SlideShare a Scribd company logo
1 of 11
A Dança Psicossomática
Alex Sandro Gonzaga (PIBID/CAPES/UERGS)
Orientadora: Profª Drª Cristina Rolim Wolffenbüttel (PIBID/CAPES/UERGS)
Resumo: A pesquisa investiga o comportamento psicomotor de mulheres sedentárias
procurando identificar quais elementos podem caracterizar algumas dificuldades
expressas por estas mulheres, relativas a habilidades como cantar, fazer gestos e
interpretar durante as aulas de dança. Em um momento inicial da pesquisa houve um
estranhamento por parte do investigador diante destas visíveis inabilidades,
considerando-se que estas mulheres viveram intensamente uma época marcada por
alguns cantores muito populares e, no entanto, no momento da prática da dança, as
mesmas não conseguirem externar vocal ou corporalmente as canções tão
popularizadas e vividas pelas mulheres. A metodologia utilizada foi a abordagem
qualiquantitativa, sendo um estudo longitudinal, desenvolvido ao longo de cinco anos,
com mulheres frequentadoras de academias na grande Porto Alegre. A etapa inicial
configurou-e qualitativa, e a final, quantitativa. O referencial teórico incluiu autores que
tratam da dança psicossomática. Com base nos teóricos, a dança psicossomática se
define como um processo de corpo influenciado pelo estado emocional.
Palavra-chave: dança psicossomática, mulher, psicossomático.

A Dança Psicossomática
Existem duas realidades distintas com que se depara o profissional de
dança. O início do processo de desenvolvimento do corpo para dança das
crianças, ou o início do processo de redescoberta do corpo por parte do adulto.
Esse passo, que poderíamos considerar corajoso, exige que o
praticante deixe seus preconceitos e, gradativamente, imbua-se de suas
próprias resoluções de vida, porém, alteradas. A dança psicossomática, nesta
perspectiva, pode servir somo orientação de propostas de como, onde e
quando atingir o aluno, de forma a conduzi-lo a rever suas atitudes para com
seu próprio corpo. É por esse motivo que o profissional de dança está sempre
atento à faixa etária das praticantes, para que possa trazer músicas e fazer
arranjos que possam de alguma forma tocá-las, possibilitando esta exposição
gradativa, saindo de um certo ostracismo que é muito prejudicial.

1º ENCONTRO INTERINSTITUCIONAL DO PIBID-UERGS/2º ENCONTRO INSTITUCIONAL DO PIBIDUERGS/2º SEMINÁRIO ARTE E EDUCAÇÃO NA UERGS
14, 15, 16 de março de 2013 – MONTENEGRO/RS
A dança psicossomática auxilia a detectar o desenvolvimento ou não
do processo de inteligência emocional, bem como possibilita o diagnóstico das
participantes, no que diz respeito às personalidades.
Desse modo, esta investigação utiliza-se das teorias de Jung (1995),
Wallon

(apud

DANTAS,

1983)

e,

principalmente,

Izquierdo

(2002).

Particularmente em se tratando de Izquierdo (2002), a dança atua nos
processos de memória implícita e explícita, como no caso de uma participante
de aula de dança que viveu a Era do Rock in Roll 1 e, no entanto, mostrou-se
incapaz de evocar a letra da música “Kiss me Quick” 2, bem como organizar um
movimento de quadril que lembrasse a dança da época.
Assim, ao tratar de dança psicossomática, fala-se de um processo de
dança que investiga fragmentos de memória da praticante, permitindo-lhe
recordar de ações que não tiveram sentido na época, mas que, de alguma
forma, e por algum motivo, foram retidas, fixadas e consolidadas, bastando
evocá-las, sendo esse um dos papéis da dança psicossomática.
O Comportamento da Praticante
A pesquisa objetiva observar, descrever e analisar o movimento de
dança da mulher sedentária, através de seu comportamento psicomotor,
relevando seu histórico de vida, assim como a influência direta e indireta da
não vivência de dança na escola.
A concepção de dança psicossomática fundamenta-se em Garaudy
(1980) e Fux (2012).
Para Garaudy (1980), a linguagem corporal é importante no processo
de aprendizagem. Para o autor “dançar é vivenciar e exprimir, com o máximo
de intensidade, a relação do homem com a natureza, com a sociedade, com o
futuro e com seus deuses” (p.14). Além disso, o autor explica que a “dança não
é apenas uma arte, mas um modo de viver”. Para a pessoa que “dança é um
modo de existir”, sendo “um modo total de viver o mundo” (p.13).
1

O rock and roll (conhecido como rock'n'roll) foi um estilo musical surgido nos Estados
Unidos no final dos anos de 1940 e início dos anos 1950, com raízes na música
country, blues, R&B e música gospel e, rapidamente, se espalhou para o resto do mundo.
2
Esta canção, popularizada por Elvis Presley, data de 1975.
1º ENCONTRO INTERINSTITUCIONAL DO PIBID-UERGS/2º ENCONTRO INSTITUCIONAL DO PIBIDUERGS/2º SEMINÁRIO ARTE E EDUCAÇÃO NA UERGS
14, 15, 16 de março de 2013 – MONTENEGRO/RS
Fux (2012), outra autora que fundamenta esta investigação (2012),
trata da “dançaterapia”. Para a autora, após a absorção do processo da dança,
a aula passa a ser um momento de reflexão para a praticante. De acordo com
a autora, a dança um uma espécie de reconhecimento para quem a pratica.
Dançando de dentro para fora e reconhecendo-nos através de
nossos corpos, sentimo-nos melhor. Primeiro nos aceitamos e
depois aos outros. A dançaterapia é um caminho aberto para a
integração total, já que o corpo assim estimulado faz aparecer
áreas adormecidas que nos transformam; ao expressá-las,
representamos nosso mundo oculto e nos sentimos melhor.
(FUX, 1998, p.23).

Do mesmo modo, Fux (1998) explica que:
Viver compreendendo que devemos conhecer nossos limites
para ir deslocando-os, para que se organizem, e com nossos
não posso ir ao encontro dos sim, posso que surgem em nós
quando nos enfrentamos com alguém que necessita de nossa
experiência no movimento. (FUX, 1998, p.98).

É importante frisar que a manifestação de dança psicossomática, foco
desta pesquisa, pode ser detectada quando se percebe alguns fatores
impeditivos no processo de psicomotricidade da aluna. Dentre estes, vale citar
a significativa dificuldade de executar uma cinesiologia de deslocamento com
características como: pisar com a ponta do pé estendida, planta flexão; realizar
ambulação com a planta flexão; pé evertido durante o deslocamento lateral;
leve ângulo de elevação do calcanhar; abduzir quadril na direção da eversão
do pé; aduzir cintura escapular para ver o quadril lançado; abdução de braços
auxilia no equilíbrio do corpo; campo visual focado na projeção de seu pé e
quadril.
Além disso, um deslocamento com recuo, também se constitui
dificuldade momentânea para a aluna iniciante e que ainda se bloqueia para
propostas do corpo, como: não olhar para trás; manter com a cabeça à altura
dos ombros; dar largas passadas para trás; passadas devem ser cruzadas; não
flexionar a caixa torácica e mantenha-a ereta. Segundo Wallon apud Dantas

1º ENCONTRO INTERINSTITUCIONAL DO PIBID-UERGS/2º ENCONTRO INSTITUCIONAL DO PIBIDUERGS/2º SEMINÁRIO ARTE E EDUCAÇÃO NA UERGS
14, 15, 16 de março de 2013 – MONTENEGRO/RS
(1983), toda a emoção se nutre do efeito que causa no outro, visto que a
emoção produz reação no ambiente.
Quanto mais o aluno demonstrar afeto e sentir-se bem nesta
demonstração, mais será encorajado a praticá-la, porque quanto mais
sentimental, melhor será sua capacidade de compreender a si mesmo. Para
lidar melhor com a situação externa, a dança propicia que se conheça o
sentimento interno. O objetivo é conduzir para uma saúde emocional, já que a
emoção é contagiante e proporciona uma experiência que se dilui com
qualquer bloqueio que a função principal da personalidade possa ofertar como
resistência de permeabilidade ao exercício de sentir e analisar o que sente.
Também, se fortalece com a sua singularidade, ainda que haja um
sentimento forte de ligação para com os demais alunos, confirmando sua
participação no grupo e eliminando o sentimento de solidão que, por vezes, é
presente em sua vida. O aluno vivencia uma experiência singular e individual,
com possibilidade de externar seu sentimento. Mas, também é uma experiência
grupal, uma vez que escuta a mesma música e está exposta a mesma
proposta de gesto e ritmo, estabelecendo uma sintonia afetiva que produz uma
coesão de grupo.
A dança invade o ser humano e ultrapassa a diversidade social, na
garantia que o potencial de habilidade se fixe e auxilie na obtenção da
expressão do corpo, bem como da sintonia com a música, produzindo certa
catarse, pois permite que o aluno sinta o que está guardado e se envolva numa
proposta de terapia, a terapia da dança, já referida por Fux (2012).
No laboratório de dança, local em que o profissional de dança observa
o comportamento psicomotor de sua aluna, na intenção de capturar um
sentimento de tensão e inquietude da mesma. A proposta é reverter essa ou
qualquer outra situação psicossomática vista em seu movimento, posto que
perceba um ambiente de escuta em que pode evocar seu ato consciente e
inconsciente. Cada reação comportamental é rica para análise, ainda mais que
o indivíduo que faz dança é um elemento social frágil em seu emocional.
É importante que o professor de dança estabeleça um canal de
comunicação que se utiliza do conteúdo programático estabelecido pelo aluno,
ou seja, seu movimento genuíno. O foco é instigar todo e qualquer valor
1º ENCONTRO INTERINSTITUCIONAL DO PIBID-UERGS/2º ENCONTRO INSTITUCIONAL DO PIBIDUERGS/2º SEMINÁRIO ARTE E EDUCAÇÃO NA UERGS
14, 15, 16 de março de 2013 – MONTENEGRO/RS
humano necessário para evocar o melhor sentimento interno possível, de modo
que essa metodologia proposta tenha por objetivo estruturar a opinião própria
do aluno e, de modo verdadeiro, afastar a necessidade da existência do dito
“talento” para dançar.
Uma Mulher Potencializada
A primeira mudança na mulher que dança e que vence as cargas
emocionais que antes determinavam a sua proposta de dança é visível na
construção de sua forma de pronunciar as palavras. Este é um importante
elemento de análise da mecânica de palato bucal, responsável por qualificar
toda a intensidade vocálica. A palavra falada é de suma importância no
processo de fixação de uma imagem sonora (movimento relacionado ao som) e
que também está interligada à imagem motora do aluno (cinesiologia).
O detalhe é que a memória episódica, a implícita de representação
percentual e a de procedimento, capturam fragmentos de lembrança sonora e
visual que se congruem e trocam informações preciosas para a concepção de
um ato motor pensado, elemento que faltou no caso daquela aluna que não
lembrou da canção tão conhecida, como no exemplo da canção “Kiss me
quick”, Elvis Presley.
Ao iniciar uma aula, a memória explícita episódica e a semântica
acionam fragmentos de vivências que evocam o registro de tudo que acontece
no dia a dia do indivíduo, inclusive uma aula de dança ocorrida na semana
anterior, por exemplo. Todo aluno possui uma capacidade única de resgatar
cada fragmento de lembrança da memória episódica, de modo que o estudo da
cinesiologia da dança se ocupa em explorar esse potencial de resgate. A
expressão do corpo é um conjunto de emoções que ajudam a formatar a
identidade emocional do indivíduo. Assim, cabe ao professor de dança
encontrar meios de fazer essa informação ser guardada através de um
processo que visa repetir, fixar, reter, consolidar, aprender e tornar sentimento
uma vivência.
O processo de optar por um movimento é um processo de constante
mudança de decisão em plena ação, fato que se concretiza quando se avalia o
1º ENCONTRO INTERINSTITUCIONAL DO PIBID-UERGS/2º ENCONTRO INSTITUCIONAL DO PIBIDUERGS/2º SEMINÁRIO ARTE E EDUCAÇÃO NA UERGS
14, 15, 16 de março de 2013 – MONTENEGRO/RS
desempenho cinesiológico da dança de forma separada. Durante o ato
psicomotor, a sustentação do mesmo só ocorre através da intervenção do
cerebelo, o qual garante que o movimento se perpetue, ou cesse.
O cerebelo ajuda a consolidar uma propriedade aprendida, fruto da
ação da memória implícita de representação percentual, perante a proposta de
evocar com determinada lembrança. Durante um laboratório de dança
evidencia-se a importância de cada área solicitada pelo corpo, forçando-nos a
executar, sempre que possível, uma avaliação cinesiológica. Dentre estas
avaliações, encontram-se: a flexão da caixa torácica da praticante; a contração
abdominal; a flexão plantar ao envolver os posteriores de perna; a elevação do
braço ao envolver o deltóide acromial; a cintura escapular ao envolver os
rombóides. As técnicas de dança exigem a explosão muscular de vários grupos
musculares durante considerável tempo de atividade.
A salsa e o samba, por exemplo, exige uma espécie de “agonia” de
quadríceps e posteriores de perna, assim como a dança flamenca trabalha
anteriores de perna que ocasionam leve dorsiflexão. É no laboratório que o
educador capta resquícios inatos de uma habilidade dormente, os quais
permitirão traçar uma diretriz que corresponde à singularidade do indivíduo. É
na academia de ginástica que a aluna mudará suas concepções e irá absorver
uma vivência singular. Tal atitude tem como reflexo um ser humano pronto para
suprimir com o imediatismo que a sociedade impõe através de diversões e
distrações que só nos fazem andar em círculos e por conseqüência interrompe
com o exercício de livre-pensador.
Assim, a dança psicossomática faz o registro de cada fragmento do
aluno e capacita-o para um exercício mais efetivo de sua corporeidade, visto
que ninguém gosta de se considerar inabilitado ou inapto.
Metodologia e Resultados da Pesquisa
A presente investigação partiu do referencial teórico apresentado
anteriormente, bem como dos seguintes questionamentos: Quem é a mulher
que sai de sua casa, muitas vezes sem saber o que é dança, ou, com uma
1º ENCONTRO INTERINSTITUCIONAL DO PIBID-UERGS/2º ENCONTRO INSTITUCIONAL DO PIBIDUERGS/2º SEMINÁRIO ARTE E EDUCAÇÃO NA UERGS
14, 15, 16 de março de 2013 – MONTENEGRO/RS
imagem oriunda da mídia da mesma? Quem é o profissional que irá
desenvolver as atividades de dança com as mulheres que recorrem à dança?
Assim, a pesquisa pretendeu evidenciar a atitude de dança da mulher
urbana, mergulhada num processo de globalização que ignora a sua
necessidade de escuta emocional.
A metodologia utilizada foi a abordagem qualiquantitativa, sendo um
estudo longitudinal, desenvolvido ao longo de cinco anos, com mulheres
frequentadoras de academias na grande Porto Alegre. A etapa inicial
configurou-e qualitativa, e a final, quantitativa.
O primeiro procedimento de coleta de dados, qualitativo, foi baseado
na observação das participantes das aulas, sendo anotadas suas reações
diante das propostas de atividades corporais. Dentre os dados obtidos,
observou-se que as participantes:
•

não reagem à música;

•

desconhecem o intérprete das canções;

•

evitam cantar juntamente com a prática da dança;

•

perdem o foco durante a dança;

•

são reticentes quanto ao toque durante as práticas de dança;

•

ficam impacientes.

Em uma segunda etapa, o procedimento foi quantitativo, sendo
anotados os dados com participantes da grande Porto Alegre quanto às
propostas mencionadas anteriormente, bem como registrando as respostas
originadas dos estímulos oferecidos.
Tabela do Número de Participantes Investigadas na Grande Porto Alegre
Cidades
Campo Bom
Canoas
Dois Irmãos
Estância Velha
Esteio
Ivoti
Novo Hamburgo
Porto Alegre
São Leopoldo
Sapucaia

2009
23
35
21
20
25
25
80
56
35
12

2010
30
68
20
15
35
32
125
108
49
20

2011
41
71
31
28
35
32
120
145
48
23

2012
80
90
66
44
40
50
161
210
66
34

1º ENCONTRO INTERINSTITUCIONAL DO PIBID-UERGS/2º ENCONTRO INSTITUCIONAL DO PIBIDUERGS/2º SEMINÁRIO ARTE E EDUCAÇÃO NA UERGS
14, 15, 16 de março de 2013 – MONTENEGRO/RS
Nota-se no quadro acima, que nas regiões distantes da Metrópole ocorre
uma visão comportamental diferenciada em relação à dança, visto que poucas
mulheres se permitem experimetar uma mudança de habitos, pois estão
fortemente precionadas por um cotidiano doméstico que lhes priva de conhecer
outras pessoas e a si própria.
Tabela do Número de Participantes que desistiram
Cidades
Campo Bom
Canoas
Dois Irmãos
Estância Velha
Esteio
Ivoti
Novo Hamburgo
Porto Alegre
São Leopoldo
Sapucaia

2009
10
15
08
08
02
11
23
12
11
05

2010
11
12
11
01
05
06
30
19
09
10

2011
15
25
10
10
08
17
33
31
10
12

2012
32
21
21
11
10
10
25
26
16
17

O quadro acima reflete a situação de mulheres que acabam desistindo da
dança, pressionadas por frases do meio familiar, tais como: “O que você quer
fazendo dança nessa idade?”, ou ainda, “Você quer perder peso? É só parar de
comer tanto!”, que refletem o grau de desampro que as mesmas sofrem.
Tabela do Número de Participantes que Persistiram
Cidades
Campo Bom
Canoas
Dois Irmãos
Estância Velha
Esteio
Ivoti
Novo Hamburgo
Porto Alegre
São Leopoldo
Sapucaia

2009
08
11
08
04
10
05
34
27
12
03

2010
06
26
05
03
18
12
49
39
21
06

2011
04
29
11
08
19
11
57
73
25
16

2012
13
39
22
14
27
20
71
89
36
19

Este quadro apresenta dados das mulheres que conseguiram perceber a
importância da dança, de modo que não desistiram, mesmo com as barreiras
sociofamiliares, se mantiveram praticantes em dilogar consigo e com a sociedade
1º ENCONTRO INTERINSTITUCIONAL DO PIBID-UERGS/2º ENCONTRO INSTITUCIONAL DO PIBIDUERGS/2º SEMINÁRIO ARTE E EDUCAÇÃO NA UERGS
14, 15, 16 de março de 2013 – MONTENEGRO/RS
através do corpo, estando em sintonia com o que Fux (2001) explica ser a dança
terapêutica.
Considerações Finais
A pesquisa, que se encontra em sua fase final, descreve uma mulher
que tem dificuldade de dançar e que apresenta barreiras emocionais que a
impedem de iniciar, organizar, manter ou alterar gestos. Sua condição
sedentária, somada a uma vivência psicomotora inconsistente na escola,
contribuem para a concepção de dança psicossomática.
A pesquisa alerta à importância de um plano de aula de dança artísticopedagógica que atenda a diversidade cultural, com foco na construção
emocional da praticante. Potencializar a psicomotricidade é minimizar com os
efeitos emocionais, como alertava Le Boulch, (1982). Dançar com propriedade
de movimento é fruto de vivência fixada, retida e consolidada, à medida que
aumenta a velocidade de transmissão do impulso nervoso, bem como se
intensifica com o grau de comportamento psicomotor, resultando em
plasticidade.
A dança intensifica a plasticidade a cada nova atividade cerebral fixada,
pois, fornece infinitas possibilidades de modificar sua estrutura neural original,
à medida que cria inúmeras novas rotas neurais para o mesmo elemento fixado
e que caracterizam a sua plasticidade. A dança se converte em atividade de
significativo grau intelectivo, pois condensa uma multiplicidade de informações
do ser humano, de maneira que o principal detalhe reside no fato que a
qualquer instante a intelecção pode ser acessada pelo indivíduo que
potencializa a sua capacidade de evocar fragmentos memoriais.
Entende-se que a dança constrói um indivíduo seguro, decidido,
convicto e focado em fazer algo, indiferente de sua personalidade, pois,
gradativamente, a dança lhe faz perceber que ações e construções devem ser
feitas, mesmo que sob pressão, o ser humano é um palco de decisões que não
gosta e não quer fazer, mas, infelizmente, precisa. Há quem diga que nossa
virtude como espécie animal racional não é pensar, mas, construir lastro
psicológico que possibilite decidir no que pensar e com isso estabelecer
mudanças.
1º ENCONTRO INTERINSTITUCIONAL DO PIBID-UERGS/2º ENCONTRO INSTITUCIONAL DO PIBIDUERGS/2º SEMINÁRIO ARTE E EDUCAÇÃO NA UERGS
14, 15, 16 de março de 2013 – MONTENEGRO/RS
A dança permite que o indivíduo se separe dele mesmo, um processo
muito investigado pela Educação Somática nos seus mais divergentes teóricos.
Através de exercícios de alongamento e conscientização corporal objetiva
reeducar os hábitos psicomotores do cotidiano funcional e que são danosos à
população. A dança flutua por águas muito próximas da educação somática e
investiga com êxito as propriedades que substanciam a mudança de
sensações, as inteligências emocionais e demais elementos que permitem ao
indivíduo que se autoavalie e experimente tatear seus sentimentos.
A dança, por fim, permite uma espécie de educação somática que leva
à mudança psicológica e permite ao aluno compreender circunstâncias
externas que conflitam com internas. Situações que antes atormentavam e
causavam certo desconforto, mas que, agora, podem ser enfrentadas e
diluídas.

1º ENCONTRO INTERINSTITUCIONAL DO PIBID-UERGS/2º ENCONTRO INSTITUCIONAL DO PIBIDUERGS/2º SEMINÁRIO ARTE E EDUCAÇÃO NA UERGS
14, 15, 16 de março de 2013 – MONTENEGRO/RS
Referências
DANTAS, Heloysa. A infância da razão: uma introdução à psicologia da
inteligência de Henri Wallon. São Paulo: Manole, 1990.
FUX, María. Dançaterapia. Disponível em: <http://www.Dancaterapiadmt.Com.Br/depoimentos.Htm acessado em 11/09/2012.
____. Dançaterapia. Traduzido por: Beatriz A. Cannabrava. 3.ed. São Paulo:
Summus, 1988.
GARAUDY, Roger. Dançar a vida. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980.
IZQUIERDO, Ivan. Memória. Porto Alegre: Editora Artmed, 2002.
JUNG, Carl Gustav. O homem à descoberta de sua alma. Porto: Editora
Tavares Martins,1975.
LE BOULCH. Educação psicomotora. Porto Alegre: Artes Médicas, 1982
Tradução: Jeni Wolff.

1º ENCONTRO INTERINSTITUCIONAL DO PIBID-UERGS/2º ENCONTRO INSTITUCIONAL DO PIBIDUERGS/2º SEMINÁRIO ARTE E EDUCAÇÃO NA UERGS
14, 15, 16 de março de 2013 – MONTENEGRO/RS

More Related Content

Viewers also liked

mi libro favorito_alba
mi libro favorito_albami libro favorito_alba
mi libro favorito_albaeteacher39
 
Socialización rica del Proyecto Experimentos en Primaria
Socialización rica del Proyecto Experimentos en PrimariaSocialización rica del Proyecto Experimentos en Primaria
Socialización rica del Proyecto Experimentos en PrimariaMari Santos Pliego Mercado
 
Jesús Jarque-39-mis-10-juguetes-recomendados
Jesús Jarque-39-mis-10-juguetes-recomendadosJesús Jarque-39-mis-10-juguetes-recomendados
Jesús Jarque-39-mis-10-juguetes-recomendadosralvarezredondo
 
Febem E A Psicoterapia
Febem E A PsicoterapiaFebem E A Psicoterapia
Febem E A PsicoterapiaZé Moleza
 
El Blog, punto de encuentro lector
El Blog, punto de encuentro lectorEl Blog, punto de encuentro lector
El Blog, punto de encuentro lectormariajesusmusica
 
45 ideas para el uso del móvil en el aula. CeDeC
45 ideas para el uso del móvil en el aula. CeDeC45 ideas para el uso del móvil en el aula. CeDeC
45 ideas para el uso del móvil en el aula. CeDeCCEDEC
 
Herramientas 2.0 para todos los públicos
Herramientas 2.0 para todos los públicosHerramientas 2.0 para todos los públicos
Herramientas 2.0 para todos los públicosmariajesusmusica
 
¿Qué aprendemos en clase de música?
¿Qué aprendemos en clase de música?¿Qué aprendemos en clase de música?
¿Qué aprendemos en clase de música?mariajesusmusica
 

Viewers also liked (12)

Meu corpo o caminho
Meu corpo   o caminhoMeu corpo   o caminho
Meu corpo o caminho
 
mi libro favorito_alba
mi libro favorito_albami libro favorito_alba
mi libro favorito_alba
 
Socialización rica del Proyecto Experimentos en Primaria
Socialización rica del Proyecto Experimentos en PrimariaSocialización rica del Proyecto Experimentos en Primaria
Socialización rica del Proyecto Experimentos en Primaria
 
Jesús Jarque-39-mis-10-juguetes-recomendados
Jesús Jarque-39-mis-10-juguetes-recomendadosJesús Jarque-39-mis-10-juguetes-recomendados
Jesús Jarque-39-mis-10-juguetes-recomendados
 
Febem E A Psicoterapia
Febem E A PsicoterapiaFebem E A Psicoterapia
Febem E A Psicoterapia
 
El Blog, punto de encuentro lector
El Blog, punto de encuentro lectorEl Blog, punto de encuentro lector
El Blog, punto de encuentro lector
 
45 ideas para el uso del móvil en el aula. CeDeC
45 ideas para el uso del móvil en el aula. CeDeC45 ideas para el uso del móvil en el aula. CeDeC
45 ideas para el uso del móvil en el aula. CeDeC
 
Prensa digital
Prensa digitalPrensa digital
Prensa digital
 
Clase música20
Clase música20Clase música20
Clase música20
 
Herramientas 2.0 para todos los públicos
Herramientas 2.0 para todos los públicosHerramientas 2.0 para todos los públicos
Herramientas 2.0 para todos los públicos
 
Aprendizaje musical TIC
Aprendizaje musical TICAprendizaje musical TIC
Aprendizaje musical TIC
 
¿Qué aprendemos en clase de música?
¿Qué aprendemos en clase de música?¿Qué aprendemos en clase de música?
¿Qué aprendemos en clase de música?
 

Similar to A dança psicossomática

A criança e a dança na educaçao infantil
A criança e a dança na educaçao infantilA criança e a dança na educaçao infantil
A criança e a dança na educaçao infantilMaria Teixeira
 
Educação musical e pne
Educação musical e pneEducação musical e pne
Educação musical e pnePatricia Bampi
 
Dança na escola expressão pelo movimento
Dança na escola expressão pelo movimentoDança na escola expressão pelo movimento
Dança na escola expressão pelo movimentoMarleila Barros
 
Dança também é atividade física
Dança também é atividade físicaDança também é atividade física
Dança também é atividade físicasolangejazz
 
Ante_projeto_de_pesquisa_sobre_Fragmentos_de_Sonhos.pdf
Ante_projeto_de_pesquisa_sobre_Fragmentos_de_Sonhos.pdfAnte_projeto_de_pesquisa_sobre_Fragmentos_de_Sonhos.pdf
Ante_projeto_de_pesquisa_sobre_Fragmentos_de_Sonhos.pdfContemplo Cia de Dança
 
EducaçãO Musical X Musicoterapia Http
EducaçãO Musical X Musicoterapia HttpEducaçãO Musical X Musicoterapia Http
EducaçãO Musical X Musicoterapia HttpHOME
 
Aspectos cognitivos e invenção na improvisação teatral e sua influência na cr...
Aspectos cognitivos e invenção na improvisação teatral e sua influência na cr...Aspectos cognitivos e invenção na improvisação teatral e sua influência na cr...
Aspectos cognitivos e invenção na improvisação teatral e sua influência na cr...marianamuniz32
 
Poesia em movimento. Aula prática de Dança
Poesia em movimento. Aula prática de DançaPoesia em movimento. Aula prática de Dança
Poesia em movimento. Aula prática de DançaSeduc MT
 
07 06 12_teatro_do_oprimido_e_teatro-educacao_construindo_caminhos_na
07 06 12_teatro_do_oprimido_e_teatro-educacao_construindo_caminhos_na07 06 12_teatro_do_oprimido_e_teatro-educacao_construindo_caminhos_na
07 06 12_teatro_do_oprimido_e_teatro-educacao_construindo_caminhos_naMarly Rodrigues
 
Atividades, projetos e sequências didáticas projeto música e movimento na ed...
Atividades, projetos e sequências didáticas  projeto música e movimento na ed...Atividades, projetos e sequências didáticas  projeto música e movimento na ed...
Atividades, projetos e sequências didáticas projeto música e movimento na ed...Arnaldo Alves
 

Similar to A dança psicossomática (20)

A dança falada
A dança faladaA dança falada
A dança falada
 
A criança e a dança na educaçao infantil
A criança e a dança na educaçao infantilA criança e a dança na educaçao infantil
A criança e a dança na educaçao infantil
 
A dança falada
A dança faladaA dança falada
A dança falada
 
Educação musical e pne
Educação musical e pneEducação musical e pne
Educação musical e pne
 
Dança na escola expressão pelo movimento
Dança na escola expressão pelo movimentoDança na escola expressão pelo movimento
Dança na escola expressão pelo movimento
 
Artigo improvisação
Artigo improvisaçãoArtigo improvisação
Artigo improvisação
 
Dança também é atividade física
Dança também é atividade físicaDança também é atividade física
Dança também é atividade física
 
Dança 10 08
Dança 10 08Dança 10 08
Dança 10 08
 
A dança 4ª etp.docx
A dança 4ª etp.docxA dança 4ª etp.docx
A dança 4ª etp.docx
 
Projeto de Dança de Salão
Projeto de Dança de SalãoProjeto de Dança de Salão
Projeto de Dança de Salão
 
O corpo na educação
O corpo na educaçãoO corpo na educação
O corpo na educação
 
Ante_projeto_de_pesquisa_sobre_Fragmentos_de_Sonhos.pdf
Ante_projeto_de_pesquisa_sobre_Fragmentos_de_Sonhos.pdfAnte_projeto_de_pesquisa_sobre_Fragmentos_de_Sonhos.pdf
Ante_projeto_de_pesquisa_sobre_Fragmentos_de_Sonhos.pdf
 
EducaçãO Musical X Musicoterapia Http
EducaçãO Musical X Musicoterapia HttpEducaçãO Musical X Musicoterapia Http
EducaçãO Musical X Musicoterapia Http
 
Os benefícios-da-dança-na-promoção-da-saúde-
Os benefícios-da-dança-na-promoção-da-saúde-Os benefícios-da-dança-na-promoção-da-saúde-
Os benefícios-da-dança-na-promoção-da-saúde-
 
A importancia da musica
A importancia da musicaA importancia da musica
A importancia da musica
 
Aspectos cognitivos e invenção na improvisação teatral e sua influência na cr...
Aspectos cognitivos e invenção na improvisação teatral e sua influência na cr...Aspectos cognitivos e invenção na improvisação teatral e sua influência na cr...
Aspectos cognitivos e invenção na improvisação teatral e sua influência na cr...
 
Poesia em movimento. Aula prática de Dança
Poesia em movimento. Aula prática de DançaPoesia em movimento. Aula prática de Dança
Poesia em movimento. Aula prática de Dança
 
Monografia Cícero Pedagogia 2010
Monografia Cícero Pedagogia 2010Monografia Cícero Pedagogia 2010
Monografia Cícero Pedagogia 2010
 
07 06 12_teatro_do_oprimido_e_teatro-educacao_construindo_caminhos_na
07 06 12_teatro_do_oprimido_e_teatro-educacao_construindo_caminhos_na07 06 12_teatro_do_oprimido_e_teatro-educacao_construindo_caminhos_na
07 06 12_teatro_do_oprimido_e_teatro-educacao_construindo_caminhos_na
 
Atividades, projetos e sequências didáticas projeto música e movimento na ed...
Atividades, projetos e sequências didáticas  projeto música e movimento na ed...Atividades, projetos e sequências didáticas  projeto música e movimento na ed...
Atividades, projetos e sequências didáticas projeto música e movimento na ed...
 

More from pibiduergsmontenegro

Projeto a arte de ler e as práticas relaciondas à literatura, investigações a...
Projeto a arte de ler e as práticas relaciondas à literatura, investigações a...Projeto a arte de ler e as práticas relaciondas à literatura, investigações a...
Projeto a arte de ler e as práticas relaciondas à literatura, investigações a...pibiduergsmontenegro
 
O ensino de música na escola, uma investigação a partir das opiniões de estud...
O ensino de música na escola, uma investigação a partir das opiniões de estud...O ensino de música na escola, uma investigação a partir das opiniões de estud...
O ensino de música na escola, uma investigação a partir das opiniões de estud...pibiduergsmontenegro
 
Diferentes espaços, diferentes interesses, investigando concepçoes de estudan...
Diferentes espaços, diferentes interesses, investigando concepçoes de estudan...Diferentes espaços, diferentes interesses, investigando concepçoes de estudan...
Diferentes espaços, diferentes interesses, investigando concepçoes de estudan...pibiduergsmontenegro
 
Tatiane, elizandra e adriano, resumo siepex 2013
Tatiane, elizandra e adriano, resumo siepex 2013Tatiane, elizandra e adriano, resumo siepex 2013
Tatiane, elizandra e adriano, resumo siepex 2013pibiduergsmontenegro
 
Patrick moraes, resumo siepex 2013
Patrick moraes, resumo siepex 2013Patrick moraes, resumo siepex 2013
Patrick moraes, resumo siepex 2013pibiduergsmontenegro
 
Concepções sobre aulas de música na escola
Concepções sobre aulas de música na escolaConcepções sobre aulas de música na escola
Concepções sobre aulas de música na escolapibiduergsmontenegro
 

More from pibiduergsmontenegro (20)

Projeto a arte de ler e as práticas relaciondas à literatura, investigações a...
Projeto a arte de ler e as práticas relaciondas à literatura, investigações a...Projeto a arte de ler e as práticas relaciondas à literatura, investigações a...
Projeto a arte de ler e as práticas relaciondas à literatura, investigações a...
 
O ensino de música na escola, uma investigação a partir das opiniões de estud...
O ensino de música na escola, uma investigação a partir das opiniões de estud...O ensino de música na escola, uma investigação a partir das opiniões de estud...
O ensino de música na escola, uma investigação a partir das opiniões de estud...
 
Diferentes espaços, diferentes interesses, investigando concepçoes de estudan...
Diferentes espaços, diferentes interesses, investigando concepçoes de estudan...Diferentes espaços, diferentes interesses, investigando concepçoes de estudan...
Diferentes espaços, diferentes interesses, investigando concepçoes de estudan...
 
Thais, resumo siepex 2013
Thais, resumo siepex 2013Thais, resumo siepex 2013
Thais, resumo siepex 2013
 
Tatiane, elizandra e adriano, resumo siepex 2013
Tatiane, elizandra e adriano, resumo siepex 2013Tatiane, elizandra e adriano, resumo siepex 2013
Tatiane, elizandra e adriano, resumo siepex 2013
 
Sophia, resumo siepex 2013
Sophia, resumo siepex 2013Sophia, resumo siepex 2013
Sophia, resumo siepex 2013
 
Paulo, resumo siepex 2013
Paulo, resumo siepex 2013Paulo, resumo siepex 2013
Paulo, resumo siepex 2013
 
Patrick moraes, resumo siepex 2013
Patrick moraes, resumo siepex 2013Patrick moraes, resumo siepex 2013
Patrick moraes, resumo siepex 2013
 
Patrick costa, resumo siepex 2013
Patrick costa, resumo siepex 2013Patrick costa, resumo siepex 2013
Patrick costa, resumo siepex 2013
 
Norildo, resumo siepex 2013
Norildo, resumo siepex 2013Norildo, resumo siepex 2013
Norildo, resumo siepex 2013
 
Mariliane, resumo siepex 2013
Mariliane, resumo siepex 2013Mariliane, resumo siepex 2013
Mariliane, resumo siepex 2013
 
Lucas, resumo siepex 2013
Lucas, resumo siepex 2013Lucas, resumo siepex 2013
Lucas, resumo siepex 2013
 
Guilherme, resumo siepex 2013
Guilherme, resumo siepex 2013Guilherme, resumo siepex 2013
Guilherme, resumo siepex 2013
 
Andreia, resumo siepex 2013
Andreia, resumo siepex 2013Andreia, resumo siepex 2013
Andreia, resumo siepex 2013
 
Alexandra, resumo siepex 2013
Alexandra, resumo siepex 2013Alexandra, resumo siepex 2013
Alexandra, resumo siepex 2013
 
Poster virtual sophia feevale
Poster virtual sophia feevalePoster virtual sophia feevale
Poster virtual sophia feevale
 
Poster virtual mariliane feevale
Poster virtual mariliane feevalePoster virtual mariliane feevale
Poster virtual mariliane feevale
 
Poster virtual lucas feevale
Poster virtual lucas feevalePoster virtual lucas feevale
Poster virtual lucas feevale
 
Pôster sophia, ufrgs, 2013
Pôster sophia, ufrgs, 2013Pôster sophia, ufrgs, 2013
Pôster sophia, ufrgs, 2013
 
Concepções sobre aulas de música na escola
Concepções sobre aulas de música na escolaConcepções sobre aulas de música na escola
Concepções sobre aulas de música na escola
 

A dança psicossomática

  • 1. A Dança Psicossomática Alex Sandro Gonzaga (PIBID/CAPES/UERGS) Orientadora: Profª Drª Cristina Rolim Wolffenbüttel (PIBID/CAPES/UERGS) Resumo: A pesquisa investiga o comportamento psicomotor de mulheres sedentárias procurando identificar quais elementos podem caracterizar algumas dificuldades expressas por estas mulheres, relativas a habilidades como cantar, fazer gestos e interpretar durante as aulas de dança. Em um momento inicial da pesquisa houve um estranhamento por parte do investigador diante destas visíveis inabilidades, considerando-se que estas mulheres viveram intensamente uma época marcada por alguns cantores muito populares e, no entanto, no momento da prática da dança, as mesmas não conseguirem externar vocal ou corporalmente as canções tão popularizadas e vividas pelas mulheres. A metodologia utilizada foi a abordagem qualiquantitativa, sendo um estudo longitudinal, desenvolvido ao longo de cinco anos, com mulheres frequentadoras de academias na grande Porto Alegre. A etapa inicial configurou-e qualitativa, e a final, quantitativa. O referencial teórico incluiu autores que tratam da dança psicossomática. Com base nos teóricos, a dança psicossomática se define como um processo de corpo influenciado pelo estado emocional. Palavra-chave: dança psicossomática, mulher, psicossomático. A Dança Psicossomática Existem duas realidades distintas com que se depara o profissional de dança. O início do processo de desenvolvimento do corpo para dança das crianças, ou o início do processo de redescoberta do corpo por parte do adulto. Esse passo, que poderíamos considerar corajoso, exige que o praticante deixe seus preconceitos e, gradativamente, imbua-se de suas próprias resoluções de vida, porém, alteradas. A dança psicossomática, nesta perspectiva, pode servir somo orientação de propostas de como, onde e quando atingir o aluno, de forma a conduzi-lo a rever suas atitudes para com seu próprio corpo. É por esse motivo que o profissional de dança está sempre atento à faixa etária das praticantes, para que possa trazer músicas e fazer arranjos que possam de alguma forma tocá-las, possibilitando esta exposição gradativa, saindo de um certo ostracismo que é muito prejudicial. 1º ENCONTRO INTERINSTITUCIONAL DO PIBID-UERGS/2º ENCONTRO INSTITUCIONAL DO PIBIDUERGS/2º SEMINÁRIO ARTE E EDUCAÇÃO NA UERGS 14, 15, 16 de março de 2013 – MONTENEGRO/RS
  • 2. A dança psicossomática auxilia a detectar o desenvolvimento ou não do processo de inteligência emocional, bem como possibilita o diagnóstico das participantes, no que diz respeito às personalidades. Desse modo, esta investigação utiliza-se das teorias de Jung (1995), Wallon (apud DANTAS, 1983) e, principalmente, Izquierdo (2002). Particularmente em se tratando de Izquierdo (2002), a dança atua nos processos de memória implícita e explícita, como no caso de uma participante de aula de dança que viveu a Era do Rock in Roll 1 e, no entanto, mostrou-se incapaz de evocar a letra da música “Kiss me Quick” 2, bem como organizar um movimento de quadril que lembrasse a dança da época. Assim, ao tratar de dança psicossomática, fala-se de um processo de dança que investiga fragmentos de memória da praticante, permitindo-lhe recordar de ações que não tiveram sentido na época, mas que, de alguma forma, e por algum motivo, foram retidas, fixadas e consolidadas, bastando evocá-las, sendo esse um dos papéis da dança psicossomática. O Comportamento da Praticante A pesquisa objetiva observar, descrever e analisar o movimento de dança da mulher sedentária, através de seu comportamento psicomotor, relevando seu histórico de vida, assim como a influência direta e indireta da não vivência de dança na escola. A concepção de dança psicossomática fundamenta-se em Garaudy (1980) e Fux (2012). Para Garaudy (1980), a linguagem corporal é importante no processo de aprendizagem. Para o autor “dançar é vivenciar e exprimir, com o máximo de intensidade, a relação do homem com a natureza, com a sociedade, com o futuro e com seus deuses” (p.14). Além disso, o autor explica que a “dança não é apenas uma arte, mas um modo de viver”. Para a pessoa que “dança é um modo de existir”, sendo “um modo total de viver o mundo” (p.13). 1 O rock and roll (conhecido como rock'n'roll) foi um estilo musical surgido nos Estados Unidos no final dos anos de 1940 e início dos anos 1950, com raízes na música country, blues, R&B e música gospel e, rapidamente, se espalhou para o resto do mundo. 2 Esta canção, popularizada por Elvis Presley, data de 1975. 1º ENCONTRO INTERINSTITUCIONAL DO PIBID-UERGS/2º ENCONTRO INSTITUCIONAL DO PIBIDUERGS/2º SEMINÁRIO ARTE E EDUCAÇÃO NA UERGS 14, 15, 16 de março de 2013 – MONTENEGRO/RS
  • 3. Fux (2012), outra autora que fundamenta esta investigação (2012), trata da “dançaterapia”. Para a autora, após a absorção do processo da dança, a aula passa a ser um momento de reflexão para a praticante. De acordo com a autora, a dança um uma espécie de reconhecimento para quem a pratica. Dançando de dentro para fora e reconhecendo-nos através de nossos corpos, sentimo-nos melhor. Primeiro nos aceitamos e depois aos outros. A dançaterapia é um caminho aberto para a integração total, já que o corpo assim estimulado faz aparecer áreas adormecidas que nos transformam; ao expressá-las, representamos nosso mundo oculto e nos sentimos melhor. (FUX, 1998, p.23). Do mesmo modo, Fux (1998) explica que: Viver compreendendo que devemos conhecer nossos limites para ir deslocando-os, para que se organizem, e com nossos não posso ir ao encontro dos sim, posso que surgem em nós quando nos enfrentamos com alguém que necessita de nossa experiência no movimento. (FUX, 1998, p.98). É importante frisar que a manifestação de dança psicossomática, foco desta pesquisa, pode ser detectada quando se percebe alguns fatores impeditivos no processo de psicomotricidade da aluna. Dentre estes, vale citar a significativa dificuldade de executar uma cinesiologia de deslocamento com características como: pisar com a ponta do pé estendida, planta flexão; realizar ambulação com a planta flexão; pé evertido durante o deslocamento lateral; leve ângulo de elevação do calcanhar; abduzir quadril na direção da eversão do pé; aduzir cintura escapular para ver o quadril lançado; abdução de braços auxilia no equilíbrio do corpo; campo visual focado na projeção de seu pé e quadril. Além disso, um deslocamento com recuo, também se constitui dificuldade momentânea para a aluna iniciante e que ainda se bloqueia para propostas do corpo, como: não olhar para trás; manter com a cabeça à altura dos ombros; dar largas passadas para trás; passadas devem ser cruzadas; não flexionar a caixa torácica e mantenha-a ereta. Segundo Wallon apud Dantas 1º ENCONTRO INTERINSTITUCIONAL DO PIBID-UERGS/2º ENCONTRO INSTITUCIONAL DO PIBIDUERGS/2º SEMINÁRIO ARTE E EDUCAÇÃO NA UERGS 14, 15, 16 de março de 2013 – MONTENEGRO/RS
  • 4. (1983), toda a emoção se nutre do efeito que causa no outro, visto que a emoção produz reação no ambiente. Quanto mais o aluno demonstrar afeto e sentir-se bem nesta demonstração, mais será encorajado a praticá-la, porque quanto mais sentimental, melhor será sua capacidade de compreender a si mesmo. Para lidar melhor com a situação externa, a dança propicia que se conheça o sentimento interno. O objetivo é conduzir para uma saúde emocional, já que a emoção é contagiante e proporciona uma experiência que se dilui com qualquer bloqueio que a função principal da personalidade possa ofertar como resistência de permeabilidade ao exercício de sentir e analisar o que sente. Também, se fortalece com a sua singularidade, ainda que haja um sentimento forte de ligação para com os demais alunos, confirmando sua participação no grupo e eliminando o sentimento de solidão que, por vezes, é presente em sua vida. O aluno vivencia uma experiência singular e individual, com possibilidade de externar seu sentimento. Mas, também é uma experiência grupal, uma vez que escuta a mesma música e está exposta a mesma proposta de gesto e ritmo, estabelecendo uma sintonia afetiva que produz uma coesão de grupo. A dança invade o ser humano e ultrapassa a diversidade social, na garantia que o potencial de habilidade se fixe e auxilie na obtenção da expressão do corpo, bem como da sintonia com a música, produzindo certa catarse, pois permite que o aluno sinta o que está guardado e se envolva numa proposta de terapia, a terapia da dança, já referida por Fux (2012). No laboratório de dança, local em que o profissional de dança observa o comportamento psicomotor de sua aluna, na intenção de capturar um sentimento de tensão e inquietude da mesma. A proposta é reverter essa ou qualquer outra situação psicossomática vista em seu movimento, posto que perceba um ambiente de escuta em que pode evocar seu ato consciente e inconsciente. Cada reação comportamental é rica para análise, ainda mais que o indivíduo que faz dança é um elemento social frágil em seu emocional. É importante que o professor de dança estabeleça um canal de comunicação que se utiliza do conteúdo programático estabelecido pelo aluno, ou seja, seu movimento genuíno. O foco é instigar todo e qualquer valor 1º ENCONTRO INTERINSTITUCIONAL DO PIBID-UERGS/2º ENCONTRO INSTITUCIONAL DO PIBIDUERGS/2º SEMINÁRIO ARTE E EDUCAÇÃO NA UERGS 14, 15, 16 de março de 2013 – MONTENEGRO/RS
  • 5. humano necessário para evocar o melhor sentimento interno possível, de modo que essa metodologia proposta tenha por objetivo estruturar a opinião própria do aluno e, de modo verdadeiro, afastar a necessidade da existência do dito “talento” para dançar. Uma Mulher Potencializada A primeira mudança na mulher que dança e que vence as cargas emocionais que antes determinavam a sua proposta de dança é visível na construção de sua forma de pronunciar as palavras. Este é um importante elemento de análise da mecânica de palato bucal, responsável por qualificar toda a intensidade vocálica. A palavra falada é de suma importância no processo de fixação de uma imagem sonora (movimento relacionado ao som) e que também está interligada à imagem motora do aluno (cinesiologia). O detalhe é que a memória episódica, a implícita de representação percentual e a de procedimento, capturam fragmentos de lembrança sonora e visual que se congruem e trocam informações preciosas para a concepção de um ato motor pensado, elemento que faltou no caso daquela aluna que não lembrou da canção tão conhecida, como no exemplo da canção “Kiss me quick”, Elvis Presley. Ao iniciar uma aula, a memória explícita episódica e a semântica acionam fragmentos de vivências que evocam o registro de tudo que acontece no dia a dia do indivíduo, inclusive uma aula de dança ocorrida na semana anterior, por exemplo. Todo aluno possui uma capacidade única de resgatar cada fragmento de lembrança da memória episódica, de modo que o estudo da cinesiologia da dança se ocupa em explorar esse potencial de resgate. A expressão do corpo é um conjunto de emoções que ajudam a formatar a identidade emocional do indivíduo. Assim, cabe ao professor de dança encontrar meios de fazer essa informação ser guardada através de um processo que visa repetir, fixar, reter, consolidar, aprender e tornar sentimento uma vivência. O processo de optar por um movimento é um processo de constante mudança de decisão em plena ação, fato que se concretiza quando se avalia o 1º ENCONTRO INTERINSTITUCIONAL DO PIBID-UERGS/2º ENCONTRO INSTITUCIONAL DO PIBIDUERGS/2º SEMINÁRIO ARTE E EDUCAÇÃO NA UERGS 14, 15, 16 de março de 2013 – MONTENEGRO/RS
  • 6. desempenho cinesiológico da dança de forma separada. Durante o ato psicomotor, a sustentação do mesmo só ocorre através da intervenção do cerebelo, o qual garante que o movimento se perpetue, ou cesse. O cerebelo ajuda a consolidar uma propriedade aprendida, fruto da ação da memória implícita de representação percentual, perante a proposta de evocar com determinada lembrança. Durante um laboratório de dança evidencia-se a importância de cada área solicitada pelo corpo, forçando-nos a executar, sempre que possível, uma avaliação cinesiológica. Dentre estas avaliações, encontram-se: a flexão da caixa torácica da praticante; a contração abdominal; a flexão plantar ao envolver os posteriores de perna; a elevação do braço ao envolver o deltóide acromial; a cintura escapular ao envolver os rombóides. As técnicas de dança exigem a explosão muscular de vários grupos musculares durante considerável tempo de atividade. A salsa e o samba, por exemplo, exige uma espécie de “agonia” de quadríceps e posteriores de perna, assim como a dança flamenca trabalha anteriores de perna que ocasionam leve dorsiflexão. É no laboratório que o educador capta resquícios inatos de uma habilidade dormente, os quais permitirão traçar uma diretriz que corresponde à singularidade do indivíduo. É na academia de ginástica que a aluna mudará suas concepções e irá absorver uma vivência singular. Tal atitude tem como reflexo um ser humano pronto para suprimir com o imediatismo que a sociedade impõe através de diversões e distrações que só nos fazem andar em círculos e por conseqüência interrompe com o exercício de livre-pensador. Assim, a dança psicossomática faz o registro de cada fragmento do aluno e capacita-o para um exercício mais efetivo de sua corporeidade, visto que ninguém gosta de se considerar inabilitado ou inapto. Metodologia e Resultados da Pesquisa A presente investigação partiu do referencial teórico apresentado anteriormente, bem como dos seguintes questionamentos: Quem é a mulher que sai de sua casa, muitas vezes sem saber o que é dança, ou, com uma 1º ENCONTRO INTERINSTITUCIONAL DO PIBID-UERGS/2º ENCONTRO INSTITUCIONAL DO PIBIDUERGS/2º SEMINÁRIO ARTE E EDUCAÇÃO NA UERGS 14, 15, 16 de março de 2013 – MONTENEGRO/RS
  • 7. imagem oriunda da mídia da mesma? Quem é o profissional que irá desenvolver as atividades de dança com as mulheres que recorrem à dança? Assim, a pesquisa pretendeu evidenciar a atitude de dança da mulher urbana, mergulhada num processo de globalização que ignora a sua necessidade de escuta emocional. A metodologia utilizada foi a abordagem qualiquantitativa, sendo um estudo longitudinal, desenvolvido ao longo de cinco anos, com mulheres frequentadoras de academias na grande Porto Alegre. A etapa inicial configurou-e qualitativa, e a final, quantitativa. O primeiro procedimento de coleta de dados, qualitativo, foi baseado na observação das participantes das aulas, sendo anotadas suas reações diante das propostas de atividades corporais. Dentre os dados obtidos, observou-se que as participantes: • não reagem à música; • desconhecem o intérprete das canções; • evitam cantar juntamente com a prática da dança; • perdem o foco durante a dança; • são reticentes quanto ao toque durante as práticas de dança; • ficam impacientes. Em uma segunda etapa, o procedimento foi quantitativo, sendo anotados os dados com participantes da grande Porto Alegre quanto às propostas mencionadas anteriormente, bem como registrando as respostas originadas dos estímulos oferecidos. Tabela do Número de Participantes Investigadas na Grande Porto Alegre Cidades Campo Bom Canoas Dois Irmãos Estância Velha Esteio Ivoti Novo Hamburgo Porto Alegre São Leopoldo Sapucaia 2009 23 35 21 20 25 25 80 56 35 12 2010 30 68 20 15 35 32 125 108 49 20 2011 41 71 31 28 35 32 120 145 48 23 2012 80 90 66 44 40 50 161 210 66 34 1º ENCONTRO INTERINSTITUCIONAL DO PIBID-UERGS/2º ENCONTRO INSTITUCIONAL DO PIBIDUERGS/2º SEMINÁRIO ARTE E EDUCAÇÃO NA UERGS 14, 15, 16 de março de 2013 – MONTENEGRO/RS
  • 8. Nota-se no quadro acima, que nas regiões distantes da Metrópole ocorre uma visão comportamental diferenciada em relação à dança, visto que poucas mulheres se permitem experimetar uma mudança de habitos, pois estão fortemente precionadas por um cotidiano doméstico que lhes priva de conhecer outras pessoas e a si própria. Tabela do Número de Participantes que desistiram Cidades Campo Bom Canoas Dois Irmãos Estância Velha Esteio Ivoti Novo Hamburgo Porto Alegre São Leopoldo Sapucaia 2009 10 15 08 08 02 11 23 12 11 05 2010 11 12 11 01 05 06 30 19 09 10 2011 15 25 10 10 08 17 33 31 10 12 2012 32 21 21 11 10 10 25 26 16 17 O quadro acima reflete a situação de mulheres que acabam desistindo da dança, pressionadas por frases do meio familiar, tais como: “O que você quer fazendo dança nessa idade?”, ou ainda, “Você quer perder peso? É só parar de comer tanto!”, que refletem o grau de desampro que as mesmas sofrem. Tabela do Número de Participantes que Persistiram Cidades Campo Bom Canoas Dois Irmãos Estância Velha Esteio Ivoti Novo Hamburgo Porto Alegre São Leopoldo Sapucaia 2009 08 11 08 04 10 05 34 27 12 03 2010 06 26 05 03 18 12 49 39 21 06 2011 04 29 11 08 19 11 57 73 25 16 2012 13 39 22 14 27 20 71 89 36 19 Este quadro apresenta dados das mulheres que conseguiram perceber a importância da dança, de modo que não desistiram, mesmo com as barreiras sociofamiliares, se mantiveram praticantes em dilogar consigo e com a sociedade 1º ENCONTRO INTERINSTITUCIONAL DO PIBID-UERGS/2º ENCONTRO INSTITUCIONAL DO PIBIDUERGS/2º SEMINÁRIO ARTE E EDUCAÇÃO NA UERGS 14, 15, 16 de março de 2013 – MONTENEGRO/RS
  • 9. através do corpo, estando em sintonia com o que Fux (2001) explica ser a dança terapêutica. Considerações Finais A pesquisa, que se encontra em sua fase final, descreve uma mulher que tem dificuldade de dançar e que apresenta barreiras emocionais que a impedem de iniciar, organizar, manter ou alterar gestos. Sua condição sedentária, somada a uma vivência psicomotora inconsistente na escola, contribuem para a concepção de dança psicossomática. A pesquisa alerta à importância de um plano de aula de dança artísticopedagógica que atenda a diversidade cultural, com foco na construção emocional da praticante. Potencializar a psicomotricidade é minimizar com os efeitos emocionais, como alertava Le Boulch, (1982). Dançar com propriedade de movimento é fruto de vivência fixada, retida e consolidada, à medida que aumenta a velocidade de transmissão do impulso nervoso, bem como se intensifica com o grau de comportamento psicomotor, resultando em plasticidade. A dança intensifica a plasticidade a cada nova atividade cerebral fixada, pois, fornece infinitas possibilidades de modificar sua estrutura neural original, à medida que cria inúmeras novas rotas neurais para o mesmo elemento fixado e que caracterizam a sua plasticidade. A dança se converte em atividade de significativo grau intelectivo, pois condensa uma multiplicidade de informações do ser humano, de maneira que o principal detalhe reside no fato que a qualquer instante a intelecção pode ser acessada pelo indivíduo que potencializa a sua capacidade de evocar fragmentos memoriais. Entende-se que a dança constrói um indivíduo seguro, decidido, convicto e focado em fazer algo, indiferente de sua personalidade, pois, gradativamente, a dança lhe faz perceber que ações e construções devem ser feitas, mesmo que sob pressão, o ser humano é um palco de decisões que não gosta e não quer fazer, mas, infelizmente, precisa. Há quem diga que nossa virtude como espécie animal racional não é pensar, mas, construir lastro psicológico que possibilite decidir no que pensar e com isso estabelecer mudanças. 1º ENCONTRO INTERINSTITUCIONAL DO PIBID-UERGS/2º ENCONTRO INSTITUCIONAL DO PIBIDUERGS/2º SEMINÁRIO ARTE E EDUCAÇÃO NA UERGS 14, 15, 16 de março de 2013 – MONTENEGRO/RS
  • 10. A dança permite que o indivíduo se separe dele mesmo, um processo muito investigado pela Educação Somática nos seus mais divergentes teóricos. Através de exercícios de alongamento e conscientização corporal objetiva reeducar os hábitos psicomotores do cotidiano funcional e que são danosos à população. A dança flutua por águas muito próximas da educação somática e investiga com êxito as propriedades que substanciam a mudança de sensações, as inteligências emocionais e demais elementos que permitem ao indivíduo que se autoavalie e experimente tatear seus sentimentos. A dança, por fim, permite uma espécie de educação somática que leva à mudança psicológica e permite ao aluno compreender circunstâncias externas que conflitam com internas. Situações que antes atormentavam e causavam certo desconforto, mas que, agora, podem ser enfrentadas e diluídas. 1º ENCONTRO INTERINSTITUCIONAL DO PIBID-UERGS/2º ENCONTRO INSTITUCIONAL DO PIBIDUERGS/2º SEMINÁRIO ARTE E EDUCAÇÃO NA UERGS 14, 15, 16 de março de 2013 – MONTENEGRO/RS
  • 11. Referências DANTAS, Heloysa. A infância da razão: uma introdução à psicologia da inteligência de Henri Wallon. São Paulo: Manole, 1990. FUX, María. Dançaterapia. Disponível em: <http://www.Dancaterapiadmt.Com.Br/depoimentos.Htm acessado em 11/09/2012. ____. Dançaterapia. Traduzido por: Beatriz A. Cannabrava. 3.ed. São Paulo: Summus, 1988. GARAUDY, Roger. Dançar a vida. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980. IZQUIERDO, Ivan. Memória. Porto Alegre: Editora Artmed, 2002. JUNG, Carl Gustav. O homem à descoberta de sua alma. Porto: Editora Tavares Martins,1975. LE BOULCH. Educação psicomotora. Porto Alegre: Artes Médicas, 1982 Tradução: Jeni Wolff. 1º ENCONTRO INTERINSTITUCIONAL DO PIBID-UERGS/2º ENCONTRO INSTITUCIONAL DO PIBIDUERGS/2º SEMINÁRIO ARTE E EDUCAÇÃO NA UERGS 14, 15, 16 de março de 2013 – MONTENEGRO/RS