LISTA DE EXERCICIOS envolveto grandezas e medidas e notação cientifica 1 ANO ...
Carta do leitor - Conteúdo para o 4ª/3ª
1. Conteúdo para o 4ª/3ª - Cirlene Mendes - 2ª bimestre.
Cartas do leitor
A carta do leitor, como o próprio nome expõe, é escrita pelo leitor de uma revista ou jornal. Em geral, as
cartas do leitor têm várias finalidades, dentre elas: elogiar a publicação, a matéria ou até mesmo o jornalista
pela qualidade ou pela abordagem do assunto expressando aprovação aos fatos e ideias mencionadas; criticar
a publicação ou o jornalista pela qualidade ou pela abordagem do assunto da matéria ou da reportagem;
discordar dos fatos ou das ideias defendidas em um texto publicado na revista ou no jornal.
Ao escrever a carta do leitor, o leitor deve defender suas ideias por meio de argumentos, portanto, o
argumento é o sustento dessas cartas que objetivam convencer sobre sua opinião. Normalmente, as revistas e
jornais de grande circulação têm uma seção exclusiva para a publicação das cartas dos leitores.
A revista ao disponibilizar espaço para essa publicação espera que outros leitores sejam incentivados a
escrever para a revista ou jornal, assim, os editores desses suportes podem inteirar-se do que agrada ou não
seus leitores, fato que pode lhes auxiliar nas futuras publicações.
A carta do leitor é escrita para ser publicada e tem como público-alvo, inicialmente, os editores da revista ou
do jornal, o jornalista responsável pela matéria sobre a qual se opina e, por fim, os demais leitores.
A fim de esclarecimento, observe as cartas dos leitores abaixo:
Parabéns para a revista pela matéria sobre os pedidos de “última refeição” dos condenados à
morte. Achei muito interessante, respeitosa até, a maneira como a revista abordou o assunto.
Mas fiquei surpreso com a generosidade do condenado Philip Workman, além de achar uma
crueldade não terem atendido seu último pedido. O homem era um assassino condenado,
mas tentou realizar um último ato de bondade antes de morrer e não foi atendido. Acho que
todos deveriam ter o direito de tentar se redimir e acalmar um pouco a consciência. Pelo
menos o gesto inspirador dele motivou outras pessoas a realizarem seu desejo. Só a Mundo
Estranhopara trazer matérias tão interessantes sobre assuntos que ninguém merece!
Parabéns, pessoal.
George Andrade, por e-mail.
Pisou na bola
Muito fraca a reportagem sobre personalidade. Achei a linguagem muito cheia de termos técnicos, o que
não combina com a revista. Também achei a matéria muito curta: quando começa a ficar interessante,
acabou! Pisaram na bola dessa vez, edição.
Carlos Cavalcanti, Salvador – BA.
Obs. Assim, quando quiser redigir uma carta é importante, antes de tudo, especificar o assunto, o objetivo da
carta, o destinatário e escolher o tipo de linguagem que será usado (familiar informal ou impessoal formal).
É importante que essa seja bem escrita. Além disso, observe a comprovação (provando o seu ponto de vista)
e a clareza (informação clara e precisa).
2. Artigo de opinião: Texto jornalístico que caracteriza-se por expor claramente a opinião do seu autor.
Também chamado de matéria assinada ou coluna (quando substitui uma seção fixa do jornal).
As CARACTERÍSTICAS do artigo de opinião são:
Contém um título polêmico ou provocador.
Expõe uma ideia ou ponto de vista sobre determinado assunto.
Apresenta três partes: exposição, interpretação e opinião.
Utiliza verbos predominantemente no presente.
Utiliza linguagem objetiva (3ª pessoa) ou subjetiva (1ª pessoa).
PROCEDIMENTOS ARGUMENTATIVOS DE UM ARTIGO DE OPINIÃO:
Relações de causa e consequência.
Comparações entre épocas e lugares.
Retrocesso por meio da narração de um fato.
Antecipação de uma possível crítica do leitor, construindo antecipadamente os contra-
argumentos.
Estabelecimento de interlocução com o leitor.
Produção de afirmações radicais, de efeito.
EXEMPLO DE ARTIGO DE OPINIÃO: BALEIAS NÃO ME EMOCIONAM, DE LYA LUFT.
Hoje quero falar de gente e bichos. De notícias que frequentemente aparecem sobre baleias
encalhadas e pinguins perdidos em alguma praia. Não sei se me aborrece ou me inquieta ver tantas pessoas
acorrendo, torcendo, chorando, porque uma baleia morre encalhada. Mas certamente não me emociona. Sei
que não vão me achar muito simpática, mas eu não sou sempre simpática. Aliás, se não gosto de grosseria
nem de vulgaridade, também desconfio dos eternos bonzinhos, dos politicamente corretos, dos sempre
sorridentes ou gentis. Prefiro o olho no olho, a clareza e a sinceridade – desde que não machuque só pelo
prazer de magoar ou por ressentimento. Não gosto de ver bicho sofrendo: sempre curti animais, fui criada
com eles. Na casa onde nasci e cresci, tive até uma coruja, chamada, sabe Deus por quê, Sebastião. Era
branca, enorme, com aqueles olhos que reviravam. Fugiu da gaiola especialmente construída para ela, quase
do tamanho de um pequeno quarto, e por muitos dias eu a procurei no topo das árvores, doída de
saudade. Na ilha improvável que havia no mínimo lago do jardim que se estendia atrás da casa, viveu a certa
altura da minha infância um casal de veadinhos, dos quais um também fugiu. O outro morreu pouco depois.
Segundo o jardineiro, morreu de saudade do fujão – minha primeira visão infantil de um amor romeu-e-
julieta. Tive uma gata chamada Adelaide, nome da personagem sofredora de uma novela de rádio que fazia
suspirar minha avó, e que meu irmão pequeno matou (a gata), nunca entendi como – uma das primeiras
tragédias de que tive conhecimento. De modo que animais fazem parte de minha história, com muitas
aventuras, divertimento e alguma tristeza. Mas voltemos às baleias encalhadas: pessoas torcem as mãos,
chegam máquinas variadas para içar os bichos, aplicam-se lençóis molhados, abrem-se manchetes em
jornais e as televisões mostram tudo em horário nobre. O público, presente ou em casa, acompanha como se
fosse alguém da família e, quando o fim chega, é lamentado quase com pêsames e oração. Confesso que não
consigo me comover da mesma forma: pouca sensibilidade, uma alma de gelos nórdicos, quem sabe?
Mesmo os que não me apreciam, não creiam nisso. Não é que eu ache que sofrimento de animal não valha a
pena, a solidariedade, o dinheiro. Mas eu preferia que tudo isso fosse gasto com eles depois de não haver
mais crianças enfiando a cara no vidro de meu carro para pedir trocados, adultos famintos dormindo em
bancos de praça, famílias morando embaixo de pontes ou adolescentes morrendo drogados nas calçadas.
Tenho certeza de que um mendigo morto na beira da praia causaria menos comoção do que uma baleia.
Nenhum Greenpeace defensor de seres humanos se moveria. Nenhuma manchete seria estampada. Uma
ambulância talvez levasse horas para chegar, o corpo coberto por um jornal, quem sabe uma vela acesa.
Curiosidade, rostos virados, um sentimentozinho de culpa, possivelmente irritação: cadê as autoridades,
ninguém toma providência? Diante de um morto humano, ou de um candidato a morto na calçada, a gente se
protege com uma armadura. De modo que (perdão) vejo sem entusiasmo as campanhas em favor dos
animais – pelo menos enquanto se deletarem tão facilmente homens e mulheres.
(Revista Veja, abril de 2005.)