1. www.contacto.lu 17 DE JUNHO DE 2015 • ANO 45 • N° 24 • 0,62 E
O P R I M E I R O J O R N A L D E L Í N G U A P O R T U G U E S A N O L U X E M B U R G O
Portugal
empresta
tratado
que criou
Grão-Ducado
a museu
luxemburguês
pág.13
(!4FA51C-adaaaf!:K;K;k;m;o
Luxemburgo: Há 50 celebrava-se
a primeira missa em português
págs 2 e 3
Ruas do
Luxemburgo e
de Esch-sur-
Alzette têm
internet grátis
pág. 23
Alunos
cabo-verdianos
são os que
mais
abandonam a
escola no
Luxemburgo
pág.7
Abono de
família: Novas
regras
prejudicam
famílias
númerosas
pág. 5
RTP:
Hélder Reis e
Sónia Araújo
tiveram banho
de multidão no
Luxexpo
pág 12
Construção
civil:
Nova falência
deixa 24
portugueses no
desemprego
pág. 5
Tondela vem ao
Luxemburgo
defrontar o
Hamm Benfica
pág.17
TEIL 2: AB 28.MAI
2015
GLACISMAARTO GRANDE MERCADO DO GLACIS,
NA CIDADE DO LUXEMBURGO
ESTE DOMINGO DAS 10H00 ÀS 17H00
2. Emigrantes recordados no 50° aniversário da
A Missão Católica Portu-
guesa no Luxemburgo
comemorou no domingo o
50° aniversário do primeiro
Dia de Portugal festejado
pelos portugueses no
Grão-Ducado, recordando
“os pioneiros que desbra-
varam o caminho” da
emigração para o Luxem-
burgo.
Há 50 anos, cerca de 200 imi-
grantes no Luxemburgo co-
memoraram pela primeira
vez o Dia de Portugal, na altura cha-
mado “Dia da Raça e de Camões”,
com uma missa organizada a 10 de
Junho de 1965. Nessa altura, os imi-
grantes portugueses no país ronda-
riam apenas algumas centenas (ver
gráfico). Hoje são mais de 90 mil, re-
presentando 16% da população do
Luxemburgo.
A efeméride, apontada como “o
primeiro evento público e colectivo
da comunidade portuguesa no país”,
foi assinalada no domingo com uma
missa na igreja do Sacré Coeur em
que foram recordados “os homens e
mulheres que desbravaram o cami-
nho para que a comunidade possa ser
aquilo que hoje é”.
“Este ano é um ano jubilar dos
portugueses no Luxemburgo e va-
mos procurar honrar a memória des-
tes pioneiros e do trabalho feito nes-
tes últimos 50 anos”, disse ao CON-
TACTO o padre Rui Pedro, da Mis-
são Católica de Língua Portuguesa no
Grão-Ducado. A Missão Portuguesa
foi criada poucos meses desta pri-
meira missa, ainda em 1965, e assi-
nalou no domingo também 50 anos
de presença no Luxemburgo.
Heroína de Pina, hoje com 79 anos,
esteve na primeira missa comemo-
rativa do 10 de Junho, organizada por
iniciativa do marido, Carlos de Pina,
falecido em 1986.
O co-fundador da primeira asso-
ciação portuguesa no país, a Amiza-
de Portugal-Luxemburgo, foi um dos
mais activos dirigentes associativos
no país, e o seu nome integrava a lis-
ta que foi lida durante a homilia pa-
ra recordar duas dezenas de pionei-
ros, “pessoas de referência nos anos
1960 para arranjar trabalho e aloja-
mento”, diz o padre Rui Pedro.
Apesar de não poder estar pre-
sente na homenagem ao marido, por
não ter sabido da organização da
missa, Heroína de Pina ficou satis-
feita por o trabalho do marido “não
ser esquecido”, recordando as “enor-
mes dificuldades” que os primeiros
emigrantes tiveram de enfrentar.
“Havia muitas dificuldades para
encontrar alojamento, porque mui-
tos luxemburgueses não queriam
alugar as casas aos portugueses”, re-
corda. “Eu tenho fotografias com se-
te e oito homens a viverem num
quarto, em muito más condições. Era
tudo muito difícil, menos encontrar
trabalho”, lembra Heroína de Pina,
que continua a viver no Luxemburgo
e tem quatro filhas e três netos. A mais
velha é funcionária europeia e está
actualmente em Cabo Verde, “ao ser-
viço das comunidades”, outra é ju-
rista no Conselho de Estado do Lu-
xemburgo e outra é professora no en-
sino especial. Só uma das filhas dei-
xou de trabalhar depois de ter sido
mãe, após ter sido funcionária eu-
ropeia.
PORTUGUESES CONTINUAM
A ENFRENTAR DIFICULDADES
Cinquenta anos depois, os portu-
gueses são a maior comunidade es-
trangeira no país, representando 16%
da população, mas os recém-
chegados ainda enfrentam dificul-
dades.
O aumento da emigração portu-
guesa nos últimos três anos levou
mesmo a Missão Católica Portugue-
sa a abrir um “centro de escuta
social” em Esch-sur-Alzette, para
fornecer ajuda aos novos emigran-
tes, e o padre Rui Pedro está preo-
cupado com “a vulnerabilidade e
precariedade” de muitos recém-
chegados.
“Já alojámos pessoas a dormir nas
ruas e já tivemos que repatriar pes-
soas que vieram à procura de traba-
lho, com mais de 50 anos, e que de-
pois ficaram sem dinheiro para vol-
tar”, contou ao CONTACTO.
Alguns dos casos que passaram
pelo centro de apoio terminaram
bem, mas nem sempre é assim, la-
menta o padre Rui Pedro.
“Acompanhámos o caso de um pai
solteiro que deixou o filho em Por-
2 em foco 17 DE JUNHO DE 2015 Contacto
Portugueses no Luxemburgo
Consulado de Portugal* ASTI* Statec Polícia dos estrangeiros
Antes de 1965 758 chegadas 26*** (em 1960)
1965
Menos de 2.000 portuguuueses
(740 chegadas)
1966 653 chegadas 1.147**
1967 435 chegadas
1968 901 chegadas 3.000****
1969 2.757 chegadas
1970
11.000 portugueses
(5.403 chegadas)
5.783** (5.745***) 1.913
1971 4.548 chegadas
1972 4.399 chegadas
1973
24.437 portuguesesss
(3.853 chegadas)
* Dados apresentados pelo cônsul José Mendes-Costa no seu livro “Culture Portugaise au Grand-Duché”, Editions Prolux, 1973
** Dados apresentados pela ASTI no livro “Lëtzebuerg de Lëtzebuerger – Le Luxembourg face à l’Immigration”, Editions Guy Binsfeld, 1985
*** Dados apresentados pela ASTI na brochura “Portugueses no Luxemburgo”, 1992
**** Dados apresentados por Marcel Barnich, do Serviço Social da Imigração, na sua conferência “Assistance Sociale aux Immigrants et leur Intégration Sociale
dans le milieu d’accueil luxembourgeois”, 1969 (Université Internationale de Sciences Comparées de Luxembourg)
Gráfico:MichèleWinannndy
3. primeira missa em português
tugal e que estava a dormir nas ruas
há alguns dias. Pagámos-lhe a resi-
dencial e estamos felizes porque nes-
te momento encontrou trabalho e já
tem um quarto para viver”.
Em Portugal, a Obra Católica Por-
tuguesa das Migrações também de-
nuncia os “constrangimentos” que os
emigrantes portugueses no Luxem-
burgo continuam a enfrentar, recor-
dando a vitória esmagadora do “não”
no referendo de 7 de junho ao voto
dos estrangeiros nas legislativas.
Na mensagem dirigida aos portu-
gueses do Luxemburgo, a Comissão
Episcopal e a Obra Católica Portu-
guesa das Migrações elogiam a con-
tribuição dos emigrantes para a so-
ciedade luxemburguesa, esperando
que contribuam também para que o
país “passe de uma atitude de defesa
e medo, também reflectido nos re-
sultados do referendo sobre a parti-
cipação política dos migrantes, para
uma cultura de encontro, diálogo e
co-construção”.
O arcebispo do Luxemburgo tam-
bém enviou uma mensagem aos imi-
grantes portugueses, considerando
“altamente simbólico” o 50° aniver-
sário da primeira missa organizada
pela comunidade. Jean-Claude Hol-
lerich elogiou o contributo dos por-
tugueses para a “sociedade luxem-
burguesa”, incluindo “na vida social
e económica do país”. “O trabalho
realizado de forma quotidiana pelos
milhares de portugueses que se es-
tabeleceram no Luxemburgo é um
bem precioso que merece gratidão e
reconhecimento”, disse o arcebispo.
Fundada em 1965, a Missão Ca-
tólica Portuguesa no Luxemburgo
tem delegações no centro, sul e nor-
te do país, e organiza regularmente
missas em português em 22 locali-
dades. n Paula Telo Alves
No domingo, cantaram-se também os parabéns à Missão Católica Portuguesa no Lu-
xemburgo, criada em 1965 Fotos: Rico Cunha
Artigo no Luxemburger Wort sobre o primeiro Dia de Portugal celebrado no Lu-
xemburgo em Junho de 1965 Arquivos LW
“Estive um ano e meio
sem ver um português”
A igreja do Sacré Coeur encheu-se
para a missa dos 50 anos. À saída,
muitos aproveitaram para rever
amigos, mas entre as mais de 500
pessoas que encheram a igreja, era
difícil encontrar alguém que tives-
se estado na primeira missa, em
1965.
“Muitos já morreram”, diz Maria
à jornalista do CONTACTO. “Olhe,
espere, está ali uma senhora que já
cá está há mais de 50 anos, já há
uns bons anos que não a via”.
Celeste tem 80 anos e esteve pa-
ra não vir à missa. Os filhos quise-
ram festejar com ela o dia da mãe,
que no Luxemburgo se assinala a
14 de Junho, mas à última hora re-
solveu ir à igreja. “Vim atrasada,
mas mesmo assim decidi entrar”,
conta Celeste.
A imigrante de Mortágua che-
gou ao Luxemburgo “no dia 28 de
Outubro de 1962, para trabalhar na
agricultura”, conta. “Estive ano e
meio sem ver um único portu-
guês!”, recorda Celeste.
Na exploração agro-pecuária no
Norte do Luxemburgo, a imigrante
portuguesa e o marido tratavam de
“cem bois, 56 porcos e 28 vacas”.
“Nunca mais me esqueço”, diz Ce-
leste, que chegou a ter de trabalhar
sozinha quando o marido adoeceu,
“com dois bebés nos braços”.
“Passei tanto martírio”, recorda
Celeste. “Há noite só nos davam
uma sandes. Passámos fome”.
Mais tarde Celeste começou a
trabalhar como empregada de lim-
peza na Comunidade Europeia do
Carvão e do Aço (CECA), que daria
origem à CEE. “Eu já trabalhava lá
há 11 anos quando Portugal entrou
para a comunidade europeia, em
1986”, diz Celeste. O marido, fale-
cido há alguns anos, sofreu um gra-
ve acidente em 1974 e “nunca re-
cuperou”. Celeste criou sozinha os
quatro filhos, a trabalhar “dia e noi-
te”.
“As mulheres ainda foram mais
exploradas do que os homens”, diz
Maria, que começou a trabalhar aos
14 anos numa fábrica de fiação em
Mortágua. Maria chegou ao Lu-
xemburgo em 1971, com 17 anos, e
foi logo “trabalhar nas limpezas”,
em casa de famílias luxemburgue-
sas. “Trabalhávamos todo o dia e
depois ainda chegávamos a casa e
tínhamos de tomar conta dos filhos
e do marido”, diz Maria, hoje com
61 anos. “É bom que os novos sai-
bam das dificuldades que passá-
mos quando aqui chegámos. A mo-
cidade hoje tem bons trabalhos,
mas mesmo assim parece que nun-
ca estão contentes”, lamenta.
Maria tem três filhos e orgulha-
se de ter conseguido “pagar os es-
tudos” a todos. Um dos filhos é en-
genheiro, outro é funcionário ban-
cário e a filha é repórter de ima-
gem na RTL, conta ao CONTACTO.
“Eu não pude estudar, porque ti-
ve de ir trabalhar com 14 anos, mas
sou uma mulher feliz, porque con-
segui dar formação aos meus fi-
lhos. Chorei muitas lágrimas, mas
ao menos valeu para alguma coi-
sa”. n P.T.A.
Contacto 17 DE JUNHO DE 2015 em foco 3
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4. 4 página quatro 17 DE JUNHO DE 2015 Contacto
A FRASE
“Quando se vive no
Luxemburgo, vive-se
com fronteiras. Antiga-
mente, quando passá-
vamos por uma frontei-
ra éramos obrigados a
apresentar todos os do-
cumentos pessoais, e o
carro podia ser comple-
tamente revistado pelas
alfândegas.Era a Euro-
pa do pós-guerra. Para
nós luxemburgueses, o
acordo de Schengen fa-
cilitou muito a circula-
ção através das frontei-
ras. Foi uma ideia mui-
to moderna”.
Robert Goebbels. Secretário de
Estado dos Negócios Estrangei-
ros do Luxemburgo em 1985;
assinou pelo Grão-Ducado o
acordo de Schengen (ver texto
na pág. 7)
GRANDE PLANO
Tensão sobe em Ventimiglia – Cerca de duzentos imigrantes, sobretudo eritreus e senegaleses, estão desde sábado bloqueados na cidade italiana de Ven-
timiglia, na fronteira entre a Itália e a França, à espera de prosseguir o seu caminho para países como a Suécia, a Alemanha ou a França. Ontem, a polícia
envolveu-se em confrontos com alguns dos imigrantes que estão na localidade fronteiriça à espera que a França os deixe entrar. As autoridades tentaram fazer
com que um grupo de imigrantes entrasse num autocarro da Cruz Vermelha para os conduzir à estação de caminhos-de-ferro, onde instalaram uma sala para
os receber. Alguns recusaram e a confusão instalou-se. Alguns dos imigrantes que foram impedidos de passar a fronteira anunciaram que iam iniciar uma gre-
ve de fome, caso a situação não fosse alterada. Para além disto, centenas de imigrantes continuam a procurar abrigo em estações ferroviárias de várias cidades ita-
lianas, à espera de conseguirem viajar para outros países europeus.Na estação central de Milão mais de 400 imigrantes, a maioria proveniente da Eritreia, vi-
vem e dormem dentro da estação em condições sanitárias e de higiene precárias. A situação em Ventimiglia está a provocar fortes tensões no seio da União Eu-
ropeia. O Governo de Roma espera medidas de Bruxelas.
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publicados as cartas ou os excertos destas consi-
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COLABORARAM NESTA EDIÇÃO: Aleida Vieira,
Carlos de Jesus, Hugo Guedes, Paulo Freixinho
(Palavras Cruzadas), Raúl Reis, Sérgio Ferreira Bor-
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regie@wort.lu
TNS-ILRES PLURIMEDIA 2013/2014:
EDITORIAL
Amor e sexualidade
A constituição “Lumen
Gentium” (Luz das Na-
ções), do Concílio Vaticano
II (1962 – 1965) outorga-nos
uma possibilidade de pen-
sar, de maneira mais am-
pla e evolvente, o lugar das
mulheres na vida da Igreja.
É também um dos espi-
nhosos temas (amor e se-
xualidade) sobre os quais
teólogos e bispos foram
convidados a reflectir, na
Universidade Gregoriana, na semana passada,
em ordem ao sínodo sobre a família, que vai
continuar, em Outubro, também em Roma, o sí-
nodo do ano anterior. Melhor dito, a segunda fa-
se. Foi com o intento de ultrapassar os medos,
suspeitas e preconceitos que têm poluído os ares,
na Igreja, e encontrar uma plataforma de inter-
câmbio e debate, no respeito mútuo.
Debater-se com outro é uma questão de amor.
Muitas disciplinas (nomeadamente, antropolo-
gia, biologia, psicologia e sociologia) podem
levar-nos a uma melhor compreensão do amor
humano e da sexualidade. “Deus criou os seres
humanos com diferentes orientações sexuais.
Torna-se imperativo identificar uma ordem ade-
quada para esta diversidade de amor e expres-
são sexual” (W. G. Jeanrond, professor na Uni-
versidade de Oxford).
Na “Lumen Gentium”, já descobrimos mui-
tas ideias avançadas por teólogos e pensadores
eminentes do séc. XX, como Henri de Lubac e
Teillard de Chardin. Sobre temas complemen-
tares.
H. de Lubac (1896 – 1991), teólogo e cardeal,
na sua “Meditação sobre a Igreja” (1953), abria
o caminho a uma exploração mais teológica do
papel sacramental das mulheres, no povo de
Deus. “A Igreja é um mistério, um sacramento.
Lugar total dos sacramentos da Igreja, ela é o
grande sacramento, que contém e vivifica todos
os outros”. Homens e mulheres, pelo baptismo,
são ungidos profetas, sacerdotes e reis. A mis-
são primordial de todos os cristãos, mulheres e
homens, é, como em Cristo, a de servir o outro,
na realidade incarnada do quotidiano. Sacer-
dócio comum, existencial, dos fiéis. Toda a “re-
alidade sacramentária”, prossegue o exímio teó-
logo, é o “elo sensível de dois mundos”. É o si-
nal de outra coisa, uma realidade sobrenatural.
Como sinal, deve ser diáfano. Não tem valor por
si mesmo, mas pelo além de que é mediador.
As mulheres, primeiras testemunhas da Res-
surreição, porque não podem ser ministras da
Eucaristia? Cristo era homem do seu tempo, ne-
nhuma mulher havia na última Ceia. Era outra
cultura. Hoje, seria em contraste com a nossa
cultura.
T. de Chardin (1881 – 1955), jesuíta e cien-
tista, místico e paleontólogo, de reputação uni-
versal, no seu tempo, hoje, um ícone olvidado,
exalta o “Feminino autêntico”, o feminino – co-
ração da Matéria, no sentido místico, sublima-
do: o ponto Omega, regresso de Cristo no fim
da história.
Nada do que é verdadeiramente humano é
pertença de género.
O Papa Francisco convida a uma discussão
aberta. Liberdade de expressão. Se pedimos ao
tio Sam e ao novo czar da Rússia, e a todos os
Obamas e Putins do globo, que, à volta da mesa
de negociações, partilhem os seus pareceres,
porque será que, na nossa própria família, a
Igreja, é preciso desbravar, com penosa dificul-
dade, o caminho da confiança mútua? Há um
clericalismo, de má espécie, que resseca os co-
rações, que drena a corrente da compaixão in-
condicional de Deus, como escreve o meu ami-
go anglo-irlandês, D. O’Leary. Muitos se empe-
nham ainda neste jogo clerical. Ora, nós somos
gente de “carne”, antes de sermos gente do “li-
vro”. Grandes pensadores, entre eles, o psico-
terapista Carl Jung, e o filósofo Martin Buber, es-
creveram que nada bloqueia tanto o amor de
Deus como o faz a religião do livro. Credos e ca-
tecismos têm o seu devido lugar, mas sempre
ao serviço de nos rendermos confiadamente ao
amor do Verbo Incarnado.
Segundo o P. Brian D’Arcy, a única escolha,
para a Igreja de hoje, é outra Reforma radical.
O mal deste clericalismo, profundamente en-
tranhado, destruiu a credibilidade da nossa lin-
da Igreja. Por esse motivo, tem-se perdido um
ponto importante – a Igreja tem de ser salva pe-
los fiéis leigos, ou não será salva de maneira ne-
nhuma. O Papa Francisco é o nosso timoneiro.
Graças a Deus.
BELMIRO NARINO
5. Contacto 17 DE JUNHO DE 2015 luxemburgo actualidade 5
Empresa de construção Luxpromotec fecha portas
Nova falência deixa 24
portugueses no desemprego
A notícia apanhou os trabalhado-
res de surpresa. “Foi o sindicato que
nos ligou, souberam primeiro que
nós”, conta ao CONTACTO Antó-
nio Fernandes, um dos 24 portu-
gueses ao serviço da empresa de
construção Luxpromotec, com sede
em Lorentzweiler. Dos 25 traba-
lhadores, só um não é português.
O Tribunal do Luxemburgo de-
cretou a falência da empresa na
quarta-feira, mas o patrão, um em-
presário português, “nem apareceu
nem disse nada”, queixa-se Antó-
nio Fernandes. O imigrante portu-
guês está no Luxemburgo há ape-
nas cinco anos mas já passou por
outra falência em 2011. Nessa al-
tura, o encerramento da Soccimo
deixou 420 portugueses no desem-
prego.
A falência da Luxpromotec foi
decretada na quarta-feira, mas dois
dias depois os operários continua-
vam a trabalhar, violando a legis-
lação laboral.
“O chefe de obras disse-nos que
não havia problema nenhum e que
nos pagavam estes dias por fora”,
conta ao CONTACTO António Fer-
nandes, de 49 anos. “Eles queriam
que nós também trabalhássemos no
sábado, mas o pessoal não acei-
tou”, diz o imigrante português, que
tem uma filha com três anos.
Para Liliana Bento, do sindicato
LCGB, a situação “é inaceitável”. “Se
há um acidente de trabalho ou du-
rante o trajecto, os trabalhadores
não estão protegidos”, diz a sindi-
calista, para quem o caso mostra
que “há falta de informação dos tra-
balhadores e de fiscalização da Ins-
pecção do Trabalho (ITM)”.
As dificuldades da Luxpromotec
não são de agora. “Chegámos a ter
lá pessoal com salários de quatro
meses em atraso, e mandaram-nos
embora, não lhes chegaram a pa-
gar”, conta António Fernandes, que
trabalha há dois anos na empresa.
Segundo António Fernandes, o
actual proprietário comprou a fir-
ma há apenas três meses. “O novo
proprietário prometeu que ia en-
direitar as coisas, mas afinal, na-
da”, critica António, que diz que o
dono já tem planos para abrir uma
nova empresa.
“O patrão já tem uma nova em-
presa e já nos disseram que pode-
mos continuar a trabalhar lá”, dis-
se António Fernandes ao CONTAC-
TO.
A empresa cessou finalmente ac-
tividade na sexta-feira à tarde. Por
pagar ficaram os salários de Maio e
Junho dos 25 trabalhadores.
O jornal tentou ouvir o proprie-
tário da Luxpromotec, mas o tele-
fone da empresa está desligado.
n Paula Telo Alves
Para um dos 24 trabalhadores portugueses da Luxpromotec, esta é a segunda falência em quatro anos Foto de arquivo
Abono de família: famílias
numerosas ficam a perder
O Conselho de Ministros aprovou na
sexta-feira o diploma que estabelece
os novos montantes do abono de fa-
mília. A partir de agora, cada crian-
ça passa a receber 265 euros, dei-
xando de haver majoração em fun-
ção do número de filhos.
A medida só vai afectar as crian-
ças que nasçam após a lei entrar em
vigor. Actualmente, cada filho rece-
be 262,48 euros, um montante que
aumenta com o número de crianças.
A medida vai beneficiar as famí-
lias que têm apenas um filho, que
passam a receber mais 2,5 por mês,
mas as famílias numerosas vão sair
muito prejudicadas. Contas feitas,
uma família com dois filhos passa a
receber 530 euros, em vez dos actu-
ais 594, enquanto uma família com
três filhos vai passar a receber 795
euros, em vez dos actuais 1.033 eu-
ros. Tudo porque deixa de haver ma-
joração em função do número de fi-
lhos.
O subsídio de “rentrée scolaire” foi
ajustado. As crianças entre os seis e
os 11 anos vão passar a receber 115
euros, mais dois euros do que actu-
almente, enquanto as crianças com
mais de 12 anos passam a receber
235 euros. n DM
Casas mais baratas
em Kirchberg
O governo anunciou na sexta-feira
que quer reduzir em pelo menos
40% o preço por metro quadrado
das novas casas na zona de Kirch-
berg. Actualmente, o preço do me-
tro quadrado ronda os 7.150 euros,
mas o Executivo quer baixá-lo para
4.200 por m². O preço pode mesmo
ser inferior para quem receba sub-
sídio à habitação.
O Governo tem previstos três no-
vos projectos para o bairro das ins-
tituições europeias. Em Kiem, a
avenida Frieden vai acolher 820
unidades, metade das quais vão ser
construídas pela Société Nationale
des Habitations à Bon Marché. A
construção dos restantes novos
alojamentos vai ser entregue ao
Fundo de Urbanização do Kirch-
berg.
Estão ainda previstos dois novos
projectos que vão criar mais 560 ha-
bitações em Reimerwee, que deve-
rão estar prontas em 2016. Em 2017,
será a vez de a parte Sul do “quar-
tier européen” receber mais 260
alojamentos. n DM
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6. 6 luxemburgo actualidade 17 DE JUNHO DE 2015 Contacto
Exposição sobre a Ucrânia na Place Guillaume II
Autarquia da capital retira foto
com símbolos nazis após protestos
A burgomestre da comuna da cida-
de do Luxemburgo, Lydie Polfer,
mandou retirar uma foto com sím-
bolos nazis de uma exposição foto-
gráfica sobre a Ucrânia, na Place
Guillaume II, após protestos do par-
tido Déi Lénk.
Uma das fotos mostra um mem-
bro do batalhão “Azov” com um bo-
né que tem emblemas nazis: o sol
negro e uma variante de suástica co-
nhecida por “wolfsangel”. O bata-
lhão “Azov”, parte do exército ucra-
niano, é conhecido pelas tendências
de extrema-direita e neo-nazis dos
seus comandantes e de muitos dos
seus membros.
Os símbolos nazis não passaram
despercebidos ao vereador do Déi
Lénk, Guy Foetz, que ma quinta-feira
questionou o colégio de vereadores,
exigindo que a foto fosse retirada da
exposição.
“O ’sol negro’ (“Schwarze Son-
ne”) era o símbolo oculto do Ter-
ceiro Reich e um dos símbolos fa-
voritos do comandante militar das SS
Heinrich Himmler. A ’Wolfsangel’ era
um dos emblemas do partido nazi,
usada pela segunda divisão das SS”,
explica Guy Foetz, acrescentando
que “o Código Penal na Alemanha
proíbe mostrar estes emblemas em
público, enquanto símbolos da
extrema-direita”. Esta-segunda-feira,
a burgomestre ordenou finalmente
que a foto fosse retirada, depois de
numa primeira resposta à questão do
Déi Lénk ter recusado retirar a ima-
gem, dizendo que essa responsabi-
lidade caberia à Embaixada da Ucrâ-
nia. “Esta atitude por parte da se-
nhora Polfer é inaceitável aos nos-
sos olhos: é a burgomestre que é res-
ponsável pelo que está exposto em
locais públicos e deve agir em con-
formidade”, criticou o Déi Lénk.
Após os protestos, Lydie Polfer re-
cuou e decidiu retirar a imagem.
As outras fotos da exposição
“Ukraine d’aujourd’hui: la défense
contre l’agression, la lutte pour la
paix, la liberté et la démocratie”
(Ucrânia de hoje: a defesa contra a
agressão, a luta pela paz, liberdade e
democracia) descrevem o sofrimen-
to de homens e mulheres afectados
pela miséria e a guerra que está a de-
vastar o leste da Ucrânia.
O caso surge pouco tempo depois
de o Luxemburgo ter pedido des-
culpas à comunidade judaica pelos
“sofrimentos” e “injustiças” cometi-
dos sob a sua responsabilidade du-
rante a ocupação alemã, de 1940 a
1944. A exposição, organizada pela
Embaixada da Ucrânia na Bélgica
com a Missão da Ucrânia junto da
NATO e o cônsul honorário da Ucrâ-
nia, pode ser vista até 1 de Julho.
Esta foi a foto retirada da exposição. O batalhão de “Azov” é conhecido pelas su-
as ligações à extrema-direita e aos movimentos neo-nazis
Passados 70 anos
Luxemburgo pede desculpas
à comunidade judaica
O Luxemburgo pediu desculpas à
comunidade judaica pelos “sofri-
mentos” e “injustiças” cometidos
sob a sua responsabilidade durante
a II Guerra Mundial.
Sessenta deputados luxembur-
gueses aprovaram, por unanimida-
de, uma resolução de reconheci-
mento pelos sofrimentos causados
“à comunidade judaica, aos seus
membros luxemburgueses e es-
trangeiros, durante a ocupação na-
zi do Luxemburgo”.
“O Governo apresenta as suas
desculpas à comunidade judaica
pelos sofrimentos infligidos e pelas
injustiças cometidas contra ela”, lê-
se na declaração assinada pelo go-
verno. No texto, acrescenta-se ain-
da que o Governo luxemburguês
“reconhece a responsabilidade de
alguns representantes da autorida-
de pública na incomensurabilidade
dos actos cometidos”.
O Luxemburgo esteve sob ocu-
pação da Alemanha nazi entre Maio
de 1940 e Setembro de 1944. A co-
munidade judaica neste país, com-
posta na sua maioria por refugia-
dos fugidos da Alemanha antes da
guerra, sofreu bastante durante a
ocupação. “Dos 3.700 judeus resi-
dentes no Grão-Ducado luxembur-
guês antes da guerra, 1.200 estão
mortos, vítimas do holocausto”, lê-
se na página oficial do Governo lu-
xemburguês na Internet.
A resolução decorre de um rela-
tório divulgado em Fevereiro pas-
sado por um historiador da Uni-
versidade de Luxemburgo, Vincent
Artuso. Neste pode ler-se que a ad-
ministração luxemburguesa cola-
borou com a política de persegui-
ção antissemita alemã em três áre-
as: “na identificação de pessoas
consideradas como pertencente à
raça judaica, segundo os critérios
alemães; na sua expulsão da fun-
ção pública, das profissões liberais
e das escolas; e na espoliação dos
seus bens”.
Em Setembro de 2009, o
primeiro-ministro belga da altura,
Elio Di Rupo, apresentou desculpas
em nome da Bélgica pela deporta-
ção dos judeus durante a II Guerra
Mundial, também na altura em que
comemorava o 70° aniversário do
fim das deportações. Estas descul-
pas acabaram por alimentar o de-
bate no país vizinho.
Visita oficial
David Cameron está
hoje no Luxemburgo
O primeiro-ministro britânico está
esta quarta-feira em visita oficial ao
Luxemburgo. Cameron vai
encontrar-se com Xavier Bettel.
As discussões entre os dois po-
líticos vão centrar-se sobretudo na
actualidade política europeia, mas
também nas relações bilaterais en-
tre o Luxemburgo e o Reino Uni-
do.
A amizade entre os dois políti-
cos é conhecida. No casamento de
Xavier Bettel com o arquitecto bel-
ga Gauthier Destenay, muito se fa-
lou sobre a vinda do primeiro-
ministro britânico ao evento. Ca-
meron não veio em Maio, mas vem
agora em Junho em visita oficial.
Reacções
“Não” ao referendo só
representa 29% da população
Cerca de 80% dos luxemburgueses
manifestaram-se contra o direito de
voto dos estrangeiros no referendo,
mas o “Não” representa apenas 29%
da população. Para Mil Lorang, an-
tigo porta-voz do sindicato OGB-L,
a conclusão é clara: “uma imensa
minoria decidiu por todo o país”.
O ex-sindicalista luxemburguês
foi uma das vozes mais activas na
campanha pelo direito de voto dos
estrangeiros e decidiu fazer as con-
tas. O “Não” recolheu cerca de 165
mil votos, que representam 29% dos
568 mil habitantes no país – menos
de um terço da população. A per-
centagem sobe para 37% tendo em
conta apenas os residentes com
mais de 18 anos. Para Mil Lorang,
é preciso questionar “o real valor
democrático do referendo”.
O Comité de Ligação das Asso-
ciações de Estrangeiros (CLAE) de-
nunciou também a “clivagem” so-
cial provocada pelo referendo. Para
a federação associativa, o Parla-
mento deve agora “facilitar o aces-
so à nacionalidade luxemburguesa”
e aprovar o direito do solo para os
nascidos no Luxemburgo.
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7. Contacto 17 DE JUNHO DE 2015 luxemburgo actualidade 7
Apesar de serem dos mais confiantes
Alunos cabo-verdianos são os que mais
abandonam a escola no Luxemburgo
Os alunos cabo-verdianos são o
grupo que apresenta maior risco de
abandono escolar no Grão-Ducado.
Segundo um estudo do Luxem-
bourg Institute of Socio-Economic
Research (LISER), divulgado no iní-
cio de Junho, 5,9% dos alunos cabo-
verdianos abandonam a escola.
Mesmo assim, os alunos cabo-
verdianos são dos mais confiantes
(25%).
O estudo, intitulado “Integração
estrutural e social dos imigrantes
fora da Europa e outros imigrantes
no Luxemburgo:”, indica que de-
pois dos cabo-verdianos, são os
alunos de origem italiana os mais
afectados pelo abandono escolar
(2,4%), seguidos de portugueses e
ex-jugoslavos (ambos com 2,1%).
De acordo com o relatório, 7%
dos alunos cabo-verdianos acham
que a escola “é uma perda de tem-
po”, enquanto 12% consideram que
a escola não os prepara para a vida
adulta.
Confrontada com estes resulta-
dos, a Associação de Pais de Ori-
gem Cabo-verdiana (APADOC)
mostra-se preocupada.
“São números extremamente
preocupantes, porque é o futuro das
nossas crianças e jovens que está
em causa. No entanto, e sem que-
rer encontrar desculpas, a situação
financeira também tem influência.
Quando um aluno filho de pais sem
grandes posses vê um colega com
outros recursos fica desanimado e
pensa que se deixar a escola pode
arranjar trabalho e ter também o seu
dinheiro”, disse ao CONTACTO o
porta-voz da APADOC. No entanto,
“esse não é o melhor caminho”, fri-
sa João da Luz.
“Infelizmente há pais que não
conseguem transmitir o que gosta-
riam aos filhos, porque muitos tam-
bém deixaram cedo os estudos. Mas
se tiverem consciência, por exem-
plo, do que é o regime modular, de
certeza que vão lutar para tirar os fi-
lhos de lá, porque é um regime que
fecha as portas a qualquer aluno que
queira ter uma boa profissão”, con-
clui.
Mas nem tudo é negativo. O es-
tudo indica também que 62% dos
alunos cabo-verdianos acreditam
que o sucesso escolar é importante
para conseguir emprego e 25% pen-
sam que a escola lhes deu maior
confiança para tomar decisões.
Nestas duas questões, os cabo-
verdianos apresentam valores mais
animadores do que os alunos por-
tugueses (54% valorizam o sucesso
escolar para encontrar trabalho e
20% sentem-se mais confiantes) e
luxemburgueses (42% valorizam o
sucesso escolar para encontrar tra-
balho e 12% sentem-se mais confi-
antes)
Entre os portugueses, 4% dos
alunos dizem que a escola é uma
“perda de tempo”, um valor igual
entre os luxemburgueses. Questio-
nados sobre se consideram que a
escola os prepara para a vida adul-
ta, 9% dos alunos portugueses res-
ponderam “não” e 12% dos lu-
xemburgueses também deram res-
posta negativa.
O estudo refere também que me-
tade dos alunos cabo-verdianos as-
pira a uma carreira de topo, como
a advocacia ou a medicina. “No en-
tanto, infelizmente, a maioria des-
ses estudantes estão a seguir uma
trajectória escolar que não os está
a preparar para essas carreiras”, su-
blinham os investigadores.
Os autores do estudo analisaram
o desempenho académico de alu-
nos provenientes de países que não
pertencem à União Europeia, e
confirmaram o que já se sabia: “As
características sócio-económicas
dos alunos e das suas famílias tem
um papel importante no sucesso
escolar dos alunos”, dizem os au-
tores do documento. O estudo teve
em conta também o regime de en-
sino do aluno (técnico, clássico,
modular), ambiente escolar, quali-
dade dos professores e recursos
materiais das escolas.
Os autores recomendam “às au-
toridades públicas e outros agentes
da educação no Luxemburgo” um
maior envolvimento dos professo-
res com os pais, melhor formação
dos agentes educativos para a di-
versidade cultural e a resolução de
conflitos, e a melhoria do ambiente
na sala de aula.
“Cada vez que eles se sentem jul-
gados, ridicularizados ou aberta-
mente desaprovados por colegas, é
normal que desenvolvam reacções
negativas. Eles perdem a motivação
e interesse nos estudos, estão re-
lutantes em ir para a escola regu-
larmente, isolam-se, ou, pelo con-
trário, rebelam-se“, lê-se no estu-
do. n Henrique de Burgo
O estudo tem como foco os cabo-verdianos e ex-jugoslávios Foto: T. Feller
Durante esta semana
Polícia vai intensificar
fiscalização nas estradas
A polícia do Luxemburgo vai in-
tensificar a fiscalização nas estra-
das do país. A medida entrou em vi-
gor esta segunda-feira e vai decor-
rer até à próxima segunda-feira.
O objectivo do reforço da fisca-
lização é reduzir o número de mor-
tes nas estradas, e a polícia assume
que prevenção e repressão vão an-
dar de mãos dadas por estes dias.
A operação policial vai servir
também para recordar aos auto-
mobilistas as novas regras dos pon-
tos nas cartas de condução.
No caso de uso de drogas, de uma
taxa de alcoolemia superior a 1,2%,
ou se o condutor se recusar a efec-
tuar o teste, segundo a nova lei a
carta perde seis pontos. Quem tiver
entre 0,8% e 1,2% de álcool no san-
gue perde 4 pontos.
23 de Junho
Festa Nacional é já na próxima
terça-feira
O Luxemburgo vai festejar a sua
Festa Nacional na próxima terça-
feira, 23 de Junho, mas as come-
morações começam, como é habi-
tual, logo na véspera.
O tradicional desfile das tochas
arranca às 21h15, na segunda-feira,
dia 22, partindo da Gare até à rue
Philippe II, na capital. Às 23h é lan-
çado o fogo-de-artifício, durante 17
minutos, tal como no ano passado
a partir do Fort Thüngen (Trois
Glands), em Kirchberg.
Os melhores locais para ver o
momento mais esperado da festa
nacional são a Corniche, montée de
Clausen, montée de Pfaffenthal,
Côte d’Eich, Cents, Fetschenhof,
Grund, Clausen e Pfaffenthal.
Ainda na segunda-feira, a partir
das 19h vai haver concertos um
pouco por toda a capital e fogo-de-
artifício e os festejos em muitas ou-
tras cidades do Grão-Ducado.
Quanto ao programa oficial, co-
meça às 10h com uma cerimónia
na Philharmonie. Às 11h30, os grão-
duques assistem, como sempre, à
parada na avenue de la Liberté. Há
ainda o tradicional “Te Deum” na
Cetedral. do Luxemburgo, presidi-
do pelo arcebispo Jean-Claude Hol-
lerich
A festa nacional vai ser também
assinalada na Embaixada do Lu-
xemburgo em Lisboa.
O pianista luxemburguês Fran-
cesco Tristano vai tocar os hinos do
Luxemburgo e de Portugal e temas
do seu reportório.Foto: Tania Feller
Trinta anos de Schengen
e de Europa sem fronteiras
O Acordo Schengen, que aboliu al-
gumas fronteiras internas na Eu-
ropa, foi assinado há 30 anos no Lu-
xemburgo. No sábado, foram mui-
tas as personalidades do Grão-
Ducado e da Europa que assinala-
ram a data na pequena localidade
do Luxemburgo.
Entre as personalidades que es-
tiveram na cerimónia, destaque pa-
ra o presidente da Comissão Euro-
peia, Jean-Claude Juncker, e o pre-
sidente do Parlamento Europeu,
Martin Schulz. O presidente da Câ-
mara dos Deputados, Mars di Bar-
tolomeo, e o primeiro-ministro Xa-
vier Bettel, também estiveram em
Schengen, acompanhados por vá-
rios membros do Governo e o bur-
gomestre da localidade, Ben Ho-
man.
Centro Cultural Rotondes
Rádio Ara tem nova
frequência
Novas instalações, nova frequência.
A Rádio Ara mudou-se de armas e
bagagens para o novo centro cultu-
ral das Rotondes, em Bonnevoie, in-
auguradas no fim-de-semana, e vai
passar a emitir na frequência 102,9
MHz.
A nova frequência, onde podem
também ser ouvidas as emissões
Graffitti e ARACityRadio, vão per-
mitir “uma melhor cobertura” em
todo o país, indica a estação em co-
municado.
Nas regiões Nordstad e em Ech-
ternach, vai continuar a ser usada a
frequência auxiliar, 105,2 MHz. A
mudança dos estúdios para o novo
centro cultural das Rotondes vai per-
mitir à estação estar mais perto das
iniciativas culturais no Luxemburgo.
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8. 8 luxemburgo actualidade 17 DE JUNHO DE 2015 Contacto
Em Garnich
Dor e consternação no funeral
da agente atropelada
O funeral da agente da polícia do
Luxemburgo atropelada mortal-
mente durante uma operação “stop”
de rotina realizou-se na semana
passada no cemitério de Garnich,
na presença dos ministros Étienne
Schneider e François Bausch. Cen-
tenas de pessoas participaram no
último adeus a Yasmine Grisius.
O acidente que vitimou a agente
da polícia ocorreu na madrugada de
4 de Junho, em Dippach. Uma pa-
trulha da polícia de Capellen estava
a efectuar uma operação de patru-
lhamento de rotina quando um au-
tomóvel atropelou violentamente a
agente de 39 anos, mãe de dois fi-
lhos.
No funeral, centenas de polícias
prestaram uma última homenagem
à colega, que descrevem como uma
exemplar agente da polícia.
Segundo a edição francesa do
Wort.lu, Yasmine Grisius é a pri-
meira agente da polícia luxembur-
guesa a morrer em serviço.
O condutor que atropelou a agen-
te está detido na prisão de Schras-
sig. O homem tinha a carta de con-
dução apreendida desde Maio do
ano passado, por ter sido apanhado
a conduzir com excesso de álcool.
No dia do acidente que vitimou Yas-
mine Grisius, o homem conduzia
novamente sob o efeito do álcool.
Foto: Pierre Matge
n Farinha portuguesa
contaminada com fungos
Uma marca de farinha de milho com
origem em Portugal contém “fu-
monisinas”, uma toxina produzida
por fungos que pode ser perigosa
para a saúde, alertam as autori-
dades luxemburguesas.
Em causa está a farinha de mil-
ho da marca “Matias”, vendida nos
supermercados Cactus, indica o co-
municado do Ministério da Saúde.
A presença de toxinas foi detec-
tada “durante uma fiscalização de
rotina”, diz o ministério, que já ret-
irou o produto do mercado e reco-
menda que não seja consumido.
As “fumonisinas” são toxinas for-
madas a partir de fungos que po-
dem ser cancerígenas. Só os lotes
com o número “191214169/1 Orig-
ine: P” e data de validade até De-
zembro de 2015 foram afectados.
Informações pelo tel. 247 756 25
ou por email (secualim@ms.etat.lu).
n Parque infantil na Place de
Strasbourg foi renovado
A burgomestre da cidade do Lu-
xemburgo inaugurou na quarta-fei-
ra o novo parque infantil na Place
de Strasbourg, na presença de mo-
radores do bairro da Gare.
O espaço sofreu obras e conta
agora com novos equipamentos,
incluindo baloiços e um carrossel.
A área de recreio foi planeada
pelo departamento de Espaço Pú-
blico e pelo Serviço de parques da
cidade do Luxemburgo, em con-
junto com os moradores locais.
A iniciativa saiu do grupo de tra-
balho “Gare”, criado em 2014 para
encontrar soluções para os proble-
mas dos residentes naquele bairro
da capital.
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10. 10 praça pública 17 DE JUNHO DE 2015 Contacto
Sócrates não gosta
de pulseiras
José Sócrates recusou a
possibilidade de passar a
cumprir a prisão pre-
ventiva em casa com
pulseira electrónica.
Preferiu ficar em Évora e,
com isso, exaltou novas
paixões que lhe admi-
ram a coragem. Não es-
tou certo dessa valentia.
Ao preferir a cadeia de
Évora, José Sócrates
mantém a justiça sob
pressão, pelo menos até
ao momento em que o Ministério Público
termine os termos da acusação. E isso não
se adivinha para breve, porque o procu-
rador Rosário Teixeira continua a carear
novos factos para o
processo. Portanto, as
coisas estão para lavar
e durar. E Sócrates sa-
be que, no Estabele-
cimento Prisional de
Évora, consegue mais
solidariedade e será
mais lembrado. Em
casa, mesmo na situ-
ação de detido, Sócra-
tes corria o risco de ser
mais rapidamente es-
quecido. E isso é tudo
o que ele não quer.
Mas na semana em
que isto se passou,
surgiram novas fugas
de informação que
configuram, sem mar-
gem para grandes dú-
vidas, grosseiras vio-
lações do segredo de
justiça. Uma revista
chegou mesmo a publicar gravações do úl-
timo interrogatório que o procurador Ro-
sário Teixeira lhe fez. Desde logo, sobres-
sai o tipo de linguagem utilizado pelos dois,
com a omnipresença do “pá”, tanto no dis-
curso de um, como de outro. Sócrates
aproveitou a oportunidade para atacar a
justiça, reafirmando que não conhece as
razões pelas quais está detido e que as sus-
peitas são insanas.
Sócrates não vê qualquer problema em
pedir dinheiro emprestado, em grandes
quantidades, a um amigo ligado a uma
empresa com quem o Estado contratou,
durante o tempo em que foi primeiro-
ministro. O entendimento que tenho da
ética política é bem mais exigente. Para
mim, o fausto – e com dinheiro empres-
tado – é incompatível com o meu conceito
de serviço público. Tal como acha normal
que o mesmo amigo tenha pago duas via-
gens dele a Veneza, uma delas no valor de
45 mil euros. E o pagante nem sequer in-
tegrou a comitiva. Sobre as restantes sus-
peitas, vou manter silêncio, esperando pe-
la acusação e pela contestação.
Mas tudo isto continua a assustar o PS e
o seu líder. Sempre que Sócrates fala, An-
tónio Costa passa para segundo plano e
quase não se faz ouvir. E isto é especial-
mente grave, às portas de duas campa-
nhas eleitorais. Além disso, há gente no PS
que quer colocar o “caso Sócrates” na
agenda política e tratá-lo como tal. Costa
pensa exactamente o contrário.
Surpreendente,
também, é a opinião
de muitos comenta-
dores, que, sem o di-
zerem abertamente,
acham que a justiça
devia dar um trata-
mento especial a um
homem só porque ele
foi primeiro-ministro.
É evidente que estas
perplexidades vêm de
gente do bloco cen-
tral, para quem um
notável devia benefi-
ciar de um tratamento
especial. O que dizem,
veladamente, é que a
justiça não deve ser
igual para todos.
Ainda presumo a
inocência de José Só-
crates, mas o que ago-
ra se está a passar com
ele já aconteceu e ainda acontece com
muitos outros cidadãos. Talvez haja em
Portugal um uso excessivo da prisão pre-
ventiva, sobretudo quando nos compara-
mos com outros países europeus. Mas Só-
crates teve na sua mão todos os mecanis-
mos para alterar a lei e moderar o recurso
à detenção, sem sentença. E é muito difícil
falar em ilegalidade, como alguns têm ten-
tado. É bom recordar-lhes que os tribu-
nais superiores indeferiram todos os re-
cursos apresentados pela defesa de Só-
crates.
As crónicas da rubrica Praça Pública
podem ser lidas no site do CONTACTO na
internet, em www.contacto.lu
AVENIDA DA LIBERDADE
SÉRGIO FERREIRA
BORGES
“
Em casa,
mesmo na
situação de detido,
Sócrates corria o risco
de ser mais
rapidamente
esquecido. E isso é
tudo o que ele não
quer.
Prometeu agrilhoado
O titã Prometeu é um
dos mais personagens
de maior influência na
mitologia grega. Ao
exercer um enorme
fascínio sobre os auto-
res clássicos, que por
sua vez definem uma
grande parte da cultura
ocidental nos últimos
dois milénios, a histó-
ria de Prometeu é uma
metáfora poderosa so-
bre as relações humanas ou, em última ins-
tância, do que somos enquanto espécie.
Segundo a mitologia, o titã era da confi-
ança dos deuses e nomeadamente de Zeus,
até ao momento em que levou o fogo, den-
tro de um caule de funcho, do Olimpo até
aos humanos. O fogo assim descoberto sig-
nificou para os mortais a sua relativa inde-
pendência dos tempe-
ramentais deuses, e
Prometeu tornou-se
um herói na Terra; mas
Zeus não achou piada
nenhuma à façanha e
condenou Prometeu à
punição eterna de ficar
acorrentado a uma ro-
cha no topo de um
monte onde, todos os
dias, uma águia lhe co-
mia o fígado, órgão que
voltava a crescer no dia
seguinte antes da che-
gada do pássaro.
Os deuses actuais da
Grécia são os seus cre-
dores, nomeadamente
os bancos alemães, e
pelo uso descuidado do
fogo/euro que a Grécia
fez condenaram-na a
nova punição eterna: a
servidão financeira sem
fim, sem redenção à
vista, sem recuperação
possível. A cada ponto
percentual de redução
do défice que a Grécia
obtém – e os números
mostram que o país
tem feito um esforço
verdadeiramente titâ-
nico nesse sentido –,
logo aparece a águia da
austeridade para co-
mer fígado, coração e cérebro com o seu cír-
culo vicioso, pois os multiplicadores ma-
croeconómicos associados significam que
para cada excedente do défice são precisos
cortes duas vezes mais altos, e a economia
vai contrair-se três vezes mais. Em núme-
ros: nas duras negociações que estão a de-
correr (e a falhar) enquanto escrevo estas li-
nhas, os credores exigem uma melhoria or-
çamental de 1,66% do PIB grego (de um dé-
fice esperado de 0,66% para um superavit
de 1%); mas para atingir esses 1,66%, serão
precisas medidas (aumento dos impostos e
corte nas despesas do Estado) no valor de
3,33% do PIB – e a economia vai contrair-se
em cerca de 5% do mesmo. Finalmente, o
aumento da dívida é grosso modo propor-
cional ao encolhimento do PIB – mas como
a dívida grega já está nos 180%, o aumento
seria de 9 pontos percentuais, caminhando
a passos largos para uns impensáveis 200%
do produto. Mais ou menos o dobro de an-
tes da intervenção da troika, há cinco anos.
Há dois cenários indesejáveis na mesa:
ou a Grécia continua a sua penitência para
sempre, com toda uma
geração de jovens gre-
gos a ser punida por
eventuais erros das an-
teriores gerações, um
desemprego generali-
zado, uma economia
espartilhada, uns pa-
gamentos de juros agi-
otas; ou o país entra em
incumprimento, sendo
levado a sair do euro,
os seus bancos deixam
de funcionar, o dinhei-
ro desaparece, e os
efeitos dentro de por-
tas – mas também nas
restantes economias do
euro e no próprio pro-
jecto europeu – são
imprevisíveis mas cer-
tamente devastadores.
E isto para todos.
A dívida continua a
ser um problema po-
lítico e não técnico. São
os políticos – Tsipras,
Merkel, Hollande,
Juncker – quem o deve
resolver de forma du-
radoura e não ideoló-
gica, e está a chegar a
altura de o fazer. O
eminente economista
Thomas Piketty afirma
que mais tarde ou
mais cedo será obri-
gatório reestruturar e perdoar todas as dí-
vidas soberanas, incluindo a de Portugal;
quanto mais tardarmos, pior ficará a situa-
ção.
NA RUA DA GRANDE CIDADE
HUGO GUEDES
“
Os deuses
actuais da
Grécia são os seus
credores,
nomeadamente os
bancos alemães, e
pelo uso descuidado
do fogo/euro que a
Grécia fez
condenaram-na a
nova punição eterna:
a servidão financeira
sem fim, sem
redenção à vista”
A INFORMAÇÃO
EM PORTUGUÊS
NO LUXEMBURGO
A S S I N A T U R A G R A T U I T A
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11. Contacto 17 DE JUNHO DE 2015 vida associativa & sociedade 11
Durante o fim-de-semana
Feira de produtos regionais do Tâmega
e Sousa encheu a Luxexpo
A 1a
Feira Internacional de Gas-
tronomia e Vinhos do Tâmega e
Sousa trouxe ao Luxemburgo os
produtos, a cultura e os saberes an-
cestrais da região, atraindo milha-
res de pessoas à Luxexpo.
Setenta produtores da região li-
gados ao vinho, produtos regionais
e ao turismo estiveram em Kirch-
berg no fim-de-semana.
A feira contou com a presença
do ministro da Agricultura e Viti-
cultura do Luxemburgo, Fernand
Etgen, e do secretário de Estado da
Alimentação e da Investigação Ag-
ro-alimentar, Nuno Vieira e Brito.
Na comitiva viajaram também os
autarcas dos 11 municípios que
formam a Comunidade Inter-mu-
nicipal do Tâmega e Sousa (CIM-
TS).
“Quando se juntam todos, saí-
mos todos a ganhar”, disse o pre-
sidente da confederação municipal
e autarca de Castelo de Paiva, Gon-
çalo Rocha.
O presidente da CIM-TS mos-
trou-se satisfeito por “dar a con-
hecer” o melhor da região aos por-
tugueses no Luxemburgo e à po-
pulação luxemburguesa, lançando
um apelo para que a feira, “a mai-
or de uma região portuguesa no es-
trangeiro”, regresse ao Grão-Du-
cado.
Para o secretário de Estado da
Alimentação, a feira é um passo
importante para aumentar as ex-
portações agro-alimentares de
Portugal para o Luxemburgo, que
no ano passado cresceram 4%,
atingindo os 36 milhões de euros.
Globalmente, as exportações tota-
lizaram 3,5 mil milhões de euros em
2013, mais 343 milhões de euros do
que em 2012.
A feira de produtos regionais foi
um sucesso, tendo contado ainda
com transmissão em directo da
RTP, que emitiu o programa “Aqui
Portugal” a partir da Luxexpo (ver
pág. 12).
Durante dois dias, muitos visi-
tantes portugueses e de várias na-
cionalidades passaram pela feira
para provar os produtos da região.
Para muitos, foi a ocasião de levar
para casa um bocadinho de Por-
tugal, antes das férias que se apro-
ximam.
n Carlos de Jesus
A região do Tâmega e Sousa trouxe até ao Luxemburgo o melhor da região Fotos: Carlos de Jesus
Os 11 autarcas da região do Tâmega e Sousa foram recebidos pela burgomestre da cidade do Luxemburgo, Lydie Polfer. O embaixador de Portugal Carlos Pererira Mar-
ques acompanhou a delegação que foi recebida na comuna da cidade Foto: Ville du Luxembourg
Arcebispo do Luxemburgo
crismou jovens portugueses
O arcebispo do Luxemburgo presidiu à celebração do crisma de quase uma centena de jovens, a maior parte dos quais de ori-
gem portuguesa. Os jovens portugueses foram orientados pelo padre Sérgio Mendes. Além dos portugueses, foram também
crismados alguns jovens da Missão italiana e outros da paróquia de Bonnevoie Foto: Rico Cunha
12. 12 vida associativa & sociedade 17 DE JUNHO DE 2015 Contacto
n 20/Junho: Festa cabo-
verdiana “San Jôn”, no Parc Si-
mon em Wiltz, das 12h às 20h.
Animação com Dj KizBombero,
jogos tradicionais e animação
para crianças. Há venda de tam-
bores, grelhados e bebidas. Au-
tocarro 375 – Etelbruck – Wiltz –
Bastogne entre as 10h e as 22h.
Mais informações pelos tel. 621
321 970 e 691 305 122.
n 20/Junho: Baile com Los Ga-
solina no café Rythmus (rue de
Rodange, n° 117), em Athus, a
partir das 22h.
n 20/Junho: Encontro da co-
munidade angolana com a
embaixadora de Angola, Eli-
zabeth Simbrão, no Centre So-
ciétaire, na capital (29, rue de
Strasbourg), entre as 15h30 e as
18h. Mais informações, Assoc.
AANA, tel. 691632187 e/ou
661277112 e Assoc. Angola-
Events, tel. 691115291 (email:
angolaevents@live.fr).
n 21/Junho: Matiné de Verão
ao ar livre com Los Gasolina,
no café VI Club, em Ingeldorf
(zona industrial), a partir das
15h. Há porco no espeto e gre-
lhados a partir das 12h.
n 21/Junho: Matiné dançante
com projecto Uno no bar Bra-
silux, em Differdange, a partir
das 16h.
n 22/Junho: Baile com Los Ga-
solina no café Um Stamminé,
em Mertzig, a partir das 22h.
n 22/Junho: Baile e karaoke
com projecto Uno no café La
Fontaine, em Esch-sur-Alzette,
a partir das 22h.
n 23/Junho: Matiné ao ar livre
com Los Gasolina no café du
Commerce, em Bettendorf, a
partir das 15h. Há grelhados.
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“Aqui Portugal” na Luxexpo
Apresentadores da RTP
recebidos com banho de multidão
A RTP esteve no Luxemburgo no sá-
bado para transmitir o programa
“Aqui Portugal” a partir da Luxexpo,
em Kirchberg. Esta foi a primeira vez
que a emissão, que acompanhou a
1a
Feira Internacional de Gastrono-
mia e Vinhos do Tâmega e Sousa,
se realizou fora de Portugal.
Centenas de portugueses foram à
Luxexpo para provar os produtos da
região do Tâmega e Sousa e para as-
sistir à emissão em directo, e os
apresentadores Sónia Araújo e Hél-
der Reis foram recebidos com um
banho de multidão.
Jorge Gabriel, que se encontrava
no Páteo Alfacinha em Lisboa, apre-
sentava uma parte do programa, com
Hélder Reis e Sónia Araújo a asse-
gurarem a emissão no Luxemburgo.
Os conhecidos rostos do canal
público passaram pelos stands de
vários produtores, apresentaram vi-
nhos, salgados, doces e outras igua-
rias, e falaram com os autarcas dos
11 municípios que formam a co-
munidade intermunicipal do Tâme-
ga e Sousa.
Ao CONTACTO, Hélder Reis e Só-
nia Araújo disseram estar “encan-
tados” por estarem no Luxemburgo,
num certame que trouxe Portugal
aos portugueses na diáspora.
“Eu acho que é uma óptima re-
presentação do nosso país”, disse
Hélder Reis ao CONTACTO. “Esta
região e este evento não represen-
tam o país inteiro, mas é uma parte
com uma grande riqueza, e é uma
óptima montra, que vai da oferta tu-
rística ao património e à gastrono-
mia”.
Para Sónia Araújo, a feira foi tam-
bém uma grande oportunidade para
os produtores da região se apre-
sentarem além-fronteiras.
“Para além de estarmos num país
com tantos portugueses, estamos
igualmente muito perto de outros
centros económicos e de países co-
mo a Alemanha, a Bélgica ou a Fran-
ça, e é uma óptima forma de captar
outros públicos”, disse a apresen-
tadora.
Mas para a simpática animadora,
o mais agradável foi o contacto com
o público.
“O público é muito caloroso. Nós
já tínhamos esse feedback através
das redes sociais ou telefonicamen-
te, mas estar com eles ainda é me-
lhor, porque transmitem esse cari-
nho de uma forma muito espontâ-
nea e calorosa”, disse Sónia Araújo
ao CONTACTO.
Os dois apresentadores do “Aqui
Portugal” elogiaram os portugueses
que vivem no Luxemburgo, consi-
derando que são “gente brava, he-
róica e com uma grande determi-
nação para enfrentar as dificuldades
e a ausência da família”.
“Cada imigrante personifica
aquilo que Portugal é, e mesmo que
não tenham a perspectiva de voltar
ao nosso país, têm sempre a iden-
tidade portuguesa”, disse o apre-
sentador, que deixou uma mensa-
gem. “A nossa mensagem para to-
dos é força, coragem, bom trabalho
e saúde, porque sem ela a coisa não
avança”. n Carlos de Jesus
Hélder Reis e Sónia Araújo foram recebidos por um banho de multidão no Luxemburgo, durante a emissão do programa
“Aqui Portugal” Foto: Carlos de Jesus
Nova associação no Luxemburgo
Associação abre “casa da
sopa” em Cabo Verde
A comunidade cabo-verdiana no
Luxemburgo conta com mais uma
associação, “Aos que Sobrevi-
vem”. A associação foi criada no
Luxemburgo há um ano e dá-se
agora a conhecer com trabalho
feito em Cabo Verde.
Em parceria com a autarquia de
São Vicente, a associação tem em
funcionamento um espaço onde
diariamente são servidas 40 re-
feições quentes a idosos e crianças
de rua. Além da “casa da sopa”, a
associação, que conta com vol-
untários locais, presta ainda ser-
viços de higiene a 30 pessoas.
Carlos Espírito Santo, o mentor
do projecto, disse ao CONTACTO
que “a ideia partiu de um grupo
de emigrantes que, sensibilizados
com os problemas e desigual-
dades sociais, decidiram ajudar os
mais vulneráveis da ilha de São
Vicente”.
Cerca de 15 associados no Lux-
emburgo enviam todos os meses
200 euros para manter o centro
de solidariedade em Mindelo em
funcionamento.
Mais informações sobre a as-
sociação na página do Facebook
“Aos que sobrevivem”. n HB
Sexta-feira
Festa da Música em
Gasperich
O cantor guineense Nasyen Simão
Gomes, a banda cabo-verdiana Ca-
bolux e os brasileiros Abada Capo-
eira vão marcar presença na 15a
Festa da Música e das Culturas, na
place Bei der Auer, em Gasperich,
na sexta-feira. O grupo de artes
marciais Abada Capoeira vai actuar
das 19 às 19h30. Segue-se meia ho-
ra de dança senegalesa com Leketh
Malako. Nasyen Gomes actua entre
as 20h e as 20h30 e os Cabolux dão
espectáculo entre as 21h e as 23h.
Há também vários stands. A orga-
nização é do CLAE.
No domingo
Dia Mundial do Yoga
ao ar livre na Coque
O Dia Mundial do Yoga vai ser as-
sinalado no Luxemburgo no próxi-
mo domingo, dia 21 de Junho, com
várias actividades ao ar livre, no jar-
dim do pavilhão d’Coque, em Kir-
chberg. O evento, organizado pela
Federação Nacional das Escolas Lu-
xemburguesas de Yoga, começa às
9h com uma sessão que integra po-
sições, meditação e uma oração in-
diana. Entre as 9h30 e as 12h30 ha-
verá aulas de yoga em francês, in-
glês e luxemburguês, entre outras
actividades, todas gratuitas. Os in-
teressados devem apresentar-se com
roupas confortáveis, um tapete de
yoga ou uma toalha de praia.
No próximo domingo
Encontro para pais
lusófonos em Remich
A Escola de Pais do leste do Lu-
xemburgo (“Eltereschoul”, em lu-
xemburguês), com sede na locali-
dade de Remich, vai organizar no
próximo domingo uma sessão de-
stinada aos pais portugueses e lu-
sófonos.
Esta sessão para pais vai decor-
rer em língua portuguesa, com
otema “Os limites, as regras e a
liberdade na educação dos
nossos filhos”. O encontro está
marcadopara as 10h do próximo
domingo, e vai ser orientado pela
educadora de infância Olga Car-
doso.
A participação é gratuita, mas as
pessoas interessadas em participar
devem inscrever-se hoje, quarta-
feira, através do tel. 27075965 (ou
pelo email eltereschoul-est@kan-
nerschlass).
13. Contacto 17 DE JUNHO DE 2015 artes & espectáculos 13
Em Julho
Legendary Tiger Man
vai estar no Luxemburgo
á no dia 18 de Julho que o artista
multifacetado Paulo Furtado, que
encarna o Legendary Tiger Man,
vem ao Luxemburgo para apresen-
tar o seu mais recente álbum, “True”
na Abadia de Neiménster, na capi-
tal luxemburguesa.
O aclamado músico português
começou a carreira no final dos anos
80 e conta com 15 anos de palco a
solo, como Tiger Man. Em 2014,
lançou este sexto álbum, onde in-
terpreta uma espécie de “one man
band”, com blues do Mississipi em
versão portuguesa.
Para Paulo Furtado, “True” é “um
disco com um lado mais negro, mas
também muito luminoso”, um dis-
co de rock and roll puro, admitin-
do ter ficado muito surpreendido
com a receptividade do público.
Sozinho em palco, atrás de uma
bateria, guitarra em punho e ka-
zoo, o ’rockabilly’, fundador dos
Tédio Boys de Coimbra, encanta e
supreende o público,pela sua ori-
ginalidade e grande capacidade de
coordenação. Acarinhado em Fran-
ça, deu vários concertos e entre-
vistas na televisão desde o lança-
mento do álbum “Femina”, em que
partilhou o microfone exclusiva-
mente com mulheres. O disco con-
tou com as vozes de Asia Argento,
Maria de Medeiros, Peaches, Becky
Lee, Rita Redshoes, Lisa Kekaula,
Cláudia Efe e Cibelle,entre outras.
Foi este também o álbum que deu
a Tiger Man uma maior projecção
internacional
Membro da banda portuguesa
Wraygunn, Paulo Furtado fez parte
dos Tédio Boys, uma banda que
apesar de pouco conhecida deixou
um enorme legado na música rock
portuguesa. Os seus membros cri-
aram e influenciaram a música ’in-
die’ portuguesa, inclundo os The
Parkinsons, D3O ou Bunnyranch.
O seu mais recente disco, no-
meado para os Globos de Ouro des-
te ano na categoria de “Melhor In-
térprete Individual”, valeu-lhe ex-
celentes críticas em Portugal, Fran-
ça e Alemanha. O músico já parti-
lhou o palco com grandes nomes
internacionais, como Eddie Ved-
der, dos Pearl Jam. e tem deixado a
sua marca por onde passa.
Bilhetes à venda no site neimens-
ter.lu (25 euros). n Vitor H. Silva
Noite de gala ao som da morna
Músicos cabo-verdianos
ajudam crianças de São Vicente
A noite de gala organizada pela Fe-
deração das Associações Cabo-
verdianas no Luxemburgo (FACVL)
juntou no sábado vários artistas
cabo-verdianos por uma causa so-
lidária. O cantor cabo-verdiano
Mirri Lobo foi o cabeça de cartaz,
que atraiu mais de 200 pessoas à
pequena localidade de Roodt-sur-
Syre, no oeste do país.
Ao palco subiram ainda Toy Vi-
eira (vindo da Holanda), Carla Cor-
reia, Rita Barros, Tutin D’Giraldo
(vindos de Portugal), Djá, Djoy
D’Ninha, Erineu, Djon Mota, An-
derson, Casimiro e DJ Mendyss.
O concerto estava incluído na
programação anual dos 40 anos de
independência de Cabo Verde.
Os lucros angariados vão servir
para apoiar a Associação de Cri-
anças Deficientes de São Vicente e
para construir um lar para pessoas
portadoras de deficiências e com
mobilidade reduzida na região de
Paul, na ilha de Santo Antão, disse
ao CONTACTO o presidente da
FACVL, João da Luz.
“O apelo foi lançado pelo presi-
dente da associação em Cabo Ver-
de a toda a diáspora e nós decidi-
mos dar o nosso contributo com a
realização desta noite de morna”,
explicou João da Luz.
A gala incluiu ainda um jantar,
confeccionado pelo chefe cabo-
verdiano Luís Carvalho, do restau-
rante Métissage.
A festa contou com o apoio da
autarquia de Betzdorf, que cedeu o
espaço e o material necessário para
a noite de gala, e de vários volun-
tários.
“Devo agradecer ao Mirri Lobo,
que aceitou desde o primeiro con-
tacto, e sem pedir ’cachet’, partici-
par nesta boa causa”, disse o pre-
sidente da FACVL.
Mirri Lobo, primo do antigo lí-
der do grupo Tubarões Ildo Lobo,
venceu em 2012 quatro categorias
do prémio Cabo Verde Music
Awards, graças ao seu álbum “Cal-
dera Preta”: Melhor Voz Masculina,
Melhor Álbum Acústico, Melhor
Coladeira, e Melhor Música do Ano.
A noite prolongou-se até perto
das 2h da manhã, deixando um sor-
riso nos rostos do público, numa
noite em que os músicos artistas das
ilhas da ’morabeza’ trouxeram ao
Luxemburgo uma onda de alegria.
n Aleida Vieira
O cantor cabo-verdiano Mirri Lobo foi a cabeça de cartaz da noite de gala solidária Foto: Aleida Vieira
Exposição “As fronteiras da independência”
Portugal empresta tratado
que criou Grão-Ducado
a museu luxemburguês
A Torre do Tombo vai emprestar
durante um ano a um museu lu-
xemburguês um exemplar da Acta
Final do Congresso de Viena, assi-
nada em 1815 por Portugal e mais
sete países para redefinir o mapa
político da Europa. O documento
inclui no seu clausulado a criação
do Grão-Ducado do Luxemburgo,
que ficou sob a administração dos
Países Baixos.
O tratado, composto por 108 fó-
lios em papel, e a sua ratificação,
com 10 fólios em pergaminho, é “a
jóia” da exposição “As fronteiras da
independência”, no museu Dräi Ee-
chelen, devido à “importância geo-
política” do documento, diz Inês
Correia, conservadora da Torre do
Tombo.
O Congresso de Viena reuniu as
grandes potências europeias após as
guerras napoleónicas, e é “unani-
memente considerado um dos mai-
ores acontecimentos do século XIX,
porque tentou equilibrar os pode-
res políticos e económicos na Eu-
ropa, através da redefinição das
fronteiras e da revisão do mapa ge-
opolítico”, explica a conservadora.
O documento manuscrito, de que
existem apenas oito exemplares,
classificados pela Unesco como
“Registo da memória do mundo”, foi
assinado a 9 de Junho de 1815 por
Portugal, Rússia, Grã-Bretanha,
Áustria, Prússia, França, Suécia e
Espanha.
Esta é a primeira vez que o exem-
plar português deixa o Arquivo Na-
cional da Torre do Tombo, em Lis-
boa. Para a conservadora que trans-
portou o documento, o empréstimo
representa também “o reconheci-
mento do dinamismo da comuni-
dade portuguesa no Luxemburgo”.
“Estes momentos históricos po-
dem ter um efeito gregário, porque
acabamos por perceber que esta-
mos todos ligados”, diz, conside-
rando também que “era bom valo-
rizar a exposição e garantir que a in-
formação chegue à comunidade
portuguesa no Luxemburgo”.
A duração do empréstimo, que se
prolonga durante um ano, obrigou
a cuidados especiais para assegurar
a preservação e segurança do do-
cumento. “É um período de expo-
sição extraordinário (normalmente o
máximo são três meses), mas o mu-
seu fez tudo para respeitar os re-
quisitos necessários, incluindo os
reduzidos valores de intensidade lu-
minosa, para preservar os materiais
que constituem os documentos, no-
meadamente o papel do século XIX,
naturalmente instável”, garante Inês
Correia.
A exposição no Museu Dräi Ee-
chelen retraça a história do Grão-
Ducado desde a sua criação, no
Congresso de Viena, até à assinatu-
ra em 1839 do Tratado de Londres
que abriu caminho à independência
do país, em 1867, e pode ser visita-
da até 22 de Maio de 2016. n P.T.A.
Encarregada de Negócios da Embaixada de Cabo Verde
Clara Delgado visita atelier de
pintura de Nelson Neves
A encarregada de Negócios da Em-
baixada de Cabo Verde no Luxem-
burgo, Clara Delgado, foi conhecer,
este fim-de-semana, a nova colec-
ção do artista plástico Nelson Ne-
ves. “É a primeira vez que um re-
presentante de Cabo Verde vem co-
nhecer o meu atelier. Foi feliz ter
coincidido com os 40 anos de In-
dependência”, disse o pintor, que
prepara a apresentação da nova co-
lecção no dia 26 de Junho, na Ga-
lerie Beim Engel, na capital.
“Ela disse-me que todo o cabo-
verdiano, cada um na sua área, de-
ve ser um embaixador da nossa ter-
ra. Fiquei mais animado”, confes-
sou o artista cabo-verdiano.
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14. 14 17 DE JUNHO DE 2015 ContactoLCGB-INFO
(página da exclusiva responsabilidade do LCGB)
Em movimento por uma sociedade
igualitária e pela justiça social
Hotline INFO-CENTER (+352) 49 94 24-222 (2a a 6a feira : 8:30 - 12:00 e 13.00 - 17.00)
A seccão portuguesa da LCGB convida-o estar presente
na assembleia geral de 2015
Já fez dois anos em 11 de Abril de 2015, que a LCGB realizou
em Helmdange a Assembleia Geral constituinte da nova Secção
Portuguesa. Na presença de Sua Excelência, o Cônsul Geral
de Portugal, Dr. Rui MONTEIRO, 200 pessoas participaram
na fundação desta nova secção da LCGB.
O ano passado em 27 de Junho de 2014, a Secção Portuguesa
da LCGB comemorou em Kayl o seu primeiro aniversário com
um jantar oferecido a cerca de 300 pessoas e na presença de
Suas Excelências a Embaixadora de Portugal, Dra Maria Rita
FERRO e do Cônsul Geral de Portugal, Dr. Rui MONTEIRO.
Sob a liderança do seu presidente Reinaldo CAMPOLARGO,
a secção portuguesa da LCGB apresentou as suas primeiras
atividades nomeadamente, com a participação no Festival das
Migrações, Culturas e Cidadania, participação na manifestação do
1 Maio na cidade do Luxemburgo, participação na peregrinação
de Nossa Senhora de Fátima em Wiltz, um concurso de pesca no
Lago Teschenbäach em Grevenmacher e muitas outras atividades
para além de uma presença regular no programa radiofónico
“Vida ativa e social” da LCGB, difundido aos sábados às 9h da
manhã na Radio Latina.
Tal como em 2013 e 2014, a secção portuguesa da LCGB participou nos dias 13 e 14 de
Maio de 2015 (dia da Ascensão) na peregrinação de Nossa Senhora de Fátima a Wiltz.
A peregrinação ao santuário de Fátima em Wiltz tornou-se uma verdadeira festa popular
senão mesmo, o mais importante evento da comunidade portuguesa no Luxemburgo.
É por isso que, a secção portuguesa decidiu apoiar os muitos peregrinos oferendo-lhes
ao longo do percurso, água e chocolate e uma refeição quente ao almoço assim como a
apresentação dos serviços da LCGB INFO-CENTER com um stand em Wiltz.
Dado o grande número de comentários positivos pela parte dos peregrinos e visitantes
do stand da LCGB, a participação da secção portuguesa-LCGB na peregrinação de Nossa
Senhora de Fátima em Wiltz foi um enorme sucesso.
Venha também participar na Assembleia Geral de 2015 e inscreva-se junto da LCGB!
Após dois anos de existência, a secção portuguesa convida-o
novamente a estar presente na assembleia geral de 2015 na
qual se fará um balanço das atividades realizadas assim como a
divulgação das atividades futuras.
Qualquer pessoa interessada pode participar nesta assembleia
geral que terá lugar no próximo dia 27 de Junho de 2014 (sábado)
a partir das 18h00 na Sala Polivalente “Um Widdem” em Kayl.
Basta inscrever-se junto da LCGB através de Liliana BENTO
(GSM: 691 733 015 / E-mail: lbento@lcgb.lu).
Serão convidados de honra à Assembleia Geral de 2015 da
Secção Portuguesa da LCGB, Suas Excelências, o Ministro da
Justiça, Félix BRAZ, o Embaixador de Portugal no Luxemburgo,
Dr. Carlos PEREIRA MARQUES e o Cônsul Geral de Portugal,
Dr. Rui MONTEIRO.
Após a Assembleia Geral, propomos-lhe passar ainda algum
tempo de descontração e convívio em torno de um jantar que
será oferecido a todos os presentes acompanhado de música e
dança.
Assembleia geral da secção portuguesa
27 de Junho de 2015 (sábado) às 18h00
Sala Polivalente “Um Widdem” em Kayl
Convidados de honra: Suas Excelências, o Ministro da
Justiça, Felix BRAZ, o Embaixador de Portugal, Carlos
PEREIRA MARQUES e o Cônsul Geral de Portugal, Rui
MONTEIRO
15. Contacto 17 DE JUNHO DE 2015 artes & espectáculos 15
Portugal “meets” Bosnia
O pianista português
Sérgio Rodrigues é o co-
compositor do novo ál-
bum da cantora bósnia
Selma Schauls, cruza-
mento da música tradici-
onal dos Balcãs com a
música contemporânea.
Gravado em Lisboa, o
disco foi apresentado no
Luxemburgo com seis
músicos portugueses.
“
Bem-vindos a um lugar onde
as letras e as línguas não têm
importância nenhuma”. A fra-
se com que a cantora bósnia Selma
Simic, eterna cúmplice de Selma
Schauls, abre o concerto na Abadia
de Néimenster, faz pensar nas ten-
sões linguísticas e identitárias no
Luxemburgo, uma semana após o
referendo, mas também na história
da ex-Jugoslávia. O país onde um
dia coabitaram “seis repúblicas,
cinco etnias, quatro línguas, três
religiões e dois alfabetos” sofreu o
maior genocídio na Europa desde
o Holocausto, precisamente na
Bósnia-Herzegovina, onde nasce-
ram as duas cantoras, que parti-
lham o mesmo nome e o ano de
nascimento.
“Just B with Selma”, assinado
pela cantora bósnia Selma Schauls
e pelo pianista português Sérgio
Rodrigues, nascido no Luxembur-
go, inventa uma nova língua. “As
letras não querem dizer nada, é uma
nova língua que inventámos”, ex-
plica Selma. Um artifício que per-
mite que a voz se converta em ins-
trumento.
Mas não é só nas letras que o ter-
ceiro disco da cantora, com crédi-
tos firmados no Luxemburgo, faz
prova de vocação ecuménica. As
melodias dos Balcãs foram revolu-
cionadas pelo pianista e composi-
tor Sérgio Rodrigues, que assina as
partituras dos nove instrumentos,
incluindo as cordas de Clara Go-
mes (violino), Cátia Santos (viola de
corda) e Joana Correia (violonce-
lo), além do contrabaixo de Fran-
cisco Brito e a percussão de Joel Sil-
va. Aos seis músicos portugueses
vindos de Lisboa para o lança-
mento do disco juntaram-se o lu-
xemburguês Paul Gehl no alaúde,
o francês Emmanuel Frin (clarine-
te) e a romena Borbala Janitsek (vi-
oloncelo), num álbum que funde as
melodias tradicionais dos Balcãs
com o jazz e a música contempo-
rânea.
Sérgio Rodrigues, que vive há vá-
rios anos entre o Luxemburgo e
Portugal, onde frequentou a Escola
Superior de Música de Lisboa, ad-
mite que não foi fácil para os mú-
sicos entrar no ritmo dos Balcãs.
“A música é muito complexa,
porque em vez dos compassos 4x4
temos compassos compostos”, ex-
plica, batendo as palmas para ilus-
trar o ritmo. “Partimos da música
tradicional, e não foi fácil sair desta
expressão, mas para mim foi ex-
tremamente enriquecedor”, diz o
pianista português, que já compôs
música para cinema e teatro – in-
cluindo a memorável adaptação do
“Barbeiro de Sevilha” no Teatro des
Capucins, em 2006, com o grande
actor luxemburguês Marc Olinger,
falecido em Janeiro deste ano.
No disco, Sérgio Rodrigues utili-
za também “toda a paleta do pia-
no”: dedilha as cordas do instru-
mento, convertendo-o em guitarra
– uma técnica que faz lembrar o pi-
anista turco Fazil Say –, e em ins-
trumento de percussão, abrindo
“novos horizontes” às composições
originais de Selma Schauls.
“Era preciso uma pessoa que vi-
esse de outros horizontes para re-
frescar a música, e esta mistura de
culturas dá às canções uma nova
dimensão”, diz a cantora, para
quem Sérgio “realizou um antigo
sonho” seu. Os dois músicos já ti-
nha colaborado em 2008 no se-
gundo álbum de Selma, “Aidez-moi,
j’ai un accent”, que contou tam-
bém com a participação de Raquel
Barreira.
Selma Schauls chegou ao Lu-
xemburgo há 30 anos como “refu-
giada do amor”, depois de ter co-
nhecido o marido, o luxemburguês
Roby Schauls, durante umas férias
em Itália. Nascida em Mostar, a lo-
calidade que foi palco dos piores
conflitos étnicos durante a guerra
civil na Bósnia, Selma assistiu de
longe à destruição da velha ponte
que unia as margens da localidade
há mais de quatro séculos, uma
imagem das divisões em confronto
na ex-Jugoslávia. Longe da vista,
mas não do coração: o primeiro dis-
co da cantora, “Sevdah de Luxe”,
contribuiu para o projecto de re-
construção da velha ponte otoma-
na, concluída em 2004 pela Unes-
co.
Selma Simic chegou ao Luxem-
burgo pouco antes da guerra civil
na Bósnia, em 1991, e apesar de não
ter passado pelo inferno dos re-
querentes de asilo, a desagregação
da antiga Jugoslávia deixou-a em
situação de apátrida, sem papéis
nem documentos, mergulhando-a
num longo combate burocrático.
As dificuldades da imigração são
aliás o ’leit-motiv’ do disco anteri-
or. Em “Elle attend”, que já conta-
va com o piano de Sérgio Rodri-
gues, Selma Schauls canta as “noi-
tes de pesadelo” de uma reque-
rente de asilo fugida à guerra nos
Balcãs, “sete anos à espera que de-
cidam o seu destino”. Em “aidez-
moi, j’ai un accent”, a canção que
dá nome ao álbum anterior, recor-
dada no concerto de sábado, a can-
tora canta: “O meu sotaque é a mi-
nha alma / Já perdi o meu, não que-
ro o vosso / Se pudesse encontrar
outro / Para vos cantar, para me
tranquilizar / Para que me com-
preendam”.
No álbum que assina com Sérgio
Rodrigues, os dois músicos podem
bem ter encontrado a terceira via
de expressão, provando que a his-
tória do Luxemburgo se escreve
também ao ritmo de outras cultu-
ras, e que há pelo menos um lugar
onde as línguas não impedem a co-
municação. n Paula Telo Alves
O projecto junta duas cantoras bósnias e seis músicos portugueses Fotos: Vasco dos Santos
Sérgio Rodrigues assina as partituras de nove instrumentos
Servi-lo com excelência, respeitar os nossos parceiros, apoiar os nossos
colaboradores, envolver-nos no desenvolvimento do nosso país e no
futuro das gerações vindouras. É assim que concebemos uma relação
de confiança sustentável consigo.
Vamos conversar!
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Responsável, como você.
16. 16 artes & espectáculos 17 DE JUNHO DE 2015 Contacto
UTOPOLIS
Kirchberg
(NOVO) The Age of Adaline
de quar. a sex. e seg. 12h; de quar. a dom. e
ter. 17h, 19h30, 22h; seg. 17h, 19h30; sáb.
0h0
(NOVO) Big Game – de quar. a sex. e seg.
12h; quar., sex., sáb. e seg. 12h; quin., dom.
e ter. 14h30, 17h, 19h30, 21h30; sáb. 0h15
Home – En route!
quin., dom. e ter. 14h30
(NOVO) Inside Out 3D – de quar. a sex. e
seg. 12h; quar., sex. e sáb. 14h, 14h15, 16h30,
16h45, 19h30, 21h30; quin., de dom. a ter.
14h, 14h15, 16h30, 16h45, 19h30
Jurassic World 3D
(2D) – de quar. a ter. 13h45, 16h30; sáb.
0h00; (3D) – de quar. a dom. e ter. 13h45,
16h30, 19h, 22h; seg. 13h45, 16h30, 19h
The Longest Ride
quar., sex. e dom. 21h30
Mad Max: Fury Road – de quar. a ter. 19h
Pitch Perfect 2 – quar., sex., dom. e ter.
16h45, 19h30; quin., sáb. e seg. 19h30
(NOVO) Poltergeist 3D – de quar. a sex. e
seg. 12h; de quar. a dom. e ter. 17h, 19h15,
21h45; seg. 17h, 19h15; sáb. 0h15
Project T (Tomorrowland)
quin.,. sáb. e ter. 21h30
Qui c’est les plus forts?
de quar. a sex. e seg. 12h
San Andreas
(2D) – de quar. a ter. 21h30; (3D) – quin.,
sáb. e seg. 16h45
Spy – de quar. a dom. e ter. 16h30, 19h,
21h30; seg. 16h30, 19h
UTOPIA
Limpertsberg
A little Chaos (Les jardins du roi)
quar. 18h30; sex. 21h30; dom. 21h15
Dark Places
quar., sex. e seg. 14h; ter. 21h
Far from the Madding Crowd
quar. e ter. 16h15, 21h15; quin. e seg. 16h15;
de sex. a dom. 16h30, 19h
Gus petit oiseau grand voyage
quin., sáb. e dom. 14h; ter. 14h15
La Loi du marché
quar. 14h, 16h30, 19h, 21h30; quin. 16h30,
19h, 21h30; sex. 14h, 17h, 19h30, 21h45; sáb.
e dom. 17h, 19h30, 21h45; seg. e ter. 14h,
16h30, 19h
La Tête Haute
quin. 18h45; seg. 18h30
Nature – Enchanted Kingdom
quin. e sáb. 14h
Nos femmes
sáb. 21h30; ter. 18h45
On voulait tou casser
quin. e ter. 18h30; de sex. a dom. 21h30
(NOVO) The Absent One
(Profanation, Fasandraeberne
de Mikkel Norgaard com Nikolaj Lie Kaas, Fa-
res Fares, Pilou Asbaek
quar., quin. e ter. 21h; de sex. a dom. 19h
The Farewell Party
quin. e seg. 19h; sáb. 21h30
The Second Best Exotic Marigold Hotel
quar., quin., seg. e ter. 16h; de sex. a dom.
16h30
Clochette et la créature légendaire
quin. 14h; dom. 14h30
Still Alice
quar. 18h45; dom. 21h30
Shaun the Sheep Movie
de quar. a sex. e de dom. a ter. 14h
She’s funny that way
(Broadway Therapy)
quar., sex. e seg. 14h; quin. e ter. 21h45; dom.
21h45
Taxi Teheran
sex. 21h45; er. 18h45
(NOVO) Valley of Love
quar. 14h, 16h30, 19h; quin. 14h, 16h30, 21h;
sex. 14h30, 17h, 19h30, 21h45; sáb. 17h,
19h30, 21h45; dom. 14h30, 17h, 19h30; seg.
14h, 16h30, 19h; ter. 16h30, 19h
UTOPOLIS BELVAL
Esch/Belval
Gus petit oiseau grand voyage
quin. e ter. 14h15; sáb. 14h
(NOVO) Inside Out 3D
(2D) – quar., quin., seg. e ter. 14h15, 16h30;
sex. 14h, 16h15; sáb. e dom. 14h, 16h30; (3D)
– quar., quin., seg. e ter. 16h30, 20h15; de
sex. a dom. 16h30, 19h15
Jurassic World
(2D) – quar. e ter. 14h, 16h45, 20h; quin. e
seg. 14h, 16h45, 20h; sex. 13h45, 16h15,
18h30, 19h, 21h30; sáb. e dom. 13h45, 16h15,
19h; (3D) – quar. e ter. 14h, 16h45; quin. e
seg. 14h, 16h45, 20h; sex. 13h45, 16h45, 22h;
sáb. e dom. 13h45, 16h45, 21h30, 22h
CINESTARLIGHT
Dudelange
Jurassic World
quar. e ter. 20h45; sex. 18h30; sáb. 18h45;
dom. 16h15; seg. 15h
Pourquoi j’ai pas mangé mon père
quar. 20h45; sex. 18h30; dom. e ter. 14h
The Second Best Exotic Marigold Hotel
quar. e quin. 18h30
Taxi Teheran
sex. 20h30; dom. 19h; seg. 15h; ter. 20h45
ARISTON
Esch/Alzette
(NOVO) Brabançonne
sex., sáb. e ter. 20h
(NOVO) Inside Out
quin. e dom. 14h; sáb. e ter. 15h45
The Farewell Party
quin. e dom. 20h
KINOSCH
Esch/Alzette
Jimi: All Is By My Side
dom. 20h; ter. 18h
Melody
dom. 18h15; ter. 20h15
PRABBELI
Wiltz
Jurassic World 3D
seg. 20h30
Taxi Teheran
sex. 20h30
ORION
Troisvierges
Jurassic World 3D
dom. 20h
Melody – seg. 20h
Taxi Teheran – quar. 20h
SURA
Echternach
Jurassic World 3D
sex. 20h15; seg. 18h
The Second Best Exotic Marigold Hotel
quar. 20h15
Taxi Teheran – seg. 20h15
SCALA
Diekirch
Jurassic Wold 3D – quin. 20h
Pourquoi j’ai pas mangé mon père
seg. 20h
Taxi Teheran – dom. 20h
CINEMAACHER
Grevenmacher
Jurassic Wold 3D
ter. 20h
Pitch Perfect 2
sáb. 16h30
LEPARIS
Bettembourg
Jurassic World 3D
sáb. 20h30
Pourquoi j’ai pas mangé mon père
ter. 20h30
The Second Best Exotic Marigold Hotel
dom. 20h30
KURSAAL
Rumelange
(NOVO) Brabançonne
dom. e seg. 20h
(NOVO) Inside Out
sáb. e ter. 14h; dom. 15h45
WAASSERHAUS
Mondorf-les-Bains
(NOVO) BRABANÇONNE
quar. e quin. 20h
(NOVO) Inside Out
quar. e dom. 15h45; quin. e sex. 18h; s´b.
14h; ter. 17h30
Mad Max: Fury Road
sáb. 20h
The Farewell Party
sex. 16h15; dom. 19h30
“Inside Out”
Manual de emoções
O festival de Cannes foi criando o
hábito de projetar cinema de ani-
mação. Os selecionadores ainda
não tiveram coragem de colocar
este tipo de filmes na competição
mas, devagar devagarinho, vão
mostrando o que de melhor se faz
em termos de animação no festival
internacional de cinema.
O filme escolhido para a edição
68 do festival foi “Inside Out”, uma
criação da Pixar. Pode resumir-se
o filme como um manual de emo-
ções para os mais pequenos. Cada
emoção está representada, com
destaque para a alegria, o medo, o
nojo, a raiva e também a tristeza.
Quem apresenta o vasto mundo
das emoções é Riley, que tem ape-
nas 11 anos e cuja vida se arrisca a
dar muitas cambalhotas. A sua fa-
mília vai mudar-se para a Califór-
nia, deixando para trás o Minne-
sota natal onde Riley é feliz, na sua
vidinha pacata e... feliz.
Dividido, e com medo da mu-
dança, Riley enfrenta um turbilhão
de emoções incontrolável. A Ale-
gria e a Tristeza vão tentar por or-
dem nesta grande confusão que
reina na terra das emoções.
Cada espectador pode
identificar-se com uma persona-
gem específica (acredite, muita
gente se identifica com a Tristeza e
não há mal nenhum nisso). Seja
qual for a sua personagem favori-
ta, o filme encanta crianças e adul-
tos. Os argumentistas da Pixar cri-
aram um enredo tão inteligente que
“Inside Out” vale mais do que uma
sessão de psicoterapia. E o adulto
mais empedrenido emocional-
mente vai, com certeza, gostar.
“Inside Out” é, assim, um filme
para todos mas do qual só os adul-
tos vão aproveitar as “nuances” e
os pormenores. Os miúdos não vão
conseguir acompanhar todo o
complexo enredo mas nunca fica-
rão pelo caminho porque o es-
sencial é óbvio.
Os problemas causados pelas
emoções e as consequências para
a personagem principal do filme, e
principalmente a incrível viagem de
Alegria e Tristeza para voltar à sala
de controlo, podem ser complexos
para os mais pequenos. Há partes,
por exemplo, em que conceitos co-
mo as diferenças entre duas e três
dimensões são explorados de for-
ma tão brilhante que podem não
fazer sentido para os mais novos,
mas é justamente nesses momen-
tos que os pais se deliciam.
Curiosamente, este filme tão in-
teligente e complexo contrasta com
a simplicidade física das persona-
gens. Poderia dizer-se que a cria-
tividade que transborda no enredo
faltou na elaboração dos bonecos,
todos muito simples, parecendo
serem feitos de plasticina... Dizem
as más línguas que a Pixar já es-
tava a pensar numa forma barata
de produzir estas figurinhas já que
o merchandising, pode trazer mais
lucros do que o próprio filme. E lei-
am bem o que vos digo, estes bo-
nequinhos vão andar nas mãos das
nossas crianças durante muito
tempo.
É óbvia a ligação entre este fil-
me e o maior sucesso da Pixar, “Toy
Story”. A fonte de inspiração é ób-
via e a temática de base é seme-
lhante: o que se perde na infância
e quando crescemos.
“Inside Out” de Pete Docter (as
vozes das personagens variam em
função da língua, mas tenha cui-
dado com o título que também
apresenta bastantes diferenças em
função do país. “Inside Out” deu
“Vice Versa” em francês e “Alles
steht Kopf” em alemão; em Portu-
gal chamaram-lhe “Divertida-
mente”). n Raúl Reis
Não, não é uma DJane, são as vozes dentro da tua cabeça
Mundos híbridos
Exposição junta artista português
e cabo-verdiano
O gravurista português João Bar-
roso e o pintor cabo-verdiano Nel-
son Neves são os dois participantes
lusófonos na exposição colectiva
“Mondes hybrides” (Mundos híbri-
dos), patente de 26 de Junho a 18
de Julho na Galerie Beim Engel, na
cidade do Luxemburgo.
João Barroso, que é também pin-
tor, e Nelson Neves, vão expor as
suas obras juntamente com o es-
cultor italo-luxemburguês Angelo
Brunori e escritora peruana Miriam
Krüger.
“Esta exposição será em si um
’mundo híbrido’, com propostas de
diferentes meios artísticos e várias
nacionalidades e origens. A expo-
sição será uma manifestação de to-
lerância e de livre circulação artís-
tica”, refere em comunicado a cu-
radora da exposição, a cantora lu-
xemburguesa de origem cabo-
verdiana Mary-Ann Meyers.
Os artistas convidados vão criar
ao longo da exposição um “objecto
comum” a partir de material reci-
clado, como sinal de resistência
contra a intolerância.
“Num mundo em que a conver-
gência de diferentes culturas pare-
ce gerar um problema de identi-
dade, o ’mundo híbrido’ poderá
tornar-se numa figura de resistên-
cia contra a intolerância”, sublinha
Mary-Ann Meyers.
A vernissage da exposição vai ter
lugar no dia 26 de Junho (uma sexta-
feira), às 19h, na Galerie Beim En-
gel (nas traseiras do Palácio Grão-
ducal) e vai contar com actuação da
da cantora e compositora de jazz
Mary-Ann Meyers.
De 26 de Junho a 18 de Julho, os
interessados poderão apreciar di-
versas obras de desenho, gravura,
pintura, escultura e algumas insta-
lações, todos os dias (excepto às
segundas-feiras), das 10h às 12h e
das 13h às 19h.
A exposição “Mundos híbridos”
conta com o apoio do Ministério da
Cultura do Luxemburgo e da em-
baixada de Cabo Verde.
17. Contacto 17 DE JUNHO DE 2015 desporto 17
Futsal
SC Bettembourg Valente Juniors
brilha no mundial em Nantes
A equipa de futsal do SC
Bettembourg Valente Ju-
niors esteve em destaque
no mundial de futsal pa-
ra clubes, realizado este
fim-de-semana em Nan-
tes. A formação luxem-
burguesa, detentora da
taça do Luxemburgo,
venceu a final do torneio
de consolação frente aos
portugueses do Senhora
da Hora, por duas bolas a
uma, com um golo de
Olivier Marques.
Eliminada na fase de apu-
ramento frente aos cam-
peões do torneio – os fran-
ceses do FC Erdre-Atlantique –, a
formação luxemburguesa conse-
guiu um brilhante primeiro lugar
no designado torneio de consola-
ção ao bater todos os adversários
que lhe apareceram pela frente.
A equipa comandada pelo trei-
nador André Soares iniciou a sua
caminhada vitoriosa com três vi-
tórias na fase de grupos: Por 4-2
contra a equipa belga do AC Pi-
azza Gilly, depois um 4-0 frente aos
ingleses do Kickers Futsal, fechan-
do com uma goleada (5-2) contra
a formação paraguaia do Exa-Sale.
No encontro da meia-final, o SC
Bettembourg Valente Juniors ven-
ceu a equipa do Ferrand Nouméa,
da Nova Caledónia, por 2-1, após
prolongamento, e garantiu o tão
desejado ’passaporte’ para a final.
No jogo grande, perante quase
mil espectadores, a equipa luxem-
burguesa defrontou os portugue-
ses do Senhora da Hora. O jogo foi
bastante equilibrado, mas o golo
de ’ouro’ de Olivier Marques, já
perto do final, selou um triunfo
histórico frente à formação portu-
guesa.
No final do torneio, o director
desportivo do SC Bettembourg Va-
lente Juniors, Tiago Fernandes, re-
alçou a excelente vitória da sua
equipa, sublinhando que a con-
quista do troféu enche de orgulho
o clube.
“Para nós é um motivo de or-
gulho sermos o primeiro clube a
levar um troféu deste prestigio pa-
ra o Grão-Ducado, ganho perante
um pavilhão cheio de público e um
ambiente absolutamente fantásti-
co”.
O jovem dirigente, enfatizou “os
momentos de sofrimento, cansaço
e perseverança que a equipa pas-
sou” e “a excelente actuação dos
nossos jogadores e guarda-redes
foram determinantes na nossa vi-
tória”, rematou.
O torneio final do Mundial de
Futsal foi ganho pela equipa fran-
cesa do FC Erdre-Atlantique, que
derrotou na final o C’Wets Nantes
por duas bolas a uma, após pro-
longamento.
n Á. Cruz
A equipa luxemburguesa mostrou que no Grão-Ducado o futsal está em plena evolução
Luís Filipe Fonseca apela à presença da comunidade portuguesa no dia 12 de Julho em Cents
Vice-presidente do Tondela quer que o jogo
contra o RM Hamm Benfica seja uma festa
Luís Filipe Fonseca, vice-presidente
do CD Tondela e secretário-geral da
SAD do clube, quer que o jogo de
apresentação do RM Hamm Benfi-
ca dia 12 de Julho, frente à sua equi-
pa, seja “uma grande festa para a
comunidade portuguesa e em es-
pecial para todos os tondelenses re-
sidentes no Luxemburgo”.
O dirigente do campeão da se-
gunda liga portuguesa e novo pri-
modivisionário da elite do futebol
português está no Luxemburgo pa-
ra se encontrar com os seus ho-
mólogos ’encarnados’ e “definir os
últimos pormenores do jogo”, que
para Luís Fonseca vai ser “a nossa
primeira estreia internacional”.
“Espero que venha muita gente
ao estádio para assistir ao jogo. Co-
mo a comunidade portuguesa aqui
é bastante numerosa, acredito que
vai estar muita gente num jogo que
tem tudo para ser uma festa”, su-
blinha o dirigente tondelense.
“De um lado vai estar o RM
Hamm Benfica, a equipa mais pró-
xima dos portugueses aqui resi-
dentes, e do outro o Tondela que
vai fazer a sua estreia na primeira li-
ga portuguesa. Ambos estão no mais
alto patamar competitivo dos res-
pectivos países. Por isso, estão reu-
nidas as condições para ser uma
grende festa do futebol”, lembra.
Sobre os objectivos do CD Ton-
dela na liga portuguesa, Luís Fon-
seca diz que “a permanência no
primeiro escalão do futebol portu-
guês é a grande prioridade. A pri-
meira época é fundamental para a
consolidação da nossa posição,
porque a primeira liga tem condi-
cionantes muito específicas”.
“O clube há dez anos estava nos
distritais, mas tem tido um cresci-
mento sustentado. Somos um clu-
be emergente no futebol em Por-
tugal, mas com uma grande orga-
nização. Esta subida não é fruto do
acaso, mas de um trabalho de dez
anos, liderado pelo presidente Gil-
berto Fonseca”, lembra.
“Queremos continuar a marcar a
nossa posição dentro do futebol na-
cional e depois ir à procura de mais
qualquer coisa.
n Á. CruzLuís Fonseca quer ver o estádio cheio contra o Hamm Benfica Foto: Á. Cruz
Futsal
Ricardinho decisivo
no título espanhol
O português Ricardinho, com três
golos, foi decisivo esta segunda-feira
na vitória do Inter Movistar sobre o
El Pozo Murcia, por 5-4, que deu
ao clube madrileno o décimo título
espanhol de futsal. O quarto jogo
do “play-off” do título disputou-se
em Múrcia, no Palácio dos Des-
portos, perante 7.500 espectadores.
A equipa da casa dominou a parti-
da até ao minuto 37, quando Ri-
cardinho empatou a 4-4, para che-
gar ao golo da vitória no minuto se-
guinte.
O jogador português (de vermelho)
continua em grande forma
Futebol
Fábio Paím assinou
pelo Kayl/Tétange
Fábio Paím vai representar o Union
05 Kal Téiteng, equipa que milita na
Promoção de Honra do futebol lu-
xemburguês.
O extremo formado do Sporting,
há uns anos apontado como uma
das maiores promessas do futebol
português, deixou recentemente o
Nevezis, na Lituânia, depois de pas-
sagens por Inglaterra, Angola, Qa-
tar, China e Malta, após ter tam-
bém representado alguns clubes em
Portugal.
Fábio Paím
Ciclismo
Nélson Oliveira
defende títulos
Nélson Oliveira, campeão portu-
guês de ciclismo de fundo e de
contra-relógio, vai defender os tí-
tulos em Braga, de 26 a 28 de Ju-
nho. O programa começa a 26 com
o contra-relógio de sub-23, num
percurso de 27km, seguindo-se, a
partir das 15h, o ‘crono’ de elite, nu-
ma distância de 36 km.
As provas de fundo têm início no
sábado, dia 27 num circuito que in-
clui a Falperra e as subidas ao Bom
Jesus e ao Sameiro, o mesmo cir-
cuito vai ser o ‘palco’ da prova de
elites, no dia seguinte.