O documento discute as visões de Mills e Dahl sobre estrutura de poder. Segundo Mills, a elite do poder nos EUA é uma unidade homogênea que toma as principais decisões políticas, enquanto a sociedade é fragmentada. Já Dahl defende uma visão pluralista do poder, com grupos competitivos. Ele também argumenta que empresas podem ser democráticas e critica a noção de elite única de Mills com base em evidências empíricas.
2. Tema da aula
Pluralismo versus elitismo
Wright Mills (1916-
1962)
Robert Dahl (1915 - )
3. Política influencia a administração
Há condicionamentos políticos em
relação à eficácia da burocracia. Está
relacionada à estrutura do poder.
Chave para se compreender a
burocracia: estrutura de poder
com a qual ela se articula.
(Ramos, 1966)
4. Política influencia a administração
A estrutura administrativa está imersa em um
contexto político, social e cultural, e deve-se
reconhecer que ela é um instrumento que não
pode ser separado dos objetivos e
capacidades dos que a utilizam.
A Administração Pública, para funcionar
adequadamente, deve ter suporte político.
Deve ser levado em conta a estrutura de
poder subjacente à nação.
(Ramos, 1966)
5. Mills – Elite do poder
O séc. XX presencia uma mudança no centro de poder.
Até início do séc. XIX: Monopólio da propriedade privada
distinguia as classes sociais.
Séc. XX: capitalismo corporativo -> controle administrativo
produziu novas hierarquias e prestígio baseadas na autoridade
e obediência.
Elite do poder: “círculos políticos, econômicos e militares
que, como um complexo de igrejinhas interligadas,
partilham as decisões de consequências pelo menos
nacionais”. (p. 28)
Reúne: controladores de grandes fortunas, executivos de
sociedades anônimas, altas patentes militares e políticos
influentes.
É uma definição em termos da posição institucional.
6. Mills – Elite do poder
Elite do poder americano é definida como uma
unidade e circunscrito socialmente e
demograficamente.
Para compreender a elite do poder:
1) unidade psicológica e intercâmbio social;
2) acesso a estruturas e a mecânica das hierarquias
institucionais presididas pelo diretório político, pelos
riscos associados e pelos altos militares;
3) a unidade é coordenada.
7. Mills – Elite do poder
“[...] nesta época particular, uma conjunção de
circunstâncias históricas levou ao aparecimento de
uma elite de poder; que os homens dos círculos que
compõem essa elite, isolada e coletivamente,
tomam atualmente as decisões chaves, e que
devido à ampliação e centralização dos meios de
poder existentes, as decisões que tomam ou deixam
de tomar têm maiores consequências para um
número de pessoas maior do que em qualquer outra
época da história mundial da humanidade” (p. 39-
40)
8. Mills – Elite do poder
Sociedade de massas: fragmentada e
impotente
- Não expressam a
vontade dos níveis
inferiores, nem
determinam as
decisões da cúpula.
- Fontes de
distração (universo
do entretenimento)
Nível médio de
poder
Elite do poder:
unificada e poderosa
9. Dahl
Textos:
O que é democracia?
O direito à democracia dentro das empresas
Poliarquia – A teoria: resumo e qualificações
10. Dahl: Democracia
Princípio da igualdade política
Pressuposto: os membros estão todos
igualmente qualificados para participar das
decisões, desde que tenham iguais
oportunidades de aprender sobre as questões
da associação pela investigação, discussão e
deliberação (p. 51).
11. Dahl: O que é democracia?
A democracia proporciona oportunidades efetivas
para:
1. Participação
2. Igualdade de voto
3. Aquisição de entendimento esclarecido (informações
para compreender as questões envolvidas)
4. Exercer o controle do planejamento (influenciar o
programa)
5. Inclusão dos adultos
Quando qualquer das exigências acima é violada, os
membros não serão politicamente iguais.
12. Dahl: democracia dentro das empresas
Problema 1: Vivemos numa
sociedade com pretensões
de um processo democrático
do governo do estado, mas
não exigimos o processo
democrático nas empresas.
Problema 2: Exigências da
administração atual
(competências, meritocracia)
pode entrar em conflito com
exigências da democracia
(igualdade política).
13. Dahl: democracia dentro das empresas
Critérios
políticos
(democracia)
Administração
de empresas
14. Dahl: democracia dentro das empresas
Questão: as empresas autogeridas são mais compatíveis
com os incentivos aos trabalhadores do que as empresas
hierarquicamente dirigidas em, assim, mais eficientes?
A empresa pode ser vista como um sistema político.
Dahl justifica a autogestão política e economicamente.
15. Dahl: Poliarquia
Poliarquia: regime no
qual as oportunidades
de contestação
pública estão
disponíveis para a
maioria da população.
Há disputas de poder
e ampliação da
participação política.
Dependem de sete
conjuntos de
condições
complexas (ver
tabelas).
16. Dahl: Crítica a Mills
O conceito de poliarquia corrige a concepção da
“elite do poder” homogênea, uniforme,
monolítica, ou constituída de subgrupos em
unidade de interesses.
A partir de dados empíricos, Dahl fundamenta a
visão pluralista da estrutura de poder. (Ramos, 1966)
17. Dahl: Poliarquia
Sociedade que apresentam esta estrutura de poder:
Interesses tendem a exprimir-se de modo organizado ou
institucionalizado;
É residual a população sem vínculo a associações
voluntárias ou compulsórias;
Decisões emanadas do poder são obtidas após intensa
competição entre grupos;
Quando um grupo não consegue influenciar o poder,
organiza-se em coalizões;
Poder central não é instrumento passivo dos grupos
sociais (de pressão).
18. Dahl: Poliarquia
“A poliarquia tende a ser o regime dominante nas
sociedades desenvolvidas [...] onde a burocracia se
concretiza conforme o modelo weberiano de
administração racional-legal. Essa burocracia está
diretamente exposta às pressões de um público
‘participante’ de elevado padrão de ‘cultura cívica’.
Extremamente ativo e exigente em relação à
burocracia, compele-a a operar com eficácia, a
assimilar as inovações necessárias a reajustá-la às
demandas compulsórias que, permanentemente,
resultam do processo tecnológico e social [...] Nas
sociedades desenvolvidas, onde viceja a poliarquia,
expandem-se os serviços burocráticos. Mas este fato,
como já notara Weber, não implica no aumento do
poder da burocracia” (Ramos, 1966, p. 316).
21. Dahl: Questões
1. Mesmo que os critérios de democracia sejam bem
aplicados ao governo de uma associação
voluntária muito pequena, seriam aplicados ao
governo de um estado?
2. Poderia alguma associação ser plenamente
democrática?
3. Considerando que nos sirvam de orientação,
bastariam tais critérios para o planejamento de
instituições políticas democráticas?