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CONTRA-CAPA


     ORGANIZAÇÕES EM REDE

      Este livro apresenta um enfoque crítico abrangente das
relações que se dão no sistema mundo do capitalismo, no atual
processo de globalização, com atenção especial às relações
empresariais em rede ou das organizações reticulares. De
forma coloquial e didática expõe os conceitos e princípios
básicos das empresas de transposição de fronteiras
(TEAMNETs) com vistas a seus funcionamentos. Sob essa ótica,
investiga, os fundamentos do direito comercial internacional, dos
arranjos produtivos locais no fluir das organizações em rede,
inclusive a tendência dos estados nacionais inserirem-se nos
megablocos econômicos tanto de integração quanto de livre
comércio. Busca, também, abrir espaço para o conteúdo
pedagógico, como disciplina, nos cursos de Comércio Exterior,
Administração, Ciências Econômicas, Direito, Relações
Internacionais, Marketing e Negociações Internacionais nas
escolas de nível superior e de pós-graduação no Brasil.
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     Página reservada para:
     Logotipo da editora
     Código de barras
     Catalogação-na-fonte
     CDD
     CDU
      ISBN em solicitação. O livro encontra-se no prelo para
edição em 2007.
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                AGRADECIMENTOS

      Externo aqui meus agradecimentos à minha esposa
Mauricéa Marta Bezerra Wanderley por ter me estimulado a
ser prudente e objetivo na importante, delicada e divertida tarefa
de transmitir conhecimento em sala de aula e ensaios escritos de
forma a que o ledor não apenas seja receptor, mas,
principalmente, produtor de conhecimento a partir de uma
consciência crítica abrangente. A minha querida sogra Josemira
Bezerra Pontes pelo carinho, atenção e dedicação ao autor e
família. A Josemir Geraldo Bezerra pela excelência de seu
caráter e solidariedade. Meus filhos: Eugênio, Milena, Tiago e
Lucas, também, são razões dessa minha novel tarefa de educador.
A eles e a Marta dedico o livro. Fabrício Azevedo (esposo da
minha querida linda flor gentil singela Milena) fica explícitos
meus agradecimentos pela sua atenção e estima. Meus netos
Thaís, Andrei e Ian Victor com todo meu carinho. A Tiago,
agradeço o cuidado, a formatação e a atenção na digitação de
todo o texto deste ensaio. Ao Pastor e amigo Anunciado pelo
incentivo e a decisão de colaborar na edição e ajudar na indicação
da editoração do livro. Ao professor Ericê por ter acreditado e
prestigiado nossas idéias como conteúdo programático de uma
disciplina no Curso de Comércio Exterior. A Lourdes Leite pela
alegria e incentivos. Externo, também, meus agradecimentos aos
meus alunos, das diferentes instituições, com destaques para
Cristina Ferreira, Saulo Farias, Neide Kakakis, Luiz Moura,
Roberto Tiné, Adriana Galantini, Antônio Farias e outros que
muito me incentivaram a publicar este livro. São dignos de
nossos agradecimentos todos os “dowline” da rede de Marta
Wanderley e seus “upline” Magaly Abreu e Pedro Cardoso.
Fico no aguardo de suas lúcidas críticas.
                                O autor
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                       PRÉFACIO

        A publicação do presente livro se deu pela inspiração de
um artigo na Gazeta Mercantil de 18/08/2005 escrito por Sérgio
Buaiz membro do Comitê de Relações Acadêmicas da
Associação Brasileira de Empresas de Vendas Diretas (ABEVD)
e Diretor da Chance Network intitulado “Crescimento das vendas
diretas”.
        Ao ler e mostrar-me aquele texto Geraldo externou sua
vontade e seu projeto de juntar e reelaborar várias anotações de
suas aulas e palestras (proferidas em diferentes instituições de
ensino ou não) sobre organizações em rede ou reticular para
reacender esse termo usado por Peter Drucker em
“Administrando em tempos de grandes mudanças”.
        Naquele artigo, o Dr. Buaiz buscava “uma aproximação
mais efetiva com as principais instituições de ensino do País,
com a intenção de incentivar a criação de uma cadeira de vendas
diretas ou mesmo pós-graduação nas faculdades de
administração de empresas”.
        Como lido com vendas diretas em multinível incentivei e
dei todo o apoio a Geraldo que não só teve, mas insistiu em seu
propósito de ir além das vendas diretas e abordá-las à luz das
organizações reticulares de transposição de fronteiras-
TEAMNETs.
        Sua pretensão é a de trazer para discussão acadêmica ou
não tão importante segmento empresarial não somente do ponto
de vista da administração, mas, principalmente, da economia
política e das ciências políticas em um contexto crítico
abrangente sabendo ele que elas são, no Brasil, muito pouco
conhecidas, estudadas e divulgadas.
        Dessa forma, acredito que Geraldo, neste seu livro, não
somente traz um substantivo conteúdo pedagógico e andragógico
(educação e didática para adultos) com vistas aos cursos de
administração, comércio exterior, relações internacionais,
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ciências econômicas, ciências políticas, direito, história,
publicidade e propaganda, marketing e outros.
       Sobre o capítulo “o que são vendas diretas e o que é
multinível (MLM)”? tive a alegria de receber da Professora
M.Sc. Liliana Alves Costa, (tendo como orientadora a
Professora Dra. Maria Schuler), é autora da Dissertação de
Mestrado “O sistema de marketing de rede: uma estratégia de
ação mercadológica” (254 p.) defendida brilhantemente por ela,
em Porto Alegre na UFRGS, e pelo que sabemos com os aplausos
do Dr. Sérgio Buaiz da ABEVD. Vejamos, pois, o que escreve
LILIANA AVES COSTA, sobre este livro e especialmente
sobre aquele capítulo.
        “No Brasil a literatura de marketing de rede ou
multinível (MLM) é bastante limitada. Apesar de uma
participação expressiva no setor, pouco material existe sobre o
assunto. Observamos a necessidade de uma obra que tratasse o
assunto de forma abrangente, com enfoque nas questões
mercadológicas e econômicas.
       Esta obra destaca desde a visão sistêmica do mundo
capitalista ao entendimento do desenvolvimento da venda direta
pelo sistema de marketing multinível, permitindo absorver
gradativamente o conteúdo deste livro, por sugestões ou
observações do autor nos assuntos apresentados. A distribuição
dos capítulos, seguida de uma seqüência lógica, é uma
metodologia facilitadora do aprendizado. A partir de uma visão
geral e prática de como as organizações em rede se constituem,
destaca-se a abordagem de vários tópicos que compõem tais
organizações.
       Atualmente percebe-se que muitas empresas não
conseguem uma sustentabilidade na vantagem competitiva.
Muitas alcançaram momentos de superioridade temporária em
seus mercados de atuação, provavelmente por um novo produto
ou por uma campanha de marketing bem sucedida. Mas isto
não resultou em algo contínuo e em longo prazo.
7


        Esse livro é sobre uma vantagem que não possui fim. É
sobre alcançar mais consumidores usando canais de vendas
para encontrá-los onde e como eles desejam realizar o negócio.
É sobre a mudança de transações de vendas para canais de
custo baixo em ordem a reduzir os custos de vendas de uma
organização. É sobre o aprimoramento do processo de retenção
e satisfação do consumidor, oferecendo-lhes meios mais
flexíveis para realizar a transação. Finalmente, é sobre o uso de
canais de vendas para um crescimento rápido em receita,
lucratividade e participação de mercado. Através deste livro, se
obtém todos os fatos sobre como e o que as empresas fizeram
para almejar essa vantagem e os resultados alcançados. Ao
longo da leitura, o autor fornece ferramentas, conceitos e idéias
do sistema em suas iniciativas estratégicas em rede.
        Este livro, indicado para empresários, profissionais
atuantes e acadêmicos, fornece ao leitor um grande passo ao
entendimento dessas organizações em rede ao uso de seus
conceitos para o crescimento e obtenção de uma vantagem
competitiva. Muitos questionam sobre como iniciar uma
empresa de marketing multinível; como tornar um negócio
lucrativo ou como tornar a empresa atual em um sistema de
rede multinível. Mesmo as grandes empresas que operam em
outro canal de distribuição desejam testar e ver como o canal de
marketing de rede possa favorecer ou acrescentar seu canal de
distribuição. Outros empreendedores da arena internacional
também estão visando em participar desse canal. Não somente
pelo sucesso de inúmeras empresas, mas visualizam a facilidade
na forma de colocarem seus produtos no mercado.
        A intenção desse livro é de satisfazer a curiosidade e
responder tais questionamentos. Também proporcionará às
pessoas envolvidas no negócio uma reavaliação de suas
estratégias. Serve ainda como guia para iniciar e construir uma
empresa legítima de marketing multinível. Eu acredito que este
livro irá proporcionar conhecimentos valorosos ao leitor,
oferecendo extensos subsídios ao amplo entendimento sobre
marketing multinível (MLM).
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        Sendo realizada sua leitura, componentes das
organizações em rede se tornam evidentes, demonstrando sua
estrutura de liderança com valores comuns compartilhados
entre pessoas no âmbito local e global. Eu me sinto honrada em
participar desta análise, podendo dividir os resultados
significativos deste aprendizado com você leitor. Minha
expectativa é que este aprendizado sirva como guia para as
empresas e seus distribuidores, viabilizando ainda novos
estudos na divulgação desta grande tendência organizacional, o
marketing multinível”.

        Após essas opiniões da Professora de cursos de graduação
e de pós-graduação em Campo Grande/MS a M.Sc. Liliana
Alves Costa, lembro aos leitores que Geraldo, além de estudar e
externar seus pontos de vista sobre os paradigmas das ciências,
sobre a economia mundo e o sistema mundo capitalista, trata, no
tópico das TEAMNET, dos enfoques do direito comercial
internacional, da terceirização e da logística, das empresas
associativas, principalmente, cooperativas como elementos da
terceirização no Brasil, das joint venture e das franquias.
        Vale destacar no livro de Geraldo sua visão sobre o que
são empresas de transposição de fronteiras (TEAMNET) e sua
contextualização sobre arranjos produtivos locais (APL) e, muito
em particular, a metodologia de projetos, criada por ele. Chamo a
atenção, também, para sua extensa bibliografia.
        Recomendo àqueles interessados por tão importante
proposição de Geraldo a leitura do livro de forma a perceberem
ou contextualizarem os capítulos apresentados, de maneira
sinótica, porém, muito abrangentes quando apreendem a
realidade em sua complexidade com uma visão holística e
sistêmica singular.

                 Mauricéa Marta Bezerra Wanderley
 Geógrafa e M.Sc. em Desenvolvimento Urbano pela UFPE, Professora
    Universitária e, hoje, Distribuidora Independente da Herbalife.
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                               SUMÁRIO
Agradecimentos           04
Prefácio    05
Sumário        09
Introdução          11
I. Visão prévia e os novos paradigmas das ciências            14
II. A economia mundo e o sistema mundo capitalista                 21
- A divisão do trabalho e um mundo sem empregos                   21
- A conjuntura do sistema mundo capitalista             33
- Comércio mundial            43
III. Enfoques do direito comercial internacional             55
- Sociedades comerciais            57
- Direito cambiário e de cheques                  58
- Falências e concordatas           58
- Contratos internacionais              59
- Padronização de fórmulas e expressões contratuais                59
- Contratos tipos        61
- A crise do direito positivista             62
- A UNCTAD, o GATT e a OMC                        65
- Direito comercial internacional. Dilema da globalização 67
- O direito comercial internacional no projeto nacional            69
IV. O que são (TEAMNET)?                 71
- Ambiente de Teamnets             89
- Ambiente de criação ou reinvenção da empresa               92
- Ambiente da política da empresa                  95
- Ambiente do emprego e trabalho na empresa              97
- Ambiente profissional e de aptidão na empresa          99
10

- Ambiente de educação para a empresa               102
- Ambiente de saúde para a empresa                104
- Ambiente do gerenciamento ecológico               105
- Ambiente humano da empresa                107
V. O que é terceirização e o que é logística?             113
VI. O que são empresas associativas cooperativas?               121
VII. O que são vendas diretas e o que é multinível?             127
- Visão compartilhada em rede de venda multinível               133
- Holismo em rede de vendas multiníveis                 135
- O marketing de rede multinível (MLM ou MMN)                   136
- Guia para marketing multinível             146
- Plano de ação organizacional             147
- Plano estratégico          148
- Aspectos relevantes da empresa             153
- Autodestruição da equipe Sociabilidade da equipe              155
- Sociabilidade        156
VIII. O que são “joint venture”?            158
IX. O que são franquias?            164
X. O que são arranjos produtivos locais-APL (clusters)? 169
- Estudos fundamentais             171
- Projetos multifuncionais e multissetoriais integrados          172
- Projetos básicos         174
- Projetos-modelo          176
- Projetos complementares            177
- Escopo metodológico do PMMI               178
Bibliografia         180
O autor        186
11


                     INTRODUÇÃO

       O presente livro, escrito de forma simples e coloquial com
o propósito de instruir o leitor nos níveis mais elementares das
organizações em redes, também, chamadas de reticulares ou
empresas de transposição de fronteiras – TEAMNET, com vistas
a possibilitar sua penetração no mundo dos negócios em redes,
não tem intenções de aprofundar-se no assunto, mas ser um
diálogo produtivo entre o autor e o leitor sobre os temas tratados.
       No que pese sua informalidade, o objetivo é explicitar o
conteúdo não somente do ponto de vista teórico, quando enfatiza
o sistema mundo do capitalismo, hoje, vivenciado por toda a
humanidade, mas também prático no fluir das orientações nos
negócios em redes.
       Seu enfoque didático é visto da seguinte forma:

       a) Visão prévia e paradigmas das ciências para
compreensão do sistema mundo do capitalismo
       b) Os enfoques do Direito Comercial Internacional
       c) Os conceitos e teorias das empresas de transposição
de fronteiras “TEAMNETs” de maneiras a mostrar o que são e
como funcionam: a terceirização; as cooperativas; os "joint
ventures"; as franquias; as vendas diretas, principalmente, em
multiníveis e, também, os arranjos produtivos locais.

        Tanto as franquias quanto os multiníveis, em seus
propósitos de transposição de fronteiras, recorrem às “Quinze
leis do triunfo” e ao livro “Pense e enriqueça”, ambos de
Napoleon Hill, hoje, discutidos e tratados pela neurolingüista, e
os livros “O Homem mais rico da Babilônia”, de Clasan e os
“Sete hábitos das pessoas eficazes” de Covey, e outros livros de
auto-ajuda.
        Os negócios reticulares não se restringem apenas à
administração, à economia e ao direito, mas transpõem as
fronteiras da antropologia cultural; da sociologia; da história;
12


da ecologia; da psicologia; da filosofia e da economia política.
        Para entender e apreender as mudanças que estão em
processo, neste início do século XXI, vale refletir sobre o que
escrevem: MESZÁROS em “Para além do capital”,
WALLERSTEIN em “El futuro de la civilización capitalista” e
em sua “Utopística”; STIGLITZ em “A globalização e seus
malefícios”; RICUPERO em “Esperança e ação” e “O Brasil e
o dilema da globalização”; FIGUEROA em “La economia del
poder” e “Argentina entrampada” e FARIA em “O direito na
economia globalizada” para o ledor formar sua própria
consciência crítica sobre os temas aqui contextualizados.
        No segmento de vendas diretas no 1º semestre de 2005, no
Brasil, os resultados foram da ordem de 5,5 milhões de
vendedores/distribuidores autônomos. Esse fato é muito
significativo na economia brasileira. Outrossim, segundo Sérgio
Buaiz da ABEVD (Associação Brasileira de Empresas de
Vendas Diretas) “todas as empresas têm dificuldades de
preencher seus quadros internos porque não existe formação
específica em nenhuma universidade brasileira. Nem mesmo
disciplinas extracurriculares, cursos de extensão ou estímulos à
produção acadêmica”.
        Sérgio Buaiz, quando interpreta e lembra o complexo
processo desencadeado pelas empresas do ramo, conclui que
“despertar interesse de compra em um cliente que não teve a
iniciativa de se deslocar para o mercado gera um ciclo
comercial, administrativo, jurídico, produtivo e logístico muito
desafiante, uma vez que sua força de vendas autônoma está
predominantemente espalhada por todo o mercado”. Esse fato,
por si só, já desencadeia “uma carência cada vez maior de
profissionais conhecedores do assunto”. (Gazeta Mercantil de
18/08/2005 f. A-3).
        Sendo novo o segmento, demanda inclusive estudiosos no
campo institucional/administrativo do estado e do governo
brasileiro frente aos fatos desencadeados pelas empresas que, no
nível mundial, movimentam 93 bilhões de dólares norte-
americanos com destaques para os Estados Unidos e o Japão.
13


        Vale salientar que, no capitulo sobre multiníveis, houve
grande colaboração e participação da Professora Mauricéa
Marta B. Wanderley que faz parte da equipe tabuladora de uma
das maiores corporações em multinível funcionando no Brasil.
Quem dos leitores desejarem conhecer a prática do multinível
pode acessar a página: www.fiqueotimo.com da supradita
colaboradora.
        O Autor é Professor Universitário e ficaria muitíssimo
grato se as noções contidas no livro pudessem ser melhoradas e
criticadas pelos leitores que podem e devem remeter suas
opiniões, críticas e contextualizações para o fax 081 3326-6428
ou para o correio eletrônico: geraldoaguiar@br.inter.net
14


         I. VISÃO PRÉVIA E OS NOVOS
         PARADIGMAS DAS CIÊNCIAS
        O presente capitulo tem o objetivo de situar o leitor na
crise de percepção da vida e da ciência do paradigma
cartesiano, (reducionista, mecanicista e determinista) e do seu
processo de superação por um novo paradigma, que pode ser
chamado de holístico, ecológico ou sistêmico. Busca-se a
historicidade da visão do mundo pelos entes humanos.
        Grosso modo, pode-se afirmar que, depois do apogeu da
Grécia Antiga até os anos dos grandes descobrimentos (1.500), a
visão do mundo era orgânica, isto é, vivenciava-se a natureza
pela interdependência dos fenômenos naturais e espirituais em
termos de relações orgânicas, e prevalecia a subordinação das
necessidades individuais às da comunidade. A Igreja,
fundamentada na filosofia de Aristóteles e na teologia de Tomás
Aquino, estabeleceu a estrutura conceitual do conhecimento
durante toda a chamada Idade Média. Aquela visão tinha por
finalidade apenas o significado das coisas e não exercia quaisquer
predições ou controle dos fenômenos naturais. Seu foco eram as
questões teístas voltadas para a alma humana e a moral.
        Outrossim, em pleno cisma da Igreja Católica Apostólica
Romana, nasce e cresce o hedonista(1) Francis Bacon, ferrenho
crítico de Aristóteles, de Platão, dos escolásticos e dos
alquimistas, e reformula, por completo, a indução aristotélica,
dando à mesma uma grande amplitude e eficácia. Dessa maneira,
Bacon, em contraponto ao “Organun” aristotélico, expõe em sua
obra “Novum organum” um método de investigação da natureza
a partir das ‘Tábuas de investigação”, que bem caracteriza sua
teoria da indução e seu empirismo.
____________________________________________________
       (1) Hedonista. Pessoa que considera o prazer e realização
individual o único bem possível como princípio e fim da vida.
Reflete o caráter egoísta de formas a tirar vantagens individuais a
qualquer preço, com ou sem serventia social.
15



       Em réplica a Platão, Bacon escreve a “Nova Atlântida”,
em cuja utopia a ciência deixa de ser um exercício de gabinete ou
atividade contemplativa para se transformar em um cotidiano de
árdua luta contra a natureza.
        A partir desses escritos, Bacon redefine a visão orgânica
do mundo, colocando o conhecimento em um novo plano
científico, cuja divisa máxima foi “saber é poder”, princípio que
lhe permitiu construir um vasto, eficaz e virtuoso sistema de
idéias para o seu método empírico de buscar a verdade.
        Em pleno processo da acumulação primitiva do capital no
renascimento ou, ainda, iluminismo, surge, no continente
europeu, um dos grandes pensadores, o matemático e filosofo
René Descartes (Cartesius), que revo1uciona o mundo do
pensamento e da ciência com a criação do método com base na
metafísica e na mecânica. Seu método leva à laicização do saber,
isto é, à universalização do conhecimento. Ao desenvolver o
princípio da causalidade, Descartes anuncia o advento de um
mundo racional e positivo sobre o qual o ente humano proclama
seu reinado sobre as potencialidades da natureza.
        Na tentativa de organizar o mundo, em um domínio sobre
a natureza, Descartes tenta integrá-la em um universo de
máquinas que fundamenta a idéia da, hoje, conhecida visão ou
método cartesiano. Dessa forma, ele desenvolve o tema da
empresa inflectida na caça ao lucro e ao poder e a mecanização
das relações humanas e a natureza fundamentando a ideologia
cartesiana. Seu “penso logo existo” remete o pensar filosófico a
uma ordem natural inerente à progressão do conhecimento,
alicerçado na matemática e na geometria cartesiana, ou seja, só se
considera verdadeiro o que for evidente e intuitível com clareza e
precisão estocástica. Sua filosofia racional proclama a
universalidade do bom senso.
        A filosofia cartesiana explicita-se na máquina capaz de
produzir todos os fenômenos do universo, inclusive o corpo
humano, e o relógio passa a ser seu ícone.
16


        Sua magistral obra está explicita nos seus seguintes
escritos:

       -   “Discurso do método”
       -   “Meditações”
       -   “Objeções e respostas”
       -   “As paixões da alma”
       -   “Cartas”.

        No renascimento, surgem dois grandes sábios Galileu
Galilei e Kepler, que conceberam a idéia de lei natural em toda a
sua amplitude e profundidade, sem entretanto, ser aplicada em
outros fenômenos além do movimento dos corpos em queda livre
e as órbitas dos planetas.
        A partir de 1666, vêm à luz a física e a mecânica celeste
de Isaac Newton, que matematiza e experimenta um método para
a ciência de forma a unir e superar o empirismo de Francis
Bacon e o racionalismo de René Descartes. Aquele gênio da
matemática, da física, da filosofia e da teologia, Isaac Newton,
desenvolveu o método matemático das fluxões com o cálculo
diferencial e integral, criou a teoria sobre a natureza da luz e
as primeiras idéias sobre a gravitação universal, enunciando as
leis e os princípios da física com ênfase à sistematização da
mecânica de Galileu e à astronomia de Kepler. Dessa forma criou
a metodologia da pesquisa científica da natureza, que consiste
na análise indutiva seguida da síntese. Foi ainda, criador da
teoria do tempo e do espaço absolutos. Note-se que,
simultaneamente, a ele, Leibniz também desenvolveu o cálculo
diferencial e integral.
        Vale dizer que os pensadores aqui, sinòticamente
apresentados foram os grandes formuladores dos paradigmas
cartesianos (reducionista, mecanicista e determinista) das
ciências e que, somente a partir dos meados do século XX,
começaram a serem superados com o desenvolvimento da teoria
da relatividade e da física quântica, da biologia molecular e
da simbiótica.
17


        Com os diferentes estudos e pensamentos de Darwin,
Hegel, Marx, Engels, Einstein, Oparini, Haisenberg, Planck,
Bohr, Chew, Rutenford, Broglie, Schrodinger, Pauli, Dírac,
Lukács, Sartre, Bell, Habernas, Maturana, Varela, Bateson,
Margulis, Grof, Lovelock, Serre, Morin, Capra e muitos
outros pensadores dá-se início à superação dos paradigmas
cartesianos por um outro que pode ser chamado de holístico,
ecológico ou sistêmico que, sinteticamente, pode ser explícito
pelos seguintes critérios de mudanças, ou paradigmas:

              Mudança da parte para o todo
        Tal critério objetiva apreender as propriedades das partes
a partir do todo. As partes são vistas como um padrão em um
emaranhado de relações inseparáveis em forma de uma teia ou de
redes e profundamente sinérgicas e simbióticas.

          Mudança de estrutura para processo

        No diagnóstico e no prognóstico, tenta-se apreender a
realidade na dinâmica da teia ou das redes, isto é, as estruturas
são vistas como manifestação de um processo subjacente, e não a
partir de estruturas fundamentais ou mecanismos que interagem
para dar o nascimento ao processo.

   Mudança da objetividade real para um enfoque
                    epistêmico
         A compreensão do processo de conhecimento na
descrição dos fenômenos naturais. Dessa forma, a objetividade do
real passa a conter uma dependência do observador humano e
de seu processo de conhecimento. Por isso, afirma que a
existência tem que ser parte integrante de cada teoria
científica.
18


Mudança de construção para rede como metáfora do
                 conhecimento
         Com tal critério, tenta-se fugir das chamadas leis e
princípios fundamentais para uma metáfora em redes ou
reticulares e na medida em que a realidade é percebida como uma
rede de relações, conexões ou interfaces, passando as descrições a
formar uma rede interconexa dos fenômenos observados. Dessa
maneira, o enfoque reticular ou em rede não suporta
hierarquias ou alicerces.

Mudança de descrições verdadeiras para descrições
                 aproximadas
         É um critério do novo paradigma que não aceita a certeza
absoluta e final. Reconhece que conceitos, teorias, descobertas
científicas e inovações tecnológicas são limitadas e aproximadas.
        Diante da presente contextualização, vale desconectar as
organizações em redes dos paradigmas cartesianos com vistas a
romper com os obstáculos que se interpõem nos caminhos das
mudanças das empresas reticulares. Há que se desconstruir as
visões: mecânicas, reducionistas e deterministas da empresa
econômica convencional do sistema mundo do capitalismo em
favor de outras que apreendem, pensam e têm como objetivo a
partir do metabolismo do capital manipulá-lo com vistas a
otimizar as pessoas, em uma concepção de desenvolvimento
sustentável, em economias: pública, social-comunitária ou
solidária.
        A seguir, apresentam-se alguns princípios da “teoria da
complexidade”, exatamente para enfatizar as mudanças ou a
transposição de paradigmas de um tipo de administração para um
outro que, certamente, ocupa cada vez mais espaços com a
revolução do conhecimento e da informação. Mais ainda, com a
gestação de novas fontes de energia (biomassa, eólica, solar) e da
economia do hidrogênio com vistas à substituição dos
combustíveis fósseis, redistribuição não somente do lucro, mas
19


também, do poder entre os humanos.
        Estamos falando não mais da empresa convencional,
mecânica e complicada, do sistema mundo do capitalismo, mas
de uma empresa viva que se auto-recria por ser capaz de
aprender e pensar a partir das famílias que nela estão insertas,
portanto, de uma empresa ou organização tão complexa como a
vida ou como a sociedade humana.
        Para maior inteligibilidade de como funcionam as
organizações em rede ou reticulares, apresentam-se,
sinoticamente, os princípios ou características para uma visão
complexa e holística com vistas à contextualização e apreensão
das citadas organizações:

                          Dinâmica
       Com a observação dos campos de forças contrárias
(impulsoras e restritivas) que pressupõem o devir e o fazer novo
imbricados às categorias de: atividade, criatividade e agilidade.

                          Não linear
        Esse princípio do pensar complexo embora aceite que
toda intervenção ou criação tecnológica seja linear, mas a
decomposição de suas partes desconstrói o todo. É preciso
entender que na parte está contido o todo. A não linearidade
implica equilíbrio e desequilíbrio, que, geralmente, leva à
substituição do velho pelo novo.

                       Reconstrutiva
       Doa sentido a se produzir algo para além de si mesmo. A
luz pode ser matéria e onda dependendo do ponto de vista de
quem a observa. Apenas na lógica formal linear 2+2 são iguais a
4. O princípio de ser reconstrutiva sinaliza sentidos de:
autonomia; aprendizagem; reconstrução e reformação.
20


             Processo dialético reprodutivo
        O computador não aprende, logo, não sabe errar. É
reversível. O cérebro humano possui habilidades reconstrutivas e
seletivas que ultrapassam todas as lógicas reversíveis. É,
portanto, irreversível. A vida não foi criada, ela mesma se
reconstrói. É autocriativa. Dizia Heráclito em 2000 a.C. “vive-se
com a morte e morre-se com a vida”.

                      Irreversibilidade
         Nada se repete. Qualquer depois é diferente do antes. É
não-linearidade. É impossível voltar ao passado ou ir ao futuro
permanecendo o mesmo. A irreversibilidade sinaliza o caráter
evolutivo e histórico da natureza. O tempo-espaço são dimensões
irreversíveis.

         Intensidade de fenômenos complexos
        O que bem explicita esse fato é o chamado efeito
borboleta, ou seja, aquelas que esvoaçam em um continente
causam um ciclone em outro ou, ainda, o efeito dominó.
Demanda relação de causa e efeito e ambivalência em sua
contextualização.

      Ambigüidade/ambivalência dos fenômenos
                   complexos
       Ambigüidade refere-se à estrutura caótica, isto é, à ordem
e à desordem. Ambivalência diz respeito à processualidade dos
fenômenos. O vir a ser. Argumentar é questionar, é penetrar no
campo de forças que constitui a dinâmica. A ambivalência
subentende a existência e a simultaneidade de idéias com a
mesma intensidade sobre algo ou coisa que se opõem
mutuamente.
21


 II. A ECONOMIA MUNDO E O SISTEMA
         MUNDO CAPITALISTA
       A titulo de esclarecimento tenta-se de neste capitulo
introduzir o leitor, de forma sinótica, na complexidade do
metabolismo do capital com o objetivo situá-lo nas recentes
mudanças que apontam para o fim dos empregos e o surgimento
das empresas de transposição de fronteiras.

A DIVISÃO DO TRABALHO E UM MUNDO SEM
               EMPREGOS
        A divisão do trabalho é no sistema mundo do
capitalismo, a fonte de todas as alienações. As ciências da
administração e da economia política a têm sempre como pano de
fundo. Ela é discutida a luz da gestão da fábrica ou da
organização da intensidade e da produtividade do trabalho, da
intensidade da produção e, particularmente, da cisão entre o
trabalho intelectual e o braçal com vistas à hierarquização e à
disciplina insertas no parcelamento das tarefas e nos sistemas de
monopolização da técnica e da ciência pelas gigantes instalações
e centralização do poder das empresas transnacionais.
        Essa configuração foi, historicamente, montada pelo
metabolismo do capital em seu processo incessante de
acumulação em suas diferentes fases. No dizer de André Gorz,
“a monopolização da produção pelos aparelhos institucionais –
trustes industriais, administrações – e das corporações
especializadas (médicos, professores, corporações de Estado) faz
com que ela se submeta a produzir o que não consome, a
consumir o que não produz e a não poder produzir nem consumir
conforme suas próprias aspirações individuais ou coletivas. Não
existe mais lugar onde a unidade dos trabalhos socialmente
divididos passa a corresponder à experiência da cooperação, da
troca, da produção em comum de um resultado global. Essa
unidade só é assegurada – de um lado, pelo mercado; do outro,
22


pelas burocracias privadas estatais. Ela se impõe aos indivíduos,
portanto, como unidade exterior, como ‘uma força estranha da
qual não conhece nem a origem, nem a finalidade’”.
        Em “A ideologia alemã”, ainda, segundo Gorz, Karl
Marx explica o tema em lide quando explicitou que “enquanto a
atividade não for, pois dividida voluntária, mas naturalmente, o
ato próprio do homem torna-se para ele uma força exterior que o
subjuga, quando ele deveria dominá-la. Com efeito, desde que o
trabalho passa a ser repartido, cada um tem seu currículo de
atividade determinado, exclusivo, que lhe é imposto, do qual não
pode sair; seja ele caçador, pescador, pastor ou crítico – é
forçado a continuar a sê-lo, se não quiser perder seus meios de
subsistência; enquanto na sociedade comunista, onde cada um
não tem currículo exclusivo de atividade, mas pode aperfeiçoar-
se em qualquer ramo, a sociedade regula a produção geral e dá-
me, assim, a possibilidade de hoje fazer isso; amanhã, aquilo; de
caçar pela manhã, pescar à tarde, cuidar da criação à noite, e
mesmo criticar a alimentação, a meu bel prazer, sem jamais
tornar-me pescador, caçador, pastor ou crítico. Essa
estabilização da atividade social, essa consolidação do nosso
próprio produto numa força concreta que nos domina, que foge
ao nosso controle, barra as nossas esperanças, anula nossos
cálculos, constitui um dos principais fatores do desenvolvimento
histórico passado (...). A força social, ou seja, a força produtiva
multiplicada, que resulta da colaboração dos diferentes
indivíduos condicionados pela divisão do trabalho, aparece para
esses indivíduos – porque a própria colaboração não é
voluntária, mas, natural – não como a sua própria força unida,
mas como força estranha, situada fora deles, da qual não
conhecem nem a origem, nem a finalidade, que eles, portanto,
não mais podem dominar, mas que agora percorre, ao contrário,
toda uma série de fases e de graus de desenvolvimento
particular, independente da vontade e da agitação dos homens,
até regulando essa vontade e essa agitação”.
        Em geral, os estudantes de administração e de economia
política têm em sua grade escolar de curso os ensinamentos de
23


Henri Fayol a partir de sua obra “Administração industrial e
geral”, base de sua doutrina - o fayolismo - que trata das
necessidades e possibilidades de um ensino administrativo e dos
princípios e elementos da administração com vistas à divisão
racional do trabalho, à autoridade, à responsabilidade, à
disciplina, à unidade de mando e à convergência de esforços na
empresa. Outro clássico da administração é “Os princípios de
administração científica”, de F.W. Taylor, onde ele apresenta
suas observações e experiências, particularmente, quanto às
formas de desperdícios, procura de homens eficientes, causas da
vadiagem no trabalho, lei da fadiga, seleção de pessoal e outros
temas relevantes que serviram de fundamentos à sua doutrina,
conhecida como teilorismo. Uma das mais belas críticas ao
teilorismo, como doutrina, vem do gênio do cinema mudo
Charles Chaplin em seu belíssimo filme “Tempos modernos”,
que se aconselha a ver, para divertir-se e contextualizar tão
importante crítica.
        Tanto Fayol quanto Taylor em muito influenciaram
Henry Ford, em sua indústria automobilista, onde, de fato,
também criou sua doutrina administrativa mundialmente
conhecida como fordismo, que se fundamenta na linha de
montagem com ou sem esteira rolante para a produção em série.
        Em tese, esses arautos da administração e da economia
política fabril ou empresarial Fayol, Taylor e Ford em suas idéias
e obras camuflam ou dão uma “aparência científica à
racionalização do trabalho de tal forma” a ocultar e negar as
críticas de Marx segundo as quais “toda produção capitalista,
como geradora não só do valor, mas também da mais-valia, tem
esta característica: em vez de dominar as condições de trabalho,
o trabalhador é dominado por elas; mas essa inversão de papéis
só se torna real e efetiva, do ponto de vista técnico, com emprego
das máquinas. O meio de trabalho, tornado autômato ergue-se,
durante o processo de trabalho, diante do operário sob a forma
de capital, de trabalho morto, que domina e explora a força de
trabalho viva”.
24


        É do conhecimento público que, em todos os setores da
economia (primário, secundário e terciário) o nível de emprego
tende a diminuir e, sem dúvida, não há um único segmento
industrial, na última década, onde o emprego não tenha se
contraído. A revolução do conhecimento e da informação via
telemática, biotecnologia, nanotecnologia, robótica, aeroespacial
e agricultura molecular estão levando a mudança radicais na
empregabilidade. Tanto o crescimento e o desenvolvimento
econômicos se dão, hoje, à revelia da geração de empregos e,
mais grave ainda, tornando-os obsoletos e o empregado
descartável.
        A reengenharia do trabalho foi criada pelas grandes
corporações para eliminar cargos de todos os tipos e em
quantidade maior do que em qualquer época do sistema mundo
capitalista. Sua forma de eliminar empregos é comparável a
grande crise mundial do capitalismo dos anos 29 e 30 do século
passado. Note-se, também, que a reengenharia do trabalho
alimenta a queda do poder aquisitivo das comunidades pelo
impacto do achatamento das gigantescas burocracias das
transnacionais, agora, funcionando em rede ou de forma reticular
com total e absoluta transposição de fronteiras, sejam elas quais
forem, ou seja, geográficas, culturais, raciais, religiosas, étnicas
etc.
        Observe-se, também, que as grandes corporações
desenvolvem diferentes estratégias de trabalho contigencial para
evitar os altos custos, para elas, de benefícios aos trabalhadores,
tais como: aposentadorias, assistência médica, férias e licenças
médicas pagas, etc. Reduzem, portanto, seu núcleo de
trabalhadores fixos, contratando trabalhadores temporários,
estagiários universitários, todos com variações sazonais. Na
prática, a mão de obra, como mercadoria, recebe todo o impacto
da logística “just-in-time”, criada para atender o que há de mais
moderno na circulação dos bens econômicos sob a égide da
micro-eletrônica.
        Por mais que as corporações diminuam a duração de vida
dos produtos via acelerada depreciação moral e material dos
25


mesmos, com sua substituição em intervalos cada vez menores, a
crise de empregabilidade se torna mais dramática, sem quaisquer
ajustes nos campos econômico-social e ambiental do modo de
produção capitalista, justificando o enunciado de Marx, feito em
1857, de que “chegou o tempo em que os homens não mais farão
o que as máquinas podem fazer”. Dessa forma, vive-se, hoje, no
sistema mundo do capitalismo, com a abolição do trabalho
obrigando os trabalhadores a disputar entre si as escassas
oportunidades de emprego em vez de juntos se organizarem em
busca de uma nova racionalidade econômica, política, social e
ambiental. Na prática, essa crise da empregabilidade tem servido
de arma para os detentores de capital com vistas a estabelecer
cada vez mais hierarquia, obediência, disciplina na divisão do
trabalho nas empresas e corporações transnacionais.
        Segundo Gorz, a crise da empregabilidade tem levado os
estados capitalistas ao ponto de em suas linguagens oficiais
afirmarem “não se trata mais de trabalhar para produzir, mas de
produzir para trabalhar (...) a economia de guerra e a própria
guerra que foram, até hoje, os únicos métodos eficazes para
assegurar o pleno emprego dos homens e das máquinas quando a
capacidade de produzir ultrapassava a de consumir”.
        “O declínio inevitável dos níveis dos empregos e a
redução da força global do trabalho”, é o subtítulo do livro,“ O
fim dos empregos”, de Jeremy Rifkin, que aponta para se deixar
de lado a ilusão de retreinar pessoas para cargos já inexistentes e
pondera, institucionalmente, para a ação em um mundo que está
eliminando o emprego de massa na produção e na
comercialização de bens e serviços. Aconselha a intuir-se uma era
pós-mercado em busca de novas alternativas e novas maneiras de
proporcionar renda e poder aquisitivo com vistas à restauração
das comunidades e reconstrução de uma cultura de
sustentabilidade. Sinaliza, também, a necessidade de se iniciar
uma grande transformação política, social, econômica e
ambiental com vistas ao renascimento do ser humano em toda sua
plenitude.
26


        Em seu conhecido livro “A economia do hidrogênio”, o
mesmo Rifkin sinaliza que as células combustíveis energizadas
por hidrogênio possuída pelas comunidades possibilitarão toda
uma nova redistribuição do poder na medida em que qualquer ser
humano poderá produzir sua própria energia. Essa “geração
distributiva”, preconizada por Rifkin, tornará o controle
oligárquico e hierárquico das grandes corporações obsoleto.
Afirma ele que “milhões de usuários poderão conectar suas
células combustíveis locais, regionais e nacionais de hidrogênio,
através dos mesmos princípios e tecnologia da world wide web,
compartilhando e criando um novo uso descentralizado da
energia”.
        Seu otimismo chega a ponto de afirmar que “o hidrogênio
pode acabar com a dependência do petróleo, reduzir a emissão
de dióxido de carbono e o aquecimento global, além de
apaziguar guerras políticas religiosas. O hidrogênio poderá se
tornar o primeiro sistema energético democrático da história”.
        Fritjof Capra, também, em sua obra “As conexões
ocultas” aponta como tarefa desta e das futuras gerações “a
mudança do sistema de valores que está por trás da economia
global, de modo que passe a respeitar os valores da dignidade
humana e atenda às exigências da sustentabilidade ecológica”.
        Após essas breves divagações sobre a divisão do trabalho
procura-se, agora, navegar ou proceder a conjecturas sobre um
mundo sem empregos.
        Contextualizando o livro de William Bridges, “Um
mundo sem empregos. JobShift. O desafio da sociedade pós-
industrial”, pode-se, grosso modo, sinalizar os seguintes tópicos
para a sua compreensão:

       1. Da gênese e da evolução ou desenvolvimento, vê-se
que o conceito de emprego não faz parte da natureza na medida
em que é uma criação humana. Durante séculos, apresentou-se
como arte ou ofício dos humanos nos modos de produção
precedentes ao capitalismo e, mesmo, em algumas fases deste.
Passou a ter o significado que tem hoje a partir da revolução
27


industrial, através do advento das fábricas, das máquinas e das
burocracias institucionais e organizacionais tanto das empresas
quanto dos estados nacionais. Não existem empregos fora das
organizações fabris ou não-fabris – burocratas. Hoje, as
organizações que deram origem ou criaram os empregos estão em
processo de mutação, ou seja, desaparecendo via processos de
terceirizações (outsourcing) e serviços públicos terceirizados e
privatizados.
        O emprego nunca foi e não é um fato atemporal da
existência humana. É um artefato social próprio de determinadas
etapas do desenvolvimento da economia mundo do capitalismo e,
muito em particular, do metabolismo do capital.
        Do ponto de vista da psicologia social, o emprego
proporciona à pessoa o seguinte:

       a) Uma ajuda à pessoa a dizer a si mesma e aos outros o
que ela é
       b) Seu envolvimento em uma rede central de relações de
amizades em um contexto social
       c) Uma estrutura de tempo onde se imagina a
padronização dos dias, meses e anos de sua vida
       d) Um rol de papéis a serem desempenhados em tempo
hábil, ou seja, lugar e hora de comparecer, coisas a fazer,
expectativa quanto a um padrão de carreira e propósitos diários
       e) Um significado e ordem de sua vida em função de uma
remuneração e direitos sociais empregatícios.

       2. Do mundo do emprego para o mundo sem emprego.
Nesse processo de transição vale lembrar os seguintes tópicos:

       a) A força de trabalho insere-se no processo “just-in-
time”, tornando-se fluida, flexível e descartável, e as
oportunidades e situações de trabalho tendem para tempo parcial,
temporalidade e flexibilidade
       b) As novas tecnologias facilitam e deslocam a
colaboração entre empresas em redes e, também, a partir de
28


fornecedores terceirizados entre diferentes localizações de uma
mesma organização transnacional
        c) A economia desloca-se das velhas indústrias para
novas guiadas pela micro-eletrônica, biotecnologia, robotização e
outras informatizadas. A agricultura tradicional passa a dar lugar
à agricultura molecular, agrônica e agrótica
        d) A reengenharia do trabalho altera significadamente o
mundo da divisão do trabalho tanto em seus aspectos qualitativos
quanto quantitativos, remetendo para o mundo da administração e
da gestão das organizações públicas e privadas o emprego, como
parte do problema e não da solução na medida em que o analisa e
o vê como inibidor das mudanças
        e) O trabalho, informatizado e robotizado demanda um
número bem menor de empregados e desloca-se para todo e
qualquer lugar. Essa é a razão do fax, dos laptops, dos telefones
celulares transformarem qualquer ambiente em um escritório
completo
        f) O ex-empregado necessita, agora, vender suas
habilidades, inventar novas relações com organizações para
ocupar seu tempo de trabalho e aprender novas maneiras de
trabalhar fora dos empregos, ou seja, nas organizações ou
corporações sem empregos.

       3. Desse processo de abolição dos empregos deduz-se
que levam às mudanças as necessidades não-satisfeitas nos
seguintes aspectos das organizações:

       a) No abrir dos espaços entre os recursos disponíveis
       b) Na criação de novas fronteiras e novas interfaces entre
as organizações
       c) Na introdução de novas tecnologias e novas economias
a serem introduzidas no metabolismo do capital
       d) No obsoletismo dos arranjos técnicos, econômicos e
organizacionais.
29


       4. Do trabalho ou ocupação no mundo sem empregos
torna-se necessário que a pessoa ou trabalhador redefina e recicle
seus dados pessoais quanto:

       a) Às expectativas sob a ótica das incertezas
       b) Aos hábitos sociais, técnicos, econômicos e criação de
cenários alternativos
       c) Às regras pessoais quanto à qualificação, atitudes,
capacidades, temperamento e ativos
       d) À estrutura da integridade/identidade doando limites as
possibilidades do que se cogita na jornada da vida
       e) À estrutura da realidade em constante e permanente
mudança
       f) À criação de um novo sentido com vistas às condições
internas e externas para lidar com esse novo mundo.

        Nestes tópicos sobre a divisão do trabalho e sobre um
mundo sem empregos, vale, aqui, transcreverem-se as novas
atitudes ou estratégias apresentadas por William Bridges em seu
livro, acima citado, resumidas no seguinte:

        “1. Aprenda a encarar toda situação potencial de
trabalho, tanto dentro quanto fora de uma organização, como um
mercado. Até mesmo pessoas que atualmente estão sem trabalho
descobrirão, ironicamente, que muito das melhores perspectivas
para as futuras situações de trabalho encontram-se na
organização que as demitiu de emprego ou as induziu a uma
aposentadoria precoce”.
        “2. Pesquise seus DADOS (ou seja, suas Aspirações,
Capacidades, Temperamento e Pontos Fortes) e recicle-os num
produto diferente e mais ‘viável’. Todo mercado está cheio de
pessoas à procura de produtos, mesmo quando nenhum emprego
está sendo anunciado. Você precisa aprender a transformar seus
recursos naquilo que está sendo procurado”.
        “3. Pegue os resultados do nº2, construa um negócio
(vamos chamá-lo de Você & Co.) em torno do mesmo aprenda a
30


dirigi-lo. Nos anos vindouros, você vai obter menos
quilometragem de um plano de carreira no sentido antigo do que
de um ‘plano comercial’ para sua própria empresa. Quer você
esteja empregado ou não naquilo que costumava chamar de
emprego, daqui para frente você está num negócio próprio”.
         “4. Aprenda sobre os impactos psicológicos da vida neste
novo mundo do trabalho e monte um plano para lidar com eles
com sucesso. Não bastará saber para onde você vai se você não
puder suportar as pressões do lugar quando chegar lá”.

       No ambiente das empresas e organizações pós-
emprego, os cargos tornam-se obsoletos e são substituídos por
atribuições de tarefas além de se ter em conta o ócio criativo e
uma economia pública. Daí sua estrutura tender para conter os
seguintes elementos:

       a) Empregados essenciais
       b) Fornecedores e subcontratantes
       c) Fregueses e clientes
       d) Trabalhadores temporários
       e) Contratações por prazo limitado.

        Nos escritórios e departamentos de empresas que antes
estavam repletos de empregados, hoje se limita a um número
pequeno de pessoas fazendo previsões para clientes reais e
potenciais ou indivíduos mandando pedidos via fax de seus
“laptops” e celulares em veículos, hotéis, etc. Muitas dessas
pessoas são distribuidores independentes do sistema de vendas
direta, contratantes individuais ou trabalhadores temporários para
o fluxo de negócios.
        A questão de uma organização ou empresa pós-emprego
é qualitativamente diferente daquela baseada em cargos. As
carreiras são reconceitualizadas e reinventadas desde a
disponibilidade de acoplamento tecnológico até as questões
idiossincrásicas como são as responsabilidades familiares das
partes como as condições de ir e vir ao autoemprego,
31


autonegócios ou trabalho. Há que se rever e refazer o estado em
função das empresas ou organizações não-governamentais (ONG)
economia social-comunitária.
       No pós-emprego das empresas trabalho e lazer também
fogem ou se divorciam do cálculo do emprego permanente. O
tempo livre não é mais parte do horário de serviço, mas algo
inserto nas atribuições de tarefas ou contratos de projeto e
aposentadoria torna-se uma questão individual que nada tem a
ver com a política organizacional. A economia do hidrogênio
certamente provocará a redistribuição do poder no mundo
globalizado.
       As tendências das empresas ou organizações pós-
emprego são três:

        a) Expansão dos ganhos para participação dos
resultados
        b) Pagamento por habilidades
        c) Autogestão na direção dos negócios, isto é, aceso
direto às informações que antes eram do domínio das pessoas que
tomavam as decisões. Hoje se observa que a economia tende a
conectar células combustíveis de hidrogênio com geração
autônoma e resdistribuitiva.

         Ainda no ambiente da empresa ou organização pós-
emprego, a pessoa faz aquilo que precisa ser feito para
facilitar, honrar e realizar a missão, a visão e os valores da
organização onde cada pessoa administra o todo e não apenas
a sua parte. O hidrogênio como fonte de energia pode se tornar o
primeiro sistema energético democrático, libertador e eqüitativo
da história humana.
         Nas organizações pós-emprego, consegue-se que as
pessoas:

       a) Tomem decisões gerenciais que eram restritas aos
gerentes
       b) Tenham acesso às informações para tais decisões
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       c) Sejam capacitadas e treinadas para entender as
questões comerciais e financeiras da empresa
       d) Interessem-se pelo fruto de seu trabalho como forma
de compartilhar com a organização e participar dos seus
lucros
       e) Possam na economia do hidrogênio compartilhar e criar
um novo uso descentralizado da energia e do bem estar.

       Para administrar a transição da sociedade industrial
para a sociedade da informação, onde predominam as
organizações pós-emprego, há que se reinventarem também os
programas de capacitação e treinamento. Essas ações devem:

        a) Objetivar a leitura dos mercados, identificar as
necessidades oriundas das mudanças e definir o produto de ou
para alguém de acordo com as necessidades
        b) Identificar outros vendedores de bens ou serviços que
estão fazendo aquilo que a organização pretende fazer e como
alcançam resultados
        c) Induzir a melhorar continuamente a qualidade daquilo
que se pretende fazer;
        d) Gerir seu tempo pessoal e do “joint-venturing” pessoal
na organização. A criação da economia do hidrogênio deve levar
à redistribuição do lucro e do poder como forças motrizes de um
novo modo de produção.

       O novo sistema circulatório da organização pós-emprego
requer para a redisposição de recursos:

       a) Capacitação e treinamento em como administrar a
própria carreira e oportunidades de negócios
       b) Estímulo, motivação e entusiasmo para ações
multiníveis (networking) e acesso “on line” às oportunidades de
negócios ou de oportunidades de trabalho ou autoemprego
       c) Desenvolvimento de estratégias de a própria pessoa
atuar como um negócio
33


        d) Informações de como dispor da ajuda para a carreira,
em termos de cursos, bancos de dados, serviços de avaliação e
coisas afins
        e) Com o hidrogênio, como fonte de energia, a geopolítica
do sistema mundo do capitalismo entrará em colapso dando lugar
a uma política biosférica inserta em uma antropolítica.

       Vale lembrar que o Centro de Políticas Sociais da
Fundação Getúlio Vargas, em seu recente levantamento sobre
emprego no Brasil, aponta que “uma em cada três pessoas vai
perder o emprego nos próximos dois anos”. (Ver Revista Época
nº. 427 de 24/07/2006). Comenta, ainda, a revista em tela que
aqueles que pretendem manter seu emprego têm de cuidar das
seguintes habilidades:

        a) Entender o que é sucesso, conhecendo os valores da
empresa
        b) Não prometer demais de forma a apreender a cultura da
empresa
        c) Controlar o tempo como maneira de focar o trabalho e
ser produtivo e dar resultados
        d) Ser político, isto é, participar da vontade do time,
mesmo que dele não faça parte de forma a externalizar habilidade
política e liderança
        e) Fazer marketing pessoal de maneira que as pessoas
achem que seu trabalho tem a ver com o sucesso em manter seu
emprego ou carreira na empresa.

     A CONJUNTURA DO SISTEMA MUNDO
              CAPITALISTA
       Hoje, em pleno século XXI e início do terceiro milênio,
quando se vive o chamado processo de globalização, há, no
Brasil e no sistema mundo do capitalismo as seguintes
características distintivas:
34


        a) Integração dos mercados financeiros mundiais
        b) Crescente presença de empresas transnacionais na
economia do país
        c) Internacionalização das decisões
        d) Incrível mobilidade de massa de capitais financeiros
com sentidos especulativos
        e) Manipulação da política monetária e cambial
        f) Mobilidade das empresas transnacionais sem
compromisso com os países que sediam suas atividades
        g) Constrangimento do poder dos estados nacionais
        h) Fabricação de diferentes partes do produto em
diferentes países à custa de baixas remunerações “marketing
clearing”
         i) Relações intracapital ou (cachos de empresas)
“producer-driven”
         j) Incrível velocidade de transmissão de dados e
informações que fazem a dimensão espacial-demográfica perder
importância e com impactos instantâneos
         l) Obsoletismo do emprego com transformação no
conceito de ocupação e de geração de incontrolável exclusão
social a partir de entes humanos supérfluos ao sistema capitalista
        m) Obsoletismo da superestrutura, isto é, do direito
positivo, e a ele contrapondo um direito em rede e a arbitragem,
ou ainda, o “direito reflexivo e o direito social”.

        A economia mundo do sistema mundo capitalista dá-se,
hoje, com as relações dialéticas concentração versus
fragmentação e exclusão versus inclusão. De um lado, assiste-
se a necessidades de “network” em forma de “TEAMNETs”
(empresas de transposições de fronteiras) que basicamente
decidem o que, como, quando e onde produzir os bens e
serviços em forma de marcas e redes globais que forçam o
processo de concentração nas cadeias de produção. De outro
lado, a participação no mercado “market share” e o processo de
acumulação levam as organizações a terceirizar, franquear,
associar-se e agir em multinível, dando oportunidades a uma
35


grande quantidade de organizações menores (fragmentação), que
alimentam as cadeias produtivas do sistema mundo do
capitalismo.
        Imbricado à contradição supra, estabelece-se outra que se
explicita no desempenho estrutural crescente dentro de uma
dinâmica de uma queda de preços dos produtos em níveis
globais na tentativa de incluir aqueles que estão às margens do
consumo oriundos do processo de exclusão pela ausência de
emprego provocado pelas intensas inovações tecnológicas dentro
ou fora dos arranjos produtivos locais (clusters).
        Diante de tais contradições, as organizações levam às
ultimas conseqüências a estratégia do suprimento intrafirma
“intra-firm sourcing” em empresa-rede “network” globais. As
conseqüências dessa estratégia fazem multiplicação do trabalho
urbano informal flexível em detrimento do trabalho jornal. Por
todos esses motivos, os cidadãos passam a recriar e reinventar
sua própria ocupação ou seus autonegócios na medida em que o
emprego some e tenta sobreviver no processo de exclusão social
em massa ou buscar proteção no sistema de cooperativas e de
multiníveis.
        Na lógica da economia mundo ou economia do poder
(militar, monetário e comunicação) no sistema mundo capitalista,
o fracionamento das cadeias produtivas, vital para as
organizações, incorpora e desenvolve bolsões de trabalho mal
remunerados, em nível global, com tendências cada vez maiores
de concentração de renda e exclusão da maioria absoluta dos
contingentes populacionais nos países centrais e principalmente,
nos periféricos.
        É importante discernir que o sistema mundo capitalista a
partir do G7 é, agora, um império que domina a totalidade
econômico-social-espacial do planeta. Não tem limites: temporal;
social; espacial; e independe do estado-nação como base de
poder, como aconteceu na economia mundo do capitalismo onde
o imperialismo (europeu e norte americano) tinha como base do
centro do poder, exatamente, no estado-nação ou no estado
intervencionista.
36


        Desconhecendo onde começa e termina sua área
influência e dominação transnacional, o império do sistema
mundo capitalista, provoca um novo código de ética
multicutural, onde não mais se separam as esferas públicas e as
esferas privadas, podendo, em conseqüência, impulsionar forças
motrizes que tendam a um direito à cidadania global e a uma
renda mínima para uma sobrevivência do cidadão/mundo. Essa
hipótese é o contraponto do principio de exclusão, ora existente,
onde 80%, da população mundial, se tornam descartáveis para
que o sistema mundo capitalista possa sustentar apenas os 20%
que são do sistema e o controla na perspectiva de decidir quem
sobrevive e quem deve desaparecer por causa da “destruição
criadora”,       maquinada        pela       atual    estratégia
neoliberal/monetarista/consumista do império.
        Sabe-se que as causas do fenômeno do globalismo são
várias, outrossim, vale mencionar aqui as principais:

        a) A Revolução Mundial de 1968 que revelou ao mundo
a reversão do conflito Leste x Oeste para o conflito Norte x Sul
ou Ricos x Pobres e provocou o destronamento das ideologias
do liberalismo, conservadorismo e socialismo de estado, cujas
conseqüências e efeitos são de longo prazo e se espraiam na atual
crise do sistema mundo do capitalismo
        b) A crise do padrão monetário mundial decidido
unilateralmente pelo governo Norte-americano, em 1971, com a
insustentabilidade da paridade dólar com o lastro ouro
        c) Os choques do petróleo de 1973/1974 e de 1978/1979,
que desnivelaram os preços relativos da produção dos bens e
serviços, em escala global, com radicais descontroles nas
balanças de pagamentos dos países e a quebra unilateral dos EUA
do acordo de Bretton Woods
        d) Os acontecimentos de 11 de setembro em Nova York
e as guerras no Afeganistão e no Iraque sob uma coalizão
liderada pelos Estados Unidos por sobre as resoluções da ONU e
das explosões de bombas nas vias férreas de trens e metrôs
(Espanha e Inglaterra) e nos sofisticados recantos turísticos
37


(Indonésia e Egito) levam ao extremo a insegurança social.

         No intricado processo da crise, logo após a revolução
mundial de 1968, dar-se-á o fim do fordismo e o início da
transformação de empresas multinacionais em empresas
transnacionais. Observa-se a conversão das ciências e das
tecnologias em meio básico de produção de bens e serviços, em
toda a ordem econômica mundial, dando como resultado o
decrescente ciclo de vida útil dos bens e o acúmulo de lixo e
poluição ambiental de toda ordem e forte processo de exclusão
social. Daí surge, em nível global, um novo padrão de
estratificação no processo de acumulação de capital e em seu
incessante rendimento em forma de lucro via capital financeiro e
rentista com radical aprofundamento das desigualdades entre
pessoas e entre países oriundos dos novos fluxos de intercâmbios
comerciais; pagamentos; tecnológicos; informações; entre
economias nacionais e economias regionais e entre capitais
mercantis, financeiros, produtivos e rentistas. Surgem as
organizações “TEAMNETs” (transposição de fronteiras em
redes).
         Frente a tais fenômenos, a nova ordem (e os novos
paradigmas) do processo de reprodução incessante de capital do
sistema mundo capitalista passa a ser condicionada pelos
seguintes fatores:

       a) Radicais diferenças entre os países cêntricos (G7), a
semiperiferia e a periferia do sistema
       b) Emergência e consolidação de novo paradigma da
“especialização flexível da produção”, “pós-fordista” em
“revolução da gestão do conhecimento” que relativiza as
vantagens comparativas dos países que fazem parte da
semiperiferia e da periferia do sistema mundo capitalista
       c) Padrão de estratificação relacionado à dinâmica da
oferta e da procura pós-investimentos diretos e indiretos no
âmbito ou interior do sistema financeiro internacional, que geram
capacidades produtivas de bens e serviços sob a égide das
38


transnacionais, agora organizadas em: muitos centros; cadeias
produtivas; redes; organicidades; processos; interações; muitos
canais decisórios e de recursos de informações
        d) Estreito monitoramento do sistema por organizações
mundiais tais como: OMC, FMI, BIRD e BIS sob a égide do
único país que tem plena soberania e pleno poder de doar sentido
ao sistema mundo capitalista que são os EUA e seu consorte G7,
onde suas ordens são convalidadas para o sistema mundo.

        A partir do cenário acima, há que se buscar uma inserção
do Brasil no sistema mundo capitalista, sem sacrifício da
identidade nacional e com sustentabilidade em termos de
desenvolvimento. Para tanto, não se deve olvidar que a dimensão
econômica do globalismo se reificada pode levar a um tipo de
reducionismo que oculta outros fatores de ordem política, cultural
e ambiental. Por isso é que a inserção do Brasil não pode se dar
nos termos dos EUA ou da União Européia, mas, talvez, como a
da China, a da Rússia e a da Índia. Para tanto, há que se garantir
condições mínimas de interdependências e de soberania para
decidir a doação de sentido que deve ter a política e a economia
nacional, sem interferências externas, como as do FMI, as do
BIRD e mesmo as dos EUA.
        Os conceitos de nação, estado e soberania estão
imbricados aos processos econômicos, sociais, políticos e
culturais na medida em que: i) a nação expressa no meio político
a integração de pessoas com a mesma identidade coletiva, com a
mesma historicidade e base econômico-cultural; ii) o estado
aponta ou indica um ordenamento e um controle induzidos pela
expansão do capital para estabelecer a unificação de estruturas de
poder territorial com aplicação e regras de direito válidas para
todo e qualquer habitante cujo contorno institucional, político,
burocrático e jurídico dá-se no século XIX; iii) a soberania trata
do poder de mando numa determinada sociedade, política,
econômica, social e cultural, que é julgada exclusiva,
independente, inalienável e suprema. Está relacionada à essência
da política expressa internamente pela ordem, e externamente
39


pelas negociações internacionais e até mesmo pelas guerras.
        No contexto do sistema mundo induzido pelas
transnacionais, no processo de globalização, as contradições do
capital e, principalmente, do capitalismo apresentam forte
tendência para o crescente esvaziamento das regras ou normas do
direito constitucional dos estados nacionais frente aos novos
esquemas regulatórios e, também, das novas formas
organizacionais e institucionais supranacionais expressas pela
tendência da formação dos megablocos econômicos.
        No pensamento de WALLERSTEIN, existe no sistema
mundo do capitalismo as seguintes tendências que apontam à
agonia do sistema mundo capitalista que o levam para sua
bifurcação dissipativa ou de sua substituição:

       a) Desruralização do mundo
       b) Crise ecológica mundial
       c) Democratização do mundo
       d) Reinvenção ou reversão do estado-nacional
       e) Militarização e autodestruição das forças produtivas
       f) Financeirização do capital com o abandono da produção
de riquezas.

        Todas essas tendências batem de frente ou se opõem às
forças motrizes do sistema mundo capitalista, que são o lucro e o
poder, ambas, resultantes do processo de acumulação incessante
de capital.
        É conveniente enfatizar que as organizações reticulares,
tratadas neste livro, sofrerão profundas mudanças dentro das
turbulências do sistema mundo do capitalismo onde se
destacam:

       Fim dos combustíveis fósseis entre 2015 e 2025

       Geração de energias alternativas e de biomassa para gerar
energia elétrica com vista à produção de células combustíveis de
hidrogênio. Profundo impacto nas economias muito dependentes
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da matriz energética dos combustíveis fósseis. Quais os cenários
para o Brasil, e a Região Nordeste sob a ótica das empresas de
transposição de fronteiras?

       Cassino Global

        Desregulamentação ou regulamentação unilateral dos
mercados com especuladores de toda ordem (bancos, fundo de
pensões, paraísos fiscais, seguradoras, etc.) organizados para a
manipulação financeira, via Internet, em meta rede mundial de
interações tecnológicas e de turbulências. Quais situações, no
âmbito das organizações reticulares, prospectam-se para o Brasil
e nele as regiões Nordeste e Norte?

       Relação capital/trabalho

        O capital, hoje, é global e excludente no sistema mundo
do capitalismo. O trabalho via emprego é local, fragmentado,
descartável com tendência ao obsoletismo. A hipótese 20/80, ora
em construção pelo sistema capitalista, tende a aumentar a
pobreza ao extremo no processo de exclusão social a partir do
fundamentalismo de mercado idealizado pelo G7. O que fazer
para mitigar tal tendência com o funcionamento das organizações
reticulares no nível local, estadual, regional e nacional com
propósitos de inclusão social?

       Impacto ou crise ecológica

       Comprometimento da biosfera e da vida no planeta.
Esgotamento dos recursos naturais ou dos bens livres. Guerra
mundial dos ricos contra os pobres a partir da unilateralidade dos
EUA, como centro do sistema, no processo incessante de
acumulação de capital, cujo metabolismo se resume em duas
forças motrizes: o lucro e o poder. Quais suas implicações no
Brasil e na Região Nordeste e que papel desempenharão as
41


organizações reticulares na crise?

        Redes criminosas globais

       Paraísos fiscais, jogos e outras atividades criadas como
fonte de lavagem de dinheiro. Tráfico de drogas e de armas sob
salvaguarda do judiciário e com alianças estratégicas com o
estado nos países cêntricos e periféricos. Papel dos celulares e
laptops nas redes criminosas tanto internas quanto externas.
Como podem os princípios ou intenções da Agenda 21 da ONU e
a Nacional ou mesmo local e os Planos Diretores Municipais
oriundos do Estatuto da Cidade apreender ou ter visão de tal
problema com vistas às organizações reticulares?

        Reversão do estado nacional em estado em
redes

       Formação dos megablocos sob a égide de mega redes
financeiras internacionais. Ligação intermodal de transporte do
Atlântico com o Pacífico, na América do Sul, e consolidação de
um megabloco de integração no continente levará ou não ao
obsoletismo dos estados federados do Brasil. Criação de estados
em redes. Como procederem tais cenários para o funcionamento
das organizações reticulares com vistas à inclusão social?

        Transformação cultural

        A Internet aberta e a Internet fechada. As mídias: faladas,
escritas, televisas e cinematográficas. Agências de informações
controladas pelo centro hegemônico do sistema. Manipulações de
símbolos e códigos culturais. Como ficam as organizações
reticulares no Brasil inclusas, também, no processo, a luz das
agendas 21 locais, e os paradigmas do Estatuto da Cidade e de
uma ética das aparências e de responsabilidade?
42



       A Biotecnologia e a biossegurança

        A engenharia genética com o patenteamento e a
privatização da vida. Ignorância e descaso de todas as
considerações bioéticas e morais. A biologia molecular e a
concepção da estabilidade genética. A simbiogênese. A ética da
clonagem. A biotecnologia na agricultura. Transformação da vida
em mercadoria. Como podem as empresas de transposição de
fronteiras abordarem a visão dessa atual problemática nas
empresa ou sociedades reticulares?

       As resistências globais

        A situação das lutas no mundo. As questões do fim do
petróleo e a escassez da água potável. A dívida externa e a rapina
sobre as riquezas e recursos humanos dos países periféricos. A
luta contra a exclusão social, a fome e a miséria na nova ordem
ou desordem mundial. Os movimentos das mulheres (outra
mundialização). A militarização do mundo. Novas condições para
a paz. Polarização capitalismo imperial x capitalismo tardio nos
países periféricos. Projeto hegemônico Norte Americano e sua
unilateralidade. Posições do Brasil, da China, da Índia, da África
do Sul, da Rússia e da União Européia e os movimentos que
contrapõem um Tribunal Internacional de Inadimplência ao
BIRD; uma Organização Internacional de Finanças ao FMI, bem
como, a criação de uma Organização pela Responsabilidade
Empresarial. As Pesquisas e Iniciativas de Emissão Zero (ZERI).
Construção econômica de células combustíveis de hidrogênio
(processo de descarbonização). Quais os papéis das organizações
reticulares frente às resistências ou a esses movimentos globais?

       As tendências demográficas do Brasil
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        Perigo de regressão populacional e fragmentação
nacional. A Amazônia como principal alvo do Império e do G7.
As investidas internacionais sobre a Amazônia. Devem ou não as
organizações reticulares ignorar tais cenários e como podem agir
contra tais tendências?

                COMÉRCIO MUNDIAL
       Com a expansão européia por meio das invasões nos
novos e velhos continentes, a partir do Século XVI, criaram-se as
doutrinas mercantilistas, que prescreviam: exportar o máximo e
importar o mínimo de mercadorias de forma a ter uma balança
comercial superavitária. Claro que todas essas doutrinas tinham
como objeto a acumulação de capital nos países cêntricos da
Europa à custa do saque das colônias das Américas, da África e
da Ásia.
       O aparecimento, em 1776, do livro de Adam Smith, “A
riqueza das nações”, surge a teoria das vantagens
comparativas que reza o mito de quanto maior a vantagem, tanto
menor o custo da mercadoria. Nela se imbricam as chamadas
vantagens naturais como as vantagens adquiridas que
provinham de determinadas especializações em linhas de
produção manufatureiras e industriais. A grande novidade da
teoria de Smith é a negação da importância de acumulação de
tesouros de metais preciosos para a acumulação de capital, na
medida em que o conceito de riqueza, para esse autor, é obter os
bens de uso necessário ao consumo da população com o menor
esforço ou gasto de tempo de trabalho humano.
       Entretanto, David Ricardo aprimorou a teoria das
vantagens comparativas “ao demonstrar que cada país deveria
especializar-se na produção das mercadorias em que tivesse
maiores vantagens relativas, ainda que para tanto tivesse que
importar mercadorias por um valor mais alto de que lhe custaria
fabricá-los”. Ricardo afirmava “mesmo que se um país tivesse
grandes vantagens naturais e adquiridas em todas as esferas de
produções, a especialização apenas nos ramos em que suas
44


vantagens relativas fossem maiores lhe traria mais vantagens do
que a auto-suficiência econômica”. (Citado Paul Singer).
        O próprio Ricardo, no aprimoramento dessa teoria,
introduziu o chamado padrão-ouro para combinar o livre
câmbio com equilíbrio da balança comercial de todos os países.
Praticamente, o comércio natural da economia mundo do
capitalismo em grande parte no Século XIX se orienta pela teoria
das vantagens comparativas de Smith, devidamente aperfeiçoada
por Ricardo que, também, nela introduziu uma divisão
internacional do trabalho pelas especializações advindas da
revolução industrial, desequilibrando as vantagens naturais em
favor das vantagens adquiridas.
        No pós 2º guerra mundial, surge, na CEPAL (Comissão
Econômica para América Latina) organismo da ONU, a teoria da
deteriorização dos termos de intercâmbio em relação aos
países periféricos ou subdesenvolvidos, formulada por Raul
Prebisch e desenvolvida por Celso Furtado, que contrariou,
totalmente, a teoria das vantagens comparativas até então sem
contraponto. A crítica da CEPAL passa a tomar importância não
somente nos países periféricos, mas também nos países
desenvolvidos e hegemônicos. Tanto isso é verdade que o
economista francês Emanuel reformula a teoria das vantagens
comparativas contrapondo a ela outra teoria, a das trocas
desiguais. Segundo Singer, a teoria das trocas desiguais, a partir
da teoria formulada por Prebisch e Celso Furtado, agora,
aperfeiçoada por Emanuel, mostra “que, numa economia
capitalista internacional em que os capitais se transferem
facilmente de um país para o outro, os termos de intercâmbio têm
que determinar para os países em que os custos de produção
(com particular ênfase no salário) tendem a cair em relação aos
parceiros de intercâmbio”, por conta da rigidez da divisão
internacional do trabalho.
        Durante toda a chamada guerra fria (1945 a 1990) os
debates não somente no âmbito das Nações Unidas aumentaram,
mas também evoluiu a partir do acordo mundial do GATT
(General Agrement on Tariffs and Trade) antecessor da OMC
45


(Organização mundial do Comércio) para ampliação do conceito
da divisão internacional do trabalho até chegar-se ao que se
convencionou chamar de Política do Status Quo que se explicita
a exploração dos ricos sobre os pobres. Isso a partir dos termos de
intercâmbio em nível mundial que, ainda hoje, (dez.2005)
estende-se na rodada de Doha da OMC, que, junto com o FMI e o
BIRD, tendem a manter e sustentar, no sistema mundo capitalista,
suas contradições quanto a: i) produção versus consumo; ii)
produção versus controle; e iii) produção versus circulação de
bens e serviços aprofundando, via processo de globalização
econômica, a exclusão social, a pobreza, a miséria, não somente
nos próprios países hegemônicos, mas, principalmente, nos países
periféricos, levando-os ao propalado conflito Norte x Sul, ou
melhor, entre o centro do sistema e os novos bárbaros.
        Nesse imbróglio, fluem, cada vez mais, as contradições
das crises: i) ecológica mundial, ii) demográfica intra e
internacional, iii) da sobrevivência humana em termos de
alimentação, saúde, habitação e saneamento, iv) da afirmação
social em termos de educação, profissão, emprego e cultura, v) de
liberdade social quanto à: mobilidade, à iniciativa, à informação e
ao lazer; e vi) política econômica que além de envolver as
contradições do sistema mundo do capitalismo o encaminha para
problemas cruciais, como por exemplo: o energético, a inflação, a
recessão, o desemprego ou o fim do emprego, as dívidas
impagáveis, e a reversão ou a reinvenção dos estados nacionais
nos chamados blocos econômicos e, finalmente, o que podemos
chamar de quarta guerra mundial.
        Defendendo a construção de um Brasil grande de
incluídos, é inevitável primar pelos objetivos nacionais
permanentes apresentados no diagrama formulado por Ênio
Labatut em seu livro “Política de comércio exterior”, publicado
pela editora Aduaneiras. Ver diagrama a seguir.



            AVALIAÇÃO ESTRATÉGICA PERMANENTE
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                             Análise dos Fatores
    Políticos
                       Psicossociais              Econômicos             Militares
                         Síntese: Premissas Básicas



                            Conceito Estratégico Nacional



                              Diretrizes Governamentais




        Estratégia        Estratégica            Estratégia          Estratégia
         Política         Econômica             Psicossocial          Militar



                              COMÉRCIO EXTERIOR
                               Premissas Específicas




                          Estratégica de Comércio Exterior



                            Política de Comércio Exterior



                                   ASPECTOS
       Comercial     Financeiro       Administrativo e         Iniciativas do
                                       Regulamentar               Estado



       Do ponto de vista da Política de Comércio Exterior, para o
Brasil, acredita-se que o leitor pode e deve produzir
conhecimentos nos seguintes pontos de análises com vistas à
construção de sua base de conhecimento:

    Sociedade brasileira no quadro do sistema
mundo do capitalismo
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        Sob essa ótica, deve o Brasil adotar uma política de
comércio exterior inteligente e autônoma capaz, de buscar os
seguintes objetivos: i) definir estratégias iniciando com um
planejamento estratégico situacional a partir do conhecimento
pleno de seus objetivos nacionais permanentes e da integração da
América do Sul; ii) ter perfeito conhecimento dos campos a ser
conquistados, fazendo um levantamento das necessidades para
alcançar os objetivos explícitos nas estratégias do planejamento
situacional; iii) envidar conhecimento amplo e perfeito das
necessidades dos países cêntricos do G7 e da Comunidade
Européia, dos países emergentes e subdesenvolvidos,
particularmente, dos africanos com vistas à expansão do
comércio Sul-Sul; iv) levantar com detalhes o “portfólio” dos
produtos e serviços de que dispõe possíveis de serem negociados
e trocados no comércio mundial; e v) buscar o conhecimento
amplo e adequado dos mercados compradores e da capacidade de
reação e retaliação dos países cêntricos como, por exemplo, o
que, agora, fazem os Estados Unidos com as exportações dos
crustáceos brasileiros, particularmente nordestinos, que têm
altíssima produtividade e competitividade.

    Os      problemas               econômicos,          sociais,
demográficos e ecológicos

        No âmbito de negociações nacionais e mundiais. Eles têm
a ver com um modelo autônomo de desenvolvimento
sustentável. Nele além da economia privada competitiva do
capitalismo (excluidora de força de trabalho) há que se constituir
uma forte economia pública estatal ou não capaz de mediar os
efeitos da exclusão social em benefício de outra economia social-
comunitária com viés de incluir as pessoas marginalizadas pelas
economias privadas competitivas capitalistas com vistas a
erradicar as assimetrias de renda entre as pessoas e entre os
espaços dinâmicos e letárgicos do Brasil.
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      Rodadas de negócios no âmbito da OMC e dos
blocos econômicos

        Devem seguir rigorosamente o sentido hoje doado pelo
Itamaraty nas negociações internacionais, particularmente naquilo
que foi discutido e que obteve consenso na UNCTAD XI, em
junho de 2004, na cidade de São Paulo. Uma boa política de
comércio exterior, para o Brasil, poderia obedecer aos seguintes
requisitos: i) isenção de impostos às exportações de produtos
industrializados, principalmente de alta tecnologia, ii) baixas
taxações dos produtos do agronegócio e agropastoril exceto
madeiras de lei, iii) altas taxações e altos impostos na exportação
de produtos minerais estratégicos, sem valor agregado, iv)
isenção de impostos à importação de insumos básicos e produtos
industrializados sem similar nacional, v) altas taxações e altos
impostos sobre importações de manufaturados, e vi) taxas e
impostos reduzidos às importações de bens de capital ou de
produção sem similar nacional. Tudo isso sem ferir os princípios
já acordados na OMC e com o MERCOSUL.

      Desenvolvimento da ciência, da tecnologia, e da
criatividade

        Com vistas a mitigar e anular a forma mais cruel de
dominação e exploração dos países cêntricos sobre os países
pobres, quando colocam o conhecimento, a ciência e a tecnologia
como fatores de produção no processo de acumulação incessante
de capital, além daqueles preconizados por Smith (natureza,
trabalho e capital). Ao impor ao mundo a privatização de dado
conhecimento, da ciência e da tecnologia, inclusive da vida, pelas
patentes, o centro hegemônico do sistema mundo do capitalismo
cria e aplica uma nova e sofisticada modalidade de colonialismo
sobre as nações periféricas do sistema. Portanto, cabe aos
brasileiros desenvolver sua criatividade, sua ciência e suas
tecnologias com vistas a romper com as amarras do centro
49


hegemônico que controlam e submetem aos seus interesses as
organizações internacionais a partir de suas empresas
transnacionais que fazem rapacidade generalizada sobre os países
pobres, tal e qual aconteceram no passado pelo velho e
desmoralizado colonialismo.

     Aspectos da economia brasileira com vistas ao
comércio mundial

        Descansam no rompimento dos grilhões que entravam sua
política econômica nacional e a atrelam aos interesses alienígenas
em vez de terem um caráter libertador de seu povo. É sabido que
tanto o Ministério da Fazenda quanto o Banco Central e o sistema
financeiro são geridos de fora para dentro, pelo centro
hegemônico do sistema mundo do capitalismo, capitaneado pelo
FMI, o BIRD e a OMC. Eles, à luz do chamado e propalado
“mercado”, ditam o sentido da economia nacional frontalmente
contra as necessidades da maioria absoluta da população
brasileira. Essa é a razão da existência da política de juros
extorsivos que alimenta uma dívida interna e externa impagável e
que drena as energias e a mais valia de toda a nação para os
especuladores, de toda ordem, sejam eles estrangeiros ou
nacionais. Há que se ter criatividade e coragem para modificar
essa situação neocolonial que faz dos brasileiros um povo
prostituído ou possuído em sua essência pela alienação, não
somente de sua força de trabalho, mas também, pela exclusão
social que lhe é imposta de fora para dentro. Sem dúvida, essa
ordem ou desordem mundial imposta pelo sistema mundo do
capitalismo via G7, FMI, BIRD e OMC é a unilateralidade dos
Estados Unidos aos países emergentes e pobres do planeta é
insustentável e tão brutal quanto o tão propalado terrorismo ora
existente no mundo. É possível que a atual política econômica
nacional seja, apenas, um reflexo e um espectro do terrorismo de
estado imposto pelos nortes americanos ao chamado mundo livre.
Cabe ao Brasil, em matéria de comércio exterior, em sua política
50


econômica: i) proceder a uma auditoria em suas dívidas interna e
externa, ii) produzir mais e melhor, iii) reduzir custos de
produção em seu sistema produtor de mercadorias para
exportação ao tempo que deve consolidar uma forte economia
pública e uma economia social comunitária voltada para seu
mercado interno e a inclusão social, iv) abastecer o mercado
interno sem as formas assimétricas ora existentes e exportar todos
os excedentes, v) continuar com a política de substituição de
importações, e vi) escapar das pressões norte-americanas sobre o
acordo de patentes e da ALCA nos termos por eles colocados.

     Necessidade de se programar e implementar o
planejamento estratégico situacional

        Com vistas à totalidade nacional e, em particular, ao
comércio mundial do Brasil em contraponto à propalada e
divulgada “mão invisível do mercado”, cujo objetivo é perpetuar
a política do status quo dos países hegemônicos no comércio
mundial. Para tanto, deve o Brasil desenvolver sua astrofísica
com veículos lançadores de satélites, os submarinos atômicas e
sofisticadas tecnologias aeroespaciais com vistas a sua soberania
na Amazônia (com suas riquezas de água, da fauna, da flora, dos
minerais, principalmente nióbio), no espaço aéreo nacional e na
plataforma submarina. A defesa e o uso do aqüífero Guarani, bem
como da América do Sul, deve ser tema constante do
MERCOSUL e, também, do Pacto Amazônico.
        No plano acadêmico, há que se tratar dos seguintes
aspectos referentes à Política brasileira de comércio exterior:

       a) Contextualização das teorias e da política de comércio
exterior, particularmente da teoria do status quo empregadas e
praticadas pelos países desenvolvidos. Deve ser revista e a ela
contrapor-se uma outra com vistas a incorporar novos paradigmas
oriundos da UNCTAD XI, da ampliação do MERCOSUL e da
rodada de Doha da OMC
51


       b) A legislação brasileira de comércio exterior necessita
ser contextualizada, reformada e atualizada de forma democrática
pelas universidades brasileiras e entidades públicas e privadas
vinculadas ao setor, inclusive antes de ser votada pelo Congresso
Nacional
        c) O MERCOSUL e as negociações com o ALCA devem
obedecer aos princípios de integração, semelhantes aos da União
Européia, para os países da América do Sul e, quiçá, da América
Latina. Quanto à ALCA, o Brasil e os demais países da América
do Sul devem contrapor-se aos interesses neocolonialistas dos
EUA/Canadá e, levando de reboque, o México a partir do
NAFTA
       d) A OMC e a política brasileira de comércio exterior.
Quanto a esse tema, há que se buscar, nas negociações, a
erradicação dos subsídios agrícolas em um tempo não-superior a
dez anos, de todos os países, particularmente dos Estados Unidos,
da União Européia e do Japão. Deve, também, fortalecer o
MERCOSUL e o comércio SUL-SUL conforme foi amplamente
discutido no âmbito da UNCTAD XI, em junho de 2004 na cidade
de São Paulo
       e) A UNCTAD, o comércio e o desenvolvimento dos
países pobres. Sob esse aspecto, há que se fortalecer e
implementar os consensos obtidos por ocasião da UNCTAD XI,
em São Paulo, e as novas medidas de um possível acordo no
âmbito da OMC.

       No plano prático vale lembrar, ao ledor, que em matéria
de Política de comércio exterior, onde o chamado mercado livre
serve apenas ao domínio e ao controle dos países cêntricos sobre
os países periféricos todos os negócios se dão de forma
monopolizada como negação do mercado livre. Desde os anos de
1980, dá-se inicio a uma tendência de reversão do processo de
controle dos países cêntricos que naquele ano consumiam 69%
das exportações dos países periféricos ou em desenvolvimento.
Em 2001, com o crescimento dos países asiáticos (China, Índia,
Coréia do Sul, etc.), aquela proporção caía para 57%, ou seja,
52


12% em 20 anos.
        Segundo RICÚPERO (quando Secretário Geral da
UNCTAD, em artigo na Folha de São Paulo 7/12/03), essa
tendência vai acentuar-se pelos próximos anos não pelo fato de
que “os ricos vão ficar menos ricos, mas porque inelutavelmente
estão ficando menos numerosos. O declínio demográfico no
Japão, na Itália, na Espanha, na Europa, em geral, vai encolher
uma população que já está próxima a saturação ao nível de
consumo. ... os EUA que continuam a crescer ainda graças a
perto de 1 milhão de imigrantes legais ou não por ano. Em
poucas décadas, 90% dos jovens, os mais prósperos a consumir
estarão no Sul. ... O comércio Sul-Sul parecia promessa para o
futuro, quase ficção científica. Hoje, ele é realidade com
potencial que começa somente ser arranhado. ... É tempo de
olhar mais para os parceiros do Sul, nossos sócios no G3 ou no
G20. Esses não nos exigem concessões em propriedade
intelectual em investimento como condição para o que é de nosso
interesse mútuo: explorar a complementaridade de nossas
economias. Em outras palavras, são gentes como a gente, que
não nos exigem que vendamos a alma”.

       A rodada de Doha da OMC. A conferência de
Hong Kong

        Na rodada do Uruguai, nos anos 80 e 90 do século
passado, o GATT foi transformado em Organização Mundial do
Comércio (OMC), com uma conseqüente redução das tarifas dos
bens industrializados. No reboque da rodada, houve verdadeira
capitulação dos países periféricos em relação às suas
reivindicações frente aos países hegemônicos que pela via de um
acordo comercial injusto praticaram e, ainda, praticam um
incomensurável saque, pilhagem ou confisco de renda dos países
pobres.
        A partir daquela rodada, além de prevalecer a política do
status quo nas relações comerciais mundiais, em muito, os países
53


desenvolvidos aumentaram seus subsídios aos produtores
agrícolas tanto no lado da produção quanto no da circulação dos
bens produzidos pelos chamados países em via de
desenvolvimento. Hoje, dezembro de 2005, os subsídios oficiais
praticados pela União Européia e os Estados Unidos ultrapassam
a US $ 50 bilhões por ano o que implica uma incomensurável
pilhagem à economia dos países pobres.
       Dentro desse contexto, teve início a rodada de Doha onde
estão em jogo os seguintes interesses:

         a) Estados Unidos e União Européia forçam os países
em desenvolvimento a abrir mais seus mercados para os produtos
de suas empresas transnacionais e se negam a abrir seus mercados
e põem barreiras aos produtos agrícolas (que eles fortemente
subsidiam) aos países em desenvolvimento. São dois pesos e duas
medidas contra os pobres, por eles praticados, que resultam na
pilhagem supra dita
         b) G 20 (Brasil, Índia, África do Sul, China e outros
países em desenvolvimento) liderados pelo Brasil, quer o fim dos
subsídios praticados pelos países ricos e o corte das tarifas que
dificultam o acesso de bens agrícolas aos mercados dos ricos
         c) Países ricos superprotecionistas como Japão, Coréia
do Sul, Suíça e Noruega que protegem seus subsídios e altas
tarifas, ao tempo em que resistem a abrir seus mercados agrícolas,
exigem dos países pobres que abram mais seus mercados a seus
bens industriais e de serviços
         d) Países em desenvolvimento mais pobres, que a partir
dos resquícios do período colonial têm acesso “privilegiado” aos
mercados dos países colonialistas e ricos por meio de cotas e que
temem concorrer com outros países caso percam essas “esmolas
ou privilégios”
         e) Países que têm grande produção agrícola e
economia aberta como Austrália, Nova Zelândia e Chile que
defendem abertura em todos os setores da economia.
         Frente a esses conflitos de interesse, entram em jogo, pela
primeira vez, as negociações sobre o setor serviço. Na medida em
54


que os países desenvolvidos pressionam os países em
desenvolvimento para abrir seus mercados, estes, em contraponto,
mesmo com posições ambíguas, tentam proteger-se e colocar os
serviços como trunfo ou moeda de troca para negociar o fim dos
subsídios aos produtos agrícolas.
        O incomensurável conflito de interesses chegou ao ápice
na Conferência de Hong Kong, em dezembro de 2005, quando o
máximo que se conseguiu foi uma negociação de soma zero, ou
seja, foi marcada uma data para o fim dos subsídios europeus,
ano de 2013, que foi bom para o G 20 liderado pelo Brasil, porém
sem quaisquer avanços no comércio internacional. Também a
União Européia, fortemente pressionada e desgastada na
Conferência, comemorou a data de 2013 na medida em que ia ao
encontro do tempo necessário a sua pretendida reforma na
Política Agrícola Comum. Sem dúvida, foram essas as
negociações de soma zero da Conferência de Hong Kong.
        Em todo o embate nas negociações, na Conferência de
Hong Kong da rodada de Doha, o destaque foi a eficiente e eficaz
liderança do Brasil no G 20, que sobreviveu ao mais duro teste de
resistência nas negociações em que pesem algumas ambigüidades
e vacilações, porém, jamais desintegração ou capitulação como
era comum acontecer em evento desse porte. Dessa forma, o G
20, liderado pelo Brasil, fez valer a assertiva de que é melhor
terminar a Conferência sem acordo do que se firmar ou sucumbir
a um novo acordo ruim e lesivo aos interesses dos povos pobres
do mundo, como aconteceu na rodada do Uruguai.
        A rodada foi uma oportunidade para reescreverem-se as
normas do injusto sistema de comércio mundial onde os países
ricos mantêm tarifas altíssimas e acochantes sobre os bens
produzidos pelos países pobres. O debate e as negociações
continuarão em 2006, e a tendência é de os países pobres
conseguirem um melhor acordo ou a OMC entrará em profunda
crise institucional/mundial, como já aconteceu com o GATT.
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Organizações em Rede. Como são e como funcionam

  • 1.
  • 2. 2 CONTRA-CAPA ORGANIZAÇÕES EM REDE Este livro apresenta um enfoque crítico abrangente das relações que se dão no sistema mundo do capitalismo, no atual processo de globalização, com atenção especial às relações empresariais em rede ou das organizações reticulares. De forma coloquial e didática expõe os conceitos e princípios básicos das empresas de transposição de fronteiras (TEAMNETs) com vistas a seus funcionamentos. Sob essa ótica, investiga, os fundamentos do direito comercial internacional, dos arranjos produtivos locais no fluir das organizações em rede, inclusive a tendência dos estados nacionais inserirem-se nos megablocos econômicos tanto de integração quanto de livre comércio. Busca, também, abrir espaço para o conteúdo pedagógico, como disciplina, nos cursos de Comércio Exterior, Administração, Ciências Econômicas, Direito, Relações Internacionais, Marketing e Negociações Internacionais nas escolas de nível superior e de pós-graduação no Brasil.
  • 3. 3 Página reservada para: Logotipo da editora Código de barras Catalogação-na-fonte CDD CDU ISBN em solicitação. O livro encontra-se no prelo para edição em 2007.
  • 4. 4 AGRADECIMENTOS Externo aqui meus agradecimentos à minha esposa Mauricéa Marta Bezerra Wanderley por ter me estimulado a ser prudente e objetivo na importante, delicada e divertida tarefa de transmitir conhecimento em sala de aula e ensaios escritos de forma a que o ledor não apenas seja receptor, mas, principalmente, produtor de conhecimento a partir de uma consciência crítica abrangente. A minha querida sogra Josemira Bezerra Pontes pelo carinho, atenção e dedicação ao autor e família. A Josemir Geraldo Bezerra pela excelência de seu caráter e solidariedade. Meus filhos: Eugênio, Milena, Tiago e Lucas, também, são razões dessa minha novel tarefa de educador. A eles e a Marta dedico o livro. Fabrício Azevedo (esposo da minha querida linda flor gentil singela Milena) fica explícitos meus agradecimentos pela sua atenção e estima. Meus netos Thaís, Andrei e Ian Victor com todo meu carinho. A Tiago, agradeço o cuidado, a formatação e a atenção na digitação de todo o texto deste ensaio. Ao Pastor e amigo Anunciado pelo incentivo e a decisão de colaborar na edição e ajudar na indicação da editoração do livro. Ao professor Ericê por ter acreditado e prestigiado nossas idéias como conteúdo programático de uma disciplina no Curso de Comércio Exterior. A Lourdes Leite pela alegria e incentivos. Externo, também, meus agradecimentos aos meus alunos, das diferentes instituições, com destaques para Cristina Ferreira, Saulo Farias, Neide Kakakis, Luiz Moura, Roberto Tiné, Adriana Galantini, Antônio Farias e outros que muito me incentivaram a publicar este livro. São dignos de nossos agradecimentos todos os “dowline” da rede de Marta Wanderley e seus “upline” Magaly Abreu e Pedro Cardoso. Fico no aguardo de suas lúcidas críticas. O autor
  • 5. 5 PRÉFACIO A publicação do presente livro se deu pela inspiração de um artigo na Gazeta Mercantil de 18/08/2005 escrito por Sérgio Buaiz membro do Comitê de Relações Acadêmicas da Associação Brasileira de Empresas de Vendas Diretas (ABEVD) e Diretor da Chance Network intitulado “Crescimento das vendas diretas”. Ao ler e mostrar-me aquele texto Geraldo externou sua vontade e seu projeto de juntar e reelaborar várias anotações de suas aulas e palestras (proferidas em diferentes instituições de ensino ou não) sobre organizações em rede ou reticular para reacender esse termo usado por Peter Drucker em “Administrando em tempos de grandes mudanças”. Naquele artigo, o Dr. Buaiz buscava “uma aproximação mais efetiva com as principais instituições de ensino do País, com a intenção de incentivar a criação de uma cadeira de vendas diretas ou mesmo pós-graduação nas faculdades de administração de empresas”. Como lido com vendas diretas em multinível incentivei e dei todo o apoio a Geraldo que não só teve, mas insistiu em seu propósito de ir além das vendas diretas e abordá-las à luz das organizações reticulares de transposição de fronteiras- TEAMNETs. Sua pretensão é a de trazer para discussão acadêmica ou não tão importante segmento empresarial não somente do ponto de vista da administração, mas, principalmente, da economia política e das ciências políticas em um contexto crítico abrangente sabendo ele que elas são, no Brasil, muito pouco conhecidas, estudadas e divulgadas. Dessa forma, acredito que Geraldo, neste seu livro, não somente traz um substantivo conteúdo pedagógico e andragógico (educação e didática para adultos) com vistas aos cursos de administração, comércio exterior, relações internacionais,
  • 6. 6 ciências econômicas, ciências políticas, direito, história, publicidade e propaganda, marketing e outros. Sobre o capítulo “o que são vendas diretas e o que é multinível (MLM)”? tive a alegria de receber da Professora M.Sc. Liliana Alves Costa, (tendo como orientadora a Professora Dra. Maria Schuler), é autora da Dissertação de Mestrado “O sistema de marketing de rede: uma estratégia de ação mercadológica” (254 p.) defendida brilhantemente por ela, em Porto Alegre na UFRGS, e pelo que sabemos com os aplausos do Dr. Sérgio Buaiz da ABEVD. Vejamos, pois, o que escreve LILIANA AVES COSTA, sobre este livro e especialmente sobre aquele capítulo. “No Brasil a literatura de marketing de rede ou multinível (MLM) é bastante limitada. Apesar de uma participação expressiva no setor, pouco material existe sobre o assunto. Observamos a necessidade de uma obra que tratasse o assunto de forma abrangente, com enfoque nas questões mercadológicas e econômicas. Esta obra destaca desde a visão sistêmica do mundo capitalista ao entendimento do desenvolvimento da venda direta pelo sistema de marketing multinível, permitindo absorver gradativamente o conteúdo deste livro, por sugestões ou observações do autor nos assuntos apresentados. A distribuição dos capítulos, seguida de uma seqüência lógica, é uma metodologia facilitadora do aprendizado. A partir de uma visão geral e prática de como as organizações em rede se constituem, destaca-se a abordagem de vários tópicos que compõem tais organizações. Atualmente percebe-se que muitas empresas não conseguem uma sustentabilidade na vantagem competitiva. Muitas alcançaram momentos de superioridade temporária em seus mercados de atuação, provavelmente por um novo produto ou por uma campanha de marketing bem sucedida. Mas isto não resultou em algo contínuo e em longo prazo.
  • 7. 7 Esse livro é sobre uma vantagem que não possui fim. É sobre alcançar mais consumidores usando canais de vendas para encontrá-los onde e como eles desejam realizar o negócio. É sobre a mudança de transações de vendas para canais de custo baixo em ordem a reduzir os custos de vendas de uma organização. É sobre o aprimoramento do processo de retenção e satisfação do consumidor, oferecendo-lhes meios mais flexíveis para realizar a transação. Finalmente, é sobre o uso de canais de vendas para um crescimento rápido em receita, lucratividade e participação de mercado. Através deste livro, se obtém todos os fatos sobre como e o que as empresas fizeram para almejar essa vantagem e os resultados alcançados. Ao longo da leitura, o autor fornece ferramentas, conceitos e idéias do sistema em suas iniciativas estratégicas em rede. Este livro, indicado para empresários, profissionais atuantes e acadêmicos, fornece ao leitor um grande passo ao entendimento dessas organizações em rede ao uso de seus conceitos para o crescimento e obtenção de uma vantagem competitiva. Muitos questionam sobre como iniciar uma empresa de marketing multinível; como tornar um negócio lucrativo ou como tornar a empresa atual em um sistema de rede multinível. Mesmo as grandes empresas que operam em outro canal de distribuição desejam testar e ver como o canal de marketing de rede possa favorecer ou acrescentar seu canal de distribuição. Outros empreendedores da arena internacional também estão visando em participar desse canal. Não somente pelo sucesso de inúmeras empresas, mas visualizam a facilidade na forma de colocarem seus produtos no mercado. A intenção desse livro é de satisfazer a curiosidade e responder tais questionamentos. Também proporcionará às pessoas envolvidas no negócio uma reavaliação de suas estratégias. Serve ainda como guia para iniciar e construir uma empresa legítima de marketing multinível. Eu acredito que este livro irá proporcionar conhecimentos valorosos ao leitor, oferecendo extensos subsídios ao amplo entendimento sobre marketing multinível (MLM).
  • 8. 8 Sendo realizada sua leitura, componentes das organizações em rede se tornam evidentes, demonstrando sua estrutura de liderança com valores comuns compartilhados entre pessoas no âmbito local e global. Eu me sinto honrada em participar desta análise, podendo dividir os resultados significativos deste aprendizado com você leitor. Minha expectativa é que este aprendizado sirva como guia para as empresas e seus distribuidores, viabilizando ainda novos estudos na divulgação desta grande tendência organizacional, o marketing multinível”. Após essas opiniões da Professora de cursos de graduação e de pós-graduação em Campo Grande/MS a M.Sc. Liliana Alves Costa, lembro aos leitores que Geraldo, além de estudar e externar seus pontos de vista sobre os paradigmas das ciências, sobre a economia mundo e o sistema mundo capitalista, trata, no tópico das TEAMNET, dos enfoques do direito comercial internacional, da terceirização e da logística, das empresas associativas, principalmente, cooperativas como elementos da terceirização no Brasil, das joint venture e das franquias. Vale destacar no livro de Geraldo sua visão sobre o que são empresas de transposição de fronteiras (TEAMNET) e sua contextualização sobre arranjos produtivos locais (APL) e, muito em particular, a metodologia de projetos, criada por ele. Chamo a atenção, também, para sua extensa bibliografia. Recomendo àqueles interessados por tão importante proposição de Geraldo a leitura do livro de forma a perceberem ou contextualizarem os capítulos apresentados, de maneira sinótica, porém, muito abrangentes quando apreendem a realidade em sua complexidade com uma visão holística e sistêmica singular. Mauricéa Marta Bezerra Wanderley Geógrafa e M.Sc. em Desenvolvimento Urbano pela UFPE, Professora Universitária e, hoje, Distribuidora Independente da Herbalife.
  • 9. 9 SUMÁRIO Agradecimentos 04 Prefácio 05 Sumário 09 Introdução 11 I. Visão prévia e os novos paradigmas das ciências 14 II. A economia mundo e o sistema mundo capitalista 21 - A divisão do trabalho e um mundo sem empregos 21 - A conjuntura do sistema mundo capitalista 33 - Comércio mundial 43 III. Enfoques do direito comercial internacional 55 - Sociedades comerciais 57 - Direito cambiário e de cheques 58 - Falências e concordatas 58 - Contratos internacionais 59 - Padronização de fórmulas e expressões contratuais 59 - Contratos tipos 61 - A crise do direito positivista 62 - A UNCTAD, o GATT e a OMC 65 - Direito comercial internacional. Dilema da globalização 67 - O direito comercial internacional no projeto nacional 69 IV. O que são (TEAMNET)? 71 - Ambiente de Teamnets 89 - Ambiente de criação ou reinvenção da empresa 92 - Ambiente da política da empresa 95 - Ambiente do emprego e trabalho na empresa 97 - Ambiente profissional e de aptidão na empresa 99
  • 10. 10 - Ambiente de educação para a empresa 102 - Ambiente de saúde para a empresa 104 - Ambiente do gerenciamento ecológico 105 - Ambiente humano da empresa 107 V. O que é terceirização e o que é logística? 113 VI. O que são empresas associativas cooperativas? 121 VII. O que são vendas diretas e o que é multinível? 127 - Visão compartilhada em rede de venda multinível 133 - Holismo em rede de vendas multiníveis 135 - O marketing de rede multinível (MLM ou MMN) 136 - Guia para marketing multinível 146 - Plano de ação organizacional 147 - Plano estratégico 148 - Aspectos relevantes da empresa 153 - Autodestruição da equipe Sociabilidade da equipe 155 - Sociabilidade 156 VIII. O que são “joint venture”? 158 IX. O que são franquias? 164 X. O que são arranjos produtivos locais-APL (clusters)? 169 - Estudos fundamentais 171 - Projetos multifuncionais e multissetoriais integrados 172 - Projetos básicos 174 - Projetos-modelo 176 - Projetos complementares 177 - Escopo metodológico do PMMI 178 Bibliografia 180 O autor 186
  • 11. 11 INTRODUÇÃO O presente livro, escrito de forma simples e coloquial com o propósito de instruir o leitor nos níveis mais elementares das organizações em redes, também, chamadas de reticulares ou empresas de transposição de fronteiras – TEAMNET, com vistas a possibilitar sua penetração no mundo dos negócios em redes, não tem intenções de aprofundar-se no assunto, mas ser um diálogo produtivo entre o autor e o leitor sobre os temas tratados. No que pese sua informalidade, o objetivo é explicitar o conteúdo não somente do ponto de vista teórico, quando enfatiza o sistema mundo do capitalismo, hoje, vivenciado por toda a humanidade, mas também prático no fluir das orientações nos negócios em redes. Seu enfoque didático é visto da seguinte forma: a) Visão prévia e paradigmas das ciências para compreensão do sistema mundo do capitalismo b) Os enfoques do Direito Comercial Internacional c) Os conceitos e teorias das empresas de transposição de fronteiras “TEAMNETs” de maneiras a mostrar o que são e como funcionam: a terceirização; as cooperativas; os "joint ventures"; as franquias; as vendas diretas, principalmente, em multiníveis e, também, os arranjos produtivos locais. Tanto as franquias quanto os multiníveis, em seus propósitos de transposição de fronteiras, recorrem às “Quinze leis do triunfo” e ao livro “Pense e enriqueça”, ambos de Napoleon Hill, hoje, discutidos e tratados pela neurolingüista, e os livros “O Homem mais rico da Babilônia”, de Clasan e os “Sete hábitos das pessoas eficazes” de Covey, e outros livros de auto-ajuda. Os negócios reticulares não se restringem apenas à administração, à economia e ao direito, mas transpõem as fronteiras da antropologia cultural; da sociologia; da história;
  • 12. 12 da ecologia; da psicologia; da filosofia e da economia política. Para entender e apreender as mudanças que estão em processo, neste início do século XXI, vale refletir sobre o que escrevem: MESZÁROS em “Para além do capital”, WALLERSTEIN em “El futuro de la civilización capitalista” e em sua “Utopística”; STIGLITZ em “A globalização e seus malefícios”; RICUPERO em “Esperança e ação” e “O Brasil e o dilema da globalização”; FIGUEROA em “La economia del poder” e “Argentina entrampada” e FARIA em “O direito na economia globalizada” para o ledor formar sua própria consciência crítica sobre os temas aqui contextualizados. No segmento de vendas diretas no 1º semestre de 2005, no Brasil, os resultados foram da ordem de 5,5 milhões de vendedores/distribuidores autônomos. Esse fato é muito significativo na economia brasileira. Outrossim, segundo Sérgio Buaiz da ABEVD (Associação Brasileira de Empresas de Vendas Diretas) “todas as empresas têm dificuldades de preencher seus quadros internos porque não existe formação específica em nenhuma universidade brasileira. Nem mesmo disciplinas extracurriculares, cursos de extensão ou estímulos à produção acadêmica”. Sérgio Buaiz, quando interpreta e lembra o complexo processo desencadeado pelas empresas do ramo, conclui que “despertar interesse de compra em um cliente que não teve a iniciativa de se deslocar para o mercado gera um ciclo comercial, administrativo, jurídico, produtivo e logístico muito desafiante, uma vez que sua força de vendas autônoma está predominantemente espalhada por todo o mercado”. Esse fato, por si só, já desencadeia “uma carência cada vez maior de profissionais conhecedores do assunto”. (Gazeta Mercantil de 18/08/2005 f. A-3). Sendo novo o segmento, demanda inclusive estudiosos no campo institucional/administrativo do estado e do governo brasileiro frente aos fatos desencadeados pelas empresas que, no nível mundial, movimentam 93 bilhões de dólares norte- americanos com destaques para os Estados Unidos e o Japão.
  • 13. 13 Vale salientar que, no capitulo sobre multiníveis, houve grande colaboração e participação da Professora Mauricéa Marta B. Wanderley que faz parte da equipe tabuladora de uma das maiores corporações em multinível funcionando no Brasil. Quem dos leitores desejarem conhecer a prática do multinível pode acessar a página: www.fiqueotimo.com da supradita colaboradora. O Autor é Professor Universitário e ficaria muitíssimo grato se as noções contidas no livro pudessem ser melhoradas e criticadas pelos leitores que podem e devem remeter suas opiniões, críticas e contextualizações para o fax 081 3326-6428 ou para o correio eletrônico: geraldoaguiar@br.inter.net
  • 14. 14 I. VISÃO PRÉVIA E OS NOVOS PARADIGMAS DAS CIÊNCIAS O presente capitulo tem o objetivo de situar o leitor na crise de percepção da vida e da ciência do paradigma cartesiano, (reducionista, mecanicista e determinista) e do seu processo de superação por um novo paradigma, que pode ser chamado de holístico, ecológico ou sistêmico. Busca-se a historicidade da visão do mundo pelos entes humanos. Grosso modo, pode-se afirmar que, depois do apogeu da Grécia Antiga até os anos dos grandes descobrimentos (1.500), a visão do mundo era orgânica, isto é, vivenciava-se a natureza pela interdependência dos fenômenos naturais e espirituais em termos de relações orgânicas, e prevalecia a subordinação das necessidades individuais às da comunidade. A Igreja, fundamentada na filosofia de Aristóteles e na teologia de Tomás Aquino, estabeleceu a estrutura conceitual do conhecimento durante toda a chamada Idade Média. Aquela visão tinha por finalidade apenas o significado das coisas e não exercia quaisquer predições ou controle dos fenômenos naturais. Seu foco eram as questões teístas voltadas para a alma humana e a moral. Outrossim, em pleno cisma da Igreja Católica Apostólica Romana, nasce e cresce o hedonista(1) Francis Bacon, ferrenho crítico de Aristóteles, de Platão, dos escolásticos e dos alquimistas, e reformula, por completo, a indução aristotélica, dando à mesma uma grande amplitude e eficácia. Dessa maneira, Bacon, em contraponto ao “Organun” aristotélico, expõe em sua obra “Novum organum” um método de investigação da natureza a partir das ‘Tábuas de investigação”, que bem caracteriza sua teoria da indução e seu empirismo. ____________________________________________________ (1) Hedonista. Pessoa que considera o prazer e realização individual o único bem possível como princípio e fim da vida. Reflete o caráter egoísta de formas a tirar vantagens individuais a qualquer preço, com ou sem serventia social.
  • 15. 15 Em réplica a Platão, Bacon escreve a “Nova Atlântida”, em cuja utopia a ciência deixa de ser um exercício de gabinete ou atividade contemplativa para se transformar em um cotidiano de árdua luta contra a natureza. A partir desses escritos, Bacon redefine a visão orgânica do mundo, colocando o conhecimento em um novo plano científico, cuja divisa máxima foi “saber é poder”, princípio que lhe permitiu construir um vasto, eficaz e virtuoso sistema de idéias para o seu método empírico de buscar a verdade. Em pleno processo da acumulação primitiva do capital no renascimento ou, ainda, iluminismo, surge, no continente europeu, um dos grandes pensadores, o matemático e filosofo René Descartes (Cartesius), que revo1uciona o mundo do pensamento e da ciência com a criação do método com base na metafísica e na mecânica. Seu método leva à laicização do saber, isto é, à universalização do conhecimento. Ao desenvolver o princípio da causalidade, Descartes anuncia o advento de um mundo racional e positivo sobre o qual o ente humano proclama seu reinado sobre as potencialidades da natureza. Na tentativa de organizar o mundo, em um domínio sobre a natureza, Descartes tenta integrá-la em um universo de máquinas que fundamenta a idéia da, hoje, conhecida visão ou método cartesiano. Dessa forma, ele desenvolve o tema da empresa inflectida na caça ao lucro e ao poder e a mecanização das relações humanas e a natureza fundamentando a ideologia cartesiana. Seu “penso logo existo” remete o pensar filosófico a uma ordem natural inerente à progressão do conhecimento, alicerçado na matemática e na geometria cartesiana, ou seja, só se considera verdadeiro o que for evidente e intuitível com clareza e precisão estocástica. Sua filosofia racional proclama a universalidade do bom senso. A filosofia cartesiana explicita-se na máquina capaz de produzir todos os fenômenos do universo, inclusive o corpo humano, e o relógio passa a ser seu ícone.
  • 16. 16 Sua magistral obra está explicita nos seus seguintes escritos: - “Discurso do método” - “Meditações” - “Objeções e respostas” - “As paixões da alma” - “Cartas”. No renascimento, surgem dois grandes sábios Galileu Galilei e Kepler, que conceberam a idéia de lei natural em toda a sua amplitude e profundidade, sem entretanto, ser aplicada em outros fenômenos além do movimento dos corpos em queda livre e as órbitas dos planetas. A partir de 1666, vêm à luz a física e a mecânica celeste de Isaac Newton, que matematiza e experimenta um método para a ciência de forma a unir e superar o empirismo de Francis Bacon e o racionalismo de René Descartes. Aquele gênio da matemática, da física, da filosofia e da teologia, Isaac Newton, desenvolveu o método matemático das fluxões com o cálculo diferencial e integral, criou a teoria sobre a natureza da luz e as primeiras idéias sobre a gravitação universal, enunciando as leis e os princípios da física com ênfase à sistematização da mecânica de Galileu e à astronomia de Kepler. Dessa forma criou a metodologia da pesquisa científica da natureza, que consiste na análise indutiva seguida da síntese. Foi ainda, criador da teoria do tempo e do espaço absolutos. Note-se que, simultaneamente, a ele, Leibniz também desenvolveu o cálculo diferencial e integral. Vale dizer que os pensadores aqui, sinòticamente apresentados foram os grandes formuladores dos paradigmas cartesianos (reducionista, mecanicista e determinista) das ciências e que, somente a partir dos meados do século XX, começaram a serem superados com o desenvolvimento da teoria da relatividade e da física quântica, da biologia molecular e da simbiótica.
  • 17. 17 Com os diferentes estudos e pensamentos de Darwin, Hegel, Marx, Engels, Einstein, Oparini, Haisenberg, Planck, Bohr, Chew, Rutenford, Broglie, Schrodinger, Pauli, Dírac, Lukács, Sartre, Bell, Habernas, Maturana, Varela, Bateson, Margulis, Grof, Lovelock, Serre, Morin, Capra e muitos outros pensadores dá-se início à superação dos paradigmas cartesianos por um outro que pode ser chamado de holístico, ecológico ou sistêmico que, sinteticamente, pode ser explícito pelos seguintes critérios de mudanças, ou paradigmas: Mudança da parte para o todo Tal critério objetiva apreender as propriedades das partes a partir do todo. As partes são vistas como um padrão em um emaranhado de relações inseparáveis em forma de uma teia ou de redes e profundamente sinérgicas e simbióticas. Mudança de estrutura para processo No diagnóstico e no prognóstico, tenta-se apreender a realidade na dinâmica da teia ou das redes, isto é, as estruturas são vistas como manifestação de um processo subjacente, e não a partir de estruturas fundamentais ou mecanismos que interagem para dar o nascimento ao processo. Mudança da objetividade real para um enfoque epistêmico A compreensão do processo de conhecimento na descrição dos fenômenos naturais. Dessa forma, a objetividade do real passa a conter uma dependência do observador humano e de seu processo de conhecimento. Por isso, afirma que a existência tem que ser parte integrante de cada teoria científica.
  • 18. 18 Mudança de construção para rede como metáfora do conhecimento Com tal critério, tenta-se fugir das chamadas leis e princípios fundamentais para uma metáfora em redes ou reticulares e na medida em que a realidade é percebida como uma rede de relações, conexões ou interfaces, passando as descrições a formar uma rede interconexa dos fenômenos observados. Dessa maneira, o enfoque reticular ou em rede não suporta hierarquias ou alicerces. Mudança de descrições verdadeiras para descrições aproximadas É um critério do novo paradigma que não aceita a certeza absoluta e final. Reconhece que conceitos, teorias, descobertas científicas e inovações tecnológicas são limitadas e aproximadas. Diante da presente contextualização, vale desconectar as organizações em redes dos paradigmas cartesianos com vistas a romper com os obstáculos que se interpõem nos caminhos das mudanças das empresas reticulares. Há que se desconstruir as visões: mecânicas, reducionistas e deterministas da empresa econômica convencional do sistema mundo do capitalismo em favor de outras que apreendem, pensam e têm como objetivo a partir do metabolismo do capital manipulá-lo com vistas a otimizar as pessoas, em uma concepção de desenvolvimento sustentável, em economias: pública, social-comunitária ou solidária. A seguir, apresentam-se alguns princípios da “teoria da complexidade”, exatamente para enfatizar as mudanças ou a transposição de paradigmas de um tipo de administração para um outro que, certamente, ocupa cada vez mais espaços com a revolução do conhecimento e da informação. Mais ainda, com a gestação de novas fontes de energia (biomassa, eólica, solar) e da economia do hidrogênio com vistas à substituição dos combustíveis fósseis, redistribuição não somente do lucro, mas
  • 19. 19 também, do poder entre os humanos. Estamos falando não mais da empresa convencional, mecânica e complicada, do sistema mundo do capitalismo, mas de uma empresa viva que se auto-recria por ser capaz de aprender e pensar a partir das famílias que nela estão insertas, portanto, de uma empresa ou organização tão complexa como a vida ou como a sociedade humana. Para maior inteligibilidade de como funcionam as organizações em rede ou reticulares, apresentam-se, sinoticamente, os princípios ou características para uma visão complexa e holística com vistas à contextualização e apreensão das citadas organizações: Dinâmica Com a observação dos campos de forças contrárias (impulsoras e restritivas) que pressupõem o devir e o fazer novo imbricados às categorias de: atividade, criatividade e agilidade. Não linear Esse princípio do pensar complexo embora aceite que toda intervenção ou criação tecnológica seja linear, mas a decomposição de suas partes desconstrói o todo. É preciso entender que na parte está contido o todo. A não linearidade implica equilíbrio e desequilíbrio, que, geralmente, leva à substituição do velho pelo novo. Reconstrutiva Doa sentido a se produzir algo para além de si mesmo. A luz pode ser matéria e onda dependendo do ponto de vista de quem a observa. Apenas na lógica formal linear 2+2 são iguais a 4. O princípio de ser reconstrutiva sinaliza sentidos de: autonomia; aprendizagem; reconstrução e reformação.
  • 20. 20 Processo dialético reprodutivo O computador não aprende, logo, não sabe errar. É reversível. O cérebro humano possui habilidades reconstrutivas e seletivas que ultrapassam todas as lógicas reversíveis. É, portanto, irreversível. A vida não foi criada, ela mesma se reconstrói. É autocriativa. Dizia Heráclito em 2000 a.C. “vive-se com a morte e morre-se com a vida”. Irreversibilidade Nada se repete. Qualquer depois é diferente do antes. É não-linearidade. É impossível voltar ao passado ou ir ao futuro permanecendo o mesmo. A irreversibilidade sinaliza o caráter evolutivo e histórico da natureza. O tempo-espaço são dimensões irreversíveis. Intensidade de fenômenos complexos O que bem explicita esse fato é o chamado efeito borboleta, ou seja, aquelas que esvoaçam em um continente causam um ciclone em outro ou, ainda, o efeito dominó. Demanda relação de causa e efeito e ambivalência em sua contextualização. Ambigüidade/ambivalência dos fenômenos complexos Ambigüidade refere-se à estrutura caótica, isto é, à ordem e à desordem. Ambivalência diz respeito à processualidade dos fenômenos. O vir a ser. Argumentar é questionar, é penetrar no campo de forças que constitui a dinâmica. A ambivalência subentende a existência e a simultaneidade de idéias com a mesma intensidade sobre algo ou coisa que se opõem mutuamente.
  • 21. 21 II. A ECONOMIA MUNDO E O SISTEMA MUNDO CAPITALISTA A titulo de esclarecimento tenta-se de neste capitulo introduzir o leitor, de forma sinótica, na complexidade do metabolismo do capital com o objetivo situá-lo nas recentes mudanças que apontam para o fim dos empregos e o surgimento das empresas de transposição de fronteiras. A DIVISÃO DO TRABALHO E UM MUNDO SEM EMPREGOS A divisão do trabalho é no sistema mundo do capitalismo, a fonte de todas as alienações. As ciências da administração e da economia política a têm sempre como pano de fundo. Ela é discutida a luz da gestão da fábrica ou da organização da intensidade e da produtividade do trabalho, da intensidade da produção e, particularmente, da cisão entre o trabalho intelectual e o braçal com vistas à hierarquização e à disciplina insertas no parcelamento das tarefas e nos sistemas de monopolização da técnica e da ciência pelas gigantes instalações e centralização do poder das empresas transnacionais. Essa configuração foi, historicamente, montada pelo metabolismo do capital em seu processo incessante de acumulação em suas diferentes fases. No dizer de André Gorz, “a monopolização da produção pelos aparelhos institucionais – trustes industriais, administrações – e das corporações especializadas (médicos, professores, corporações de Estado) faz com que ela se submeta a produzir o que não consome, a consumir o que não produz e a não poder produzir nem consumir conforme suas próprias aspirações individuais ou coletivas. Não existe mais lugar onde a unidade dos trabalhos socialmente divididos passa a corresponder à experiência da cooperação, da troca, da produção em comum de um resultado global. Essa unidade só é assegurada – de um lado, pelo mercado; do outro,
  • 22. 22 pelas burocracias privadas estatais. Ela se impõe aos indivíduos, portanto, como unidade exterior, como ‘uma força estranha da qual não conhece nem a origem, nem a finalidade’”. Em “A ideologia alemã”, ainda, segundo Gorz, Karl Marx explica o tema em lide quando explicitou que “enquanto a atividade não for, pois dividida voluntária, mas naturalmente, o ato próprio do homem torna-se para ele uma força exterior que o subjuga, quando ele deveria dominá-la. Com efeito, desde que o trabalho passa a ser repartido, cada um tem seu currículo de atividade determinado, exclusivo, que lhe é imposto, do qual não pode sair; seja ele caçador, pescador, pastor ou crítico – é forçado a continuar a sê-lo, se não quiser perder seus meios de subsistência; enquanto na sociedade comunista, onde cada um não tem currículo exclusivo de atividade, mas pode aperfeiçoar- se em qualquer ramo, a sociedade regula a produção geral e dá- me, assim, a possibilidade de hoje fazer isso; amanhã, aquilo; de caçar pela manhã, pescar à tarde, cuidar da criação à noite, e mesmo criticar a alimentação, a meu bel prazer, sem jamais tornar-me pescador, caçador, pastor ou crítico. Essa estabilização da atividade social, essa consolidação do nosso próprio produto numa força concreta que nos domina, que foge ao nosso controle, barra as nossas esperanças, anula nossos cálculos, constitui um dos principais fatores do desenvolvimento histórico passado (...). A força social, ou seja, a força produtiva multiplicada, que resulta da colaboração dos diferentes indivíduos condicionados pela divisão do trabalho, aparece para esses indivíduos – porque a própria colaboração não é voluntária, mas, natural – não como a sua própria força unida, mas como força estranha, situada fora deles, da qual não conhecem nem a origem, nem a finalidade, que eles, portanto, não mais podem dominar, mas que agora percorre, ao contrário, toda uma série de fases e de graus de desenvolvimento particular, independente da vontade e da agitação dos homens, até regulando essa vontade e essa agitação”. Em geral, os estudantes de administração e de economia política têm em sua grade escolar de curso os ensinamentos de
  • 23. 23 Henri Fayol a partir de sua obra “Administração industrial e geral”, base de sua doutrina - o fayolismo - que trata das necessidades e possibilidades de um ensino administrativo e dos princípios e elementos da administração com vistas à divisão racional do trabalho, à autoridade, à responsabilidade, à disciplina, à unidade de mando e à convergência de esforços na empresa. Outro clássico da administração é “Os princípios de administração científica”, de F.W. Taylor, onde ele apresenta suas observações e experiências, particularmente, quanto às formas de desperdícios, procura de homens eficientes, causas da vadiagem no trabalho, lei da fadiga, seleção de pessoal e outros temas relevantes que serviram de fundamentos à sua doutrina, conhecida como teilorismo. Uma das mais belas críticas ao teilorismo, como doutrina, vem do gênio do cinema mudo Charles Chaplin em seu belíssimo filme “Tempos modernos”, que se aconselha a ver, para divertir-se e contextualizar tão importante crítica. Tanto Fayol quanto Taylor em muito influenciaram Henry Ford, em sua indústria automobilista, onde, de fato, também criou sua doutrina administrativa mundialmente conhecida como fordismo, que se fundamenta na linha de montagem com ou sem esteira rolante para a produção em série. Em tese, esses arautos da administração e da economia política fabril ou empresarial Fayol, Taylor e Ford em suas idéias e obras camuflam ou dão uma “aparência científica à racionalização do trabalho de tal forma” a ocultar e negar as críticas de Marx segundo as quais “toda produção capitalista, como geradora não só do valor, mas também da mais-valia, tem esta característica: em vez de dominar as condições de trabalho, o trabalhador é dominado por elas; mas essa inversão de papéis só se torna real e efetiva, do ponto de vista técnico, com emprego das máquinas. O meio de trabalho, tornado autômato ergue-se, durante o processo de trabalho, diante do operário sob a forma de capital, de trabalho morto, que domina e explora a força de trabalho viva”.
  • 24. 24 É do conhecimento público que, em todos os setores da economia (primário, secundário e terciário) o nível de emprego tende a diminuir e, sem dúvida, não há um único segmento industrial, na última década, onde o emprego não tenha se contraído. A revolução do conhecimento e da informação via telemática, biotecnologia, nanotecnologia, robótica, aeroespacial e agricultura molecular estão levando a mudança radicais na empregabilidade. Tanto o crescimento e o desenvolvimento econômicos se dão, hoje, à revelia da geração de empregos e, mais grave ainda, tornando-os obsoletos e o empregado descartável. A reengenharia do trabalho foi criada pelas grandes corporações para eliminar cargos de todos os tipos e em quantidade maior do que em qualquer época do sistema mundo capitalista. Sua forma de eliminar empregos é comparável a grande crise mundial do capitalismo dos anos 29 e 30 do século passado. Note-se, também, que a reengenharia do trabalho alimenta a queda do poder aquisitivo das comunidades pelo impacto do achatamento das gigantescas burocracias das transnacionais, agora, funcionando em rede ou de forma reticular com total e absoluta transposição de fronteiras, sejam elas quais forem, ou seja, geográficas, culturais, raciais, religiosas, étnicas etc. Observe-se, também, que as grandes corporações desenvolvem diferentes estratégias de trabalho contigencial para evitar os altos custos, para elas, de benefícios aos trabalhadores, tais como: aposentadorias, assistência médica, férias e licenças médicas pagas, etc. Reduzem, portanto, seu núcleo de trabalhadores fixos, contratando trabalhadores temporários, estagiários universitários, todos com variações sazonais. Na prática, a mão de obra, como mercadoria, recebe todo o impacto da logística “just-in-time”, criada para atender o que há de mais moderno na circulação dos bens econômicos sob a égide da micro-eletrônica. Por mais que as corporações diminuam a duração de vida dos produtos via acelerada depreciação moral e material dos
  • 25. 25 mesmos, com sua substituição em intervalos cada vez menores, a crise de empregabilidade se torna mais dramática, sem quaisquer ajustes nos campos econômico-social e ambiental do modo de produção capitalista, justificando o enunciado de Marx, feito em 1857, de que “chegou o tempo em que os homens não mais farão o que as máquinas podem fazer”. Dessa forma, vive-se, hoje, no sistema mundo do capitalismo, com a abolição do trabalho obrigando os trabalhadores a disputar entre si as escassas oportunidades de emprego em vez de juntos se organizarem em busca de uma nova racionalidade econômica, política, social e ambiental. Na prática, essa crise da empregabilidade tem servido de arma para os detentores de capital com vistas a estabelecer cada vez mais hierarquia, obediência, disciplina na divisão do trabalho nas empresas e corporações transnacionais. Segundo Gorz, a crise da empregabilidade tem levado os estados capitalistas ao ponto de em suas linguagens oficiais afirmarem “não se trata mais de trabalhar para produzir, mas de produzir para trabalhar (...) a economia de guerra e a própria guerra que foram, até hoje, os únicos métodos eficazes para assegurar o pleno emprego dos homens e das máquinas quando a capacidade de produzir ultrapassava a de consumir”. “O declínio inevitável dos níveis dos empregos e a redução da força global do trabalho”, é o subtítulo do livro,“ O fim dos empregos”, de Jeremy Rifkin, que aponta para se deixar de lado a ilusão de retreinar pessoas para cargos já inexistentes e pondera, institucionalmente, para a ação em um mundo que está eliminando o emprego de massa na produção e na comercialização de bens e serviços. Aconselha a intuir-se uma era pós-mercado em busca de novas alternativas e novas maneiras de proporcionar renda e poder aquisitivo com vistas à restauração das comunidades e reconstrução de uma cultura de sustentabilidade. Sinaliza, também, a necessidade de se iniciar uma grande transformação política, social, econômica e ambiental com vistas ao renascimento do ser humano em toda sua plenitude.
  • 26. 26 Em seu conhecido livro “A economia do hidrogênio”, o mesmo Rifkin sinaliza que as células combustíveis energizadas por hidrogênio possuída pelas comunidades possibilitarão toda uma nova redistribuição do poder na medida em que qualquer ser humano poderá produzir sua própria energia. Essa “geração distributiva”, preconizada por Rifkin, tornará o controle oligárquico e hierárquico das grandes corporações obsoleto. Afirma ele que “milhões de usuários poderão conectar suas células combustíveis locais, regionais e nacionais de hidrogênio, através dos mesmos princípios e tecnologia da world wide web, compartilhando e criando um novo uso descentralizado da energia”. Seu otimismo chega a ponto de afirmar que “o hidrogênio pode acabar com a dependência do petróleo, reduzir a emissão de dióxido de carbono e o aquecimento global, além de apaziguar guerras políticas religiosas. O hidrogênio poderá se tornar o primeiro sistema energético democrático da história”. Fritjof Capra, também, em sua obra “As conexões ocultas” aponta como tarefa desta e das futuras gerações “a mudança do sistema de valores que está por trás da economia global, de modo que passe a respeitar os valores da dignidade humana e atenda às exigências da sustentabilidade ecológica”. Após essas breves divagações sobre a divisão do trabalho procura-se, agora, navegar ou proceder a conjecturas sobre um mundo sem empregos. Contextualizando o livro de William Bridges, “Um mundo sem empregos. JobShift. O desafio da sociedade pós- industrial”, pode-se, grosso modo, sinalizar os seguintes tópicos para a sua compreensão: 1. Da gênese e da evolução ou desenvolvimento, vê-se que o conceito de emprego não faz parte da natureza na medida em que é uma criação humana. Durante séculos, apresentou-se como arte ou ofício dos humanos nos modos de produção precedentes ao capitalismo e, mesmo, em algumas fases deste. Passou a ter o significado que tem hoje a partir da revolução
  • 27. 27 industrial, através do advento das fábricas, das máquinas e das burocracias institucionais e organizacionais tanto das empresas quanto dos estados nacionais. Não existem empregos fora das organizações fabris ou não-fabris – burocratas. Hoje, as organizações que deram origem ou criaram os empregos estão em processo de mutação, ou seja, desaparecendo via processos de terceirizações (outsourcing) e serviços públicos terceirizados e privatizados. O emprego nunca foi e não é um fato atemporal da existência humana. É um artefato social próprio de determinadas etapas do desenvolvimento da economia mundo do capitalismo e, muito em particular, do metabolismo do capital. Do ponto de vista da psicologia social, o emprego proporciona à pessoa o seguinte: a) Uma ajuda à pessoa a dizer a si mesma e aos outros o que ela é b) Seu envolvimento em uma rede central de relações de amizades em um contexto social c) Uma estrutura de tempo onde se imagina a padronização dos dias, meses e anos de sua vida d) Um rol de papéis a serem desempenhados em tempo hábil, ou seja, lugar e hora de comparecer, coisas a fazer, expectativa quanto a um padrão de carreira e propósitos diários e) Um significado e ordem de sua vida em função de uma remuneração e direitos sociais empregatícios. 2. Do mundo do emprego para o mundo sem emprego. Nesse processo de transição vale lembrar os seguintes tópicos: a) A força de trabalho insere-se no processo “just-in- time”, tornando-se fluida, flexível e descartável, e as oportunidades e situações de trabalho tendem para tempo parcial, temporalidade e flexibilidade b) As novas tecnologias facilitam e deslocam a colaboração entre empresas em redes e, também, a partir de
  • 28. 28 fornecedores terceirizados entre diferentes localizações de uma mesma organização transnacional c) A economia desloca-se das velhas indústrias para novas guiadas pela micro-eletrônica, biotecnologia, robotização e outras informatizadas. A agricultura tradicional passa a dar lugar à agricultura molecular, agrônica e agrótica d) A reengenharia do trabalho altera significadamente o mundo da divisão do trabalho tanto em seus aspectos qualitativos quanto quantitativos, remetendo para o mundo da administração e da gestão das organizações públicas e privadas o emprego, como parte do problema e não da solução na medida em que o analisa e o vê como inibidor das mudanças e) O trabalho, informatizado e robotizado demanda um número bem menor de empregados e desloca-se para todo e qualquer lugar. Essa é a razão do fax, dos laptops, dos telefones celulares transformarem qualquer ambiente em um escritório completo f) O ex-empregado necessita, agora, vender suas habilidades, inventar novas relações com organizações para ocupar seu tempo de trabalho e aprender novas maneiras de trabalhar fora dos empregos, ou seja, nas organizações ou corporações sem empregos. 3. Desse processo de abolição dos empregos deduz-se que levam às mudanças as necessidades não-satisfeitas nos seguintes aspectos das organizações: a) No abrir dos espaços entre os recursos disponíveis b) Na criação de novas fronteiras e novas interfaces entre as organizações c) Na introdução de novas tecnologias e novas economias a serem introduzidas no metabolismo do capital d) No obsoletismo dos arranjos técnicos, econômicos e organizacionais.
  • 29. 29 4. Do trabalho ou ocupação no mundo sem empregos torna-se necessário que a pessoa ou trabalhador redefina e recicle seus dados pessoais quanto: a) Às expectativas sob a ótica das incertezas b) Aos hábitos sociais, técnicos, econômicos e criação de cenários alternativos c) Às regras pessoais quanto à qualificação, atitudes, capacidades, temperamento e ativos d) À estrutura da integridade/identidade doando limites as possibilidades do que se cogita na jornada da vida e) À estrutura da realidade em constante e permanente mudança f) À criação de um novo sentido com vistas às condições internas e externas para lidar com esse novo mundo. Nestes tópicos sobre a divisão do trabalho e sobre um mundo sem empregos, vale, aqui, transcreverem-se as novas atitudes ou estratégias apresentadas por William Bridges em seu livro, acima citado, resumidas no seguinte: “1. Aprenda a encarar toda situação potencial de trabalho, tanto dentro quanto fora de uma organização, como um mercado. Até mesmo pessoas que atualmente estão sem trabalho descobrirão, ironicamente, que muito das melhores perspectivas para as futuras situações de trabalho encontram-se na organização que as demitiu de emprego ou as induziu a uma aposentadoria precoce”. “2. Pesquise seus DADOS (ou seja, suas Aspirações, Capacidades, Temperamento e Pontos Fortes) e recicle-os num produto diferente e mais ‘viável’. Todo mercado está cheio de pessoas à procura de produtos, mesmo quando nenhum emprego está sendo anunciado. Você precisa aprender a transformar seus recursos naquilo que está sendo procurado”. “3. Pegue os resultados do nº2, construa um negócio (vamos chamá-lo de Você & Co.) em torno do mesmo aprenda a
  • 30. 30 dirigi-lo. Nos anos vindouros, você vai obter menos quilometragem de um plano de carreira no sentido antigo do que de um ‘plano comercial’ para sua própria empresa. Quer você esteja empregado ou não naquilo que costumava chamar de emprego, daqui para frente você está num negócio próprio”. “4. Aprenda sobre os impactos psicológicos da vida neste novo mundo do trabalho e monte um plano para lidar com eles com sucesso. Não bastará saber para onde você vai se você não puder suportar as pressões do lugar quando chegar lá”. No ambiente das empresas e organizações pós- emprego, os cargos tornam-se obsoletos e são substituídos por atribuições de tarefas além de se ter em conta o ócio criativo e uma economia pública. Daí sua estrutura tender para conter os seguintes elementos: a) Empregados essenciais b) Fornecedores e subcontratantes c) Fregueses e clientes d) Trabalhadores temporários e) Contratações por prazo limitado. Nos escritórios e departamentos de empresas que antes estavam repletos de empregados, hoje se limita a um número pequeno de pessoas fazendo previsões para clientes reais e potenciais ou indivíduos mandando pedidos via fax de seus “laptops” e celulares em veículos, hotéis, etc. Muitas dessas pessoas são distribuidores independentes do sistema de vendas direta, contratantes individuais ou trabalhadores temporários para o fluxo de negócios. A questão de uma organização ou empresa pós-emprego é qualitativamente diferente daquela baseada em cargos. As carreiras são reconceitualizadas e reinventadas desde a disponibilidade de acoplamento tecnológico até as questões idiossincrásicas como são as responsabilidades familiares das partes como as condições de ir e vir ao autoemprego,
  • 31. 31 autonegócios ou trabalho. Há que se rever e refazer o estado em função das empresas ou organizações não-governamentais (ONG) economia social-comunitária. No pós-emprego das empresas trabalho e lazer também fogem ou se divorciam do cálculo do emprego permanente. O tempo livre não é mais parte do horário de serviço, mas algo inserto nas atribuições de tarefas ou contratos de projeto e aposentadoria torna-se uma questão individual que nada tem a ver com a política organizacional. A economia do hidrogênio certamente provocará a redistribuição do poder no mundo globalizado. As tendências das empresas ou organizações pós- emprego são três: a) Expansão dos ganhos para participação dos resultados b) Pagamento por habilidades c) Autogestão na direção dos negócios, isto é, aceso direto às informações que antes eram do domínio das pessoas que tomavam as decisões. Hoje se observa que a economia tende a conectar células combustíveis de hidrogênio com geração autônoma e resdistribuitiva. Ainda no ambiente da empresa ou organização pós- emprego, a pessoa faz aquilo que precisa ser feito para facilitar, honrar e realizar a missão, a visão e os valores da organização onde cada pessoa administra o todo e não apenas a sua parte. O hidrogênio como fonte de energia pode se tornar o primeiro sistema energético democrático, libertador e eqüitativo da história humana. Nas organizações pós-emprego, consegue-se que as pessoas: a) Tomem decisões gerenciais que eram restritas aos gerentes b) Tenham acesso às informações para tais decisões
  • 32. 32 c) Sejam capacitadas e treinadas para entender as questões comerciais e financeiras da empresa d) Interessem-se pelo fruto de seu trabalho como forma de compartilhar com a organização e participar dos seus lucros e) Possam na economia do hidrogênio compartilhar e criar um novo uso descentralizado da energia e do bem estar. Para administrar a transição da sociedade industrial para a sociedade da informação, onde predominam as organizações pós-emprego, há que se reinventarem também os programas de capacitação e treinamento. Essas ações devem: a) Objetivar a leitura dos mercados, identificar as necessidades oriundas das mudanças e definir o produto de ou para alguém de acordo com as necessidades b) Identificar outros vendedores de bens ou serviços que estão fazendo aquilo que a organização pretende fazer e como alcançam resultados c) Induzir a melhorar continuamente a qualidade daquilo que se pretende fazer; d) Gerir seu tempo pessoal e do “joint-venturing” pessoal na organização. A criação da economia do hidrogênio deve levar à redistribuição do lucro e do poder como forças motrizes de um novo modo de produção. O novo sistema circulatório da organização pós-emprego requer para a redisposição de recursos: a) Capacitação e treinamento em como administrar a própria carreira e oportunidades de negócios b) Estímulo, motivação e entusiasmo para ações multiníveis (networking) e acesso “on line” às oportunidades de negócios ou de oportunidades de trabalho ou autoemprego c) Desenvolvimento de estratégias de a própria pessoa atuar como um negócio
  • 33. 33 d) Informações de como dispor da ajuda para a carreira, em termos de cursos, bancos de dados, serviços de avaliação e coisas afins e) Com o hidrogênio, como fonte de energia, a geopolítica do sistema mundo do capitalismo entrará em colapso dando lugar a uma política biosférica inserta em uma antropolítica. Vale lembrar que o Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas, em seu recente levantamento sobre emprego no Brasil, aponta que “uma em cada três pessoas vai perder o emprego nos próximos dois anos”. (Ver Revista Época nº. 427 de 24/07/2006). Comenta, ainda, a revista em tela que aqueles que pretendem manter seu emprego têm de cuidar das seguintes habilidades: a) Entender o que é sucesso, conhecendo os valores da empresa b) Não prometer demais de forma a apreender a cultura da empresa c) Controlar o tempo como maneira de focar o trabalho e ser produtivo e dar resultados d) Ser político, isto é, participar da vontade do time, mesmo que dele não faça parte de forma a externalizar habilidade política e liderança e) Fazer marketing pessoal de maneira que as pessoas achem que seu trabalho tem a ver com o sucesso em manter seu emprego ou carreira na empresa. A CONJUNTURA DO SISTEMA MUNDO CAPITALISTA Hoje, em pleno século XXI e início do terceiro milênio, quando se vive o chamado processo de globalização, há, no Brasil e no sistema mundo do capitalismo as seguintes características distintivas:
  • 34. 34 a) Integração dos mercados financeiros mundiais b) Crescente presença de empresas transnacionais na economia do país c) Internacionalização das decisões d) Incrível mobilidade de massa de capitais financeiros com sentidos especulativos e) Manipulação da política monetária e cambial f) Mobilidade das empresas transnacionais sem compromisso com os países que sediam suas atividades g) Constrangimento do poder dos estados nacionais h) Fabricação de diferentes partes do produto em diferentes países à custa de baixas remunerações “marketing clearing” i) Relações intracapital ou (cachos de empresas) “producer-driven” j) Incrível velocidade de transmissão de dados e informações que fazem a dimensão espacial-demográfica perder importância e com impactos instantâneos l) Obsoletismo do emprego com transformação no conceito de ocupação e de geração de incontrolável exclusão social a partir de entes humanos supérfluos ao sistema capitalista m) Obsoletismo da superestrutura, isto é, do direito positivo, e a ele contrapondo um direito em rede e a arbitragem, ou ainda, o “direito reflexivo e o direito social”. A economia mundo do sistema mundo capitalista dá-se, hoje, com as relações dialéticas concentração versus fragmentação e exclusão versus inclusão. De um lado, assiste- se a necessidades de “network” em forma de “TEAMNETs” (empresas de transposições de fronteiras) que basicamente decidem o que, como, quando e onde produzir os bens e serviços em forma de marcas e redes globais que forçam o processo de concentração nas cadeias de produção. De outro lado, a participação no mercado “market share” e o processo de acumulação levam as organizações a terceirizar, franquear, associar-se e agir em multinível, dando oportunidades a uma
  • 35. 35 grande quantidade de organizações menores (fragmentação), que alimentam as cadeias produtivas do sistema mundo do capitalismo. Imbricado à contradição supra, estabelece-se outra que se explicita no desempenho estrutural crescente dentro de uma dinâmica de uma queda de preços dos produtos em níveis globais na tentativa de incluir aqueles que estão às margens do consumo oriundos do processo de exclusão pela ausência de emprego provocado pelas intensas inovações tecnológicas dentro ou fora dos arranjos produtivos locais (clusters). Diante de tais contradições, as organizações levam às ultimas conseqüências a estratégia do suprimento intrafirma “intra-firm sourcing” em empresa-rede “network” globais. As conseqüências dessa estratégia fazem multiplicação do trabalho urbano informal flexível em detrimento do trabalho jornal. Por todos esses motivos, os cidadãos passam a recriar e reinventar sua própria ocupação ou seus autonegócios na medida em que o emprego some e tenta sobreviver no processo de exclusão social em massa ou buscar proteção no sistema de cooperativas e de multiníveis. Na lógica da economia mundo ou economia do poder (militar, monetário e comunicação) no sistema mundo capitalista, o fracionamento das cadeias produtivas, vital para as organizações, incorpora e desenvolve bolsões de trabalho mal remunerados, em nível global, com tendências cada vez maiores de concentração de renda e exclusão da maioria absoluta dos contingentes populacionais nos países centrais e principalmente, nos periféricos. É importante discernir que o sistema mundo capitalista a partir do G7 é, agora, um império que domina a totalidade econômico-social-espacial do planeta. Não tem limites: temporal; social; espacial; e independe do estado-nação como base de poder, como aconteceu na economia mundo do capitalismo onde o imperialismo (europeu e norte americano) tinha como base do centro do poder, exatamente, no estado-nação ou no estado intervencionista.
  • 36. 36 Desconhecendo onde começa e termina sua área influência e dominação transnacional, o império do sistema mundo capitalista, provoca um novo código de ética multicutural, onde não mais se separam as esferas públicas e as esferas privadas, podendo, em conseqüência, impulsionar forças motrizes que tendam a um direito à cidadania global e a uma renda mínima para uma sobrevivência do cidadão/mundo. Essa hipótese é o contraponto do principio de exclusão, ora existente, onde 80%, da população mundial, se tornam descartáveis para que o sistema mundo capitalista possa sustentar apenas os 20% que são do sistema e o controla na perspectiva de decidir quem sobrevive e quem deve desaparecer por causa da “destruição criadora”, maquinada pela atual estratégia neoliberal/monetarista/consumista do império. Sabe-se que as causas do fenômeno do globalismo são várias, outrossim, vale mencionar aqui as principais: a) A Revolução Mundial de 1968 que revelou ao mundo a reversão do conflito Leste x Oeste para o conflito Norte x Sul ou Ricos x Pobres e provocou o destronamento das ideologias do liberalismo, conservadorismo e socialismo de estado, cujas conseqüências e efeitos são de longo prazo e se espraiam na atual crise do sistema mundo do capitalismo b) A crise do padrão monetário mundial decidido unilateralmente pelo governo Norte-americano, em 1971, com a insustentabilidade da paridade dólar com o lastro ouro c) Os choques do petróleo de 1973/1974 e de 1978/1979, que desnivelaram os preços relativos da produção dos bens e serviços, em escala global, com radicais descontroles nas balanças de pagamentos dos países e a quebra unilateral dos EUA do acordo de Bretton Woods d) Os acontecimentos de 11 de setembro em Nova York e as guerras no Afeganistão e no Iraque sob uma coalizão liderada pelos Estados Unidos por sobre as resoluções da ONU e das explosões de bombas nas vias férreas de trens e metrôs (Espanha e Inglaterra) e nos sofisticados recantos turísticos
  • 37. 37 (Indonésia e Egito) levam ao extremo a insegurança social. No intricado processo da crise, logo após a revolução mundial de 1968, dar-se-á o fim do fordismo e o início da transformação de empresas multinacionais em empresas transnacionais. Observa-se a conversão das ciências e das tecnologias em meio básico de produção de bens e serviços, em toda a ordem econômica mundial, dando como resultado o decrescente ciclo de vida útil dos bens e o acúmulo de lixo e poluição ambiental de toda ordem e forte processo de exclusão social. Daí surge, em nível global, um novo padrão de estratificação no processo de acumulação de capital e em seu incessante rendimento em forma de lucro via capital financeiro e rentista com radical aprofundamento das desigualdades entre pessoas e entre países oriundos dos novos fluxos de intercâmbios comerciais; pagamentos; tecnológicos; informações; entre economias nacionais e economias regionais e entre capitais mercantis, financeiros, produtivos e rentistas. Surgem as organizações “TEAMNETs” (transposição de fronteiras em redes). Frente a tais fenômenos, a nova ordem (e os novos paradigmas) do processo de reprodução incessante de capital do sistema mundo capitalista passa a ser condicionada pelos seguintes fatores: a) Radicais diferenças entre os países cêntricos (G7), a semiperiferia e a periferia do sistema b) Emergência e consolidação de novo paradigma da “especialização flexível da produção”, “pós-fordista” em “revolução da gestão do conhecimento” que relativiza as vantagens comparativas dos países que fazem parte da semiperiferia e da periferia do sistema mundo capitalista c) Padrão de estratificação relacionado à dinâmica da oferta e da procura pós-investimentos diretos e indiretos no âmbito ou interior do sistema financeiro internacional, que geram capacidades produtivas de bens e serviços sob a égide das
  • 38. 38 transnacionais, agora organizadas em: muitos centros; cadeias produtivas; redes; organicidades; processos; interações; muitos canais decisórios e de recursos de informações d) Estreito monitoramento do sistema por organizações mundiais tais como: OMC, FMI, BIRD e BIS sob a égide do único país que tem plena soberania e pleno poder de doar sentido ao sistema mundo capitalista que são os EUA e seu consorte G7, onde suas ordens são convalidadas para o sistema mundo. A partir do cenário acima, há que se buscar uma inserção do Brasil no sistema mundo capitalista, sem sacrifício da identidade nacional e com sustentabilidade em termos de desenvolvimento. Para tanto, não se deve olvidar que a dimensão econômica do globalismo se reificada pode levar a um tipo de reducionismo que oculta outros fatores de ordem política, cultural e ambiental. Por isso é que a inserção do Brasil não pode se dar nos termos dos EUA ou da União Européia, mas, talvez, como a da China, a da Rússia e a da Índia. Para tanto, há que se garantir condições mínimas de interdependências e de soberania para decidir a doação de sentido que deve ter a política e a economia nacional, sem interferências externas, como as do FMI, as do BIRD e mesmo as dos EUA. Os conceitos de nação, estado e soberania estão imbricados aos processos econômicos, sociais, políticos e culturais na medida em que: i) a nação expressa no meio político a integração de pessoas com a mesma identidade coletiva, com a mesma historicidade e base econômico-cultural; ii) o estado aponta ou indica um ordenamento e um controle induzidos pela expansão do capital para estabelecer a unificação de estruturas de poder territorial com aplicação e regras de direito válidas para todo e qualquer habitante cujo contorno institucional, político, burocrático e jurídico dá-se no século XIX; iii) a soberania trata do poder de mando numa determinada sociedade, política, econômica, social e cultural, que é julgada exclusiva, independente, inalienável e suprema. Está relacionada à essência da política expressa internamente pela ordem, e externamente
  • 39. 39 pelas negociações internacionais e até mesmo pelas guerras. No contexto do sistema mundo induzido pelas transnacionais, no processo de globalização, as contradições do capital e, principalmente, do capitalismo apresentam forte tendência para o crescente esvaziamento das regras ou normas do direito constitucional dos estados nacionais frente aos novos esquemas regulatórios e, também, das novas formas organizacionais e institucionais supranacionais expressas pela tendência da formação dos megablocos econômicos. No pensamento de WALLERSTEIN, existe no sistema mundo do capitalismo as seguintes tendências que apontam à agonia do sistema mundo capitalista que o levam para sua bifurcação dissipativa ou de sua substituição: a) Desruralização do mundo b) Crise ecológica mundial c) Democratização do mundo d) Reinvenção ou reversão do estado-nacional e) Militarização e autodestruição das forças produtivas f) Financeirização do capital com o abandono da produção de riquezas. Todas essas tendências batem de frente ou se opõem às forças motrizes do sistema mundo capitalista, que são o lucro e o poder, ambas, resultantes do processo de acumulação incessante de capital. É conveniente enfatizar que as organizações reticulares, tratadas neste livro, sofrerão profundas mudanças dentro das turbulências do sistema mundo do capitalismo onde se destacam: Fim dos combustíveis fósseis entre 2015 e 2025 Geração de energias alternativas e de biomassa para gerar energia elétrica com vista à produção de células combustíveis de hidrogênio. Profundo impacto nas economias muito dependentes
  • 40. 40 da matriz energética dos combustíveis fósseis. Quais os cenários para o Brasil, e a Região Nordeste sob a ótica das empresas de transposição de fronteiras? Cassino Global Desregulamentação ou regulamentação unilateral dos mercados com especuladores de toda ordem (bancos, fundo de pensões, paraísos fiscais, seguradoras, etc.) organizados para a manipulação financeira, via Internet, em meta rede mundial de interações tecnológicas e de turbulências. Quais situações, no âmbito das organizações reticulares, prospectam-se para o Brasil e nele as regiões Nordeste e Norte? Relação capital/trabalho O capital, hoje, é global e excludente no sistema mundo do capitalismo. O trabalho via emprego é local, fragmentado, descartável com tendência ao obsoletismo. A hipótese 20/80, ora em construção pelo sistema capitalista, tende a aumentar a pobreza ao extremo no processo de exclusão social a partir do fundamentalismo de mercado idealizado pelo G7. O que fazer para mitigar tal tendência com o funcionamento das organizações reticulares no nível local, estadual, regional e nacional com propósitos de inclusão social? Impacto ou crise ecológica Comprometimento da biosfera e da vida no planeta. Esgotamento dos recursos naturais ou dos bens livres. Guerra mundial dos ricos contra os pobres a partir da unilateralidade dos EUA, como centro do sistema, no processo incessante de acumulação de capital, cujo metabolismo se resume em duas forças motrizes: o lucro e o poder. Quais suas implicações no Brasil e na Região Nordeste e que papel desempenharão as
  • 41. 41 organizações reticulares na crise? Redes criminosas globais Paraísos fiscais, jogos e outras atividades criadas como fonte de lavagem de dinheiro. Tráfico de drogas e de armas sob salvaguarda do judiciário e com alianças estratégicas com o estado nos países cêntricos e periféricos. Papel dos celulares e laptops nas redes criminosas tanto internas quanto externas. Como podem os princípios ou intenções da Agenda 21 da ONU e a Nacional ou mesmo local e os Planos Diretores Municipais oriundos do Estatuto da Cidade apreender ou ter visão de tal problema com vistas às organizações reticulares? Reversão do estado nacional em estado em redes Formação dos megablocos sob a égide de mega redes financeiras internacionais. Ligação intermodal de transporte do Atlântico com o Pacífico, na América do Sul, e consolidação de um megabloco de integração no continente levará ou não ao obsoletismo dos estados federados do Brasil. Criação de estados em redes. Como procederem tais cenários para o funcionamento das organizações reticulares com vistas à inclusão social? Transformação cultural A Internet aberta e a Internet fechada. As mídias: faladas, escritas, televisas e cinematográficas. Agências de informações controladas pelo centro hegemônico do sistema. Manipulações de símbolos e códigos culturais. Como ficam as organizações reticulares no Brasil inclusas, também, no processo, a luz das agendas 21 locais, e os paradigmas do Estatuto da Cidade e de uma ética das aparências e de responsabilidade?
  • 42. 42 A Biotecnologia e a biossegurança A engenharia genética com o patenteamento e a privatização da vida. Ignorância e descaso de todas as considerações bioéticas e morais. A biologia molecular e a concepção da estabilidade genética. A simbiogênese. A ética da clonagem. A biotecnologia na agricultura. Transformação da vida em mercadoria. Como podem as empresas de transposição de fronteiras abordarem a visão dessa atual problemática nas empresa ou sociedades reticulares? As resistências globais A situação das lutas no mundo. As questões do fim do petróleo e a escassez da água potável. A dívida externa e a rapina sobre as riquezas e recursos humanos dos países periféricos. A luta contra a exclusão social, a fome e a miséria na nova ordem ou desordem mundial. Os movimentos das mulheres (outra mundialização). A militarização do mundo. Novas condições para a paz. Polarização capitalismo imperial x capitalismo tardio nos países periféricos. Projeto hegemônico Norte Americano e sua unilateralidade. Posições do Brasil, da China, da Índia, da África do Sul, da Rússia e da União Européia e os movimentos que contrapõem um Tribunal Internacional de Inadimplência ao BIRD; uma Organização Internacional de Finanças ao FMI, bem como, a criação de uma Organização pela Responsabilidade Empresarial. As Pesquisas e Iniciativas de Emissão Zero (ZERI). Construção econômica de células combustíveis de hidrogênio (processo de descarbonização). Quais os papéis das organizações reticulares frente às resistências ou a esses movimentos globais? As tendências demográficas do Brasil
  • 43. 43 Perigo de regressão populacional e fragmentação nacional. A Amazônia como principal alvo do Império e do G7. As investidas internacionais sobre a Amazônia. Devem ou não as organizações reticulares ignorar tais cenários e como podem agir contra tais tendências? COMÉRCIO MUNDIAL Com a expansão européia por meio das invasões nos novos e velhos continentes, a partir do Século XVI, criaram-se as doutrinas mercantilistas, que prescreviam: exportar o máximo e importar o mínimo de mercadorias de forma a ter uma balança comercial superavitária. Claro que todas essas doutrinas tinham como objeto a acumulação de capital nos países cêntricos da Europa à custa do saque das colônias das Américas, da África e da Ásia. O aparecimento, em 1776, do livro de Adam Smith, “A riqueza das nações”, surge a teoria das vantagens comparativas que reza o mito de quanto maior a vantagem, tanto menor o custo da mercadoria. Nela se imbricam as chamadas vantagens naturais como as vantagens adquiridas que provinham de determinadas especializações em linhas de produção manufatureiras e industriais. A grande novidade da teoria de Smith é a negação da importância de acumulação de tesouros de metais preciosos para a acumulação de capital, na medida em que o conceito de riqueza, para esse autor, é obter os bens de uso necessário ao consumo da população com o menor esforço ou gasto de tempo de trabalho humano. Entretanto, David Ricardo aprimorou a teoria das vantagens comparativas “ao demonstrar que cada país deveria especializar-se na produção das mercadorias em que tivesse maiores vantagens relativas, ainda que para tanto tivesse que importar mercadorias por um valor mais alto de que lhe custaria fabricá-los”. Ricardo afirmava “mesmo que se um país tivesse grandes vantagens naturais e adquiridas em todas as esferas de produções, a especialização apenas nos ramos em que suas
  • 44. 44 vantagens relativas fossem maiores lhe traria mais vantagens do que a auto-suficiência econômica”. (Citado Paul Singer). O próprio Ricardo, no aprimoramento dessa teoria, introduziu o chamado padrão-ouro para combinar o livre câmbio com equilíbrio da balança comercial de todos os países. Praticamente, o comércio natural da economia mundo do capitalismo em grande parte no Século XIX se orienta pela teoria das vantagens comparativas de Smith, devidamente aperfeiçoada por Ricardo que, também, nela introduziu uma divisão internacional do trabalho pelas especializações advindas da revolução industrial, desequilibrando as vantagens naturais em favor das vantagens adquiridas. No pós 2º guerra mundial, surge, na CEPAL (Comissão Econômica para América Latina) organismo da ONU, a teoria da deteriorização dos termos de intercâmbio em relação aos países periféricos ou subdesenvolvidos, formulada por Raul Prebisch e desenvolvida por Celso Furtado, que contrariou, totalmente, a teoria das vantagens comparativas até então sem contraponto. A crítica da CEPAL passa a tomar importância não somente nos países periféricos, mas também nos países desenvolvidos e hegemônicos. Tanto isso é verdade que o economista francês Emanuel reformula a teoria das vantagens comparativas contrapondo a ela outra teoria, a das trocas desiguais. Segundo Singer, a teoria das trocas desiguais, a partir da teoria formulada por Prebisch e Celso Furtado, agora, aperfeiçoada por Emanuel, mostra “que, numa economia capitalista internacional em que os capitais se transferem facilmente de um país para o outro, os termos de intercâmbio têm que determinar para os países em que os custos de produção (com particular ênfase no salário) tendem a cair em relação aos parceiros de intercâmbio”, por conta da rigidez da divisão internacional do trabalho. Durante toda a chamada guerra fria (1945 a 1990) os debates não somente no âmbito das Nações Unidas aumentaram, mas também evoluiu a partir do acordo mundial do GATT (General Agrement on Tariffs and Trade) antecessor da OMC
  • 45. 45 (Organização mundial do Comércio) para ampliação do conceito da divisão internacional do trabalho até chegar-se ao que se convencionou chamar de Política do Status Quo que se explicita a exploração dos ricos sobre os pobres. Isso a partir dos termos de intercâmbio em nível mundial que, ainda hoje, (dez.2005) estende-se na rodada de Doha da OMC, que, junto com o FMI e o BIRD, tendem a manter e sustentar, no sistema mundo capitalista, suas contradições quanto a: i) produção versus consumo; ii) produção versus controle; e iii) produção versus circulação de bens e serviços aprofundando, via processo de globalização econômica, a exclusão social, a pobreza, a miséria, não somente nos próprios países hegemônicos, mas, principalmente, nos países periféricos, levando-os ao propalado conflito Norte x Sul, ou melhor, entre o centro do sistema e os novos bárbaros. Nesse imbróglio, fluem, cada vez mais, as contradições das crises: i) ecológica mundial, ii) demográfica intra e internacional, iii) da sobrevivência humana em termos de alimentação, saúde, habitação e saneamento, iv) da afirmação social em termos de educação, profissão, emprego e cultura, v) de liberdade social quanto à: mobilidade, à iniciativa, à informação e ao lazer; e vi) política econômica que além de envolver as contradições do sistema mundo do capitalismo o encaminha para problemas cruciais, como por exemplo: o energético, a inflação, a recessão, o desemprego ou o fim do emprego, as dívidas impagáveis, e a reversão ou a reinvenção dos estados nacionais nos chamados blocos econômicos e, finalmente, o que podemos chamar de quarta guerra mundial. Defendendo a construção de um Brasil grande de incluídos, é inevitável primar pelos objetivos nacionais permanentes apresentados no diagrama formulado por Ênio Labatut em seu livro “Política de comércio exterior”, publicado pela editora Aduaneiras. Ver diagrama a seguir. AVALIAÇÃO ESTRATÉGICA PERMANENTE
  • 46. 46 Análise dos Fatores Políticos Psicossociais Econômicos Militares Síntese: Premissas Básicas Conceito Estratégico Nacional Diretrizes Governamentais Estratégia Estratégica Estratégia Estratégia Política Econômica Psicossocial Militar COMÉRCIO EXTERIOR Premissas Específicas Estratégica de Comércio Exterior Política de Comércio Exterior ASPECTOS Comercial Financeiro Administrativo e Iniciativas do Regulamentar Estado Do ponto de vista da Política de Comércio Exterior, para o Brasil, acredita-se que o leitor pode e deve produzir conhecimentos nos seguintes pontos de análises com vistas à construção de sua base de conhecimento: Sociedade brasileira no quadro do sistema mundo do capitalismo
  • 47. 47 Sob essa ótica, deve o Brasil adotar uma política de comércio exterior inteligente e autônoma capaz, de buscar os seguintes objetivos: i) definir estratégias iniciando com um planejamento estratégico situacional a partir do conhecimento pleno de seus objetivos nacionais permanentes e da integração da América do Sul; ii) ter perfeito conhecimento dos campos a ser conquistados, fazendo um levantamento das necessidades para alcançar os objetivos explícitos nas estratégias do planejamento situacional; iii) envidar conhecimento amplo e perfeito das necessidades dos países cêntricos do G7 e da Comunidade Européia, dos países emergentes e subdesenvolvidos, particularmente, dos africanos com vistas à expansão do comércio Sul-Sul; iv) levantar com detalhes o “portfólio” dos produtos e serviços de que dispõe possíveis de serem negociados e trocados no comércio mundial; e v) buscar o conhecimento amplo e adequado dos mercados compradores e da capacidade de reação e retaliação dos países cêntricos como, por exemplo, o que, agora, fazem os Estados Unidos com as exportações dos crustáceos brasileiros, particularmente nordestinos, que têm altíssima produtividade e competitividade. Os problemas econômicos, sociais, demográficos e ecológicos No âmbito de negociações nacionais e mundiais. Eles têm a ver com um modelo autônomo de desenvolvimento sustentável. Nele além da economia privada competitiva do capitalismo (excluidora de força de trabalho) há que se constituir uma forte economia pública estatal ou não capaz de mediar os efeitos da exclusão social em benefício de outra economia social- comunitária com viés de incluir as pessoas marginalizadas pelas economias privadas competitivas capitalistas com vistas a erradicar as assimetrias de renda entre as pessoas e entre os espaços dinâmicos e letárgicos do Brasil.
  • 48. 48 Rodadas de negócios no âmbito da OMC e dos blocos econômicos Devem seguir rigorosamente o sentido hoje doado pelo Itamaraty nas negociações internacionais, particularmente naquilo que foi discutido e que obteve consenso na UNCTAD XI, em junho de 2004, na cidade de São Paulo. Uma boa política de comércio exterior, para o Brasil, poderia obedecer aos seguintes requisitos: i) isenção de impostos às exportações de produtos industrializados, principalmente de alta tecnologia, ii) baixas taxações dos produtos do agronegócio e agropastoril exceto madeiras de lei, iii) altas taxações e altos impostos na exportação de produtos minerais estratégicos, sem valor agregado, iv) isenção de impostos à importação de insumos básicos e produtos industrializados sem similar nacional, v) altas taxações e altos impostos sobre importações de manufaturados, e vi) taxas e impostos reduzidos às importações de bens de capital ou de produção sem similar nacional. Tudo isso sem ferir os princípios já acordados na OMC e com o MERCOSUL. Desenvolvimento da ciência, da tecnologia, e da criatividade Com vistas a mitigar e anular a forma mais cruel de dominação e exploração dos países cêntricos sobre os países pobres, quando colocam o conhecimento, a ciência e a tecnologia como fatores de produção no processo de acumulação incessante de capital, além daqueles preconizados por Smith (natureza, trabalho e capital). Ao impor ao mundo a privatização de dado conhecimento, da ciência e da tecnologia, inclusive da vida, pelas patentes, o centro hegemônico do sistema mundo do capitalismo cria e aplica uma nova e sofisticada modalidade de colonialismo sobre as nações periféricas do sistema. Portanto, cabe aos brasileiros desenvolver sua criatividade, sua ciência e suas tecnologias com vistas a romper com as amarras do centro
  • 49. 49 hegemônico que controlam e submetem aos seus interesses as organizações internacionais a partir de suas empresas transnacionais que fazem rapacidade generalizada sobre os países pobres, tal e qual aconteceram no passado pelo velho e desmoralizado colonialismo. Aspectos da economia brasileira com vistas ao comércio mundial Descansam no rompimento dos grilhões que entravam sua política econômica nacional e a atrelam aos interesses alienígenas em vez de terem um caráter libertador de seu povo. É sabido que tanto o Ministério da Fazenda quanto o Banco Central e o sistema financeiro são geridos de fora para dentro, pelo centro hegemônico do sistema mundo do capitalismo, capitaneado pelo FMI, o BIRD e a OMC. Eles, à luz do chamado e propalado “mercado”, ditam o sentido da economia nacional frontalmente contra as necessidades da maioria absoluta da população brasileira. Essa é a razão da existência da política de juros extorsivos que alimenta uma dívida interna e externa impagável e que drena as energias e a mais valia de toda a nação para os especuladores, de toda ordem, sejam eles estrangeiros ou nacionais. Há que se ter criatividade e coragem para modificar essa situação neocolonial que faz dos brasileiros um povo prostituído ou possuído em sua essência pela alienação, não somente de sua força de trabalho, mas também, pela exclusão social que lhe é imposta de fora para dentro. Sem dúvida, essa ordem ou desordem mundial imposta pelo sistema mundo do capitalismo via G7, FMI, BIRD e OMC é a unilateralidade dos Estados Unidos aos países emergentes e pobres do planeta é insustentável e tão brutal quanto o tão propalado terrorismo ora existente no mundo. É possível que a atual política econômica nacional seja, apenas, um reflexo e um espectro do terrorismo de estado imposto pelos nortes americanos ao chamado mundo livre. Cabe ao Brasil, em matéria de comércio exterior, em sua política
  • 50. 50 econômica: i) proceder a uma auditoria em suas dívidas interna e externa, ii) produzir mais e melhor, iii) reduzir custos de produção em seu sistema produtor de mercadorias para exportação ao tempo que deve consolidar uma forte economia pública e uma economia social comunitária voltada para seu mercado interno e a inclusão social, iv) abastecer o mercado interno sem as formas assimétricas ora existentes e exportar todos os excedentes, v) continuar com a política de substituição de importações, e vi) escapar das pressões norte-americanas sobre o acordo de patentes e da ALCA nos termos por eles colocados. Necessidade de se programar e implementar o planejamento estratégico situacional Com vistas à totalidade nacional e, em particular, ao comércio mundial do Brasil em contraponto à propalada e divulgada “mão invisível do mercado”, cujo objetivo é perpetuar a política do status quo dos países hegemônicos no comércio mundial. Para tanto, deve o Brasil desenvolver sua astrofísica com veículos lançadores de satélites, os submarinos atômicas e sofisticadas tecnologias aeroespaciais com vistas a sua soberania na Amazônia (com suas riquezas de água, da fauna, da flora, dos minerais, principalmente nióbio), no espaço aéreo nacional e na plataforma submarina. A defesa e o uso do aqüífero Guarani, bem como da América do Sul, deve ser tema constante do MERCOSUL e, também, do Pacto Amazônico. No plano acadêmico, há que se tratar dos seguintes aspectos referentes à Política brasileira de comércio exterior: a) Contextualização das teorias e da política de comércio exterior, particularmente da teoria do status quo empregadas e praticadas pelos países desenvolvidos. Deve ser revista e a ela contrapor-se uma outra com vistas a incorporar novos paradigmas oriundos da UNCTAD XI, da ampliação do MERCOSUL e da rodada de Doha da OMC
  • 51. 51 b) A legislação brasileira de comércio exterior necessita ser contextualizada, reformada e atualizada de forma democrática pelas universidades brasileiras e entidades públicas e privadas vinculadas ao setor, inclusive antes de ser votada pelo Congresso Nacional c) O MERCOSUL e as negociações com o ALCA devem obedecer aos princípios de integração, semelhantes aos da União Européia, para os países da América do Sul e, quiçá, da América Latina. Quanto à ALCA, o Brasil e os demais países da América do Sul devem contrapor-se aos interesses neocolonialistas dos EUA/Canadá e, levando de reboque, o México a partir do NAFTA d) A OMC e a política brasileira de comércio exterior. Quanto a esse tema, há que se buscar, nas negociações, a erradicação dos subsídios agrícolas em um tempo não-superior a dez anos, de todos os países, particularmente dos Estados Unidos, da União Européia e do Japão. Deve, também, fortalecer o MERCOSUL e o comércio SUL-SUL conforme foi amplamente discutido no âmbito da UNCTAD XI, em junho de 2004 na cidade de São Paulo e) A UNCTAD, o comércio e o desenvolvimento dos países pobres. Sob esse aspecto, há que se fortalecer e implementar os consensos obtidos por ocasião da UNCTAD XI, em São Paulo, e as novas medidas de um possível acordo no âmbito da OMC. No plano prático vale lembrar, ao ledor, que em matéria de Política de comércio exterior, onde o chamado mercado livre serve apenas ao domínio e ao controle dos países cêntricos sobre os países periféricos todos os negócios se dão de forma monopolizada como negação do mercado livre. Desde os anos de 1980, dá-se inicio a uma tendência de reversão do processo de controle dos países cêntricos que naquele ano consumiam 69% das exportações dos países periféricos ou em desenvolvimento. Em 2001, com o crescimento dos países asiáticos (China, Índia, Coréia do Sul, etc.), aquela proporção caía para 57%, ou seja,
  • 52. 52 12% em 20 anos. Segundo RICÚPERO (quando Secretário Geral da UNCTAD, em artigo na Folha de São Paulo 7/12/03), essa tendência vai acentuar-se pelos próximos anos não pelo fato de que “os ricos vão ficar menos ricos, mas porque inelutavelmente estão ficando menos numerosos. O declínio demográfico no Japão, na Itália, na Espanha, na Europa, em geral, vai encolher uma população que já está próxima a saturação ao nível de consumo. ... os EUA que continuam a crescer ainda graças a perto de 1 milhão de imigrantes legais ou não por ano. Em poucas décadas, 90% dos jovens, os mais prósperos a consumir estarão no Sul. ... O comércio Sul-Sul parecia promessa para o futuro, quase ficção científica. Hoje, ele é realidade com potencial que começa somente ser arranhado. ... É tempo de olhar mais para os parceiros do Sul, nossos sócios no G3 ou no G20. Esses não nos exigem concessões em propriedade intelectual em investimento como condição para o que é de nosso interesse mútuo: explorar a complementaridade de nossas economias. Em outras palavras, são gentes como a gente, que não nos exigem que vendamos a alma”. A rodada de Doha da OMC. A conferência de Hong Kong Na rodada do Uruguai, nos anos 80 e 90 do século passado, o GATT foi transformado em Organização Mundial do Comércio (OMC), com uma conseqüente redução das tarifas dos bens industrializados. No reboque da rodada, houve verdadeira capitulação dos países periféricos em relação às suas reivindicações frente aos países hegemônicos que pela via de um acordo comercial injusto praticaram e, ainda, praticam um incomensurável saque, pilhagem ou confisco de renda dos países pobres. A partir daquela rodada, além de prevalecer a política do status quo nas relações comerciais mundiais, em muito, os países
  • 53. 53 desenvolvidos aumentaram seus subsídios aos produtores agrícolas tanto no lado da produção quanto no da circulação dos bens produzidos pelos chamados países em via de desenvolvimento. Hoje, dezembro de 2005, os subsídios oficiais praticados pela União Européia e os Estados Unidos ultrapassam a US $ 50 bilhões por ano o que implica uma incomensurável pilhagem à economia dos países pobres. Dentro desse contexto, teve início a rodada de Doha onde estão em jogo os seguintes interesses: a) Estados Unidos e União Européia forçam os países em desenvolvimento a abrir mais seus mercados para os produtos de suas empresas transnacionais e se negam a abrir seus mercados e põem barreiras aos produtos agrícolas (que eles fortemente subsidiam) aos países em desenvolvimento. São dois pesos e duas medidas contra os pobres, por eles praticados, que resultam na pilhagem supra dita b) G 20 (Brasil, Índia, África do Sul, China e outros países em desenvolvimento) liderados pelo Brasil, quer o fim dos subsídios praticados pelos países ricos e o corte das tarifas que dificultam o acesso de bens agrícolas aos mercados dos ricos c) Países ricos superprotecionistas como Japão, Coréia do Sul, Suíça e Noruega que protegem seus subsídios e altas tarifas, ao tempo em que resistem a abrir seus mercados agrícolas, exigem dos países pobres que abram mais seus mercados a seus bens industriais e de serviços d) Países em desenvolvimento mais pobres, que a partir dos resquícios do período colonial têm acesso “privilegiado” aos mercados dos países colonialistas e ricos por meio de cotas e que temem concorrer com outros países caso percam essas “esmolas ou privilégios” e) Países que têm grande produção agrícola e economia aberta como Austrália, Nova Zelândia e Chile que defendem abertura em todos os setores da economia. Frente a esses conflitos de interesse, entram em jogo, pela primeira vez, as negociações sobre o setor serviço. Na medida em
  • 54. 54 que os países desenvolvidos pressionam os países em desenvolvimento para abrir seus mercados, estes, em contraponto, mesmo com posições ambíguas, tentam proteger-se e colocar os serviços como trunfo ou moeda de troca para negociar o fim dos subsídios aos produtos agrícolas. O incomensurável conflito de interesses chegou ao ápice na Conferência de Hong Kong, em dezembro de 2005, quando o máximo que se conseguiu foi uma negociação de soma zero, ou seja, foi marcada uma data para o fim dos subsídios europeus, ano de 2013, que foi bom para o G 20 liderado pelo Brasil, porém sem quaisquer avanços no comércio internacional. Também a União Européia, fortemente pressionada e desgastada na Conferência, comemorou a data de 2013 na medida em que ia ao encontro do tempo necessário a sua pretendida reforma na Política Agrícola Comum. Sem dúvida, foram essas as negociações de soma zero da Conferência de Hong Kong. Em todo o embate nas negociações, na Conferência de Hong Kong da rodada de Doha, o destaque foi a eficiente e eficaz liderança do Brasil no G 20, que sobreviveu ao mais duro teste de resistência nas negociações em que pesem algumas ambigüidades e vacilações, porém, jamais desintegração ou capitulação como era comum acontecer em evento desse porte. Dessa forma, o G 20, liderado pelo Brasil, fez valer a assertiva de que é melhor terminar a Conferência sem acordo do que se firmar ou sucumbir a um novo acordo ruim e lesivo aos interesses dos povos pobres do mundo, como aconteceu na rodada do Uruguai. A rodada foi uma oportunidade para reescreverem-se as normas do injusto sistema de comércio mundial onde os países ricos mantêm tarifas altíssimas e acochantes sobre os bens produzidos pelos países pobres. O debate e as negociações continuarão em 2006, e a tendência é de os países pobres conseguirem um melhor acordo ou a OMC entrará em profunda crise institucional/mundial, como já aconteceu com o GATT.