2. Introdução
Professor(a), em seu trabalho diário com as
crianças, você deve sempre se perguntar:
- Como elas aprendem?
- Quais são as melhores intervenções para que elas
ampliem seus conhecimentos?
- Que práticas são as mais adequadas para que elas
aprendam?
3. Introdução
Há tanto para saber neste mundo! Matemática,
Linguagem... e tantos outros saberes.
O papel da escola é, sobretudo, ampliar a
sociabilidade das crianças, contribuindo para que
sejam pessoas ativas, falantes, que expressem suas
opiniões e que elaborem intervenções na
realidade, no sentido de transformá-la.
4. Introdução
Hoje, estudos e pesquisas apontam que o
desenvolvimento humano se dá como um
processo de apropriação da experiência
histórico-social pelo homem.
Mas,nem sempre foi assim. Essa visão é
resultado da evolução de várias teorias.
5. Teoria InatistaTeoria Inatista
Você já ouviu algumas destas frases:
“Filho de peixe, peixinho é.”
“Pau que nasce torto,
morre torto.”
“Quem nasceu para
burro nunca chega
para cavalo”
6. Seu precursor foi o Filósofo Platão.
Para ele o indivíduo nasce com cargas genéticas
isto é , com conhecimentos prévios como:
aptidões, conceitos,habilidades,conhecimentos e
qualidades.
Teoria InatistaTeoria Inatista
7. O Desenvolvimento na visãoO Desenvolvimento na visão
inatistainatista
Os fatores hereditários são preponderantes para
o desenvolvimento da criança;
A experiência e a aprendizagem são deixadas em
segundo plano;
A inteligência e as aptidões individuais são
herdadas dos pais e estaria prédeterminada no
nascimento.
8. Consequências da Teoria
Inatista para a prática escolar
Segundo esta teoria a escola não tem muito o que fazer, já
que o aprendizado vai depender dos traços que de
comportamento que a criança traz quando nasce.
As características individuais da criança como agressividade,
sensibilidade ou dificuldade de aprendizagem, por exemplo,
são vistas como traços inatos, que não poderão ser
modificados pela educação escolar.
A aprendizagem da criança dependia de seus dons. Se ela
não herdou o dom , nunca vai aprender, seria incapaz de
aprender.
9. Professor(a), em sua prática, você pode perceber
que não é assim que acontece. Embora
as crianças possam aprender de formas diferentes,
todas são capazes de aprender
10. Atividade 1
Você em seu cotidiano ou na sua vida escolar, encontra ou
encontrou alguma situação, ou até mesmos outras frases
que nos remetam a essa teoria? Você pode descrevê-las.
11. Teoria AmbientalistaTeoria Ambientalista
Você já ouviu essas frases:
O desenvolvimento do ser humano depende
principalmente do seu ambiente, dos estímulos do meio
em que ele vive, das experiências pelas quais ele passa.
12. O desenvolvimento do ponto
de vista da teoria
comportamentalista
O homem nasce como uma folha em branco
O ambiente e as experiências são fatores determinantes
do comportamento humano;
A criança nasce sem características psicológicas, seria
como uma massa a ser modelada, estimulada e corrigida
pelo meio em que vive.
O desenvolvimento seria resultado das múltiplas
aprendizagens acumuladas durante a vida;
13. O desenvolvimento do ponto
de vista da teoria
comportamentalista
O professor é quem detém o saber, a verdade.
O saber está com o(a) professor(a) e, portanto, ele(a)
precisa transmitir o conhecimento para a criança, que
recebe de forma passiva.
O aprendizado é obtido por meio da cópia , seguido de
memorização.(Prática –quando se tornam hábitos).
Educar alguém seria moldar o seu comportamento, seu
caráter, seu conhecimento, dando à criança tudo aquilo que
ela não tem.
14. Teoria Ambientalista acredita que a criança aprende
através de TREINAMENTO.
A prática pedagógica estaria voltada para aquisição de
determinados CONHECIMENTOS E VALORES PRÉ-
ESTABELECIDOS.
O papel do(a) professor(a) seria ESTIMULAR A
CRIANÇA a responder aquilo que ele está pedindo,
SEM QUESTIONAMENTO.
Essa teoria acredita que o meio é responsável pela
formação do sujeito, sendo o ADULTO QUEM VAI
CONTROLAR tudo o que a criança deve aprender.
Através de TESTES, É AVALIADO se a criança
absorveu a informação corretamente
15. Consequência para a Educação:
- Organização das atividades através de pequenos passos;
- O reforço dado pelas notas;
- Distribuição de prêmios para os alunos exemplares.
- O professor é o detentor absoluto do conteúdo e pode
programa-lo;
- O aluno é passivo;.
16. Atividade 2
Ao descrever o seu trabalho, uma professora diz:
– As crianças são como uma tela em branco. Nós,
professores(as), temos as tintas e os pincéis, e depende de
nós o quadro que será pintado nessa tela.
Que relações podemos fazer entre este exemplo e a Teoria
Ambientalista?
17. Atividade 2
Ao descrever o seu trabalho, uma professora diz:
– As crianças são como uma tela em branco. Nós,
professores(as), temos as tintas e os pincéis, e depende de
nós o quadro que será pintado nessa tela.
Que relações podemos fazer entre este exemplo e a Teoria
Ambientalista?
A Teoria Ambientalista não foi suficiente para explicar o
desenvolvimento humano porque, ao considerar a criança como
passiva, podendo ser controlada ou manipulada pela situação,
desconsiderava sua capacidade de compreender, raciocinar, contestar,
deduzir, fantasiar, ter desejos, imaginar etc.
18. Teoria Interacionista
Valoriza a experiência.
Acredita que através dela a criança aprende a olhar as
situações de diferentes perspectivas.
Através da experiência a criança aprende a ir em frente na
busca por certos objetivos, considera a resposta do outro,
das pessoas com as quais interage, adulto ou criança, que
indicam sua posição ou ponto de vista.
19. Os interacionistas não concordam:
com os inatistas porque estes desprezam o papel do
ambiente.
com os ambientalistas porque estes ignoram fatores
maturacionais.
Os interacionistas levam em conta tanto os aspectos
inatos quanto influências do ambiente no desenvolvimento
humano.
Para os interacionistas, é através da interação com outras
pessoas mais experientes que a criança vai construindo
suas características (sua maneira de pensar, sentir e
agir) e sua visão de mundo (seu conhecimento).
20. Atividade 3
Que relações podemos fazer entre a história “Pedro e Tina”
e o que estudamos sobre a Teoria Interacionista?
21. Atividade 3
Que relações podemos fazer entre a história “Pedro e Tina”
e o que estudamos sobre a Teoria Interacionista?
Na história “Pedro e Tina”escrita por Stephen Michael King
encontramos um exemplo clássico da teoria interacionista.
A troca de experiências das duas crianças resultou em uma
construção do desenvolvimento de cada uma.
22. Teoria InteracionistaTeoria Interacionista
ConstrutivistaConstrutivista
O estudioso Jean Piaget, tentando entender como a
criança aprende, pesquisou como se desenvolve o
pensamento humano desde o nascimento da criança até a
adolescência.
Em suas pesquisas na área da Psicologia, Piaget buscava
responder a seguinte questão:
Como as pessoas passam de um estado de menorComo as pessoas passam de um estado de menor
conhecimento para um estado de maior conhecimento?conhecimento para um estado de maior conhecimento?
23. Piaget estudou como :
Nasce o PENSAMENTO
ABSTRATO:
um conhecimento
independente da ação do
homem sobre os objetos
como é gerado o
CONHECIMENTO LÓGICO,
mental.
Este projeto de estudo piagetiano é denominado
epistemologia genética
.
25. O conhecimento não está pronto antes da relação do homem com
o meio, mas é construído nessa relação.
Por isso, sua teoria é denominada Construtivismo
26. CONCEITOS BÁSICOS DA
EPISTEMOLOGIA
GENÉTICA
Piaget apoia sua teoria em três grandes eixos:
o processo de conhecimento e os objetos a serem
conhecidos adaptam-se uns aos outros;
O conhecimento é fruto de um processo de construção;
O conhecimento nasce e é elaborado através dos
interações que o sujeito estabelece com o meio.
Esses eixos nos mostram que o ato de conhecer é
construído e estruturado a partir daquilo que se vivencia
com os objetos de conhecimento.
27. Mas de que maneira os objetos presentes no mundo podem ser
conhecidos? Para Piaget, isto ocorre através da ação do sujeito.
Essa ação procura fazer com que o sujeito se adapte ao meio
através de dois processos, chamados por ele de assimilação e
acomodação.
28. ADAPTAÇÃO
ASSIMILAÇÃO + ACOMODAÇÃO
ASSIMILAÇÃO
O sujeito procura conhecer o
objeto, trazendo-o para dentro de
seus referenciais e usando
competências que já possui, ainda
que sejam insuficientes para
responder ou “dar conta” da
situação nova.
é o movimento de buscar
incorporar o objeto novo às
estruturas de conhecimento
ACOMODAÇÃO
Quando o sujeito se modifica em
função do movimento assimilador,
tendo em vista superar o desafio
que o novo objeto traz.
É a mudança nessas estruturas
decorrente da tentativa de
assimilar o novo
29. Para Piaget, a relação do sujeito com os objetos do mundo
físico é uma relação de equilibração
Isto quer dizer que o processo de conhecer tem início com
o desequilíbrio entre o sujeito e a sua realidade.
Os objetos apresentam um problema ou desafio para o
sujeito, gerando um desequilíbrio.
Este desequilíbrio leva o sujeito a agir sobre o objeto
com o propósito de restabelecer o equilíbrio.
30. Piaget elaborou um modelo explicativo para o surgimento do
pensamento no início da vida do ser humano. Sua observação partiu
dos comportamentos reflexos.
Os reflexos possibilitam uma primeira adaptação do bebê ao
ambiente em que vive. É através deles que as crianças assimilam
objetos do cotidiano, como a mamadeira, o seio materno, os bichinhos
de pelúcia etc.
Esse contato com o meio vai transformando os reflexos, dando origem
aos esquemas de ação puxar, pegar, sugar, empurrar, etc.
É por meio da exploração ativa da criança em seu meio que o
desenvolvimento cognitivo tem início
31. os fatores que impulsionam o desenvolvimento segundo a teoria
piagetiana são:
Maturação orgânica: condição imprescindível porque permite o
aparecimento de novas condutas durante o desenvolvimento.
A experiência: A experiência física com os objetos nos permite obter
informações de suas propriedades
Transmissão social – as informações que nos são passadas por
diversos meios contribuem para modificar nossos esquemas,
permitindo que avancemos em nosso desenvolvimento intelectual.
Processo de equilibração – é o fator determinante que permite
explicar o desenvolvimento intelectual. Todos nós temos uma
tendência a buscar o equilíbrio nas trocas que fazemos com o meio
32. Desenvolvimento das
estruturas cognitivas
Para Piaget, o desenvolvimento humano se caracteriza por
uma série de equilibrações sucessivas que nos levam a
maneiras de pensar e agir cada vez mais complexas.
Esse processo apresenta estágios ou períodos que se
definem pela organização de uma estrutura e que se
sucedem em uma ordem fixa, de maneira que um estágio
sempre é integrado ao seguinte.
33. 1º PERÍODO – SENSÓRIO-MOTOR ( do nascimento até aproximadamente 2 nos)1º PERÍODO – SENSÓRIO-MOTOR ( do nascimento até aproximadamente 2 nos)
- período da inteligência prática, anterior à linguagem.
- Caracteriza-se pela ação do sujeito sobre o meio (primeira ação para o próprio corpo e
depois para os objetos), tendo como recursos as sensações e os movimentos.
- O mundo é algo a experimentar e conhecer através dos órgãos do sentido e das ações
físicas/corporais sobre os objetos.
- não há representações, ou seja, imagens mentais das coisas que cercam a criança.
- A criança está presa à experiência imediata, a presença física dos objetos,
- Os modos de agir que se desenvolvem são todos esquemas de ação: olhar, agarrar,
morder, e assim por diante.
- predomina a assimilação
34. 2º PERÍODO – PRÉ-POPERATÓRIO (aproximadamente entre 2 e 7 anos)
- caracteriza-se pelo aparecimento das primeiras representações/imagens mentais;
- é nesse período que tem início o processo de socialização da criança e a linguagem;
- a linguagem oral progride
- Entre 3 e 6 anos, mais ou menos, os antigos esquemas de ação são transformados em
esquemas representativos,
- - tem início a atividade simbólica, que se caracteriza pela capacidade da criança de tornar
presentes objetos e pessoas ausentes, através da imitação e do faz de conta.
- a lógica das percepções predomina sobre as operações mentais e a lógica mental nas crianças
de até 7 anos.
35. 3º PERÍODO – OPERATÓRIO-CONCRETO (aproximadamente entre 7 e
11 anos)
- As operações lógicas são ações mentais que possibilitam as crianças
fazer constatações e construir explicações.
- Essas ações são regidas por regras, como é o caso da reversibilidade,
que é a capacidade de fazer o movimento inverso, voltando ao ponto de
partida.
- Essa capacidade marca a entrada da criança no período das operações
concretas.
- A percepção passa a ser regida pela lógica.
36. 4º PERÍODO – OPERAÇÕES FORMAIS (a partir dos 12 anos)
- É somente a partir da adolescência que o ser humano adquire a
capacidade de pensar sobre os conceitos abstratos.
- as operações lógicas agora são aplicadas a hipóteses formuladas em
palavras.
- O adolescente não tem a necessidade de estar diante dos objetos
concretos para pensar sobre a realidade.
- Outra caraterística da adolescência é a metacognicação, ou seja,
capacidade de fazer uma reflexão sobre a capacidade de refletir.
37. As implicações das
descobertas de Jean Piaget
na sala de aula
- Revolucionou a noção de sujeito e aprendiz;
- Mostrou a importância da criança e do adolescente para
que haja construção do conhecimento;
- Mudou o modo de pensar e de fazer escola;
- Problematizou a questão do erro e do acerto;
- Mostrou que a escola é o lugar de aprender a perguntar
sobre os mistérios do mundo
38. - Trouxe consequências para a organização e planejamento das atividades escolares:
1) Os conceitos tem gênese, apropriá-los requer um longo processo que envolve a
ação dos sujeitos e tempo de elaboração.
2) O conhecimento é construído e, essa construção se dá no encontro com a
herança genética e com o meio.
3) Nem todo erro é igual:
- Erro comum (falta de informação)
- Erro construtivo (o próprio erro é fonte de construção de conhecimento) . Ele
mostra que a criança está seguindo suas próprias concepções a respeito da
realidade. É o esforço que esta faz para aprender.
O erro faz parte da aprendizagem e do desenvolvimento cognitivo.
39.
40. 4) A fala e a escrita são processos indispensáveis na construção o
conhecimento;
5) O aluno precisa ser imerso no conhecimento e não apenas repetir o
professor tem a dizer.
41. Atividade 4
Você seria capaz de identificar, em sua prática, um erro
construtivo? Tente descrevê-lo e explicar por que você o
considera um “erro construtivo”.
42. Teoria Sócio-Interacionista
Tem como principal representante Lev Vygotsky
Vygotsky, em suas pesquisas na área da Psicologia,
buscava compreender como o sujeito torna-se capaz de
produzir símbolos, ou seja, a linguagem, que lhe permite
organizar-se na realidade e comunicar-se.
Desde seu nascimento, a partir de suas relações com o
outro, a criança vai se apropriando das significações
socialmente construídas.
43. Teoria Sócio-Interacionista
Aprendemos a ser homens fazendo parte de uma cultura
humana.
Consideram o ser humano como o resultado de uma
tensão permanente entre o que eles chamaram de linha de
desenvolvimento biológico, e linha de desenvolvimento
cultural.
O desenvolvimento biológico diz respeito a nossa herança
natural. Viemos ao mundo dotados de funções mentais
elementares.
44. Em um nível elementar, as funções mentais operam de forma
espontânea, sem intencionalidade e controle da vontade da
criança, como a memória, a inteligência prática, a percepção, a
atenção são exemplos dessas funções.
No curso do desenvolvimento, através da interação que o
sujeito tem com seu meio de cultura, essas funções vão
amadurecendo e se transformando em funções superiores.
Essas funções são processos psicológicos usados
intencionalmente, por todo ser humano, para desenvolver-se.
45. As ferramentas utilizadas no processo de mediação são os
instrumentos e os signos.
Instrumentos são criações humanas que auxiliam no processo
de significação do meio de cultura, assim como potencializam
as ações humanas em todos os momentos de nossa vida.
Exemplo: A enxada, o arado, as máquinas.
Signos são instrumentos internos, que servem para nos
comunicarmos uns com os outros, assim como para
categorizarmos e organizarmos o mundo. Exemplo: A
linguagem falada, os gestos, a escrita, a linguagem matemática.
46. Atividade 5
Analise essa história da Menina Lobo tomando como
referencial a discussão feita por Vygotsky sobre as relações
entre o desenvolvimento biológico e histórico-cultural.
47. Atividade
Analise essa história da Menina Lobo tomando como
referencial a discussão feita por Vygotsky sobre as relações
entre o desenvolvimento biológico e histórico-cultural.
O desenvolvimento é entendido por Vygotsky como um
processo de internalização dos modos de pensar e agir de
uma determinada cultura.
As aptidões biológicas estavam presentes na menina lobo,
mas, não foram desenvolvidas
48. .
A internalização é um processo pelo qual o que está externo ao
indivíduo (ações, reflexões), entre as pessoas (em um nível
interpsicológico), se transforma em algo interno (conceitos,
compreensão de si e do mundo), dentro da pessoa (em um
nível intrapsicológico).
Vygotsky instituiu dois níveis de desenvolvimento:
- O nível de desenvolvimento real, que são aquelas atividades
ou tarefas que a pessoa é capaz de realizar sozinha;
- O nível de desenvolvimento potencial, que são aquelas
atividades ou tarefas que a pessoa é capaz de realizar com a
ajuda de alguém mais experiente.
49. Vygotsky ressalta que a distância entre o nível real e o
potencial configura a zona de desenvolvimento proximal (onde
ocorrem as aprendizagens).
O que a criança hoje faz com ajuda, amanhã fará sozinha.
A aprendizagem precede e impulsiona o desenvolvimento,
criando o que ele denominou de zona de desenvolvimento
proximal, que seria a distância entre o que a criança pode fazer
sozinha e o que faz com a ajuda de outra pessoa.
50. Vygotsky não sugere estágios ou etapas através dos quais a
criança vai progredindo.
Seu olhar para o desenvolvimento não obedece a uma linha
reta
A criança é um ser social desde que nasce e, ao longo do
desenvolvimento.
Para nós, professores(as), o grande valor dos conceitos de
Vygotsky está nas interações sociais. A valorização das trocas
entre as crianças de um grupo e de grupos diferentes (de
diferentes idades e momentos evolutivos) serve como
incentivo no desenvolvimento de cada uma.
51. Teoria do desenvolvimentoTeoria do desenvolvimento
de Henry Wallonde Henry Wallon
Wallom buscava compreender a base orgânica e cerebral
das funções psíquicas que investigava. Interessava a ele
saber onde se localizava na mente material, no cérebro,
funções tais como a memória, a afetividade, o
comportamento social.
52. Segundo Wallon, para a compreensão do desenvolvimento infantil não bastam os
dados fornecidos pela psicologia genética.
É preciso recorrer a dados provenientes de outros campos de conhecimento como a
neurologia, psicopatologia, antropologia e a psicologia infantil, campos estes de
comparação, privilegiados por ele.
É por meio da emoção que se estabelecem as relações entre o organismo e o meio.
O componente orgânico depende do meio social para ser atendido em suas
necessidades de sobrevivência.
A emoção é orgânica, significa que é a primeira manifestação do psiquismo, que vai
realizar “a transição entre o estado orgânico do ser e a sua etapa cognitiva,
racional, que só pode ser atingida através da mediação cultural, isto é social”
53. A partir das ideias elaboradas por Wallon, podemos entender
que, na base orgânica do corpo humano, o Sistema Nervoso, as
conexões cerebrais modificam-se à medida que o ser humano
relaciona-se socialmente.
propôs três centros que se entrelaçam diferentemente ao
longo do desenvolvimento da criança: a afetividade, a
motricidade e a cognição
Considerava que a escola deveria perceber a criança como um
ser total, concreto e ativo e de manter-se em contato com o
meio social.
54. Estágios do Desenvolvimento Mental
1º Estágio - Impulsivo-emocional (até 2 anos)
Num período inicial do desenvolvimento no recém-nascido,
predomina a afetividade (a inteligência ou cognição não se
separa da afetividade).
a afetividade, isto é, a possibilidade de afetar e ser afetado nas
relações, predomina nesse momento.
Nesse processo, Wallon reconhece algo como um “diálogo
tônico”, ou seja, uma espécie de conversa entre o bebê e o
adulto por intermédio não só das palavras, mas do tônus
corporal, da expressão facial, dos gestos, do contato físico
55. Estágios do Desenvolvimento Mental
1º Estágio - Impulsivo-emocional (até 2 anos)
o bebê não discrimina o que é ele e o que é o mundo, a mãe, os
objetos. Aos poucos, mergulhado nas interações sociais, vai
surgindo uma diferenciação. Quando o adulto se relaciona com o
bebê dizendo “você é esse”, quando brinca de sumir e
reaparecer atrás de um pano, quando nomeia as coisas e ações
do bebê, quando o toca, olha e sorri, contribui na sua
discriminação naquela realidade – o que é o bebê, o que é o
mundo (objetos, mãe, pai etc.)
56. 2º Estágio -Sensório-motor e projetivo: vai até os 3 anos.
O deslocamento do corpo no espaço com cada vez mais
desenvoltura e segurança, gera o ato mental.
As primeiras ideias mentais das crianças nascem em seus
movimentos.
a intensa motricidade vai sendo inibida pelo ato mental, pelo
funcionamento cognitivo. Na verdade, o ato interioriza-se, desloca-
se de fora, do motor, ligado aos objetos físicos, para o mental,
ligado à atividade interna da criança.
Ocorre o desenvolvimento da função simbólica e da linguagem. O
termo projetivo refere-se ao fato da ação do pensamento precisar
dos gestos para se exteriorizar.
O ato mental "projeta-se" em atos motores.
57. 3º Estágio - Personalismo: dos 3 aos 6 anos.
Desenvolve-se a construção da consciência de si mediante as
interações sociais, reorientando o interesse das crianças pelas
pessoas;
◦ Construção da consciência de si pela interação social (é a
diferenciação psíquica da criança em relação ao outro);
◦ Necessidade de manifestação expressiva (espaço e permissão
para a ação);
◦ A criança já se auto denomina “eu”, “mim”;
◦ Marcada por 3 fases:
Oposição - A criança precisa se opor ao outro para demarcar
seu espaço, em busca da afirmação de si.
Sedução - criança sente necessidade de ser admirada
Imitação - criança busca incorporar o outro imitando-o
58. 4º Estágio - Categorial: (6-11 anos) cognitivo – construção do real
Os progressos intelectuais dirigem o interesse da criança para as
coisas, para o conhecimento e conquista do mundo exterior;
◦ Pensamento pré-categorial até os 9-10 anos;
◦ Capacidade de autodisciplina mental (atenção);
◦ Inteligência discursiva;
◦ A formação de categorias intelectuais possibilita à criança a
identificação, a análise, a definição e a classificação dos
objetos ou acontecimentos .
◦ Aquisição da capacidade conceitual.
59. 5º Estágio - Predominância funcional: Adolescência (11-12
anos) afetivo – construção de si
◦Ocorrência de modificações fisiológicas impostas pelo
amadurecimento sexual;
◦Necessidade de reorganização do esquema corporal;
◦Nova definição dos contornos da personalidade;
◦Envolve questões pessoais, morais e existenciais.
60. A Emoção na teoria de Wallon
A afetividade precede nitidamente o aparecimento das condutas
cognitivas e as possibilita, daí a afirmação de que estimular a
afetividade é nutrir a inteligência;
A emoção, tipo particular de manifestação afetiva, é o primeiro
recurso de que o ser humano dispõe para comunicar-se e
interagir com o outro;
As emoções são expressivas e contagiosas;
As emoções são antagônicas às atividades reflexivas: “A razão
nasce da emoção e sobrevive de sua morte”
61. O Movimento na teoria de Wallon
As necessidades de movimento, e as necessidades posturais são
imprescindíveis ao desenvolvimento infantil;
“Quem sustenta o pensamento no início é a motricidade, que
será depois inibida por ele.” (DANTAS, 1990);
A redução da motricidade exterior e o progressivo ajustamento
do movimento ao mundo físico está ligada, também, à
possibilidade de controle voluntário sobre o ato motor.
O controle da criança sobre suas próprias ações, o que Wallon
denominou de “autodisciplinas mentais”, é um processo lento e
gradual que depende de fatores orgânicos e sociais.
62. Contribuições da teoria de Wallon na Educação
O meio, que inclui os objetos físicos e as relações
humanas, é de extrema importância para o
desenvolvimento da pessoa.
O papel do outro na construção do conhecimento é
indiscutível. Dessa forma, as interações da criança
com a professora e com as outras crianças tornam-se
condição para a construção não só de conhecimentos,
mas da sua personalidade como um todo.
63. O professor deixa de ser o agente exclusivo de informação e
formação das crianças, uma vez que a interação com as outras
crianças também assume um papel fundamental no
desenvolvimento e aprendizagem de cada uma delas. Seu papel,
contudo, é de extrema importância já que é ele quem irá
possibilitar e mediar as interações das crianças entre si e delas
com os objetos de conhecimento;
A prática pedagógica precisa ser pautada nas necessidades das
crianças como um todo e promover o seu desenvolvimento em
todos os aspectos: afetivo, cognitivo e motor.
64. Atividade 6
Na leitura do texto “Menino a bico de pena” de Clarice
Lispector, que relações podemos fazer com o que Wallon
fala sobre o processo de diferenciação da criança? Nestas
cenas do conto, como o bebê vai reconhecendo a si
mesmo e o mundo em volta?