O documento descreve a história e evolução dos e-books e leitores digitais. Em 3 frases:
1) Os e-books são livros digitais que podem ser lidos em dispositivos eletrônicos como tablets e e-readers, enquanto esses leitores digitais usam tinta eletrônica para simular a experiência de leitura em papel.
2) O documento traça a história dos e-books desde os projetos de digitalização de livros na década de 1970 até o lançamento dos primeiros e-readers comerc
4. “Meio digital é caminho sem volta para a
leitura”
Conclusão do 64º Congresso Mundial dos Jornais e o 19º
Fórum Mundial de Editores
5. Entre pergaminhos
humanos e bits
eletrônicos
O livro na era do computador
por Raquel Wandelli –
“Revista Leitura” da Imprensa Oficial – Junho 2001
6. E afinal, o livro tem lugar na cultura
globalizada ou está prestes a virar peça
de museu? A Internet seria o substituto
definitivo para esse objeto de orelhas,
corpo, rodapé, colunas e folha de rosto
que participou da própria invenção do
humano?
7. Especulações sobre o destino da cultura
de papel na era da informática pecam
por desconsiderar que os incunábulos,
como os livros eram chamados antes da
invenção dos tipos móveis, não são
objetos humanos que se opõem ao
computador, artificial e frio, em uma
dicotomia do tipo natureza versus
cultura.
8. No imaginário popular, a
leitura e a escrita seriam
aptidões naturais, assim como
comer, dormir, andar. Apaga-se
o fato de que livros de papel são
eles próprios invenções
tecnológicas.
9. Um esquecimento, aliás, explicável:
se consideramos o pergaminho como
protótipo do livro moderno, lá se vão
mais de 20 séculos -os primeiros
códices de pergaminho datam do
século II a.C., embora a técnica só
tenha alcançado difusão na Europa a
partir do século IV.
10. Se recuamos um pouco mais e
tomamos como referência as tabuletas
de argila e os velhos papiros dos
mesopotâmios, a memória livresca se
perde na antiguidade dos egípcios,
gregos e romanos.
11. É tempo suficiente para
naturalizarmos essa convivência e
ignorarmos o livro como um
elemento de cultura que se
modifica e se adapta aos aparatos
tecnológico de forma lenta, mas
profunda. Cada corpo que lhe deu
abrigo alterou a forma de leitura e
nossa própria relação com o
conhecimento.
12. Seja na passagem do papiros
para o pergaminho (feito de pele
de animal) ou na passagem das
pesadas encadernações do século
XVIII para os livros de bolso e
finalmente para o livro
eletrônico, muito mudou.
13. Agora como nunca, a história do livro e da
leitura começa a sair dos círculos dos
bibliófilos e eruditos para satisfazer a
curiosidade pública geral. E não é paradoxal
que caia no interesse popular exatamente
quando as previsões mais apocalípticas
anunciam o fim da cultura do papel; o medo
do desconhecido faz a modernidade
debruçar-se sobre o passado.
14. No momento em que hábitos de leitura se
modificam de forma drástica, acorremos ao
passado para compreender e suportar melhor
a revolução tecnológica, sem a impressão de
se dar um salto no abismo escuro. A História
nos dá, senão a garantia, ao menos a
impressão de que o futuro vizinho é fruto e
continuação de nossos próprios passos.
15. É um campo fascinante, que atrai
ficcionistas e estudiosos como atraiu Osman
Lins, de Avalovara, Ricardo Piglia, de
Cidade Ausente, Humberto Eco, de O Nome
da Rosa e o iugoslavo Milorad Pávitch, de O
Dicionário Kazar, romances cujas tramas
recriam a história do livro e nos quais é,
quase um vivo objeto protagonista.
16. No campo ensaístico, Roger Chartier, de A
Aventura do Livro; do leitor ao navegador e
Alberto Manguel, de Uma História da
leitura, apresentam duas obras
atualíssimas e ricamente ilustradas.
17. Um dos momentos mais fascinantes
desses relatos fala da descoberta da
leitura silenciosa, ainda no início do
primeiro milênio. Eles retomam
Confissões, em que santo Agostinho
(século III), registra seu olhar de
assombro ao entrar na Biblioteca do
monastério de Milão e surpreender o
bispo Ambrósio lendo na cela individual.
18. Vindo do Norte da África, o
professor de retórica latina e
elocução viajara pelo mundo, mas
jamais imaginara, em sua vasta
cultura, que alguém pudesse ler
daquela forma, sem mover os lábios,
com a língua quieta, usando apenas
os olhos e a mente e buscando o
sentido no coração.
19. Era um revertério para a leitura
fonocêntrica, em voz alta, calcada
no som e no ritmo. A epifania de
Santo Agostinho nos provoca outra,
nem tão pequena, nem tão óbvia
quanto pareça: a leitura também é
uma técnica.
20. Uma viagem livresca no tempo permite
perceber ainda que todos os aparatos
tecnológicos assumidos pelo livro coexistem na
era da informática. Pensemos nos griots, os
guerreiros cantadores que viajam a pé de uma
tribo a outra em algumas regiões da África
Ocidental, como Bambara e Malinke. O
predomínio quase total da oralidade e a
ausência de livros não impedem que as
palavras caminhem no corpo dos guerreiros,
dando permanência à cultura dessas gentes.
21. Tatuadas no aparato de escrita mais
primitivo do mundo — a própria pele
—, as palavras caminham e contam
histórias das tribos, genealogia,
magia, ritos. Exibem mapas
geográficos, canções, ideogramas com
avisos de guerra. Enquanto isso, no
continente ao lado, a comunicação se
dá via satélite.
22. A web é, em si, muito mais uma quimera
tecnológica, onde coabitam formas passadas,
presentes e futuras do que uma superação
total do velho pelo novo. Como bem anotou
Pierre Lévy, em Tecnologias da Inteligência,
o computador sobrepõe diversas mídias
(televisão, telex, livro, rádio, telefone, fax,
vídeo, gravador, cinema) em um sincretismo
de formas e linguagens (verbal, oral, icônica),
sem se reduzir a nenhuma delas.
23. O novo não apaga o velho, como na imagem
do palimpsesto, antigo pergaminho
submetido a uma solução química para
receber nova inscrição, de forma que era
possível encontrar sob a superfície raspada,
as camadas anteriores de escrita. O novo não
apaga o velho, mas ao incidir sobre ele recria-
o, transforma-o.
24. A roda da história circunscreve seu
traçado torto e a cada nova espiral, ao
mesmo tempo retoma e modifica velhas
práticas de leitura. Os chats, grupos de
discussão ou a correspondência trocada
pela Internet mostram que o meio
eletrônico recupera, por exemplo, certa
espontaneidade e fluidez da literatura
oral.
25. Pode também devolver a voz ao texto,
sem roubar a imagem da escrita, além
de retomar a iconografia. Mas a leitura
vertical na tela, através da barra de
rolamento, padece da limitação dos rolos
de pergaminho, que obrigavam o leitor a
seguir parte por parte, com as mãos
presas ao aparato.
26. Nesse aspecto, o livro moderno
manteria a vantagem de permitir
uma visualização mais imediata do
todo da obra ao ser manipulado
horizontalmente. Por outro lado, o
leitor não pode reescrevê-lo e
modificá-lo com a mesma facilidade
que teria no computador.
27. Fisicamente liberado do suporte da
leitura e encorajado pelas
ferramentas tecnológicas a se
intrometer no texto, o navegador
experimenta uma produtiva confusão
de papéis entre autor e leitor.
28. Entre as mudanças impactantes do
computador está a inigualável
heterogeneidade do meio. Capaz de
associar imagem, som e
movimento ao verbal, provoca
quase uma experiência extática,
embora desvalorize o sentido do
tato, a sensação afetiva de se
acariciar um livro ou de se guardar
uma lágrima nas páginas
amarelas do papel, como bem
anotou José Saramago.
29. Talvez o maior impacto, além da
desmaterialização do corpo do livro, seja a
privatização cada vez maior do ato de
leitura. Chartier aponta para uma
separação da leitura de toda forma de
espaço comunitário que ainda sobrevive
ao período industrial, a exemplo dos
saraus literários, escolas, bibliotecas,
cafés, ônibus.
30. Por outro lado, o aspecto coletivo da
leitura pode ser recuperado, senão de
corpo, ao menos virtualmente, nos grupos
de discussão e na leitura a várias mãos
que só uma rede interligada de
computadores proporciona.
31. Há perdas e ganhos a cada grande mudança.
Vantagens e desvantagens. Mas os períodos de
transição tecnológica são únicos porque revelam
para os que nele vivem os elos da História. É um
privilégio para leitores e historiadores participar
dessa experiência, por mais traumática e
desafiante que seja. A multiplicidade de recursos
e oferta democrática de aparatos de leitura deve
ser incentivada.
32. O múltiplo é includente, enquanto
o domínio de uma só tecnologia
exclui e marginaliza. Então, que ao
lado dos imputs magnéticos do e-
book haja lugar para as velhas
superfícies de inscrição.
33. Que os navegadores possam
"baixar" o novo suspense de
Stephen King na Internet, mas
também os cantadores negros
continuem a desfilar seus corpos-
livros pela África, feito
pergaminhos ambulantes. E que
haja sempre obras de papel para
nos humanizar entre suas asas.
por Raquel Wandelli
35. Um livro digital, ou e-book, é um livro
em formato digital que pode ser lido em
equipamentos eletrônicos tais como PC
´s, Notebook, Tablets e e-reader ´s
(Leitores de livros digitais) ou até
mesmo celulares que suportem esse
recurso.
36. Os formatos mais comuns de e-book´s
são o PDF, HTML e o ePUB. O
primeiro,PDF, necessita do conhecido
leitor de arquivos Acrobat Reader ou
outro programa compatível, enquanto
que o segundo, ePub, precisa de um
navegador de Internet para ser aberto.
O Epub é um formato de arquivo digital
padrão específico para ebook´s.
37. ePUB (abreviação de Eletronic Publication - Publicação
Eletrônica) é um formato de arquivo digital padrão
específico para e-books. É livre e aberto e foi criado pelo
International Digital Publishing Forum (CICOM).
Arquivos têm a extensão .epub. ePUB é projetado para
conteúdo fluido, o que significa que a tela de texto pode
ser otimizada de acordo com o dispositivo usado para
leitura. O padrão é destinado a funcionar como um único
formato oficial para distribuição e venda de livros
digitais. Ele substitui o padrão Open eBook.
38. Muitos Formatos dificultam a difusão:
ePub, International Digital Publishing Forum .lit,
Microsoft Reader
.pdf, Acrobat Reader
.chm, Microsoft Compiled HTML Help
.opf, Open EBook Format
.exe, eBook auto-executável em Windows
.jar, eBook em Java ME para celulares
.prc, Mobipocket Reader
.rb, RocketEditions
.kml, Hiebook
.pdb, iSilo
.DjVu
.vbo, Virtual Book
.mobi, Amazon Kindle
.azw, Amazon Kindle
.txt
.rtf, Rich Text Format, originalmente criado no
WordPad
.odt, OpenDocument Text
.doc, Microsoft Office
39. O e-Reader, livro digital, em inglês) é um pequeno aparelho
que tem como função principal mostrar em uma tela, para
leitura, o conteúdo de livros digitais (e-books) e outros tipos de
mídias digitais como jornais, revistas...
40. Ao utilizar a tecnologia de tinta eletrônica, também chamada e-
ink nas telas desses leitores, os e-reader´s se aproximam muito da
sensação de se ler um livro convencional por não utilizar
iluminação, como as telas de cristal líquido (LCD), o que tem
impulsionado a venda desses aparelhos em todo o mundo.
41. O mais famoso dos e-reader´s é o Kindle, criado
pela empresa americana Amazon, que teve seu
primeiro modelo lançado nos Estados Unidos, em
2007; e no Brasil em 2009.
59. 2010: Apple lança o iPad.
Livraria Cultura
inicia venda de e-
books na web
60. 2011:Vendas de e-books chega
aos 15%,nos EUA
As vendas de livros eletrônicos passaram a responder por
15% do mercado em 2011, ante 6% em 2010, de acordo
com um relatório da Association of American Publishers
e Book Industry Study Group. As organizações
compilaram dados fornecidos por quase duas mil
editoras.
61. 2012: Microsoft investe US$
300 milhões na rede livreira
Barnes & Noble,proprietária
do Nook.
Aporte equivale a 17,6% de
participação dos negócios digitais
da livraria.
62. 2012:AMAZON LANÇA O NOVO KINDLE
PAPERWHITE
2012 :Amazon já está
no Brasil e pode
lançar tablet e Kindle
em breve.
63. 2012:Parceria entre Livraria
Cultura e Kobo: parceria para
lançar e-reader e e-book´s no
Brasil em que promete devices e
livros á preços acessíveis.
2012:Livraria Cultura quer vender
leitor eletrônico mais barato que a
Amazon
O Estado de S. Paulo
64. quarta-feira, 10 de outubro de 2012
2012:Mercado de e-books faz
com que autores iniciantes
possam vender em grandes
livrarias.
65. Uma das vantagens que se atribui ao e-book é seu
preço. Como seu custo de produção e de entrega é inferior,
um livro digital de alto padrão, como os encontrados em
sites especializados, pode chegar as mãos do leitor por um
preço até 80% menor que um livro impresso, quando não
for gratuito.
66. Deve-se lembrar que o livro digital não precisa entrar em filas de
impressão em gráficas, como ocorre tradicionalmente. Assim, uma
vez prontos para distribuição, basta entrar em redes on-line de
venda e distribuição.
67. Os leitores de livros eletrônicos podem arquivar grande
quantidade de livros, entre 1000 e 3000 títulos, dependendo do
formato e modelo de e-reader.
68. Desde o lançamento do leitor digital Kindle ,
que catapultou o crescimento do mercado de
livros eletrônicos a partir de 2007, a leitura
digital tem dividido opiniões. De um lado, há
quem defenda a experiência prazerosa de ler
no papel, supostamente inimitável pela
tecnologia.
69. A digitalização reduz os custos de
produção dos livros, tornando-os mais
acessíveis aos leitores,a atualização do e-
book é , digamos, automática,recurso
muito útil para livros técnicos ,didáticos,
entre outros.
70. O diretor da maior editora
universitária dos EUA,
Universidade de Chicago, é um
entusiasta da leitura digital ,diz
que a digitalização de conteúdo
terá impacto comparável aos
tipos móveis de Gutenberg na
difusão do conhecimento.
71. Existem alguns entraves para a popularização do
e-reader no Brasil, que ainda é incipiente , mas
com a entrada de grandes player´s no mercado,
diminuição do custo da tecnologia, isenção de
impostos para importação e fabricação do e-
reader, concorrência, maior acessibilidade a
internet....
72. ...entre outros fatores, podem fazer com que o
leitor eletrônico se torne um acessório popular
como o celular, e a leitura digital seja um hábito
prosaico e democrático
73. O Brasil vem aderindo lentamente à prática
da leitura de e-books . A Bienal do Livro de
São Paulo de 2012 trouxe algumas iniciativas
nesse sentido, como por exemplo, a
disponibilização de obras on-line por parte de
grandes livrarias, como a Cultura e a
Saraiva, entre outras.