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Uma história repleta de glórias
Uma história repleta de glórias
O primeiro escudo tricolor
Em 3 de fevereiro de 1914, onze garotos com idade entre 14 e 16 anos
resolveram fundar um espaço no futebol, que tanto amavam, onde
pudessem receber pessoas de diferentes etnias, credos e classes
sociais. À época o esporte dava os seus primeiros passos no Brasil,
ainda imerso em sua origem elitista pelas raízes britânicas, em uma
sociedade que há poucas décadas havia abolido a escravidão.
Assim nasceu o Santa Cruz Futebol Clube, em frente à igreja que lhe
cedeu o nome. O primeiro time de futebol a permitir a participação de
um negro, Teófilo Batista de Carvalho. O 'Lacraia' não só desenvolveu
o primeiro escudo do clube, como inaugurou um grito de resistência
que ecoa eternamente nos gramados nordestinos.
Primeiramente, o clube nasceu alvinegro, mas em 1915, com a criação
da Liga de Futebol do estado, tornou-se tricolor pelo fato do
Flamengo-PE já possuir tais cores. Assim, adicionando o vermelho,
passou a representar as três raças matrizes da sociedade brasileira,
o que foi fundamental para se firmar como o clube do povo.
O primeiro time do Santa Cruz
Foto: Acervo/Diario de Pernambuco
Igreja da Santa Cruz
Foto: Acervo/Jornal do Commercio
Troféu pela vitória sobre o Botafogo
Três vezes campeão do Rio de Janeiro, o Botafogo era uma
potência em 1919. Por isso, foi convidado para fazer uma
excursão e seis jogos em Recife. No primeiro, deixou claro
que não veio brincar: 6 x 1 no Sport. A invencibilidade,
porém, acabou quatro dias depois, quando foi derrotado
pelo Santa, com gol do artilheiro Tiano (Martiniano
Fernandes). Foi a primeira vitória de um time nordestino
sobre um do eixo Rio-São Paulo. A Comemoração chegou a
ofuscar um evento na cidade para receber o célebre
aeronauta Santos Dumont.
Faltavam 15 minutos para acabar a partida da 3ª rodada do
Campeonato Pernambucano e o placar era incontestável: o
América vencia por 5 x 1, quatro gols marcados no primeiro
tempo e um logo no início do segundo. A partir daí, os
atacantes Pitota e Anízio trocaram de posição e
enlouqueceram a defesa alviverde, fazendo seis gols na
maior virada da história do futebol pernambucano.
O primeiro título aconteceu em um turno
único de pontos corridos com
participação de 11 times. O Santa chegou
à rodada final invicto e já campeão, pois
não poderia ser alcançado pelo Náutico,
adversário do último jogo. As principais
estrelas desse título e dos próximos três
troféus conquistados eram Tará,
Sebastião da Virada, Valfrido e Sherlock.
Acervo/Diario de Pernambuco
Praticamente com o mesmo time que disputou a Copa do
Mundo da Itália, incluindo as estrelas Leônidas da Silva,
Waldemar de Brito e Patesko, a Seleção Brasileira fazia
uma excursão repleta de goleadas pelo Nordeste. Já havia
feito oito gols no Bahia e no Náutico, cinco no Sport e
também na Seleção de Pernambuco. Entrou em campo para
manter a escrita contra o Santa Cruz de João Martins, Zezé
Fernandes, Sebastião da Virada e Tará (maior artilheiro do
clube), mas, pela primeira vez na história, perdeu para um
time brasileiro. Os históricos gols corais foram marcados
por Zezé (2) e Sidinho.
Acervo/Diario de Pernambuco
O Santa Cruz foi 'nômade' e passeou por alguns bairros do
Recife. Enquanto jogava e treinava na Jaqueira, o clube
coral conseguiria seu espaço própria só na década de 1940.
Foi em um terreno ao lado da Estação do Arruda que o
Tabajaras (time que disputava o Campeonato Suburbano e
hoje extinto) inaugurou seu campo, em 5 de fevereiro de
1939. O adversário convidado? Sim, foi o Santa Cruz, que
venceu por 2 x 0. Depois de passar a treinar e jogar
pagando por aluguel, o Tricolor só viria a adquirir o Arruda,
de fato, com arrendamento a partir de 1943, comprando o
terreno em definitivo em 1954. O local, então, passou a ser
chamado de 'campo do Santa Cruz'.
Acervo/Diario de Pernambuco
Construir um estádio não é fácil, ainda mais um 'Colosso'. A
principal fonte de receita do clube coral sempre foi a sua
torcida e inúmeras foram as campanhas de arrecadação. A
principal, a folclórica 'Campanha do Tijolo', alcançou mais
de 50 mil tijolos só na primeira ação. Reza a lenda que
começaram a 'sumir' materiais nas construções e armazéns
das redondezas, mas era preciso bem mais para o estádio
sair do papel. Enfim, no dia 10 de agosto de 1971, O Rei Pelé
assinou como testemunha do empréstimo de 4,6 milhões de
cruzeiros. Montante que seria o suficiente para a conclusão
do estádio do Santa Cruz. E assim o Estádio José do Rego
Maciel foi oficialmente inaugurado no dia 4 de junho de
1972, num amistoso sem gols contra o Flamengo, diante de
mais de 62 mil pessoas.
Acervo/Diario de Pernambuco
foram exatos dez anos de jejum por um novo título, até o
Tricolor iniciar em 1969 a sua maior sequência de
conquistas na história do Campeonato Pernambucano, que
seria completa em 1973. Foi a época em que grandes
craques marcaram os seus nomes para sempre na história
do clube, como Givanildo Oliveira (atleta que mais atuou
pelo Tricolor com 599 jogos), Ramon, Betinho, Fernando
Santana, Luciano Veloso, entre outros ídolos marcantes.
01/03, Kuwait: Santa Cruz 5 x 1 Seleção do Kuwait
06/03, Kuwait: Santa Cruz 1 x 1 Seleção do Kuwait
08/03, Bahrein: Santa Cruz 3 x 0 Seleção do Bahrein
11/03, Catar: Santa Cruz 4 x 0 Seleção do Catar
13/03, Catar: Santa Cruz 4 x 1 Seleção do Catar
14/03, EAU: Santa Cruz 2 x 1 Seleção de Dubai
17/03, EAU: Santa Cruz 3 x 0 Seleção de Abu Dhabi
18/03, EAU: Santa Cruz 3 x 0 Al Ain
20/03, EAU: Santa Cruz 6 x 2 Nasser Sport Club
22/03, Árabia Saudita: Santa Cruz 3 x 0 Al-Hilal
30/03, Romênia: Santa Cruz 4 x 2 Seleção da Romênia
01/04, França: Santa Cruz 2 x 2 Paris Saint-Germain
Entre março e abril, o Tricolor realizou uma excursão fora
do país e retornou invicto após disputar 12 jogos. O último
deles aconteceu em 1 de abril, com empate em 2 x 2 com o
Paris Sanit-Germain. O feito rendeu ao Santa Cruz o título
de honra oferecido pela CBD aos clubes que realizavam tal
feito.
Depois de se classificar bem nas duas primeiras fases, o
Santa Cruz silenciou o Maracanã ao vencer e eliminar o
Flamengo de Zico, pelo Campeonato Brasileiro de 75. Os
jornais pelo Brasil inteiro reverenciaram o 'Terror do
Nordeste'. O time coral acabou perdendo a semifinal para o
Cruzeiro no Arruda por 3 x 2 e ficou com a 4ª colocação.
No dia 1º de agosto, foi
inaugurado o anel superior do
Arruda, elevando a
capacidade do estádio a
cerca de até 110.000 pessoas.
O maior público foi registrado
em 1993, quando 96.990
torcedores assistiram a Brasil
6 x 0 Bolívia, pelas
Eliminatórias da Copa do
Mundo em 1993
Quando três equipes diferentes
conquistavam um turno cada pelo
Pernambucano, um novo torneio
denominado Supercampeonato era
realizado para designar o campeão.
O Santa Cruz é o maior vencedor
sob esse formato, conquistando
três das cinco decisões, sendo o
único a participar de todas elas. O
Tricolor levantou as taças de 1957,
1976, e a última delas em 1983.
Um dos títulos mais
emocionantes do estado. O
Santa precisava vencer o
Náutico para levar a decisão
para uma prorrogação. Levou
um gol logo no primeiro
tempo e ainda viu o artilheiro
Washington ser expulso. A
virada veio quase no fim,
graças ao gol heroico de
Célio, que saiu do banco para
entrar na história do clube.
Depois de um ano conturbado, o rebaixamento era um risco.
Mas o Tricolor se recuperou e arrancou a oitava vaga na
última rodada da 1ª fase da Série B. No mata-mata, fez valer
o peso da camisa e eliminou o São Caetano, 'bicho-papão'
daquele ano. E no quadrangular final, superou Vila Nova e
Bahia, subindo como vice-campeão, ao lado do Goiás.
Um ano memorável para o Santa, que não perdeu um jogo
sequer no Arruda. Campeão Pernambucano levantando os
dois turnos, com direito a 13 vitórias seguidas, o Tricolor
voou alto também na Série B. Depois de liderar com folga a
primeira fase e também o primeiro quadrangular, se
superou com duas vitórias sobre o rival Náutico e garantiu
o acesso ao lado do Grêmio.
Na virada da década, o Santa Cruz reencontrou-se com a sua
história. Foram três títulos seguidos do Campeonato
Pernambucano, mesmo com os rivais disputando divisões
superiores, com orçamentos bem mais significativos. Mas o
Tricolor se reinventou, contando com um elenco de atletas
experientes, como Tiago Cardoso e Denis Marques, além de
pratas da casa, como Renatinho, Memo, Natan e Everton
Sena.
E no Brasileiro, ao lado de sua torcida, que emplacou
recordes de média de público em 2011, deixou a Série D com
um empate em 0 x 0 contra o Treze no Arruda. Mas a maior
emoção em 2013, quando o Tricolor conquistou o acesso de
volta à Série B, com gol emblemático e Flávio Caça-Rato. O
clube conquistaria o seu 1º título nacional naquela Série C.
Foram três rebaixamentos consecutivos, caindo da Série A
para a Série D, recém-criada à época. O Santa Cruz penou
durante cinco anos, no pior período de sua história. Porém
jamais foi abandonado pela sua torcida, a mais apaixonada
do Brasil.
Aldo Carneiro/Pernambuco Press
Mesmo conquistando o 4º
Estadual em cinco anos, o
Santa não começou bem a
Série B. Porém, a equipe se
recuperou, deixando a
assustadora zona de
rebaixamento, e partindo
para o vice-campeonato. A
arrancada final foi
fundamental para a
conquista, vencendo os seis
últimos jogos contra
Criciúma, Bahia, Oeste,
Botafogo, Mogi Mirim e
Vitória.
O início foi difícil e a classicação
para o mata-mata da Copa do
Nordeste foi no limite. Mas depois
da troca de comando técnico, o
time reencontrou a boa fase. Após
eliminar Ceará e Bahia com vitórias
no Castelão e na Fonte Nova.
Depois, dois jogos nervosos contra
o Campinense, com direito a uma
invasão da torcida tricolor a
Campina Grande, a Taça do
Nordestão enfim era da Nação
Coral.
Antônio Melcop/Santa Cruz
Antônio Melcop/Santa Cruz
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Uma história repleta de glórias e resistência do Santa Cruz

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  • 10.
  • 11. Uma história repleta de glórias Uma história repleta de glórias
  • 12. O primeiro escudo tricolor Em 3 de fevereiro de 1914, onze garotos com idade entre 14 e 16 anos resolveram fundar um espaço no futebol, que tanto amavam, onde pudessem receber pessoas de diferentes etnias, credos e classes sociais. À época o esporte dava os seus primeiros passos no Brasil, ainda imerso em sua origem elitista pelas raízes britânicas, em uma sociedade que há poucas décadas havia abolido a escravidão. Assim nasceu o Santa Cruz Futebol Clube, em frente à igreja que lhe cedeu o nome. O primeiro time de futebol a permitir a participação de um negro, Teófilo Batista de Carvalho. O 'Lacraia' não só desenvolveu o primeiro escudo do clube, como inaugurou um grito de resistência que ecoa eternamente nos gramados nordestinos. Primeiramente, o clube nasceu alvinegro, mas em 1915, com a criação da Liga de Futebol do estado, tornou-se tricolor pelo fato do Flamengo-PE já possuir tais cores. Assim, adicionando o vermelho, passou a representar as três raças matrizes da sociedade brasileira, o que foi fundamental para se firmar como o clube do povo. O primeiro time do Santa Cruz Foto: Acervo/Diario de Pernambuco Igreja da Santa Cruz Foto: Acervo/Jornal do Commercio
  • 13. Troféu pela vitória sobre o Botafogo Três vezes campeão do Rio de Janeiro, o Botafogo era uma potência em 1919. Por isso, foi convidado para fazer uma excursão e seis jogos em Recife. No primeiro, deixou claro que não veio brincar: 6 x 1 no Sport. A invencibilidade, porém, acabou quatro dias depois, quando foi derrotado pelo Santa, com gol do artilheiro Tiano (Martiniano Fernandes). Foi a primeira vitória de um time nordestino sobre um do eixo Rio-São Paulo. A Comemoração chegou a ofuscar um evento na cidade para receber o célebre aeronauta Santos Dumont. Faltavam 15 minutos para acabar a partida da 3ª rodada do Campeonato Pernambucano e o placar era incontestável: o América vencia por 5 x 1, quatro gols marcados no primeiro tempo e um logo no início do segundo. A partir daí, os atacantes Pitota e Anízio trocaram de posição e enlouqueceram a defesa alviverde, fazendo seis gols na maior virada da história do futebol pernambucano.
  • 14. O primeiro título aconteceu em um turno único de pontos corridos com participação de 11 times. O Santa chegou à rodada final invicto e já campeão, pois não poderia ser alcançado pelo Náutico, adversário do último jogo. As principais estrelas desse título e dos próximos três troféus conquistados eram Tará, Sebastião da Virada, Valfrido e Sherlock. Acervo/Diario de Pernambuco Praticamente com o mesmo time que disputou a Copa do Mundo da Itália, incluindo as estrelas Leônidas da Silva, Waldemar de Brito e Patesko, a Seleção Brasileira fazia uma excursão repleta de goleadas pelo Nordeste. Já havia feito oito gols no Bahia e no Náutico, cinco no Sport e também na Seleção de Pernambuco. Entrou em campo para manter a escrita contra o Santa Cruz de João Martins, Zezé Fernandes, Sebastião da Virada e Tará (maior artilheiro do clube), mas, pela primeira vez na história, perdeu para um time brasileiro. Os históricos gols corais foram marcados por Zezé (2) e Sidinho.
  • 15. Acervo/Diario de Pernambuco O Santa Cruz foi 'nômade' e passeou por alguns bairros do Recife. Enquanto jogava e treinava na Jaqueira, o clube coral conseguiria seu espaço própria só na década de 1940. Foi em um terreno ao lado da Estação do Arruda que o Tabajaras (time que disputava o Campeonato Suburbano e hoje extinto) inaugurou seu campo, em 5 de fevereiro de 1939. O adversário convidado? Sim, foi o Santa Cruz, que venceu por 2 x 0. Depois de passar a treinar e jogar pagando por aluguel, o Tricolor só viria a adquirir o Arruda, de fato, com arrendamento a partir de 1943, comprando o terreno em definitivo em 1954. O local, então, passou a ser chamado de 'campo do Santa Cruz'.
  • 16. Acervo/Diario de Pernambuco Construir um estádio não é fácil, ainda mais um 'Colosso'. A principal fonte de receita do clube coral sempre foi a sua torcida e inúmeras foram as campanhas de arrecadação. A principal, a folclórica 'Campanha do Tijolo', alcançou mais de 50 mil tijolos só na primeira ação. Reza a lenda que começaram a 'sumir' materiais nas construções e armazéns das redondezas, mas era preciso bem mais para o estádio sair do papel. Enfim, no dia 10 de agosto de 1971, O Rei Pelé assinou como testemunha do empréstimo de 4,6 milhões de cruzeiros. Montante que seria o suficiente para a conclusão do estádio do Santa Cruz. E assim o Estádio José do Rego Maciel foi oficialmente inaugurado no dia 4 de junho de 1972, num amistoso sem gols contra o Flamengo, diante de mais de 62 mil pessoas.
  • 17. Acervo/Diario de Pernambuco foram exatos dez anos de jejum por um novo título, até o Tricolor iniciar em 1969 a sua maior sequência de conquistas na história do Campeonato Pernambucano, que seria completa em 1973. Foi a época em que grandes craques marcaram os seus nomes para sempre na história do clube, como Givanildo Oliveira (atleta que mais atuou pelo Tricolor com 599 jogos), Ramon, Betinho, Fernando Santana, Luciano Veloso, entre outros ídolos marcantes.
  • 18. 01/03, Kuwait: Santa Cruz 5 x 1 Seleção do Kuwait 06/03, Kuwait: Santa Cruz 1 x 1 Seleção do Kuwait 08/03, Bahrein: Santa Cruz 3 x 0 Seleção do Bahrein 11/03, Catar: Santa Cruz 4 x 0 Seleção do Catar 13/03, Catar: Santa Cruz 4 x 1 Seleção do Catar 14/03, EAU: Santa Cruz 2 x 1 Seleção de Dubai 17/03, EAU: Santa Cruz 3 x 0 Seleção de Abu Dhabi 18/03, EAU: Santa Cruz 3 x 0 Al Ain 20/03, EAU: Santa Cruz 6 x 2 Nasser Sport Club 22/03, Árabia Saudita: Santa Cruz 3 x 0 Al-Hilal 30/03, Romênia: Santa Cruz 4 x 2 Seleção da Romênia 01/04, França: Santa Cruz 2 x 2 Paris Saint-Germain Entre março e abril, o Tricolor realizou uma excursão fora do país e retornou invicto após disputar 12 jogos. O último deles aconteceu em 1 de abril, com empate em 2 x 2 com o Paris Sanit-Germain. O feito rendeu ao Santa Cruz o título de honra oferecido pela CBD aos clubes que realizavam tal feito. Depois de se classificar bem nas duas primeiras fases, o Santa Cruz silenciou o Maracanã ao vencer e eliminar o Flamengo de Zico, pelo Campeonato Brasileiro de 75. Os jornais pelo Brasil inteiro reverenciaram o 'Terror do Nordeste'. O time coral acabou perdendo a semifinal para o Cruzeiro no Arruda por 3 x 2 e ficou com a 4ª colocação.
  • 19. No dia 1º de agosto, foi inaugurado o anel superior do Arruda, elevando a capacidade do estádio a cerca de até 110.000 pessoas. O maior público foi registrado em 1993, quando 96.990 torcedores assistiram a Brasil 6 x 0 Bolívia, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo em 1993 Quando três equipes diferentes conquistavam um turno cada pelo Pernambucano, um novo torneio denominado Supercampeonato era realizado para designar o campeão. O Santa Cruz é o maior vencedor sob esse formato, conquistando três das cinco decisões, sendo o único a participar de todas elas. O Tricolor levantou as taças de 1957, 1976, e a última delas em 1983.
  • 20. Um dos títulos mais emocionantes do estado. O Santa precisava vencer o Náutico para levar a decisão para uma prorrogação. Levou um gol logo no primeiro tempo e ainda viu o artilheiro Washington ser expulso. A virada veio quase no fim, graças ao gol heroico de Célio, que saiu do banco para entrar na história do clube. Depois de um ano conturbado, o rebaixamento era um risco. Mas o Tricolor se recuperou e arrancou a oitava vaga na última rodada da 1ª fase da Série B. No mata-mata, fez valer o peso da camisa e eliminou o São Caetano, 'bicho-papão' daquele ano. E no quadrangular final, superou Vila Nova e Bahia, subindo como vice-campeão, ao lado do Goiás. Um ano memorável para o Santa, que não perdeu um jogo sequer no Arruda. Campeão Pernambucano levantando os dois turnos, com direito a 13 vitórias seguidas, o Tricolor voou alto também na Série B. Depois de liderar com folga a primeira fase e também o primeiro quadrangular, se superou com duas vitórias sobre o rival Náutico e garantiu o acesso ao lado do Grêmio.
  • 21. Na virada da década, o Santa Cruz reencontrou-se com a sua história. Foram três títulos seguidos do Campeonato Pernambucano, mesmo com os rivais disputando divisões superiores, com orçamentos bem mais significativos. Mas o Tricolor se reinventou, contando com um elenco de atletas experientes, como Tiago Cardoso e Denis Marques, além de pratas da casa, como Renatinho, Memo, Natan e Everton Sena. E no Brasileiro, ao lado de sua torcida, que emplacou recordes de média de público em 2011, deixou a Série D com um empate em 0 x 0 contra o Treze no Arruda. Mas a maior emoção em 2013, quando o Tricolor conquistou o acesso de volta à Série B, com gol emblemático e Flávio Caça-Rato. O clube conquistaria o seu 1º título nacional naquela Série C. Foram três rebaixamentos consecutivos, caindo da Série A para a Série D, recém-criada à época. O Santa Cruz penou durante cinco anos, no pior período de sua história. Porém jamais foi abandonado pela sua torcida, a mais apaixonada do Brasil. Aldo Carneiro/Pernambuco Press
  • 22. Mesmo conquistando o 4º Estadual em cinco anos, o Santa não começou bem a Série B. Porém, a equipe se recuperou, deixando a assustadora zona de rebaixamento, e partindo para o vice-campeonato. A arrancada final foi fundamental para a conquista, vencendo os seis últimos jogos contra Criciúma, Bahia, Oeste, Botafogo, Mogi Mirim e Vitória. O início foi difícil e a classicação para o mata-mata da Copa do Nordeste foi no limite. Mas depois da troca de comando técnico, o time reencontrou a boa fase. Após eliminar Ceará e Bahia com vitórias no Castelão e na Fonte Nova. Depois, dois jogos nervosos contra o Campinense, com direito a uma invasão da torcida tricolor a Campina Grande, a Taça do Nordestão enfim era da Nação Coral. Antônio Melcop/Santa Cruz Antônio Melcop/Santa Cruz