3. Competências do Tutor
A importância do tutor em EaD é a de promover os vínculos entre
todos os integrantes do curso. É ele o elo de ligação entre os
alunos, é a pessoa responsável em estimular e proporcionar aos
participantes um ambiente acolhedor, confortável e propício para o
desenvolvimento da aprendizagem. É a pessoa, que problematiza
o conhecimento, media problemas de aprendizagem, sugere,
instiga e acolhe. É considerado parceiro no processo da construção
do conhecimento, em atividades de pesquisa e na busca de
inovações pedagógicas.
4. Segundo Sá (1998) o tutor em EaD exerce duas funções
importantes – a informativa, provocada pelo esclarecimento das
dúvidas levantadas pelos alunos, e a orientadora, quando ajuda nas
dificuldades e na promoção do estudo e aprendizagem autônoma.
Santos et al. (2005) categorizam as competências para docência
on-line em: técnicas e pedagógicas; gerenciais; sócio-afetivas; e
tecnológicas.
5. TÉCNICAS E PEDAGÓGICAS
• Esclarecer prontamente as dúvidas dos alunos sobre conteúdo e atividades;
Indicar esquemas e estratégias que facilitem a aprendizagem;
• Mediar às discussões, questionando e solicitando aos alunos o
esclarecimento e aprofundamento de ideias;
• Estabelecer ligações entre teoria e prática, relacionando os trabalhos
dos alunos à literatura específica, às vivências, aos casos,
contextualizando os saberes;
• Sugerir possibilidades de aprofundamento dos conteúdos e indicar
bibliografias;
• Avaliar trabalhos, provas e a participação dos alunos, atribuindo conceitos;
• Fornecer feedbacks claros e detalhados das atividades e das
contribuições dos alunos.
6. SÓCIO-AFETIVAS
• Estabelecer um contrato psicológico com os alunos, trabalhando suas
expectativas em relação ao curso e ao processo de aprendizagem;
• Manter-se afetivamente próximo e comunicacionalmente presente no
espaço virtual por meio de mensagens frequentes, de preferência em
tom informal, pessoal e bem-humorado;
• Apoiar e estimular a aprendizagem, por meio de mensagens de
suporte que valorizem e encorajem a participação individual e grupal,
elucidando os desafios da educação on-line;
• Respeitar as especificidades culturais, o estilo pessoal e as
disponibilidades de cada um;
• Contribuir para a criação de um ambiente amigável, dirimindo
conflitos e promovendo a interação e colaboração entre os alunos.
7. GERENCIAIS
• Estabelecer ou clarificar os objetivos e dinâmica das discussões;
• Agendar – ou solicitar ao suporte técnico – o agendamento de
atividades;
• Flexibilizar prazos e modos de organização dos trabalhos, conforme as
necessidades;
• Encaminhar dúvidas, críticas, sugestões e problemas acadêmicos e/ou
administrativos para as instâncias competentes;
• Identificar e lidar com as instâncias administrativas típicas da educação
on-line (professores, equipe de suporte, secretaria, designers
instrucionais).
8. TECNOLÓGICAS
• Utilizar com desenvoltura as tecnologias de informação e
comunicação requeridas para a organização e condução das atividades
docentes no ambiente on-line;
• Orientar os alunos sobre os procedimentos básicos do curso – a
forma de submeter trabalhos, acessar conteúdos, enviar mensagens,
participar de reuniões on-line (chats);
• Esclarecer questões sobre os materiais recebidos, sobre o uso da
plataforma e das ferramentas de aprendizagem ou encaminhá-las para
a equipe de suporte técnico.
9. Estratégias Interação na Prática da Tutoria
SALMON (2000) em sua pesquisa-ação realizada na Open University
sobre as interações entre formadores, desenvolveu uma teoria de que
as interações online se dividem em cinco estágios que variam
conforme o tempo do aluno no curso.
Levando em consideração as principais ferramentas de um AVA e os
estágios desenvolvidos por SALMON(2000), seguem agora, exemplos,
de estratégias adequadas.
10. 1º Estágio – Acesso e motivação: Momento de boas vindas e ambientação
dos alunos com o Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA).
Esse é normalmente o primeiro contato do aluno com a metodologia
da EAD. Segundo QUEVEDO (2005):
“no início de um curso a distância online, o aluno precisa ser
orientado para saber navegar no ambiente, via de regra, esse
é momento de primeiro contato com o AVA, devendo neste
momento, ser orientado para a aprendizagem das
funcionalidades básicas do ambiente. Com o tempo, tais ações
serão internalizadas e automatizadas pelos alunos.”
11. A autora, com base em pesquisas realizadas durante a sua tese, chega
à conclusão de que esse período de ambientação costuma durar cerca
de duas semanas. Alguns alunos possuem dificuldades em lidar com a
informática e computares, outros desconhecem ou possuem um
preconceito com relação a EaD, uns são tímidos, o mais importante: a
maioria da turma não se conhece presencialmente.
Dessa forma, neste estágio recomendam-se as seguintes práticas:
Quebra-gelo Passo-a-passo
12. a) Quebra-gelo - Apresentação dos
alunos, expectativas em relação ao
curso, desafios, testes etc. Essa
estratégia poderá ser realizada através
de um fórum de apresentação e no
envio de um e-mail para toda a turma
dando boas vindas, apresentando-se
como tutor e estimulando a
participação de todos.
13. b) Passo a Passo - Esse primeiro estágio também deve ser destinado à
ambientação com o AVA utilizado. QUEVEDO(2005), na conclusão de
sua tese, lembra que, no início, o aluno precisa ser cuidadosamente
orientado para saber navegar no ambiente, isto é: como ligar o
computador, abrir um navegador, digitar o endereço do curso,
conectar-se, clicar em links, abrir arquivos de áudio e de vídeo, digitar
texto etc. Segundo pesquisas desta autora, os alunos precisam de
cerca de duas semanas para incorporarem as operações necessárias
para usar tais ferramentas em sua rotina de estudo.
14. 2º Estágio – Socialização online: Neste estágio os alunos já estão
ambientados com o AVA e com o tutor. Assim, neste momento o tutor
deverá organizar estratégias que favoreçam a integração dos alunos da
turma. Ele deverá estar atento para “resolver problemas, conciliar
indivíduos aparentemente alienados, ajudar os participantes que têm
interesses e necessidades similares a se encontrarem” (SALMON,
2000). Com isso, podemos utilizar as seguintes técnicas:
Caçadas eletrônicas Pesquisas e votações
(Scavenger hunt)
15. a) Caçadas eletrônicas (Scavenger hunt) -
Questões referentes a um tópico são
propostas, e os sites para pesquisa,
predeterminados pelo professor.
16. b) Pesquisas e votações - Pode ser discutida a opinião da maioria e da
minoria sobre determinado assunto objeto da disciplina.
17. 3º Estágio – Troca de informações: os participantes trocam
informações de forma mais rápida e eficaz, e a interação ocorre entre
os alunos e o conteúdo e entre os participantes, principalmente entre
o mediador e os alunos (SALMON, 2000). Nesse estágio o tutor poderá
aprofundar o seu trabalho, utilizando estratégias mais avançadas
como:
Discussão de Tópicos Discussão de
Artigos e vídeos
18. a) Discussão de Tópicos - Alunos podem
sugerir e votar nos tópicos que serão
discutidos nos fóruns.
19. b) Discussão de Artigos e vídeos – O tutor escolhe um artigo ou vídeo
que envolva o tema estudado e os alunos da turma individualmente
ou em grupo comentam o artigo. Outra possibilidade é a de os alunos
pesquisarem na web artigos e vídeos relacionados à disciplina para
discutirem no fórum.
20. 4º Estágio - Construção do conhecimento: há um aumento da
interatividade e da comunicação entre os alunos – que se comportam
mais como autores do que como transmissores de informação. É
importante lançar desafios e problematizações que estimulem ideias e
reflexões (SALMON, 2000). Neste momento eles estão mais
conscientes de seu papel como construtores do aprendizado e as
estratégias podem ser voltadas de forma a estimular essa construção:
Atividades circulares Estudo de caso Convidados
(Round-robin) especialistas
21. a) Atividades circulares (Round-robin) -
Histórias que são construídas ou
problemas que são resolvidos
parcialmente pelo aluno, sendo que a
produção de um aluno é passada para o
aluno seguinte, que tem tempo
determinado para acrescentar a sua
contribuição.
22. b) Estudo de caso - Pode ser
proposto pelo tutor ou pelos alunos.
23. c) Convidados especialistas - Debates síncronos
ou assíncronos com pessoas especialistas no
tema em que será debatido no fórum ou chat.
24. 5º Estágio - Desenvolvimento: neste estágio, os participantes se
tornam “responsáveis pelo seu aprendizado através das oportunidades
proporcionadas” e precisam de pouco suporte além do que está
normalmente acessível. Participantes mais experientes podem assumir
o papel de formadores, para auxiliar os mais novos no grupo
(SALMON, 2000,p.35). Esse é o momento em que o tutor exerce a sua
função de forma plena, podendo utilizar as mais variadas estratégias,
tais como:
Reações a
Whiteboard Simpósio Feedback Publicações Seminário
observações
para os
de campo
colegas
25. a) Reações a observações de campo - Estágio ou experiências no
trabalho que podem ser propostas em forma de diários online. Assim,
nessa atividade em que o aluno se envolve na ação de explicitar
registrando via escrita a própria reflexão sobre a trajetória, ele
também aprende usando os recursos computacionais do aplicativo
processador de texto a partir de alguns parâmetros de formatação
pré-determinados.
26. b) Whiteboard (Quadro branco) - Este serviço apoia o uso de
ferramentas colaborativas que focam em edição compartilhada, como
a de quadro branco compartilhado. Com este serviço os alunos podem
confrontar versões diferentes de soluções para o problema
apresentado no cenário criado por meio do serviço de Criação de
Atividades.
27. C) Simpósio - Pode ser realizado no
final do semestre com um expert
escolhido pelos alunos.
28. d) Feedback para os colegas - Escolha de um aluno ou um amigo para
comentar o trabalho e ajudar o colega durante o semestre. Para
desenvolver essa estratégia o aluno deverá fazer uso da ferramenta
portfólio.
29. e) Publicações - Publicações na
Web dos trabalhos dos alunos e
dos grupos. Nessa estratégia o
mediador poderá criar um blog
para a turma.
30. f) Seminário - Proporciona ao grupo uma estratégia de aprendizagem
muito rica, pois, segundo PRADO (2003) “além de provocar a reflexão
e a aprendizagem de um determinado tema, também contribui para o
exercício de respeito ao ritmo e às ideias do outro, já que durante a
elaboração do seminário ocorrerá um vai-e-vem individual e coletivo”.
31. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
MATTAR, João ; MAIA, C. . ABC da EaD: a educação a distância hoje. 1. ed. São Paulo: Pearson, 2007.
PALLOFF, Rena M; PRATT, Keith. Construindo comunidades de aprendizagem no ciberespaço: estratégias
eficientes para a sala de aula on-line. Porto Alegre: Artmed, 2002.
__________. O aluno virtual: um guia para trabalhar com estudantes on-line. Porto Alegre: ArTmed, 2004
PRADO, Maria Elisabette Brisola Brito. Educação a Distância e Formação do Professor: Redimensionando
Concepções de Aprendizagem. São Paulo, 2003. Tese de Doutorado - PUCSP.
QUEVEDO, Angelita Gouveia. Atividade, contradições e ciclo expansivo de aprendizagem no engajamento de
alunos em um curso online. São Paulo: PUC/LAEL, 2005. Tese de Doutorado.
SÁ, Iranita M. A. Educação a Distância: Processo Contínuo de Inclusão Social.Fortaleza, C.E.C., 1998
SALMON, Gilly. E-Moderating: the key to teaching and learning online. 2nd ed.London: Kogan Page, 2000.