2. A casinha de chocolate
Era uma vez...
Há muito tempo, numa cabana perto de um grande bosque, vivia um pobre
lenhador com os seus dois filhos, um rapaz e uma rapariga.
O menino chamava-se João, e a menina Maria, e o lenhador era tão pobre que tinha
muita dificuldade em sustentá-los.
Um dia, João e Maria foram com o seu pai ao bosque buscar lenha e, sem darem
por isso, afastaram-se tanto dele que, quando escureceu, acabaram por se
perder.
3. Mas, tendo andado durante horas a tentar encontrar o seu pai ou, pelo
menos, sair do bosque, quanto mais andavam mais se afastavam da sua casa.
Cheios de fome e muito assustados, vaguearam a noite inteira pelo bosque
escuro, pensando que nunca mais voltariam à sua casa, até que, por fim,
muito cansados, aninharam-se debaixo de uma árvore e acabaram por
adormecer.
4. De manhã recomeçaram a caminhada, mas cada vez penetravam mais no
bosque, e tinham tanta fome que quase não conseguiam andar:
- Olha - disse João olhando para o ramo de uma árvore - que pássaro tão
bonito! Um pássaro, branco como a neve, estava pousado num ramo. O seu
canto era tão bonito que os meninos pararam para o ouvir. Quando o pássaro
branco parou de cantar, abriu as asas e levantou voo.
5. Sem saber muito bem porquê, João e Maria seguiram o pássaro branco,
que voava baixinho e muito devagar, como se os quisesse levar a algum
sítio.
Seguiram durante várias horas o pássaro, que finalmente pousou numa
bonita casinha.
6. As crianças dirigiram-se para lá, muito contentes porque tinham encontrado um
sítio onde podiam arranjar alguma coisa para comer, e saber como podiam sair
rapidamente daquele bosque sinistro. Mas qual não foi a sua surpresa quando
chegaram ao pé da casinha e viram que as paredes eram de bolo, o telhado de
chocolate, e os vidros das janelas de rebuçado transparente.
7. - Que grande banquete que vamos ter Maria! - exclamou João. Vou já comer um
grande bocado do telhado! Correram para a apetitosa casinha. Joãosubiu ao
telhado e começou a comer uma telha. Maria aproximou-se de uma janela e
lambeu o vidro. Ao ver que era doce, e como era muito gulosa, arrancou um
pedaço e chupou-o.
8. De repente, abriu-se a porta da casinha e saiu de lá de dentro uma velhinha.
As crianças ficaram tão assustadas que deixaram cair as guloseimas que
estavam a comer, mas a velhinha acalmou-as dizendo-lhes:
- Não tenham medo, queridos meninos.
Como é que chegaram até aqui?
9. - Perdemo-nos no bosque - respondeu Maria.
- E temos muita fome - disse João.
- Então venham - disse a velhinha. Venham e comam o que quiserem.
Dito isto, a velha fê-los entrar para dentro de casa. Depois preparou-lhes uma
apetitosa refeição, com bolos e leite, maçãs e nozes.
11. Mas a velha era na realidade uma bruxa malvada, que tinha construído a casinha para
atrair as crianças e as devorar.
Ao anoitecer, a bruxa preparou uma cama para as crianças que, como estavam muito
cansadas, se deitaram contentíssimas, pensando que tinham tido muita sorte em
encontrarem aquela velhinha tão boazinha, e adormeceram logo. Mas de manhã, a bruxa
tirou João da cama bruscamente e fechou-o numa gaiola. Depois disse a Maria:
- Prepara comida para o teu irmão, que está muito magro e tem de engordar. Quando
12. Todos os dias Maria tinha de preparar muita comida para João, que ia engordando pouco
a pouco.
- Mostra-me um dedo para ver se estás a engordar - dizia a bruxa ao menino. Mas João
mostrava um osso de galinha, e a bruxa, que via muito mal, acreditava que o osso era o
dedo da criança e que este ainda estava magro.
Depois de quatro semanas, a bruxa cansou-se de esperar e disse a Maria:
13. - Não sei acendê-lo; vais ter de me ensinar - respondeu Maria.
- Pequena inútil! - gritou a bruxa.
Vê lá se aprendes como se faz.
A velha abriu a porta do forno e meteu metade do corpo dentro dele para o
acender. Então, Maria empurrou-a e fechou-a lá dentro.
A bruxa gritava e batia na porta do forno, mas esta era de ferro e não havia
14. Maria correu a libertar o seu irmão. As crianças abraçaram-se e pularam de
alegria, e, como a bruxa já não lhes podia fazer mal, foram fazer um
reconhecimento à casa.
15. Qual não foi o seu espanto ao encontrarem vários cofres cheios de pérolas
preciosas! Encheram os bolsos de jóias e saíram a correr da casinha de
chocolate, ansiosos por voltar para ao pé do seu pai.
Não demoraram muito a encontrar caminho de regresso a casa, onde o pai os
recebeu chorando de alegria. E com as jóias da bruxa, viveram felizes para