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2010
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PREFÁCIO
O principal fator determinante da sobrevivência de uma parada cardíaca é o intervalo desde a
perda da consciência até a desfibrilação.
A oportunidade de desfibrilar uma vítima em parada cardíaca poucos minutos depois de que eles
perdem a consciência representa possivelmente, o maior progresso isolado no tratamento da parada
cardíaca súbita desde o desenvolvimento da RCP.
O uso de Desfibriladores Externo Automático (DEA) em conjunto com as manobras de Suporte
Básico de Vida (RCP) por socorristas leigos treinados elevou a taxas de sobrevivência de pessoas em
parada cardíaca de forma extraordinária, em até 49%, nos Estados Unidos. Esses valores são o dobro
dos registrados previamente pelos Serviços de Emergências Médicas mais eficientes daquele país antes
dos programas de desfibrilação precoce.
No Brasil o assunto é extremamente novo e estes conceitos devem ser difundidos amplamente e
incentivada a prática e o conhecimento da desfibrilação cardíaca externa automática em conjunto com
as manobras de ressuscitação cardiopulmonar.
O autor desse Manual cumpre esse relevante papel ao colocar à disposição da comunidade
informações tão importantes sobre o tema proposto.
AUTOR
CLAUDINEI FERREIRA DA SILVA
ENFERMEIRO COREN SP 020.140 – Bacharel em Enfermagem
pela Universidade Nove de Julho.
Pós-graduando em Docência pela Faculdade São Luís / INTESP.
Pós-graduando em Urgência, Emergência e Cuidados Intensivos
pela Universidade Cruzeiro do Sul.
Certificação Internacional como Instrutor de Primeiros Socorros
pela OFDA/USAID MIAME DADE FIRE / UDESC / SMS / CBPMESP.
Certificação Internacional como Instrutor de Primeiros Socorros
pela Emergency First Response.
Bombeiro desde 1987.
Instrutor de Atendimento Pré-hospitalar e Resgate desde 1992.
CONTATOS:
clafesi@yahoo.com.br - clafesi2009@hotmail.com
ID NEXTEL - 55*121*92338
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INTRODUÇÃO
As doenças cardiovasculares são as principais causas de morte no mundo. Milhares dessas
pessoas morrem anualmente devido a estas doenças, especialmente o infarto agudo do miocárdio
(ataque cardíaco) e o acidente vascular encefálico (derrame). No entanto, quando o reconhecimento
dessas doenças é precoce e o tratamento é iniciado rapidamente, estas intervenções alcançam grande
efetividade evitando a parada cardíaca.
Este Manual está destinado a satisfazer as necessidades das pessoas que prestam socorro
no ambiente pré-hospitalar no que se refere ao tratamento correto para as vítimas que sofrem uma
parada cardiorrespiratória. Como a maioria das mortes súbitas causadas por parada cardíaca ocorre fora
do hospital é necessário que haja pessoas capacitadas para intervir imediatamente através das
manobras adequadas de ressuscitação cardiopulmonar (RCP).
A RCP é um componente essencial para o tratamento da parada cardíaca, no entanto, se
outras medidas não forem utilizadas logo depois do início da reanimação, sem demora, poderá ser
menos provável que haja a sobrevivência da vítima.
Um dos procedimentos essenciais na recuperação de uma pessoa em parada cardíaca é a
desfibrilação precoce. Este conceito de reanimação com emprego do Desfibrilador Externo
Automático (DEA) operados por pessoas leigas tem salvado muitas vidas. O tempo até a desfibrilação
(intervalo entre a perda da consciência e a desfibrilação) deve ser reduzido ao máximo e esta tecnologia
de desfibrilação deve ser posta à disposição de toda a comunidade.
Desfibriladores devem ser instalados em aeroportos, aviões, clubes, edifícios comerciais,
conjuntos residenciais, centros esportivos e recreativos, estádios de futebol e muitos outros locais
públicos, comissários de bordo, agentes de segurança patrimonial privados, policiais, bombeiros civis e
militares, salva-vidas, professores, profissionais de enfermagem, agentes comunitários de saúde, bem
como muitos outros leigos podem ser treinados e capacitados para utilizarem o DEA.
Existem leis que exigem a implantação e a obrigatoriedade da existência de Desfibrilador
Externo Automático em locais de concentração pública em várias cidades do país.
O intuito do Autor é oferecer ao leitor procedimentos básicos sobre Reanimação
Cardiopulmonar com emprego do Desfibrilador Externo Automático.
Atualize-se de acordo com as Novas Diretrizes para Ressuscitação Cardiopulmonar da
American Heart Association. As instruções seguidas neste trabalho tiveram sua publicação na Revista
Currents Cardiovascular Emergency.
Atente para as Diretrizes publicadas em 2010.
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ÍNDICE
Capítulo I
Biossegurança, Avaliação da Cena de Emergência e Sistemas de Emergências Médicas..................pg 07
Capítulo II
Emergências Médicas.................................................................................................................pg 13
Capítulo III
Avaliação de Vítimas..................................................................................................................pg 18
Capítulo IV
Ressuscitação Cardiopulmonar...................................................................................................pg 26
Capítulo V
Desfibrilação Externa Automática................................................................................................pg 37
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FINALIDADE
Orientar as pessoas que desejam prestar socorro a vítimas de casos clínicos sobre as medidas
apropriadas a serem usadas no tratamento de emergência e transporte destes pacientes.
Os procedimentos aqui apresentados foram baseados em recomendações previstas nos protocolos
vigentes nos serviços públicos do Estado de São Paulo (Corpo de Bombeiros e SAMU-SP), bem como nas
literaturas de referência creditadas na bibliografia deste Manual.
O Autor deste Manual não se responsabiliza por perdas, danos ou riscos decorrentes da
intervenção direta ou indireta em local de ocorrência com base nos procedimentos descritos, nem
tampouco pelas responsabilidades legais destes atos. Cabe ao leitor se manter atualizado sobre os
procedimentos de emergência e seguir as recomendações dentro de seu nível de treinamento e
habilitação profissional.
Sua intervenção deve ser restrita aos primeiros socorros de emergência e deve contar sempre com
o auxílio dos Serviços de Emergências Médicas locais.
OBJETIVOS DO TREINAMENTO
1. Determinar os principais fatores de risco para doenças cardiovasculares.
2. Citar os sinais e sintomas do infarto agudo do miocárdio e do acidente vascular encefálico.
3. Indicar o tratamento pré-hospitalar para as emergências cardiovasculares.
4. Efetuar a avaliação inicial da vítima e identificar a parada cardiorrespiratória.
5. Acionar o Serviço de Emergência Médica local.
6. Iniciar as manobras de ressuscitação cardiopulmonar de acordo com as Diretrizes da American
Heart Association para pessoas leigas.
7. Empregar o Desfibrilador Externo Automático em conjunto com as manobras de Suporte Básico
de Vida.
8. Executar medidas pós-reanimação até a entrega da vítima aos serviços médicos hospitalares ou
equipes de suporte avançado de vida pré-hospitalar.
9. Descrever as características técnicas, formas de manutenção e inspeção periódica dos principais
equipamentos desfibriladores apresentados neste manual.
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CAPÍTULO I
Biossegurança, Avaliação da Cena de Emergência e Sistemas de Emergências
Médicas.
OBJETIVOS
Proporcionar aos participantes capacitações para:
1. Conceituar primeiros socorros;
2. Estabelecer os aspectos legais do atendimento de emergências;
3. Definir regras de biossegurança;
4. Avaliar e identificar prioridades na cena de emergência;
5. Acionar o apoio adequado para o atendimento de ocorrência com vítimas;
6. Indicar as medidas iniciais da prestação de socorro;
7. Identificar os principais equipamentos e materiais em uso na prestação de primeiros socorros.
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PRIMEIROS SOCORROS
CONCEITOS
Podemos definir como Primeiros Socorros, as medidas iniciais e imediatas aplicadas a uma vítima
fora do ambiente hospitalar, executada por pessoa treinada para realizar a manutenção dos sinais vitais
e evitar o agravamento das lesões já existentes.
Os Primeiros Socorros podem ser também conceituados como o atendimento prestado às vítimas
de qualquer acidente ou mal súbito, antes da chegada de qualquer profissional qualificado da área da
saúde ou equipe especializada em atendimento pré-hospitalar.
Primeiros Socorros incluem procedimentos de Suporte Básico da Vida que são medidas de
emergência para o reconhecimento e correção imediata da falência dos sistemas respiratório e/ou
cardiovascular, ou seja, avaliar e manter a vítima respirando, com batimento cardíaco e sem
hemorragias graves.
A correta aplicação das etapas de ressuscitação cardiopulmonar (abertura das vias aéreas,
respiração artificial e compressão torácica externa) e o controle das hemorragias de uma vítima podem
sustentar sua vida até que ela possa recuperar-se o suficiente para ser transportada para uma unidade
hospitalar ou ainda, até que possa receber melhor tratamento, através de um serviço de socorro pré-
hospitalar profissional.
Sempre que possível realize treinamentos práticos de primeiros socorros com Instrutor
especializado. A leitura deste manual servirá como base de conhecimentos, mas somente sua leitura não
lhe dará todas as condições necessárias para um pronto atendimento a uma vítima, em caso de acidente
ou mal súbito.
1. Seqüência de eventos no
atendimento de emergência:
2. Remover se necessário, a vítima
de local de risco;
3. Acionar o Serviço de Emergência
Médica (SEM) local;
4. Iniciar os primeiros socorros;
5. Atendimento prestado pelo SEM;
6. Tratamento hospitalar de
emergência.
ASPECTOS LEGAIS DA INTERVENÇÃO EM URGÊNCIAS
Como socorrista você deverá prestar assistência a vítimas em diversas situações e deve seguir
rigorosamente os padrões de assistência previstos neste Manual ou de acordo com os padrões de
assistência previstos para a sua capacitação profissional (enfermagem, segurança do trabalho,
fisioterapeuta, etc.). Os aspectos considerados como padrões de assistência (protocolos) previstos neste
Manual são baseados em leis, ordens administrativas e normas publicadas pelos serviços de emergências
médicas locais (Corpo de Bombeiros – SAMU) e sociedades vinculadas ao atendimento de emergência
(American Heart Association).
Em alguns casos você poderá se deparar com situações imprevistas que exigirão decisões que
poderão ser questionadas sob o ponto de vista legal e, nesse caso, necessitará de provar que agiu de
acordo com os padrões de assistência aceitos para o caso em questão.
OMISSÃO DE SOCORRO
 Artigo 135 – CP - “Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança
abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente
perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública”.
Pena – detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.
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 Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza
grave, e triplicada, se resulta a morte.
Vale lembrar que se o socorrista leigo não tem o dever de correr risco para a prestação de socorro
a vítimas de qualquer natureza. Eximi-se do cometimento do crime de omissão de socorro somente pelo
fato de pedir o socorro da autoridade pública através dos telefones de emergência (190 – Polícia Militar,
192 - SAMU, 193 – Corpo de Bombeiros), identificando-se devidamente.
O profissional que tem o dever de agir, em razão de sua profissão, poderá ser acusado de deixar
de cumprir sua obrigação funcional. Sendo funcionário público, comete o crime de prevaricação, com
penalidades mais severas.
De qualquer modo, uma vez que você tenha iniciado o atendimento de uma pessoa doente ou
ferida, preste o atendimento de acordo com o seu nível de treinamento, acione o pessoal qualificado
para lhe dar assistência (Serviço de Emergência Médica Local, Corpos de Bombeiros ou Serviços de
Atendimento Móvel de Urgência (SAMU)) e não abandone o local antes da chegada das equipes de
apoio.
Lembre-se de que você não foi treinado para elaborar um diagnóstico médico ou para predizer as
condições de estabilidade da vítima; é necessário acompanhá-lo até a chegada do pessoal qualificado.
Você também não deverá sair do local com a chegada de um Socorrista com o mesmo nível do seu
treinamento. O paciente poderá piorar e seus problemas serão melhores conduzidos com a presença de
dois Socorristas.
Informe sempre ao Socorrista ou equipe especializada que lhe suceder os resultados obtidos na
avaliação inicial da vítima e qual assistência lhe foi prestada.
Aja de conformidade com os procedimentos de Primeiros Socorros estabelecidos para o seu nível
de treinamento, estando ciente de que poderá ser responsabilizado nos casos de:
 Negligência:
Deixar de executar procedimentos de Primeiros Socorros previstos para a condição da vítima. Ex.
não executar a RCP estando a vítima em parada cardíaca.
 Imperícia:
Executar procedimentos de Primeiros Socorros acima de seu nível de treinamento – próprios da área
médica ou de enfermagem – ou para o qual não foi devidamente habilitado. Ex. oferecer medicamento
para a vítima; remover um objeto cravado no corpo da vítima.
 Imprudência:
Não seguir adequadamente os padrões de assistência ou executá-lo sem o devido zelo, promovendo
o agravamento do problema existente. Ex. movimentar um acidentado sem a técnica correspondente
para a situação encontrada.
CONSENTIMENTO FORMAL
Um paciente adulto, quando consciente e com clareza de raciocínio poderá dar o consentimento
formal para a assistência.
Esse consentimento é habitualmente expresso verbalmente. O paciente deverá ser informado de
que você é um Socorrista, com treinamento em Primeiros Socorros. Além disso, é importante que o
paciente saiba:
 Sua identificação (nome);
 Por que determinados cuidados são necessários serem prestados no próprio local;
 Os procedimentos que estão sendo realizados.
CONSENTIMENTO IMPLÍCITO
Nas situações de emergência em que o paciente esteja inconsciente, confuso ou gravemente
ferido, ou ainda em condições em que seja impossível obter o seu consentimento, preste imediatamente
a assistência. Considere que o paciente daria o consentimento, caso tivesse condições de expressar o
seu desejo de receber o tratamento. O consentimento implícito pode ser adotado também nas situações
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de acidentes com menores de idade desacompanhados dos pais ou responsáveis legais ou no
atendimento de pessoas com distúrbios mentais, alcoolizadas ou drogadas.
Quando a vida do paciente estiver em risco em razão das lesões sofridas é pertinente que seja
levado ao hospital mesmo contra a sua vontade, desta maneira, opta-se por preservar o bem maior que
é a vida. Nestes casos e naqueles em que houver recusa expressa da vítima é válido que para a sua
proteção legal, arrole no mínimo 2 testemunhas idôneas que tenham presenciados a recusa e, logo após
o atendimento, dirija-se para o Distrito Policial da área em que ocorreu a emergência e solicite a
elaboração de um Boletim de Ocorrência Policial.
À vezes a vítima recusa o atendimento que lhe é oferecido em razão de princípios éticos ou morais
ou apenas está em situação de estresse, psicologicamente afetada pela emergência. É seu dever buscar
convencê-lo de que deve receber assistência médica, antes de tomar qualquer decisão de exceção.
DIREITOS DO PACIENTE
Como Socorrista, você não deve comentar os detalhes do atendimento de um paciente com seus
amigos, familiares ou pessoas da comunidade (incluindo imprensa ou outros órgãos de comunicação).
Você não deverá fornecer a identificação do paciente a pessoas que delas não tenha o dever de
ter o conhecimento; ao comentar sobre o acidente, não deverá repetir o que foi dito pelo paciente ou
descrever um comportamento inadequado ou qualquer aspecto da aparência pessoal. Ao cometer esta
falta você transgredirá a privacidade do paciente, quebrando o sigilo.
A necessidade do sigilo não se aplica quando você é questionado pelos policiais civis ou militares
presentes no local, pessoal do Resgate do Corpo de Bombeiros ou do Serviço de Atendimento Médico às
Urgências, pelo médico responsável pelo atendimento do paciente no hospital ou ao testemunhar em
tribunal de justiça. Poderá ser solicitado que você relate as informações obtidas junto ao paciente ou
acompanhante.
BIOSSEGURANÇA
A prioridade na cena de emergência é a segurança pessoal.
O desejo de ajudar as pessoas favorecer o esquecimento dos riscos no local. Em seguida, atente
para a segurança do local da ocorrência e para a segurança da própria vítima.
Tenha a certeza de que está em segurança, ao aproximar-se da vítima e que permanecerá em
segurança, enquanto presta o atendimento.
Parte das preocupações do Socorrista com a sua segurança pessoal está relacionada com a própria
proteção contra as doenças infecciosas e transmissíveis.
Evite durante o atendimento contato direto com o sangue do paciente e outros fluídos corpóreos,
tais como vômitos, fezes, urina, suor, etc.
VACINAÇÃO PREVENTIVA
A hepatite B é uma das doenças que mais deve preocupar um socorrista devido ao seu alto grau
de virulência e a mortalidade de pessoas infectadas serem muitas vezes superior ao HIV.
VACINE-SE. A imunização se completa depois de 3 doses consecutivas da vacina.
UTILIZE PARA A SUA PROTEÇÃO PESSOAL
 Luvas apropriadas de vinil ou de látex;
 Máscara facial de bolso, com válvula e filtro
para os procedimentos de ventilação
artificial ou outro tipo de máscara que
impeça o contato com microorganismos
veiculados pela respiração da vítima;
 Óculos protetores, para evitar o contato nos
olhos com respingos de fluidos corporais,
durante certos procedimentos;
 Aventais e máscaras faciais descartáveis são outros itens importantes na proteção individual em
determinadas ocasiões.
Equipamentos de
Proteção Individual
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AVALIAÇÃO DA CENA DE EMERGÊNCIA
A Avaliação da Cena de Emergência é o estudo rápido dos diferentes fatores relacionados à
ocorrência e indispensável para a tomada de decisão. Deve ser constante e não apenas no primeiro
momento, pois os fatores podem alterar-se com facilidade e rapidez.
COMO AVALIAR UMA CENA DE EMERGÊNCIA:
 Qual é a situação atual? (estado atual das coisas):
Identifique a situação em si. O que está ocorrendo, o
que você vê?
 Para onde vai? (riscos potenciais): Análise a
potencialidade do evento, ou seja, como a situação
pode evoluir. Combustível derramado que pode
explodir, fio energizado que pode eletrocutar alguém,
fogo que pode alastrar-se, veículo que pode rolar um
barranco, etc.
 O que fazer para controlá-la? (operação e recursos adicionais): Identifique os recursos a serem
empregados, incluindo a solicitação de ajuda para atender adequadamente a situação. Leve em
conta, rigorosamente, os dois passos dados anteriormente.
SISTEMA DE ATENDIMENTO DE EMERGÊNCIAS MÉDICAS
Milhões de vidas são salvas a cada ano no mundo pelos serviços de atendimento pré-hospitalar. A
assistência começa no local da emergência e continua durante o transporte ao hospital. No pronto
socorro há a continuidade do atendimento. Essa assistência profissional é acompanhada por uma cadeia
de recursos humanos, que trabalhando em conjunto, formam o Sistema de Atendimento de Emergências
Médicas. O acionamento feito de imediato propicia a assistência de profissionais especializados
promovendo a redução dos índices de mortalidade e das seqüelas definitivas decorrentes de ferimentos
graves. Em geral, funcionam da seguinte forma:
Vítima de trauma decorrente de acidente
automobilístico.
Acionamento do SEM através do telefone
193.
Atendimento - Central do Serviço de
Emergência Médica.
Retirada da vítima com equipamentos
especiais.
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REGRAS GERAIS DE ATENDIMENTO DE EMERGÊNCIAS
 Certifique-se da segurança pessoal, das condições de segurança na cena de emergência e da
segurança da vítima;
 Avalie a Cena da Emergência;
 Efetue a avaliação inicial da vítima;
 Indique suas condições e acione os órgãos públicos ou particulares de atendimento de emergência.
 Ao acionar um dos Serviços de Emergências Médicas, através dos telefones de emergência 193
(Corpo de Bombeiros) ou 192 (SAMU), transmita-lhes os seguintes dados:
 Identifique-se com seu nome completo e local onde está falando (cidade, bairro);
 Tipo de acidente ou emergência clínica;
 Quantidade, idade e sexo das vítimas;
 Localização da ocorrência (endereço completo e ponto de referência);
 Telefone para contato;
 Situação atual das vítimas (nível de consciência, tipos de traumas, outros sinais e sintomas, se
disponíveis);
 Riscos existentes no local;
 Necessidade de apoio adicional: Cia de energia elétrica, Cia de gás, etc.;
IMPORTANTE
 Atendendo menores de idade ou emergências psiquiátricas, acionar os pais e/ou responsáveis pelo
paciente, quando estiverem ausentes;
 Contatar o médico particular ou hospital conveniado, quando indicado pelo paciente.
 Ministre cuidado de primeiros socorros específicos para cada situação com base no nível de
treinamento ou conforme os padrões de assistência contidos neste Manual de Primeiros Socorros.
 Conheça o Sistema de Emergência Médica local da Empresa onde trabalha ou quando fizer parte de
uma Brigada de Incêndio ou Brigada de Emergência.
Transporte do paciente em ambulância. Recepção da vítima no hospital.
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CAPÍTULO II
Emergências Médicas
OBJETIVOS:
Proporcionar aos participantes capacitações para:
1. Reconhecer através da avaliação de sinais e sintomas as emergências médicas mais comuns:
 Infarto agudo do miocárdio;
 Angina de peito (angina pectoris);
 Derrame Cerebral (Acidente vascular cerebral);
 Pressão Alta (Hipertensão);
2. Tratar as emergências médicas de acordo com a prioridade de atendimento.
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EMERGÊNCIAS MÉDICAS
Definimos emergências médicas como aquelas provocadas por uma ampla variedade de
enfermidades cujas causas não incluam violência sobre a vítima.
EMERGÊNCIAS MÉDICAS CARDIOVASCULARES
 Infarto agudo do miocárdio;
 Angina de peito (angina pectoris);
 Acidente vascular encefálico;
 Emergências Hipertensivas.
Se a vítima está sentindo-se mal e apresenta sinais vitais atípicos, assuma que esta possui uma
emergência médica.
FATORES DE RISCO PARA DOENÇAS CARDIOVASCULARES
 Tabagismo (fumo);
 Sedentarismo (falta de exercícios físicos regulares);
 Níveis elevados de colesterol no sangue;
 Estresse;
 Diabetes mellitus;
 Hipertensão arterial.
 Antecedentes familiares.
INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO
Infarto agudo do miocárdio (IAM) pode ser definido como a necrose (morte
celular definitiva) de uma parte do músculo cardíaco (miocárdio) resultante de
isquemia local (redução no suprimento sangüíneo da área afetada).
O infarto agudo do miocárdio ocorre pela obstrução da circulação sanguínea nas artérias
coronárias.
Processo de arteriosclerose
A obstrução ocorre gradativamente e se agrava depois de uma fissura de uma placa de ateroma
existente na coronária “doente”.
Devido à presença da fissura, há a formação de
trombo (coágulo), responsável pela obstrução do vaso. A
persistência da obstrução acarreta o infarto.
Artéria coronária
obstruída
Área de
infarto
Área de
infarto
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SINAIS E SINTOMAS DO INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO
Dor no centro do peito, atrás do osso esterno, do tipo queimação,
em peso (opressão), ardência podendo irradiar para as extremidades
superiores ou áreas vizinhas. A dor pode não ser no centro do peito,
podendo confundir-se com queimação na boca do estômago, debaixo do
queixo, no pescoço, nos ombros, cotovelos, punho (como se fosse uma
pulseira).
A área dolorosa ou da ardência está associada a episódios emocionais
ou com esforços físicos. A área dolorosa normalmente atinge mais que 8
cm2
. Acompanha a dor a palidez, a sudorese fria (transpiração), ansiedade,
sensação de morte iminente e a postura dolorosa, normalmente refletindo a
imobilidade postural.
Um paciente pode apresentar IAM sem queixa de dor, especialmente
pessoas em idade avançada, diabéticos e vítimas do sexo feminino. Nestes
casos, é importante perguntar se o mesmo já apresentou dor nos dias
anteriores. Muito provavelmente, a resposta será positiva. Estas vítimas
podem apresentar disritmias cardíacas que podem evoluir para um choque
cardiogênico (conseqüência da incapacidade de bombeamento cardíaco).
A melhor maneira de reconhecer o IAM é saber ouvir o paciente. A história da queixa principal, os
antecedentes, o reconhecimento dos fatores de riscos para doenças cardiovasculares e a identificação de
alguns sinais inespecíficos, mas sugestivos no exame físico revelam a possibilidade de estarem sofrendo
um ataque cardíaco.
AO SUSPEITAR DE UM INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO
o Acione o SEM ou decida pelo
transporte imediato da vítima
para um hospital regional.
o Se consciente coloque-a numa
posição de repouso (sentado ou
semi-sentado) para facilitar a
respiração.
o Afrouxe-lhe as roupas apertadas.
o Mantenha o calor corporal.
o Preste-lhe assistência
psicológica.
Caso a vítima esteja em parada cardiorrespiratória, acione o Serviço Médico de Emergência e inicie
imediatamente as manobras de RCP.
ANGINA DE PEITO
A angina de peito pode ser entendida como uma dor caracterizada por uma
sensação de intensa constrição no tórax. Geralmente está associada a um
suprimento sangüíneo insuficiente para o coração. A angina se agrava ou se
produz pelo exercício e alivia com repouso ou medicamentos vasodilatadores das
artérias coronárias. Seu principal sintoma é uma dor no peito ou sensação de
opressão (que aparece e aumenta com o esforço físico).
Essa dor poderá irradiar-se para a mandíbula e os braços.
Na dúvida, considere toda dor no peito, sem explicação, como uma possível
angina. As vítimas conscientes de sua condição, geralmente, tomam medicamentos para aliviar essa dor.
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O socorrista não pode oferecer ou administrar medicamentos para uma vítima com dor torácica
súbita, mas pode orientar a vítima para que tome a medicação prescrita pelo médico conforme prescreve
sua bula. O tratamento pré-hospitalar é idêntico aquele para uma pessoa com Infarto Agudo do
Miocárdio.
Destaques das Diretrizes da American Heart Association 2010 para Ressuscitação
Cardiopulmonar e Assistência Cardiovascular de Emergência
Administração de aspirina para desconforto torácico 2010 (Nova): Os prestadores de primeiros
socorros são incentivados a acionar o sistema de SME sempre que estiverem diante de alguém com
desconforto torácico. Enquanto aguardam a chegada do SME, os prestadores de primeiros socorros
devem aconselhar o paciente a mastigar uma aspirina adulta (sem revestimento entérico) ou duas
aspirinas infantis de dosagem mais baixa, se o paciente não tiver histórico de alergia à aspirina
ou de hemorragia gastrointestinal recente.
Motivo:
A aspirina é benéfica quando o desconforto torácico se deve a uma Síndrome Coronariana Aguda. Pode
ser muito difícil, mesmo para profissionais, determinar se o desconforto torácico é de origem cardíaca. A
administração de aspirina, portanto, nunca deve retardar o acionamento do SME.
ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO
O acidente vascular encefálico (AVE) é uma condição
caracterizada pela alteração do suprimento sangüíneo para os
órgãos do encéfalo (cérebro, cerebelo e tronco encefálico).
Geralmente acomete mais o cérebro (AVC) e suas principais
causas são:
1. Trombose Cerebral / Embolia Cerebral –
causada quando um coágulo (trombo) obstrui uma artéria
cerebral, impedindo que o sangue oxigenado nutra a porção
correspondente do cérebro.
2. Hemorragia Cerebral – também chamado derrame cerebral, é
quando uma artéria se rompe deixando uma área do cérebro sem nutrição. O
sangue que sai do vaso aumenta a pressão intracraniana pressionando o
cérebro e interferindo em suas funções. A principal causa é o aneurisma
cerebral (dilatação da parede arterial).
RECONHECIMENTO DE UM ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL
Escala pré-hospitalar para AVC de Cincinnati
1) Desvio de rima facial:
o Normal: os 2 lados movimentam-se igualmente durante a fala;
o Anormal: um dos lados da face não se move tanto quanto o
outro indicando paralisia facial.
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2) Perda de força muscular de um dos lados do corpo:
o Normal: os dois braços se movem com força semelhante;
o Anormal: um braço não se move ou não há controle sobre
um dos braços.
3) Dificuldade em articular palavras:
o Normal: fala sem nenhuma dificuldade;
o Anormal: fala arrastada, não consegue articular corretamente as palavras.
OUTROS SINAIS E SINTOMAS ASSOCIADOS
 Dor de cabeça intensa;
 Pupilas de tamanhos diferentes;
 Perda súbita de consciência;
 Dificuldade visual;
 Convulsão;
 Perda do controle urinário e intestinal;
 Vertigens, náuseas e vômitos;
 Fotofobia (aversão à luz) ou fonofobia (aversão ao som).
ATENÇÃO
Lembrar que os sinais e sintomas dependem da área do encéfalo afetada e que o risco de uma
AVE aumenta com a idade e com a existência de um ou mais fatores de risco.
O tratamento pré-hospitalar inclui o acionamento rápido do Serviço de Emergência Médica local ou
a decisão do transporte imediato da vítima para um hospital.
O socorrista deverá estar preparado para realizar
manobras de RCP.
Se possível, ministre oxigênio suplementar.
Mantenha a vítima em repouso e manipule-a com
cuidado e lentamente.
Mantenha seu corpo aquecido.
Nunca dê nada para ela beber ou comer.
Mantenha-a na posição de recuperação para
evitar aspiração de secreções.
Nos locais em que houver administre oxigênio por
máscara.
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CAPÍTULO III
Avaliação de Vítimas
OBJETIVOS:
Proporcionar aos participantes capacitações para:
1. Descrever a sequência da Análise Primária e Secundária;
2. Indicar as manobras de liberação de vias aéreas superiores;
3. Efetuar o controle cervical na vítima de trauma;
4. Avaliar os sinais vitais e diagnósticos durante a Análise Secundária.
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AVALIAÇÃO DA VÍTIMA
Na emergência, a vítima não pode receber uma assistência adequada caso seus problemas de
saúde não forem corretamente identificados. A avaliação da vítima é um procedimento que auxilia a
identificação das possíveis causas da doença ou do trauma e ajuda o Socorrista a tomar decisões sobre
os cuidados mais adequados.
Há muitos métodos de avaliação, cada qual com critérios bem definidos.
Nesse Manual, abordaremos um esquema de assistência baseada nos princípios da Análise
Primária e Análise Secundária, como uma forma simples, ágil e de fácil entendimento para os
socorristas, especialmente, os leigos.
Durante a avaliação você não deve estar preocupado em estabelecer diagnósticos. Por exemplo,
uma queixa de dor torácica súbita requer certos cuidados de emergência. Diagnosticar se a causa da dor
é decorrente de um infarto agudo do miocárdio é de competência exclusiva do médico que vier a
atender a vítima.
Ao relatar informações sobre o estado de saúde da vítima descreva somente os sinais, sintomas e
a história colhida da própria vítima ou testemunhas.
ANÁLISE PRIMÁRIA
Podemos conceituar Análise Primária como sendo uma sequência básica de procedimentos
realizados pelo socorrista para identificar e corrigir, de imediato, problemas que acarretam risco de
morte imediata.
Se a vítima estiver consciente, apresente-se a ela como socorrista, diga seu nome, saiba o nome
dela, e pergunte-lhe se poderá ajudá-la (pedido de consentimento para prestar o socorro). Questione
sobre o ocorrido (o que aconteceu) e verifique qual a sua queixa principal (onde dói ou o que está
sentindo).
Posicione-se ao lado da vítima e execute a avaliação rapidamente, no menor tempo possível.
Siga o conceito do ABC da Vida:
 A - (Airway) - vias aéreas superiores pérvias (nariz, boca, garganta);
 B - (Breathing) – presença da respiração adequada;
 C - (Circulation) - presença de batimentos cardíacos e controle de hemorragias.
A SEQUENCIA DE ABC PARA VÍTIMAS QUE RESPIRAM NADA MUDOU COM AS DIRETRIZE DA
AHA 2010
Cuidados especiais devem ser dispensados a vítima de trauma mesmo antes de sua abordagem.
Ao se aproximar de uma vítima inconsciente que dela não se tenha informações precisas sobre o tipo de
acidente ou enfermidade sofrida, ou aquelas que certamente sofreu um trauma, faça-o em direção a sua
face e estabilize sua cabeça manualmente, evitando, desse modo, que a movimentação da cabeça,
instintivamente na direção do socorrista, possa agravar lesão cervical existente.
Em regra geral toda vítima encontrada inconsciente sem que haja informações sobre seu estado
de saúde deve ser tratada como vítima de trauma.
SEQÜÊNCIA DE PROCEDIMENTOS
CONSTATAR INCONSCIÊNCIA
Estabilize a cabeça da vítima manualmente. APÓIE a outra mão no ombro
contralateral. De acordo com a American Heart Association, isso diminui o
risco de pacientes semiconscientes lhe agredir. OLHE PARA A FACE DA
VÍTIMA, SEM SE ABAIXAR. VERIFIQUE EXPRESSÕES FACIAIS. Aplique-lhe
estímulos auditivos e táteis. Toque em seu corpo e chame-a por no mínimo 3
vezes. Chame-a pelo nome ou utilize expressões, tais como: “Ei, como está
você”, “Ei, fala comigo”, “Ei, você está me ouvindo?”
NÃO EXISTE A TÉCNICA DE FALAR NO OUVIDO DA VÍTIMA DURANTE A CONSTATAÇÃO
DA INCONSCIÊNCIA.
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 Se a vítima estiver consciente, identifique-se, obtenha o consentimento para o atendimento e
prossiga na sua avaliação.
 Se a vítima estiver inconsciente, verifique por até 10 segundos,
se respira ou apresenta respirações agônicas; Se o socorrista
leigo treinado tiver conhecimento, cheque o pulso central,
neste período.
 Acione imediatamente o Serviço de Emergência Médica através dos telefones de emergência 192
(SAMU-SP) ou, nos casos em que houver a necessidade de ações de salvamento (desastres,
acidentes), use o telefone 193 (Corpo de Bombeiros).
 Se houver serviço de emergência médica local, como no caso de empresas, acione-o através
do respectivo telefone de emergência. SOLICITE UM DESFIBRILADOR EXTERNO
AUTOMÁTICO.
SE A VÍTIMA NÃO ESTIVER RESPIRANDO
Destaques das Diretrizes da American Heart Association 2010 para Ressuscitação
Cardiopulmonar e Assistência Cardiovascular de Emergência
Eliminação do procedimento “Ver, ouvir e sentir se há respiração”*
2010 (Nova): O procedimento "Ver, ouvir e sentir se há respiração” foi removido da sequencia de RCP.
Apos a aplicação de 30 compressões, o socorrista que atuar sozinho devera abrir a via aérea da vitima e
aplicar duas ventilações.
Motivo: Com a nova sequencia “compressões torácicas primeiro”, a RCP será executada se o adulto não
estiver respondendo e nem respirando ou não respirando normalmente (como já mencionado, os
Socorristas leigos serão instruídos a aplicar a RCP se a vitima que não responde “não estiver respirando
ou estiver apenas com gasping”).
A sequencia da RCP começa com compressões (sequencia C-A-B). Logo, a respiração e verificada
rapidamente como parte da verificação quanto a PCR; apos a primeira serie de compressões torácicas, a
via aérea e aberta e o socorrista aplica duas ventilações.
SE A VÍTIMA ESTIVER RESPIRANDO - LIBERAR AS VIAS AÉREAS SUPERIORES
 Abra as vias aéreas superiores da vítima inconsciente.
 Verifique a presença de corpos estranhos na boca da
vítima, tais como: vômitos, objetos, dentes
quebrados, próteses móveis deslocadas, sangue,
alimentos, etc.
 Se você NÃO É PROFISSIONAL que atua em
atendimento pré-hospitalar, deverá empregar
exclusivamente o tipo de manobra indicada ao lado
para liberar as vias aéreas de qualquer vítima que
esteja inconsciente, independente de ter ou não
sofrido trauma (recomendações das Diretrizes 2005
da American Heart Association).
SE FOR VÍTIMA DE TRAUMA
 Localize a presença de grandes hemorragias.
Nas vítimas de trauma, inspecione visualmente, de forma rápida, a parte anterior do corpo da
vítima e apalpe a parte posterior, no sentido da cabeça em direção aos pés para verificar se existem
hemorragias que comprometam a vida do acidentado.
Se necessário, corte as vestes da vítima para ter
acesso aos ferimentos. Terrenos gramados ou de terra
podem ocultar sangramentos. Ilumine local escuro.
Manobra de Inclinação da Cabeça e Elevação do Queixo
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Lembre-se que o propósito da Análise Primária consiste na identificação e correção imediatas das
falhas nos sistemas respiratório e circulatório, que representem para a vítima risco iminente de morte.
SE FOR VÍTIMA DE TRAUMA, HOUVER EQUIPAMENTO E TREINAMENTO
Aplique um COLAR CERVICAL
ao término da análise primária
para manter a imobilização da
coluna cervical. Se você não
tiver treinamento para
aplicar um colar cervical,
mantenha a estabilização
manual.
CHECK LIST DA ANÁLISE PRIMÁRIA
ATIVIDADE COMO EXECUTAR PORQUE EXECUTAR
Observe a vítima e
a área do
acidente.
Certifique-se da segurança para si e para a
vítima. Observe as condições da cena e do
ambiente.
A posição da vítima e arredores serão
a chave para descobrir sobre
mecanismos da lesão e a história da
vítima.
Verifique se a
vítima está
consciente.
Estabilize a cabeça da vítima inconsciente. Toque nos
ombros dela e chame por ela pelo menos 3 vezes. Se a
vítima está consciente e responde ao seu chamado,
identifique-se, pergunte-a sobre o que aconteceu e
descubra sua queixa principal. Se a vítima estiver
inconsciente acione imediatamente o Serviço de
Emergência Médica local.
Para certificar-se de que
as vias aéreas estão
pérvias, de que a vítima
respira adequadamente.
Para começar a determinar
o nível de consciência da
vítima.
Verifique as vias
aéreas da vítima e
estabilize sua
coluna cervical.
Abra as vias aéreas de vítimas inconscientes
e sem trauma pela manobra de inclinação da
cabeça e elevação do queixo.
Se há suspeita de lesão cervical mantenha a
cabeça e o pescoço em posição neutra e use
o método de tração do queixo ou opte pela
manobra de elevação da mandíbula.
Inspecione a cavidade oral em busca de
objetos, sangue, vômitos, dentes quebrados
ou qualquer obstáculo para a respiração da
vítima.
A abertura das vias aéreas é o
primeiro passo e é essencial no
tratamento da vítima. Todas as outras
manobras são inúteis caso as vias
aéreas
não estejam permeáveis. Mantenha a
coluna cervical imobilizada
manualmente para evitar
agravamento de lesão cervical até
que seja possível a aplicação de um
colar e um apoio lateral de cabeça.
Verifique a
respiração da
vítima.
Observe se o tórax e abdômen da vítima apresenta
movimentação.
Se a vítima não respira, OU APRESENTAR APENAS
GASPING, inicie imediatamente as compressões torácicas.
Concomitantemente com a respiração, o socorrista
profissional de saúde deve checar o pulso central.
A ausência da
respiração requer
manobras de
ressuscitação
imediatas, antes de
qualquer outro
tratamento.
Procure pela
presença de
hemorragias
externas.
Inspecione o corpo da vítima em busca de
sangramentos que
comprometam sua vida.
Controle sangramentos existentes
imediatamente com compressão direta sobre
o ferimento. Use sempre luvas de proteção.
Hemorragias graves merecem
atenção e controle imediato, antes de
qualquer outro tratamento posterior.
A vida fica ameaçada diante da perda
de grandes
volumes de sangue.
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ANÁLISE SECUNDÁRIA
Toda lesão ou doença tem formas peculiares de se manifestar e isso pode ajudá-lo no
descobrimento do tipo de problema que afeta a vítima. Estes indícios são divididos em dois grupos: os
sinais e os sintomas.
Alguns são bastante óbvios, mas outros indícios importantes podem passar despercebidos, a
menos que você examine a vítima cuidadosamente, da cabeça aos pés.
 SINAIS são detalhes que você poderá descobrir fazendo o uso dos sentidos – visão, tato, audição e
olfato – durante a avaliação da vítima. Sinais comuns de lesão incluem sangramento, inchaço
(edema), aumento de sensibilidade ou deformação; já os sinais mais comuns de doenças são pele
pálida ou avermelhada, suor, temperatura elevada e pulso rápido.
 SINTOMAS são sensações que a vítima experimenta e é capaz de descrever. Pode ser necessário
que você faça perguntas para definir a presença ou ausência de sintomas. Pergunte à vítima
consciente se sente dor e exatamente onde. Examine a região indicada procurando descobrir
possíveis lesões por trauma, mas lembre-se de que a dor intensa numa região pode mascarar outra
enfermidade mais séria, embora menos dolorosa. Além da dor, os outros sinais que podem ajudá-lo
no diagnóstico incluem náuseas, vertigem, calor, frio, fraqueza e sensação de mal-estar.
CHECK LIST DA ANÁLISE SECUNDÁRIA
ATIVIDADE COMO EXECUTAR PORQUE EXECUTAR
Apalpe todo o crânio, procure por
deformidades, ferimentos,
edemas, equimoses.
Para identificar possíveis lesões na
cabeça.
Observe ambas as pupilas, procure
por edemas, equimoses, lesões
nas córneas ou pálpebras.
Para indicar possíveis lesões na
cabeça, no próprio olho, uso de
drogas, etc.
Pesquise a saída de sangue ou
líquor pelos condutos auditivos.
Certifique-se de que a vítima pode
ouvir. Pesquise edemas ou
equimoses atrás das orelhas.
Para indicar possíveis perdas da
audição, sinais de traumatismo
crânio-encefálico ou ferimentos na
cabeça.
Apalpe os ossos da face, o nariz e
a mandíbula da vítima. Procure
hemorragias, deformidades,
ferimentos, ou equimoses.
Pesquise por líquor no nariz.
Verifique na boca possíveis lesões
na língua, perda de dentes ou
prótese, pesquise o hálito.
Para indicar possíveis lesões na
cabeça: fraturas de ossos faciais,
fraturas no crânio, lesões na boca
e mandíbula, ingestão de álcool,
etc.
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Apalpe a parte posterior do
pescoço em busca de lesões na
coluna cervical.
Observe o alinhamento da
traquéia e os vasos sanguíneos do
pescoço.
Para determinar se há lesão na
coluna cervical. Traquéia desviada
e estagnação de sangue nas veias
do pescoço podem ser resultantes
de trauma de tórax. Mantenha a
imobilização cervical. Evite
manipulação excessiva do pescoço
durante o exame.
Apalpe os ombros, a clavícula e a
escápula da vítima bilateralmente,
procurando por deformidades,
ferimentos, hemorragias ou
edemas.
Para indicar possíveis lesões na
cintura escapular da vítima.
Fraturas e/ou luxações nos ossos
dos ombros.
Apalpe as regiões anterior e lateral
do tórax. Apalpe o esterno.
Pesquise deformidades, fraturas,
áreas de contusão ou edemas.
Observe movimentos respiratórios
anormais.
Para identificar sinais e sintomas
de fraturas de costelas ou esterno,
feridas fechadas ou abertas no
tórax e possíveis problemas
respiratórios.
. Apalpe e pesquise contusões ou
ferimentos abertos no abdômen.
Observe a sensibilidade e o tônus
muscular.
Para indicar possíveis hemorragias
internas, eviscerações, contusões
e ferimentos abertos.
Apalpe a região anterior, lateral e
posterior da pelve. Pesquise
instabilidade, dor, ferimentos ou
hemorragias. Procure identificar
lesões na região genital.
Para indicar possíveis lesões na
região da pelve. Fraturas e/ou
luxações dos ossos da pelve.
Possíveis lesões nos órgãos
genitais ou urinários.
Apalpe os membros inferiores e
membros superiores. Pesquise por
ferimentos, hemorragias,
deformidades ou edemas. Cheque
a capacidade de movimentação, a
sensibilidade.
Compare com o membro não
lesado.
Para identificar possíveis fraturas,
luxações e entorses.
Indicar sinais de traumatismos na
coluna vertebral ou de
traumatismos crânio-encefálico,
etc.
Observe nas extremidades superiores e inferiores: capacidade de movimentação, força muscular,
pulso distal, perfusão capilar, sensibilidade.
movimentação força muscular perfusão capilar pulso distal sensibilidade
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ATIVIDADE COMO EXECUTAR PORQUE EXECUTAR
Aproveite a manobra de
rolamento e apalpe o dorso
da vítima.
Verificar presença de contusões,
hematomas, inchaço local.
ENTREVISTA
Se a vítima estiver consciente e alerta pergunte-a diretamente. Aproxime-se do paciente e
demonstre que você poderá ajudá-la a aliviar o sofrimento decorrente de um ferimento ou problema de
saúde. Faça as questões de modo claro e em número reduzido. Não utilize frases supérfluas como “você
está ótimo”, “tudo vai acabar bem”, “fique tranqüilo”, “isto não é nada”. O paciente tem capacidade para
perceber a complexidade da situação e perderá a confiança em você.
PERGUNTAS IMPORTANTES
 O nome – pergunte com simplicidade qual é o seu nome? Lembre-se que um paciente consciente
poderá piorar com rapidez, perdendo a capacidade de comunicar-se. Durante a entrevista fale com o
paciente, empregando sempre o seu nome. As crianças podem ter dificuldade em falar o nome
completo.
 Idade de crianças e contato com os pais – talvez você não tenha dificuldade em estabelecer
uma idade aproximada de um adulto, mas para as crianças é importante conhecer a idade para
escolher as técnicas e cuidados mais adequados. Pergunte a idade para as crianças e os
adolescentes e, como você poderá entrar em contato com os seus pais ou responsáveis. Algumas
vezes esta pergunta pode deixar a criança mais aflita porque ela compreende que está doente ou
machucada e que seus pais não estão presentes para ajuda-la. Esteja preparado para confortar a
criança e assegurar que alguém faça o contato com os pais.
 O que está errado? Quando o paciente não apresentar uma queixa, pergunte se ele sente dor em
algum lugar do corpo. Se um membro está ferido, pergunte se ele apresenta uma sensação de
adormecimento, queimação ou formigamento da extremidade atingida. Estes são sinais
preocupantes de possíveis lesões em nervos ou da medula espinhal.
 Como aconteceu? Nos casos de trauma, saber como aconteceu o acidente pode ajudar na
identificação de problemas que não foram relatados. Quando o paciente está deitado no chão,
pergunte se ele mesmo achou melhor deitar-se ou se a posição foi forçada por uma queda, golpe ou
projeção. Faça isto também para os pacientes com problemas clínicos. Essas informações podem
revelar a existência de lesões importantes como as da coluna vertebral ou hemorragias internas. Nos
acidentes automobilísticos as questões devem ser mais específicas. Ao perguntar como aconteceu?
Você poderá ter como resposta o relato de como o outro motorista errou. Para evitar esta situação
faça perguntas do tipo: você bateu contra o pára-brisa? Você bateu o tórax contra o volante? Você
foi jogado para trás (ou para frente)? Você foi jogado para fora do carro?
 Há quanto tempo aconteceu? Permitirá que você saiba se o problema foi repentino (agudo), se
está acontecendo há alguns dias ou mesmo descobrir se o paciente apresenta o problema há muito
tempo (crônico).
 Isto já aconteceu antes? Ou você já sentiu isto antes? Procure ser realista. Perguntar a uma
pessoa que colidiu com um caminhão se isto aconteceu antes, não é uma questão prática.
Entretanto, se o paciente caiu é importante saber se este episódio acontece freqüentemente.
Queixas de falta de fôlego, tontura ou calafrio são exemplos de sintomas relatados pelo paciente e
que o Socorrista precisará saber se aconteceu pela primeira vez.
 Você tem algum problema de saúde? Ou pergunte se o paciente sente-se doente e ou se tem
consultado algum médico.
 Você tem tomado algum remédio?
 Você tem alguma alergia? Uma alergia pode ocasionar desconforto. Saber a causa da alergia
pode facilitar a remoção da substância irritante para longe do paciente.
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HISTÓRICO SIMPLIFICADO
 Sinais e sintomas;
 Alergias;
 Medicações;
 Problemas antecedentes: histórico das doenças;
 Líquidos e alimentos ingeridos recentemente;
 Acontecimentos relacionados com a doença ou o trauma.
DADOS IMPORTANTES
 Nome do paciente – se houver menores, pergunte pelos pais ou peça para alguém chamá-los.
 O que aconteceu? – você pode perguntar se o paciente caiu da escada, se desmaiou ou bateu
com a cabeça em um objeto ou qualquer outro indício que tenha percebido.
 Alguém viu algo diferente no paciente? O paciente apertou o peito (tórax) antes de cair?
 O paciente fez alguma queixa antes do acontecido? Novamente escute os relatos sobre dores
no tórax, náuseas, preocupação com um cheiro estranho no local de trabalho e outros indícios.
 O paciente tem alguma doença ou problema de saúde? Você pode ser informado de que o
paciente é cardíaco, que tem alergia, que é alcoólatra ou outras possibilidades que levariam as
alterações rápidas das condições do paciente.
 Alguém sabe se o paciente toma remédio? Utilize as palavras remédio ou medicamentos. Não
empregue a palavra “droga” porque as pessoas ao redor podem sentir-se intimidadas, pensarem que
é uma investigação policial e deixarem de colaborar.
Não faça as perguntas, isoladamente. Seja dinâmico. Enquanto realizar o exame físico para a coleta dos dados objetivos,
você poderá interrogar as pessoas que estiverem ao redor e escutar as respostas. Isto é importante para detectar alterações não
perceptíveis e de risco, como um sangramento moderado, um ferimento ou outro problema que não pode ser menosprezado
enquanto você faz a entrevista.
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CAPÍTULO IV
Ressuscitação Cardiopulmonar
OBJETIVOS:
Proporcionar aos participantes capacitações para:
1. Estabelecer os elos da Corrente da Sobrevivência, conceito de reanimação da American Heart
Association;
2. Utilizar os métodos de barreira para a ventilação artificial;
3. Empregar as manobras de ressuscitação cardiopulmonar para vítimas em parada cardíaca;
4. Intervir em vítimas com obstrução de vias aéreas por corpos estranhos (OVACE).
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RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR
PRINCÍPIOS DA RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR
Para que a vida possa ser preservada faz-se necessário um fluxo constante de oxigênio para o
cérebro. O oxigênio é transportado para os tecidos cerebrais através da circulação sangüínea.
O coração é a bomba que mantém esse suprimento e, se ele parar (parada cardíaca), sobrevirá à
morte, a menos que se tomem medidas urgentes de reanimação.
A correta aplicação das etapas da ressuscitação cardiopulmonar (RCP) poderá manter a vida até
que a vítima se recupere o suficiente para ser transportada para uma unidade hospitalar ou até que
possa receber tratamento pré-hospitalar por uma equipe especializada.
As manobras de suporte básico de vida (SBV) são diferentes das manobras de suporte avançado
de vida (SAV). Esta última consiste no emprego de profissionais devidamente capacitados e no uso de
equipamentos adicionais tais como: monitores cardíacos, desfibriladores, administração de
medicamentos, intubação orotraqueal, etc.
A Associação Americana do Coração (American Heart Association) estabelece que para a
recuperação da vítima em parada cardiorrespiratória um conjunto de ações interligadas sejam levadas a
efeito e denomina-se Corrente da Sobrevivência. Se um dos elos dessa corrente se quebrar a vítima
não terá sucesso na recuperação ou terá seqüelas irreversíveis.
CORRENTE DA SOBREVIVÊNCIA
1º ELO: ACIONAR IMEDIATAMENTE O SERVIÇO DE EMERGÊNCIA MÉDICA
 Compreende desde os primeiros sinais de um problema cardíaco, seu reconhecimento, o
acionamento de equipes especializadas através do fone 193, até o despacho de profissionais
médicos ou socorristas para o atendimento da emergência no local.
2º ELO: INICIAR A RCP IMEDIATAMENTE E MANTÊ-LA ATÉ A CHEGADA DO SEM
 As manobras de RCP são mais efetivas quando iniciadas imediatamente após o colapso da vítima. É
fundamental que se desenvolvam programas de treinamento para capacitar as pessoas da
comunidade na identificação de problemas cardíacos, na forma de acionamento dos serviços de
emergência e na execução das manobras de RCP ao nível de suporte básico da vida.
3º ELO: DESFIBRILAÇÃO PRECOCE
 Uma rápida desfibrilação é o elo da corrente que
provavelmente represente a maior chance de
sobrevivência numa emergência cardíaca. A Associação
Americana do Coração recomenda que as manobras de
desfibrilação externa sejam difundidas e que
organizações como os Corpos de Bombeiros sejam
treinadas e equipadas com desfibriladores, de forma a
possibilitar seu emprego no menor espaço de tempo
possível.
Fonte:
Funcor/SBC
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4º ELO: ATENDIMENTO MÉDICO HOSPITALAR PRECOCE
 Este último elo, diz respeito às manobras de suporte avançado, providenciadas no local da cena por
médicos para o tratamento do problema cardíaco de forma mais efetiva.
AVALIAÇÃO INICIAL DA VÍTIMA
1. DETERMINE O ESTADO DE CONSCIÊNCIA DA VÍTIMA
A pessoa que presta o socorro deve chamar e tocar
levemente a vítima. Nos casos de acidente traumático (em
especial nos traumas de cabeça e pescoço), evite movimentação
excessiva da cabeça da vítima, para evitar o agravamento de
lesões já existentes com consequente paralisia dos membros
superiores e inferiores por lesão da medula espinhal. Chame
pela vítima pelo menos 3 vezes. Se não houver qualquer
resposta de alerta, a vítima pode ser considerada inconsciente.
2. VERIFIQUE SE A VÍTIMA ESTÁ RESPIRANDO. SE NÃO RESPIRA:
Destaques das Diretrizes da American Heart Association 2010 para Ressuscitação
Cardiopulmonar e Assistência Cardiovascular de Emergência
Alteração na sequência da RCP: C-A-B, em vez de A-B-C*
2010 (Nova): Iniciar compressões torácicas antes das ventilações.
Motivo: Embora nenhuma evidência em humanos ou animais publicada demonstre que iniciar a RCP
com 30 compressões, em vez de 2 ventilações, leve a um melhor resultado, as compressões torácicas
fornecem fluxo sanguíneo vital ao coração e ao cérebro; ademais, estudos de PCR extra-hospitalar em
adultos mostram que a sobrevivência e maior quando as pessoas presentes fazem alguma tentativa de
aplicar a RCP, em vez de simplesmente não tentarem faze-lo. Dados de animais demonstram que
atrasos ou interrupções nas compressões torácicas reduzem a sobrevivência; logo, tais atrasos ou
interrupções devem ser minimizados ao longo de toda a ressuscitação. As compressões torácicas podem
ser iniciadas quase imediatamente, ao passo que posicionar a cabeça e obter um selo para a respiração
boca a boca ou com bolsa-válvula-mascara/insuflador manual sempre demoram certo tempo. A demora
no inicio das compressões poderá ser reduzida se houver dois socorristas presentes: o primeiro inicia as
compressões torácicas e o segundo abre a via aérea e se prepara para aplicar respirações tão logo o
primeiro complete a primeira serie de 30 compressões torácicas. Quer haja um ou mais socorristas
presentes, o inicio da RCP com compressões torácicas garante que a vitima receba logo essa intervenção
critica - e qualquer atraso nas ventilações de resgate deve ser breve.
3. RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR REALIZADA POR SOCORRISTAS LEIGOS
Em caso de parada cardíaca, em VÍTIMAS ONDE SE POSSA COLOCAR AS 2 MÃOS
SOBRE O TÓRAX, o socorrista deverá seguir as instruções abaixo:
 Deite a vítima sobre uma superfície plana e rígida (Ex. no chão);
 EXPONHA O TÓRAX DA VÍTIMA, SEJA ELA MASCULINA ou FEMININA. É ESSENCIAL PARA
QUE AS COMPRESSÕES SEJAM EFICAZES, POIS AS MÃOS DEVEM ESTAR NO CENTRO DO
TÓRAX, NA LINHA DOS MAMILOS. A FALSA INDICAÇÃO DE QUE É PROIBIDO EXPOR UM
TÓRAX FEMININO DE UMA VÍTIMA EM PARADA CARDÍACA NÃO ENCONTRA RESPALDO
NA TÉCNICA, ÉTICA ou LEGALIDADE, A AMERICAN HEART ASSOCIATION RECOMENDA
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QUE DURANTE O TREINAMENTO O SOCORRISTA SEJA ORIENTADO A PERDER A
VERGONHA DE EXPOR O TÓRAX DE UM PACIENTE, EXPONDO O TÓRAX DO MANEQUIM.
 Apoie a outra mão sobre a primeira, com os dedos entrelaçados e afastados do tórax;
 Mantenha os braços estendidos, sem dobrar os cotovelos;
 Seus ombros devem estar na mesma linha sobre o esterno;
 O peso de seu corpo deve recair sobre o tórax da vítima e comprimi-lo;
 A compressão cardíaca é produzida comprimindo o osso esterno sobre o coração da vítima e
espremendo-o contra a coluna vertebral.
COMPRESSÕES EFICAZES: RÁPIDA, FORTE, SEM PARAR
 Execute compressões torácicas CONTÍNUAS.
 Empregue o ritmo (velocidade) de NO MÍNIMO 100 compressões por minuto.
 Abaixe o esterno:
ACIMA DE 8 ANOS DE IDADE: 5 CM
ABAIXO DE 8 ANOS DE IDADE: 4 CM
EXECUTE AS COMPRESSÕES TORÁCICAS ATÉ QUE A VÍTIMA VOLTE A RESPIRAR OU QUE A
EQUIPE DE APOIO ASSUMA A VÍTIMA.
RCP REALIZADA POR SOCORRISTAS LEIGOS TREINADOS
INICIE PELAS COMPRESSÕES TORÁCICAS
Se estiver sozinho faça as ventilações de resgate logo depois de 30
compressões torácicas.
Se houver outro socorrista, ESTE TERÁ 18 SEGUNDOS (TEMPO DE 30
COMPRESSÕES TORÁCICAS) para utilizar um dispositivo de ventilação de
resgate.
Se houver outro socorrista, ESTE TERÁ 18 SEGUNDOS (TEMPO DE 30
COMPRESSÕES TORÁCICAS) para utilizar um dispositivo de ventilação de
resgate.
O ressuscitador manual, quando possível, dever ser acoplado ao
cilindro de oxigênio portátil.
não precisa ser feita, de forma que possa retornar a sua posição normal.
Em vítimas onde não for possível apoiar as 2 mãos devido ao
pequeno tamanho do tórax (geralmente com idade entre 1 e 8
anos), a compressão torácica pode ser realizada com apenas uma
das mãos posicionada sobre o esterno da vítima, no centro do tórax
na linha dos mamilos.
Mantenha ciclos de compressões x ventilações na razão de 30 x 2.
Para melhor eficácia das compressões torácicas, sempre que houver mais de 1 socorrista,
reveze as compressões torácicas a cada 5 ciclos (2 minutos).
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VENTILAÇÃO DE RESGATE
QUANDO NÃO PUDER VENTILAR INICIE E MANTENHA COMPRESSÕES TORÁCICAS
CONTÍNUAS ATÉ A CHEGADA DE APOIO – DIRETRIZES 2008 DA AMERICAN HEART
ASOCIATION DENOMINADA “ONLY COMPRESSIONS” e ATUALIZAÇÕES 2010.
UTILIZAÇÃO DE MÉTODO DE BARREIRA PARA VENTILAÇÃO ARTIFICIAL
Sempre que possível, realize a ventilação artificial com o auxílio de um equipamento de proteção
(máscara facial ou barreira facial), evitando o seu contato direto com a boca da vítima.
USO DA MÁSCARA DE BOLSO (MODELO POCKET MASK)
Dispositivo de proteção pessoal do socorrista composto por silicone,
com bordas que permitem boa vedação na face da vítima.
Possui válvula de fluxo de única direção e filtro que retém secreções
evitando o contato com a boca da vítima.
O elástico possibilita que a máscara fique presa à cabeça da vítima
durante a reanimação.
 Ajoelhe-se atrás da cabeça da vítima ou se tiver habilidade, utilize posicionado lateralmente.
 Execute a manobra adequada de liberação de vias aéreas conforme a condição da vítima;
 Posicione a máscara sobre a face da vítima, com o ápice sobre a ponte do nariz e a base entre os
lábios e o queixo;
 Mantenha o dedo indicador, médio e anular de cada mão
segurando a mandíbula da vítima, elevando-a para cima e para
frente, enquanto que os polegares são colocados sobre a parte
superior da máscara. A pressão firme entre os polegares e os
dedos mantém a máscara bem selada à face;
 Inspire normalmente e expire através da abertura da máscara de
forma rápida. 1 segundo para cada ventilação.
UTILIZAÇÃO DA MÁSCARA FACIAL PARA O SOCORRO DE LACTENTES
 Posicione a máscara na face da vítima invertendo-a.
 Mantenha o ápice da máscara posicionado em direção ao queixo do lactente, enquanto que a base
cobre a boca e o nariz, envolvendo a face.
 O socorrista deve realizar ventilações de resgate rápidas (1 segundo cada).
USO DE BARREIRA FACIAL
Dispositivo plástico para proteção do
socorrista durante a ventilação artificial
boca a boca.
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COMPLICAÇÕES MAIS COMUNS NA RCP
 A vítima não está posicionada sobre uma superfície rígida;
 A vítima não está em posição horizontal (se a cabeça está elevada, o fluxo sangüíneo cerebral ficará
deficitário);
 As vias aéreas não estão permeáveis;
 A boca ou máscara não está apropriadamente selada na vítima e o ar escapa;
 As narinas da vítima não estão fechadas;
 As mãos foram posicionadas incorretamente ou em local inadequado sobre o tórax;
A compressão é muita profunda ou demasiadamente rápida (não impulsionam volume sanguíneo
adequado).
 A razão entre as ventilações e compressões é inadequada;
 A RCP deixa de ser executada por mais de 5 segundos (alto risco de lesão cerebral).
QUANDO INTERROMPER A RCP
 Haja o retorno espontâneo da circulação (retorno do pulso). Continuar a ventilar;
 Haja o retorno da respiração e da circulação;
 Pessoal mais capacitado chegar ao local da ocorrência;
 Socorrista estiver completamente exausto e não conseguir realizar as manobras de reanimação.
QUADRO RESUMO DAS TÉCNICAS DE RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR
RCP-LISTA DE CONSULTA ADULTOS CRIANÇAS BEBÊS
Posição das mãos durante as
compressões torácicas
Ambas, no centro do
peito, entre os mamilos
Pode ser apenas com uma
das mãos, posicionada no
centro do peito, entre os
mamilos
Utilizar 2 dedos
sobre o esterno
com socorrista
isolado. Sempre 1
dedo abaixo da
linha dos mamilos.
Ritmo (velocidade) das
compressões torácicas por
minuto...
MÍNIMO DE 100 POR MINUTO
COMPRESSÃO do esterno
durante as compressões...
5 CM 4 CM
Um terço até
metade da altura do
tórax
Razão entre as compressões
e as ventilações...
30 x 2
Lembre-se que os conhecimentos sobre RCP requerem prática com manequins, supervisionada por
pessoa técnica autorizado.
SINAIS EVIDENTE DE MORTE – NÃO INICIAR A RCP
 Decapitação;
 Rigidez cadavérica (rigor mortis);
 Estado de putrefação;
 Separação do tronco;
 Esmagamento completo de cabeça e tórax;
 Presença de manchas hipoestáticas (livor mortis);
 Carbonização completa do corpo ou calcinação.
Adote as medidas para proteção de local de crime. Não altere o estado das coisas. Acione a unidade de
policiamento da localidade.
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OBSTRUÇÃO RESPIRATÓRIA POR CORPOS ESTRANHOS (OVACE)
O engasgamento ou sufocação pode ser definido como uma obstrução total ou parcial das vias
aéreas, obstrução esta, provocada pela presença de um corpo estranho.
Na obstrução total das vias aéreas a vítima não consegue tossir, falar ou respirar.
Em caso de engasgamento ou sufocação, auxilie a vítima prestando o socorro da forma que segue:
DESOBSTRUÇÃO DE VIAS AÉREAS EM VÍTIMAS EM ADULTOS
 Se a vítima está consciente, posicione-se por trás dela e coloque seus braços ao redor da cintura da
vítima. Segure um dos punhos com a sua outra mão, colocando o polegar contra o abdome da
vítima, entre o final do osso esterno (apêndice xifóide) e o umbigo. De então repetidos puxões
rápidos para dentro e para cima, a fim de expelir o corpo estranho. Repita os movimentos até
conseguir desobstruir as vias aéreas da vítima, ou então, até ela ficar inconsciente.
SEQÜÊNCIA DE PROCEDIMENTOS PARA VÍTIMAS CONSCIENTES
SEQÜÊNCIA DE PROCEDIMENTOS PARA VÍTIMAS INCONSCIENTES
 Se a vítima ficar ou for encontrada inconsciente, deite-a de costas
e inicie as manobras de ressuscitação cardiopulmonar adequada para a
sua idade.
COM UMA DIFERENÇA: Sempre que for ventilar, abra a boca da
vítima e verifique se o corpo estranho foi expulso.
Se esse aparecer na boca, retire-o com seu dedo. Se não,
providencie uma ventilação e se o ar não passar, reposicione a cabeça e
ventile novamente. Se a obstrução persistir repita os procedimentos de
ressuscitação cardiopulmonar até conseguir expulsar o objeto que causa
a obstrução respiratória.
Havendo a desobstrução, observe os sinais vitais da vítima. Se estiver respirando, coloque a vítima
na posição de recuperação.
Se não estiver respirando, continue com as manobras de ressuscitação cardiopulmonar.
DESOBSTRUÇÃO DE VIAS AÉREAS EM VÍTIMAS EM CRIANÇAS
Se a vítima está consciente, de pé ou sentada, posicione-se, de
joelhos, por trás dela e coloque seus braços ao redor da cintura da vítima.
Segure um dos punhos com a sua outra mão, colocando o polegar contra o
abdome da vítima, entre o final do osso esterno (apêndice xifóide) e o
umbigo. De então repetidos puxões rápidos para dentro e para cima, a fim
de expelir o corpo estranho. Repita os movimentos até conseguir
desobstruir as vias aéreas da vítima, ou então, até ela ficar inconsciente,
quando então iniciará a RCP conforme adultos.
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DESOBSTRUÇÃO DE VIAS AÉREAS EM VÍTIMAS EM BEBÊS
Lactentes conscientes e com OVACE devem ser virados de cabeça para baixo sobre o braço de um
adulto. Dê 5 pancadas firmes no meio das costas da vítima. O socorrista deve posicionar a cabeça do
bebê num nível abaixo do resto do corpo, de forma que o objeto que está sufocando possa sair das vias
aéreas. Vire o bebê e comprima 5 vezes sobre o tórax, em seguida, um dedo abaixo da linha do esterno.
Tente visualizar o corpo estranho na boca do bebê e remova-o com seu dedo mínimo.
Se o corpo estranho não aparece, repita as manobras de compressão nas costas e sobre o tórax,
até conseguir a completa desobstrução.
Se o bebê apresenta sinais iniciais
de obstrução, tome-o
imediatamente nos braços. Posicione-o lateralmente, com
a cabeça para baixo para
permitir a expulsão do corpo
estranho através da tosse.
Segure o bebê apoiado
sobre sua coxa e dê 5
tapas entre as escápulas,
suavemente.
Vire o bebê de bruços
sobre o outro antebraço. Execute 5 compressões no
esterno.
Observe a saída do corpo estranho.
Se visível, remova com os dedos.
Observe se a vítima respira. Coloque a vítima na posição
de recuperação.
Previna a hipotermia.
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OBSERVAÇÃO
Caso o bebê perca a consciência inicie as manobras de ressuscitação cardiopulmonar.
DESOBSTRUÇÃO EM VÍTIMAS OBESAS OU GESTANTES
Em pessoas extremamente obesas ou em
estágio avançado de gravidez (3º trimestre), a
técnica de compressão abdominal (manobra de
Heimlich) não tem eficácia.
Nesses casos, recomenda-se a
compressão sobre o tórax da vítima, ou seja, a
substituição da compressão abdominal pela
compressão torácica.
MANOBRAS DE DESOBSTRUÇÃO EM VÍTIMAS SENTADAS
Se a vítima está consciente, posicione-se, de joelhos, por trás dela e
coloque seus braços ao redor da cintura da vítima. Segure um dos punhos
com a sua outra mão, colocando o polegar contra o abdome da vítima,
entre o final do osso esterno (apêndice xifóide) e o umbigo. De então
repetidos puxões rápidos para dentro e para cima, a fim de expelir o
corpo estranho. Repita os movimentos até conseguir desobstruir as vias
aéreas da vítima, ou então, até ela ficar inconsciente.
MANOBRAS DE AUTODESOBSTRUÇÃO
Estando sozinho, em caso de obstrução de vias
aéreas por corpos estranhos, a vítima terá como
opção a manobra de compressão abdominal com as
próprias mãos apoiadas sobre o abdome ou a
utilização de um apoio (encosto de cadeira) com a
mesma finalidade.
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CAPÍTULO V
Desfibrilação Externa Automática
OBJETIVOS:
Proporcionar aos participantes capacitações para:
1. Conceituar desfibrilação cardíaca;
2. Estabelecer as características dos principais equipamentos Desfibriladores Externo Automáticos
(DEA);
3. Definir o momento adequado do emprego do DEA;
4. Empregar o DEA em conjunto com as manobras de Suporte Básico de Vida.
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DESFIBRILAÇÃO EXTERNA AUTOMÁTICA
Sabemos que a maioria das mortes súbitas por problemas cardíacos acontece longe dos hospitais
e este é o principal motivo para a existência de Treinamentos de Suporte Básico de Vida com Emprego
de Desfibrilador Externo Automático. O emprego das manobras de RCP com uso do DEA tem sido
importantes aliados no aumento das taxas de sobrevivência na parada cardíaca testemunhada.
NOÇÕES BÁSICAS DA FISIOLOGIA CARDÍACA
Cada contração cardíaca do ventrículo esquerdo gera uma circulação de
cerca de 80 ml num paciente adulto com peso normal de cerca de 70 Kg.
O movimento de contração é denominado SÍSTOLE e o de relaxamento das
câmaras cardíacas DIÁSTOLE.
A freqüência cardíaca normal em um paciente adulto é de 60 a 100
batimentos por minuto.
As câmaras cardíacas que recebem sangue são chamadas de ÁTRIOS e as
que impulsionam o sangue são chamadas de VENTRÍCULOS.
Entre átrios e ventrículos direito e esquerdo existem VALVAS
ATRIOVENTRICULARES que permitem o fluxo sanguíneo num único sentido.
O átrio esquerdo e o ventrículo esquerdo são responsáveis pela CIRCULAÇÃO ARTERIAL. O
átrio direito e o ventrículo direito são responsáveis pela CIRCULAÇÃO VENOSA.
O sangue das ARTÉRIAS tem circulação no sentido centro-periferia (do coração para os órgãos) e
o sangue das VEIAS tem circulação no sentido periferia-centro (dos órgãos para o coração).
Em geral, todo o sangue de uma pessoa passa pelo coração em um minuto e dependendo das
necessidades orgânicas mais de uma vez por minuto por conta do aumento da freqüência cardíaca.
A mecânica cardíaca ocorre por meio de estímulos elétricos produzidos no NODO
SINOATRIAL (SA) localizado no átrio direito. Esse estímulo gera cerca de 6 milivolts de
energia elétrica. A estimulação cardíaca é autônoma, sendo controlada, no entanto, pelo
TRONCO ENCEFÁLICO.
O impulso MARCA-PASSO do Nodo SA
se difunde, inicialmente, nos dois átrios, em
forma de uma onda progressiva que atravessa
o miocárdio produzindo contração e fluxo de
sangue em direção aos ventrículos.
O impulso então alcança o NODO ÁTRIO
VENTRICULAR (AV), onde há uma pausa de
1/13 de segundo, permitindo que o sangue
entre nos ventrículos. Terminada a pausa, o
Nódulo AV é estimulado, iniciando-se um
impulso elétrico que desce pelo FEIXE
ÁTRIO VENTRICULAR (Feixe de His), para
os seus ramos direito e esquerdo.
O impulso elétrico se encaminha para as
FIBRAS DE PURKINJE que estimula
diretamente as células miocárdicas produzindo
contração dos ventrículos, simultaneamente.
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ELETROCARDIOGRAFIA
Atividade elétrica cardíaca captada por um
ELETROCARDIÓGRAFO. O gráfico mostra a
condutividade elétrica através de átrios e ventrículos e
produz um ELETROCARDIOGRAMA (ECG). Muitas
patologias podem ser descobertas com base nesse
exame simples, como ocorre com as arritmias.
Eletrodos ligados ao paciente Eletrodos externos Visão estilizada do ECG
MARCA-PASSO POTENCIAIS
Há marca-passos potenciais (ectópicos) em ambos os átrios, no
Nodo AV e em ambos os ventrículos. Eles podem assumir o
comando, se o mecanismo normal falhar.
o Marca-passos auriculares: freqüência de 75 por minuto;
o Marca-passo do Nodo AV: freqüência de 60 por minuto;
o Marca-passos ventriculares: freqüência de 30-40 por minuto.
o Freqüências de urgência: 150 – 250 / min.
TIPOS DE PARADA CARDÍACA
FIBRILAÇÃO VENTRICULAR:
O ritmo inicial mais freqüente nas paradas
cardíacas súbitas é a Fibrilação Ventricular (FV)
representada ao lado no ECG. É uma arritmia
maligna que não gera circulação sanguínea.
A Fibrilação Ventricular (FV) é produzida por estímulos de
muitos focos ventriculares ectópicos (falsos) causando uma
contração caótica dos ventrículos. A FV se origina em numerosos
focos cada um disparando choques (estímulos) com uma
determinada freqüência.
Como há muitos focos ventriculares ectópicos disparando ao
mesmo tempo, cada um atua somente em uma pequena área do
ventrículo, e isso resulta numa contração irregular dos ventrículos.
Essa contração caótica não produz bombeamento efetivo de
sangue.
Ritmo normal do coração
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Emergências que podem estar relacionadas com a fibrilação ventricular: hipertensão
arterial, infarto agudo do miocárdio, tumores, infecções, problemas na glândula tireóide, abuso de
drogas (álcool), etc.
TAQUICARDIA VENTRICULAR SEM PULSO:
Outro ritmo anormal é a TVSP (Taquicardia Ventricular
Sem Pulso). O ritmo cardíaco irregular chega a ser superior a
180 batimentos cardíacos por minuto (bpm), podendo chegar em
alguns casos em 600 bpm. Não gera fluxo sanguíneo e o
paciente não apresenta outros sinais de circulação.
ATIVIDADE ELÉTRICA SEM PULSO:
Atividade elétrica sem pulso é caracterizada
pela ausência de pulso detectável na presença de
algum tipo de atividade elétrica, com exclusão da
taquicardia ventricular ou fibrilação ventricular.
Ao monitor aparecem evidências de atividade elétrica organizada, porém o músculo cardíaco está
muito fraco ou muito mal perfundido para responder ao estímulo elétrico. Dentre as principais causas
destacam-se: Hipoxemia, acidose severa, tamponamento cardíaco, pneumotórax hipertensivo,
hipovolemia, vagotomia, embolia pulmonar.
ASSISTOLIA:
É a cessação de qualquer atividade elétrica ou mecânica dos
ventrículos.
O QUE É A DESFIBRILAÇÃO CARDÍACA?
A Desfibrilação é o uso terapêutico do choque elétrico de corrente elétrica contínua, com grande
amplitude e curta duração, aplicado no tórax ou diretamente sobre o miocárdio. Durante uma atividade
elétrica irregular, a desfibrilação despolariza todas as células cardíacas, permitindo o reinício do ciclo
cardíaco normal, de forma organizada em todo o miocárdio.
QUAL A FUNÇÃO DA DESFIBRILAÇÃO CARDÍACA?
Produzir uma assistolia temporária tentando
despolarizar totalmente o miocárdio (ELIMINAR A
ARRITMIA LETAL), dando oportunidade para o
Nodo Sinoatrial reassumir a atividade elétrica cardíaca
normal.
Através do estímulo proveniente do nodo
sinoatrial, o estímulo elétrico percorre as vias de
condução elétrica do coração (nodo
atrioventricular, feixe atrioventricular e fibras de
Purkinje), permitindo a sincronia dos movimentos das
câmaras cardíacas (átrios e ventrículos).
Desta forma, o coração volta a apresentar
sístoles (contrações das câmaras cardíacas) e diástoles (relaxamento da câmara cardíaca) efetivas, o
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que gera as pressões sistólica (pressão sanguínea máxima) e diastólica (pressão sanguínea
mínima).
IMPORTANTE para o tratamento das paradas cardíacas por FIBRILAÇÃO VENTRICULAR e
TAQUICARDIA VENTRICULAR SEM PULSO.
RAZÕES PARA DESFIBRILAR
O ritmo inicial mais freqüente nas paradas cardíacas súbitas testemunhadas é a Fibrilação
Ventricular (FV) e em casos mais raros a Taquicardia Ventricular sem Pulso (TVSP).
As probabilidades de uma desfibrilação bem-sucedida diminuem rapidamente com o tempo. A FV
e a TVSP tende a transformar-se em Assistolia em poucos minutos. A RCP isolada não reverterá a FV
ou a TVSP a um ritmo normal, apenas prolongará o tempo de arritmia. Será necessária a desfibrilação
para que estes pacientes apresentem retorno do batimento cardíaco normal.
O intervalo de tempo entre a perda da consciência e a desfibrilação é o determinante
crítico da sobrevivência a uma parada cardíaca por FV ou TV.
Em locais onde a desfibrilação foi aplicada no primeiro minuto de parada cardíaca as taxas
de sobrevivência superaram 70%.
Nesses casos, as chances de sobrevivência diminuem cerca de 10% a cada minuto que a
desfibrilação é retardada.
SUPORTE BÁSICO DE VIDA ANTES DA DESFIBRILAÇÃO
A RCP realizada por pessoas que presenciaram a inconsciência da vítima é essencial para
aumentar as taxas de sobrevivência na parada cardíaca. Muitos pacientes adultos em parada por FV ou
TVSP podem sobreviver sem seqüelas neurológicas, mesmo se a desfibrilação é realizada de 6 a 10
minutos após a parada cardíaca súbita desde que seja submetido à RCP neste período que aguarda a
desfibrilação. A RCP parece prolongar a FV e preservar a função cardíaca e a cerebral.
100 %
80 %
60 %
40 %
20 %
0 %
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Fonte
Advance Cardíac Life
Suport
BLS PROVIDER
MINUTOS
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SUPORTE BÁSICO DE VIDA EM CONJUNTO COM A DESFIBRILAÇÃO PRECOCE
Sistema de Emergências Médicas Taxas de sobrevivência
Sem RCP ou demora > 10 minutos 0% - 2%
RCP precoce, desfibrilação demorada (>10 minutos) 2% - 8%
RCP precoce, desfibrilação precoce (até 7 minutos) 20%
RCP precoce, desfibrilação muito precoce (< 4 minutos) 30%
EQUIPAMENTO DESFIBRILADOR EXTERNO AUTOMÁTICO
O desfibrilador externo automático (DEA) é um equipamento que foi desenvolvido para ser utilizado
até por leigos, devidamente treinados. É um equipamento de fácil manuseio, com mensagem de texto e
comando de voz, seguro para o socorrista e com uma sensibilidade e especificidade elevadas, sendo que
essas características o transformam em um equipamento que salva vidas!
DEA significa DESFIBRILADOR EXTERNO AUTOMÁTICO, no entanto, a maioria dos DEA disponível
no mercado são SEMI-AUTOMÁTICOS, já que “informam” ao operador, através de mensagens pré-
gravadas que o choque está indicado, mas não o administra sem uma ação do socorrista (é
necessário pressionar o botão de CHOQUE).
Existe no mercado equipamento DESFIBRILADOR AUTOMÁTICO que depois de
iniciada a análise, libera os choques independentemente da ação do operador.
MODELOS DE EQUIPAMENTOS
ZOLL PHILIPS MEDITRONIC PRIMEDIC
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS DESFIBRILADORES EXTERNO AUTOMÁTICO
Equipamentos DISPONÍVEIS em dupla função para emprego em pacientes adultos e pediátricos.
Operam com baterias carregáveis ou descartáveis ou com pilhas alcalinas.
Mensagens visuais e sonoras para orientar passo-a-passo os socorristas.
Ilustrações no corpo do aparelho, em alguns modelos, facilitam a operação do equipamento.
Software opcional para gravação (áudio, ECG, choques, tempo de utilização) e impressão de dados
depois da utilização do DEA.
Opção de visor de cristal líquido para informações de operação e ECG.
Resistente ou não a impactos conforme o tipo de atividade destinada ao aparelho (uso eventual ou
para resgate).
Capacidade de energia por choques (joules) de acordo com a tecnologia de cada fabricante.
Programação de acordo com o Protocolo específico do fabricante, podendo ser reprogramado de
acordo com as necessidades do usuário.
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ELETRODOS DE DESFIBRILAÇÃO
Eletrodos ADULTOS ou PEDIÁTRICOS (pás de desfibrilação) são de uso único (DESCARTÁVEIS).
O DEA é conectado ao paciente por meio de pás auto-adesivas (ELETRODOS DE
DESFIBRILAÇÃO). Através desses eletrodos o aparelho analisa o ritmo cardíaco com base em
microprocessadores patenteados. Quando é detectada FV ou TVSP, o sistema reconhece aquela
arritmia cardíaca como um dos tipos de parada cardíaca onde o choque é indicado, carrega e indica um
choque por intermédio de mensagens verbais, visuais e alertas sonoros.
As pás realizam a leitura e servem como condutores elétricos, portanto são extremamente
sensíveis. CAPTAM energia elétrica em MILIVOLTS através da parede torácica e a transfere ao
computador.
Embalados com prazo de
validade de acordo com o
fabricante, devendo ser ABERTO
SOMENTE DEPOIS QUE FOR
CONSTATADA A PARADA
CARDÍACA, pois são descartáveis.
Face em gel auto-
adesivo.
O modelo de desfibrilador (ZOLL AED PLUS) utiliza COMO
OPÇÃO, pás especiais, em peça única. Possuem no centro da peça
um METRÔNOMO (detecta a freqüência e intensidade das
compressões torácicas). Estimula através de mensagens sonoras o
socorrista a realizar as compressões na profundidade de 3,8 a 5,1
cm e na freqüência de 100 compressões/minuto.
TIPO DE ENERGIA EMPREGADA NOS DESFIBRILADORES EXTERNO AUTOMÁTICO
Tipos de energia de acordo com a tecnologia de cada fabricante. A
energia é medida em JOULES.
As empresas, atualmente, utilizam ONDAS BIFÁSICAS. É uma
forma de onda clinicamente comprovada pela Associação Americana de
Cardiologia, que proporciona carregamento rápido, possui alto índice de
eficiência e minimiza os danos causados no coração em eventos pós-
desfibrilação.
O sistema de análise do DEA avalia automaticamente a impedância
torácica e o ritmo cardíaco do paciente e não envia o choque, a menos que
o ritmo determine esta necessidade, mesmo se o botão de choque for
pressionado indevidamente. Se o paciente não necessite do choque, a carga
não será enviada.
Existem equipamentos que, por questão de segurança, não enviam o choque ao paciente se o
botão disparador não for pressionado depois de 15 segundos do alerta de “choque indicado”.
Consulte o Manual de Instruções de cada fabricante sobre as características técnicas
de cada equipamento.
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As diretrizes 2010 da American Heart Association recomendam que os desfibriladores sejam
fabricados com tecnologia que atenda a capacidade de desfibrilação. Podem ser monofásicos ou
bifásicos. Possuir carga única ou escalonada em joules. Se possuir carga escalonada, o choque
sucessivo deve ser pelo menos igual ou maior que o primeiro.
CUIDADO: PARTE dos equipamentos em uso ainda encontra-se com a seguinte programação: 3
choques consecutivos com carga escalonada ou linear de acordo com cada fabricante,
seguidas de um temporizador para 1 minuto de RCP e, em seguida, entra o módulo de
análise do ritmo cardíaco.
SIGA SEMPRE AS INSTRUÇÕES DO DESFIBRILADOR EXTERNO AUTOMÁTICO EM USO.
SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO DO DESFIBRILADOR
Desfibriladores possuem sistemas de alimentação por baterias descartáveis ou recarregáveis ou
pilhas de lítio.
Alguns modelos:
IMPEDÂNCIA TORÁCICA
Cada paciente possui um tipo diferente de massa corpórea, o que significa diferente resistência
(IMPEDÂNCIA TORÁCICA).
A resistência elétrica que se opõe à súbita movimentação dos elétrons através do tórax (corrente
elétrica), durante a desfibrilação, é a "IMPEDÂNCIA TORÁCICA". Existe um valor mínimo de corrente
elétrica capaz de promover a desfibrilação (limiar de desfibrilação). Obviamente, quanto menor a
impedância torácica, maior a corrente elétrica. Por outro lado, valores muito altos, freqüentemente,
provocam insucesso na desfibrilação. A análise automática de impedância garante que o choque seja
sempre eficiente, independente do tipo de resistência que o paciente apresente.
Alguns fatores determinam a impedância torácica: tamanho dos eletrodos; área de contato
dos eletrodos; distância entre os eletrodos; tamanho do tórax; pressão de contato dos eletrodos no
tórax, estruturas ósseas proeminentes; tipos de pele e suas particularidades; peso do paciente;
tamanho do tórax do paciente; quantidade de ar nos pulmões; quantidade de gordura subcutânea;
umidade da pele; excesso de pêlos no tórax.
A baixa impedância na desfibrilação também evita eventuais faiscamentos, altamente
desfavoráveis pelo risco de provocar lesões cutâneas e, acidentalmente, incêndio, num ambiente
normalmente rico em oxigênio.
Tempo de liberação dos choques:
Geralmente, entre 5 a 40 milissegundos;
Tempo < 5 ms, pode não desfibrilar;
Tempo > 20 ms, pode ocorrer aumento da possibilidade de refibrilar.
PILHAS BATERIAS KIT COM PACOTE DE CARGA
CHARGE-PAK ®
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AUTOTESTES
Os desfibriladores utilizam bateria cujas características dependem do emprego do equipamento
(uso eventual ou para resgate), respectivamente curta e longa duração de carga. Esses sistemas são
fáceis de instalar, deixando-os pronto para uso.
Realizam autotestes diários, semanais e mensais das baterias, componentes elétricos e
subsistemas. Verificam se as pás estão prontas para uso e observa a funcionalidade e a calibração de
circuitos e sistemas. Um indicador de status, visível, mesmo com o equipamento dentro da maleta,
mostra se o equipamento pronto para o uso.
Autotestes manuais programados, semanalmente, devem ser feitos pelo operador de DEA para
certificar-se da qualidade do equipamento. Um check-list detalhado será apresentado do final deste
Capítulo.
COMO FUNCIONA O DESFIBRILADOR
TRANSFERÊNCIAS DE DADOS DE EVENTOS
Para manter altos padrões de tempo de resposta e de qualidade, é importante manter arquivados
relatórios detalhados dos eventos transcorridos. Os equipamentos desfibriladores podem ser adquiridos
com a função de transferir informações através de cartão de dados (para uso em computador). Grava o
ritmo cardíaco do paciente (ECG inicial), o uso do desfibrilador e quando configurado, a gravação de voz
do evento. Armazena os dados do evento em sua memória interna e os transfere, através da porta
infravermelha ou cabos, para um PalmTM ou diretamente para um computador, sem necessidade de
Montagem sobre fotos Cláudio Rossi
Fonte: Revista Veja 17/11/2004
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retirar o desfibrilador de serviço. Esses dados permitem que se produza uma variedade de relatórios
através dos softwares para PC ou PalmTM.
SUGESTÕES PARA INSTALAÇÃO DO EQUIPAMENTO
Recomenda-se que, em qualquer edificação, desfibriladores sejam instalados em local
previamente estudado de forma que seja possível que numa emergência um deles esteja disponível
para emprego em no máximo 5 MINUTOS do seu ponto mais distante.
Em locais de
concentração pública,
é necessário manter
vigilância constante
sobre o equipamento
devido a furtos.
Aconselha-se que seja
instalado protegido em
caixas com sistema de
alarme e monitorado
pelo circuito interno de
segurança.
Ao ser removido da caixa a Central de Segurança Patrimonial será acionada. Nesse caso somente
pode haver 2 possibilidades: furto ou uso do equipamento. Pode-se inserir no protocolo de emergência
que a retirada do equipamento com acionamento do sistema de alarme implica no acionamento do Serviço
de Emergência Médica para o local.
ACESSÓRIOS
O emprego do DEA requer medidas conjuntas de avaliação inicial da vítima e ressuscitação
cardiopulmonar. Nesse caso, materiais de biossegurança e equipamentos de reanimação são
necessários, bem como será exigido corrigir interferências tais como: secar a vítima, raspar pelos do
tórax, cortar vestes. Alguns desses materiais e equipamentos fazem parte do KIT de Emergência ou
podem ser acondicionados em bolsas em separado para uso exclusivo com o DEA.
Instalação em paredes
Aeroporto de Adelaide
Austrália - 2007
Corredor de passageiros Pátio de fábrica
Eletrodos reserva Tesoura Toalha de rosto Barbeador
Máscara de bolso Luvas
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MANUTENÇÃO DO EQUIPAMENTO
Siga as recomendações do fabricante. Em caso de eventuais falhas encaminhe para a Assistência
Técnica;
Limpe somente a superfície externa do equipamento com um pano úmido;
Mantenha um check-list (semanal) atualizado junto com o equipamento;
Não abra a embalagem dos eletrodos se não houver a necessidade de uso;
Observe o prazo de validade dos eletrodos;
Não tente utilizar eletrodos de outras marcas de equipamento, pois possuem configurações
diferentes;
Mantenha sempre uma bateria sobressalente ou pilhas reservas;
Descarte os eletrodos no lixo comum, exceto quando contaminado com sangue e/ou secreções da
vítima.
PROCEDIMENTOS ADMINISTRATIVOS
Esteja qualificado para utilizar o DEA através de cursos de atualizações freqüentes e a certificação
necessária;
Siga os procedimentos operacionais padronizados para o seu nível de atendimento, caso seja leigo
ou profissional de saúde;
Solicite, quando possível, apoio de Suporte Avançado de Vida (equipes médicas) para o local;
Transfira os dados do equipamento sobre o evento atual para um computador;
Imprima e arquive os dados obtidos do evento;
Mantenha arquivada a gravação de áudio de seu equipamento, se disponível;
Anote dados de pelo menos 2 testemunhas do emprego DEA que possam contribuir para eventuais
depoimentos em seu favor;
Colete dados sobre o paciente: nome completo, RG, endereço, telefones, familiares para contatos,
hospital de destino, etc.
Colete dados sobre a ocorrência: tipo de atendimento (clínico ou trauma), endereço do local da
ocorrência, telefones, contatos de encarregados de segurança ou chefes de setor, hospital de
destino, número da ambulância de transporte, qualificação do condutor, horários de saída do local
da ocorrência, horário de entrada no hospital, qualificação (nome e CRM) do médico que o atendeu
no hospital, qualificação (nome e COREN) do Encarregado da Equipe do SAMU (192) ou a
qualificação (nome e RE) do Comandante da Guarnição de RESGATE do Corpo de Bombeiros (193),
etc.
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INDICAÇÃO PARA USO DO DEA
Utilizar em pacientes com QUALQUER IDADE e que apresentem os seguintes sinais
indicativos de parada cardíaca:
Ausência de resposta a estímulos auditivos e táteis (inconsciente);
Ausência de respiração efetiva.
Avalie a vítima de acordo com seu nível de treinamento e detecte a parada cardíaca
ANTES DE TOMAR A INICIATIVA de usar o DEA ou abrir um pacote de eletrodos.
MOMENTO ADEQUADO PARA EMPREGO DO DEA
Fonte: American Heart Association.
 PERÍODO ELÉTRICO DA PARADA CARDÍACA:
 Quando a parada cardíaca for testemunhada e um DEA estiver disponível em até 5 minutos >
priorize a utilização do DEA tão logo seja possível.
 Justificativa: as reservas de ATP (energia celular) são suficientes para manter uma fibrilação
consistente e com isso maior chance de êxito na desfibrilação.
 PERÍODO ISQUÊMICO DA PARADA CARDÍACA:
 Quando a parada cardíaca não for testemunhada e um DEA estiver disponível somente depois
de 5 minutos > execute 2 minutos de RCP e então utilize o DEA.
 Justificativa: as reservas de ATP (energia celular) estão quase consumidas e a fibrilação
ventricular muito fina. Menor êxito na desfibrilação. Uma irrigação cardíaca precedente ao uso
do DEA permitirá que a fibrilação fique mais consistente com aumento da chance de
desfibrilação.
SEQUENCIA DE PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS
Priorize a segurança pessoal e da vítima e a segurança da cena de emergência.
CONSTATAR INCONSCIÊNCIA E VERIFICAR SE A VÍTIMA RESPIRA
Certificar-se de que a vítima está inconsciente. Toque no ombro
da vítima enquanto chama por ela. Aplique estímulos auditivos e
táteis. Se a vítima não apresentar qualquer resposta, considere-a
inconsciente.
ACIONAR O SERVIÇO DE EMERGÊNCIA MÉDICA LOCAL
Ao constatar a inconsciência de uma vítima interrompa o procedimento
de avaliação e priorize o acionamento do Serviço de Atendimento Pré-hospitalar
local.
Estimule a vítima pelo menos por 3 vezes
para ter certeza de que não há resposta.
Transmita as informações do local e informe que a
vítima está inconsciente.
45
clafesi@yahoo.com.br
INTERVIR NA PARADA CARDÍACA
Inicie imediatamente a reanimação cardiopulmonar pelas
compressões torácicas. Posicione a mão dominante (direita ou
esquerda) no centro do tórax da vítima, na linha entre os mamilos
(no terço inferior do externo, acima do processo xifóide).
Execute compressões fortes e rápidas num ritmo de NO
MÍNIMO 100 compressões por minuto de forma a abaixar o
esterno na vítima adulta cerca de 5 cm de profundidade.
POSICIONAMENTO DO DESFIBRILADOR POR QUALQUER SOCORRISTA
O desfibrilador externo automático será colocado próximo à
cabeça da vítima, em qualquer lado, com a finalidade de
facilitar sua operação. Os fios dos eletrodos possuem no máximo
1 metro de extensão e a proximidade com a cabeça facilita as
ações do socorrista para avaliar a vítima e executar as manobras
de RCP.
PRIMEIRA AÇÃO DO SOCORRISTA
 LIGAR O DESFIBRILADOR.
Inicia-se o autoteste do equipamento e ativa as mensagens
sonoras para guiá-lo em todos os passos subseqüentes. Alguns
modelos começarão a funcionar, automaticamente, quando se
abra a tampa ou o estojo. Em outros modelos será necessário
apertar a tecla liga/desliga.
Observe sua posição em relação à vítima. Os ombros devem estar posicionados verticalmente e formando um ângulo
de 90º com os braços. Os braços devem estar estendidos sem flexionar os cotovelos. Isso reduzirá a possibilidade de
fraturas de costelas ou esterno.
A justificativa para colocar o equipamento próximo à cabeça da vítima é
simplesmente uma tática de atendimento para facilitar a operação do DEA.
Problemas detectados durante o autoteste: bateria fraca ou
descarregada, problemas técnicos, etc.
46
clafesi@yahoo.com.br
SEGUNDA AÇÃO DO SOCORRISTA
 EXAMINAR E PREPARAR O TÓRAX PARA A APLICAÇÃO DOS
ELETRODOS.
EXPOR O TÓRAX:
Utilize uma tesoura para cortar as vestes, mas não perca tempo para esse
procedimento. Às vezes, é necessário somente afastar a roupa. Cuidado
para que os eletrodos não sejam adesivados sobre parte vestes.
RASPAR O TÓRAX:
Se houver pêlos prejudiciais à colocação dos eletrodos, raspe nos locais
de aplicação com um depilador ou barbeador. Pêlos produzem aumento
da impedância torácica além de dificultar que os eletrodos sejam
corretamente adesivados.
SECAR O TÓRAX:
Algumas vítimas podem ter transpirado excessivamente ou ter
sido retirada do meio líquido, como no caso de afogamentos. Uma
superfície corporal molhada aumenta a impedância torácica e criar
uma comunicação entre os eletrodos interferindo na transmissão
do choque elétrico.
REMOVER ADESIVOS DO TÓRAX:
As pás do DEA não devem ser colocadas, diretamente, sobre um
adesivo de medicação (reposição hormonal, analgésica, anti-
hipertensiva, nicotina) ou curativo adesivo (esparadrapo ou tipo band-
aid). Adesivos podem interferir na transferência de energia
(impedância torácica) e provocar queimaduras na pele da vítima.
PROCURAR POR INTERFERÊNCIAS:
O marcapasso cardíaco implantado no tórax é um dispositivo que
pode interferir na aplicação dos choques. Adiante veremos a
conduta específica para o caso.
Tesoura faz parte do Kit de acessórios do DEA.
Tenha uma toalha de rosto, como acessório, para secar o tórax da vítima ou utilize compressas de gaze ou outro
material disponível.
Limpe a pele com uma solução
salina (soro fisiológico) depois
que remover os adesivos.
Raspe somente nos pontos de colocação dos
eletrodos.
47
clafesi@yahoo.com.br
TERCEIRA AÇÃO DO SOCORRISTA
APLICAR ELETRODOS AO TÓRAX DA VÍTIMA:
SE ESTIVER SOZINHO, INTERROMPA A RCP NO MÁXIMO 10
SEGUNDOS PARA ESSA AÇÃO.
SE ESTIVER EM EQUIPE, NÃO INTERROMPA A RCP PARA
COLOCAR ELETRODOS AO TÓRAX DO PACIENTE.
Remova o plástico protetor do adesivo dos eletrodos. Tenha o
cuidado de não tocar no gel adesivo condutor no momento em que
retirar a proteção do eletrodo. Retire uma proteção de cada vez e
adesive os eletrodos nos locais respectivos.
Observe a indicação impressa em cada eletrodo ou na sua
embalagem antes de aplicá-lo ao tórax da vítima. Os eletrodos
devem ser adesivados em posições pré-definidas. Um dos eletrodos
deve ser adesivado no lado esquerdo, logo abaixo do mamilo
esquerdo, na linha média axilar.
Passe a mão sobre o eletrodo para que adesive, uniformemente,
evitando bolhas de ar entre a pele e a pá de desfibrilação. Havendo
interferência na captação do ritmo cardíaco, o DEA indicará através
de mensagens pré-gravadas, que se reposicione ou substitua o
eletrodo no tórax.
O outro eletrodo deve ser aplicado na parte anterior do tórax, lado
direito, logo abaixo da clavícula e ao lado do esterno.
Os eletrodos devem estar posicionados nos locais pré-determinados para que o choque aplicado
ao tórax da vítima atravesse pelo menos 80% do miocárdio (massa crítica do coração).
Conectar eletrodos, rapidamente, no tórax da vítima.
Durante a análise os eletrodos adesivos têm a função de captar os sinais
elétricos através do tórax da vítima. Esses mesmos eletrodos conduzem o
choque elétrico administrado pelo DEA.
48
clafesi@yahoo.com.br
QUARTA AÇÃO DO SOCORRISTA
AFASTAR AS PESSOAS PARA A ANÁLISE DO RITMO
CARDÍACO
Durante a análise do ritmo cardíaco ou da aplicação dos choques
tanto o socorrista como as pessoas ao redor devem ser afastadas
a uma distância que não permita contato com a vítima. Tocar
na vítima durante a operação do DEA pode interferir na análise do
ritmo cardíaco, produzir graves lesões ou até mesmo a morte.
QUINTA AÇÃO DO SOCORRISTA
AFASTAR AS PESSOAS PARA ADMINISTRAR O CHOQUE
Se for detectada pelo DEA arritmia maligna (fibrilação ventricular
ou taquicardia ventricular sem pulso) haverá a indicação de
choque através de mensagens visuais e alertas sonoros. Afaste-se
e afaste outras pessoas. Pressione o botão que pisca para aplicar
o choque.
.
Aperte o botão para aplicar o choque ao tórax da vítima.
SEXTA AÇÃO DO SOCORRISTA
Quando houver indicação inicie ciclos de reanimação
cardiopulmonar, pelas compressões torácicas, durante 2
minutos cronometrados pelo DEA.
Mantenha os eletrodos aderidos ao tórax da vítima.
Verifique sempre:
“Eu estou afastado, eles estão afastados, todos estão afastados”.
Memorize:
Eu estou afastado, eles estão
afastados, todos estão afastados.
Reanimação cardiopulmonar no intervalo entre choques ou quando não
for mais recomendada a sua aplicação.
49
clafesi@yahoo.com.br
SÉTIMA AÇÃO DO SOCORRISTA
AFASTAR PARA ANÁLISE DO RITMO CARDÍACO
Interrompa a RCP quando o DEA indicar.
Afaste-se e afaste as pessoas que estejam ao redor durante a
análise do ritmo cardíaco.
Se indicado, chequem os sinais vitais.
Se indicado, aplique novo choque.
IMPORTANTE
Equipamento NÃO ADAPTADOS Às Diretrizes 2005 e 2010 da American Heart Association
possuem programação de 3 CHOQUES CONSECUTIVOS, com INTERVALO PARA 1 MINUTO
DE RCP e INTERRUPÇÃO PARA ANÁLISE.
Um cronômetro regressivo marcará o tempo a ser dispensado na reanimação cardiopulmonar.
Mensagem de voz indicará que o socorrista deve se afastar da vítima para análise do ritmo
cardíaco.
SIGA SEMPRE as instruções fornecidas para o desfibrilador externo automático em uso.
MENSAGEM DE “CHOQUE NÃO INDICADO”
Avalie a vítima e SE NÃO HOUVER SINAIS DE RESPIRAÇÃO, o tipo de parada cardíaca pode
estar relacionado a outras arritmias, tais como Atividade Elétrica sem Pulso (AESP) ou
Assistolia. Nestes casos, CONTINUAR COM A RCP ATÉ A CHEGADA DO SERVIÇO DE
ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR.
Avalie a vítima e SE HOUVER SINAIS DE CIRCULAÇÃO adote os cuidados INDICADOS PARA
A PÓS-REANIMAÇÃO. As pás do DEA devem permanecer aplicadas até a chegada do Serviço de
Atendimento Pré-hospitalar.
Manual dea 2010
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  • 2. 1 clafesi@yahoo.com.br PREFÁCIO O principal fator determinante da sobrevivência de uma parada cardíaca é o intervalo desde a perda da consciência até a desfibrilação. A oportunidade de desfibrilar uma vítima em parada cardíaca poucos minutos depois de que eles perdem a consciência representa possivelmente, o maior progresso isolado no tratamento da parada cardíaca súbita desde o desenvolvimento da RCP. O uso de Desfibriladores Externo Automático (DEA) em conjunto com as manobras de Suporte Básico de Vida (RCP) por socorristas leigos treinados elevou a taxas de sobrevivência de pessoas em parada cardíaca de forma extraordinária, em até 49%, nos Estados Unidos. Esses valores são o dobro dos registrados previamente pelos Serviços de Emergências Médicas mais eficientes daquele país antes dos programas de desfibrilação precoce. No Brasil o assunto é extremamente novo e estes conceitos devem ser difundidos amplamente e incentivada a prática e o conhecimento da desfibrilação cardíaca externa automática em conjunto com as manobras de ressuscitação cardiopulmonar. O autor desse Manual cumpre esse relevante papel ao colocar à disposição da comunidade informações tão importantes sobre o tema proposto. AUTOR CLAUDINEI FERREIRA DA SILVA ENFERMEIRO COREN SP 020.140 – Bacharel em Enfermagem pela Universidade Nove de Julho. Pós-graduando em Docência pela Faculdade São Luís / INTESP. Pós-graduando em Urgência, Emergência e Cuidados Intensivos pela Universidade Cruzeiro do Sul. Certificação Internacional como Instrutor de Primeiros Socorros pela OFDA/USAID MIAME DADE FIRE / UDESC / SMS / CBPMESP. Certificação Internacional como Instrutor de Primeiros Socorros pela Emergency First Response. Bombeiro desde 1987. Instrutor de Atendimento Pré-hospitalar e Resgate desde 1992. CONTATOS: clafesi@yahoo.com.br - clafesi2009@hotmail.com ID NEXTEL - 55*121*92338
  • 3. 2 clafesi@yahoo.com.br INTRODUÇÃO As doenças cardiovasculares são as principais causas de morte no mundo. Milhares dessas pessoas morrem anualmente devido a estas doenças, especialmente o infarto agudo do miocárdio (ataque cardíaco) e o acidente vascular encefálico (derrame). No entanto, quando o reconhecimento dessas doenças é precoce e o tratamento é iniciado rapidamente, estas intervenções alcançam grande efetividade evitando a parada cardíaca. Este Manual está destinado a satisfazer as necessidades das pessoas que prestam socorro no ambiente pré-hospitalar no que se refere ao tratamento correto para as vítimas que sofrem uma parada cardiorrespiratória. Como a maioria das mortes súbitas causadas por parada cardíaca ocorre fora do hospital é necessário que haja pessoas capacitadas para intervir imediatamente através das manobras adequadas de ressuscitação cardiopulmonar (RCP). A RCP é um componente essencial para o tratamento da parada cardíaca, no entanto, se outras medidas não forem utilizadas logo depois do início da reanimação, sem demora, poderá ser menos provável que haja a sobrevivência da vítima. Um dos procedimentos essenciais na recuperação de uma pessoa em parada cardíaca é a desfibrilação precoce. Este conceito de reanimação com emprego do Desfibrilador Externo Automático (DEA) operados por pessoas leigas tem salvado muitas vidas. O tempo até a desfibrilação (intervalo entre a perda da consciência e a desfibrilação) deve ser reduzido ao máximo e esta tecnologia de desfibrilação deve ser posta à disposição de toda a comunidade. Desfibriladores devem ser instalados em aeroportos, aviões, clubes, edifícios comerciais, conjuntos residenciais, centros esportivos e recreativos, estádios de futebol e muitos outros locais públicos, comissários de bordo, agentes de segurança patrimonial privados, policiais, bombeiros civis e militares, salva-vidas, professores, profissionais de enfermagem, agentes comunitários de saúde, bem como muitos outros leigos podem ser treinados e capacitados para utilizarem o DEA. Existem leis que exigem a implantação e a obrigatoriedade da existência de Desfibrilador Externo Automático em locais de concentração pública em várias cidades do país. O intuito do Autor é oferecer ao leitor procedimentos básicos sobre Reanimação Cardiopulmonar com emprego do Desfibrilador Externo Automático. Atualize-se de acordo com as Novas Diretrizes para Ressuscitação Cardiopulmonar da American Heart Association. As instruções seguidas neste trabalho tiveram sua publicação na Revista Currents Cardiovascular Emergency. Atente para as Diretrizes publicadas em 2010.
  • 4. 3 clafesi@yahoo.com.br ÍNDICE Capítulo I Biossegurança, Avaliação da Cena de Emergência e Sistemas de Emergências Médicas..................pg 07 Capítulo II Emergências Médicas.................................................................................................................pg 13 Capítulo III Avaliação de Vítimas..................................................................................................................pg 18 Capítulo IV Ressuscitação Cardiopulmonar...................................................................................................pg 26 Capítulo V Desfibrilação Externa Automática................................................................................................pg 37
  • 5. 4 clafesi@yahoo.com.br FINALIDADE Orientar as pessoas que desejam prestar socorro a vítimas de casos clínicos sobre as medidas apropriadas a serem usadas no tratamento de emergência e transporte destes pacientes. Os procedimentos aqui apresentados foram baseados em recomendações previstas nos protocolos vigentes nos serviços públicos do Estado de São Paulo (Corpo de Bombeiros e SAMU-SP), bem como nas literaturas de referência creditadas na bibliografia deste Manual. O Autor deste Manual não se responsabiliza por perdas, danos ou riscos decorrentes da intervenção direta ou indireta em local de ocorrência com base nos procedimentos descritos, nem tampouco pelas responsabilidades legais destes atos. Cabe ao leitor se manter atualizado sobre os procedimentos de emergência e seguir as recomendações dentro de seu nível de treinamento e habilitação profissional. Sua intervenção deve ser restrita aos primeiros socorros de emergência e deve contar sempre com o auxílio dos Serviços de Emergências Médicas locais. OBJETIVOS DO TREINAMENTO 1. Determinar os principais fatores de risco para doenças cardiovasculares. 2. Citar os sinais e sintomas do infarto agudo do miocárdio e do acidente vascular encefálico. 3. Indicar o tratamento pré-hospitalar para as emergências cardiovasculares. 4. Efetuar a avaliação inicial da vítima e identificar a parada cardiorrespiratória. 5. Acionar o Serviço de Emergência Médica local. 6. Iniciar as manobras de ressuscitação cardiopulmonar de acordo com as Diretrizes da American Heart Association para pessoas leigas. 7. Empregar o Desfibrilador Externo Automático em conjunto com as manobras de Suporte Básico de Vida. 8. Executar medidas pós-reanimação até a entrega da vítima aos serviços médicos hospitalares ou equipes de suporte avançado de vida pré-hospitalar. 9. Descrever as características técnicas, formas de manutenção e inspeção periódica dos principais equipamentos desfibriladores apresentados neste manual.
  • 6. 5 clafesi@yahoo.com.br CAPÍTULO I Biossegurança, Avaliação da Cena de Emergência e Sistemas de Emergências Médicas. OBJETIVOS Proporcionar aos participantes capacitações para: 1. Conceituar primeiros socorros; 2. Estabelecer os aspectos legais do atendimento de emergências; 3. Definir regras de biossegurança; 4. Avaliar e identificar prioridades na cena de emergência; 5. Acionar o apoio adequado para o atendimento de ocorrência com vítimas; 6. Indicar as medidas iniciais da prestação de socorro; 7. Identificar os principais equipamentos e materiais em uso na prestação de primeiros socorros.
  • 7. 6 clafesi@yahoo.com.br PRIMEIROS SOCORROS CONCEITOS Podemos definir como Primeiros Socorros, as medidas iniciais e imediatas aplicadas a uma vítima fora do ambiente hospitalar, executada por pessoa treinada para realizar a manutenção dos sinais vitais e evitar o agravamento das lesões já existentes. Os Primeiros Socorros podem ser também conceituados como o atendimento prestado às vítimas de qualquer acidente ou mal súbito, antes da chegada de qualquer profissional qualificado da área da saúde ou equipe especializada em atendimento pré-hospitalar. Primeiros Socorros incluem procedimentos de Suporte Básico da Vida que são medidas de emergência para o reconhecimento e correção imediata da falência dos sistemas respiratório e/ou cardiovascular, ou seja, avaliar e manter a vítima respirando, com batimento cardíaco e sem hemorragias graves. A correta aplicação das etapas de ressuscitação cardiopulmonar (abertura das vias aéreas, respiração artificial e compressão torácica externa) e o controle das hemorragias de uma vítima podem sustentar sua vida até que ela possa recuperar-se o suficiente para ser transportada para uma unidade hospitalar ou ainda, até que possa receber melhor tratamento, através de um serviço de socorro pré- hospitalar profissional. Sempre que possível realize treinamentos práticos de primeiros socorros com Instrutor especializado. A leitura deste manual servirá como base de conhecimentos, mas somente sua leitura não lhe dará todas as condições necessárias para um pronto atendimento a uma vítima, em caso de acidente ou mal súbito. 1. Seqüência de eventos no atendimento de emergência: 2. Remover se necessário, a vítima de local de risco; 3. Acionar o Serviço de Emergência Médica (SEM) local; 4. Iniciar os primeiros socorros; 5. Atendimento prestado pelo SEM; 6. Tratamento hospitalar de emergência. ASPECTOS LEGAIS DA INTERVENÇÃO EM URGÊNCIAS Como socorrista você deverá prestar assistência a vítimas em diversas situações e deve seguir rigorosamente os padrões de assistência previstos neste Manual ou de acordo com os padrões de assistência previstos para a sua capacitação profissional (enfermagem, segurança do trabalho, fisioterapeuta, etc.). Os aspectos considerados como padrões de assistência (protocolos) previstos neste Manual são baseados em leis, ordens administrativas e normas publicadas pelos serviços de emergências médicas locais (Corpo de Bombeiros – SAMU) e sociedades vinculadas ao atendimento de emergência (American Heart Association). Em alguns casos você poderá se deparar com situações imprevistas que exigirão decisões que poderão ser questionadas sob o ponto de vista legal e, nesse caso, necessitará de provar que agiu de acordo com os padrões de assistência aceitos para o caso em questão. OMISSÃO DE SOCORRO  Artigo 135 – CP - “Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública”. Pena – detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.
  • 8. 7 clafesi@yahoo.com.br  Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte. Vale lembrar que se o socorrista leigo não tem o dever de correr risco para a prestação de socorro a vítimas de qualquer natureza. Eximi-se do cometimento do crime de omissão de socorro somente pelo fato de pedir o socorro da autoridade pública através dos telefones de emergência (190 – Polícia Militar, 192 - SAMU, 193 – Corpo de Bombeiros), identificando-se devidamente. O profissional que tem o dever de agir, em razão de sua profissão, poderá ser acusado de deixar de cumprir sua obrigação funcional. Sendo funcionário público, comete o crime de prevaricação, com penalidades mais severas. De qualquer modo, uma vez que você tenha iniciado o atendimento de uma pessoa doente ou ferida, preste o atendimento de acordo com o seu nível de treinamento, acione o pessoal qualificado para lhe dar assistência (Serviço de Emergência Médica Local, Corpos de Bombeiros ou Serviços de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU)) e não abandone o local antes da chegada das equipes de apoio. Lembre-se de que você não foi treinado para elaborar um diagnóstico médico ou para predizer as condições de estabilidade da vítima; é necessário acompanhá-lo até a chegada do pessoal qualificado. Você também não deverá sair do local com a chegada de um Socorrista com o mesmo nível do seu treinamento. O paciente poderá piorar e seus problemas serão melhores conduzidos com a presença de dois Socorristas. Informe sempre ao Socorrista ou equipe especializada que lhe suceder os resultados obtidos na avaliação inicial da vítima e qual assistência lhe foi prestada. Aja de conformidade com os procedimentos de Primeiros Socorros estabelecidos para o seu nível de treinamento, estando ciente de que poderá ser responsabilizado nos casos de:  Negligência: Deixar de executar procedimentos de Primeiros Socorros previstos para a condição da vítima. Ex. não executar a RCP estando a vítima em parada cardíaca.  Imperícia: Executar procedimentos de Primeiros Socorros acima de seu nível de treinamento – próprios da área médica ou de enfermagem – ou para o qual não foi devidamente habilitado. Ex. oferecer medicamento para a vítima; remover um objeto cravado no corpo da vítima.  Imprudência: Não seguir adequadamente os padrões de assistência ou executá-lo sem o devido zelo, promovendo o agravamento do problema existente. Ex. movimentar um acidentado sem a técnica correspondente para a situação encontrada. CONSENTIMENTO FORMAL Um paciente adulto, quando consciente e com clareza de raciocínio poderá dar o consentimento formal para a assistência. Esse consentimento é habitualmente expresso verbalmente. O paciente deverá ser informado de que você é um Socorrista, com treinamento em Primeiros Socorros. Além disso, é importante que o paciente saiba:  Sua identificação (nome);  Por que determinados cuidados são necessários serem prestados no próprio local;  Os procedimentos que estão sendo realizados. CONSENTIMENTO IMPLÍCITO Nas situações de emergência em que o paciente esteja inconsciente, confuso ou gravemente ferido, ou ainda em condições em que seja impossível obter o seu consentimento, preste imediatamente a assistência. Considere que o paciente daria o consentimento, caso tivesse condições de expressar o seu desejo de receber o tratamento. O consentimento implícito pode ser adotado também nas situações
  • 9. 8 clafesi@yahoo.com.br de acidentes com menores de idade desacompanhados dos pais ou responsáveis legais ou no atendimento de pessoas com distúrbios mentais, alcoolizadas ou drogadas. Quando a vida do paciente estiver em risco em razão das lesões sofridas é pertinente que seja levado ao hospital mesmo contra a sua vontade, desta maneira, opta-se por preservar o bem maior que é a vida. Nestes casos e naqueles em que houver recusa expressa da vítima é válido que para a sua proteção legal, arrole no mínimo 2 testemunhas idôneas que tenham presenciados a recusa e, logo após o atendimento, dirija-se para o Distrito Policial da área em que ocorreu a emergência e solicite a elaboração de um Boletim de Ocorrência Policial. À vezes a vítima recusa o atendimento que lhe é oferecido em razão de princípios éticos ou morais ou apenas está em situação de estresse, psicologicamente afetada pela emergência. É seu dever buscar convencê-lo de que deve receber assistência médica, antes de tomar qualquer decisão de exceção. DIREITOS DO PACIENTE Como Socorrista, você não deve comentar os detalhes do atendimento de um paciente com seus amigos, familiares ou pessoas da comunidade (incluindo imprensa ou outros órgãos de comunicação). Você não deverá fornecer a identificação do paciente a pessoas que delas não tenha o dever de ter o conhecimento; ao comentar sobre o acidente, não deverá repetir o que foi dito pelo paciente ou descrever um comportamento inadequado ou qualquer aspecto da aparência pessoal. Ao cometer esta falta você transgredirá a privacidade do paciente, quebrando o sigilo. A necessidade do sigilo não se aplica quando você é questionado pelos policiais civis ou militares presentes no local, pessoal do Resgate do Corpo de Bombeiros ou do Serviço de Atendimento Médico às Urgências, pelo médico responsável pelo atendimento do paciente no hospital ou ao testemunhar em tribunal de justiça. Poderá ser solicitado que você relate as informações obtidas junto ao paciente ou acompanhante. BIOSSEGURANÇA A prioridade na cena de emergência é a segurança pessoal. O desejo de ajudar as pessoas favorecer o esquecimento dos riscos no local. Em seguida, atente para a segurança do local da ocorrência e para a segurança da própria vítima. Tenha a certeza de que está em segurança, ao aproximar-se da vítima e que permanecerá em segurança, enquanto presta o atendimento. Parte das preocupações do Socorrista com a sua segurança pessoal está relacionada com a própria proteção contra as doenças infecciosas e transmissíveis. Evite durante o atendimento contato direto com o sangue do paciente e outros fluídos corpóreos, tais como vômitos, fezes, urina, suor, etc. VACINAÇÃO PREVENTIVA A hepatite B é uma das doenças que mais deve preocupar um socorrista devido ao seu alto grau de virulência e a mortalidade de pessoas infectadas serem muitas vezes superior ao HIV. VACINE-SE. A imunização se completa depois de 3 doses consecutivas da vacina. UTILIZE PARA A SUA PROTEÇÃO PESSOAL  Luvas apropriadas de vinil ou de látex;  Máscara facial de bolso, com válvula e filtro para os procedimentos de ventilação artificial ou outro tipo de máscara que impeça o contato com microorganismos veiculados pela respiração da vítima;  Óculos protetores, para evitar o contato nos olhos com respingos de fluidos corporais, durante certos procedimentos;  Aventais e máscaras faciais descartáveis são outros itens importantes na proteção individual em determinadas ocasiões. Equipamentos de Proteção Individual
  • 10. 9 clafesi@yahoo.com.br AVALIAÇÃO DA CENA DE EMERGÊNCIA A Avaliação da Cena de Emergência é o estudo rápido dos diferentes fatores relacionados à ocorrência e indispensável para a tomada de decisão. Deve ser constante e não apenas no primeiro momento, pois os fatores podem alterar-se com facilidade e rapidez. COMO AVALIAR UMA CENA DE EMERGÊNCIA:  Qual é a situação atual? (estado atual das coisas): Identifique a situação em si. O que está ocorrendo, o que você vê?  Para onde vai? (riscos potenciais): Análise a potencialidade do evento, ou seja, como a situação pode evoluir. Combustível derramado que pode explodir, fio energizado que pode eletrocutar alguém, fogo que pode alastrar-se, veículo que pode rolar um barranco, etc.  O que fazer para controlá-la? (operação e recursos adicionais): Identifique os recursos a serem empregados, incluindo a solicitação de ajuda para atender adequadamente a situação. Leve em conta, rigorosamente, os dois passos dados anteriormente. SISTEMA DE ATENDIMENTO DE EMERGÊNCIAS MÉDICAS Milhões de vidas são salvas a cada ano no mundo pelos serviços de atendimento pré-hospitalar. A assistência começa no local da emergência e continua durante o transporte ao hospital. No pronto socorro há a continuidade do atendimento. Essa assistência profissional é acompanhada por uma cadeia de recursos humanos, que trabalhando em conjunto, formam o Sistema de Atendimento de Emergências Médicas. O acionamento feito de imediato propicia a assistência de profissionais especializados promovendo a redução dos índices de mortalidade e das seqüelas definitivas decorrentes de ferimentos graves. Em geral, funcionam da seguinte forma: Vítima de trauma decorrente de acidente automobilístico. Acionamento do SEM através do telefone 193. Atendimento - Central do Serviço de Emergência Médica. Retirada da vítima com equipamentos especiais.
  • 11. 10 clafesi@yahoo.com.br REGRAS GERAIS DE ATENDIMENTO DE EMERGÊNCIAS  Certifique-se da segurança pessoal, das condições de segurança na cena de emergência e da segurança da vítima;  Avalie a Cena da Emergência;  Efetue a avaliação inicial da vítima;  Indique suas condições e acione os órgãos públicos ou particulares de atendimento de emergência.  Ao acionar um dos Serviços de Emergências Médicas, através dos telefones de emergência 193 (Corpo de Bombeiros) ou 192 (SAMU), transmita-lhes os seguintes dados:  Identifique-se com seu nome completo e local onde está falando (cidade, bairro);  Tipo de acidente ou emergência clínica;  Quantidade, idade e sexo das vítimas;  Localização da ocorrência (endereço completo e ponto de referência);  Telefone para contato;  Situação atual das vítimas (nível de consciência, tipos de traumas, outros sinais e sintomas, se disponíveis);  Riscos existentes no local;  Necessidade de apoio adicional: Cia de energia elétrica, Cia de gás, etc.; IMPORTANTE  Atendendo menores de idade ou emergências psiquiátricas, acionar os pais e/ou responsáveis pelo paciente, quando estiverem ausentes;  Contatar o médico particular ou hospital conveniado, quando indicado pelo paciente.  Ministre cuidado de primeiros socorros específicos para cada situação com base no nível de treinamento ou conforme os padrões de assistência contidos neste Manual de Primeiros Socorros.  Conheça o Sistema de Emergência Médica local da Empresa onde trabalha ou quando fizer parte de uma Brigada de Incêndio ou Brigada de Emergência. Transporte do paciente em ambulância. Recepção da vítima no hospital.
  • 12. 11 clafesi@yahoo.com.br CAPÍTULO II Emergências Médicas OBJETIVOS: Proporcionar aos participantes capacitações para: 1. Reconhecer através da avaliação de sinais e sintomas as emergências médicas mais comuns:  Infarto agudo do miocárdio;  Angina de peito (angina pectoris);  Derrame Cerebral (Acidente vascular cerebral);  Pressão Alta (Hipertensão); 2. Tratar as emergências médicas de acordo com a prioridade de atendimento.
  • 13. 12 clafesi@yahoo.com.br EMERGÊNCIAS MÉDICAS Definimos emergências médicas como aquelas provocadas por uma ampla variedade de enfermidades cujas causas não incluam violência sobre a vítima. EMERGÊNCIAS MÉDICAS CARDIOVASCULARES  Infarto agudo do miocárdio;  Angina de peito (angina pectoris);  Acidente vascular encefálico;  Emergências Hipertensivas. Se a vítima está sentindo-se mal e apresenta sinais vitais atípicos, assuma que esta possui uma emergência médica. FATORES DE RISCO PARA DOENÇAS CARDIOVASCULARES  Tabagismo (fumo);  Sedentarismo (falta de exercícios físicos regulares);  Níveis elevados de colesterol no sangue;  Estresse;  Diabetes mellitus;  Hipertensão arterial.  Antecedentes familiares. INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO Infarto agudo do miocárdio (IAM) pode ser definido como a necrose (morte celular definitiva) de uma parte do músculo cardíaco (miocárdio) resultante de isquemia local (redução no suprimento sangüíneo da área afetada). O infarto agudo do miocárdio ocorre pela obstrução da circulação sanguínea nas artérias coronárias. Processo de arteriosclerose A obstrução ocorre gradativamente e se agrava depois de uma fissura de uma placa de ateroma existente na coronária “doente”. Devido à presença da fissura, há a formação de trombo (coágulo), responsável pela obstrução do vaso. A persistência da obstrução acarreta o infarto. Artéria coronária obstruída Área de infarto Área de infarto
  • 14. 13 clafesi@yahoo.com.br SINAIS E SINTOMAS DO INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO Dor no centro do peito, atrás do osso esterno, do tipo queimação, em peso (opressão), ardência podendo irradiar para as extremidades superiores ou áreas vizinhas. A dor pode não ser no centro do peito, podendo confundir-se com queimação na boca do estômago, debaixo do queixo, no pescoço, nos ombros, cotovelos, punho (como se fosse uma pulseira). A área dolorosa ou da ardência está associada a episódios emocionais ou com esforços físicos. A área dolorosa normalmente atinge mais que 8 cm2 . Acompanha a dor a palidez, a sudorese fria (transpiração), ansiedade, sensação de morte iminente e a postura dolorosa, normalmente refletindo a imobilidade postural. Um paciente pode apresentar IAM sem queixa de dor, especialmente pessoas em idade avançada, diabéticos e vítimas do sexo feminino. Nestes casos, é importante perguntar se o mesmo já apresentou dor nos dias anteriores. Muito provavelmente, a resposta será positiva. Estas vítimas podem apresentar disritmias cardíacas que podem evoluir para um choque cardiogênico (conseqüência da incapacidade de bombeamento cardíaco). A melhor maneira de reconhecer o IAM é saber ouvir o paciente. A história da queixa principal, os antecedentes, o reconhecimento dos fatores de riscos para doenças cardiovasculares e a identificação de alguns sinais inespecíficos, mas sugestivos no exame físico revelam a possibilidade de estarem sofrendo um ataque cardíaco. AO SUSPEITAR DE UM INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO o Acione o SEM ou decida pelo transporte imediato da vítima para um hospital regional. o Se consciente coloque-a numa posição de repouso (sentado ou semi-sentado) para facilitar a respiração. o Afrouxe-lhe as roupas apertadas. o Mantenha o calor corporal. o Preste-lhe assistência psicológica. Caso a vítima esteja em parada cardiorrespiratória, acione o Serviço Médico de Emergência e inicie imediatamente as manobras de RCP. ANGINA DE PEITO A angina de peito pode ser entendida como uma dor caracterizada por uma sensação de intensa constrição no tórax. Geralmente está associada a um suprimento sangüíneo insuficiente para o coração. A angina se agrava ou se produz pelo exercício e alivia com repouso ou medicamentos vasodilatadores das artérias coronárias. Seu principal sintoma é uma dor no peito ou sensação de opressão (que aparece e aumenta com o esforço físico). Essa dor poderá irradiar-se para a mandíbula e os braços. Na dúvida, considere toda dor no peito, sem explicação, como uma possível angina. As vítimas conscientes de sua condição, geralmente, tomam medicamentos para aliviar essa dor.
  • 15. 14 clafesi@yahoo.com.br O socorrista não pode oferecer ou administrar medicamentos para uma vítima com dor torácica súbita, mas pode orientar a vítima para que tome a medicação prescrita pelo médico conforme prescreve sua bula. O tratamento pré-hospitalar é idêntico aquele para uma pessoa com Infarto Agudo do Miocárdio. Destaques das Diretrizes da American Heart Association 2010 para Ressuscitação Cardiopulmonar e Assistência Cardiovascular de Emergência Administração de aspirina para desconforto torácico 2010 (Nova): Os prestadores de primeiros socorros são incentivados a acionar o sistema de SME sempre que estiverem diante de alguém com desconforto torácico. Enquanto aguardam a chegada do SME, os prestadores de primeiros socorros devem aconselhar o paciente a mastigar uma aspirina adulta (sem revestimento entérico) ou duas aspirinas infantis de dosagem mais baixa, se o paciente não tiver histórico de alergia à aspirina ou de hemorragia gastrointestinal recente. Motivo: A aspirina é benéfica quando o desconforto torácico se deve a uma Síndrome Coronariana Aguda. Pode ser muito difícil, mesmo para profissionais, determinar se o desconforto torácico é de origem cardíaca. A administração de aspirina, portanto, nunca deve retardar o acionamento do SME. ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO O acidente vascular encefálico (AVE) é uma condição caracterizada pela alteração do suprimento sangüíneo para os órgãos do encéfalo (cérebro, cerebelo e tronco encefálico). Geralmente acomete mais o cérebro (AVC) e suas principais causas são: 1. Trombose Cerebral / Embolia Cerebral – causada quando um coágulo (trombo) obstrui uma artéria cerebral, impedindo que o sangue oxigenado nutra a porção correspondente do cérebro. 2. Hemorragia Cerebral – também chamado derrame cerebral, é quando uma artéria se rompe deixando uma área do cérebro sem nutrição. O sangue que sai do vaso aumenta a pressão intracraniana pressionando o cérebro e interferindo em suas funções. A principal causa é o aneurisma cerebral (dilatação da parede arterial). RECONHECIMENTO DE UM ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL Escala pré-hospitalar para AVC de Cincinnati 1) Desvio de rima facial: o Normal: os 2 lados movimentam-se igualmente durante a fala; o Anormal: um dos lados da face não se move tanto quanto o outro indicando paralisia facial.
  • 16. 15 clafesi@yahoo.com.br 2) Perda de força muscular de um dos lados do corpo: o Normal: os dois braços se movem com força semelhante; o Anormal: um braço não se move ou não há controle sobre um dos braços. 3) Dificuldade em articular palavras: o Normal: fala sem nenhuma dificuldade; o Anormal: fala arrastada, não consegue articular corretamente as palavras. OUTROS SINAIS E SINTOMAS ASSOCIADOS  Dor de cabeça intensa;  Pupilas de tamanhos diferentes;  Perda súbita de consciência;  Dificuldade visual;  Convulsão;  Perda do controle urinário e intestinal;  Vertigens, náuseas e vômitos;  Fotofobia (aversão à luz) ou fonofobia (aversão ao som). ATENÇÃO Lembrar que os sinais e sintomas dependem da área do encéfalo afetada e que o risco de uma AVE aumenta com a idade e com a existência de um ou mais fatores de risco. O tratamento pré-hospitalar inclui o acionamento rápido do Serviço de Emergência Médica local ou a decisão do transporte imediato da vítima para um hospital. O socorrista deverá estar preparado para realizar manobras de RCP. Se possível, ministre oxigênio suplementar. Mantenha a vítima em repouso e manipule-a com cuidado e lentamente. Mantenha seu corpo aquecido. Nunca dê nada para ela beber ou comer. Mantenha-a na posição de recuperação para evitar aspiração de secreções. Nos locais em que houver administre oxigênio por máscara.
  • 17. 16 clafesi@yahoo.com.br CAPÍTULO III Avaliação de Vítimas OBJETIVOS: Proporcionar aos participantes capacitações para: 1. Descrever a sequência da Análise Primária e Secundária; 2. Indicar as manobras de liberação de vias aéreas superiores; 3. Efetuar o controle cervical na vítima de trauma; 4. Avaliar os sinais vitais e diagnósticos durante a Análise Secundária.
  • 18. 17 clafesi@yahoo.com.br AVALIAÇÃO DA VÍTIMA Na emergência, a vítima não pode receber uma assistência adequada caso seus problemas de saúde não forem corretamente identificados. A avaliação da vítima é um procedimento que auxilia a identificação das possíveis causas da doença ou do trauma e ajuda o Socorrista a tomar decisões sobre os cuidados mais adequados. Há muitos métodos de avaliação, cada qual com critérios bem definidos. Nesse Manual, abordaremos um esquema de assistência baseada nos princípios da Análise Primária e Análise Secundária, como uma forma simples, ágil e de fácil entendimento para os socorristas, especialmente, os leigos. Durante a avaliação você não deve estar preocupado em estabelecer diagnósticos. Por exemplo, uma queixa de dor torácica súbita requer certos cuidados de emergência. Diagnosticar se a causa da dor é decorrente de um infarto agudo do miocárdio é de competência exclusiva do médico que vier a atender a vítima. Ao relatar informações sobre o estado de saúde da vítima descreva somente os sinais, sintomas e a história colhida da própria vítima ou testemunhas. ANÁLISE PRIMÁRIA Podemos conceituar Análise Primária como sendo uma sequência básica de procedimentos realizados pelo socorrista para identificar e corrigir, de imediato, problemas que acarretam risco de morte imediata. Se a vítima estiver consciente, apresente-se a ela como socorrista, diga seu nome, saiba o nome dela, e pergunte-lhe se poderá ajudá-la (pedido de consentimento para prestar o socorro). Questione sobre o ocorrido (o que aconteceu) e verifique qual a sua queixa principal (onde dói ou o que está sentindo). Posicione-se ao lado da vítima e execute a avaliação rapidamente, no menor tempo possível. Siga o conceito do ABC da Vida:  A - (Airway) - vias aéreas superiores pérvias (nariz, boca, garganta);  B - (Breathing) – presença da respiração adequada;  C - (Circulation) - presença de batimentos cardíacos e controle de hemorragias. A SEQUENCIA DE ABC PARA VÍTIMAS QUE RESPIRAM NADA MUDOU COM AS DIRETRIZE DA AHA 2010 Cuidados especiais devem ser dispensados a vítima de trauma mesmo antes de sua abordagem. Ao se aproximar de uma vítima inconsciente que dela não se tenha informações precisas sobre o tipo de acidente ou enfermidade sofrida, ou aquelas que certamente sofreu um trauma, faça-o em direção a sua face e estabilize sua cabeça manualmente, evitando, desse modo, que a movimentação da cabeça, instintivamente na direção do socorrista, possa agravar lesão cervical existente. Em regra geral toda vítima encontrada inconsciente sem que haja informações sobre seu estado de saúde deve ser tratada como vítima de trauma. SEQÜÊNCIA DE PROCEDIMENTOS CONSTATAR INCONSCIÊNCIA Estabilize a cabeça da vítima manualmente. APÓIE a outra mão no ombro contralateral. De acordo com a American Heart Association, isso diminui o risco de pacientes semiconscientes lhe agredir. OLHE PARA A FACE DA VÍTIMA, SEM SE ABAIXAR. VERIFIQUE EXPRESSÕES FACIAIS. Aplique-lhe estímulos auditivos e táteis. Toque em seu corpo e chame-a por no mínimo 3 vezes. Chame-a pelo nome ou utilize expressões, tais como: “Ei, como está você”, “Ei, fala comigo”, “Ei, você está me ouvindo?” NÃO EXISTE A TÉCNICA DE FALAR NO OUVIDO DA VÍTIMA DURANTE A CONSTATAÇÃO DA INCONSCIÊNCIA.
  • 19. 18 clafesi@yahoo.com.br  Se a vítima estiver consciente, identifique-se, obtenha o consentimento para o atendimento e prossiga na sua avaliação.  Se a vítima estiver inconsciente, verifique por até 10 segundos, se respira ou apresenta respirações agônicas; Se o socorrista leigo treinado tiver conhecimento, cheque o pulso central, neste período.  Acione imediatamente o Serviço de Emergência Médica através dos telefones de emergência 192 (SAMU-SP) ou, nos casos em que houver a necessidade de ações de salvamento (desastres, acidentes), use o telefone 193 (Corpo de Bombeiros).  Se houver serviço de emergência médica local, como no caso de empresas, acione-o através do respectivo telefone de emergência. SOLICITE UM DESFIBRILADOR EXTERNO AUTOMÁTICO. SE A VÍTIMA NÃO ESTIVER RESPIRANDO Destaques das Diretrizes da American Heart Association 2010 para Ressuscitação Cardiopulmonar e Assistência Cardiovascular de Emergência Eliminação do procedimento “Ver, ouvir e sentir se há respiração”* 2010 (Nova): O procedimento "Ver, ouvir e sentir se há respiração” foi removido da sequencia de RCP. Apos a aplicação de 30 compressões, o socorrista que atuar sozinho devera abrir a via aérea da vitima e aplicar duas ventilações. Motivo: Com a nova sequencia “compressões torácicas primeiro”, a RCP será executada se o adulto não estiver respondendo e nem respirando ou não respirando normalmente (como já mencionado, os Socorristas leigos serão instruídos a aplicar a RCP se a vitima que não responde “não estiver respirando ou estiver apenas com gasping”). A sequencia da RCP começa com compressões (sequencia C-A-B). Logo, a respiração e verificada rapidamente como parte da verificação quanto a PCR; apos a primeira serie de compressões torácicas, a via aérea e aberta e o socorrista aplica duas ventilações. SE A VÍTIMA ESTIVER RESPIRANDO - LIBERAR AS VIAS AÉREAS SUPERIORES  Abra as vias aéreas superiores da vítima inconsciente.  Verifique a presença de corpos estranhos na boca da vítima, tais como: vômitos, objetos, dentes quebrados, próteses móveis deslocadas, sangue, alimentos, etc.  Se você NÃO É PROFISSIONAL que atua em atendimento pré-hospitalar, deverá empregar exclusivamente o tipo de manobra indicada ao lado para liberar as vias aéreas de qualquer vítima que esteja inconsciente, independente de ter ou não sofrido trauma (recomendações das Diretrizes 2005 da American Heart Association). SE FOR VÍTIMA DE TRAUMA  Localize a presença de grandes hemorragias. Nas vítimas de trauma, inspecione visualmente, de forma rápida, a parte anterior do corpo da vítima e apalpe a parte posterior, no sentido da cabeça em direção aos pés para verificar se existem hemorragias que comprometam a vida do acidentado. Se necessário, corte as vestes da vítima para ter acesso aos ferimentos. Terrenos gramados ou de terra podem ocultar sangramentos. Ilumine local escuro. Manobra de Inclinação da Cabeça e Elevação do Queixo
  • 20. 19 clafesi@yahoo.com.br Lembre-se que o propósito da Análise Primária consiste na identificação e correção imediatas das falhas nos sistemas respiratório e circulatório, que representem para a vítima risco iminente de morte. SE FOR VÍTIMA DE TRAUMA, HOUVER EQUIPAMENTO E TREINAMENTO Aplique um COLAR CERVICAL ao término da análise primária para manter a imobilização da coluna cervical. Se você não tiver treinamento para aplicar um colar cervical, mantenha a estabilização manual. CHECK LIST DA ANÁLISE PRIMÁRIA ATIVIDADE COMO EXECUTAR PORQUE EXECUTAR Observe a vítima e a área do acidente. Certifique-se da segurança para si e para a vítima. Observe as condições da cena e do ambiente. A posição da vítima e arredores serão a chave para descobrir sobre mecanismos da lesão e a história da vítima. Verifique se a vítima está consciente. Estabilize a cabeça da vítima inconsciente. Toque nos ombros dela e chame por ela pelo menos 3 vezes. Se a vítima está consciente e responde ao seu chamado, identifique-se, pergunte-a sobre o que aconteceu e descubra sua queixa principal. Se a vítima estiver inconsciente acione imediatamente o Serviço de Emergência Médica local. Para certificar-se de que as vias aéreas estão pérvias, de que a vítima respira adequadamente. Para começar a determinar o nível de consciência da vítima. Verifique as vias aéreas da vítima e estabilize sua coluna cervical. Abra as vias aéreas de vítimas inconscientes e sem trauma pela manobra de inclinação da cabeça e elevação do queixo. Se há suspeita de lesão cervical mantenha a cabeça e o pescoço em posição neutra e use o método de tração do queixo ou opte pela manobra de elevação da mandíbula. Inspecione a cavidade oral em busca de objetos, sangue, vômitos, dentes quebrados ou qualquer obstáculo para a respiração da vítima. A abertura das vias aéreas é o primeiro passo e é essencial no tratamento da vítima. Todas as outras manobras são inúteis caso as vias aéreas não estejam permeáveis. Mantenha a coluna cervical imobilizada manualmente para evitar agravamento de lesão cervical até que seja possível a aplicação de um colar e um apoio lateral de cabeça. Verifique a respiração da vítima. Observe se o tórax e abdômen da vítima apresenta movimentação. Se a vítima não respira, OU APRESENTAR APENAS GASPING, inicie imediatamente as compressões torácicas. Concomitantemente com a respiração, o socorrista profissional de saúde deve checar o pulso central. A ausência da respiração requer manobras de ressuscitação imediatas, antes de qualquer outro tratamento. Procure pela presença de hemorragias externas. Inspecione o corpo da vítima em busca de sangramentos que comprometam sua vida. Controle sangramentos existentes imediatamente com compressão direta sobre o ferimento. Use sempre luvas de proteção. Hemorragias graves merecem atenção e controle imediato, antes de qualquer outro tratamento posterior. A vida fica ameaçada diante da perda de grandes volumes de sangue.
  • 21. 20 clafesi@yahoo.com.br ANÁLISE SECUNDÁRIA Toda lesão ou doença tem formas peculiares de se manifestar e isso pode ajudá-lo no descobrimento do tipo de problema que afeta a vítima. Estes indícios são divididos em dois grupos: os sinais e os sintomas. Alguns são bastante óbvios, mas outros indícios importantes podem passar despercebidos, a menos que você examine a vítima cuidadosamente, da cabeça aos pés.  SINAIS são detalhes que você poderá descobrir fazendo o uso dos sentidos – visão, tato, audição e olfato – durante a avaliação da vítima. Sinais comuns de lesão incluem sangramento, inchaço (edema), aumento de sensibilidade ou deformação; já os sinais mais comuns de doenças são pele pálida ou avermelhada, suor, temperatura elevada e pulso rápido.  SINTOMAS são sensações que a vítima experimenta e é capaz de descrever. Pode ser necessário que você faça perguntas para definir a presença ou ausência de sintomas. Pergunte à vítima consciente se sente dor e exatamente onde. Examine a região indicada procurando descobrir possíveis lesões por trauma, mas lembre-se de que a dor intensa numa região pode mascarar outra enfermidade mais séria, embora menos dolorosa. Além da dor, os outros sinais que podem ajudá-lo no diagnóstico incluem náuseas, vertigem, calor, frio, fraqueza e sensação de mal-estar. CHECK LIST DA ANÁLISE SECUNDÁRIA ATIVIDADE COMO EXECUTAR PORQUE EXECUTAR Apalpe todo o crânio, procure por deformidades, ferimentos, edemas, equimoses. Para identificar possíveis lesões na cabeça. Observe ambas as pupilas, procure por edemas, equimoses, lesões nas córneas ou pálpebras. Para indicar possíveis lesões na cabeça, no próprio olho, uso de drogas, etc. Pesquise a saída de sangue ou líquor pelos condutos auditivos. Certifique-se de que a vítima pode ouvir. Pesquise edemas ou equimoses atrás das orelhas. Para indicar possíveis perdas da audição, sinais de traumatismo crânio-encefálico ou ferimentos na cabeça. Apalpe os ossos da face, o nariz e a mandíbula da vítima. Procure hemorragias, deformidades, ferimentos, ou equimoses. Pesquise por líquor no nariz. Verifique na boca possíveis lesões na língua, perda de dentes ou prótese, pesquise o hálito. Para indicar possíveis lesões na cabeça: fraturas de ossos faciais, fraturas no crânio, lesões na boca e mandíbula, ingestão de álcool, etc.
  • 22. 21 clafesi@yahoo.com.br Apalpe a parte posterior do pescoço em busca de lesões na coluna cervical. Observe o alinhamento da traquéia e os vasos sanguíneos do pescoço. Para determinar se há lesão na coluna cervical. Traquéia desviada e estagnação de sangue nas veias do pescoço podem ser resultantes de trauma de tórax. Mantenha a imobilização cervical. Evite manipulação excessiva do pescoço durante o exame. Apalpe os ombros, a clavícula e a escápula da vítima bilateralmente, procurando por deformidades, ferimentos, hemorragias ou edemas. Para indicar possíveis lesões na cintura escapular da vítima. Fraturas e/ou luxações nos ossos dos ombros. Apalpe as regiões anterior e lateral do tórax. Apalpe o esterno. Pesquise deformidades, fraturas, áreas de contusão ou edemas. Observe movimentos respiratórios anormais. Para identificar sinais e sintomas de fraturas de costelas ou esterno, feridas fechadas ou abertas no tórax e possíveis problemas respiratórios. . Apalpe e pesquise contusões ou ferimentos abertos no abdômen. Observe a sensibilidade e o tônus muscular. Para indicar possíveis hemorragias internas, eviscerações, contusões e ferimentos abertos. Apalpe a região anterior, lateral e posterior da pelve. Pesquise instabilidade, dor, ferimentos ou hemorragias. Procure identificar lesões na região genital. Para indicar possíveis lesões na região da pelve. Fraturas e/ou luxações dos ossos da pelve. Possíveis lesões nos órgãos genitais ou urinários. Apalpe os membros inferiores e membros superiores. Pesquise por ferimentos, hemorragias, deformidades ou edemas. Cheque a capacidade de movimentação, a sensibilidade. Compare com o membro não lesado. Para identificar possíveis fraturas, luxações e entorses. Indicar sinais de traumatismos na coluna vertebral ou de traumatismos crânio-encefálico, etc. Observe nas extremidades superiores e inferiores: capacidade de movimentação, força muscular, pulso distal, perfusão capilar, sensibilidade. movimentação força muscular perfusão capilar pulso distal sensibilidade
  • 23. 22 clafesi@yahoo.com.br ATIVIDADE COMO EXECUTAR PORQUE EXECUTAR Aproveite a manobra de rolamento e apalpe o dorso da vítima. Verificar presença de contusões, hematomas, inchaço local. ENTREVISTA Se a vítima estiver consciente e alerta pergunte-a diretamente. Aproxime-se do paciente e demonstre que você poderá ajudá-la a aliviar o sofrimento decorrente de um ferimento ou problema de saúde. Faça as questões de modo claro e em número reduzido. Não utilize frases supérfluas como “você está ótimo”, “tudo vai acabar bem”, “fique tranqüilo”, “isto não é nada”. O paciente tem capacidade para perceber a complexidade da situação e perderá a confiança em você. PERGUNTAS IMPORTANTES  O nome – pergunte com simplicidade qual é o seu nome? Lembre-se que um paciente consciente poderá piorar com rapidez, perdendo a capacidade de comunicar-se. Durante a entrevista fale com o paciente, empregando sempre o seu nome. As crianças podem ter dificuldade em falar o nome completo.  Idade de crianças e contato com os pais – talvez você não tenha dificuldade em estabelecer uma idade aproximada de um adulto, mas para as crianças é importante conhecer a idade para escolher as técnicas e cuidados mais adequados. Pergunte a idade para as crianças e os adolescentes e, como você poderá entrar em contato com os seus pais ou responsáveis. Algumas vezes esta pergunta pode deixar a criança mais aflita porque ela compreende que está doente ou machucada e que seus pais não estão presentes para ajuda-la. Esteja preparado para confortar a criança e assegurar que alguém faça o contato com os pais.  O que está errado? Quando o paciente não apresentar uma queixa, pergunte se ele sente dor em algum lugar do corpo. Se um membro está ferido, pergunte se ele apresenta uma sensação de adormecimento, queimação ou formigamento da extremidade atingida. Estes são sinais preocupantes de possíveis lesões em nervos ou da medula espinhal.  Como aconteceu? Nos casos de trauma, saber como aconteceu o acidente pode ajudar na identificação de problemas que não foram relatados. Quando o paciente está deitado no chão, pergunte se ele mesmo achou melhor deitar-se ou se a posição foi forçada por uma queda, golpe ou projeção. Faça isto também para os pacientes com problemas clínicos. Essas informações podem revelar a existência de lesões importantes como as da coluna vertebral ou hemorragias internas. Nos acidentes automobilísticos as questões devem ser mais específicas. Ao perguntar como aconteceu? Você poderá ter como resposta o relato de como o outro motorista errou. Para evitar esta situação faça perguntas do tipo: você bateu contra o pára-brisa? Você bateu o tórax contra o volante? Você foi jogado para trás (ou para frente)? Você foi jogado para fora do carro?  Há quanto tempo aconteceu? Permitirá que você saiba se o problema foi repentino (agudo), se está acontecendo há alguns dias ou mesmo descobrir se o paciente apresenta o problema há muito tempo (crônico).  Isto já aconteceu antes? Ou você já sentiu isto antes? Procure ser realista. Perguntar a uma pessoa que colidiu com um caminhão se isto aconteceu antes, não é uma questão prática. Entretanto, se o paciente caiu é importante saber se este episódio acontece freqüentemente. Queixas de falta de fôlego, tontura ou calafrio são exemplos de sintomas relatados pelo paciente e que o Socorrista precisará saber se aconteceu pela primeira vez.  Você tem algum problema de saúde? Ou pergunte se o paciente sente-se doente e ou se tem consultado algum médico.  Você tem tomado algum remédio?  Você tem alguma alergia? Uma alergia pode ocasionar desconforto. Saber a causa da alergia pode facilitar a remoção da substância irritante para longe do paciente.
  • 24. 23 clafesi@yahoo.com.br HISTÓRICO SIMPLIFICADO  Sinais e sintomas;  Alergias;  Medicações;  Problemas antecedentes: histórico das doenças;  Líquidos e alimentos ingeridos recentemente;  Acontecimentos relacionados com a doença ou o trauma. DADOS IMPORTANTES  Nome do paciente – se houver menores, pergunte pelos pais ou peça para alguém chamá-los.  O que aconteceu? – você pode perguntar se o paciente caiu da escada, se desmaiou ou bateu com a cabeça em um objeto ou qualquer outro indício que tenha percebido.  Alguém viu algo diferente no paciente? O paciente apertou o peito (tórax) antes de cair?  O paciente fez alguma queixa antes do acontecido? Novamente escute os relatos sobre dores no tórax, náuseas, preocupação com um cheiro estranho no local de trabalho e outros indícios.  O paciente tem alguma doença ou problema de saúde? Você pode ser informado de que o paciente é cardíaco, que tem alergia, que é alcoólatra ou outras possibilidades que levariam as alterações rápidas das condições do paciente.  Alguém sabe se o paciente toma remédio? Utilize as palavras remédio ou medicamentos. Não empregue a palavra “droga” porque as pessoas ao redor podem sentir-se intimidadas, pensarem que é uma investigação policial e deixarem de colaborar. Não faça as perguntas, isoladamente. Seja dinâmico. Enquanto realizar o exame físico para a coleta dos dados objetivos, você poderá interrogar as pessoas que estiverem ao redor e escutar as respostas. Isto é importante para detectar alterações não perceptíveis e de risco, como um sangramento moderado, um ferimento ou outro problema que não pode ser menosprezado enquanto você faz a entrevista.
  • 25. 24 clafesi@yahoo.com.br CAPÍTULO IV Ressuscitação Cardiopulmonar OBJETIVOS: Proporcionar aos participantes capacitações para: 1. Estabelecer os elos da Corrente da Sobrevivência, conceito de reanimação da American Heart Association; 2. Utilizar os métodos de barreira para a ventilação artificial; 3. Empregar as manobras de ressuscitação cardiopulmonar para vítimas em parada cardíaca; 4. Intervir em vítimas com obstrução de vias aéreas por corpos estranhos (OVACE).
  • 26. 25 clafesi@yahoo.com.br RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR PRINCÍPIOS DA RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR Para que a vida possa ser preservada faz-se necessário um fluxo constante de oxigênio para o cérebro. O oxigênio é transportado para os tecidos cerebrais através da circulação sangüínea. O coração é a bomba que mantém esse suprimento e, se ele parar (parada cardíaca), sobrevirá à morte, a menos que se tomem medidas urgentes de reanimação. A correta aplicação das etapas da ressuscitação cardiopulmonar (RCP) poderá manter a vida até que a vítima se recupere o suficiente para ser transportada para uma unidade hospitalar ou até que possa receber tratamento pré-hospitalar por uma equipe especializada. As manobras de suporte básico de vida (SBV) são diferentes das manobras de suporte avançado de vida (SAV). Esta última consiste no emprego de profissionais devidamente capacitados e no uso de equipamentos adicionais tais como: monitores cardíacos, desfibriladores, administração de medicamentos, intubação orotraqueal, etc. A Associação Americana do Coração (American Heart Association) estabelece que para a recuperação da vítima em parada cardiorrespiratória um conjunto de ações interligadas sejam levadas a efeito e denomina-se Corrente da Sobrevivência. Se um dos elos dessa corrente se quebrar a vítima não terá sucesso na recuperação ou terá seqüelas irreversíveis. CORRENTE DA SOBREVIVÊNCIA 1º ELO: ACIONAR IMEDIATAMENTE O SERVIÇO DE EMERGÊNCIA MÉDICA  Compreende desde os primeiros sinais de um problema cardíaco, seu reconhecimento, o acionamento de equipes especializadas através do fone 193, até o despacho de profissionais médicos ou socorristas para o atendimento da emergência no local. 2º ELO: INICIAR A RCP IMEDIATAMENTE E MANTÊ-LA ATÉ A CHEGADA DO SEM  As manobras de RCP são mais efetivas quando iniciadas imediatamente após o colapso da vítima. É fundamental que se desenvolvam programas de treinamento para capacitar as pessoas da comunidade na identificação de problemas cardíacos, na forma de acionamento dos serviços de emergência e na execução das manobras de RCP ao nível de suporte básico da vida. 3º ELO: DESFIBRILAÇÃO PRECOCE  Uma rápida desfibrilação é o elo da corrente que provavelmente represente a maior chance de sobrevivência numa emergência cardíaca. A Associação Americana do Coração recomenda que as manobras de desfibrilação externa sejam difundidas e que organizações como os Corpos de Bombeiros sejam treinadas e equipadas com desfibriladores, de forma a possibilitar seu emprego no menor espaço de tempo possível. Fonte: Funcor/SBC
  • 27. 26 clafesi@yahoo.com.br 4º ELO: ATENDIMENTO MÉDICO HOSPITALAR PRECOCE  Este último elo, diz respeito às manobras de suporte avançado, providenciadas no local da cena por médicos para o tratamento do problema cardíaco de forma mais efetiva. AVALIAÇÃO INICIAL DA VÍTIMA 1. DETERMINE O ESTADO DE CONSCIÊNCIA DA VÍTIMA A pessoa que presta o socorro deve chamar e tocar levemente a vítima. Nos casos de acidente traumático (em especial nos traumas de cabeça e pescoço), evite movimentação excessiva da cabeça da vítima, para evitar o agravamento de lesões já existentes com consequente paralisia dos membros superiores e inferiores por lesão da medula espinhal. Chame pela vítima pelo menos 3 vezes. Se não houver qualquer resposta de alerta, a vítima pode ser considerada inconsciente. 2. VERIFIQUE SE A VÍTIMA ESTÁ RESPIRANDO. SE NÃO RESPIRA: Destaques das Diretrizes da American Heart Association 2010 para Ressuscitação Cardiopulmonar e Assistência Cardiovascular de Emergência Alteração na sequência da RCP: C-A-B, em vez de A-B-C* 2010 (Nova): Iniciar compressões torácicas antes das ventilações. Motivo: Embora nenhuma evidência em humanos ou animais publicada demonstre que iniciar a RCP com 30 compressões, em vez de 2 ventilações, leve a um melhor resultado, as compressões torácicas fornecem fluxo sanguíneo vital ao coração e ao cérebro; ademais, estudos de PCR extra-hospitalar em adultos mostram que a sobrevivência e maior quando as pessoas presentes fazem alguma tentativa de aplicar a RCP, em vez de simplesmente não tentarem faze-lo. Dados de animais demonstram que atrasos ou interrupções nas compressões torácicas reduzem a sobrevivência; logo, tais atrasos ou interrupções devem ser minimizados ao longo de toda a ressuscitação. As compressões torácicas podem ser iniciadas quase imediatamente, ao passo que posicionar a cabeça e obter um selo para a respiração boca a boca ou com bolsa-válvula-mascara/insuflador manual sempre demoram certo tempo. A demora no inicio das compressões poderá ser reduzida se houver dois socorristas presentes: o primeiro inicia as compressões torácicas e o segundo abre a via aérea e se prepara para aplicar respirações tão logo o primeiro complete a primeira serie de 30 compressões torácicas. Quer haja um ou mais socorristas presentes, o inicio da RCP com compressões torácicas garante que a vitima receba logo essa intervenção critica - e qualquer atraso nas ventilações de resgate deve ser breve. 3. RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR REALIZADA POR SOCORRISTAS LEIGOS Em caso de parada cardíaca, em VÍTIMAS ONDE SE POSSA COLOCAR AS 2 MÃOS SOBRE O TÓRAX, o socorrista deverá seguir as instruções abaixo:  Deite a vítima sobre uma superfície plana e rígida (Ex. no chão);  EXPONHA O TÓRAX DA VÍTIMA, SEJA ELA MASCULINA ou FEMININA. É ESSENCIAL PARA QUE AS COMPRESSÕES SEJAM EFICAZES, POIS AS MÃOS DEVEM ESTAR NO CENTRO DO TÓRAX, NA LINHA DOS MAMILOS. A FALSA INDICAÇÃO DE QUE É PROIBIDO EXPOR UM TÓRAX FEMININO DE UMA VÍTIMA EM PARADA CARDÍACA NÃO ENCONTRA RESPALDO NA TÉCNICA, ÉTICA ou LEGALIDADE, A AMERICAN HEART ASSOCIATION RECOMENDA
  • 28. 27 clafesi@yahoo.com.br QUE DURANTE O TREINAMENTO O SOCORRISTA SEJA ORIENTADO A PERDER A VERGONHA DE EXPOR O TÓRAX DE UM PACIENTE, EXPONDO O TÓRAX DO MANEQUIM.  Apoie a outra mão sobre a primeira, com os dedos entrelaçados e afastados do tórax;  Mantenha os braços estendidos, sem dobrar os cotovelos;  Seus ombros devem estar na mesma linha sobre o esterno;  O peso de seu corpo deve recair sobre o tórax da vítima e comprimi-lo;  A compressão cardíaca é produzida comprimindo o osso esterno sobre o coração da vítima e espremendo-o contra a coluna vertebral. COMPRESSÕES EFICAZES: RÁPIDA, FORTE, SEM PARAR  Execute compressões torácicas CONTÍNUAS.  Empregue o ritmo (velocidade) de NO MÍNIMO 100 compressões por minuto.  Abaixe o esterno: ACIMA DE 8 ANOS DE IDADE: 5 CM ABAIXO DE 8 ANOS DE IDADE: 4 CM EXECUTE AS COMPRESSÕES TORÁCICAS ATÉ QUE A VÍTIMA VOLTE A RESPIRAR OU QUE A EQUIPE DE APOIO ASSUMA A VÍTIMA. RCP REALIZADA POR SOCORRISTAS LEIGOS TREINADOS INICIE PELAS COMPRESSÕES TORÁCICAS Se estiver sozinho faça as ventilações de resgate logo depois de 30 compressões torácicas. Se houver outro socorrista, ESTE TERÁ 18 SEGUNDOS (TEMPO DE 30 COMPRESSÕES TORÁCICAS) para utilizar um dispositivo de ventilação de resgate. Se houver outro socorrista, ESTE TERÁ 18 SEGUNDOS (TEMPO DE 30 COMPRESSÕES TORÁCICAS) para utilizar um dispositivo de ventilação de resgate. O ressuscitador manual, quando possível, dever ser acoplado ao cilindro de oxigênio portátil. não precisa ser feita, de forma que possa retornar a sua posição normal. Em vítimas onde não for possível apoiar as 2 mãos devido ao pequeno tamanho do tórax (geralmente com idade entre 1 e 8 anos), a compressão torácica pode ser realizada com apenas uma das mãos posicionada sobre o esterno da vítima, no centro do tórax na linha dos mamilos. Mantenha ciclos de compressões x ventilações na razão de 30 x 2. Para melhor eficácia das compressões torácicas, sempre que houver mais de 1 socorrista, reveze as compressões torácicas a cada 5 ciclos (2 minutos).
  • 29. 28 clafesi@yahoo.com.br VENTILAÇÃO DE RESGATE QUANDO NÃO PUDER VENTILAR INICIE E MANTENHA COMPRESSÕES TORÁCICAS CONTÍNUAS ATÉ A CHEGADA DE APOIO – DIRETRIZES 2008 DA AMERICAN HEART ASOCIATION DENOMINADA “ONLY COMPRESSIONS” e ATUALIZAÇÕES 2010. UTILIZAÇÃO DE MÉTODO DE BARREIRA PARA VENTILAÇÃO ARTIFICIAL Sempre que possível, realize a ventilação artificial com o auxílio de um equipamento de proteção (máscara facial ou barreira facial), evitando o seu contato direto com a boca da vítima. USO DA MÁSCARA DE BOLSO (MODELO POCKET MASK) Dispositivo de proteção pessoal do socorrista composto por silicone, com bordas que permitem boa vedação na face da vítima. Possui válvula de fluxo de única direção e filtro que retém secreções evitando o contato com a boca da vítima. O elástico possibilita que a máscara fique presa à cabeça da vítima durante a reanimação.  Ajoelhe-se atrás da cabeça da vítima ou se tiver habilidade, utilize posicionado lateralmente.  Execute a manobra adequada de liberação de vias aéreas conforme a condição da vítima;  Posicione a máscara sobre a face da vítima, com o ápice sobre a ponte do nariz e a base entre os lábios e o queixo;  Mantenha o dedo indicador, médio e anular de cada mão segurando a mandíbula da vítima, elevando-a para cima e para frente, enquanto que os polegares são colocados sobre a parte superior da máscara. A pressão firme entre os polegares e os dedos mantém a máscara bem selada à face;  Inspire normalmente e expire através da abertura da máscara de forma rápida. 1 segundo para cada ventilação. UTILIZAÇÃO DA MÁSCARA FACIAL PARA O SOCORRO DE LACTENTES  Posicione a máscara na face da vítima invertendo-a.  Mantenha o ápice da máscara posicionado em direção ao queixo do lactente, enquanto que a base cobre a boca e o nariz, envolvendo a face.  O socorrista deve realizar ventilações de resgate rápidas (1 segundo cada). USO DE BARREIRA FACIAL Dispositivo plástico para proteção do socorrista durante a ventilação artificial boca a boca.
  • 30. 29 clafesi@yahoo.com.br COMPLICAÇÕES MAIS COMUNS NA RCP  A vítima não está posicionada sobre uma superfície rígida;  A vítima não está em posição horizontal (se a cabeça está elevada, o fluxo sangüíneo cerebral ficará deficitário);  As vias aéreas não estão permeáveis;  A boca ou máscara não está apropriadamente selada na vítima e o ar escapa;  As narinas da vítima não estão fechadas;  As mãos foram posicionadas incorretamente ou em local inadequado sobre o tórax; A compressão é muita profunda ou demasiadamente rápida (não impulsionam volume sanguíneo adequado).  A razão entre as ventilações e compressões é inadequada;  A RCP deixa de ser executada por mais de 5 segundos (alto risco de lesão cerebral). QUANDO INTERROMPER A RCP  Haja o retorno espontâneo da circulação (retorno do pulso). Continuar a ventilar;  Haja o retorno da respiração e da circulação;  Pessoal mais capacitado chegar ao local da ocorrência;  Socorrista estiver completamente exausto e não conseguir realizar as manobras de reanimação. QUADRO RESUMO DAS TÉCNICAS DE RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR RCP-LISTA DE CONSULTA ADULTOS CRIANÇAS BEBÊS Posição das mãos durante as compressões torácicas Ambas, no centro do peito, entre os mamilos Pode ser apenas com uma das mãos, posicionada no centro do peito, entre os mamilos Utilizar 2 dedos sobre o esterno com socorrista isolado. Sempre 1 dedo abaixo da linha dos mamilos. Ritmo (velocidade) das compressões torácicas por minuto... MÍNIMO DE 100 POR MINUTO COMPRESSÃO do esterno durante as compressões... 5 CM 4 CM Um terço até metade da altura do tórax Razão entre as compressões e as ventilações... 30 x 2 Lembre-se que os conhecimentos sobre RCP requerem prática com manequins, supervisionada por pessoa técnica autorizado. SINAIS EVIDENTE DE MORTE – NÃO INICIAR A RCP  Decapitação;  Rigidez cadavérica (rigor mortis);  Estado de putrefação;  Separação do tronco;  Esmagamento completo de cabeça e tórax;  Presença de manchas hipoestáticas (livor mortis);  Carbonização completa do corpo ou calcinação. Adote as medidas para proteção de local de crime. Não altere o estado das coisas. Acione a unidade de policiamento da localidade.
  • 31. 30 clafesi@yahoo.com.br OBSTRUÇÃO RESPIRATÓRIA POR CORPOS ESTRANHOS (OVACE) O engasgamento ou sufocação pode ser definido como uma obstrução total ou parcial das vias aéreas, obstrução esta, provocada pela presença de um corpo estranho. Na obstrução total das vias aéreas a vítima não consegue tossir, falar ou respirar. Em caso de engasgamento ou sufocação, auxilie a vítima prestando o socorro da forma que segue: DESOBSTRUÇÃO DE VIAS AÉREAS EM VÍTIMAS EM ADULTOS  Se a vítima está consciente, posicione-se por trás dela e coloque seus braços ao redor da cintura da vítima. Segure um dos punhos com a sua outra mão, colocando o polegar contra o abdome da vítima, entre o final do osso esterno (apêndice xifóide) e o umbigo. De então repetidos puxões rápidos para dentro e para cima, a fim de expelir o corpo estranho. Repita os movimentos até conseguir desobstruir as vias aéreas da vítima, ou então, até ela ficar inconsciente. SEQÜÊNCIA DE PROCEDIMENTOS PARA VÍTIMAS CONSCIENTES SEQÜÊNCIA DE PROCEDIMENTOS PARA VÍTIMAS INCONSCIENTES  Se a vítima ficar ou for encontrada inconsciente, deite-a de costas e inicie as manobras de ressuscitação cardiopulmonar adequada para a sua idade. COM UMA DIFERENÇA: Sempre que for ventilar, abra a boca da vítima e verifique se o corpo estranho foi expulso. Se esse aparecer na boca, retire-o com seu dedo. Se não, providencie uma ventilação e se o ar não passar, reposicione a cabeça e ventile novamente. Se a obstrução persistir repita os procedimentos de ressuscitação cardiopulmonar até conseguir expulsar o objeto que causa a obstrução respiratória. Havendo a desobstrução, observe os sinais vitais da vítima. Se estiver respirando, coloque a vítima na posição de recuperação. Se não estiver respirando, continue com as manobras de ressuscitação cardiopulmonar. DESOBSTRUÇÃO DE VIAS AÉREAS EM VÍTIMAS EM CRIANÇAS Se a vítima está consciente, de pé ou sentada, posicione-se, de joelhos, por trás dela e coloque seus braços ao redor da cintura da vítima. Segure um dos punhos com a sua outra mão, colocando o polegar contra o abdome da vítima, entre o final do osso esterno (apêndice xifóide) e o umbigo. De então repetidos puxões rápidos para dentro e para cima, a fim de expelir o corpo estranho. Repita os movimentos até conseguir desobstruir as vias aéreas da vítima, ou então, até ela ficar inconsciente, quando então iniciará a RCP conforme adultos.
  • 32. 31 clafesi@yahoo.com.br DESOBSTRUÇÃO DE VIAS AÉREAS EM VÍTIMAS EM BEBÊS Lactentes conscientes e com OVACE devem ser virados de cabeça para baixo sobre o braço de um adulto. Dê 5 pancadas firmes no meio das costas da vítima. O socorrista deve posicionar a cabeça do bebê num nível abaixo do resto do corpo, de forma que o objeto que está sufocando possa sair das vias aéreas. Vire o bebê e comprima 5 vezes sobre o tórax, em seguida, um dedo abaixo da linha do esterno. Tente visualizar o corpo estranho na boca do bebê e remova-o com seu dedo mínimo. Se o corpo estranho não aparece, repita as manobras de compressão nas costas e sobre o tórax, até conseguir a completa desobstrução. Se o bebê apresenta sinais iniciais de obstrução, tome-o imediatamente nos braços. Posicione-o lateralmente, com a cabeça para baixo para permitir a expulsão do corpo estranho através da tosse. Segure o bebê apoiado sobre sua coxa e dê 5 tapas entre as escápulas, suavemente. Vire o bebê de bruços sobre o outro antebraço. Execute 5 compressões no esterno. Observe a saída do corpo estranho. Se visível, remova com os dedos. Observe se a vítima respira. Coloque a vítima na posição de recuperação. Previna a hipotermia.
  • 33. 32 clafesi@yahoo.com.br OBSERVAÇÃO Caso o bebê perca a consciência inicie as manobras de ressuscitação cardiopulmonar. DESOBSTRUÇÃO EM VÍTIMAS OBESAS OU GESTANTES Em pessoas extremamente obesas ou em estágio avançado de gravidez (3º trimestre), a técnica de compressão abdominal (manobra de Heimlich) não tem eficácia. Nesses casos, recomenda-se a compressão sobre o tórax da vítima, ou seja, a substituição da compressão abdominal pela compressão torácica. MANOBRAS DE DESOBSTRUÇÃO EM VÍTIMAS SENTADAS Se a vítima está consciente, posicione-se, de joelhos, por trás dela e coloque seus braços ao redor da cintura da vítima. Segure um dos punhos com a sua outra mão, colocando o polegar contra o abdome da vítima, entre o final do osso esterno (apêndice xifóide) e o umbigo. De então repetidos puxões rápidos para dentro e para cima, a fim de expelir o corpo estranho. Repita os movimentos até conseguir desobstruir as vias aéreas da vítima, ou então, até ela ficar inconsciente. MANOBRAS DE AUTODESOBSTRUÇÃO Estando sozinho, em caso de obstrução de vias aéreas por corpos estranhos, a vítima terá como opção a manobra de compressão abdominal com as próprias mãos apoiadas sobre o abdome ou a utilização de um apoio (encosto de cadeira) com a mesma finalidade.
  • 34. 33 clafesi@yahoo.com.br CAPÍTULO V Desfibrilação Externa Automática OBJETIVOS: Proporcionar aos participantes capacitações para: 1. Conceituar desfibrilação cardíaca; 2. Estabelecer as características dos principais equipamentos Desfibriladores Externo Automáticos (DEA); 3. Definir o momento adequado do emprego do DEA; 4. Empregar o DEA em conjunto com as manobras de Suporte Básico de Vida.
  • 35. 34 clafesi@yahoo.com.br DESFIBRILAÇÃO EXTERNA AUTOMÁTICA Sabemos que a maioria das mortes súbitas por problemas cardíacos acontece longe dos hospitais e este é o principal motivo para a existência de Treinamentos de Suporte Básico de Vida com Emprego de Desfibrilador Externo Automático. O emprego das manobras de RCP com uso do DEA tem sido importantes aliados no aumento das taxas de sobrevivência na parada cardíaca testemunhada. NOÇÕES BÁSICAS DA FISIOLOGIA CARDÍACA Cada contração cardíaca do ventrículo esquerdo gera uma circulação de cerca de 80 ml num paciente adulto com peso normal de cerca de 70 Kg. O movimento de contração é denominado SÍSTOLE e o de relaxamento das câmaras cardíacas DIÁSTOLE. A freqüência cardíaca normal em um paciente adulto é de 60 a 100 batimentos por minuto. As câmaras cardíacas que recebem sangue são chamadas de ÁTRIOS e as que impulsionam o sangue são chamadas de VENTRÍCULOS. Entre átrios e ventrículos direito e esquerdo existem VALVAS ATRIOVENTRICULARES que permitem o fluxo sanguíneo num único sentido. O átrio esquerdo e o ventrículo esquerdo são responsáveis pela CIRCULAÇÃO ARTERIAL. O átrio direito e o ventrículo direito são responsáveis pela CIRCULAÇÃO VENOSA. O sangue das ARTÉRIAS tem circulação no sentido centro-periferia (do coração para os órgãos) e o sangue das VEIAS tem circulação no sentido periferia-centro (dos órgãos para o coração). Em geral, todo o sangue de uma pessoa passa pelo coração em um minuto e dependendo das necessidades orgânicas mais de uma vez por minuto por conta do aumento da freqüência cardíaca. A mecânica cardíaca ocorre por meio de estímulos elétricos produzidos no NODO SINOATRIAL (SA) localizado no átrio direito. Esse estímulo gera cerca de 6 milivolts de energia elétrica. A estimulação cardíaca é autônoma, sendo controlada, no entanto, pelo TRONCO ENCEFÁLICO. O impulso MARCA-PASSO do Nodo SA se difunde, inicialmente, nos dois átrios, em forma de uma onda progressiva que atravessa o miocárdio produzindo contração e fluxo de sangue em direção aos ventrículos. O impulso então alcança o NODO ÁTRIO VENTRICULAR (AV), onde há uma pausa de 1/13 de segundo, permitindo que o sangue entre nos ventrículos. Terminada a pausa, o Nódulo AV é estimulado, iniciando-se um impulso elétrico que desce pelo FEIXE ÁTRIO VENTRICULAR (Feixe de His), para os seus ramos direito e esquerdo. O impulso elétrico se encaminha para as FIBRAS DE PURKINJE que estimula diretamente as células miocárdicas produzindo contração dos ventrículos, simultaneamente.
  • 36. 35 clafesi@yahoo.com.br ELETROCARDIOGRAFIA Atividade elétrica cardíaca captada por um ELETROCARDIÓGRAFO. O gráfico mostra a condutividade elétrica através de átrios e ventrículos e produz um ELETROCARDIOGRAMA (ECG). Muitas patologias podem ser descobertas com base nesse exame simples, como ocorre com as arritmias. Eletrodos ligados ao paciente Eletrodos externos Visão estilizada do ECG MARCA-PASSO POTENCIAIS Há marca-passos potenciais (ectópicos) em ambos os átrios, no Nodo AV e em ambos os ventrículos. Eles podem assumir o comando, se o mecanismo normal falhar. o Marca-passos auriculares: freqüência de 75 por minuto; o Marca-passo do Nodo AV: freqüência de 60 por minuto; o Marca-passos ventriculares: freqüência de 30-40 por minuto. o Freqüências de urgência: 150 – 250 / min. TIPOS DE PARADA CARDÍACA FIBRILAÇÃO VENTRICULAR: O ritmo inicial mais freqüente nas paradas cardíacas súbitas é a Fibrilação Ventricular (FV) representada ao lado no ECG. É uma arritmia maligna que não gera circulação sanguínea. A Fibrilação Ventricular (FV) é produzida por estímulos de muitos focos ventriculares ectópicos (falsos) causando uma contração caótica dos ventrículos. A FV se origina em numerosos focos cada um disparando choques (estímulos) com uma determinada freqüência. Como há muitos focos ventriculares ectópicos disparando ao mesmo tempo, cada um atua somente em uma pequena área do ventrículo, e isso resulta numa contração irregular dos ventrículos. Essa contração caótica não produz bombeamento efetivo de sangue. Ritmo normal do coração
  • 37. 36 clafesi@yahoo.com.br Emergências que podem estar relacionadas com a fibrilação ventricular: hipertensão arterial, infarto agudo do miocárdio, tumores, infecções, problemas na glândula tireóide, abuso de drogas (álcool), etc. TAQUICARDIA VENTRICULAR SEM PULSO: Outro ritmo anormal é a TVSP (Taquicardia Ventricular Sem Pulso). O ritmo cardíaco irregular chega a ser superior a 180 batimentos cardíacos por minuto (bpm), podendo chegar em alguns casos em 600 bpm. Não gera fluxo sanguíneo e o paciente não apresenta outros sinais de circulação. ATIVIDADE ELÉTRICA SEM PULSO: Atividade elétrica sem pulso é caracterizada pela ausência de pulso detectável na presença de algum tipo de atividade elétrica, com exclusão da taquicardia ventricular ou fibrilação ventricular. Ao monitor aparecem evidências de atividade elétrica organizada, porém o músculo cardíaco está muito fraco ou muito mal perfundido para responder ao estímulo elétrico. Dentre as principais causas destacam-se: Hipoxemia, acidose severa, tamponamento cardíaco, pneumotórax hipertensivo, hipovolemia, vagotomia, embolia pulmonar. ASSISTOLIA: É a cessação de qualquer atividade elétrica ou mecânica dos ventrículos. O QUE É A DESFIBRILAÇÃO CARDÍACA? A Desfibrilação é o uso terapêutico do choque elétrico de corrente elétrica contínua, com grande amplitude e curta duração, aplicado no tórax ou diretamente sobre o miocárdio. Durante uma atividade elétrica irregular, a desfibrilação despolariza todas as células cardíacas, permitindo o reinício do ciclo cardíaco normal, de forma organizada em todo o miocárdio. QUAL A FUNÇÃO DA DESFIBRILAÇÃO CARDÍACA? Produzir uma assistolia temporária tentando despolarizar totalmente o miocárdio (ELIMINAR A ARRITMIA LETAL), dando oportunidade para o Nodo Sinoatrial reassumir a atividade elétrica cardíaca normal. Através do estímulo proveniente do nodo sinoatrial, o estímulo elétrico percorre as vias de condução elétrica do coração (nodo atrioventricular, feixe atrioventricular e fibras de Purkinje), permitindo a sincronia dos movimentos das câmaras cardíacas (átrios e ventrículos). Desta forma, o coração volta a apresentar sístoles (contrações das câmaras cardíacas) e diástoles (relaxamento da câmara cardíaca) efetivas, o
  • 38. 37 clafesi@yahoo.com.br que gera as pressões sistólica (pressão sanguínea máxima) e diastólica (pressão sanguínea mínima). IMPORTANTE para o tratamento das paradas cardíacas por FIBRILAÇÃO VENTRICULAR e TAQUICARDIA VENTRICULAR SEM PULSO. RAZÕES PARA DESFIBRILAR O ritmo inicial mais freqüente nas paradas cardíacas súbitas testemunhadas é a Fibrilação Ventricular (FV) e em casos mais raros a Taquicardia Ventricular sem Pulso (TVSP). As probabilidades de uma desfibrilação bem-sucedida diminuem rapidamente com o tempo. A FV e a TVSP tende a transformar-se em Assistolia em poucos minutos. A RCP isolada não reverterá a FV ou a TVSP a um ritmo normal, apenas prolongará o tempo de arritmia. Será necessária a desfibrilação para que estes pacientes apresentem retorno do batimento cardíaco normal. O intervalo de tempo entre a perda da consciência e a desfibrilação é o determinante crítico da sobrevivência a uma parada cardíaca por FV ou TV. Em locais onde a desfibrilação foi aplicada no primeiro minuto de parada cardíaca as taxas de sobrevivência superaram 70%. Nesses casos, as chances de sobrevivência diminuem cerca de 10% a cada minuto que a desfibrilação é retardada. SUPORTE BÁSICO DE VIDA ANTES DA DESFIBRILAÇÃO A RCP realizada por pessoas que presenciaram a inconsciência da vítima é essencial para aumentar as taxas de sobrevivência na parada cardíaca. Muitos pacientes adultos em parada por FV ou TVSP podem sobreviver sem seqüelas neurológicas, mesmo se a desfibrilação é realizada de 6 a 10 minutos após a parada cardíaca súbita desde que seja submetido à RCP neste período que aguarda a desfibrilação. A RCP parece prolongar a FV e preservar a função cardíaca e a cerebral. 100 % 80 % 60 % 40 % 20 % 0 % 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Fonte Advance Cardíac Life Suport BLS PROVIDER MINUTOS
  • 39. 38 clafesi@yahoo.com.br SUPORTE BÁSICO DE VIDA EM CONJUNTO COM A DESFIBRILAÇÃO PRECOCE Sistema de Emergências Médicas Taxas de sobrevivência Sem RCP ou demora > 10 minutos 0% - 2% RCP precoce, desfibrilação demorada (>10 minutos) 2% - 8% RCP precoce, desfibrilação precoce (até 7 minutos) 20% RCP precoce, desfibrilação muito precoce (< 4 minutos) 30% EQUIPAMENTO DESFIBRILADOR EXTERNO AUTOMÁTICO O desfibrilador externo automático (DEA) é um equipamento que foi desenvolvido para ser utilizado até por leigos, devidamente treinados. É um equipamento de fácil manuseio, com mensagem de texto e comando de voz, seguro para o socorrista e com uma sensibilidade e especificidade elevadas, sendo que essas características o transformam em um equipamento que salva vidas! DEA significa DESFIBRILADOR EXTERNO AUTOMÁTICO, no entanto, a maioria dos DEA disponível no mercado são SEMI-AUTOMÁTICOS, já que “informam” ao operador, através de mensagens pré- gravadas que o choque está indicado, mas não o administra sem uma ação do socorrista (é necessário pressionar o botão de CHOQUE). Existe no mercado equipamento DESFIBRILADOR AUTOMÁTICO que depois de iniciada a análise, libera os choques independentemente da ação do operador. MODELOS DE EQUIPAMENTOS ZOLL PHILIPS MEDITRONIC PRIMEDIC PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS DESFIBRILADORES EXTERNO AUTOMÁTICO Equipamentos DISPONÍVEIS em dupla função para emprego em pacientes adultos e pediátricos. Operam com baterias carregáveis ou descartáveis ou com pilhas alcalinas. Mensagens visuais e sonoras para orientar passo-a-passo os socorristas. Ilustrações no corpo do aparelho, em alguns modelos, facilitam a operação do equipamento. Software opcional para gravação (áudio, ECG, choques, tempo de utilização) e impressão de dados depois da utilização do DEA. Opção de visor de cristal líquido para informações de operação e ECG. Resistente ou não a impactos conforme o tipo de atividade destinada ao aparelho (uso eventual ou para resgate). Capacidade de energia por choques (joules) de acordo com a tecnologia de cada fabricante. Programação de acordo com o Protocolo específico do fabricante, podendo ser reprogramado de acordo com as necessidades do usuário.
  • 40. 39 clafesi@yahoo.com.br ELETRODOS DE DESFIBRILAÇÃO Eletrodos ADULTOS ou PEDIÁTRICOS (pás de desfibrilação) são de uso único (DESCARTÁVEIS). O DEA é conectado ao paciente por meio de pás auto-adesivas (ELETRODOS DE DESFIBRILAÇÃO). Através desses eletrodos o aparelho analisa o ritmo cardíaco com base em microprocessadores patenteados. Quando é detectada FV ou TVSP, o sistema reconhece aquela arritmia cardíaca como um dos tipos de parada cardíaca onde o choque é indicado, carrega e indica um choque por intermédio de mensagens verbais, visuais e alertas sonoros. As pás realizam a leitura e servem como condutores elétricos, portanto são extremamente sensíveis. CAPTAM energia elétrica em MILIVOLTS através da parede torácica e a transfere ao computador. Embalados com prazo de validade de acordo com o fabricante, devendo ser ABERTO SOMENTE DEPOIS QUE FOR CONSTATADA A PARADA CARDÍACA, pois são descartáveis. Face em gel auto- adesivo. O modelo de desfibrilador (ZOLL AED PLUS) utiliza COMO OPÇÃO, pás especiais, em peça única. Possuem no centro da peça um METRÔNOMO (detecta a freqüência e intensidade das compressões torácicas). Estimula através de mensagens sonoras o socorrista a realizar as compressões na profundidade de 3,8 a 5,1 cm e na freqüência de 100 compressões/minuto. TIPO DE ENERGIA EMPREGADA NOS DESFIBRILADORES EXTERNO AUTOMÁTICO Tipos de energia de acordo com a tecnologia de cada fabricante. A energia é medida em JOULES. As empresas, atualmente, utilizam ONDAS BIFÁSICAS. É uma forma de onda clinicamente comprovada pela Associação Americana de Cardiologia, que proporciona carregamento rápido, possui alto índice de eficiência e minimiza os danos causados no coração em eventos pós- desfibrilação. O sistema de análise do DEA avalia automaticamente a impedância torácica e o ritmo cardíaco do paciente e não envia o choque, a menos que o ritmo determine esta necessidade, mesmo se o botão de choque for pressionado indevidamente. Se o paciente não necessite do choque, a carga não será enviada. Existem equipamentos que, por questão de segurança, não enviam o choque ao paciente se o botão disparador não for pressionado depois de 15 segundos do alerta de “choque indicado”. Consulte o Manual de Instruções de cada fabricante sobre as características técnicas de cada equipamento.
  • 41. 40 clafesi@yahoo.com.br As diretrizes 2010 da American Heart Association recomendam que os desfibriladores sejam fabricados com tecnologia que atenda a capacidade de desfibrilação. Podem ser monofásicos ou bifásicos. Possuir carga única ou escalonada em joules. Se possuir carga escalonada, o choque sucessivo deve ser pelo menos igual ou maior que o primeiro. CUIDADO: PARTE dos equipamentos em uso ainda encontra-se com a seguinte programação: 3 choques consecutivos com carga escalonada ou linear de acordo com cada fabricante, seguidas de um temporizador para 1 minuto de RCP e, em seguida, entra o módulo de análise do ritmo cardíaco. SIGA SEMPRE AS INSTRUÇÕES DO DESFIBRILADOR EXTERNO AUTOMÁTICO EM USO. SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO DO DESFIBRILADOR Desfibriladores possuem sistemas de alimentação por baterias descartáveis ou recarregáveis ou pilhas de lítio. Alguns modelos: IMPEDÂNCIA TORÁCICA Cada paciente possui um tipo diferente de massa corpórea, o que significa diferente resistência (IMPEDÂNCIA TORÁCICA). A resistência elétrica que se opõe à súbita movimentação dos elétrons através do tórax (corrente elétrica), durante a desfibrilação, é a "IMPEDÂNCIA TORÁCICA". Existe um valor mínimo de corrente elétrica capaz de promover a desfibrilação (limiar de desfibrilação). Obviamente, quanto menor a impedância torácica, maior a corrente elétrica. Por outro lado, valores muito altos, freqüentemente, provocam insucesso na desfibrilação. A análise automática de impedância garante que o choque seja sempre eficiente, independente do tipo de resistência que o paciente apresente. Alguns fatores determinam a impedância torácica: tamanho dos eletrodos; área de contato dos eletrodos; distância entre os eletrodos; tamanho do tórax; pressão de contato dos eletrodos no tórax, estruturas ósseas proeminentes; tipos de pele e suas particularidades; peso do paciente; tamanho do tórax do paciente; quantidade de ar nos pulmões; quantidade de gordura subcutânea; umidade da pele; excesso de pêlos no tórax. A baixa impedância na desfibrilação também evita eventuais faiscamentos, altamente desfavoráveis pelo risco de provocar lesões cutâneas e, acidentalmente, incêndio, num ambiente normalmente rico em oxigênio. Tempo de liberação dos choques: Geralmente, entre 5 a 40 milissegundos; Tempo < 5 ms, pode não desfibrilar; Tempo > 20 ms, pode ocorrer aumento da possibilidade de refibrilar. PILHAS BATERIAS KIT COM PACOTE DE CARGA CHARGE-PAK ®
  • 42. 41 clafesi@yahoo.com.br AUTOTESTES Os desfibriladores utilizam bateria cujas características dependem do emprego do equipamento (uso eventual ou para resgate), respectivamente curta e longa duração de carga. Esses sistemas são fáceis de instalar, deixando-os pronto para uso. Realizam autotestes diários, semanais e mensais das baterias, componentes elétricos e subsistemas. Verificam se as pás estão prontas para uso e observa a funcionalidade e a calibração de circuitos e sistemas. Um indicador de status, visível, mesmo com o equipamento dentro da maleta, mostra se o equipamento pronto para o uso. Autotestes manuais programados, semanalmente, devem ser feitos pelo operador de DEA para certificar-se da qualidade do equipamento. Um check-list detalhado será apresentado do final deste Capítulo. COMO FUNCIONA O DESFIBRILADOR TRANSFERÊNCIAS DE DADOS DE EVENTOS Para manter altos padrões de tempo de resposta e de qualidade, é importante manter arquivados relatórios detalhados dos eventos transcorridos. Os equipamentos desfibriladores podem ser adquiridos com a função de transferir informações através de cartão de dados (para uso em computador). Grava o ritmo cardíaco do paciente (ECG inicial), o uso do desfibrilador e quando configurado, a gravação de voz do evento. Armazena os dados do evento em sua memória interna e os transfere, através da porta infravermelha ou cabos, para um PalmTM ou diretamente para um computador, sem necessidade de Montagem sobre fotos Cláudio Rossi Fonte: Revista Veja 17/11/2004
  • 43. 42 clafesi@yahoo.com.br retirar o desfibrilador de serviço. Esses dados permitem que se produza uma variedade de relatórios através dos softwares para PC ou PalmTM. SUGESTÕES PARA INSTALAÇÃO DO EQUIPAMENTO Recomenda-se que, em qualquer edificação, desfibriladores sejam instalados em local previamente estudado de forma que seja possível que numa emergência um deles esteja disponível para emprego em no máximo 5 MINUTOS do seu ponto mais distante. Em locais de concentração pública, é necessário manter vigilância constante sobre o equipamento devido a furtos. Aconselha-se que seja instalado protegido em caixas com sistema de alarme e monitorado pelo circuito interno de segurança. Ao ser removido da caixa a Central de Segurança Patrimonial será acionada. Nesse caso somente pode haver 2 possibilidades: furto ou uso do equipamento. Pode-se inserir no protocolo de emergência que a retirada do equipamento com acionamento do sistema de alarme implica no acionamento do Serviço de Emergência Médica para o local. ACESSÓRIOS O emprego do DEA requer medidas conjuntas de avaliação inicial da vítima e ressuscitação cardiopulmonar. Nesse caso, materiais de biossegurança e equipamentos de reanimação são necessários, bem como será exigido corrigir interferências tais como: secar a vítima, raspar pelos do tórax, cortar vestes. Alguns desses materiais e equipamentos fazem parte do KIT de Emergência ou podem ser acondicionados em bolsas em separado para uso exclusivo com o DEA. Instalação em paredes Aeroporto de Adelaide Austrália - 2007 Corredor de passageiros Pátio de fábrica Eletrodos reserva Tesoura Toalha de rosto Barbeador Máscara de bolso Luvas
  • 44. 43 clafesi@yahoo.com.br MANUTENÇÃO DO EQUIPAMENTO Siga as recomendações do fabricante. Em caso de eventuais falhas encaminhe para a Assistência Técnica; Limpe somente a superfície externa do equipamento com um pano úmido; Mantenha um check-list (semanal) atualizado junto com o equipamento; Não abra a embalagem dos eletrodos se não houver a necessidade de uso; Observe o prazo de validade dos eletrodos; Não tente utilizar eletrodos de outras marcas de equipamento, pois possuem configurações diferentes; Mantenha sempre uma bateria sobressalente ou pilhas reservas; Descarte os eletrodos no lixo comum, exceto quando contaminado com sangue e/ou secreções da vítima. PROCEDIMENTOS ADMINISTRATIVOS Esteja qualificado para utilizar o DEA através de cursos de atualizações freqüentes e a certificação necessária; Siga os procedimentos operacionais padronizados para o seu nível de atendimento, caso seja leigo ou profissional de saúde; Solicite, quando possível, apoio de Suporte Avançado de Vida (equipes médicas) para o local; Transfira os dados do equipamento sobre o evento atual para um computador; Imprima e arquive os dados obtidos do evento; Mantenha arquivada a gravação de áudio de seu equipamento, se disponível; Anote dados de pelo menos 2 testemunhas do emprego DEA que possam contribuir para eventuais depoimentos em seu favor; Colete dados sobre o paciente: nome completo, RG, endereço, telefones, familiares para contatos, hospital de destino, etc. Colete dados sobre a ocorrência: tipo de atendimento (clínico ou trauma), endereço do local da ocorrência, telefones, contatos de encarregados de segurança ou chefes de setor, hospital de destino, número da ambulância de transporte, qualificação do condutor, horários de saída do local da ocorrência, horário de entrada no hospital, qualificação (nome e CRM) do médico que o atendeu no hospital, qualificação (nome e COREN) do Encarregado da Equipe do SAMU (192) ou a qualificação (nome e RE) do Comandante da Guarnição de RESGATE do Corpo de Bombeiros (193), etc.
  • 45. 44 clafesi@yahoo.com.br INDICAÇÃO PARA USO DO DEA Utilizar em pacientes com QUALQUER IDADE e que apresentem os seguintes sinais indicativos de parada cardíaca: Ausência de resposta a estímulos auditivos e táteis (inconsciente); Ausência de respiração efetiva. Avalie a vítima de acordo com seu nível de treinamento e detecte a parada cardíaca ANTES DE TOMAR A INICIATIVA de usar o DEA ou abrir um pacote de eletrodos. MOMENTO ADEQUADO PARA EMPREGO DO DEA Fonte: American Heart Association.  PERÍODO ELÉTRICO DA PARADA CARDÍACA:  Quando a parada cardíaca for testemunhada e um DEA estiver disponível em até 5 minutos > priorize a utilização do DEA tão logo seja possível.  Justificativa: as reservas de ATP (energia celular) são suficientes para manter uma fibrilação consistente e com isso maior chance de êxito na desfibrilação.  PERÍODO ISQUÊMICO DA PARADA CARDÍACA:  Quando a parada cardíaca não for testemunhada e um DEA estiver disponível somente depois de 5 minutos > execute 2 minutos de RCP e então utilize o DEA.  Justificativa: as reservas de ATP (energia celular) estão quase consumidas e a fibrilação ventricular muito fina. Menor êxito na desfibrilação. Uma irrigação cardíaca precedente ao uso do DEA permitirá que a fibrilação fique mais consistente com aumento da chance de desfibrilação. SEQUENCIA DE PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS Priorize a segurança pessoal e da vítima e a segurança da cena de emergência. CONSTATAR INCONSCIÊNCIA E VERIFICAR SE A VÍTIMA RESPIRA Certificar-se de que a vítima está inconsciente. Toque no ombro da vítima enquanto chama por ela. Aplique estímulos auditivos e táteis. Se a vítima não apresentar qualquer resposta, considere-a inconsciente. ACIONAR O SERVIÇO DE EMERGÊNCIA MÉDICA LOCAL Ao constatar a inconsciência de uma vítima interrompa o procedimento de avaliação e priorize o acionamento do Serviço de Atendimento Pré-hospitalar local. Estimule a vítima pelo menos por 3 vezes para ter certeza de que não há resposta. Transmita as informações do local e informe que a vítima está inconsciente.
  • 46. 45 clafesi@yahoo.com.br INTERVIR NA PARADA CARDÍACA Inicie imediatamente a reanimação cardiopulmonar pelas compressões torácicas. Posicione a mão dominante (direita ou esquerda) no centro do tórax da vítima, na linha entre os mamilos (no terço inferior do externo, acima do processo xifóide). Execute compressões fortes e rápidas num ritmo de NO MÍNIMO 100 compressões por minuto de forma a abaixar o esterno na vítima adulta cerca de 5 cm de profundidade. POSICIONAMENTO DO DESFIBRILADOR POR QUALQUER SOCORRISTA O desfibrilador externo automático será colocado próximo à cabeça da vítima, em qualquer lado, com a finalidade de facilitar sua operação. Os fios dos eletrodos possuem no máximo 1 metro de extensão e a proximidade com a cabeça facilita as ações do socorrista para avaliar a vítima e executar as manobras de RCP. PRIMEIRA AÇÃO DO SOCORRISTA  LIGAR O DESFIBRILADOR. Inicia-se o autoteste do equipamento e ativa as mensagens sonoras para guiá-lo em todos os passos subseqüentes. Alguns modelos começarão a funcionar, automaticamente, quando se abra a tampa ou o estojo. Em outros modelos será necessário apertar a tecla liga/desliga. Observe sua posição em relação à vítima. Os ombros devem estar posicionados verticalmente e formando um ângulo de 90º com os braços. Os braços devem estar estendidos sem flexionar os cotovelos. Isso reduzirá a possibilidade de fraturas de costelas ou esterno. A justificativa para colocar o equipamento próximo à cabeça da vítima é simplesmente uma tática de atendimento para facilitar a operação do DEA. Problemas detectados durante o autoteste: bateria fraca ou descarregada, problemas técnicos, etc.
  • 47. 46 clafesi@yahoo.com.br SEGUNDA AÇÃO DO SOCORRISTA  EXAMINAR E PREPARAR O TÓRAX PARA A APLICAÇÃO DOS ELETRODOS. EXPOR O TÓRAX: Utilize uma tesoura para cortar as vestes, mas não perca tempo para esse procedimento. Às vezes, é necessário somente afastar a roupa. Cuidado para que os eletrodos não sejam adesivados sobre parte vestes. RASPAR O TÓRAX: Se houver pêlos prejudiciais à colocação dos eletrodos, raspe nos locais de aplicação com um depilador ou barbeador. Pêlos produzem aumento da impedância torácica além de dificultar que os eletrodos sejam corretamente adesivados. SECAR O TÓRAX: Algumas vítimas podem ter transpirado excessivamente ou ter sido retirada do meio líquido, como no caso de afogamentos. Uma superfície corporal molhada aumenta a impedância torácica e criar uma comunicação entre os eletrodos interferindo na transmissão do choque elétrico. REMOVER ADESIVOS DO TÓRAX: As pás do DEA não devem ser colocadas, diretamente, sobre um adesivo de medicação (reposição hormonal, analgésica, anti- hipertensiva, nicotina) ou curativo adesivo (esparadrapo ou tipo band- aid). Adesivos podem interferir na transferência de energia (impedância torácica) e provocar queimaduras na pele da vítima. PROCURAR POR INTERFERÊNCIAS: O marcapasso cardíaco implantado no tórax é um dispositivo que pode interferir na aplicação dos choques. Adiante veremos a conduta específica para o caso. Tesoura faz parte do Kit de acessórios do DEA. Tenha uma toalha de rosto, como acessório, para secar o tórax da vítima ou utilize compressas de gaze ou outro material disponível. Limpe a pele com uma solução salina (soro fisiológico) depois que remover os adesivos. Raspe somente nos pontos de colocação dos eletrodos.
  • 48. 47 clafesi@yahoo.com.br TERCEIRA AÇÃO DO SOCORRISTA APLICAR ELETRODOS AO TÓRAX DA VÍTIMA: SE ESTIVER SOZINHO, INTERROMPA A RCP NO MÁXIMO 10 SEGUNDOS PARA ESSA AÇÃO. SE ESTIVER EM EQUIPE, NÃO INTERROMPA A RCP PARA COLOCAR ELETRODOS AO TÓRAX DO PACIENTE. Remova o plástico protetor do adesivo dos eletrodos. Tenha o cuidado de não tocar no gel adesivo condutor no momento em que retirar a proteção do eletrodo. Retire uma proteção de cada vez e adesive os eletrodos nos locais respectivos. Observe a indicação impressa em cada eletrodo ou na sua embalagem antes de aplicá-lo ao tórax da vítima. Os eletrodos devem ser adesivados em posições pré-definidas. Um dos eletrodos deve ser adesivado no lado esquerdo, logo abaixo do mamilo esquerdo, na linha média axilar. Passe a mão sobre o eletrodo para que adesive, uniformemente, evitando bolhas de ar entre a pele e a pá de desfibrilação. Havendo interferência na captação do ritmo cardíaco, o DEA indicará através de mensagens pré-gravadas, que se reposicione ou substitua o eletrodo no tórax. O outro eletrodo deve ser aplicado na parte anterior do tórax, lado direito, logo abaixo da clavícula e ao lado do esterno. Os eletrodos devem estar posicionados nos locais pré-determinados para que o choque aplicado ao tórax da vítima atravesse pelo menos 80% do miocárdio (massa crítica do coração). Conectar eletrodos, rapidamente, no tórax da vítima. Durante a análise os eletrodos adesivos têm a função de captar os sinais elétricos através do tórax da vítima. Esses mesmos eletrodos conduzem o choque elétrico administrado pelo DEA.
  • 49. 48 clafesi@yahoo.com.br QUARTA AÇÃO DO SOCORRISTA AFASTAR AS PESSOAS PARA A ANÁLISE DO RITMO CARDÍACO Durante a análise do ritmo cardíaco ou da aplicação dos choques tanto o socorrista como as pessoas ao redor devem ser afastadas a uma distância que não permita contato com a vítima. Tocar na vítima durante a operação do DEA pode interferir na análise do ritmo cardíaco, produzir graves lesões ou até mesmo a morte. QUINTA AÇÃO DO SOCORRISTA AFASTAR AS PESSOAS PARA ADMINISTRAR O CHOQUE Se for detectada pelo DEA arritmia maligna (fibrilação ventricular ou taquicardia ventricular sem pulso) haverá a indicação de choque através de mensagens visuais e alertas sonoros. Afaste-se e afaste outras pessoas. Pressione o botão que pisca para aplicar o choque. . Aperte o botão para aplicar o choque ao tórax da vítima. SEXTA AÇÃO DO SOCORRISTA Quando houver indicação inicie ciclos de reanimação cardiopulmonar, pelas compressões torácicas, durante 2 minutos cronometrados pelo DEA. Mantenha os eletrodos aderidos ao tórax da vítima. Verifique sempre: “Eu estou afastado, eles estão afastados, todos estão afastados”. Memorize: Eu estou afastado, eles estão afastados, todos estão afastados. Reanimação cardiopulmonar no intervalo entre choques ou quando não for mais recomendada a sua aplicação.
  • 50. 49 clafesi@yahoo.com.br SÉTIMA AÇÃO DO SOCORRISTA AFASTAR PARA ANÁLISE DO RITMO CARDÍACO Interrompa a RCP quando o DEA indicar. Afaste-se e afaste as pessoas que estejam ao redor durante a análise do ritmo cardíaco. Se indicado, chequem os sinais vitais. Se indicado, aplique novo choque. IMPORTANTE Equipamento NÃO ADAPTADOS Às Diretrizes 2005 e 2010 da American Heart Association possuem programação de 3 CHOQUES CONSECUTIVOS, com INTERVALO PARA 1 MINUTO DE RCP e INTERRUPÇÃO PARA ANÁLISE. Um cronômetro regressivo marcará o tempo a ser dispensado na reanimação cardiopulmonar. Mensagem de voz indicará que o socorrista deve se afastar da vítima para análise do ritmo cardíaco. SIGA SEMPRE as instruções fornecidas para o desfibrilador externo automático em uso. MENSAGEM DE “CHOQUE NÃO INDICADO” Avalie a vítima e SE NÃO HOUVER SINAIS DE RESPIRAÇÃO, o tipo de parada cardíaca pode estar relacionado a outras arritmias, tais como Atividade Elétrica sem Pulso (AESP) ou Assistolia. Nestes casos, CONTINUAR COM A RCP ATÉ A CHEGADA DO SERVIÇO DE ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR. Avalie a vítima e SE HOUVER SINAIS DE CIRCULAÇÃO adote os cuidados INDICADOS PARA A PÓS-REANIMAÇÃO. As pás do DEA devem permanecer aplicadas até a chegada do Serviço de Atendimento Pré-hospitalar.