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roberto borges - jornalismo 1
GESTÃO EM
JORNALISMO
O Repórter
O EDITOR
O GESTOR
O CONTEÚDO
Roberto Borges
roberto borges - jornalismo 2
Índice
3
5
10
15
18
20
21
Jornalismo na veia
O Repórter
O Editor
O Gestor
O Conteúdo
Informações
Contato
Pela Informação de Qualidade que gere
Conhecimento para virar Sabedoria.
roberto borges - jornalismo 3
São oito e quinze da noite e o estômago embrulha. Fecho os olhos,
respiro fundo e penso aliviado: não estou mais lá. Sim, não estou mais no
switcher da Globo à espera da contagem regressiva para a entrada do
Jornal Nacional. E lá se vão algumas décadas, longe da mais fantástica
aventura diária que vivi por muitos e muitos anos.
Por muitos e muitos minutos, segundos, décimos-de-segundos, frames,
que é como a vida é contada ali. Tudo muito rápido, é preciso muito es-
tômago; clima de cirurgia, muita, muita, muita tensão; o telejornal está
no ar. É por isso que ainda hoje sinto o mesmo frio na barriga dos dias
em que entrava no inferno as oito e quinze da noite.
E o mesmo feitiço foi me seguindo ao longo da carreira, seja nos telejor-
nais de rede ou nos telejornais locais, até hoje, no mesmo bat-horário.
Posso estar na sala, no quarto, na cozinha, na praia, na fazenda ou até
num bar, e o friozinho vem, bate o ponto e some.
Agora passa rápido, não estou mais lá. Mas por que não me liberto do
mal estar diário com hora marcada? Porque o telejornalismo é a minha
vida. São trinta anos de profissão. Não fiz outra coisa. Com ele, criei três
filhos. Foram 18 anos na Rede Globo, desde 1981, nas praças de Recife,
São Paulo e Brasília, esta última onde mais vivi.
Jornalismo na Veia
roberto borges - jornalismo 4
Na Globo Brasília, fui editor-chefe de telejornais locais e editor do Jor-
nal Nacional e do Bom dia Brasil. Participei da implantação da Globo
News e fui chefe da redação de Brasília nos primeiros dois anos do canal
a cabo brasileiro de notícias. Em 1999, outro grande desafio, participei
da criação do telejornalismo de uma nova emissora de TV aberta, a Rede TV.
Fui para a Rede TV, onde comandei o jornalismo de Brasília até junho de
2011, quando passei a dar consultoria. O próximo passo agora é partici-
par da revolução das Teles que acabam de entrar no mercado para trazer
o jornalismo pelo celular.
Este workshop é para compartilhar a experiência adquirida ao longo
desta jornada dedicada à gestão de telejornais, com um olhar pro futuro.
Destaco quatro módulos para facilitar nosso trabalho: O Repórter, O
Editor, O Gestor e, para arrematar ao final, O Conteúdo, a meta por uma
informação de qualidade que gere conhecimento para virar sabedoria.
roberto borges - jornalismo 5
1. O Repórter
Todos jornalistas somos. Não importa se estamos na frente ou por trás
das câmeras. Está no DNA da profissão. E qualquer jornalista já nasce
sabendo que é um repórter.
Selecionei seis tópicos para comentar como se desenvolve o trabalho do
repórter no telejornalismo: A Pauta, O Roteiro, A Imagem, O “Povo-
Fala”, A Entrevista, O Vivo.
a. A Pauta
Fazer a pauta é o mais gostoso da profissão. É a origem de tudo. A ideia,
o fato, a notícia. Antes havia o pauteiro, mas com o passar do tempo a
pauta passou a ser uma obrigação de todos.
Aliás, como era no início de tudo, a profissão nem era regulamentada, e o
repórter trazia a pauta da rua. O mesmo deve ocorrer agora, o repórter
deve influir na pauta do dia.
É a nossa missão principal. Um olhar sobre a cidade, uma boa leitura dos
sites e jornais, varredura pelos órgãos oficiais com a ajuda do Twitter,
escuta apurada pelas ruas, padarias, shoppings.
Ao chegar para o trabalho, o repórter deve trazer sua pauta, mas se não
estiver num bom dia, o jeito é acatar a pauta da redação e partir para o
combate como se ela fosse sua.
Uma leitura atenta, seguida de pesquisa na internet, para se ter uma boa
coleta de dados, tudo armazenado num bloco de notas que servirá de apoio
quando se estiver fazendo a reportagem.
Além da pesquisa, é preciso checar as fontes de entrevistas que estiverem
marcadas e/ou marcar essas entrevistas para dar eficácia aos desloca-
mentos da equipe.

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  • 1. roberto borges - jornalismo 1 GESTÃO EM JORNALISMO O Repórter O EDITOR O GESTOR O CONTEÚDO Roberto Borges
  • 2. roberto borges - jornalismo 2 Índice 3 5 10 15 18 20 21 Jornalismo na veia O Repórter O Editor O Gestor O Conteúdo Informações Contato Pela Informação de Qualidade que gere Conhecimento para virar Sabedoria.
  • 3. roberto borges - jornalismo 3 São oito e quinze da noite e o estômago embrulha. Fecho os olhos, respiro fundo e penso aliviado: não estou mais lá. Sim, não estou mais no switcher da Globo à espera da contagem regressiva para a entrada do Jornal Nacional. E lá se vão algumas décadas, longe da mais fantástica aventura diária que vivi por muitos e muitos anos. Por muitos e muitos minutos, segundos, décimos-de-segundos, frames, que é como a vida é contada ali. Tudo muito rápido, é preciso muito es- tômago; clima de cirurgia, muita, muita, muita tensão; o telejornal está no ar. É por isso que ainda hoje sinto o mesmo frio na barriga dos dias em que entrava no inferno as oito e quinze da noite. E o mesmo feitiço foi me seguindo ao longo da carreira, seja nos telejor- nais de rede ou nos telejornais locais, até hoje, no mesmo bat-horário. Posso estar na sala, no quarto, na cozinha, na praia, na fazenda ou até num bar, e o friozinho vem, bate o ponto e some. Agora passa rápido, não estou mais lá. Mas por que não me liberto do mal estar diário com hora marcada? Porque o telejornalismo é a minha vida. São trinta anos de profissão. Não fiz outra coisa. Com ele, criei três filhos. Foram 18 anos na Rede Globo, desde 1981, nas praças de Recife, São Paulo e Brasília, esta última onde mais vivi. Jornalismo na Veia
  • 4. roberto borges - jornalismo 4 Na Globo Brasília, fui editor-chefe de telejornais locais e editor do Jor- nal Nacional e do Bom dia Brasil. Participei da implantação da Globo News e fui chefe da redação de Brasília nos primeiros dois anos do canal a cabo brasileiro de notícias. Em 1999, outro grande desafio, participei da criação do telejornalismo de uma nova emissora de TV aberta, a Rede TV. Fui para a Rede TV, onde comandei o jornalismo de Brasília até junho de 2011, quando passei a dar consultoria. O próximo passo agora é partici- par da revolução das Teles que acabam de entrar no mercado para trazer o jornalismo pelo celular. Este workshop é para compartilhar a experiência adquirida ao longo desta jornada dedicada à gestão de telejornais, com um olhar pro futuro. Destaco quatro módulos para facilitar nosso trabalho: O Repórter, O Editor, O Gestor e, para arrematar ao final, O Conteúdo, a meta por uma informação de qualidade que gere conhecimento para virar sabedoria.
  • 5. roberto borges - jornalismo 5 1. O Repórter Todos jornalistas somos. Não importa se estamos na frente ou por trás das câmeras. Está no DNA da profissão. E qualquer jornalista já nasce sabendo que é um repórter. Selecionei seis tópicos para comentar como se desenvolve o trabalho do repórter no telejornalismo: A Pauta, O Roteiro, A Imagem, O “Povo- Fala”, A Entrevista, O Vivo. a. A Pauta Fazer a pauta é o mais gostoso da profissão. É a origem de tudo. A ideia, o fato, a notícia. Antes havia o pauteiro, mas com o passar do tempo a pauta passou a ser uma obrigação de todos. Aliás, como era no início de tudo, a profissão nem era regulamentada, e o repórter trazia a pauta da rua. O mesmo deve ocorrer agora, o repórter deve influir na pauta do dia. É a nossa missão principal. Um olhar sobre a cidade, uma boa leitura dos sites e jornais, varredura pelos órgãos oficiais com a ajuda do Twitter, escuta apurada pelas ruas, padarias, shoppings. Ao chegar para o trabalho, o repórter deve trazer sua pauta, mas se não estiver num bom dia, o jeito é acatar a pauta da redação e partir para o combate como se ela fosse sua. Uma leitura atenta, seguida de pesquisa na internet, para se ter uma boa coleta de dados, tudo armazenado num bloco de notas que servirá de apoio quando se estiver fazendo a reportagem. Além da pesquisa, é preciso checar as fontes de entrevistas que estiverem marcadas e/ou marcar essas entrevistas para dar eficácia aos desloca- mentos da equipe.