Avaliação do Curso de Averbação do Tempo de Serviço e de Contribuição
Apresentação de Paulo Markun
1. O JORNALISMO ACABOU
Paulo Markun
paulo@markun.com.br
@paulomarkun
1º Seminário Nacional de
REDES SOCIAIS e E-GOV
para Administração Pública
2. No princípio, não era o verbo
1706 – Recife. Carta régia mandou “sequestrar as
letras impressas e notificar os donos delas e os
oficiais de tipografia que não imprimissem nem
consentissem que se imprimissem livros ou papéis
avulsos.”
Fim da tipografia autorizada pelo governador
Francisco de Castro Morais.
3. No princípio, não era o verbo
1746- Rio de Janeiro. Governador Gomes Freire
autoriza pequena oficina de tipografia. “Mandou a
corte aboli-la e queimá-la, para não propagar ideias
que podiam ser contrárias aos interesses do Estado.”
E detalhava a ordem: “Não sendo conveniente haver
aí (na colônia) tipografias, nem mesmo utilidade
para os impressores, por serem maiores as despesas
que no Reino, de onde podiam vir impressos os livros
e os papéis”.
E tome censura.
4. O verbo imperial
1808 – Com família real, nos porões da Medusa,
chegam tipos móveis da Secretaria de Estado dos
Negócios Estrangeiros e da Guerra.
Impressão Régia Tipografia é instalada no porão da
casa de Antônio de Araújo, futuro conde da Barca.
Começa a imprensa chapa-branca: Gazeta do Rio de
Janeiro.
5. A Gazeta do Rio de
Janeiro – jornal oficial.
Primeira edição
(10/9/1808)
6. O verbo imperial
Gazeta do Rio de Janeiro - Notícias velhas e
anódinas.
Navios americanos prestes a chegar a ilha de Texel
não poderiam descarregar suas mercadorias. Preço
de produtos vai subir. Notícia de 30 de abril
7. O verbo imperial
Gazeta do Rio de Janeiro: Faltam pão e camas nas
casas de Hamburgo, exaurida pela passagem das
tropas francesas. 30 de abril.
Trecho de uma carta apócrifa escrita a bordo de um
navio sobre a reação espanhola ao ataque de
Napoleão.
8. O verbo imperial
Gazeta do Rio de Janeiro: “
“
“
“Correo aqui noticia vinda
por pedestres de Goiazes; que os francezes tendo
feito hum dezembarque no Pará com apparencias de
amizade; o Capitão Geral os reçachára
completamente, ficando vivos só os prisioneiros:
porem isto merece confirmação. “
9. O verbo imperial
Gazeta do Rio de Janeiro: Nota de rodapé informava
que a Gazeta circularia todos os sábados pela manhã
e era vendida por Paulo Martin Filho, “mercador de
livros”.
“N.B. Esta Gazeta, ainda que pertença por Privilegio
aos oficiaes da Secretaria de Estado dos Negocios
Estrangeiros e da Guerra não he com tudo Official; e
o Governo somente responde por aquelles papeis que
nella mandar imprimir em seu nome.”
11. A voz do dono, da oposição e dos ingleses
Correio Braziliense - mensal, ideológico,
praticamente autoral, artigos enormes. Hipólito da
Costa: “Resolvi lançar esta publicação na capital
inglesa dada a dificuldade de publicar obras
periódicas no Brasil, já pela censura prévia, já pelos
perigos a que os redatores se exporiam, falando
livremente de ações dos homens poderosos”.
12. O dono da voz
D. João VI comprou tiragens do Correio Braziliense
para evitar radicalização contra ele. A partir de 1812
Hipólito da Costa passou a receber uma pensão
anual, em troca de críticas mais amenas ao governo
de D. João, leitor assíduo dos artigos e editoriais da
publicação.
13. Sentinelas da Liberdade
Abril de 1823: Sentinela da Liberdade na Guarida
de Pernambuco, de Cipriano Barata, constituinte que
não tomou posse.
Setembro de 1823: Condenado à prisão perpétua, foi
preso. Sentinela da Liberdade na Guarita de
Pernambuco Atacada e Presa na Fortaleza do Brum
por Ordem da Força Armada e Reunida.
14. Sentinelas da Liberdade
Depois: Sentinelas na Fortaleza da Barra de Santa
Cruz, Quartel-General do Pirajá.
Cipriano Barata desistiu do jornalismo, virou
professor de francês.
O Escudo da Liberdade do Brasil, década de 1820.
Pe. Francisco Agostinho Gomes e cap. João Mendes
Viana, preso com Cipriano Barata.
15. Malagueta e outras pimentas
Luís Augusto May – A Malagueta 1o número 5 de
junho de 1822. Várias edições da Malagueta
Extraordinária. Teria ficado insatisfeito com d. Pedro
I por não ter arranjado emprego. Foi agredido em 6
de junho de 1823 e acabou com a mão aleijada.
Tifis Pernambucano – Frei Caneca. Durou oito
meses, “Todo homem pode entrar no serviço de
outro pelo tempo que quiser, porém não pode
vender-se, nem ser vendido”.
16. Outros títulos
Repúblico
Abelha Pernambucana
O Grito da Razão na Corte do Rio de Janeiro
O Triunfo da Legitimidade contra a Facção de
Anarquistas
O Verdadeiro Liberal
O Amigo da Verdade
O Tribuno do Povo
17. A grande imprensa
Em 1890, havia 17 jornais no Rio.
Os maiores eram Jornal do Comércio, comprado em
1890 por José Carlos Rodrigues.
Gazeta de Notícias. Publicava contos e romances de
Eça de Queiroz. Olavo Bilac como colaborador.
Ambos tinham suplemento de anúncios.
Era o começo da profissionalização.
18. O Correio da Manhã e o JB
1901 – Correio da Manhã. Editorial de 4o aniversário:
“Veio para lutar, resoluta e serenamente, em prol dos
interesses coletivos sacrificados por uma
administração arbitrária e imoral. Venceu por isso”.
Campos Salles era o adversário.
19. O Correio da Manhã e o JB
Jornal do Brasil
Fundado em 1891 por Rodolfo Dantas, para defender
a monarquia recentemente deposta. Colaboradores:
Joaquim Nabuco, o Barão do Rio Branco, Oliveira
Lima, jovem historiador.
Estrutura empresarial, parque gráfico, distribuição
em carroças e correspondentes estrangeiros, como
Eça de Queiroz. Em 1910, tinha prédio novo e cinco
ou seis edições diárias.
20. Aposta na venda avulsa
O Estado de S. Paulo – 4/1/1875, 16 pessoas se
reuniram para criar um diário republicano para
combater a monarquia e a escravidão. “
“
“
“A Província
de S. Paulo”
”
”
” nasceu empresa.
Pioneiro em venda avulsa no país, fato pelo qual foi
ridicularizado pela concorrência. Francês Bernard
Gregoire, que saía às ruas montado num cavalo e
tocando uma corneta para chamar a atenção do
público. Virou símbolo do jornal.
21. Apanhou e mudou de rumo
Folha da Noite – 1921 – organizado como empresa,
revela o cartunista Belmonte. Apoiou Julio Prestes
em 1930 e foi depredado e fechado.
Voltou em 1931 com novos donos e nova linha
editorial, com o nome de Folha da Manhã. voltada
para o apoio da agricultura.
Em 1962, foi comprado por Carlos Caldeira Filho e
Octavio Frias de Oliveira.
22. Chatô X Wainer
Diários Associados. Em 1924, Assis Chateaubriand
compra O Jornal. Depois outras empresas. No auge,
reunia jornais, 18 revistas, 36 rádios e 18 emissoras
de televisão.
Última Hora - fundado por Samuel Wainer, em 1951.
Teve edições em SP, Porto Alegre, BH, Recife, Niterói,
Curitiba, Campinas, Santos, Bauru e ABC. “De
oposição à classe dirigente e a favor de um governo."
Revolucionou a comunicação e melhorou salários dos
profissionais.
25. Moral da história
O jornalismo só virou profissão quando a imprensa
se tornou um negócio.
Evoluiu na medida em que as redações foram se
profissionalizando e ganhou poder com o
faturamento publicitário.
Se o dinheiro acabar, o jornalismo acaba.
26. Day After
Disseminação da internet, que transforma todo
cidadão num potencial difusor de informações e
formador de opinião.
Internet dá poder ao internauta e liquida o modelo
de negócios centralizado e vertical da mídia como
um todo.
33. Day after na música
Mercado de CDS - EUA
2000 160 milhões de compradores US $ 60/ano per capita
2010 130 milhões de compradores US$ $ 43/ano per capita
34. Day after na TV
Em 2011, usuários de smartphones já gastam 3/ 4 de
tempo de uso com outras coisas e não com serviços
de voz.
2015 segundo Hans Vestberg, CEO da Ericsson:
• mais de 90% da população com acesso a redes de telefonia
celular.
• 5 bilhões de pessoas com acesso móvel a banda larga.
• 90% da circulação de dados na internet em vídeo, grande
parte em HD
35. Day after na TV
Hans Vestberg: “Nossa imaginação ainda está nos
limitando sobre o que pode acontecer com o
conteúdo e com a mídia”.
36. A Receita do Dave 1
Dave Winer, pioneiro no desenvolvimento de blogs,
podcast, RSSs . Ex-editor contribuinte da Wired.
1. As pessoas querem mais notícias e querem mais rápido
o que acontece.
2. A indústria da notícia está enfrentando uma crise e
fazendo cortes. (Esta semana, houve um corte de 6% na
redação da Folha de S. Paulo. Semana passada, o Jornal da
Tarde decidiu encerrar a edição de domingo e demitiu 23
jornalistas.)
37. A Receita do Dave 2
3. Mesmo assim, as notícias continuam acontecendo..
4. Acredite ou não, a indústria de tecnologia não sabe como
entregar notícias pela Internet. (Advertência:. Está chegando
lá)
5. Isso cria um vácuo que é preenchido por aquilo que alguns
chamam de "Conteúdo Gerado pelo Usuário." Winer prefere o
termo Direto da fonte. Ele reconhece que muito do que se lê
on line é lixo, mas diz que parte do material já tem a
qualidade almejada pelo público.
38. A Receita do Dave 3
New York Times = “melhor em jornalismo”.
Não pela rotativa ou caminhões.
Nem editores e repórteres.
É logotipo e tradição.
Saída? Explorar e melhorar o potencial da marca na
internet, com um sistema de produção e entrega de
notícias.
39. A Receita do Dave 4
Maior parte do valor produzido pelo NYT é
apropriado por sites ou usuários e reproduzido, sem
pagamento de qualquer taxa ou assinatura.
Faturamento obtido na web, com publicidade, mais
assinaturas, é insuficiente para sustentar o modelo.
Jornais devem encarar fontes como repórteres e
seduzí-los a colaborar com o NYT por uma fração do
que cobraria um jornalista.
NYT fez um Hacday. Estadão fez o primeiro Hackatão.
40. O PS do Dave (2009)
"Só mais uma coisa. É claro que um repórter que
estiver lendo esse texto vai perguntar ‘E eu?' Bem,
você tem que encontrar um emprego que pague um
salário e proporciona os benefícios que você precisa.
Hoje existem alguns postos de trabalho para
jornalistas. Quais as habilidades que você tem que
uma organização de notícia pode precisar em um
mundo onde a informação sai direto da fonte?
47. As sete fases da notícia no Twitter
Stacey Higginbotham, remix via Thiago Dória :
Morte de Bin Laden teve ciclo de sete fases:
• agitação (primeiros tweets sobre morte circulando)
incerteza (será que a informação é verdadeira?
• validação (usuários correm para tradicionais sites de notícias).
• confirmação(pronunciamento da Casa Branca),
• brincadeiras (fotomontagens, falsos perfis, Google Maps)
• ação (busca por informações ou festas entre amigos)
• análise (links para artigos de especialistas).