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Leucocitose é um achado laboratorial comum que se caracteriza pelo
aumento dos leucócitos totais com valores, geralmente, a partir de
11.600/mm³. A leucocitose por si só não é uma desordem nem uma doença,
mas sim o resultado da resposta do organismo para eliminar agentes
patogênicos ou quando está submetido a situações de esforço físico ou
estressantes.
Leucocitose por aumento de neutrófilos (neutrofilia)
Em anemias hemolíticas e hemorrágicas ocorre leucocitose por neutrofilia. Nas
anemias hemolíticas a leucocitose com devio à esquerda pode ser marcante (>
50 x109/l). Nos processos hemorrágicos agudos (3 horas após o insulto),
ocorre também uma neutrofilia de células maduras, porém sem desvio à
esquerda.
Uma intensa leucocitose por neutrofilia com marcante desvio à esquerdaocorre
nas leucemias granulociticas crônicas. Esta condição deve ser diferenciada dos
quadros leucemóides causados por inflamações crônicas como a piometra
fechada canina. A leucemia granulócitica se diferencia do quadro leucemóide
da piometra por apresentar um “hiatus leucemicus”, isto é, um desvio à
esquerda desordenado e não escalonado. Nas leucemias granulocíticas ocorre
também com freqüência anemia não regenerativa acentuada e
trombocitopenia.
Uma vez descartadas todas as demais causas de leucocitose por neutrofilia,
oclínico deve direcionar seu diagnóstico para distúrbios hereditários dos
neutrófilos como a neutrofilia cíclica de cães da raça Collie e doenças de
adesão leucocitária descrita em bovinos e cães.
Leucocitose por aumento de linfócitos (linfocitose)
A linfocitose pode ocorrer devido à excitação apenas em gatos. Processos
inflamatórios associados à forte estimulação antigênica é a causa mais comum
de leucocitose por linfocitose. O clínico deve levar em conta que a linfocitose
também pode ocorrer na fase de cura dos processos inflamatórios (presença
de imunócitos sem leucocitose) e de uma a duas semanas após vacinações
(presença de imunócitos com leucocitose). Os imunócitos são linfócitos
estimulados por antígenos que também são conhecidos como linfócitos
reativos (citoplasma intensamente basofílico, às vezes grande, com nucléolo
visível e com zona perinuclear clara). Durante o hipoadrenocorticismo, 25% dos
cães podem apresentar linfocitose. Outras causa mais rara de leucocitose por
linfocitose ocorre nas neoplasias linfáticas. Nas neoplasias linfóides (linfoma,
linfossarcomas e leucemias linfáticas), a linfocitose geralmente é um achado
tardio, que pode ter ou não células atípicas circulantes (células grandes,
basofílicas ou não, com formas anormais de núcleo, cromatina frouxa e
nucléolos evidentes). Em caso de linfocitose persistente em bovinos e em
felinos, recomenda-se realizar uma investigação sorológica para confirmar uma
possível infecção por vírus da leucose bovina e vírus da leucemia felina,
respectivamente.
Leucocitose por aumento de eosinófilos (eosinofilia)
A leucocitose por eosinofília é rara, ocorre na síndrome hipereosinofílica e na
leucemia eosinofílica. Na síndrome hipereosinofílica dos cães e gatos, a taxa
de eosinófilos pode superar a 100 x109/l e apresentar formas imaturas,
tornando difícil a sua diferenciação da leucemia eosinofílica. No exame de
medula óssea verifica-se que na leucemia eosinofílica, diferentemente da
síndrome eosinofílica, ocorre um desordenamento na produção dos eosinófilos.
Processos alérgicos, parasitas ou doenças inflamatórias que acometem tecidos
ricos em mastócitos (pele, pulmão, trato gastrintestinal e genital feminino)
causam eosinofilia, porém não o suficiente para provocar uma leucocitose por
eosinofilia. Ainda existe um falso conceito entre os clínicos de que eosinofilia é
um importante achado do parasitismo gastrintestinal. Na realidade a eosinofilia
não ocorre em todos os tipos de parasitoses, sendo mais comum na fase de
migração larvar de parasitos que mantém um íntimo contato com tecido do
hospedeiro. A imunodeficiência e o estresse comumente presentes nas
parasitoses têm efeito eosinopênico, de modo que a eosinofilia na maioria das
vezes não ocorre em animais com alta carga parasitária.
Leucocitose por aumento de basófilos (basofilia)
A basofilia por leucemia basofílica é extremamente rara em animais
domésticos. Processos alérgicos, parasitários e inflamatórios que causam
basofilia ocorrem em concomitância com a eosinofilia, porém não são
suficientes para provocar isoladamente uma leucocitose. A basofilia não
associada à eosinofilia ocorre em doenças que causam hiperlipemias como o
hipotiroidismo, hipoadrenocorticismo e diabete melitus.
Leucocitose por aumento de monócitos (monocitose)
As leucemias monocítica e mielomonocítica, raras em animais domésticos,
podem causar uma leucocitose por monocitose marcante. As monocitoses
comuns nas inflamações crônicas e doenças com grande destruição tecidual
variam de suave a moderado, acompanhando sempre o grau de neutrofillia.
Um aumento de monócitos marcante, desproporcional a neutrofilia é sugestivo
de neoplasia.
FACULDADE NOBRE DE FEIRA DE SANTANA
DOCENTE: Rosivaldo Lima
DISCENTE: Brendda Michelle
IMUNOLOGIA
CLÍNICA
FEIRA DE SANTANA – BA
2014

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Leucocitose: causas e importância clínica

  • 1. Leucocitose é um achado laboratorial comum que se caracteriza pelo aumento dos leucócitos totais com valores, geralmente, a partir de 11.600/mm³. A leucocitose por si só não é uma desordem nem uma doença, mas sim o resultado da resposta do organismo para eliminar agentes patogênicos ou quando está submetido a situações de esforço físico ou estressantes. Leucocitose por aumento de neutrófilos (neutrofilia) Em anemias hemolíticas e hemorrágicas ocorre leucocitose por neutrofilia. Nas anemias hemolíticas a leucocitose com devio à esquerda pode ser marcante (> 50 x109/l). Nos processos hemorrágicos agudos (3 horas após o insulto), ocorre também uma neutrofilia de células maduras, porém sem desvio à esquerda. Uma intensa leucocitose por neutrofilia com marcante desvio à esquerdaocorre nas leucemias granulociticas crônicas. Esta condição deve ser diferenciada dos quadros leucemóides causados por inflamações crônicas como a piometra fechada canina. A leucemia granulócitica se diferencia do quadro leucemóide da piometra por apresentar um “hiatus leucemicus”, isto é, um desvio à esquerda desordenado e não escalonado. Nas leucemias granulocíticas ocorre também com freqüência anemia não regenerativa acentuada e trombocitopenia. Uma vez descartadas todas as demais causas de leucocitose por neutrofilia, oclínico deve direcionar seu diagnóstico para distúrbios hereditários dos neutrófilos como a neutrofilia cíclica de cães da raça Collie e doenças de adesão leucocitária descrita em bovinos e cães. Leucocitose por aumento de linfócitos (linfocitose) A linfocitose pode ocorrer devido à excitação apenas em gatos. Processos inflamatórios associados à forte estimulação antigênica é a causa mais comum de leucocitose por linfocitose. O clínico deve levar em conta que a linfocitose também pode ocorrer na fase de cura dos processos inflamatórios (presença de imunócitos sem leucocitose) e de uma a duas semanas após vacinações (presença de imunócitos com leucocitose). Os imunócitos são linfócitos estimulados por antígenos que também são conhecidos como linfócitos reativos (citoplasma intensamente basofílico, às vezes grande, com nucléolo visível e com zona perinuclear clara). Durante o hipoadrenocorticismo, 25% dos cães podem apresentar linfocitose. Outras causa mais rara de leucocitose por linfocitose ocorre nas neoplasias linfáticas. Nas neoplasias linfóides (linfoma, linfossarcomas e leucemias linfáticas), a linfocitose geralmente é um achado tardio, que pode ter ou não células atípicas circulantes (células grandes, basofílicas ou não, com formas anormais de núcleo, cromatina frouxa e nucléolos evidentes). Em caso de linfocitose persistente em bovinos e em
  • 2. felinos, recomenda-se realizar uma investigação sorológica para confirmar uma possível infecção por vírus da leucose bovina e vírus da leucemia felina, respectivamente. Leucocitose por aumento de eosinófilos (eosinofilia) A leucocitose por eosinofília é rara, ocorre na síndrome hipereosinofílica e na leucemia eosinofílica. Na síndrome hipereosinofílica dos cães e gatos, a taxa de eosinófilos pode superar a 100 x109/l e apresentar formas imaturas, tornando difícil a sua diferenciação da leucemia eosinofílica. No exame de medula óssea verifica-se que na leucemia eosinofílica, diferentemente da síndrome eosinofílica, ocorre um desordenamento na produção dos eosinófilos. Processos alérgicos, parasitas ou doenças inflamatórias que acometem tecidos ricos em mastócitos (pele, pulmão, trato gastrintestinal e genital feminino) causam eosinofilia, porém não o suficiente para provocar uma leucocitose por eosinofilia. Ainda existe um falso conceito entre os clínicos de que eosinofilia é um importante achado do parasitismo gastrintestinal. Na realidade a eosinofilia não ocorre em todos os tipos de parasitoses, sendo mais comum na fase de migração larvar de parasitos que mantém um íntimo contato com tecido do hospedeiro. A imunodeficiência e o estresse comumente presentes nas parasitoses têm efeito eosinopênico, de modo que a eosinofilia na maioria das vezes não ocorre em animais com alta carga parasitária. Leucocitose por aumento de basófilos (basofilia) A basofilia por leucemia basofílica é extremamente rara em animais domésticos. Processos alérgicos, parasitários e inflamatórios que causam basofilia ocorrem em concomitância com a eosinofilia, porém não são suficientes para provocar isoladamente uma leucocitose. A basofilia não associada à eosinofilia ocorre em doenças que causam hiperlipemias como o hipotiroidismo, hipoadrenocorticismo e diabete melitus. Leucocitose por aumento de monócitos (monocitose) As leucemias monocítica e mielomonocítica, raras em animais domésticos, podem causar uma leucocitose por monocitose marcante. As monocitoses comuns nas inflamações crônicas e doenças com grande destruição tecidual variam de suave a moderado, acompanhando sempre o grau de neutrofillia. Um aumento de monócitos marcante, desproporcional a neutrofilia é sugestivo de neoplasia.
  • 3. FACULDADE NOBRE DE FEIRA DE SANTANA DOCENTE: Rosivaldo Lima DISCENTE: Brendda Michelle IMUNOLOGIA CLÍNICA FEIRA DE SANTANA – BA 2014