1. “Há duas espécies de fadas: as fadas
boas e as fadas más. As fadas boas
fazem coisas boas e as fadas más fazem
coisas más.”
2. A fada Oriana, uma fada boa, bonita, alegre e feliz, a quem um dia a Rainha das
Fadas pôs ao cuidado uma floresta, ficando a seu cuidado homens, animais e
plantas que ali viviam.
3. Certa manhã de Abril começou por visitar as casas pobres das
pessoas, fazendo, com o uso da sua varinha de condão, que ali
aparecessem todas as coisas que faziam falta. Primeiro visitou a casa
de uma pobre velha, depois a de um pobre lenhador e ainda visitou
4. Até que decidiu visitar a casa de um homem muito rico, onde viu que
apenas faltava calor humano. Oriana amoleceu-lhe o coração e depois
partiu dali e fez com que o homem rico praticasse boas ações.
5. Depois salvou um peixe de morrer asfixiado que prometeu ajudá-la
se ela se encontrasse em sarilhos. Por causa do peixe, conseguiu ver o
seu reflexo na água e achou-se muito bela.
6. Quando a noite caiu foi visitar o poeta que morava na floresta, a única
pessoa que a podia ver. Ela contava-lhe histórias encantadas, dançava à
luz da Lua e enchia o ar de música e ele declamava-lhe os seus poemas.
Mas a sua grande cisma era a sua beleza.
7. À custa disto, e por influencia do peixe, deixou de visitar o poeta e, um
por um, foi abandonando todos os homens, animais e plantas que viviam
na floresta, menos a pobre velha porque a ouvia falar da sua beleza
enquanto fora jovem. À custa dos intermináveis elogios do peixe que
salvara, tornou-se muito vaidosa, descuidando a promessa que fizera à
Rainha das Fadas e por isto mesmo ficou sem varinha de condão e sem
asas, e este foi o castigo pelo seu descuido.
8. O peixe, a certa altura, deixou de aparecer, os animais já haviam partido
para muito longe, assim como foi o moleiro, o lenhador e o poeta. Oriana
foi então para a cidade à procura dos seus amigos, mas eles não a
reconheceram sem asas e sem varinha de condão.
9. O lenhador estava na prisão, a mulher do moleiro não sabia do filho e o
poeta já não acreditava em fadas.
10. Oriana só voltou a ter asas quando se esqueceu de si mesma e salvou a
velha de se atirar de um abismo, tal era a sua tristeza. Foi então quando
os animais da floresta lhe deram o filho do moleiro e ela devolveu-o à
moleira, soltou o lenhador da prisão e salvou o poeta da sua tristeza,
levando-o de novo para a floresta ...