Jacqueline Smith, linguista e jornalista e repórter pioneira na ex-URSS, escocesa, hoje produtora do BBC Science, veio ao Rio exibir programa “Cor, o especrto da ciência’ em estreia mundial simultânea, no CCBB
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
O Globo 2015-10-27 - page 2 - Conte Algo Que Não Sei - JACQUELINE SMITH
1. Conte algo que não sei
_
‘O ouro da superfície da Terra veio do espaço’_
Jacqueline Smith, linguista e jornalista
Repórter pioneira na ex-URSS, escocesa produtora do BBC Science, veio ao Rio exibir programa “Cor, o espectro da ciência” em estreia mundial simultânea, no CCBB
“Tenho 44 anos, e nasci em
Falkirk, Escócia. Graduei-me
em russo e francês em
Oxford. Quando comecei na
BBC, a ex-União Soviética
começava a se abrir para o
Ocidente, especialmente no
setor científico. Fiquei lá oito
meses, e passei a me dedicar
inteiramente à região.
Há dois anos e meio sou
produtora executiva”
l Conte algo que não sei.
O ouro na superfície da Terra
veio do espaço. Não deveria
existir ali. Quando o planeta era
feito de material derretido, os
metais pesados foram todos pa-
ra o núcleo. Porém, ao longo do
século XX, descobriram indíci-
os de que, ocasionalmente, me-
teoros atingiram a face da Terra.
l O ouro veio do espaço?
Esses meteoros foram analisa-
dos e continham ouro. Hoje, a
ideia em voga é que, durante o
período de “forte bombardeio”,
esses corpos cadentes trouxe-
ram ouro entre outros metais.
l Que tal a Rússia?
É um lugar muito difícil para
umestrangeirotrabalhar,senão
falar russo. As coisas acontecem
de um jeito diferente lá. Sendo
fluente, dá para dizer “não” e
enfrentar os espertalhões.
l Além do idioma e dos es-
pertalhões, quais as outras
pedradas que enfrentou?
O frio. Filmávamos no lago
Baikal, leste da Sibéria. Lá ha-
via uma espécie única de foca,
mas os animais estavam mor-
rendo, e era preciso descobrir
o motivo. Fazia -40º C e a pes-
quisa era toda no lago congela-
do. De repente, percebi que eu
era a única mulher no grupo. E
não tinha banheiro...
l Situação de alto risco...
Para os homens, era só ir ali
adiante. Resisti o quanto pude,
mas não aguentei e fui me alivi-
ar. Dei dez passos, e ouvi um co-
ro de vozes masculinas. Os mal-
ditos estavam esperando e co-
meçaram a cantar: “Nós sabe-
mos o que você vai fazer!”. Co-
mecei a caminhar até me ver
sozinha. Durou horas. Ou seja,
para fazer xixi na Sibéria, fui,
com certeza, até o horizonte.
l E a vida? Esteve em risco?
Na série “The Planets” conta-
mos o lado russo da corrida es-
pacial, até então desconhecido
do Ocidente. Era difícil ir à base
de lançamentos de Baikonur, no
Cazaquistão. Nos EUA, o ponto
de observação para jornalistas
seria de 1,5km da plataforma.
Pedimos para ficar mais perto, e
os responsáveis disseram: “No
problem”. Sugeriam que ficásse-
mos no bunker do comando
central, a 250m!
l Que garantia vocês tinham?
O chefe disse: “Se o foguete
cair, você morre. Vocês deci-
dem”. Filmamos o lançamento
dali mesmo. Foram meus cinco
segundos de pavor alucinante
em que achei que seria respon-
sável por matar a mim mesma e
à minha equipe toda: não im-
porta em que lado você esteja,
parece que o monstrengo está
caindo em cima de você.
l Das séries científicas que já
produziu, qual o seu xodó?
Na mesma série, “The Pla-
nets”, conheci o vice-chefe do
programa espacial soviético,
Boris Chertok, que me contou
que, na crise dos mísseis de
Cuba, havia uma janela muito
curta de lançamento para en-
viar uma sonda para Marte ou
Vênus. Um dia, ele recebeu um
telefonema do Kremlin orde-
nando a retirada da sonda de
seu foguete e a substituição
dela por uma ogiva nuclear.
l Mudança de foco...
Se perdessem aquela janela,
seriam décadas até as órbitas
se realinharem. Naqueles dias,
você não ligava para o Krem-
lin. O Kremlin ligava para você.
Então, mesmo correndo alto
risco, ele ligou. Não havia uma
linha direta. Teve que ir telefo-
nando para escalões acima a
partir da Sibéria, de cidade em
cidade, até bater lá. Ele tinha a
Rússia como um país pacífico,
e, a muito custo, conseguiu fa-
lar com Khrushchev, até con-
vencê-lo a voltar atrás. E a son-
da subiu para o planeta!
FERNANDO LEMOS
_
CARLOS ALBERTO TEIXEIRA
cat@oglobo.com.br
2 l O GLOBO Terça-feira 27.10.2015
Página 2
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Fred treina normalmente e reforça
o Flu contra o Palmeiras, amanhã,
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Vídeo de cara nova
Novo visual. Élcio Braga, Joel Costa e Isabella Marques com a nova página
O GLOBO
Por Dentro
_
C
om o aumento da audi-
ência na internet, O
GLOBO redesenhou a
sua página de vídeos, agora
mais dinâmica e mais fácil de
navegar. O objetivo é tornar a
experiência de assistir a vídeos
ainda mais agradável, graças a
uma série de novidades.
A nova home, agora seme-
lhante à que apresenta as foto-
galerias, permite melhor ex-
posição da oferta do dia, enri-
quecida com títulos e descri-
ções. São seis vídeos em desta-
que, acompanhados da lista
dos mais vistos, além de uma
barra que possibilita acesso
rápido a toda produção, orga-
nizada por editorias, com uma
aba para cada seção.
— O desafio era dar mais vi-
sibilidade aos vídeos recomen-
dados. A partir daí, foi possível
entregar ao usuário um ambi-
ente mais atraente, intuitivo e
com melhor oferta de conteú-
do relacionado — diz a desig-
ner ISABELLA MARQUES.
O trabalho envolveu as equi-
pes da Tecnologia, Design e Vi-
deojornalismo.
— Um dos novos recursos é
relacionar um vídeo com ou-
tros sobre o mesmo tema. Ao
lado do player, o internauta
tem três sugestões para com-
plementar a informação —
ressalta JOEL COSTA, da Direto-
ria de Inovação Digital.
Com as mudanças, ficou mais
fácil a localização da reporta-
gem relacionada ao vídeo. O
compartilhamento também es-
tá mais simples, com os ícones
das redes sociais em destaque.
— Esteticamente, a nova pá-
gina atende aos conceitos de
navegação do resto do site, au-
mentando a consistência da
experiência dos internautas do
GLOBO — avalia o editor de ví-
deos, PAULO MOREIRA.
Para a editora assistente ELI-
SA MARTINS, a apresentação dos
vídeos está mais informativa:
— Com os recursos, pode-
mos oferecer mais detalhes de
nossa produção, repleta de
programas e notícias — diz. l
DOMINGOS PEIXOTO
Loterias
l
O leitor deve checar os resultados em agências oficiais e no site da CEF porque, com os horários de fechamento do jornal, os números aqui publicados, divulgados sempre no fim da noite pela CEF, podem eventualmente estar defasados.
LOTOFÁCIL 1.276
l01 l03 l05 l07 l10 l12 l14 l15 l16 l18 l19 l21 l22 l23 l24
QUINA 3.918
l12 l13 l31 l49 l65
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Panorama
político
|
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PRESIDENTE DO SD, Paulinho da Força quer que a oposição
vá ao presidente do STF, Ricardo Lewandowski, pedir
que decida sobre o rito do processo de impeachment.
_
Com Amanda Almeida, sucursais e correspondentes
panoramapolitico@oglobo.com.br
_
ILIMAR FRANCO
Ilimar@bsb.oglobo.com.br_
Não tem jeito
Mesmo criticadas no
governo e por mais reações
que provoquem, a
presidente Dilma deve
continuar fazendo
declarações polêmicas em
seus discursos. É difícil,
dizem no Planalto, parar de
falar espontaneamente. E,
conformados, afirmam que
“é o jeito dela”. Dilma vai continuar batendo nos
que defendem um impeachment contra ela.
JORGE WILLIAM
_
“Se a Câmara não vota, é culpa
do governo. Quem movimenta
a pauta são os governistas.
Se não anda, é a base do
Planalto que não faz andar”
Bruno Araújo
Líder da Minoria na Câmara (PSDB)
_
O PT puxa a fila do descrédito
Petistas estão sendo hostilizados em restaurantes
cinco estrelas. Mas políticos da oposição dizem
que “o mar não está para peixe”. Governistas e de
oposição contam que muitos prefeitos, sobretudo
no Sudeste, não os querem por lá devido à crise
econômica e ao ambiente geral de crise ética.
Prefeitos desmarcam agendas com deputados ou
fazem o alerta de que esta não é uma boa hora
para visitas. Um tucano explica que a maioria da
população não diferencia os fatos. Mesmo que os
petistas sejam os mais afetados, todos sofrem
algum tipo de prejuízo. “O eleitor não acredita em
ninguém”, resume o senador tucano. Por isso,
avalia que as eleições futuras serão desafiadoras.
Socializar os dados
O presidente do PSDB, Aécio Neves, deixou de
sobreaviso os líderes da oposição. Vai chamá-los
nesta semana para abrir a mais recente pesquisa
interna. Além da intenção de voto para o Planalto,
ela foi contratada para monitorar a realidade.
Empurrando para a frente
Mesmo buscando alternativas, a convicção dos
adversários é que o tempo joga a favor do
presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Os
governistas creem na retomada das votações, pois
ele não quer a imagem de que é contra o país.
Abrindo as portas
O Ministério das Relações Exteriores pediu ao
Consulado de Washington que crie uma
força-tarefa para conceder 300 vistos especiais
para dirigentes esportivos de países que virão à
Rio 2016. Neste ano, o Brasil já concedeu vistos
para 80 americanos, entre atletas e dirigentes, que
vieram treinar e se aclimatar ao Rio.
Agenda comum
O tema da redação do Enem foi elogiado pelo
PSDB Mulher. As tucanas curtiram ele ter tratado
da violência contra mulher. O fato tomou conta
das redes sociais, e, em nota, o PSDB Mulher diz
que “mesmo no atual governo” há consciência.
Fábrica de releases
As CPIs são uma das atividades que mais servem
à autopromoção dos políticos. Um dos exemplos
é a CPI da Petrobras. Foram apresentados 1.141
requerimentos; aprovados 571; e foram 132
depoimentos, de três centenas aprovados.
Passado um ano da eleição presidencial, o PSDB
segue fazendo pesquisas. Um tucano relata que
dois institutos foram contratados para medir o
percentual de votos de Aécio. Essas pesquisas
contrariam o Ibope. Nelas, Aécio teria vantagem
“considerável” sobre os petistas, inclusive Lula.
Os aecistas silenciam, e outros tucanos são
cautelosos. Avaliam que “o descrédito é geral e
que uns perdem mais e outros perdem menos”.
Aécio: campanha permanente