SlideShare a Scribd company logo
1 of 16
Download to read offline
Centro de Estudos Ambientais- CEA
 23 anos. O coletivo pela Sustentabilidade!!


Desertos Verdes e Pólos de Celulose:
  Um quadro de insustentabilidade


                       Cíntia Barenho
                           Bióloga
               Mestranda em Educação Ambiental
CENTRO DE ESTUDOS AMBIENTAIS
    Entidade Ecológica sem fins-lucrativos que
   desde 1983 prioriza ações em Educação
  Ambiental, Direito Ambiental e Ecopolítica.


         Movimento Ecológico
                    FBOMS
                   Fórum Brasileiro
                      de ONGs e
   Assembléia        Movimentos       Rede de ONGs da
 Permanente das   Sociais para o Meio
  Entidades em        Ambiente e       Mata Atlântica
 Defesa do Meio    Desenvolvimento
    Ambiente
Quadro atual na Metade Sul
• Segundo a FEPAM atualmente no RS são 360.000 ha plantados
de árvores exóticas;

• Para a próxima década estimativa de 1 milhão ha plantados;

• O Governo do Estado/Federal tem priorizado os investimentos
agrícolas em projetos de monocultivos de árvores exóticas:

   •CaixaRS (PROFLORA) “colaborando com a sustentabilidade
   do planeta”??

   •Emater: Priorizando o apoio aos plantios de exóticas;

   •BNDES: mais de 13% de suas operações

•Processo estagnado de Reforma Agrária:

   • Valor das terras de +/- R$ 500 para R$ 3000;
Quadro atual na Metade Sul
• Incentivos priorizados à Empresas Transnacionais:

   •Do pampa “pobre” com 95% dos latifúndios, para um Pampa
   de 3 Empresas de capital estrangeiro;
   •Investimentos milionários para transformar o RS como Pólo
   de Celulose;
   •Cada empresa necessita de pelo menos 100.000ha para
   iniciar produção;
   •Descumprimento     da   legislação   ambiental:   não   tem
   EIA/RIMA;
   •Produção de 1 milhão de toneladas de celulose branqueada
   para à exportação;
   •Desenvolvimento econômico de Quem? Para quem?
Custos socioambientais
Redução da disponibilidade de água (quantidade e qualidade)
  • Em um ano 1 hectare (de 500-1000 eucaliptos) plantado pode
  consumir até 50milhões de litros/ano;
  •Pampa argentino redução de 52% no fluxo de água dos rios;
  13% dos corpos d’água secaram; elevação na acidez do solo.
  Fonte: SCIENCE, 2005;

  •O consumo de água pode ser 3X maior que média de chuvas;
  • Resíduos de agrotóxicos em corpos d’água;


 Transformar o a paisagem do Bioma Pampa em um uma
 monoculturas de árvores exóticas garante a diversidade?
Custos socioambientais: gerando empregos?
  Poucos empregos pois o setor e altamente mecanizado tanto nas
áreas de plantio como na indústria:
   •4,5 empregos em 1000ha Fonte:Censo Agropecuário do Uruguai
                       Trabalhadores na Aracruz Celulose
                           Trabalhadores         Trabalhadores          Total
                Ano           diretos               indiretos
                1989             6.058              Sem dados           6.058
                1996             2.652              Sem dados           2.652
                1997             2.393                 3.706            7.099
                2004             2.031                 6.776            8.807
                Fontes: informações corporativas, Aracruz Celulose: 1989-2003;
                                  RIMA, 1989; BVQI, 2004).

Com 375 000 hectares de terras e 2 031 empregados diretos, a Aracruz gera
           1 emprego direto por cada 185 hectares de terras.
 Se considerarmos apenas áreas plantio (247 000 hectares) a geração de
     emprego 1 direto a cada 122 hectares de eucalipto. Fonte: FASE/WRM
Custos socioambientais
    Hectares para gerar um emprego em                            Investimento por emprego
     monoculturas de eucalipto e café
                        Terra para         Terra para                            Custo por emprego
   Monocultura            gerar 1            gerar 1             Setor            gerado (em US$)
                         emprego            emprego)
                        direto (ha)          direto e
                                                            Assentamentos              2.900
                                          indireto (ha)
                                                                rurais
                                                                Indústria              8.400
     Eucalipto              183                 37
                                                                Serviços              12.700
     (Veracel
     Celulose)                                                 Comércio               32.100
     Eucalipto              122                 28             Indústria de           619.808
     (Aracruz                                              celulose (Bahia Sul
     Celulose)                                                    - 1992)
        Café                  1                 <1            Indústria de           3.323.699
Fontes: Aracruz Celulose, 2004; Veracruz Celulose, 2003;   celulose (Aracruz -
MPA, 2004).                                                       2002)
                                                              Indústria de           3.750.000
                                                           celulose (Veracel -
                                                                 2005)
Que sustentabilidade é essa?
•Estados Unidos consumo médio per capita de 308kg de papel;
•Japão consumo 222kg de papel;
•Brasil consumo de 27kg de papel;
•Bangladesh consumo de 1kg de papel;
                                                    (Durning, 1992:91)



E quanto a Reciclagem?
• No Brasil, apenas 37% do papel produzido é reciclado.
Destes:
   •80% é destinado à confecção de embalagens;
   •18% para papéis sanitário;
   • apenas 2% para impressão.
Que sustentabilidade é essa?
•Para produzir 1 tonelada de papel são necessárias:
       • 2 a 3 toneladas de madeira
       • uma grande quantidade de água (cerca de 2.500.000
       litros);
       •muita energia (5° atividade industrial que mais
       consomem energia);
O uso de produtos químicos altamente tóxicos na separação e
no branqueamento da celulose.
 Mesmo com o tratamento de efluentes(resíduos) na fábrica, as dioxinas
 (cancerígenos) permanecem e são lançadas nos rios, contaminando a
água, o solo e conseqüentemente a vegetação e os animais (inclusive os
  de consumo humano). No organismo dos animais e dos humanos, as
  dioxinas têm efeito cumulativo, ou seja, não são eliminadas e vão se
             armazenando nos tecidos gordurosos do corpo.
Que sustentabilidade é essa?
•Privatização dos lucros e socialização dos custos?
•Impactos negativos aqui, produtos lá fora...
•Metade sul estagnada ou falta de política de não concentração de
terra/renda e diversificação produtiva;
•Vender o pampa para 3 empresas multinacionais é diversificação?
•Transformar o Pampa, ecossistema de extrema riqueza de fauna e flora
em milhões de hectares de monocultivo de árvore exótica é diversidade?
•Entregar boa parte do Aqüífero Guarani a empresas de capital
estrangeiro preserva nossa soberania?
•Transformar terras agriculturáveis em monocultivos de árvores
exóticas?
•Alimentar o consumo desigual de países “desenvolvidos” com a riqueza
de nossa nação?
Rio Grande diz NÃO ao Pólo de Celulose!
•Em 1987 CEA recebe cópia do projeto inicia mobilização;

•Em 1988 a Sec.Est.de Coordenação e Planejamento anuncia projeto de Pólo
de Celulose para Rio Grande. Paga-se cerca de R$ 150 mil para a Consultoria
Jaako Pöyry (finlandesa) para a elaboração de projeto.

•Em    1988   mobilização   de   sindicatos,   associações,   escolas,   igrejas,
universidade, e mídia;

•Em 1989 entrega ao prefeito do RIMA elaborado pela FURG/CEA/NEMA e
abaixo-assinado (cerca 40mil assinaturas);

•Prefeito, em nome da comunidade, diz não ao Projeto;

•Início dos anos 90: mobilização em outras municípios (Pelotas, São José do
Norte);
Centro de Estudos Ambientais- CEA
23 anos. O coletivo pela Sustentabilidade!!



  Receba nosso Boletim Socioambiental!
           Entre em contato!



                 cea@ceaong.org.br
                 www.ceaong.org.br
                  (53) 3225 4954
MUDOS
   ...”morrem assassinados os velhos estorvos. Em seu lugar,
crescem os jovens rentáveis. Os bosques nativos abrem espaço
 para os bosques artificiais. A ordem, a ordem militar, ordem
 industrial, triunfa sobre o caos natural. Parecem soldados em
   fila os pinheiros e eucaliptos de exportação, que marcham
                  rumo ao mercado internacional.
   Fast food, fast wood: os bosques artificiais crescem num
instante e vendem-se num piscar de olhos. Fontes de divisas,
  exemplos de desenvolvimento, símbolos de progresso, esses
criadouros de madeira ressecam a terra e arruínam os solos.
               Neles, os pássaros não cantam.
        As pessoas os chamam de bosques do silêncio.
                      Eduardo Galeano

More Related Content

What's hot

Tomazielo - Planejamento e conduçao modificada patrocinio 29 09
Tomazielo - Planejamento e conduçao modificada patrocinio 29 09Tomazielo - Planejamento e conduçao modificada patrocinio 29 09
Tomazielo - Planejamento e conduçao modificada patrocinio 29 09Revista Cafeicultura
 
Palestra Podas do Cafeeiro (Como e quando fazer) Alysson Vilela Fagundes – E...
Palestra Podas do Cafeeiro (Como e quando fazer)  Alysson Vilela Fagundes – E...Palestra Podas do Cafeeiro (Como e quando fazer)  Alysson Vilela Fagundes – E...
Palestra Podas do Cafeeiro (Como e quando fazer) Alysson Vilela Fagundes – E...Revista Cafeicultura
 
Abraão Carlos - PRODUTIVIDADE DO CAFEEIRO CONILON CONDUZIDO COM A PODA PRO...
Abraão Carlos - PRODUTIVIDADE  DO  CAFEEIRO  CONILON CONDUZIDO COM A PODA PRO...Abraão Carlos - PRODUTIVIDADE  DO  CAFEEIRO  CONILON CONDUZIDO COM A PODA PRO...
Abraão Carlos - PRODUTIVIDADE DO CAFEEIRO CONILON CONDUZIDO COM A PODA PRO...Revista Cafeicultura
 
Opções para uso econômico da RL e APP - Pedro Henrique Santin Brancalion (ESALQ)
Opções para uso econômico da RL e APP - Pedro Henrique Santin Brancalion (ESALQ)Opções para uso econômico da RL e APP - Pedro Henrique Santin Brancalion (ESALQ)
Opções para uso econômico da RL e APP - Pedro Henrique Santin Brancalion (ESALQ)Revista Cafeicultura
 
Abc da agricultura preservação e uso da caatinga 2
Abc da agricultura preservação e uso da caatinga 2Abc da agricultura preservação e uso da caatinga 2
Abc da agricultura preservação e uso da caatinga 2Lenildo Araujo
 
Palestra A poda para o “Safra Zero” - André luíz A. Garcia – Eng. Agr. Funda...
Palestra A poda para o “Safra Zero”  - André luíz A. Garcia – Eng. Agr. Funda...Palestra A poda para o “Safra Zero”  - André luíz A. Garcia – Eng. Agr. Funda...
Palestra A poda para o “Safra Zero” - André luíz A. Garcia – Eng. Agr. Funda...Revista Cafeicultura
 
Cartilha de Agricultura Ecológica - Ecovida
Cartilha de Agricultura Ecológica - EcovidaCartilha de Agricultura Ecológica - Ecovida
Cartilha de Agricultura Ecológica - EcovidaMaria Rê
 
Poluição Ambiental - Tema Indústrias
Poluição Ambiental - Tema IndústriasPoluição Ambiental - Tema Indústrias
Poluição Ambiental - Tema IndústriasLukas Lima
 
Ecodesign daceia produtiva
Ecodesign daceia produtivaEcodesign daceia produtiva
Ecodesign daceia produtivaEduardo Garcia
 
ABC Como Garantir Água na Seca
ABC Como Garantir Água na SecaABC Como Garantir Água na Seca
ABC Como Garantir Água na SecaLenildo Araujo
 
A bananeira BRS conquista em sistema Agroflorestal regenerativo
A bananeira BRS conquista em sistema Agroflorestal regenerativoA bananeira BRS conquista em sistema Agroflorestal regenerativo
A bananeira BRS conquista em sistema Agroflorestal regenerativoRural Pecuária
 
Abc da agricultura barraginhas agua de chuva para todos
Abc da agricultura barraginhas agua de chuva para todosAbc da agricultura barraginhas agua de chuva para todos
Abc da agricultura barraginhas agua de chuva para todosLenildo Araujo
 
ABC Criação de bovinos de leite no semiarido
ABC Criação de bovinos de leite no semiaridoABC Criação de bovinos de leite no semiarido
ABC Criação de bovinos de leite no semiaridoLenildo Araujo
 

What's hot (19)

Tomazielo - Planejamento e conduçao modificada patrocinio 29 09
Tomazielo - Planejamento e conduçao modificada patrocinio 29 09Tomazielo - Planejamento e conduçao modificada patrocinio 29 09
Tomazielo - Planejamento e conduçao modificada patrocinio 29 09
 
Palestra Podas do Cafeeiro (Como e quando fazer) Alysson Vilela Fagundes – E...
Palestra Podas do Cafeeiro (Como e quando fazer)  Alysson Vilela Fagundes – E...Palestra Podas do Cafeeiro (Como e quando fazer)  Alysson Vilela Fagundes – E...
Palestra Podas do Cafeeiro (Como e quando fazer) Alysson Vilela Fagundes – E...
 
Abraão Carlos - PRODUTIVIDADE DO CAFEEIRO CONILON CONDUZIDO COM A PODA PRO...
Abraão Carlos - PRODUTIVIDADE  DO  CAFEEIRO  CONILON CONDUZIDO COM A PODA PRO...Abraão Carlos - PRODUTIVIDADE  DO  CAFEEIRO  CONILON CONDUZIDO COM A PODA PRO...
Abraão Carlos - PRODUTIVIDADE DO CAFEEIRO CONILON CONDUZIDO COM A PODA PRO...
 
Mudanças Climaticas e Café
Mudanças Climaticas e CaféMudanças Climaticas e Café
Mudanças Climaticas e Café
 
Opções para uso econômico da RL e APP - Pedro Henrique Santin Brancalion (ESALQ)
Opções para uso econômico da RL e APP - Pedro Henrique Santin Brancalion (ESALQ)Opções para uso econômico da RL e APP - Pedro Henrique Santin Brancalion (ESALQ)
Opções para uso econômico da RL e APP - Pedro Henrique Santin Brancalion (ESALQ)
 
Abc da agricultura preservação e uso da caatinga 2
Abc da agricultura preservação e uso da caatinga 2Abc da agricultura preservação e uso da caatinga 2
Abc da agricultura preservação e uso da caatinga 2
 
Palestra A poda para o “Safra Zero” - André luíz A. Garcia – Eng. Agr. Funda...
Palestra A poda para o “Safra Zero”  - André luíz A. Garcia – Eng. Agr. Funda...Palestra A poda para o “Safra Zero”  - André luíz A. Garcia – Eng. Agr. Funda...
Palestra A poda para o “Safra Zero” - André luíz A. Garcia – Eng. Agr. Funda...
 
Cartilha de Agricultura Ecológica - Ecovida
Cartilha de Agricultura Ecológica - EcovidaCartilha de Agricultura Ecológica - Ecovida
Cartilha de Agricultura Ecológica - Ecovida
 
Poluição Ambiental - Tema Indústrias
Poluição Ambiental - Tema IndústriasPoluição Ambiental - Tema Indústrias
Poluição Ambiental - Tema Indústrias
 
Ecodesign daceia produtiva
Ecodesign daceia produtivaEcodesign daceia produtiva
Ecodesign daceia produtiva
 
ABC Como Garantir Água na Seca
ABC Como Garantir Água na SecaABC Como Garantir Água na Seca
ABC Como Garantir Água na Seca
 
A bananeira BRS conquista em sistema Agroflorestal regenerativo
A bananeira BRS conquista em sistema Agroflorestal regenerativoA bananeira BRS conquista em sistema Agroflorestal regenerativo
A bananeira BRS conquista em sistema Agroflorestal regenerativo
 
Cultivos energéticos en Brasil
Cultivos energéticos en BrasilCultivos energéticos en Brasil
Cultivos energéticos en Brasil
 
Abc da agricultura barraginhas agua de chuva para todos
Abc da agricultura barraginhas agua de chuva para todosAbc da agricultura barraginhas agua de chuva para todos
Abc da agricultura barraginhas agua de chuva para todos
 
Manejo de pragas de cebola fase lavoura 2012 técnicos
Manejo de pragas de cebola fase lavoura 2012 técnicosManejo de pragas de cebola fase lavoura 2012 técnicos
Manejo de pragas de cebola fase lavoura 2012 técnicos
 
Peixes
PeixesPeixes
Peixes
 
Estimativa de aumento de produtividade com o uso de irrigação.
Estimativa de aumento de produtividade com o uso de irrigação. Estimativa de aumento de produtividade com o uso de irrigação.
Estimativa de aumento de produtividade com o uso de irrigação.
 
ABC Criação de bovinos de leite no semiarido
ABC Criação de bovinos de leite no semiaridoABC Criação de bovinos de leite no semiarido
ABC Criação de bovinos de leite no semiarido
 
3
33
3
 

Similar to Desertos verdes%26polosdecelulose umquadrodeinsustentabilidade

Viabilidade economica de projetos agrossilvipastoris montes claros 2010
Viabilidade economica de projetos agrossilvipastoris montes claros 2010Viabilidade economica de projetos agrossilvipastoris montes claros 2010
Viabilidade economica de projetos agrossilvipastoris montes claros 2010Exagro
 
Prof. Paulo Kageyama (ESALQ-USP)
Prof. Paulo Kageyama (ESALQ-USP)Prof. Paulo Kageyama (ESALQ-USP)
Prof. Paulo Kageyama (ESALQ-USP)Luana Copini
 
Efeitos do eucalipto 2
Efeitos do eucalipto 2Efeitos do eucalipto 2
Efeitos do eucalipto 2MEU_ARARIPE
 
Estrutura agrária -Aula 02
Estrutura agrária -Aula 02Estrutura agrária -Aula 02
Estrutura agrária -Aula 02humanascurso
 
Jornal de maio
Jornal de maioJornal de maio
Jornal de maioBOLETIM
 
Aquecimento global no brasil
Aquecimento global no brasil  Aquecimento global no brasil
Aquecimento global no brasil Tômisson Silva
 
Ifpa – campos castanhal
Ifpa – campos castanhalIfpa – campos castanhal
Ifpa – campos castanhalFernandes Luiz
 
cartilha_deserto verde
cartilha_deserto verdecartilha_deserto verde
cartilha_deserto verdeEliege Fante
 
Palestra Legislação Ambiental e Cafeicultura Ladislau
Palestra Legislação Ambiental e Cafeicultura Ladislau Palestra Legislação Ambiental e Cafeicultura Ladislau
Palestra Legislação Ambiental e Cafeicultura Ladislau Revista Cafeicultura
 
O custo ambiental do progresso
O custo ambiental do progressoO custo ambiental do progresso
O custo ambiental do progressonanamesi30
 
Resumo de Ciências - 2º Bimestre
Resumo de Ciências - 2º BimestreResumo de Ciências - 2º Bimestre
Resumo de Ciências - 2º Bimestrealpisveredas
 
Bamboo in the Brasilian Agribusiness
Bamboo in the Brasilian AgribusinessBamboo in the Brasilian Agribusiness
Bamboo in the Brasilian AgribusinessGuilherme Korte
 
Logística e Infraestrutura Terraviva Maio 2009
Logística e Infraestrutura Terraviva Maio 2009Logística e Infraestrutura Terraviva Maio 2009
Logística e Infraestrutura Terraviva Maio 2009SILVIA PALHARES
 

Similar to Desertos verdes%26polosdecelulose umquadrodeinsustentabilidade (20)

Viabilidade economica de projetos agrossilvipastoris montes claros 2010
Viabilidade economica de projetos agrossilvipastoris montes claros 2010Viabilidade economica de projetos agrossilvipastoris montes claros 2010
Viabilidade economica de projetos agrossilvipastoris montes claros 2010
 
2nd gen biofuels brazil
2nd gen biofuels brazil2nd gen biofuels brazil
2nd gen biofuels brazil
 
Prof. Paulo Kageyama (ESALQ-USP)
Prof. Paulo Kageyama (ESALQ-USP)Prof. Paulo Kageyama (ESALQ-USP)
Prof. Paulo Kageyama (ESALQ-USP)
 
Efeitos do eucalipto 2
Efeitos do eucalipto 2Efeitos do eucalipto 2
Efeitos do eucalipto 2
 
Dom Marcelo3
Dom Marcelo3Dom Marcelo3
Dom Marcelo3
 
Atividades topicos de geografia em
Atividades topicos de geografia emAtividades topicos de geografia em
Atividades topicos de geografia em
 
Estrutura agrária -Aula 02
Estrutura agrária -Aula 02Estrutura agrária -Aula 02
Estrutura agrária -Aula 02
 
Ética Ambiental
Ética AmbientalÉtica Ambiental
Ética Ambiental
 
Jornal de maio
Jornal de maioJornal de maio
Jornal de maio
 
Florestas
FlorestasFlorestas
Florestas
 
Agroenergia No Brasil
Agroenergia No BrasilAgroenergia No Brasil
Agroenergia No Brasil
 
Aquecimento global no brasil
Aquecimento global no brasil  Aquecimento global no brasil
Aquecimento global no brasil
 
Ifpa – campos castanhal
Ifpa – campos castanhalIfpa – campos castanhal
Ifpa – campos castanhal
 
cartilha_deserto verde
cartilha_deserto verdecartilha_deserto verde
cartilha_deserto verde
 
Palestra Legislação Ambiental e Cafeicultura Ladislau
Palestra Legislação Ambiental e Cafeicultura Ladislau Palestra Legislação Ambiental e Cafeicultura Ladislau
Palestra Legislação Ambiental e Cafeicultura Ladislau
 
O custo ambiental do progresso
O custo ambiental do progressoO custo ambiental do progresso
O custo ambiental do progresso
 
Resumo de Ciências - 2º Bimestre
Resumo de Ciências - 2º BimestreResumo de Ciências - 2º Bimestre
Resumo de Ciências - 2º Bimestre
 
Bamboo in the Brasilian Agribusiness
Bamboo in the Brasilian AgribusinessBamboo in the Brasilian Agribusiness
Bamboo in the Brasilian Agribusiness
 
Logística e Infraestrutura Terraviva Maio 2009
Logística e Infraestrutura Terraviva Maio 2009Logística e Infraestrutura Terraviva Maio 2009
Logística e Infraestrutura Terraviva Maio 2009
 
Plasticos E Meio Ambiente
Plasticos E Meio AmbientePlasticos E Meio Ambiente
Plasticos E Meio Ambiente
 

More from Centro De Ambientais

Portaria conjunta sema fepam-seapa - depositos agrotoxicos
Portaria conjunta sema  fepam-seapa - depositos agrotoxicosPortaria conjunta sema  fepam-seapa - depositos agrotoxicos
Portaria conjunta sema fepam-seapa - depositos agrotoxicosCentro De Ambientais
 
Parecer FEPAM projeto de lei nº 20 2012
Parecer FEPAM projeto de lei nº 20 2012Parecer FEPAM projeto de lei nº 20 2012
Parecer FEPAM projeto de lei nº 20 2012Centro De Ambientais
 
Recadrastamento entidades ape de mars versao 2011
Recadrastamento entidades ape de mars versao 2011Recadrastamento entidades ape de mars versao 2011
Recadrastamento entidades ape de mars versao 2011Centro De Ambientais
 
Falta de política de conservação e preservação ambiental promove a conve...
Falta de política de conservação e preservação ambiental promove a conve...Falta de política de conservação e preservação ambiental promove a conve...
Falta de política de conservação e preservação ambiental promove a conve...Centro De Ambientais
 
Charges e Cartuns sobre Transgênicos
Charges e Cartuns sobre TransgênicosCharges e Cartuns sobre Transgênicos
Charges e Cartuns sobre TransgênicosCentro De Ambientais
 
Apresentação sobre a precariedade dos trabalho dos guarda-parques-RS
Apresentação sobre a precariedade dos trabalho dos guarda-parques-RSApresentação sobre a precariedade dos trabalho dos guarda-parques-RS
Apresentação sobre a precariedade dos trabalho dos guarda-parques-RSCentro De Ambientais
 
Palestra Antonio Soler/CEA no EDEA/FURG 250912
Palestra Antonio Soler/CEA no EDEA/FURG 250912 Palestra Antonio Soler/CEA no EDEA/FURG 250912
Palestra Antonio Soler/CEA no EDEA/FURG 250912 Centro De Ambientais
 
Oficio da CES-RS sobre pl 78-2012 - agrotoxicos
Oficio da CES-RS sobre pl 78-2012 - agrotoxicosOficio da CES-RS sobre pl 78-2012 - agrotoxicos
Oficio da CES-RS sobre pl 78-2012 - agrotoxicosCentro De Ambientais
 
Manifestação contra pl 78 agrotóxicos
Manifestação contra pl 78 agrotóxicosManifestação contra pl 78 agrotóxicos
Manifestação contra pl 78 agrotóxicosCentro De Ambientais
 

More from Centro De Ambientais (20)

Parecer FEPAM PL 20/2012
Parecer FEPAM PL 20/2012Parecer FEPAM PL 20/2012
Parecer FEPAM PL 20/2012
 
Portaria conjunta sema fepam-seapa - depositos agrotoxicos
Portaria conjunta sema  fepam-seapa - depositos agrotoxicosPortaria conjunta sema  fepam-seapa - depositos agrotoxicos
Portaria conjunta sema fepam-seapa - depositos agrotoxicos
 
Parecer FEPAM projeto de lei nº 20 2012
Parecer FEPAM projeto de lei nº 20 2012Parecer FEPAM projeto de lei nº 20 2012
Parecer FEPAM projeto de lei nº 20 2012
 
Agroecologia militante
Agroecologia militanteAgroecologia militante
Agroecologia militante
 
Caderno de formacao um
Caderno de formacao umCaderno de formacao um
Caderno de formacao um
 
Definicion de bosque
Definicion de bosqueDefinicion de bosque
Definicion de bosque
 
Descrecimento web
Descrecimento webDescrecimento web
Descrecimento web
 
Livreto mar-de-dentro1
Livreto mar-de-dentro1Livreto mar-de-dentro1
Livreto mar-de-dentro1
 
Livro cidades-sustentaveis1
Livro cidades-sustentaveis1Livro cidades-sustentaveis1
Livro cidades-sustentaveis1
 
Mulherepampagaucho
MulherepampagauchoMulherepampagaucho
Mulherepampagaucho
 
Recadrastamento entidades ape de mars versao 2011
Recadrastamento entidades ape de mars versao 2011Recadrastamento entidades ape de mars versao 2011
Recadrastamento entidades ape de mars versao 2011
 
374461
374461374461
374461
 
Falta de política de conservação e preservação ambiental promove a conve...
Falta de política de conservação e preservação ambiental promove a conve...Falta de política de conservação e preservação ambiental promove a conve...
Falta de política de conservação e preservação ambiental promove a conve...
 
Cartilha cordel-completa
Cartilha cordel-completaCartilha cordel-completa
Cartilha cordel-completa
 
Charges e Cartuns sobre Transgênicos
Charges e Cartuns sobre TransgênicosCharges e Cartuns sobre Transgênicos
Charges e Cartuns sobre Transgênicos
 
Apresentação sobre a precariedade dos trabalho dos guarda-parques-RS
Apresentação sobre a precariedade dos trabalho dos guarda-parques-RSApresentação sobre a precariedade dos trabalho dos guarda-parques-RS
Apresentação sobre a precariedade dos trabalho dos guarda-parques-RS
 
Palestra Antonio Soler/CEA no EDEA/FURG 250912
Palestra Antonio Soler/CEA no EDEA/FURG 250912 Palestra Antonio Soler/CEA no EDEA/FURG 250912
Palestra Antonio Soler/CEA no EDEA/FURG 250912
 
Nota tecnica seapa rs pl 78 2012
Nota tecnica seapa rs pl 78 2012Nota tecnica seapa rs pl 78 2012
Nota tecnica seapa rs pl 78 2012
 
Oficio da CES-RS sobre pl 78-2012 - agrotoxicos
Oficio da CES-RS sobre pl 78-2012 - agrotoxicosOficio da CES-RS sobre pl 78-2012 - agrotoxicos
Oficio da CES-RS sobre pl 78-2012 - agrotoxicos
 
Manifestação contra pl 78 agrotóxicos
Manifestação contra pl 78 agrotóxicosManifestação contra pl 78 agrotóxicos
Manifestação contra pl 78 agrotóxicos
 

Desertos verdes%26polosdecelulose umquadrodeinsustentabilidade

  • 1. Centro de Estudos Ambientais- CEA 23 anos. O coletivo pela Sustentabilidade!! Desertos Verdes e Pólos de Celulose: Um quadro de insustentabilidade Cíntia Barenho Bióloga Mestranda em Educação Ambiental
  • 2. CENTRO DE ESTUDOS AMBIENTAIS Entidade Ecológica sem fins-lucrativos que desde 1983 prioriza ações em Educação Ambiental, Direito Ambiental e Ecopolítica. Movimento Ecológico FBOMS Fórum Brasileiro de ONGs e Assembléia Movimentos Rede de ONGs da Permanente das Sociais para o Meio Entidades em Ambiente e Mata Atlântica Defesa do Meio Desenvolvimento Ambiente
  • 3. Quadro atual na Metade Sul • Segundo a FEPAM atualmente no RS são 360.000 ha plantados de árvores exóticas; • Para a próxima década estimativa de 1 milhão ha plantados; • O Governo do Estado/Federal tem priorizado os investimentos agrícolas em projetos de monocultivos de árvores exóticas: •CaixaRS (PROFLORA) “colaborando com a sustentabilidade do planeta”?? •Emater: Priorizando o apoio aos plantios de exóticas; •BNDES: mais de 13% de suas operações •Processo estagnado de Reforma Agrária: • Valor das terras de +/- R$ 500 para R$ 3000;
  • 4. Quadro atual na Metade Sul • Incentivos priorizados à Empresas Transnacionais: •Do pampa “pobre” com 95% dos latifúndios, para um Pampa de 3 Empresas de capital estrangeiro; •Investimentos milionários para transformar o RS como Pólo de Celulose; •Cada empresa necessita de pelo menos 100.000ha para iniciar produção; •Descumprimento da legislação ambiental: não tem EIA/RIMA; •Produção de 1 milhão de toneladas de celulose branqueada para à exportação; •Desenvolvimento econômico de Quem? Para quem?
  • 5. Custos socioambientais Redução da disponibilidade de água (quantidade e qualidade) • Em um ano 1 hectare (de 500-1000 eucaliptos) plantado pode consumir até 50milhões de litros/ano; •Pampa argentino redução de 52% no fluxo de água dos rios; 13% dos corpos d’água secaram; elevação na acidez do solo. Fonte: SCIENCE, 2005; •O consumo de água pode ser 3X maior que média de chuvas; • Resíduos de agrotóxicos em corpos d’água; Transformar o a paisagem do Bioma Pampa em um uma monoculturas de árvores exóticas garante a diversidade?
  • 6. Custos socioambientais: gerando empregos? Poucos empregos pois o setor e altamente mecanizado tanto nas áreas de plantio como na indústria: •4,5 empregos em 1000ha Fonte:Censo Agropecuário do Uruguai Trabalhadores na Aracruz Celulose Trabalhadores Trabalhadores Total Ano diretos indiretos 1989 6.058 Sem dados 6.058 1996 2.652 Sem dados 2.652 1997 2.393 3.706 7.099 2004 2.031 6.776 8.807 Fontes: informações corporativas, Aracruz Celulose: 1989-2003; RIMA, 1989; BVQI, 2004). Com 375 000 hectares de terras e 2 031 empregados diretos, a Aracruz gera 1 emprego direto por cada 185 hectares de terras. Se considerarmos apenas áreas plantio (247 000 hectares) a geração de emprego 1 direto a cada 122 hectares de eucalipto. Fonte: FASE/WRM
  • 7. Custos socioambientais Hectares para gerar um emprego em Investimento por emprego monoculturas de eucalipto e café Terra para Terra para Custo por emprego Monocultura gerar 1 gerar 1 Setor gerado (em US$) emprego emprego) direto (ha) direto e Assentamentos 2.900 indireto (ha) rurais Indústria 8.400 Eucalipto 183 37 Serviços 12.700 (Veracel Celulose) Comércio 32.100 Eucalipto 122 28 Indústria de 619.808 (Aracruz celulose (Bahia Sul Celulose) - 1992) Café 1 <1 Indústria de 3.323.699 Fontes: Aracruz Celulose, 2004; Veracruz Celulose, 2003; celulose (Aracruz - MPA, 2004). 2002) Indústria de 3.750.000 celulose (Veracel - 2005)
  • 8. Que sustentabilidade é essa? •Estados Unidos consumo médio per capita de 308kg de papel; •Japão consumo 222kg de papel; •Brasil consumo de 27kg de papel; •Bangladesh consumo de 1kg de papel; (Durning, 1992:91) E quanto a Reciclagem? • No Brasil, apenas 37% do papel produzido é reciclado. Destes: •80% é destinado à confecção de embalagens; •18% para papéis sanitário; • apenas 2% para impressão.
  • 9. Que sustentabilidade é essa? •Para produzir 1 tonelada de papel são necessárias: • 2 a 3 toneladas de madeira • uma grande quantidade de água (cerca de 2.500.000 litros); •muita energia (5° atividade industrial que mais consomem energia); O uso de produtos químicos altamente tóxicos na separação e no branqueamento da celulose. Mesmo com o tratamento de efluentes(resíduos) na fábrica, as dioxinas (cancerígenos) permanecem e são lançadas nos rios, contaminando a água, o solo e conseqüentemente a vegetação e os animais (inclusive os de consumo humano). No organismo dos animais e dos humanos, as dioxinas têm efeito cumulativo, ou seja, não são eliminadas e vão se armazenando nos tecidos gordurosos do corpo.
  • 10. Que sustentabilidade é essa? •Privatização dos lucros e socialização dos custos? •Impactos negativos aqui, produtos lá fora... •Metade sul estagnada ou falta de política de não concentração de terra/renda e diversificação produtiva; •Vender o pampa para 3 empresas multinacionais é diversificação? •Transformar o Pampa, ecossistema de extrema riqueza de fauna e flora em milhões de hectares de monocultivo de árvore exótica é diversidade? •Entregar boa parte do Aqüífero Guarani a empresas de capital estrangeiro preserva nossa soberania? •Transformar terras agriculturáveis em monocultivos de árvores exóticas? •Alimentar o consumo desigual de países “desenvolvidos” com a riqueza de nossa nação?
  • 11. Rio Grande diz NÃO ao Pólo de Celulose! •Em 1987 CEA recebe cópia do projeto inicia mobilização; •Em 1988 a Sec.Est.de Coordenação e Planejamento anuncia projeto de Pólo de Celulose para Rio Grande. Paga-se cerca de R$ 150 mil para a Consultoria Jaako Pöyry (finlandesa) para a elaboração de projeto. •Em 1988 mobilização de sindicatos, associações, escolas, igrejas, universidade, e mídia; •Em 1989 entrega ao prefeito do RIMA elaborado pela FURG/CEA/NEMA e abaixo-assinado (cerca 40mil assinaturas); •Prefeito, em nome da comunidade, diz não ao Projeto; •Início dos anos 90: mobilização em outras municípios (Pelotas, São José do Norte);
  • 12.
  • 13.
  • 14.
  • 15. Centro de Estudos Ambientais- CEA 23 anos. O coletivo pela Sustentabilidade!! Receba nosso Boletim Socioambiental! Entre em contato! cea@ceaong.org.br www.ceaong.org.br (53) 3225 4954
  • 16. MUDOS ...”morrem assassinados os velhos estorvos. Em seu lugar, crescem os jovens rentáveis. Os bosques nativos abrem espaço para os bosques artificiais. A ordem, a ordem militar, ordem industrial, triunfa sobre o caos natural. Parecem soldados em fila os pinheiros e eucaliptos de exportação, que marcham rumo ao mercado internacional. Fast food, fast wood: os bosques artificiais crescem num instante e vendem-se num piscar de olhos. Fontes de divisas, exemplos de desenvolvimento, símbolos de progresso, esses criadouros de madeira ressecam a terra e arruínam os solos. Neles, os pássaros não cantam. As pessoas os chamam de bosques do silêncio. Eduardo Galeano