2. • A moda estruturalista, apesar da ofensiva
braudeliana, beneficia-se de um contexto favorável; a
descolonização.
• A consciência etnológica descobre o interesse que
outras civilizações apresentam. Cada um se
interessa, então, por aquilo que faz a força de resistência
dessas sociedades. Pela permanência de suas
estruturas e seus valores, que parecem irredutíveis ao
modelo ocidental.
Teoria da História - Hélio Moreira da Costa
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Júnior
3. • Trata-se da descoberta do outro, no
espaço, transformado em exemplo de uma verdade
humana que relativiza o eurocentrismo.
• O ocidente fica com a impressão que não faz mais a
história humana, mas a história de uma humanidade.
Teoria da História - Hélio Moreira da Costa
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4. • No Terceiro mundo,* que recusa essa história em um
combate muitas vezes radical, os intelectuais ocidentais
ficaram também tentados a jogar para o alto o passado
impecável de sua sociedade e lançar o olhar sobre o
mundo mais espacial do que temporal.
Teoria da História - Hélio Moreira da Costa
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5. • O Ocidente descobre os charmes discretos do tempo
antigo, da idade do ouro perdida, da belle époque, que é
preciso reencontrar.
• É esse tempo reencontrado que os historiadores se
encarregam de reproduzir ao tomarem emprestado os
instrumentos de análise e os códigos dos etnólogos. (...)
Teoria da História - Hélio Moreira da Costa
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6. • Tudo se torna objeto de curiosidade para o historiador,
que desloca seu olhar para as margens, para o avesso
dos valores estabelecidos, para os loucos, para as
feiticeiras, para os transgressores...
• O horizonte do historiador fechar-se sobre um presente
imóvel, não há mais futuro: “Há um sinal que eu acho
encorajador (...) é o fim do progressismo” (Philippe
Ariès)
Teoria da História - Hélio Moreira da Costa
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7. • A crise da ideia de progresso acentuo o renascimento
das culturas anteriores à industrialização.
• A Nova História se esconde então na busca das
tradições, ao valorizar o tempo que se repete, as voltas e
reviravoltas dos indivíduos.
• O surgimento de um neo-romantismo (referência a idade
média)
Teoria da História - Hélio Moreira da Costa
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8. • Nova estética se instala, segundo a qual se fala de uma
aldeia, das mulheres, dos imigrados e dos marginais.
• A Terceira Geração dos Annales, sensível como as
outras às interrogações do presente, muda o rumo de
seu discurso ao desenvolver a antropologia histórica.
Teoria da História - Hélio Moreira da Costa
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9. • Ao responder ao desfio da antropologia estrutural, os
historiadores dos Annales retomam mais uma vez a
roupagem dos rivais mais sérios e confirmam suas
posições hegemônicas.
• O preço a ser pago: o abandono dos grandes espaços
econômicos braudelianos, o refluxo do social para o
simbólico e para o cultural.
Teoria da História - Hélio Moreira da Costa
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10. • Nasce uma Nova História que Daniel Roche chama “ a
história sociocultural”
• Mudança na direção da Revista dos Annales: de uma
tradição uma para uma direção colegiada: André
Burguière, Marc erro, Jacques Le Goff, Emmanuel Le
Roy Ladurie e Jacques Ravel
Teoria da História - Hélio Moreira da Costa
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11. • "O que queremos, de fato, é que as ideias voltem a ser perigosas"
(Guy Debord)
• "Sejam realistas, exijam o impossível!"
• "A imaginação ao poder"
• "É proibido proibir"
• "As paredes têm ouvidos, seus ouvidos têm paredes"
• "Se queres ser feliz, prende o teu proprietário"
• "O patrão precisa de ti, tu não precisas dele“
• Fonte: Folha de São Paulo (30.04.2008)
Teoria da História - Hélio Moreira da Costa
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12. • "A revolução deve ser feitas nos homens, antes de
ser feita nas coisas"
• "Um só fim de semana não-revolucionário é
infinitamente mais sangrento que um mês de
revolução permanente"
• "Quanto mais amor faço, mais vontade tenho de fazer
a revolução. Quanto mais revolução faço, maior
vontade tenho de fazer amor"
• Fonte: Folha de São Paulo (30.04.2008)
Teoria da História - Hélio Moreira da Costa
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13. • A França dos anos de 1960, sob o comando do general
Charles De Gaulle, era uma sociedade culturalmente
conservadora e fechada, vivendo ainda o reflexo das
perdas sofridas durante a Segunda Guerra Mundial
(1939-1945).
• Nas escolas francesas, as crianças eram disciplinadas
com rigidez. As mulheres francesas tinham o costume de
pedir autorização aos maridos para expressarem uma
opinião, e a homossexualidade era diagnosticada pelos
médicos como uma doença.
Teoria da História - Hélio Moreira da Costa
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14. • O Maio de 68 mudou profundamente as relações entre raças,
sexos e gerações na França, e, em seguida, no restante da
Europa. No decorrer das décadas, as manifestações
ajudaram o Ocidente a fundar ideias como as das liberdades
civis democráticas, dos direitos das minorias, e da igualdade
entre homens e mulheres, brancos e negros e heterossexuais
e homossexuais.
• O Maio francês rapidamente repercutiu em vários países da
Europa e do mundo, de uma forma direta e imediata. As
ocupações de universidades se multiplicaram a partir da
França, e ocorreu a expansão das mobilizações entre os
trabalhadores europeus e latino-americanos, em muitos casos
em aliança com osTeoria da História - Hélio Moreira da Costa
estudantes.
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15. • O movimento francês teve início na Universidade de
Nanterre, nos arredores de Paris, que foi cercada no final de
abril por estudantes liderados por Daniel Cohn-Bendit. O
protesto dos estudantes logo se dirigiu à capital.
• Em 5 de maio, cerca de 10 mil estudantes entraram em
choque com policiais no bairro latino Quartier Latin, em
Paris, em um protesto contra o fechamento de outra
universidade francesa, a Sorbonne, em Paris.
• Em seguida, em 10 de maio, ocorre a Noite das
Barricadas, quando 20 mil estudantes enfrentaram a polícia
nas universidades e ruas de Paris.
Teoria da História - Hélio Moreira da Costa
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16. • No dia 13, estudantes e trabalhadores franceses unificam
seus movimentos e decretam uma greve geral de 24 horas
em Paris, em protesto contra as políticas trabalhista e
educacional do governo do general De Gaule.
• No dia 20, a mobilização atinge seu auge: Paris amanhece
sem metrô, ônibus, telefones e outros serviços. Cerca de 6
milhões de grevistas ocupam as 300 fábricas da França.
• A Universidade de Sorbonne, ocupada pelos estudantes,
começa uma outra batalha, em que as maiores "armas" foram
as palavras. Surgiram frases que expressavam a política
"libertária" desejada pelos jovens universitários: "A
imaginação ao poder", "É proibido proibir", "Abaixo a
universidade" e "Abaixo a sociedade espetacular mercantil".
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17. • Após 1968 as condições estavam prontas para uma
nova mudança na historiografia francesa.
• A partir de 1969, André Burguière e Jacques Revel
envolveram-se na administração dos Annales, e com a
aposentadoria em 1972 de Braudel da Presidência da VI
Seção, que iria ser ocupada em seguida, por Jacques Le
Goff; e em 1975, quando a velha VI Seção desapareceu
e Le Goff tornou-se o Presidente da reorganizada École
des Hautes Études en Sciences Sociales, sendo
substituído, em 1977, por François Furet.
Teoria da História - Hélio Moreira da Costa
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18. • é mais difícil traçar o perfil da terceira geração do que
das duas anteriores. Ninguém neste período dominou o
grupo como o fizeram Febvre e Braudel.
• François Dosse chega mesmo a falar numa
fragmentação da Clio.
Teoria da História - Hélio Moreira da Costa
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19. • o policentrismo prevaleceu.
• Vários membros do grupo levaram mais adiante o projeto
de Febvre, estendendo as fronteiras da história de forma
a permitir a incorporação da infância, do sonho, do corpo
e, mesmo, do odor.
Teoria da História - Hélio Moreira da Costa
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20. • Outros solaparam o projeto pelo retorno à história
política e à dos eventos.
• Alguns continuaram a praticar a história
quantitativa, outros reagiram contra ela.
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21. • A terceira geração é a
primeira a incluir
mulheres, especialmente
Christiane Klapisch, que
trabalhou sobre a história
da família na Toscana
durante a Idade Média e o
Renascimento;
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22. • Arlette Farge, que
estudou o mundo social
das ruas de Paris no
século XVIII; Mona Ozouf,
autora de um estudo muito
conhecido sobre os
festivais durante a
Revolução Francesa.
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23. • Michèle Perrot, que
escreveu sobre a história
do trabalho e a história da
mulher.
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24. • A critica feita á ausência das mulheres na historiografia
parece ter sido superada a a partir das publicações de
Georges Duby e Michèle Perrot, por exemplo, que
estarão empenhados em organizar uma história da
mulher em vários volumes.
Teoria da História - Hélio Moreira da Costa
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25. • Esta geração, por outro lado, é mais aberta a idéias
vindas do exterior.
• Muitos dos seus membros viveram um ano ou mais nos
Estados Unidos, em Princeton, Ithaca, Madison ou San
Diego. Diferentemente de Braudel, falam e escrevem em
inglês.
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26. • Por diferentes caminhos, tentaram fazer uma síntese
entre a tradição dos Annales e as tendências intelectuais
americanas-como a psico-história, a nova história
econômica, a história da cultura popular, antropologia
simbólica, etc.
Teoria da História - Hélio Moreira da Costa
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27. DO PORÃO AO SÓTÃO
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28. • Na geração de Braudel, a história das mentalidades e
outras formas de história cultural não foram inteiramente
negligenciadas, contudo, situavam-se marginalmente ao
projeto dos Annales.
• No correr dos anos 60 e 70, porém, uma importante
mudança de interesse ocorreu.
• O itinerário intelectual de alguns historiadores dos
Annales transferiu-se da base econômica para a
“superestrutura” cultural, “do porão ao sótão”
Teoria da História - Hélio Moreira da Costa
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Júnior
29. • Foi realmente um historiador da
geração de Braudel que despertou a
atenção pública para a história das
mentalidades, através de um livro
notável, quase sensacional,
publicado em 1960. Philippe Ariès
era um historiador diletante, “um
historiador domingueiro”.
(...)Demógrafo histórico por
formação, Ariès veio a rejeitar a
perspectiva quantitativa (da mesma
maneira que rejeitou outros
aspectos do mundo burocrático- da Costa
Teoria da História - Hélio Moreira
Júnior
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30. • Seus interesses direcionaram-se
para a relação entre natureza e
cultura, para as formas pelas quais
uma cultura vê e classifica
fenômenos naturais tais como a
infância e a morte.
Teoria da História - Hélio Moreira da Costa
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31. • Em seu estudo sobre as famílias e as escolas durante o
antigo regime, Ariès defende que a idéia de infância, ou, mais
exatamente, que o sentimento da infância, não existia na
Idade Média. O grupo etário que chamamos de “crianças” era
visto, mais ou menos, como animais até a idade de sete anos
e quase que como uma miniatura dos adultos daí em diante. A
infância, de acordo com Ariès, foi descoberta na França, na
altura do século XVII. Foi por esse tempo que, por exemplo,
roupas especiais eram destinadas às crianças, como a “robe”
para meninos. Cartas e diários do período documentam o
interesse crescente dos adultos no comportamento das
crianças, que tentavam, algumas vezes, reproduzir a fala
infantil. Baseou-se também em registros iconográficos, como
o crescente número de quadros de crianças, para ilustrar a
hipótese de que a consciência da infância como uma fase do
desenvolvimento humano retroage ao limiar dos tempos
modernos-não vai além (Ariès, 1960).
Teoria da História - Hélio Moreira da Costa
31
Júnior
32. • Seus últimos anos foram dedicados a estudos sobre as
atitudes perante a morte, focalizando de novo um
fenômeno da natureza refratado pela cultura, a cultura
ocidental, e atendendo a um famoso reclamo de Lucien
Febvre, em 1941, “Nós não possuímos uma história da
morte” (Febvre, 1973, p. 24).
Teoria da História - Hélio Moreira da Costa
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Júnior
33. • Robert Mandrou: a figura principal na psicologia
histórica à la Febvre foi publicou Introduction à la France
Moderne, com o subtítulo “Um ensaio em psicologia
histórica – 1500-1640”, em que incluía capítulos sobre
saúde, emoções e mentalidades (Mandrou, 1961).
• Ruptura entre Braudel e Mandrou, no decorrer de um
debate sobre o futuro do movimento dos Annales.
• Nessa discussão, Braudel defendeu a
inovação, enquanto Mandrou preferia a herança de
Febvre, o que ele chamava “o estilo original” ( Annales
première manière), em que a psicologia histórica ou a
história das mentalidades desempenhavam um papel
importante.
Teoria da História - Hélio Moreira da Costa
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Júnior
34. • Delumeau utilizou, ocasionalmente, as idéias de psicanalistas
como Wilhelm Reich e Erich Fromm. Havia sido precedido
nesse sentido por Le Roy Ladurie, cujo Les paysans de
Languedoc (1966), analisado no capítulo anterior, incluía
livros de Freud na bibliografia, (...).
• Le Roy descreveu o carnaval de Romans como um
psicodrama, “que dava acesso imediato a criações do
inconsciente”, tais como fantasias de canibalismo, e
interpretou as convulsões proféticas dos camisards em termos
de histeria.
• Alain Besançon, um especialista na Rússia do século XIX, que
escreveu um longo ensaio na revista sobre as possibilidades
do que ele denominava “história psicanalítica”. Tentou pôr em
prática essas possibilidades num estudo sobre pais e filhos. O
estudo focalizava dois tzares, Ivã, o Terrível, e Pedro, o
Grande, o primeiroTeoria da História -Júnior Moreira dao segundo condenou o 34
matou seu filho, e Costa
Hélio
seu à morte (Besançon, 1968, 1971).
35. • Besançon, Le Roy Ladurie e Delumeau tomaram as
idéias principalmente de Freud, dos freudianos ou
neofreudianos.
• O estilo americano de psico-história, orientado no
sentido do estudo de indivíduos, finalmente encontrou a
psicologia histórica francesa, dirigida no sentido do
estudo de grupos, embora as duas correntes não se
tenham fundido numa síntese.
Teoria da História - Hélio Moreira da Costa
35
Júnior
36. • Contudo, a tendência principal la numa direção diferente.
Dois dos mais destacados historiadores recrutados para
a história das mentalidades, no início dos anos 60, foram
os medievalistas:
• Jacques Le Goff (“O tempo dos mercadores e o tempo da Igreja
na Idade Média”) e
• Georges Duby (La naissance du Purgatoire O nascimento do
purgatório).
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Júnior
37. O “TERCEIRO NÍVEL” DA
HISTÓRIA SERIAL
Teoria da História - Hélio Moreira da Costa
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38. • A história das mentalidades não foi
marginalizada nos Annales, em sua segunda
geração, apenas porque Braudel não tinha
interesse nela. Existiram pelo menos, duas
outras razões mais importantes para essa
marginalização.
Teoria da História - Hélio Moreira da Costa
38
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39. • Em primeiro lugar, um bom número de
historiadores franceses acreditava, ou pelo
menos pressupunha, que a história social e
econômica era mais importante, ou mais
fundamental, do que outros aspectos do
passado.
Teoria da História - Hélio Moreira da Costa
39
Júnior
40. • Em segundo lugar, a nova abordagem
quantitativa, analisada no capítulo anterior, não
encontrava no estudo das mentalidades o
mesmo tipo de sustentação oferecido pela
estrutura socioeconômica.
Teoria da História - Hélio Moreira da Costa
40
Júnior
41. • A abordagem estatística foi desenvolvida para
estudar a história da prática religiosa, a história
do livro e a história da alfabetização. Espraiou-
se, algum tempo depois, para outros domínios
históricos.
Teoria da História - Hélio Moreira da Costa
41
Júnior
42. • A ideia de uma história da prática religiosa francesa , ou
de uma sociologia retrospectiva do catolicismo francês,
baseada em estatísticas da frequência à comunhão, das
vocações religiosas etc., remonta a Gabriel Le Bras, que
publicou um artigo sobre o tema, em 1931 (Le Bras,
1931).
• Criou uma escola de historiadores da Igreja e sociólogos
da religião, que estavam particularmente preocupados
com o que chamavam de “descristianização” da França
do final do século XVIII em diante, investigando a
questão através de métodos quantitativos.
Teoria da História - Hélio Moreira da Costa
42
Júnior
43. • a obra do círculo de Le Bras (como o de Ariès) inspirou
alguns historiadores dos Annales quando se elevaram do
porão ao sótão.
• Estudos regionais mais recentes sobre
Anjou, Provença, Avignon e Bretanha dedicaram-se mais
fortemente à cultura do que seus predecessores, e, em
particular, às atitudes diante da morte.
• Como escreveu Le Goff no prefácio de um desses
estudos, “a morte está na moda”.
Teoria da História - Hélio Moreira da Costa
43
Júnior
44. • O mais original desses trabalhos é o de Vovelle. Um
historiador marxista da Revolução Francesa, “formado
na escola de Ernest Labrousse”, como ele próprio
diz, Vovelle interessou-se pelo problema da
“descristianização”.
• Sua ideia foi a de tentar mensurar esse processo pelo
estudo das atitudes diante da morte e o além tal como
são reveladas nos testamentos.
Teoria da História - Hélio Moreira da Costa
44
Júnior
45. • O resultado, consubstanciado em sua tese doutoral, foi
um estudo da Provença fundamentado na análise
sistemática de cerca de 30.000 testamentos.
• Onde historiadores anteriores haviam justaposto
evidências quantitativas sobre mortalidade com
evidências mais literárias sobre as atitudes frente a
morte, Vovelle quis mensurar mudanças no pensamento
e no sentimento.
Teoria da História - Hélio Moreira da Costa
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46. • Deu atenção, por exemplo, às referências feitas à
proteção dos santos padroeiros; ao número de missas
que o testador encomenda para a salvação de sua alma;
aos arranjos feitos para os funerais e mesmo ao peso
das velas acendidas durante a cerimônia.
Teoria da História - Hélio Moreira da Costa
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47. • Vovelle identificou uma mudança bastante significativa
no que denominou de “pompa barroca” dos funerais do
século XVII para a singeleza dos funerais do século
XVIII.
• Sua principal pressuposição era a de que a linguagem
dos testamentos refletia “o sistema de representações
coletivas; sua conclusão mais importante foi a
identificação de tendências à secularização, sugerindo
que a “descristianização” nos anos da Revolução
Francesa foi espontânea e não imposta de cima, por
fazer parte de uma tendência mais ampla.
Teoria da História - Hélio Moreira da Costa
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Júnior
48. • Digna de nota é a maneira pela qual Vovelle mapeia a
expansão das novas atitudes da nobreza para com os
artesãos e camponeses, das grandes cidades, como Aix,
Marselha e Toulon, através de pequenas cidades,
Barcelonette, por exemplo, para as pequenas vilas.
• Sua argumentação era ilustrada com uma grande
quantidade de mapas, gráficos e tabelas.
Teoria da História - Hélio Moreira da Costa
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49. • Piété baroque et Dechristianisation, título do estudo de
Vovelle, produziu uma certa sensação intelectual, graças
particularmente ao uso virtuoso das estatísticas,
acompanhado de um agudo senso das dificuldades em
interpreta-las.
• (...) O que Ariès vinha realizando sozinho no campo da
história da morte, em seu estilo deliberadamente
impressionista, foi assim completado por pesquisas
coletivas e quantitativas de profissionais”.
Teoria da História - Hélio Moreira da Costa
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50. • Essa apropriação da vida depois da morte por
historiadores laicos, armados de computadores, é ainda
o mais notável exemplo da história serial de terceiro
nível.
• Outros historiadores da cultura, porém, utilizaram de
maneira eficiente os métodos
quantitativos, especialmente na história da alfabetização
e na história do livro.
Teoria da História - Hélio Moreira da Costa
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51. • O estudo da alfabetização é um outro campo da história
cultural que conduz à pesquisa coletiva e à análise
estatística.
• O projeto mais importante nesse campo, iniciado na
década de [19]70, foi levado a efeito na École des
Hautes Études, dirigido por François Furet – um
discípulo de Ernest Labrousse (...).
Teoria da História - Hélio Moreira da Costa
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52. • O tema do projeto era a mudança dos níveis de
alfabetização, na França do século XVI ao XIX (Furet e
Ozouf, 1977).
• Os pesquisadores utilizaram fontes mais variadas, do
recenseamento às estatísticas do exército sobre os
conscritos, o que os habilitava antes a afirmar do que a
presumir a correlação entre a habilidade de assinar o
próprio nome à capacidade de ler e escrever.
Teoria da História - Hélio Moreira da Costa
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53. • Confirmaram a tradicional divisão entre duas Franças,
mas sofisticaram a análise estabelecendo distinções
dentro das regiões. Entre outras conclusões
interessantes, notaram que, no século XVIII, a
alfabetização cresceu mais rapidamente entre as
mulheres do que entre os homens.
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54. • As pesquisas sobre a alfabetização foram
acompanhadas de pesquisas sobre o que os franceses
chamam de “a história do livro”.
• Pesquisas que não se preocupavam com os grandes
livros, mas com as tendências da sua produção e com os
hábitos de leitura dos diferentes grupos sociais
(Roche/Chartier, 1974).
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55. • O estudo de cultura popular de Robert Mandrou, (...), por
exemplo, lidava com literatura de Cordel, a chamada
“Biblioteca Azul” (Mandrou, 1964).
• Tais livros, que custavam um ou dois sous, eram
distribuídos por mascates e produzidos em grande parte
por famílias de impressores em Troyes, localizada na
região Nordeste da França, onde a taxa de alfabetização
era elevada.
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56. • Mandrou examinou cerca de 450 títulos, assinalando a
importância da leitura religiosa (120 títulos), almanaques
e mesmo romances de cavalaria.
• Concluiu que essa literatura era essencialmente uma
“literatura de evasão”, lida especialmente pelos
camponeses e que revelava uma mentalidade
“conformista”.
• Obs: La Bibliothèque Bleue tinha esse nome porque suas capas
eram feitas de papel azul, utilizado para empacotar açúcar.
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