O documento discute ecografia vascular e Doppler em animais. Aborda técnicas de ultrassom, anatomia vascular normal, parâmetros Doppler e alterações como malformações, estenoses, tromboses e aneurismas. Fornece detalhes sobre fluxos sanguíneos normais em vasos como aorta, veia cava, artérias renais e hepática.
Ultrassonografia vascular: modo B e Doppler - FLAUS 2014
1. Ecografia modo B y Doppler
vascular (trombosis,
estenosis, aneurismas)
Cibele Figueira Carvalho
DMV, MSc, PhD
Médica Veterinária Serviço de Ultrassonografia do PROVET
Pesquisadora colaboradora do INRAD- HCFMUSP
2. Introdução
Os vasos (abdominais e periféricos)
apresentam-se em localização específica
Variações da normalidade podem refletir
alterações congênitas ou anomalias do
órgão adjacente
Os vasos abdominais funcionam como
referências anatômicas para identificação
de alguns órgãos (linfonodos, adrenais,
etc)
US Vascular: Introdução
Técnica
Anatomia sonográfica
Parâmetros Doppler
Malformações
Estenoses
Tromboses
Aneurismas
3. Anatomia vascular da cavidade abdominal
US Vascular: Introdução
Técnica
Anatomia sonográfica
Parâmetros Doppler
Malformações
Estenoses
Tromboses
Aneurismas e massas
4. Posicionamento:
- depende da experiência e preferência do
ultrassonografista
- necessidade de padronizar, porém com
flexibilidade (variações individuais de
dificuldade)
- decúbitos laterais são preferenciais
US Vascular: Técnica
Posicionamento
Preparo
Tricotomia
Transdutores
Planos de imagemTécnica
5. Preparo
- Jejum de 8 a 12 horas
Tricotomia
- ampla incluindo músculos epaxiais
dorsalmente, a pelve caudalmente e a
região lateral até o nível da inserção
diafragmática (altura do 8 – 9 espaço
intercostal)
US Vascular: Técnica
Posicionamento
Preparo
Tricotomia
Transdutores
Planos de imagem
6. Planos de imagem
- imagens sagitais e oblíquas ou
transversais (avaliação cuidadosa em
ambos os decúbitos)
- mais fácil em cães pequenos e gatos
US Vascular: Técnica
Posicionamento
Preparo
Tricotomia
Transdutores
Planos de imagem
7. Transdutores
- A escolha depende:
do vaso a ser estudado (tamanho,
posição e profundidade)
do tamanho do animal
das opções de transdutores disponíveis
US Vascular: Técnica
Posicionamento
Preparo
Tricotomia
Transdutores
Planos de imagem
8. Anatomia Sonográfica
Grandes vasos principais: Aorta e Veia Cava caudal
- exame pode ser iniciado na região caudodorsal do
abdome com o animal em decúbito lateral direito
Os vasos apresentam-se como estruturas tubulares
com lúmen anecogênico e paredes hiperecogênicas
Os diâmetros da aorta e da cava são
aproximadamente os mesmos em cada segmentos
US Vascular:
Técnica
Anatomia sonográfica
Parâmetros Doppler
Malformações
Estenoses
Tromboses
Aneurismas
9. aorta possui parede mais espessa, pulso mais evidente
e não sofre alteração do seu lúmen quando submetida a
pressão
a veia cava caudal segue paralela a aorta, apresenta
parede menos espessa (em cães pequenos não é
visualizada), não apresenta pulso, seu lúmen diminui
quando submetida compressão
US Vascular:
Técnica
Anatomia sonográfica
Parâmetros Doppler
Malformações
Estenoses
Tromboses
Aneurismas
17. VALORES MÉDIOS DOS DIÂMETROS DA AORTA ABDOMINAL E SEUS RAMOS (em cães)
AOD AOR AOB AIED AIEE ACEL AMCR ARD ARE
Diâmetro mínimo
(cm)
0,60 0,48 0,30 0,27 0,20 0,20 0,20 0,19 0,15
Diâmetro máximo
(cm)
1,10 1,30 1,40 0,70 0,80 0,70 0,60 0,60 0,70
Diâmetro médio
(cm)
0,80 0,74 0,69 0,42 0,39 0,38 0,32 0,32 0,30
Fonte: KAMIKAWA, 2003
18. AOR AOB
Velocidade
mínima (cm/s)
77,5 76,00
Velocidade
máxima (cm/s)
150 130
Velocidade média
(cm/s)
104,18 99,61
Diâmetro (cm) 0,72 0,68
Fonte: KAMIKAWA, 2003
VALORES MÉDIOS DAS VELOCIDADES OBTIDAS DA AORTA ABDOMINAL EM SEUS
SEGMENTOS (em cães)
US Vascular:
Técnica
Anatomia sonográfica
Parâmetros Doppler
Malformações
Estenoses
Tromboses
Aneurismas
19. MÉDIA E DESVIO PADRÃO (DP) OBTIDOS DOS DIÂMETROS E DAS
VELOCIDADES DE PICO SISTÓLICO (VPS), VELOCIDADE DIASTÓLICA FINAL
(VDF) DA ARTÉRIA AORTA (AAO) EM GATOS PERSA. SÃO PAULO, SP,
BRASIL. N = NÚMERO DE AMOSTRA.
N = 25 AAO diâmetro
(cm)
AAO VPS
(cm/s)
AAO VDF
(cm/s)
Média 0,38 53,17 20,73
DP 0,04 13,46 7,17
Mínimo 0,28 37,29 8,74
Mediana 0,38 51,80 18,96
Máximo 0,46 83,77 39,14
Fonte: CARVALHO, 2009
US Vascular:
Técnica
Anatomia sonográfica
Parâmetros Doppler
Malformações
Estenoses
Tromboses
Aneurismas
20. Artérias ilíacas
Perfil de velocidade de fluxo
laminar semiparabólico com
padrão de alta resistividade;
possui pico sistólico filado
com janela espectral
pequena
Apresenta pequena
quantidade de fluxo
retrógrado protodiastólico e
depois torna-se anterógrado
no resto da diástole
US Vascular:
Técnica
Anatomia sonográfica
Parâmetros Doppler
Malformações
Estenoses
Tromboses
Aneurismas
21. Artéria mesentérica cranial
Perfil de velocidade de fluxo
laminar semiparabólico com
padrão de resistividade
intermediária; possui pico sistólico
amplo com janela espectral
pequena
Não há fluxo reverso
IR normal de 0,21 a 0,68 cm/s
(RIESEN, 2002)
US Vascular:
Técnica
Anatomia sonográfica
Parâmetros Doppler
Malformações
Estenoses
Tromboses
Aneurismas
22. A artéria mesentérica cranial ainda pode
apresentar alterações hemodinâmicas devido:
-Influência da presença de enteropatias crônicas
(GASCHEN,1989)
-Influência da composição da comida
(KIRCHER,2003)
-Influência em cães com hipersensibilidade
alimentar em relação aos cães normais
(KIRCHER,2004)
-Na presença de shunts extra-hepáticos
US Vascular:
Técnica
Anatomia sonográfica
Parâmetros Doppler
Malformações
Estenoses
Tromboses
Aneurismas
23. Artéria renal
Perfil de velocidade de
fluxo laminar parabólico
com padrão de baixa
resistividade; possui pico
sistólico amplo e
eventualmente com
incisura protodiastólica
IR normal abaixo de 0,70
US Vascular:
Técnica
Anatomia sonográfica
Parâmetros Doppler
Malformações
Estenoses
Tromboses
Aneurismas
24. Média e desvio padrão (dp) obtidos dos diâmetros e das velocidades de pico sistólico
(vps), velocidade diastólica final (vdf) das artérias renais (ar) em gatos persa. São paulo,
sp, brasil - 2007. N = número de amostra.
N = 50 AR diâmetro
(cm)
AR VPS
(cm/s)
AR VDF
(cm/s)
AR IR
Média 0,15 41,17 19,14 0,54
DP 0,01 9,40 5,50 0,07
Mínimo 0,12 22,45 10,59 0,39
Mediana 0,15 40,26 18,93 0,53
Máximo 0,17 64,50 31,83 0,70
Fonte: CARVALHO & CHAMMAS, 2009
25. Tronco celíaco
Perfil de velocidade de fluxo
laminar semiparabólico com
padrão de resistividade
intermediária;
Possui picos sistólicos amplos
com janela espectral média e
evidente
Eventualmente picos sistólicos
dicroicos
US Vascular:
Técnica
Anatomia sonográfica
Parâmetros Doppler
Malformações
Estenoses
Tromboses
Aneurismas
26. Artéria hepática
Perfil de velocidade de fluxo
laminar semiparabólico com
padrão de baixa resistividade
Possui pico sistólico amplo e
contínuo (sem janela
espectral) com fluxo diastólico
alto que diminui gradualmente
US Vascular:
Técnica
Anatomia sonográfica
Parâmetros Doppler
Malformações
Estenoses
Tromboses
Aneurismas
27. Artéria e Veia Esplênica
Artéria esplênica com perfil
de velocidade de fluxo
laminar semiparabólico e
padrão de baixa
resistividade
Veia esplênica flui para a
veia porta e possui padrão
semelhante
US Vascular:
Técnica
Anatomia sonográfica
Parâmetros Doppler
Malformações
Estenoses
Tromboses
Aneurismas
28. Veia cava caudal
Em sua porção cranial
apresenta-se mais
periódica e fásica do que
em sua porção caudal
Movimento respiratório e
contração ventricular
US Vascular:
Técnica
Anatomia sonográfica
Parâmetros Doppler
Malformações
Estenoses
Tromboses
Aneurismas
29. Veia porta
Fluxo hepatopetal
monofásico com pouca
oscilação respiratória
VPS normal em cães 10
a 25 cm/s
VPS normal em gatos 10
a 12 cm/s (NYLAND, 1990)
US Vascular:
Técnica
Anatomia sonográfica
Parâmetros Doppler
Malformações
Estenoses
Tromboses
Aneurismas
30. Veias hepáticas
Fluxo hepatofugal em
direção a VCC
Padrão fortemente
periódico normal
(multifásico),
correspondente a
pressão atrial direita
US Vascular:
Técnica
Anatomia sonográfica
Parâmetros Doppler
Malformações
Estenoses
Tromboses
Aneurismas
31. Alterações sonográficas
mal formações vasculares
lesões de parede como estenoses ou tromboses
(intra murais ou intra luminais)
Dissecção de parede - aneurismas
US Vascular:
Técnica
Anatomia sonográfica
Parâmetros Doppler
Malformações
Estenoses
Tromboses
Aneurismas
32. Ao Doppler colorido:
- Alteração do trajeto
- Falha de preenchimento de cor no lume
- Aliasing sugerindo turbulência do fluxo
- Ausência de fluxo
Ao Doppler pulsado:
- Aumento da velocidade de fluxo
- Ausência de fluxo
- Fluxo retrógrado
US Vascular:
Técnica
Anatomia sonográfica
Parâmetros Doppler
Malformações
Estenoses
Tromboses
Aneurismas
33. Mal formações vasculares
Presença de vasos geralmente de aspecto tortuoso e
trajeto anômalo
Necessidade de conhecimento da anatomia vascular
US Vascular:
Técnica
Anatomia sonográfica
Parâmetros Doppler
Malformações
Estenoses
Tromboses
Aneurismas
Mal formação em veia renal esquerda
(Yorkshire, fêmea, 2 meses de idade)
35. Estenoses, Tromboses e Aneurismas
Relativamente rara em cães em relação aos gatos (será?)
e de aspecto clínico mais grave
alteração luminal
segmentar
US Vascular:
Técnica
Anatomia sonográfica
Parâmetros Doppler
Malformações
Estenoses
Tromboses
Aneurismas
36. Estenoses
ocasionadas pelo efeito mecânico de massas
intramurais ou extraluminais
Congênitas ou Adquiridas
US Vascular:
Técnica
Anatomia sonográfica
Parâmetros Doppler
Malformações
Estenoses
Tromboses
Aneurismas
37. Critérios gerais para estenose no traçado Doppler
espectral
Achatamento da ascensão sistólica
Aceleração do fluxo intra-estenótico
Preenchimento da janela espectral devido à turbulência
do fluxo sanguíneo
Diminuição da VPS distalmente
US Vascular:
Técnica
Anatomia sonográfica
Parâmetros Doppler
Malformações
Estenoses
Tromboses
Aneurismas
38. Critérios gerais para determinar presença de
estenose ao Doppler colorido
Presença de compressão mecânica ou efeito de massa
próximo ao trajeto do vaso
Turbulência pós estenótica ou fluxo reverso próximo à
parede do vaso em questão
Jato estenótico brilhante ou artefato de turbulência
(aliasing)
US Vascular:
Técnica
Anatomia sonográfica
Parâmetros Doppler
Malformações
Estenoses
Tromboses
Aneurismas
39. Estenose vascular ocasionada
por efeito de massa neoplásica
em membro (neoplasia óssea)
Artefato de aliasing
evidenciando o ponto
de estenose
US Vascular:
Técnica
Anatomia sonográfica
Parâmetros Doppler
Malformações
Estenoses
Tromboses
Aneurismas
40. Aceleração de fluxo intra-estenótico
e diminuição da VPS pós estenótica
US Vascular:
Técnica
Anatomia sonográfica
Parâmetros Doppler
Malformações
Estenoses
Tromboses
Aneurismas
41. Estenose de artéria renal congênita
(Bulldog francês, macho, 2 anos de idade)
US Vascular:
Técnica
Anatomia sonográfica
Parâmetros Doppler
Malformações
Estenoses
Tromboses
Aneurismas
43. A maioria dos trombos não ocasiona obstrução completa
do lúmen permitindo a passagem de algum fluxo
residual próximo à parede da veia, porém não se exclui
o diagnóstico de trombose
A incapacidade de compressão luminal venosa pode ser
um critério de grande auxílio diagnóstico associado a
imagem Doppler colorida
Tromboses
US Vascular:
Técnica
Anatomia sonográfica
Parâmetros Doppler
Malformações
Estenoses
Tromboses
Aneurismas
44. Pode acometer veias e artérias
Causas prováveis:
- secundária a aterosclerose,
- síndrome nefrótica,
- endocardite vegetativa,
- êmbolo neoplásico,
- dirofilariose,
- trauma
- trombo de origem no átrio esquerdo.
US Vascular:
Técnica
Anatomia sonográfica
Parâmetros Doppler
Malformações
Estenoses
Tromboses
Aneurismas
45. Tromboembolismo arterial: sinais de doença
neuromuscular progressiva e de inicio agudo
Trombose venosa: vista em plano de imagem
transversal, pode ser identificada pela eventual
distensão da veia em mais de duas vezes o tamanho
da artéria que a acompanha. À medida que aumenta a
idade do trombo, a veia torna-se novamente menor que
a artéria devido a organização e retração do trombo.
A ecogenicidade do trombo não pode ser um indicador
de sua idade.
US Vascular:
Técnica
Anatomia sonográfica
Parâmetros Doppler
Malformações
Estenoses
Tromboses
Aneurismas
46. Avaliação Doppler tromboembolismo
Verificar a falha de preenchimento por cor, a presença
de artefato de aliasing e o aumento da velocidade do
fluxo sanguíneo próximo a imagem sugestiva de
trombo
US Vascular:
Técnica
Anatomia sonográfica
Parâmetros Doppler
Malformações
Estenoses
Tromboses
Aneurismas
47. Trombo metastático
Verificar a presença de fluxo dentro do trombo
US Vascular:
Técnica
Anatomia sonográfica
Parâmetros Doppler
Malformações
Estenoses
Tromboses
Aneurismas
55. Aneurismas
Raros em cães e gatos (prevalência desconhecida!)
Caracteriza-se pela dilatação vascular ocasionada pela
fragilidade da túnica média nos vasos sanguíneos.
Esta fragilidade pode ser primária ou secundária causada
por processos inflamatórios ou degenerativos. Estes
ocasionam alterações progressivas lesando a camada
íntima do vaso (ocasionando a dissecção da mesma)
US Vascular:
Técnica
Anatomia sonográfica
Parâmetros Doppler
Malformações
Estenoses
Tromboses
Aneurismas
56. Eventualmente podem ser identificados ao modo-B;
porém a imagem Doppler colorida é considerada padrão
ouro para diagnóstico de aneurisma em medicina
humana
US Vascular:
Técnica
Anatomia sonográfica
Parâmetros Doppler
Malformações
Estenoses
Tromboses
Aneurismas
ANEURISMA DE AORTA
(canino, Pitbull, macho, 5 anos)
57. É caracterizada por imagem em formato de “yin-yang”
no plano transversal da formação, traduzindo a
turbulência do fluxo sanguíneo no local da alteração
vascular.
US Vascular:
Técnica
Anatomia sonográfica
Parâmetros Doppler
Malformações
Estenoses
Tromboses
Aneurismas
Fonte: CERRI, 2002. Foto cedida pelo Dr. Joseph Benabou
61. Aneurisma em carótida (neoplasia de tireóide)
US Vascular:
Técnica
Anatomia sonográfica
Parâmetros Doppler
Malformações
Estenoses
Tromboses
Aneurismas
62. Falsos aneurismas são causados pelo dano a todas as
três camadas da parede arterial e resultam no acúmulo
extravascular de sangue.
A ruptura do endotélio associada a um verdadeiro
aneurisma pode causar formação de um trombo com
conseqüente embolização.
aneurismas, trombos e êmbolos podem ser
reconhecidos separados e simultaneamente.
US Vascular:
Técnica
Anatomia sonográfica
Parâmetros Doppler
Malformações
Estenoses
Tromboses
Aneurismas
63. Conclusões
Cada vaso possui uma “assinatura” característica que o
identifica
O conhecimento do padrão de morfologia de onda de
cada vaso facilita a identificação das doenças que
ocasionam perturbações hemodinâmicas nos mesmos