Este documento discute como o ensino de ciências pode ajudar a desenvolver competências na língua materna de estudantes. Analisa documentos regulatórios e planificações de aula para ciências para mostrar como atividades como interpretar dados, descrever amostras, e explicar conceitos podem contribuir para compreensão oral e escrita. Conclui que o ensino de ciências pode ajudar a superar lacunas resultantes da falta de atenção dada a textos não literários na aprendizagem da língua.

1. Encontro Internacional
A Voz dos Professores de C&T
UTAD – Vila Real
11 de novembro de 2016
Cristina Manuela Sá
cristina@ua.pt
DESENVOLVER COMPETÊNCIAS EM LÍNGUA
MATERNA A ENSINAR CIÊNCIAS

2. Fundamentos teóricos
Defendemos uma abordagem transversal do
ensino/aprendizagem da língua portuguesa.
Pretendemos valorizar o facto de o
ensino/aprendizagem da língua materna contribuir
para o desenvolvimento de competências transversais
(nomeadamente em comunicação oral e escrita).
[cf. Valadares, 2003; Sá, 2009]

3. Mas não podemos esquecer que o
ensino/aprendizagem das outras áreas curriculares
pode igualmente contribuir para um melhor domínio da
língua materna.
[cf. Sá, 2012]

4. Um estudo exploratório
Análise de textos reguladores para Ciências da Natureza
(2º CEB):
❑ Programas (DEB, s.d.)
❑ Metas curriculares (Bonito et al., 2013)
[Complementada pela análise de uma planificação
semanal para o 5º ano de escolaridade]

5. Adotámos uma metodologia:
❑ De índole qualitativa
✓ Análise documental, para recolher os dados
✓ Análise de conteúdo, para todos os dados recolhidos
-> enunciados incluídos nos textos reguladores e nas
planificações que comprovam que se pode desenvolver
competências em LP a ensinar ciências

6. Análise dos programas
3 objetivos gerais relevantes:
❑ Exprimir-se de forma clara oralmente e por escrito.
❑ Revelar capacidade de observar e ordenar as
observações.
❑ Interpretar dados e tirar conclusões.

7. Análise das metas curriculares
- Estratégias de compreensão -
❑ Realização de inferências
✓ Exemplo: 1.5. Relacionar os impactes da destruição de habitats com as
ameaças à continuidade dos seres vivos.
❑ Apreensão das ideias
✓ Exemplo: 4.6. Explicar a importância da composição da água para a saúde
do ser humano, a partir da leitura de rotulagem.
❑ Identificação das ideias principais
✓ Exemplo: 4.4. Apresentar exemplos que evidenciem a existência de água
em todos os seres vivos, através da consulta de documentos diversificados.

8. Análise das metas curriculares
- Tipos/géneros textuais contemplados -
❑ Descrever
✓ Exemplo: 3.2. Distinguir diferentes grupos de rochas, com base em
algumas propriedades, utilizando chaves dicotómicas simples.
❑ Explicar
✓ Exemplo: 13.5. Concluir acerca da importância da proteção da
biodiversidade vegetal.
❑ Argumentar
✓ Exemplo: 13.4. Propor medidas que visem promover a biodiversidade
vegetal.

9. Análise da planificação semanal
- Estratégias de compreensão -
❑ Realização de inferências
✓ Exemplo: Identificação do revestimento de cada amostra (de
revestimentos de corpos de animais) e sua importância.
❑ Apreensão das ideias
✓ Exemplo: Exploração e aquisição da matéria do manual da disciplina [sobre
a variedade dos tipos de locomoção dos animais e sua relação com
músculos e ossos].
❑ Identificação das ideias principais
✓ Exemplo: Acetatos com a informação teórica [variedade do revestimento
do corpo dos animais]

10. Análise da planificação semanal
- Tipos/géneros textuais contemplados -
❑ Descrever
✓ Exemplo: Identificação do revestimento de cada amostra.
❑ Explicar
✓ Exemplo: Acetatos com a informação teórica [variedade do revestimento
do corpo dos animais]
❑ Argumentar
✓ Exemplo: Identificação do revestimento de cada amostra e sua
importância.

11. Conclusões
❑ Há conformidade entre as indicações dadas pelos textos reguladores e as
ações pedagógico-didáticas referidas na planificação.
❑ Esse processo pode contribuir para desenvolver nos alunos competências
em compreensão oral e escrita (e também alguma em expressão oral).
❑ No que diz respeito à expressão escrita, teremos de analisar programas
para níveis de escolaridade mais adiantados (relatórios sobre atividades
experimentais).
❑ O ensino/aprendizagem das Ciências poderá mesmo ajudar a ultrapassar
algumas lacunas resultantes do facto de o ensino/aprendizagem da LP
continuar a dar pouca atenção ao texto não-literário.

12. Referências bibliográficas
Bonito, J. (coord.), Morgado, M., Silva, M. et al. (2013). Metas curriculares.
Ensino Básico. Ciências Naturais. 5º, 6º, 7º e 8º anos. Lisboa: Ministério da
Educação e Ciência.
Direção Geral do Ensino Básico e Secundário (s.d.). Programa de Ciências da
Natureza. Plano de organização do ensino-aprendizagem. Ensino Básico – 2º
Ciclo. Volume II. Lisboa: Ministério da Educação.
Sá, C. M. (2009). Teaching Portuguese for the development of transversal
competences. In M. L. Dionísio, J. A. B. Carvalho, & R. V. Castro (Eds.),
Proceedings of the 16th European Conference on Reading/1st Ibero-American
Forum on Literacies: Discovering worlds of literacy. Braga: Littera – Associação
Portuguesa para a Literacia/CIEd – Universidade do Minho.

13. Sá, C. M. (2012). Transversalidade da língua Portuguesa: representações,
instrumentos, práticas e formação. Exedra, 28, 364-372. Disponível em
http://www.exedrajournal.com/exedrajournal/wp-
content/uploads/2013/01/28-numero-tematico-2012.pdf
Valadares, L. (2003). Transversalidade da Língua Portuguesa. Rio Tinto:
Edições ASA.

14. Obrigada pela vossa atenção ☺