O documento discute os desafios enfrentados pelos periódicos acadêmicos brasileiros em alcançar a profissionalização, internacionalização e sustentabilidade financeira de longo prazo. Alguns pontos levantados são a necessidade de definir claramente o que se entende por "internacionalização", as limitações impostas pela pesquisa científica nacionalmente focada e pelo sistema de pós-graduação brasileiro, e encontrar um equilíbrio entre os rigores editoriais e a permissividade academica.
José Leopoldo Ferreira Antunes - Caminhos da internacionalização dos periódic...
Local / universal: questões e desafios para os periódicos das ciências humanas e sociais - Nelson Sanjad
1. Local / universal: questões e desafios para os periódicos das ciências humanas e sociais
Nelson Sanjad
Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas
2. A função e responsabilidade dos editores no avanço dos periódicos
•Profissionalização
•Internacionalização
•Sustentabilidade financeira
3. •Atuamos como ‘administradores’ da revista ou como editores, de fato?
•Contamos com uma equipe mínima de profissionais? Ou dependemos de estagiários, bolsistas e estudantes de pós-graduação?
•Dispomos de tempo e condições de trabalho para acompanhar todo o processo editorial?
•Conseguimos organizar todos os passos de produção da revista, da submissão à circulação/divulgação?
•Estamos prontos para a ampliação no número de submissões?
1. Quais as reais condições de produção da revista?
5. •Humanas: 3/84 em língua estrangeira
•Sociais Aplicadas: 2/36 em língua estrangeira
2. Em que língua publicar?
6. 2. Em que língua publicar?
•Qual é o nosso público leitor?
•Qual é a nossa política editorial?
•A publicação em inglês garante maior visibilidade ou mais citação aos artigos?
•A revista pode financiar a tradução/revisão de todos os artigos?
•A comunidade acadêmica brasileira pode arcar com os custos de tradução para o inglês?
•A comunidade acadêmica brasileira escreve bem em inglês?
•Há questões de ordem ética ou política envolvidas na publicação em língua estrangeira?
7. 3. É possível ou conveniente internacionalizar o corpo editorial?
•Humanas: 10/84 possuem editores adjuntos/associados em outros países
•Sociais Aplicadas: 3/36 possuem editores adjuntos/associados em outros países
8. •Quais e quantos pesquisadores de outros países estariam dispostos e seriam capazes de contribuir efetivamente com revistas brasileiras?
•A simples participação desses editores seria capaz de elevar a qualidade e a visibilidade internacional dos artigos?
•É possível contar com o trabalho voluntário desses editores?
•A língua portuguesa constitui uma barreira à participação desses editores?
•Que critério ou padrão seria utilizado por esses editores na avaliação/edição de artigos feitos no Brasil?
3. É possível ou conveniente internacionalizar o corpo editorial?
9. •Convém publicar em inglês um estudo de caso de interesse local/regional?
•É possível distinguir claramente estudos com interesse “local” e “global”? Quais os limites entre eles?
•Como proceder no caso de artigos descritivos, autocentrados, com baixa teorização, pouco diálogo com a literatura internacional e ausência de análise comparativa?
•O que fazer com os “artigos-salame” e com os “artigos- reciclados”?
•Como atrair ou incentivar autores estrangeiros a publicarem em nossas revistas, se o que elas publicam é quase exclusivamente relacionado ao Brasil?
•Devemos buscar apenas os brasilianistas ou estamos abertos a artigos relacionados a outros países?
4. A produção acadêmica/científica brasileira é “internacional”?
10. •Nossas instituições publicadoras (publishers) podem arcar com o aumento progressivo do custo das revistas?
•Temos infraestrutura e equipe para dar conta de um possível aumento de demanda, sobretudo internacional?
•Cogitamos e estamos preparados para cobrar taxas dos autores?
•Essas taxas ajudariam, efetivamente, a financiar a revista? Como seriam arrecadadas e gerenciadas?
•Estamos formando profissionais (editores, revisores, diagramadores etc.) para dar continuidade à produção da revista no futuro próximo?
5. Nossas revistas são sustentáveis a longo prazo?
11. Pontos para reflexão
•Há clareza na discussão sobre a ‘profissionalização’ e a ‘sustentabilidade’ dos periódicos brasileiros, mas é necessário aprofundar a discussão sobre a ‘internacionalização’: o que pretendemos dizer com esse termo?
•As características da pesquisa científica brasileira, realizada sobretudo em território nacional, pouco colaborativa e internacionalizada, é um fator limitante à internacionalização dos periódicos
•As características do sistema de pós-graduação brasileiro, com seus pontos fortes e suas mazelas, têm reflexos imediatos nos periódicos
•Os periódicos são o meio –nessa discussão, as pontas precisam ser envolvidas: a qualidade do que se faz na pós- graduação/academia e o público que queremos acessar
12. •O cenário exige não apenas editores inteiramente comprometidos com seus afazeres, como também a tomada de decisões com consequências éticas, políticas e financeiras
•É premente definir um ponto de equilíbrio que equacione a distância crescente entre os rigores da prática editorial e a permissividade que muitas vezes encontramos na academia
Pontos para reflexão