O aumento dos pedidos de recuperação judicial por pequenas e médias empresas está preocupando os grandes bancos brasileiros e levando-os a restringir o crédito para este segmento de modo a reduzir riscos e calotes. Embora os volumes ainda não sejam grandes, a tendência pode comprometer a estratégia de alguns bancos, principalmente Santander, de expandir empréstimos para PMEs.
Exclusivo: recuperação judicial de pequenas empresa pode comprometer estratégica de bancos
1. [22/05/2013 - 19:00]
Exclusivo: recuperação judicial de pequenas empresa
pode comprometer estratégica de bancos
São Paulo, 22/05/2013 - A aposta de alguns bancos de crescer o crédito para pequenas e
médias empresas pode estar em risco diante do aumento dos pedidos de recuperação
judicial. Embora os volumes ainda não sejam grandes, de acordo com fontes, o assunto já
incomoda os grandes bancos brasileiros e também as instituições de médio e pequeno porte.
Os números do primeiro trimestre confirmam que a oferta de crédito para pequenas e
médias empresas (PMEs) está mais restrita num esforço das grandes instituições em reduzir
a exposição em segmentos de maior risco e, consequentemente, baixar o número de calotes.
Até mesmo o Santander, cujo foco de expansão no Brasil são as pequenas e médias,
diminuiu a oferta de recursos para este público.
A carteira de crédito de PMEs do banco recuou 1% em março ante dezembro, totalizando R$
36,135 bilhões. Carlos Alberto López Galán, vice-presidente executivo do Santander,
explicou, em conversa com analistas, que a carteira de PME foi afetada por uma questão
sazonal. O objetivo do espanhol é elevar a sua carteira de crédito para este público acima da
média do mercado nos próximos três anos.
"O nosso foco continua sendo as pequenas e médias empresas. Acreditamos neste mercado.
O país tem muito espaço para crescer este segmento e é o pequeno e médio empresário que
vem impulsionando mercado de crédito", avalia Cristiane Nogueira, superintendente
executiva de segmentos do Santander.
De acordo com ela, o banco tem exigido garantias reais e de recebíveis, que estão fora do
processo de recuperação judicial. A estratégia do Santander com isso é, conforme a
executiva, trazer o fluxo de caixa da empresa para dentro da instituição para que possa
monitorar o que está acontecendo com as empresas clientes.
Quem também reduziu a carteira de PMEs foi o Itaú Unibanco. Conforme Alfredo Egydio
Setubal, vice-presidente executivo e diretor de RI do banco, na teleconferência com analistas
sobre resultados, a oferta de recursos para este público deve continuar sendo reduzida no
segundo trimestre uma vez que o banco ainda não atingiu o mix de crédito ideal.
Sobre o aumento das recuperações judiciais, o diretor Corporativo de Controladoria do Itaú,
Rogério Calderón, disse que as preocupações se concentraram nas empresas de menor
tamanho, especialmente as micro. "Ttomamos uma série de decisões estratégicas na
seletividade destes créditos, a maior colateralização e toda a questão de recebíveis", explicou
ele, na ocasião.
No entanto, este ajuste, conforme Calderón, leva algum tempo. Em relação a originação, o
Itaú já vê, segundo ele, uma aceleração do crédito para pequenas e médias empresas que
deve ser estimulada pelo crescimento econômico.
No Banco do Brasil, os empréstimos permaneceram praticamente estáveis enquanto no
Bradesco cresceram apenas 1,47% no primeiro trimestre ante dezembro. Embora o Banco
Central não divulgue detalhadamente o tamanho da carteira de crédito das PMEs, Marcelo
Henriques e Eduardo Rosman, do BTG Pactual, estimam que o volume de recursos liberados
para este público esteja na casa dos R$ 473 bilhões. Desse total, cerca de 71%, conforme
eles, estão nas carteiras dos grandes bancos, equivalente a um montante de R$ 337 bilhões.
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23/05/2013http://www.aeconteudo.com.br/negocios/setoriais/financeiro/noticia.htm?d=2013-05-22&id=416