2. Resumo do Case.
Desde a promulgação das Leis Federais de Acessibilidade, no ano
2000, shopping centers de todo o Brasil iniciaram um processo de
adaptação de sua arquitetura, visando garantir livre locomoção às
pessoas com deficiência. No Canoas Shopping, houve construção
de rampas em todos os acessos, implementação de piso tátil na área
externa, adequação de corrimões nas escadarias e construção de
banheiros e vagas de estacionamento adaptados.
a)
3. Além destas ações estruturais, tradicionalmente o Canoas Shopping
vinha realizando, desde 2013, campanhas de comunicação alusivas
ao Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, no mês de
setembro. Essas campanhas objetivavam basicamente a
conscientização do público em geral sobre o uso das vagas
adaptadas no estacionamento do centro comercial.
4. Gradativamente, contudo, o Canoas Shopping foi entendendo que
era sua função social na comunidade em que está inserido abraçar a
causa da acessibilidade em outras frentes, ampliando seu
compromisso não só com um espaço físico adequado à cidadania
da pessoa com deficiência, como contribuindo para uma maior
visibilidade desta luta. É nesse contexto que surge o projeto “O que
você vê?”, que teria seu ápice em setembro de 2016, com uma
exposição inédita realizada no Shopping.
5. A partir de setembro de 2015, todas as publicações do Canoas
Shopping em sua fanpage no Facebook passaram a contar com a
hashtag #PraCegoVer, que sinaliza a descrição textual do conteúdo
de imagens na headline de cada post, para que possam ser lidas por
aplicativos de audiodescrição na navegação por sites e redes
sociais.
6. O projeto “O que você vê?” culminou na realização de uma
exposição artística acessível a pessoas com deficiência, de 16 a 25
de setembro de 2016, no Canoas Shopping, com o objetivo de
consolidar o vínculo da empresa com este grupo de frequentadores,
disseminar a cultura da acessibilidade e construir um espaço de
interação entre pessoas com e sem deficiência, em uma experiência
diferenciada e instigante.
7. Descrição sucinta do Cliente,
seu Mercado e seu Problema.
Inaugurado em 29 de abril de 1998 na cidade de Canoas/RS e
administrado desde 2006 pela Mais Valor Planejamento e Gestão de
Negócios, o Canoas Shopping é hoje o maior empreendimento
comercial da região metropolitana situado fora da cidade de Porto
Alegre.
b)
8. Estima-se que, no Brasil, 6,5 milhões de pessoas tenham deficiência
visual, sendo 585 mil totalmente cegas. Quase 24% da população
total possui algum tipo de deficiência. Aproximadamente 75 mil
canoenses possuem algum tipo de deficiência, de acordo com o
Censo 2010. O Canoas Shopping, como uma das principais
referências de cultura, lazer e entretenimento na cidade de Canoas,
entendeu que era sua função social disseminar a cultura da
acessibilidade, e traçou este como um de seus objetivos de atuação
para o ano de 2016.
9. A Convenção sobre os direitos das Pessoas com Deficiência
estabelece que a cidadania PCD passa pelo direito à livre
locomoção - que exige dos estabelecimentos públicos e privados a
adaptação às normas de acessibilidade -, mas deve chegar também
de forma indelével à cultura. O cidadão PCD tem o direito a bens
culturais em formatos acessíveis: a programas de televisão, cinema,
teatro; a locais que ofereçam serviços ou eventos culturais e, tanto
quanto possível, ao acesso a monumentos e locais de importância
cultural nacional.
10. Estratégia de Comunicação
e seus Objetivos.
Para o período do Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência
de 2016, o Canoas Shopping reuniu um grupo de especialistas em
acessibilidade, audiodescrição e eventos acessíveis para planejar
uma grande exposição gratuita que trouxesse visibilidade à
deficiência através da arte. A proposta era que a ação beneficiasse a
população canoense em geral, com a criação de um espaço
experiencial de diálogo com a diferença e de inclusão, pilares para
um empreendimento socialmente responsável e uma sociedade
sustentável.
c)
11. Para implementação do projeto, o Canoas Shopping e sua agência
de comunicação, a Bistrô, reuniram um grupo de peritos no tema.
Fernando Schmitt concebeu artisticamente a exposição fundado na
ideia de tornar a acessibilidade matéria poética capaz de gerar
empatia. Cada obra foi planejada para ser, ao mesmo tempo,
acessível a pessoas com deficiência e uma experiência capaz de
permitir ao restante do público colocar-se no lugar do outro. Para
tanto, o espaço expositivo no 1º andar do Shopping foi concebido
em estações, com obras em que a fotografia fosse um pretexto para
achar uma poesia no processo de acessibilidade.
12. Um aspecto primordial para o trabalho era que a inclusão de
pessoas com deficiência se desse também no processo de
construção do projeto. Por isso, a equipe treinada para orientar os
visitantes da exposição era composta por dois monitores com
deficiência visual e uma monitora surda. Além disso, o projeto teve a
consultoria de pessoas com deficiência para que atendesse
plenamente às necessidades de adaptação do espaço,
audiodescrição, braile, maquete sensorial para orientação de
deficientes visuais e implementação de piso tátil.
13. Na publicidade do evento houve também a preocupação com a
acessibilidade. Foi produzido um VT com uma atriz surda sinalizando
em Libras o conteúdo da exposição, além de material impresso
utilizando o braile (convite encartado em jornal e material para
divulgação no mall).
15. Outro aspecto relevante do trabalho de comunicação foi a
integração com a empresa de assessoria de imprensa do Canoas
Shopping, a Business Press, garantindo visibilidade e repercussão do
projeto e convidando instituições regionais voltadas à causa das
pessoas com deficiência a visitarem a exposição.
16. Imagens das Peças
e Ações Desenvolvidas.
Na experiência 1, uma imagem estava disponível para ser descrita em até 300
caracteres através de um tablet com aplicativo interativo, para que outras pessoas
lessem e ouvissem a descrição no ponto oposto da exposição, onde havia um
programa leitor de tela com duas opções de voz sintetizada - uma feminina, outra
masculina - que se intercalavam na reprodução das descrições escritas pelo público
(“Observar e contar: como tornar visível para outra pessoa o seu ponto de vista?”).
d)
17. Na segunda experiência, o público visualizava uma fotografia desfocada, e era
convidado a colocar fones de ouvido para construir mentalmente a imagem através
de sons (“Sons que clareiam a visão. Você consegue ouvir a paisagem?”).
18. Na experiência 3, uma espécie de jogo digital em uma tela
touchscreen permitia que o espectador revelasse apenas uma fração
da imagem por vez (“Um pedaço de cada vez. Se guardar os retalhos
na memória, você completa a imagem?”). A quarta experiência trazia
um grande painel impresso em braile, em que uma fotografia que não
estava lá era descrita, e podia ser imaginada também através de
audiodescrição (“Se a imagem esconde a paisagem, as pontas dos
dedos podem revelar a fotografia?).
19. Na última experiência, uma imagem era descrita através de um vídeo
com a interpretação de uma atriz surda, levando o público a imaginar a
fotografia não existente e se relacionar com a Língua Brasileira de Sinais
- Libras (“E se o fotógrafo não fez o clic? Você consegue ler uma imagem
que não se vê, contada em uma língua que não precisa de som?”).
20.
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22.
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25.
26.
27.
28. Resultados Obtidos.
Em termos de imagem institucional, a exposição “O que você vê?”
trouxe enorme repercussão. O espaço conquistado em mídia
espontânea pode ser mensurado em R$ 151.398,00 (cento e
cinquenta e um mil, trezentos e noventa e oito reais), com matérias e
notas publicadas em grandes veículos do Estado como os jornais
Zero Hora, Correio do Povo, O Sul, Jornal do Comércio e Diário de
Canoas e reportagens televisivas na RBSTV, SBT e Octo.
e)
29. Durante a exposição, o Canoas Shopping teve um incremento de
mais de 10% de fluxo de pessoas nas suas portarias em relação ao
mesmo período do ano anterior. Mais de 140 mil pessoas foram
impactadas pela mensagem da exposição “O que você vê?” no local.
Há 140 mil fãs na página do Shopping no Facebook, potencialmente
impactados pela hashtag #PraCegoVer.
30. A exposição aberta, gratuita, de fácil e amplo acesso, permitiu
também as trocas entre os trabalhadores do Shopping e suas lojas
com o público consumidor, em uma experiência interativa que teve a
arte, a tecnologia e a acessibilidade como mediadoras.
31. A experiência com a acessibilidade tem gerado frutos do ponto de
vista da gestão do empreendimento: além da manutenção de uma
comunicação acessível e inclusiva em suas redes sociais, o Canoas
Shopping está projetando para 2018 a instalação de piso tátil (já
presente na área externa) no ambiente interno do empreendimento.
Na decoração para o Natal de 2016, a preocupação com a
acessibilidade foi mantida, com placas em braile indicando as
atrações e um espaço destinado a um jardim cenográfico sensorial,
tátil.