros anos, é bom alertar, com afeto e alegria, para o fato de que a vida não é só
brincadeira, que lazer e divertimento são necessários até à saúde, mas que a escola é também
preparação para uma vida profissional futura, na qual haverá disciplina e limites – que aliás
deveriam existir em casa, ainda que amorosos.
Muitos dirão que não estou sendo simpática. Não escrevo para ser agradável, mas para
partilhar com meus leitores preocupações sobre este país com suas maravilhas e suas
mazelas, num momento fundamental em que, em meio a greves, justas ou desatinadas, [...] se
delineia com grande inteligência e precisão a possibilidade de serem punidos aqueles que não
apenas prejudicaram monetariamente o país, mas corroeram sua moral, e a dignidade de
milhões de brasileiros. Está sendo um momento de excelência que nos devolve ânimo e
esperança.
(Fonte: Revista Veja, de 26.09.2012. Adaptado).
8. (G1 - ifsp 2013) Sabe-se que o adjetivo é uma palavra que modifica o substantivo e que sua
posição mais comum no português é a de suceder esse substantivo. Assinale o efeito de
sentido que a autora consegue com o emprego do adjetivo antecedendo o substantivo em “as
infelizes cotas” (2º parágrafo).
a) produz uma sonoridade mais adequada ao trecho.
b) provoca o estranhamento do leitor, pois algumas cotas são felizes.
c) antecipa que nem todas as cotas são infelizes, como se poderia esperar.
d) oferece pistas ao leitor de seu posicionamento crítico sobre o assunto das cotas.
e) exemplifica a situação da educação do país, empregando inadequadamente o termo.
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 3 QUESTÕES:
Sotaques no papel
Feitos sem pretensão científica, “dicionários” informais exploram as falas típicas de estados
brasileiros
Em suas viagens para casa, de Brasília ao Piauí, o jornalista Paulo José Cunha, de 57 anos,
gosta de puxar uma cadeira e ouvir as histórias de dona Yara, sua mãe. Desses momentos
familiares, o professor da Universidade Federal de Brasília (UnB) coletou grande parte dos
verbetes e expressões tipicamente piauienses que deram origem à 4Grande Enciclopédia
Internacional de Piauiês.
O cirurgião vascular paraibano Antonio Soares da Fonseca Jr., de 61 anos, autor do Dicionário
do Português Nordestino, conta que primeiro escolhia aleatoriamente algum destino entre Rio
Grande do Norte e Sergipe. Depois de pegar um avião de São Paulo, sentava na primeira
mesa de 5boteco da região e chamava o primeiro que passava para dividir uma cerveja. Aí era
ligar o gravador e registrar o 6papo carregado de expressões, como 3o substantivo “lapada”
(pancada), o verbo “cascavilhar” (procurar minuciosamente), a profissão “capagato” (técnico
agrícola) e a aprendiz de interjeição “pronto” (“quando olhei, pronto!, tudo havia acabado”).
É nesse ambiente informal de pesquisa empírica que a maioria dos dicionários regionais é
concebida. Sem o peso da responsabilidade de seguir as metodologias exigidas pela
academia, esses trabalhos são marcados pela despretensão e pelo bom humor.
[...]
De tão encantado com o falar do catarinense, o comerciante, taxista e escritor Isaque de Borba
Corrêa, de 47 anos, é um autodidata em linguística. Nada parecido com o Isaque que em 1981
lançou o Dicionário do Papa-Siri, com expressões típicas da região de Camboriú e do Vale do
Itajaí. Ele conta que tinha vergonha de dizer que estava montando um livro naqueles moldes.
Hoje, termos como 1“dialetologia” (estudo dos traços linguísticos dos dialetos) e 2“idiotismos”
16(traços que mais caracterizam uma língua em relação a outras que lhe são cognatas) são
rotina na vida do autor que, em 2000, lançou uma obra “mais evoluída”, segundo sua
avaliação: o Dicionário Catarinense.
[...]
O trabalho desenvolvido pelos apaixonados por regionalismos é visto com ressalvas pelos
lexicógrafos 8profissionais. Mesmo o termo “dicionário” para identificar as obras é contestado,
por exemplo, pelo lexicógrafo 14Francisco da Silva Borba, organizador do Dicionário Unesp do
Português Contemporâneo, que reúne cerca de 60 mil verbetes.
– Esses trabalhos são, na verdade, vocabulários. É o recolhimento de palavras de determinada
região – explica.
[...]
– 17Eles podem, assim, induzir a erro e oficializar versões equivocadas – analisa o lexicógrafo
15Francisco Filipak, autor do Dicionário Sociolinguístico do Paraná [...].
Diferentemente dos demais vocabulários regionais, o de Filipak é concebido como um
dicionário, 9de fato. Após 1330 anos de pesquisa, catalogação e seleção, 18ele reuniu os 6 mil
verbetes que compõem o estudo de 400 páginas. Seguindo 10à risca a metodologia dos
11grandes dicionários do país, Filipak incluiu todas as designações de cada verbete, citando
suas variações vocabulares típicas só daquela região. Hoje, com 83 anos, 19diz desconhecer
outro dicionário regional que tenha se guiado pelo mesmo 12rigor metodológico.
[...]
Mesmo sendo de autores 7diletantes, os dicionários regionais são valorizados pelos
pesquisadores que formulam obras consagradas. Todos constam das prateleiras das equipes
que atualizam os maiores dicionários da língua.
BONINO, Rachel. Sotaques no papel. Língua Portuguesa, ano II, n. 27, p. 18-21. [Adaptado]
9. (Ufsc 2013) Com base no texto, assinale a(s) proposição(ões) CORRETA(S).
01) O valor dos dicionários regionais advém do seu caráter empírico, isto é, da relativa falta de
rigor metodológico com que são elaborados.
02) O trabalho dos dicionaristas diletantes, apesar de ser largamente empírico e não seguir
métodos científicos rígidos, é de algum interesse para os lexicógrafos profissionais.
04) O relato sobre Isaque de Borba Corrêa confirma o fato de que os dicionaristas regionais
desenvolvem seu trabalho de forma empírica, sem buscar conhecimentos científicos que o
embasem.
08) Em seu trabalho de dicionarista, Antonio Soares da Fonseca Jr. obedece a certo rigor
científico, porque escolhe o lugar onde fará a pesquisa, o informante e o tópico da
conversação.
16) Devido aos cuidados metodológicos empregados em sua composição, o Dicionário
Sociolinguístico do Paraná não pode ser considerado mera obra empírica de pesquisador
diletante.
10. (Ufsc 2013) Assinale a(s) proposição(ões) CORRETA(S) com relação aos fatos de
linguagem do texto.
01) O uso das aspas em “dicionários” (subtítulo), “dialetologia” (ref. 1) e “idiotismos” (ref. 2)
serve para indicar ironia, discordância da autora em relação ao valor que outros atribuem
aos termos.
02) A classificação elaborada por Antonio Soares da Fonseca Jr. (ref. 3), além de informal, é
equivocada, porque o termo “lapada” seria mais bem enquadrado como verbo do que como
substantivo e porque não existe uma classe dos “aprendizes de interjeição”.
04) O título Grande Enciclopédia Internacional de Piauiês (ref. 4), dado ao dicionário elaborado
por Paulo José Cunha, revela ao leitor a grande abrangência e seriedade do trabalho dos
lexicógrafos amadores.
08) O emprego dos termos informais “boteco” (ref. 5) e “papo” (ref. 6), que destoa um pouco do
restante do texto, marcado pelo uso da variedade culta escrita, pode ser explicado em parte
como reflexo do próprio assunto tratado, a informalidade com que Antonio Soares da
Fonseca Jr. colhe dados para seu dicionário.
16) O adjetivo “diletantes” (ref. 7) funciona no texto como sinônimo de “profissionais” (ref. 8),
uma vez que o texto aproxima o trabalho dos autores diletantes, “apaixonados por
regionalismos”, ao dos lexicógrafos profissionais.
32) As expressões “de fato” (ref. 9), “à risca” (ref. 10), “grandes dicionários do país” (ref. 11) e
“rigor metodológico” (ref. 12), assim como a informação de que o dicionário de Filipak
consumiu “30 anos de pesquisa, catalogação e seleção” (ref. 13), servem ao mesmo fim
argumentativo, que é dar ao leitor uma impressão de solidez científica dessa obra.
11. (Ufsc 2013) Com base no texto, assinale a(s) proposição(ões) CORRETA(S).
01) Observa-se que, nas ref. 14 e 15, quando o nome de um pesquisador é introduzido no
texto, segue-se um aposto, separado do restante do texto por vírgula(s), conforme previsto
nas regras de pontuação.
02) O trecho “traços que mais caracterizam uma língua em relação a outras que lhe são
cognatas” (ref. 16) poderia ser reescrito como “traços que mais caracterizam uma língua
em relação a outras que são cognatas delas”, sem prejuízo ao sentido do texto.
04) No trecho “Eles podem, assim, induzir a erro [...]” (ref. 17), se a palavra “erro” fosse
substituída por “falha”, seria necessário escrever “Eles podem, assim, induzir à falha [...]”,
porque a presença do substantivo feminino implicaria uma crase, nesse contexto.
08) No trecho “[...] ele reuniu os 6 mil verbetes que compõem o estudo de 400 páginas” (ref.
18), o pronome relativo “que” poderia ser substituído por “cujos”, caso se desejasse um
estilo mais formal.
16) Se seguidas à risca as regras de colocação pronominal previstas na norma padrão, o
pronome “se” deveria aparecer anteposto ao verbo “tenha” em “[...] diz desconhecer outro
dicionário regional que tenha se guiado pelo mesmo rigor metodológico” (ref. 19).
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
PREFÁCIO
São os primeiros cantos de um pobre poeta. Desculpai-os. As primeiras vozes do sabiá não
têm a doçura dos seus cânticos de amor.
É uma lira, mas sem cordas; uma primavera, mas sem flores; uma coroa de folhas, mas sem
viço.
Cantos espontâneos do coração, vibrações doridas da lira interna que agitava um sonho, notas
que o vento levou, – como isso dou a lume essas harmonias.
São as páginas despedaçadas de um livro não lido...
E agora que despi a minha musa saudosa dos véus do mistério do meu amor e da minha
solidão, agora que ela vai seminua e tímida por entre vós, derramar em vossas almas os
últimos perfumes de seu coração, ó meus amigos, recebei-a no peito, e amai-a como o consolo
que foi de uma alma esperançosa, que depunha fé na poesia e no amor – esses dois raios
luminosos do coração de Deus.
AZEVEDO, Álvares de. Lira dos vinte anos. In: Obra completa. Organização de Alexei Bueno.
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000. p. 120.
12. (Ufg 2013) No prefácio, a cena enunciativa coloca o autor e o leitor em um mesmo tempo e
espaço. Quais elementos linguísticos contribuem para esse efeito no diálogo?
a) As vozes em terceira pessoa e a palavra “primavera”.
b) Os enunciados negativos e o termo “lira”.
c) As orações adversativas e o substantivo “poeta”.
d) Os argumentos explicativos e o adjetivo “pobre”.
e) As frases imperativas e o advérbio “agora”.
13. (G1 - ifsc 2012) Pela primeira vez um filme catarinense concorreu à vaga para representar
o Brasil no Oscar. A Antropologa, dirigido por Zeca Pires, disputou a vaga com outros quatorze
filmes, numa lista que incluiu Tropa de Elite 2, de José Padilha, e Bruna Surfistinha, de Marcus
Balbini. Zeca Pires considerava suas chances remota, mas avaliava que, ao participar da
disputa, o filme seria visto por um grupo de profissionais de reconhecida competência, que
provavelmente não iriam assistir ao longa em outra situação. (...)
Fonte: Candidatura que vale ouro. Diário Catarinense. Caderno Variedades. 14/08/2011. p. 5
adaptado).
Com relação ao texto, assinale a alternativa CORRETA.
a) O adjetivo “remota”, no segundo parágrafo, refere-se ao substantivo “chances”; deveria,
portanto, ser usado no plural.
b) Segundo o texto, os filmes A Antropologa, Tropa de Elite 2 e Bruna Surfistinha vão
representar o Brasil na disputa do Oscar.
c) O trecho “Zeca Pires considerava suas chances remota” indica que ele acreditava que havia
pouca possibilidade de seu filme ser escolhido.
d) No primeiro parágrafo, encontram-se dois numerais ordinais: “primeira” e “quatorze”.
e) No trecho “o filme seria visto por um grupo de profissionais de reconhecida competência”,
ocorrem dois artigos, os quais antecedem os dois únicos substantivos do trecho.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Uma campanha alegre, IX
Há muitos anos que a política em Portugal apresenta este singular estado:
Doze ou quinze homens, sempre os mesmos, alternadamente possuem o Poder,
perdem o Poder, reconquistam o Poder, trocam o Poder... O Poder não sai duns certos grupos,
como uma pela* que quatro crianças, aos quatro cantos de uma sala, atiram umas às outras,
pelo ar, num rumor de risos.
Quando quatro ou cinco daqueles homens estão no Poder, esses homens são,
segundo a opinião, e os dizeres de todos os outros que lá não estão — os corruptos, os
esbanjadores da Fazenda, a ruína do País!
Os outros, os que não estão no Poder, são, segundo a sua própria opinião e os seus
jornais — os verdadeiros liberais, os salvadores da causa pública, os amigos do povo, e os
interesses do País.
Mas, coisa notável! — os cinco que estão no Poder fazem tudo o que podem para
continuar a ser os esbanjadores da Fazenda e a ruína do País, durante o maior tempo
possível! E os que não estão no Poder movem-se, conspiram, cansam-se, para deixar de ser o
mais depressa que puderem — os verdadeiros liberais, e os interesses do País!
Até que enfim caem os cinco do Poder, e os outros, os verdadeiros liberais, entram
triunfantemente na designação herdada de esbanjadores da Fazenda e ruína do País; em tanto
que os que caíram do Poder se resignam, cheios de fel e de tédio — a vir a ser os verdadeiros
liberais e os interesses do País.
Ora como todos os ministros são tirados deste grupo de doze ou quinze indivíduos, não
há nenhum deles que não tenha sido por seu turno esbanjador da Fazenda e ruína do País...
Não há nenhum que não tenha sido demitido, ou obrigado a pedir a demissão, pelas
acusações mais graves e pelas votações mais hostis...
Não há nenhum que não tenha sido julgado incapaz de dirigir as coisas públicas —
pela Imprensa, pela palavra dos oradores, pelas incriminações da opinião, pela afirmativa
constitucional do poder moderador...
E todavia serão estes doze ou quinze indivíduos os que continuarão dirigindo o País,
neste caminho em que ele vai, feliz, abundante, rico, forte, coroado de rosas, e num chouto**
tão triunfante!
(*) Pela: bola.
(**) Chouto: trote miúdo.
(Eça de Queirós. Obras. Porto: Lello & Irmão-Editores, [s.d.].)
14. (Unesp 2012) Assinale a alternativa cuja frase contém um numeral cardinal empregado
como substantivo.
a) Há muitos anos que a política em Portugal apresenta...
b) Doze ou quinze homens, sempre os mesmos, alternadamente possuem o Poder...
c) ... os cinco que estão no Poder fazem tudo o que podem para continuar...
d) ... são tirados deste grupo de doze ou quinze indivíduos...
e) ... aos quatro cantos de uma sala...
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Elegia na morte de Clodoaldo Pereira da Silva Moraes, poeta e cidadão
A morte chegou pelo interurbano em longas espirais metálicas.
Era de madrugada. Ouvi a voz de minha mãe, viúva.
De repente não tinha pai.
No escuro de minha casa em Los Angeles procurei recompor
[tua lembrança
Depois de tanta ausência. Fragmentos da infância
Boiaram do mar de minhas lágrimas. Vi-me eu menino
Correndo ao teu encontro. Na ilha noturna
Tinham-se apenas acendido os lampiões a gás, e a clarineta
De Augusto geralmente procrastinava a tarde.
Era belo esperar-te, cidadão. O bondinho
Rangia nos trilhos a muitas praias de distância...
Dizíamos: “Ê-vem meu pai!”. Quando a curva
Se acendia de luzes semoventes*, ah, corríamos
Corríamos ao teu encontro. A grande coisa era chegar antes
Mas ser marraio** em teus braços, sentir por último
Os doces espinhos da tua barba.
Trazias de então uma expressão indizível de fidelidade e
[paciência
Teu rosto tinha os sulcos fundamentais da doçura
De quem se deixou ser. Teus ombros possantes
Se curvavam como ao peso da enorme poesia
Que não realizaste. O barbante cortava teus dedos
Pesados de mil embrulhos: carne, pão, utensílios
Para o cotidiano (e frequentemente o binóculo
Que vivias comprando e com que te deixavas horas inteiras
Mirando o mar). Dize-me, meu pai
Que viste tantos anos através do teu óculo de alcance
Que nunca revelaste a ninguém?
Vencias o percurso entre a amendoeira e a casa como o atleta
[exausto no último lance da maratona.
Te grimpávamos. Eras penca de filho. Jamais
Uma palavra dura, um rosnar paterno. Entravas a casa
humilde
A um gesto do mar. A noite se fechava
Sobre o grupo familial como uma grande porta espessa.
Muitas vezes te vi desejar. Desejavas. Deixavas-te olhando
[o mar
Com mirada de argonauta. Teus pequenos olhos feios
Buscavam ilhas, outras ilhas... — as imaculadas, inacessíveis
Ilhas do Tesouro. Querias. Querias um dia aportar
E trazer — depositar aos pés da amada as joias fulgurantes
Do teu amor. Sim, foste descobridor, e entre eles
Dos mais provectos***. Muitas vezes te vi, comandante
Comandar, batido de ventos, perdido na fosforência
De vastos e noturnos oceanos
Sem jamais.
Deste-nos pobreza e amor. A mim me deste
A suprema pobreza: o dom da poesia, e a capacidade de amar
Em silêncio. Foste um pobre. Mendigavas nosso amor
Em silêncio. Foste um no lado esquerdo. Mas
Teu amor inventou. Financiaste uma lancha
Movida a água: foi reta para o fundo. Partiste um dia
Para um brasil além, garimpeiro sem medo e sem mácula.
Doze luas voltaste. Tua primogênita — diz-se —
Não te reconheceu. Trazias grandes barbas e pequenas
[águas-marinhas.
(Vinicius de Moraes. Antologia poética. 11 ed. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1974, p.
180-181.)
(*) Semovente: “Que ou o que anda ou se move por si próprio.”
(**) Marraio: “No gude e noutros jogos, palavra que dá, a quem primeiro a grita, o direito de ser
o último a jogar.”
(***) Provecto: “Que conhece muito um assunto ou uma ciência, experiente, versado, mestre.”
(Dicionário Eletrônico Houaiss)
15. (Unesp 2012) Partiste um dia / Para um brasil além, garimpeiro sem medo e sem mácula.
O emprego da palavra brasil com inicial minúscula, no poema de Vinicius, tem a seguinte
justificativa:
a) O eu-poemático se serve da inicial minúscula para menosprezar o país.
b) Empregar um nome próprio com inicial minúscula era comum entre os modernistas.
c) O eu-poemático emprega “brasil" como metáfora de “paraíso”, onde crê estar a alma de seu
pai.
d) O emprego da inicial maiúscula em nomes de países é facultativo.
e) Na acepção em que é empregada no texto, a palavra “brasil" é um substantivo comum.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Leia o seguinte trecho de uma entrevista concedida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal,
Joaquim Barbosa:
Entrevistador: - O protagonismo do STF dos últimos tempos tem usurpado as funções do
Congresso?
Entrevistado: - Temos uma Constituição muito boa, mas excessivamente detalhista, com um
número imenso de dispositivos e, por isso, suscetível a fomentar interpretações e toda sorte de
litígios. Também temos um sistema de jurisdição constitucional, talvez único no mundo, com
um rol enorme de agentes e instituições dotadas da prerrogativa ou de competência para trazer
questões ao Supremo. É um leque considerável de interesses, de visões, que acaba causando
a intervenção do STF nas mais diversas questões, nas mais diferentes áreas, inclusive dando
margem a esse tipo de acusação. Nossas decisões não deveriam passar de duzentas,
trezentas por ano. Hoje, são analisados cinquenta mil, sessenta mil processos. É uma
insanidade.
Veja, 15/06/2011.
16. (Fuvest 2012) No trecho “dotadas da prerrogativa ou de competência”, a presença de
artigo antes do primeiro substantivo e a sua ausência antes do segundo fazem que o sentido
de cada um desses substantivos seja, respectivamente,
a) figurado e próprio.
b) abstrato e concreto.
c) específico e genérico.
d) técnico e comum.
e) lato e estrito.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Chove chuva, chove sem parar
O óbvio, o esperado. Nos últimos dias, o comentário que teimou e bateu ponto em qualquer
canto de Curitiba, principalmente nos botecos, foi um só:
– Mas que chuvarada, né?
De olho no nível das águas do pequeno riacho que passa junto à mansão da Vila Piroquinha,
Natureza Morta procurou o lado bom de tanta chuva ininterrupta.
Concluiu que, pelo excesso de uso, dispositivo sempre operante, o tempo fez a alegria do
pessoal que conserta limpador de para-brisa. Desse pessoal e, nem tanto, de quem vende
guarda-chuva. Afinal, do jeito que a coisa andava, agravada pelo frio, a freguesia – de maneira
compulsória – praticamente desapareceu das ruas.
(Gazeta do Povo, 02.08.2011.)
17. (Unifesp 2012) Analise as afirmações, com base na frase – Mas que chuvarada, né?
I. O termo chuvarada, conforme o sufixo que o compõe, indica chuva em grande quantidade,
da mesma forma como ocorre com os substantivos papelada e criançada.
II. No contexto, o termo Mas deve ser entendido como um marcador de oralidade, sem valor
adversativo.
III. A frase não é, de fato, uma pergunta, pois traz a constatação de uma situação vivida.
Portanto, funciona com valor fático, principalmente.
Está correto o que se afirma em
a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:
A minha mãe falava sério!
Thalita Rebouças
- Isso aqui é um 1chiqueiro! Não acredito que você trocou nossa 21casa
superacolhedora, limpíssima e sempre arrumadíssima por essa 2pocilga. Fala sério, Maria de
Lourdes! - exasperou-se minha mãe, mãos na cintura, a última vez que veio me visitar.
15Eu nunca encontro palavras para dizer nessas horas. Durante seus ataques, prefiro
me recolher ao mais puro silêncio de consentimento.
Estou há sete meses dividindo com a Helô e a Bené um 23ridiculamente pequeno
8apartamento.
Bem disse minha mãe, nada cabe no apartamento. Nada mesmo! 24Sinceramente, eu e
as meninas mal cabemos no “apertamento”, como chamamos 25carinhosamente nosso lar-
microlar.
Para piorar, a Helô é 11superbagunceira, eu sou a megabagunceira e a Bené é
hiperbagunceira. Bené, aliás, tem um outro 13probleminha que é bem chatinho: vive com o
namorado antipático para cima e para baixo. Outro dia 3o sem graça me viu de 14calcinha e
sutiã antes de uma festa. 18Quer mico maior que esse? Morri de vergonha. Ele morreu de rir.
4Palhaço!
5Morar longe de casa não tem sido exatamente o paraíso que eu imaginava, mas dias
melhores virão. Serei efetivada no meu estágio 17(oba!), vou ganhar um salário decente e
16acho que logo, logo estarei pronta para alugar o meu próprio cantinho. Decidi: amo as
meninas, mas quero, preciso morar sozinha. Pelo bem da nossa amizade.
Para dar uma ideia do 6caos que é nossa convivência, outro dia cheguei em casa e vi
repousando no chão da microssala, repetindo, no chão da microssala, vários, de novo, vários
objetos. Foi difícil desviar deles. Primeiro, passei raspando por um CD do Nando Reis, depois,
quase pisei na caixa do CD do Nando com um disco de funk dentro, na caixa do DVD de Sex
and the City, numa lixa de unha, num papel de bala, num ventiladorzinho portátil, num tênis
amarelo imundo, num pedaço de papel com um número de telefone anotado e em entupidos
sacos de roupa suja.
- A gente precisa comprar uma máquina de lavar roupa para essa casa! Ou 22tomar
vergonha na cara e lavar a roupa! A gente não pode achar normal esses sacos estarem no
meio da sala há uma semana! - reclamei, antes de dizer boa-noite para as minhas amigas.
- Não cabe máquina de lavar aqui no apartamento - disseram-me as duas
26calmamente.
A casa estava um horror.
Nós três somos terríveis juntas.
19A Helô, então, é sem noção. É capaz de deixar durante dias uma maçã comida sobre
a pia da cozinha.
Isso porque a lixeirinha fica ao lado da torneira.
Andando irritada, pisei forte e ouvi um nítido e crocante “créééc”.
- Quanto farelo, gente! Quem foi que comeu biscoito sem pratinho embaixo? Cadê o
aspiradorzinho que a minha mãe deu pra gente?
As duas começaram a rir.
Permaneci séria, 27eu estava muito brava, muito brava.
- Malu! 20Desestressa! - disse Helô.
- Comemos sem pratinho, sim, depois 10a gente limpa - completou Bené.
- Depois quando?
- Depois...
- Que biscoito foi? De polvilho? - eu quis saber.
- Arrã - fizeram as duas, sapecas.
- Tem ainda? - Rendi-me à gula e à bagunça.
Comi o último do pacote e acabei rindo com elas. Eu até gosto de bagunça. Sempre
gostei.
Mas o apê estava tão bagunçado que tinha ultrapassado até o meu nível permitido de
bagunça.
- Pô, 9gente, assim não dá! A gente precisa tomar vergonha na cara. Nossa casa está
uma 7zona!
(Adaptação do capítulo do livro Fala sério, professor! Rio de Janeiro: Rocco, 2006)
18. (Uem 2012) Assinale o que for correto a respeito dos elementos linguísticos presentes no
texto.
01) Na referência 9, o vocábulo “gente” é utilizado com funções diferentes. Em “- Pô, gente”,
funciona como vocativo, ao passo que, em “A gente precisa”, forma, juntamente com o
artigo “a”, uma expressão que atua como pronome da primeira pessoa do plural.
02) Em “a gente limpa” (ref.10), a conjugação do verbo na terceira pessoa do singular
concordando com a expressão “a gente” é comum na fala coloquial.
04) Nos vocábulos “superbagunceira”, “megabagunceira” e “hiperbagunceira” (ref.11), a autora
utiliza os adjetivos de intensidade super, mega e hiper para indicar a flexão de grau do
adjetivo bagunceira.
08) Em “Morri de vergonha” (ref.12), o verbo morrer é utilizado no sentido de experimentar
sentimento intenso, e, em “Ele morreu de rir”, é utilizado para indicar intensidade.
16) O diminutivo é utilizado pela autora para se referir de forma pejorativa a substantivos de
tamanho pequeno: “probleminha” (ref.13), “chatinho” (ref.13), “calcinha” (ref.14).
19. (Uem 2012) Os vocábulos que se utilizam para fazer referência a seres, lugares, eventos
podem não apenas nomeá-los, mas também demonstrar o que se pensa sobre eles. Assinale o
que for correto a respeito dos vocábulos utilizados no texto.
01) Ao afirmar que o apartamento onde a filha mora é um “chiqueiro” (ref. 1), a mãe da
narradora-personagem Malu emprega uma metáfora, utilizando o conhecimento
extralinguístico que se tem de um curral de porcos.
02) Um recurso utilizado pela autora do texto consiste em utilizar substantivos com função de
adjetivo, como em “pocilga” (ref.2), “o sem graça” (ref.3), “Palhaço” (ref.4).
04) Ao afirmar que “Morar longe de casa não tem sido exatamente o paraíso que eu imaginava”
(ref.5), a narradora-personagem Malu utiliza o vocábulo “paraíso” no sentido de lugar ideal,
de felicidade.
08) Os vocábulos “caos” (ref.6) e “zona” (ref.7) são utilizados pela narradora-personagem Malu
com sentidos semelhantes.
16) Ao empregar o vocábulo “apertamento” (ref.8), a narradora-personagem Malu cria um novo
vocábulo por meio da proximidade dos significados dos vocábulos “aperto” e “apartamento”.

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  • 1. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: A(s) questão(ões) a seguir abordam um poema de Raul de Leoni (1895-1926). A alma das cousas somos nós... Dentro do eterno giro universal Das cousas, tudo vai e volta à alma da gente, Mas, se nesse vaivém tudo parece igual Nada mais, na verdade, Nunca mais se repete exatamente... Sim, as cousas são sempre as mesmas na corrente Que no-las leva e traz, num círculo fatal; O que varia é o espírito que as sente Que é imperceptivelmente desigual, Que sempre as vive diferentemente, E, assim, a vida é sempre inédita, afinal... Estado de alma em fuga pelas horas, Tons esquivos e trêmulos, nuanças Suscetíveis, sutis, que fogem no Íris Da sensibilidade furta-cor... E a nossa alma é a expressão fugitiva das cousas E a vida somos nós, que sempre somos outros!... Homem inquieto e vão que não repousas! Para e escuta: Se as cousas têm espírito, nós somos Esse espírito efêmero das cousas, Volúvel e diverso, Variando, instante a instante, intimamente, E eternamente, Dentro da indiferença do Universo!... (Luz mediterrânea, 1965.) 1. (Unesp 2014) Indique o verso em que ocorre um adjetivo antes e outro depois de um substantivo: a) O que varia é o espírito que as sente b) Mas, se nesse vaivém tudo parece igual c) Tons esquivos e trêmulos, nuanças d) Homem inquieto e vão que não repousas! e) Dentro do eterno giro universal TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: O texto a seguir foi extraído de uma crônica de Affonso Romano de Sant’Anna, cronista e poeta mineiro. Professor universitário e jornalista, escreveu para os maiores jornais do País. “Com uma produção diversificada e consistente, pensa o Brasil e a cultura do seu tempo, e se destaca como teórico, como poeta, como cronista, como professor, como administrador cultural e como jornalista.”
  • 2. Porta de colégio Passando pela porta de um colégio, me veio a sensação nítida de que aquilo era a porta da própria vida. Banal, direis. Mas a sensação era tocante. Por isso, parei, como se precisasse ver melhor o que via e previa. Primeiro há uma diferença de 1clima entre 6aquele bando de adolescentes espalhados pela calçada, sentados sobre carros, em torno de carrocinhas de doces e refrigerantes, e aqueles que transitam pela rua. Não é só o uniforme. Não é só a idade. É toda uma 2atmosfera, como se estivessem ainda dentro de uma 8redoma ou aquário, numa bolha, resguardados do mundo. Talvez não estejam. Vários já sofreram a pancada da separação dos pais. 7Aprenderam que a vida é também um exercício de separação. 9Um ou outro já transou droga, e com isso deve ter se sentido (equivocadamente) muito adulto. Mas há uma sensação de pureza angelical misturada com palpitação sexual, que se exibe nos gestos sedutores dos adolescentes. Onde estarão 4esses meninos e meninas dentro de dez ou vinte anos? 5Aquele ali, moreno, de cabelos longos corridos, que parece gostar de esporte, vai se interessar pela informática ou economia; 5aquela de cabelos louros e crespos vai ser dona de boutique; 5aquela morena de cabelos lisos quer ser médica; a gorduchinha vai acabar casando com um gerente de multinacional; 5aquela esguia, meio bailarina, achará um diplomata. Algumas estudarão Letras, se casarão, largarão tudo e passarão parte do dia levando filhos à praia e à praça e pegando-os de novo à tardinha no colégio. [...] Estou olhando aquele bando de adolescentes com evidente ternura. Pudesse passava a mão nos seus cabelos e contava-lhes as últimas histórias da carochinha antes que o 3lobo feroz as assaltasse na esquina. Pudesse lhes diria daqui: aproveitem enquanto estão no aquário e na redoma, enquanto estão na porta da vida e do colégio. O destino também passa por aí. E a gente pode às vezes modificá-lo. SANT’ANNA, Affonso Romano de. Affonso Romano de Sant’Anna: seleção e prefácio de Letícia Malard. Coleção Melhores Crônicas. p. 64-66. 2. (Uece 2014) Atente para o que se diz a respeito da preposição de que entra na composição do título da crônica: “Porta de colégio”. I. A preposição de, sozinha, sem contração, como é usada nesse título, generaliza o substantivo, no caso do texto, colégio. II. A contração da preposição de com o pronome demonstrativo aquele, que resultaria em daquele, manteria inalterado o sentido do título.
  • 3. III. A introdução, no título do texto, do artigo definido o, que resultaria em do, alteraria o sentido do título. Está correto o que se diz apenas em a) I. b) I e III. c) II e III. d) II. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Em texto publicado no fim de maio, no The New York Times, 4Gary Gutting, professor de filosofia da Universidade de Notre-Dame, argumenta que os cursos superiores deveriam deixar de centrar-se na transmissão de conhecimento 3por si e engajar os estudantes em 5“exercícios intelectuais”. O autor cita o exemplo 6de seu próprio curso, no qual explora com os estudantes obras de Platão, Calvino e Nabokov. 9O 8objetivo é 7simplesmente colocar os pupilos em contato com grandes textos. 10O que se ganha não é verniz cultural, mas o prazer de explorar caminhos intelectuais e estéticos, de ampliar a visão do mundo e da natureza humana. Para o filósofo, 1a educação universitária pode ser o espaço do explorador. O ensino, para ele, não deveria ser avaliado pela quantidade de informações transmitidas e assimiladas, mas pela possibilidade de estimular uma atitude de abertura a novos conhecimentos e pela capacidade de assimilar novas ideias provocadas nos estudantes. O conhecimento que vem do uso e da prática é o produto final de uma semente plantada na escola. Naturalmente, as sociedades necessitam de profissionais tecnicamente qualificados, capazes de preencher as vagas nas empresas e desempenhar suas tarefas. Profissões, como a medicina, a administração, a engenharia e a advocacia, exigem o domínio de grandes corpos de conhecimento. Entretanto o simples domínio desse saber não torna o detentor capaz de exercer uma profissão. Empresas e outras organizações exigem cada vez mais de seus funcionários a capacidade de entender o mundo ao redor, de pensar criativamente, de criar e de agir com autonomia. 2É a nossa base cultural, a permear a literatura, a música, o cinema e o teatro, que contém os elementos para desenvolver essas capacidades. São nossas viagens intelectuais pelo mundo das artes a nos permitir escapar das convenções, olhar além dos lugares-comuns, fazer conexões, pensar fora do convencional e buscar novas ideias. Quem não tem a oportunidade de mergulhar no amálgama cultural tem menores chances de desenvolver tais capacidades. WOOD JR., Thomaz. A educação pela arte. Carta Capital. São Paulo: Confiança, n. 756, p. 48, 10 jul. 2013. Adaptado. 3. (Uneb 2014) Sobre o texto, está correto o que se afirma em a) A expressão “por si” (ref. 3) tem como referente “Gary Gutting” (ref. 4). b) O termo “em ‘exercícios intelectuais’ ” (ref. 5) constitui um modificador verbal que expressa meio. c) O vocábulo “próprio”, em “de seu próprio curso” (ref. 6), indica reforço. d) A palavra “simplesmente” (ref. 7) mantém relação sintática com o substantivo “objetivo” (ref. 8), qualificando-o. e) Os termos “O”, em “O objetivo” (ref. 9), e “O”, em “O que se ganha” (ref. 10), equivalem-se morfologicamente. 4. (Enem 2013)
  • 4. Nessa charge, o recurso morfossintático que colabora para o efeito de humor está indicado pelo(a) a) emprego de uma oração adversativa, que orienta a quebra da expectativa ao final. b) uso de conjunção aditiva, que cria uma relação de causa e efeito entre as ações. c) retomada do substantivo “mãe”, que desfaz a ambiguidade dos sentidos a ele atribuídos d) utilização da forma pronominal “la”, que reflete um tratamento formal do filho em relação à “mãe”. e) repetição da forma verbal “é”, que reforça a relação de adição existente entre as orações. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Ricos e ricos Os ricos, como ensinou Scott Fitzgerald, são seres humanos diferentes de você e, provavelmente, de todas as pessoas que você conhece mais de perto – eis aí, dizia ele, a primeira coisa realmente importante, talvez a única que é preciso aprender com eles. Não pense, nem por um instante, que você possa estar na mesma turma. É possível, sim, conviver com gente rica, falar de assuntos comuns, frequentar lugares parecidos. Dá para torcer pelo mesmo time de futebol, ter gostos semelhantes ou partilhar desta e daquela ideia. Mas inevitavelmente, mais cedo ou mais tarde, vai ficar claro que a aproximação chega só até um certo ponto; a partir daí entra em ação um freio automático, e os ricos deslizam de volta para o seu mundo psicológico particular. Fitzgerald sabia do que estava falando. Andou cercado de gente rica durante a maior parte de sua vida tumultuada e curta, sobretudo depois que espetaculares sucessos como O Grande Gatsby ou Suave é a Noite o transformaram num fenômeno na literatura americana e mundial. Adaptado de: J.R. Guzzo, Revista Veja, edição 2254, 01/02/2012, pag. 106. 5. (Uepg 2013) Assinale o que for correto quanto à classificação das palavras em destaque nos excertos do texto. 01) ...a partir daí entra em ação um freio automático, e os ricos deslizam de volta para o seu mundo psicológico particular. (adjetivo). 02) É possível... falar de assuntos comuns... (adjetivo). 04) ...os ricos deslizam de volta para seu mundo psicológico particular. (adjetivo). 08) ...os ricos deslizam de volta para seu mundo psicológico particular. (substantivo). TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: “Carta a uma jovem que, estando em uma roda em que dava aos presentes o tratamento de ‘você’, se dirigiu ao autor chamando-o ‘o senhor’”. 6. (Espcex (Aman) 2013) A análise morfossintática das palavras grifadas, na sequência em que aparecem, está correta na alternativa: a) conjunção integrante, adjunto adverbial, partícula apassivadora, pronome pessoal oblíquo
  • 5. b) sujeito, pronome relativo, pronome pessoal, artigo definido c) pronome relativo, conjunção integrante, objeto direto, pronome substantivo d) pronome relativo, adjunto adverbial, pronome oblíquo, objeto direto e) objeto direto, pronome locativo, sujeito, artigo definido TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: A questão toma por base um poema de Luís Delfino (1834-1910) e a reprodução de um mosaico da Catedral de Monreale. Jesus Pantocrátor1 Há na Itália, em Palermo, ou pouco ao pé, na igreja De Monreale, feita em mosaico, a divina Figura de Jesus Pantocrátor: domina Aquela face austera, aquele olhar troveja. Não: aquela cabeça é de um Deus, não se inclina. À árida pupila a doce, a benfazeja Lágrima falta, e o peito enorme não arqueja À dor. Fê-lo tremendo a ficção bizantina2. Este criou o inferno, e o espetáculo hediondo Que há nos frescos3 de Santo Stefano Rotondo4; Este do mundo antigo espedaçado assoma... Este não redimiu; não foi à Cruz: olhai-o: Tem o anátema5 à boca, às duas mãos o raio, E em vez do espinho à fronte as três coroas de Roma. (Luís Delfino. Rosas negras, 1938.) (1) Pantocrátor: que tudo rege, que governa tudo. (2) Bizantina: referente ao Império Romano do Oriente (330-1453 d.C.) e às manifestações culturais desse império. (3) Fresco: o mesmo que afresco, pintura mural que resulta da aplicação de cores diluídas em água sobre um revestimento ainda fresco de argamassa, para facilitar a absorção da tinta. (4) Santo Stefano Rotondo: igreja erigida por volta de 460 d.C., em Roma, em homenagem a Santo Estêvão (Stefano, em italiano), mártir do cristianismo. (5) Anátema: reprovação enérgica, sentença de maldição que expulsa da Igreja, excomunhão.
  • 6. 7. (Unesp 2013) A leitura do soneto revela que o poeta seguiu o preceito parnasiano de só fazer rimar em seus versos palavras pertencentes a classes gramaticais diferentes, como se observa, por exemplo, nas palavras que encerram os quatro versos da primeira quadra, que rimam conforme o esquema ABBA. Consideradas em sua sequência do primeiro ao quarto verso, tais palavras surgem, respectivamente, como a) adjetivo, verbo, substantivo, adjetivo. b) substantivo, adjetivo, verbo, verbo. c) substantivo, adjetivo, substantivo, advérbio. d) verbo, adjetivo, verbo, adjetivo. e) substantivo, substantivo, verbo, verbo. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Buscando a excelência Lya Luft Estamos carentes de excelência. A mediocridade reina, assustadora, implacável e persistentemente. Autoridades, altos cargos, líderes, em boa parte desinformados, desinteressados, incultos, lamentáveis. Alunos que saem do ensino médio semianalfabetos e assim entram nas universidades, que aos poucos – refiro-me às públicas – vão se tornando reduto de pobreza intelectual. As infelizes cotas, contras as quais tenho escrito e às quais me oponho desde sempre, servem magnificamente para alcançarmos este objetivo: a mediocrização também do ensino superior. Alunos que não conseguem raciocinar porque não lhes foi ensinado, numa educação de brincadeirinha. E, porque não sabem ler nem escrever direito e com naturalidade, não conseguem expor em letra ou fala seu pensamento truncado e pobre. [...] E as cotas roubam a dignidade daqueles que deveriam ter acesso ao ensino superior por mérito [...] Meu conceito serve para cotas raciais também: não é pela raça ou cor, sobretudo autodeclarada, que um jovem deve conseguir diploma superior, mas por seu esforço e capacidade. [...] Em suma, parece que trabalhamos para facilitar as coisas aos jovens, em lugar de educá-los com e para o trabalho, zelo, esforço, busca de mérito, uso da própria capacidade e talento, já entre as crianças. O ensino nas últimas décadas aprimorou-se em fazer os pequenos aprender brincando. Isso pode ser bom para os bem pequenos, mas já na escola elementar, em seus primeiros anos, é bom alertar, com afeto e alegria, para o fato de que a vida não é só brincadeira, que lazer e divertimento são necessários até à saúde, mas que a escola é também preparação para uma vida profissional futura, na qual haverá disciplina e limites – que aliás deveriam existir em casa, ainda que amorosos. Muitos dirão que não estou sendo simpática. Não escrevo para ser agradável, mas para partilhar com meus leitores preocupações sobre este país com suas maravilhas e suas mazelas, num momento fundamental em que, em meio a greves, justas ou desatinadas, [...] se delineia com grande inteligência e precisão a possibilidade de serem punidos aqueles que não apenas prejudicaram monetariamente o país, mas corroeram sua moral, e a dignidade de milhões de brasileiros. Está sendo um momento de excelência que nos devolve ânimo e esperança. (Fonte: Revista Veja, de 26.09.2012. Adaptado). 8. (G1 - ifsp 2013) Sabe-se que o adjetivo é uma palavra que modifica o substantivo e que sua posição mais comum no português é a de suceder esse substantivo. Assinale o efeito de sentido que a autora consegue com o emprego do adjetivo antecedendo o substantivo em “as infelizes cotas” (2º parágrafo). a) produz uma sonoridade mais adequada ao trecho. b) provoca o estranhamento do leitor, pois algumas cotas são felizes. c) antecipa que nem todas as cotas são infelizes, como se poderia esperar. d) oferece pistas ao leitor de seu posicionamento crítico sobre o assunto das cotas. e) exemplifica a situação da educação do país, empregando inadequadamente o termo.
  • 7. TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 3 QUESTÕES: Sotaques no papel Feitos sem pretensão científica, “dicionários” informais exploram as falas típicas de estados brasileiros Em suas viagens para casa, de Brasília ao Piauí, o jornalista Paulo José Cunha, de 57 anos, gosta de puxar uma cadeira e ouvir as histórias de dona Yara, sua mãe. Desses momentos familiares, o professor da Universidade Federal de Brasília (UnB) coletou grande parte dos verbetes e expressões tipicamente piauienses que deram origem à 4Grande Enciclopédia Internacional de Piauiês. O cirurgião vascular paraibano Antonio Soares da Fonseca Jr., de 61 anos, autor do Dicionário do Português Nordestino, conta que primeiro escolhia aleatoriamente algum destino entre Rio Grande do Norte e Sergipe. Depois de pegar um avião de São Paulo, sentava na primeira mesa de 5boteco da região e chamava o primeiro que passava para dividir uma cerveja. Aí era ligar o gravador e registrar o 6papo carregado de expressões, como 3o substantivo “lapada” (pancada), o verbo “cascavilhar” (procurar minuciosamente), a profissão “capagato” (técnico agrícola) e a aprendiz de interjeição “pronto” (“quando olhei, pronto!, tudo havia acabado”). É nesse ambiente informal de pesquisa empírica que a maioria dos dicionários regionais é concebida. Sem o peso da responsabilidade de seguir as metodologias exigidas pela academia, esses trabalhos são marcados pela despretensão e pelo bom humor. [...] De tão encantado com o falar do catarinense, o comerciante, taxista e escritor Isaque de Borba Corrêa, de 47 anos, é um autodidata em linguística. Nada parecido com o Isaque que em 1981 lançou o Dicionário do Papa-Siri, com expressões típicas da região de Camboriú e do Vale do Itajaí. Ele conta que tinha vergonha de dizer que estava montando um livro naqueles moldes. Hoje, termos como 1“dialetologia” (estudo dos traços linguísticos dos dialetos) e 2“idiotismos” 16(traços que mais caracterizam uma língua em relação a outras que lhe são cognatas) são rotina na vida do autor que, em 2000, lançou uma obra “mais evoluída”, segundo sua avaliação: o Dicionário Catarinense. [...] O trabalho desenvolvido pelos apaixonados por regionalismos é visto com ressalvas pelos lexicógrafos 8profissionais. Mesmo o termo “dicionário” para identificar as obras é contestado, por exemplo, pelo lexicógrafo 14Francisco da Silva Borba, organizador do Dicionário Unesp do Português Contemporâneo, que reúne cerca de 60 mil verbetes. – Esses trabalhos são, na verdade, vocabulários. É o recolhimento de palavras de determinada região – explica. [...] – 17Eles podem, assim, induzir a erro e oficializar versões equivocadas – analisa o lexicógrafo 15Francisco Filipak, autor do Dicionário Sociolinguístico do Paraná [...]. Diferentemente dos demais vocabulários regionais, o de Filipak é concebido como um dicionário, 9de fato. Após 1330 anos de pesquisa, catalogação e seleção, 18ele reuniu os 6 mil verbetes que compõem o estudo de 400 páginas. Seguindo 10à risca a metodologia dos 11grandes dicionários do país, Filipak incluiu todas as designações de cada verbete, citando suas variações vocabulares típicas só daquela região. Hoje, com 83 anos, 19diz desconhecer outro dicionário regional que tenha se guiado pelo mesmo 12rigor metodológico. [...] Mesmo sendo de autores 7diletantes, os dicionários regionais são valorizados pelos pesquisadores que formulam obras consagradas. Todos constam das prateleiras das equipes que atualizam os maiores dicionários da língua. BONINO, Rachel. Sotaques no papel. Língua Portuguesa, ano II, n. 27, p. 18-21. [Adaptado] 9. (Ufsc 2013) Com base no texto, assinale a(s) proposição(ões) CORRETA(S). 01) O valor dos dicionários regionais advém do seu caráter empírico, isto é, da relativa falta de rigor metodológico com que são elaborados. 02) O trabalho dos dicionaristas diletantes, apesar de ser largamente empírico e não seguir métodos científicos rígidos, é de algum interesse para os lexicógrafos profissionais.
  • 8. 04) O relato sobre Isaque de Borba Corrêa confirma o fato de que os dicionaristas regionais desenvolvem seu trabalho de forma empírica, sem buscar conhecimentos científicos que o embasem. 08) Em seu trabalho de dicionarista, Antonio Soares da Fonseca Jr. obedece a certo rigor científico, porque escolhe o lugar onde fará a pesquisa, o informante e o tópico da conversação. 16) Devido aos cuidados metodológicos empregados em sua composição, o Dicionário Sociolinguístico do Paraná não pode ser considerado mera obra empírica de pesquisador diletante. 10. (Ufsc 2013) Assinale a(s) proposição(ões) CORRETA(S) com relação aos fatos de linguagem do texto. 01) O uso das aspas em “dicionários” (subtítulo), “dialetologia” (ref. 1) e “idiotismos” (ref. 2) serve para indicar ironia, discordância da autora em relação ao valor que outros atribuem aos termos. 02) A classificação elaborada por Antonio Soares da Fonseca Jr. (ref. 3), além de informal, é equivocada, porque o termo “lapada” seria mais bem enquadrado como verbo do que como substantivo e porque não existe uma classe dos “aprendizes de interjeição”. 04) O título Grande Enciclopédia Internacional de Piauiês (ref. 4), dado ao dicionário elaborado por Paulo José Cunha, revela ao leitor a grande abrangência e seriedade do trabalho dos lexicógrafos amadores. 08) O emprego dos termos informais “boteco” (ref. 5) e “papo” (ref. 6), que destoa um pouco do restante do texto, marcado pelo uso da variedade culta escrita, pode ser explicado em parte como reflexo do próprio assunto tratado, a informalidade com que Antonio Soares da Fonseca Jr. colhe dados para seu dicionário. 16) O adjetivo “diletantes” (ref. 7) funciona no texto como sinônimo de “profissionais” (ref. 8), uma vez que o texto aproxima o trabalho dos autores diletantes, “apaixonados por regionalismos”, ao dos lexicógrafos profissionais. 32) As expressões “de fato” (ref. 9), “à risca” (ref. 10), “grandes dicionários do país” (ref. 11) e “rigor metodológico” (ref. 12), assim como a informação de que o dicionário de Filipak consumiu “30 anos de pesquisa, catalogação e seleção” (ref. 13), servem ao mesmo fim argumentativo, que é dar ao leitor uma impressão de solidez científica dessa obra. 11. (Ufsc 2013) Com base no texto, assinale a(s) proposição(ões) CORRETA(S). 01) Observa-se que, nas ref. 14 e 15, quando o nome de um pesquisador é introduzido no texto, segue-se um aposto, separado do restante do texto por vírgula(s), conforme previsto nas regras de pontuação. 02) O trecho “traços que mais caracterizam uma língua em relação a outras que lhe são cognatas” (ref. 16) poderia ser reescrito como “traços que mais caracterizam uma língua em relação a outras que são cognatas delas”, sem prejuízo ao sentido do texto. 04) No trecho “Eles podem, assim, induzir a erro [...]” (ref. 17), se a palavra “erro” fosse substituída por “falha”, seria necessário escrever “Eles podem, assim, induzir à falha [...]”, porque a presença do substantivo feminino implicaria uma crase, nesse contexto. 08) No trecho “[...] ele reuniu os 6 mil verbetes que compõem o estudo de 400 páginas” (ref. 18), o pronome relativo “que” poderia ser substituído por “cujos”, caso se desejasse um estilo mais formal. 16) Se seguidas à risca as regras de colocação pronominal previstas na norma padrão, o pronome “se” deveria aparecer anteposto ao verbo “tenha” em “[...] diz desconhecer outro dicionário regional que tenha se guiado pelo mesmo rigor metodológico” (ref. 19). TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: PREFÁCIO São os primeiros cantos de um pobre poeta. Desculpai-os. As primeiras vozes do sabiá não têm a doçura dos seus cânticos de amor. É uma lira, mas sem cordas; uma primavera, mas sem flores; uma coroa de folhas, mas sem viço. Cantos espontâneos do coração, vibrações doridas da lira interna que agitava um sonho, notas que o vento levou, – como isso dou a lume essas harmonias. São as páginas despedaçadas de um livro não lido...
  • 9. E agora que despi a minha musa saudosa dos véus do mistério do meu amor e da minha solidão, agora que ela vai seminua e tímida por entre vós, derramar em vossas almas os últimos perfumes de seu coração, ó meus amigos, recebei-a no peito, e amai-a como o consolo que foi de uma alma esperançosa, que depunha fé na poesia e no amor – esses dois raios luminosos do coração de Deus. AZEVEDO, Álvares de. Lira dos vinte anos. In: Obra completa. Organização de Alexei Bueno. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000. p. 120. 12. (Ufg 2013) No prefácio, a cena enunciativa coloca o autor e o leitor em um mesmo tempo e espaço. Quais elementos linguísticos contribuem para esse efeito no diálogo? a) As vozes em terceira pessoa e a palavra “primavera”. b) Os enunciados negativos e o termo “lira”. c) As orações adversativas e o substantivo “poeta”. d) Os argumentos explicativos e o adjetivo “pobre”. e) As frases imperativas e o advérbio “agora”. 13. (G1 - ifsc 2012) Pela primeira vez um filme catarinense concorreu à vaga para representar o Brasil no Oscar. A Antropologa, dirigido por Zeca Pires, disputou a vaga com outros quatorze filmes, numa lista que incluiu Tropa de Elite 2, de José Padilha, e Bruna Surfistinha, de Marcus Balbini. Zeca Pires considerava suas chances remota, mas avaliava que, ao participar da disputa, o filme seria visto por um grupo de profissionais de reconhecida competência, que provavelmente não iriam assistir ao longa em outra situação. (...) Fonte: Candidatura que vale ouro. Diário Catarinense. Caderno Variedades. 14/08/2011. p. 5 adaptado). Com relação ao texto, assinale a alternativa CORRETA. a) O adjetivo “remota”, no segundo parágrafo, refere-se ao substantivo “chances”; deveria, portanto, ser usado no plural. b) Segundo o texto, os filmes A Antropologa, Tropa de Elite 2 e Bruna Surfistinha vão representar o Brasil na disputa do Oscar. c) O trecho “Zeca Pires considerava suas chances remota” indica que ele acreditava que havia pouca possibilidade de seu filme ser escolhido. d) No primeiro parágrafo, encontram-se dois numerais ordinais: “primeira” e “quatorze”. e) No trecho “o filme seria visto por um grupo de profissionais de reconhecida competência”, ocorrem dois artigos, os quais antecedem os dois únicos substantivos do trecho. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Uma campanha alegre, IX Há muitos anos que a política em Portugal apresenta este singular estado: Doze ou quinze homens, sempre os mesmos, alternadamente possuem o Poder, perdem o Poder, reconquistam o Poder, trocam o Poder... O Poder não sai duns certos grupos, como uma pela* que quatro crianças, aos quatro cantos de uma sala, atiram umas às outras, pelo ar, num rumor de risos. Quando quatro ou cinco daqueles homens estão no Poder, esses homens são, segundo a opinião, e os dizeres de todos os outros que lá não estão — os corruptos, os esbanjadores da Fazenda, a ruína do País! Os outros, os que não estão no Poder, são, segundo a sua própria opinião e os seus jornais — os verdadeiros liberais, os salvadores da causa pública, os amigos do povo, e os interesses do País. Mas, coisa notável! — os cinco que estão no Poder fazem tudo o que podem para continuar a ser os esbanjadores da Fazenda e a ruína do País, durante o maior tempo possível! E os que não estão no Poder movem-se, conspiram, cansam-se, para deixar de ser o mais depressa que puderem — os verdadeiros liberais, e os interesses do País! Até que enfim caem os cinco do Poder, e os outros, os verdadeiros liberais, entram triunfantemente na designação herdada de esbanjadores da Fazenda e ruína do País; em tanto
  • 10. que os que caíram do Poder se resignam, cheios de fel e de tédio — a vir a ser os verdadeiros liberais e os interesses do País. Ora como todos os ministros são tirados deste grupo de doze ou quinze indivíduos, não há nenhum deles que não tenha sido por seu turno esbanjador da Fazenda e ruína do País... Não há nenhum que não tenha sido demitido, ou obrigado a pedir a demissão, pelas acusações mais graves e pelas votações mais hostis... Não há nenhum que não tenha sido julgado incapaz de dirigir as coisas públicas — pela Imprensa, pela palavra dos oradores, pelas incriminações da opinião, pela afirmativa constitucional do poder moderador... E todavia serão estes doze ou quinze indivíduos os que continuarão dirigindo o País, neste caminho em que ele vai, feliz, abundante, rico, forte, coroado de rosas, e num chouto** tão triunfante! (*) Pela: bola. (**) Chouto: trote miúdo. (Eça de Queirós. Obras. Porto: Lello & Irmão-Editores, [s.d.].) 14. (Unesp 2012) Assinale a alternativa cuja frase contém um numeral cardinal empregado como substantivo. a) Há muitos anos que a política em Portugal apresenta... b) Doze ou quinze homens, sempre os mesmos, alternadamente possuem o Poder... c) ... os cinco que estão no Poder fazem tudo o que podem para continuar... d) ... são tirados deste grupo de doze ou quinze indivíduos... e) ... aos quatro cantos de uma sala... TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Elegia na morte de Clodoaldo Pereira da Silva Moraes, poeta e cidadão A morte chegou pelo interurbano em longas espirais metálicas. Era de madrugada. Ouvi a voz de minha mãe, viúva. De repente não tinha pai. No escuro de minha casa em Los Angeles procurei recompor [tua lembrança Depois de tanta ausência. Fragmentos da infância Boiaram do mar de minhas lágrimas. Vi-me eu menino Correndo ao teu encontro. Na ilha noturna Tinham-se apenas acendido os lampiões a gás, e a clarineta De Augusto geralmente procrastinava a tarde. Era belo esperar-te, cidadão. O bondinho Rangia nos trilhos a muitas praias de distância... Dizíamos: “Ê-vem meu pai!”. Quando a curva Se acendia de luzes semoventes*, ah, corríamos Corríamos ao teu encontro. A grande coisa era chegar antes Mas ser marraio** em teus braços, sentir por último Os doces espinhos da tua barba. Trazias de então uma expressão indizível de fidelidade e [paciência Teu rosto tinha os sulcos fundamentais da doçura De quem se deixou ser. Teus ombros possantes Se curvavam como ao peso da enorme poesia Que não realizaste. O barbante cortava teus dedos Pesados de mil embrulhos: carne, pão, utensílios Para o cotidiano (e frequentemente o binóculo Que vivias comprando e com que te deixavas horas inteiras Mirando o mar). Dize-me, meu pai Que viste tantos anos através do teu óculo de alcance Que nunca revelaste a ninguém? Vencias o percurso entre a amendoeira e a casa como o atleta
  • 11. [exausto no último lance da maratona. Te grimpávamos. Eras penca de filho. Jamais Uma palavra dura, um rosnar paterno. Entravas a casa humilde A um gesto do mar. A noite se fechava Sobre o grupo familial como uma grande porta espessa. Muitas vezes te vi desejar. Desejavas. Deixavas-te olhando [o mar Com mirada de argonauta. Teus pequenos olhos feios Buscavam ilhas, outras ilhas... — as imaculadas, inacessíveis Ilhas do Tesouro. Querias. Querias um dia aportar E trazer — depositar aos pés da amada as joias fulgurantes Do teu amor. Sim, foste descobridor, e entre eles Dos mais provectos***. Muitas vezes te vi, comandante Comandar, batido de ventos, perdido na fosforência De vastos e noturnos oceanos Sem jamais. Deste-nos pobreza e amor. A mim me deste A suprema pobreza: o dom da poesia, e a capacidade de amar Em silêncio. Foste um pobre. Mendigavas nosso amor Em silêncio. Foste um no lado esquerdo. Mas Teu amor inventou. Financiaste uma lancha Movida a água: foi reta para o fundo. Partiste um dia Para um brasil além, garimpeiro sem medo e sem mácula. Doze luas voltaste. Tua primogênita — diz-se — Não te reconheceu. Trazias grandes barbas e pequenas [águas-marinhas. (Vinicius de Moraes. Antologia poética. 11 ed. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1974, p. 180-181.) (*) Semovente: “Que ou o que anda ou se move por si próprio.” (**) Marraio: “No gude e noutros jogos, palavra que dá, a quem primeiro a grita, o direito de ser o último a jogar.” (***) Provecto: “Que conhece muito um assunto ou uma ciência, experiente, versado, mestre.” (Dicionário Eletrônico Houaiss) 15. (Unesp 2012) Partiste um dia / Para um brasil além, garimpeiro sem medo e sem mácula. O emprego da palavra brasil com inicial minúscula, no poema de Vinicius, tem a seguinte justificativa: a) O eu-poemático se serve da inicial minúscula para menosprezar o país. b) Empregar um nome próprio com inicial minúscula era comum entre os modernistas. c) O eu-poemático emprega “brasil" como metáfora de “paraíso”, onde crê estar a alma de seu pai. d) O emprego da inicial maiúscula em nomes de países é facultativo. e) Na acepção em que é empregada no texto, a palavra “brasil" é um substantivo comum. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Leia o seguinte trecho de uma entrevista concedida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa: Entrevistador: - O protagonismo do STF dos últimos tempos tem usurpado as funções do Congresso? Entrevistado: - Temos uma Constituição muito boa, mas excessivamente detalhista, com um número imenso de dispositivos e, por isso, suscetível a fomentar interpretações e toda sorte de litígios. Também temos um sistema de jurisdição constitucional, talvez único no mundo, com um rol enorme de agentes e instituições dotadas da prerrogativa ou de competência para trazer
  • 12. questões ao Supremo. É um leque considerável de interesses, de visões, que acaba causando a intervenção do STF nas mais diversas questões, nas mais diferentes áreas, inclusive dando margem a esse tipo de acusação. Nossas decisões não deveriam passar de duzentas, trezentas por ano. Hoje, são analisados cinquenta mil, sessenta mil processos. É uma insanidade. Veja, 15/06/2011. 16. (Fuvest 2012) No trecho “dotadas da prerrogativa ou de competência”, a presença de artigo antes do primeiro substantivo e a sua ausência antes do segundo fazem que o sentido de cada um desses substantivos seja, respectivamente, a) figurado e próprio. b) abstrato e concreto. c) específico e genérico. d) técnico e comum. e) lato e estrito. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Chove chuva, chove sem parar O óbvio, o esperado. Nos últimos dias, o comentário que teimou e bateu ponto em qualquer canto de Curitiba, principalmente nos botecos, foi um só: – Mas que chuvarada, né? De olho no nível das águas do pequeno riacho que passa junto à mansão da Vila Piroquinha, Natureza Morta procurou o lado bom de tanta chuva ininterrupta. Concluiu que, pelo excesso de uso, dispositivo sempre operante, o tempo fez a alegria do pessoal que conserta limpador de para-brisa. Desse pessoal e, nem tanto, de quem vende guarda-chuva. Afinal, do jeito que a coisa andava, agravada pelo frio, a freguesia – de maneira compulsória – praticamente desapareceu das ruas. (Gazeta do Povo, 02.08.2011.) 17. (Unifesp 2012) Analise as afirmações, com base na frase – Mas que chuvarada, né? I. O termo chuvarada, conforme o sufixo que o compõe, indica chuva em grande quantidade, da mesma forma como ocorre com os substantivos papelada e criançada. II. No contexto, o termo Mas deve ser entendido como um marcador de oralidade, sem valor adversativo. III. A frase não é, de fato, uma pergunta, pois traz a constatação de uma situação vivida. Portanto, funciona com valor fático, principalmente. Está correto o que se afirma em a) I, apenas. b) III, apenas. c) I e II, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III. TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES: A minha mãe falava sério! Thalita Rebouças - Isso aqui é um 1chiqueiro! Não acredito que você trocou nossa 21casa superacolhedora, limpíssima e sempre arrumadíssima por essa 2pocilga. Fala sério, Maria de Lourdes! - exasperou-se minha mãe, mãos na cintura, a última vez que veio me visitar. 15Eu nunca encontro palavras para dizer nessas horas. Durante seus ataques, prefiro me recolher ao mais puro silêncio de consentimento.
  • 13. Estou há sete meses dividindo com a Helô e a Bené um 23ridiculamente pequeno 8apartamento. Bem disse minha mãe, nada cabe no apartamento. Nada mesmo! 24Sinceramente, eu e as meninas mal cabemos no “apertamento”, como chamamos 25carinhosamente nosso lar- microlar. Para piorar, a Helô é 11superbagunceira, eu sou a megabagunceira e a Bené é hiperbagunceira. Bené, aliás, tem um outro 13probleminha que é bem chatinho: vive com o namorado antipático para cima e para baixo. Outro dia 3o sem graça me viu de 14calcinha e sutiã antes de uma festa. 18Quer mico maior que esse? Morri de vergonha. Ele morreu de rir. 4Palhaço! 5Morar longe de casa não tem sido exatamente o paraíso que eu imaginava, mas dias melhores virão. Serei efetivada no meu estágio 17(oba!), vou ganhar um salário decente e 16acho que logo, logo estarei pronta para alugar o meu próprio cantinho. Decidi: amo as meninas, mas quero, preciso morar sozinha. Pelo bem da nossa amizade. Para dar uma ideia do 6caos que é nossa convivência, outro dia cheguei em casa e vi repousando no chão da microssala, repetindo, no chão da microssala, vários, de novo, vários objetos. Foi difícil desviar deles. Primeiro, passei raspando por um CD do Nando Reis, depois, quase pisei na caixa do CD do Nando com um disco de funk dentro, na caixa do DVD de Sex and the City, numa lixa de unha, num papel de bala, num ventiladorzinho portátil, num tênis amarelo imundo, num pedaço de papel com um número de telefone anotado e em entupidos sacos de roupa suja. - A gente precisa comprar uma máquina de lavar roupa para essa casa! Ou 22tomar vergonha na cara e lavar a roupa! A gente não pode achar normal esses sacos estarem no meio da sala há uma semana! - reclamei, antes de dizer boa-noite para as minhas amigas. - Não cabe máquina de lavar aqui no apartamento - disseram-me as duas 26calmamente. A casa estava um horror. Nós três somos terríveis juntas. 19A Helô, então, é sem noção. É capaz de deixar durante dias uma maçã comida sobre a pia da cozinha. Isso porque a lixeirinha fica ao lado da torneira. Andando irritada, pisei forte e ouvi um nítido e crocante “créééc”. - Quanto farelo, gente! Quem foi que comeu biscoito sem pratinho embaixo? Cadê o aspiradorzinho que a minha mãe deu pra gente? As duas começaram a rir. Permaneci séria, 27eu estava muito brava, muito brava. - Malu! 20Desestressa! - disse Helô. - Comemos sem pratinho, sim, depois 10a gente limpa - completou Bené. - Depois quando? - Depois... - Que biscoito foi? De polvilho? - eu quis saber. - Arrã - fizeram as duas, sapecas. - Tem ainda? - Rendi-me à gula e à bagunça. Comi o último do pacote e acabei rindo com elas. Eu até gosto de bagunça. Sempre gostei. Mas o apê estava tão bagunçado que tinha ultrapassado até o meu nível permitido de bagunça. - Pô, 9gente, assim não dá! A gente precisa tomar vergonha na cara. Nossa casa está uma 7zona! (Adaptação do capítulo do livro Fala sério, professor! Rio de Janeiro: Rocco, 2006) 18. (Uem 2012) Assinale o que for correto a respeito dos elementos linguísticos presentes no texto. 01) Na referência 9, o vocábulo “gente” é utilizado com funções diferentes. Em “- Pô, gente”, funciona como vocativo, ao passo que, em “A gente precisa”, forma, juntamente com o artigo “a”, uma expressão que atua como pronome da primeira pessoa do plural. 02) Em “a gente limpa” (ref.10), a conjugação do verbo na terceira pessoa do singular concordando com a expressão “a gente” é comum na fala coloquial.
  • 14. 04) Nos vocábulos “superbagunceira”, “megabagunceira” e “hiperbagunceira” (ref.11), a autora utiliza os adjetivos de intensidade super, mega e hiper para indicar a flexão de grau do adjetivo bagunceira. 08) Em “Morri de vergonha” (ref.12), o verbo morrer é utilizado no sentido de experimentar sentimento intenso, e, em “Ele morreu de rir”, é utilizado para indicar intensidade. 16) O diminutivo é utilizado pela autora para se referir de forma pejorativa a substantivos de tamanho pequeno: “probleminha” (ref.13), “chatinho” (ref.13), “calcinha” (ref.14). 19. (Uem 2012) Os vocábulos que se utilizam para fazer referência a seres, lugares, eventos podem não apenas nomeá-los, mas também demonstrar o que se pensa sobre eles. Assinale o que for correto a respeito dos vocábulos utilizados no texto. 01) Ao afirmar que o apartamento onde a filha mora é um “chiqueiro” (ref. 1), a mãe da narradora-personagem Malu emprega uma metáfora, utilizando o conhecimento extralinguístico que se tem de um curral de porcos. 02) Um recurso utilizado pela autora do texto consiste em utilizar substantivos com função de adjetivo, como em “pocilga” (ref.2), “o sem graça” (ref.3), “Palhaço” (ref.4). 04) Ao afirmar que “Morar longe de casa não tem sido exatamente o paraíso que eu imaginava” (ref.5), a narradora-personagem Malu utiliza o vocábulo “paraíso” no sentido de lugar ideal, de felicidade. 08) Os vocábulos “caos” (ref.6) e “zona” (ref.7) são utilizados pela narradora-personagem Malu com sentidos semelhantes. 16) Ao empregar o vocábulo “apertamento” (ref.8), a narradora-personagem Malu cria um novo vocábulo por meio da proximidade dos significados dos vocábulos “aperto” e “apartamento”.