2. Existem determinadas características que nós, sujeitos, possuímos e que
raramente passam por uma consciência crítica. São aspectos encrustados
nos atravessamentos sociais, e que fazem parte do processo conhecido
como “subjetividade”, onde aquilo que somos/acreditamos ser é construído.
Assim, raramente nos perguntamos por que sentimos isso ou aquilo, ou
mesmo acreditamos serem fatores naturais, até mesmo biológicos os
responsáveis por algumas de nossas formas de ser.Raramente
questionamos as formas com que a sociedade se organiza em relação ao
binarismo masculino/feminino. Nos parece algo muito normal que uma
mulher aja de determinada maneira, o homem sinta determinados
sentimentos. Inclusive questionar essa organização parece algo como ir
contra a natureza. O fato é que na construção de gênero existe muito pouco
ou nada de natural. odas as leis que determinam as formas com que um
sujeito se comporta estão amarradas a construções sociais. Não existe nada
em nossa biologia que determine que uma mulher tenda a gostar mais de
rosa, ou um homem de azul. Nossos comportamentos são definidos de
acordo com o que a sociedade construiu ao longo do tempo, e todo esse
aprendizado é dado desde muito cedo. Talvez daí venha essa falsa
compreensão natural do gênero. Afinal, não tenho consciência de em que
momento foi nos ensinado que mulher deve cruzar as pernas e homem deve
cortar o cabelo curto. São ensinamentos passados através de experiência,
raramente por lições.
3. “Espera-se que uma pessoa que nasceu com um pênis tenha identidade
de gênero masculina e orientação sexual voltada para o sexo oposto
apenas (heterossexual). Da mesma forma, espera-se que a pessoa
nascida com uma vulva se entenda em uma identidade de gênero
feminina e sinta atração por homens. O que vemos hoje é que estas
“caixinhas” não são suficientes para abranger toda a pluralidade social.
Ainda assim, aqueles que fogem a um desses quesitos são
marginalizados.
4.
5.
6. “Raramente vemos um negro bonito”
De onde nossos
padrões vem?
Nas revistas,
existe um
modelo de
beleza sendo
veiculado, e é
esse modelo que
nos acompanha,
que constitui
nossos gostos.
Temos um
referencial de
beleza negra?
Claro que temos
alguns.
Mas são ainda
exceções.
7. Um caso que ilustra esse nosso racismo é o do “mendigo gato”. Nada
mais que um mendigo loiro de olhos azuis. Quantos moradores de rua
existem no Brasil? Milhares, sem dúvida.Por que de repente uma
dessas pessoas chama a atenção de todo um país, que fica abismado
com o fato dele morar na rua? Por que ele era branco, loiro e tinha
olhos azuis. Simples. As pessoas ficaram chocadas: como pode um
homem tão bonito ser mendigo? Todos os outros são esquecidos,
todos os mendigos “feios” são postos de lado. Mas essa maioria de
mendigos feios é branca ou negra?
8. Enfim, nossos padrões de beleza são racistas. E temos que levar
isso à consciência crítica para estar atento e não reproduzir esse
tipo de pensamento. Se hoje alguém diz que raramente vemos
uma pessoa negra bonita, é porque nossa sociedade
estabeleceu que o padrão de beleza é o da pessoa branca. E nós
vamos levando a vida achando que o fato de acharmos
geralmente pessoas brancas mais bonitas do que negras se
deve a um fator natural. É gosto, e gosto não se discute.
Importante falar que isso é algo que faz parte da construção de
todas as pessoas, negras ou brancas