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 “A Phisis e o Ethos são duas formas primeiras de manifestação do ser, evidentes por si mesmas, dispensando qualquer demonstração e comprovação”. (Lima Vaz, H.C)<br />    Uma fenomenologia do Ethos é justamente a elaboração de um discurso argumentativo, após a constatação dessa evidência primeira, que visa expor as características constituintes desse fenômeno, dessa aparição que denota a presença do ser, oculto e anterior a tudo, e da lógica imanente que o determina e lhe confere permanência no tempo.<br />    O estudo fenomenológico do Ethos, portanto, especifica os seguintes aspectos que constroem o fenômeno: o criativo, o legislativo, o histórico e o conflitivo.<br />      O Ethos é limitado apenas ao homem é o espaço de liberdade que se confronta com a natureza, caracterizado pela sucessão do mesmo com a presença da necessidade natural que tudo abrange. O Ethos vai alem da necessidade natural e eleva o homem para um espaço indeterminado e inacabado, sempre em constante transformação. O costume é esse espaço vital e indeterminado, a condição de possibilidade para a habitação do homem no mundo.<br />     A liberdade se apresentada no Ethos se dá nesse movimento de superação relativa e progressiva da necessidade natural. A ação do homem, em partes, é uma ação livre e também em muitas coisas ele não é assistido pela natureza, como os demais seres. O espaço indeterminado que o costume lhe confere é, nessa solidão providencial, portanto, inacabado, tendo, desde o inicio, a ação do homem em seguir uma ordem que é conduzida para a meta que é o bem.<br />     Desse modo, no espaço vital do Ethos, o Logos, enquanto razão discursiva e reflexiva se desenvolverá sem parar diante da exigência de dever ser, não só para a sobrevivência, mas para a compreensão e realização da melhor existência.<br />      Aqui o Ethos já não é entendido como condição de possibilidade para a habitação do homem no mundo, e dos seres em geral. Diz respeito ao conjunto de atos que freqüentemente repetidos moldam um comportamento que, no entanto, não é determinado por uma necessidade natural.<br />      Mediante a ação do Logos, por exemplo, estabelece a mesma ação, de um conjunto de atos que tem como fim um determinado bem. A repetição vai gerar o hábito, que é a disposição permanente ou habitual para agir.<br />     O Ethos é visto como o processo de formação do hábito, que segue a exigência do bem e do melhor, na ação imanente em que o Logos ordena o Ethos. Sendo assim, o Ethos é o espaço de realização do homem no bem e o hábito é a constituição e possessão de uma segunda natureza.<br />      Aqui o Ethos  reinstaura a regulariade e a necessidade vistas na natureza, mas é uma obediência instituída, que não fere a liberdade humana, pelo contrário, visa dilatá-la, e não transcende as determinações do Logos imanente.<br />     Daí podemos perceber a relação do Ethos, enquanto costume, e do Ethos, enquanto hábito: o costume é o princípio e a norma dos atos que irá gerar o hábito; o costume como principio abstrato universal normativo, que é vontade objetiva, e costume como consentimento e realização concreta na comunidade pelos seus indivíduos, que é a vontade subjetiva, estabelecendo a circularidade do Ethos, que lhe é constituinte.<br />      Por conseguinte, o Ethos, como possibilita o advento do diferente, na ruptura com a sucessão do mesmo, e no seu processo imanente reinstaura a necessidade, como cumprimento das exigências do finalismo do bem, tem como desdobramento natural de sua aparição a relação qualitativa com o tempo.<br />      O tempo do Ethos  não é um tempo quantitativo, mas uma relação axiológica que visa conferir a categoria de permanência a um valor ou valores que melhor traduzem a realização do homem.<br />      A necessidade instituída e concretizada no hábito está substanciada por um valor e o que garante a continuidade dessa instituição é a dimensão histórica do Ethos  no formato da tradição. Porém, o Ethos, como obra da cultura, que tem origem no espaço indeterminado e inacabado e é o próprio meio de transmissão dos valores acalentados no passado e das realizações conquistadas, tem na esfera da religião a mais fiel e contundente portadora dos valores orientados pelo finalismo do bem, uma vez que é por ela, a religião, que seus princípios normativos um fundamento transcendente e o ethos, no horizonte do finalismo último, se volta para o bem mais supremo de todos: Deus. Daí a interpretação de um projeto civilizatório, onde a divina providência encaminha a marcha da humanidade para o fim da história, para o fim do tempo, que representa o estabelecimento atemporal do Bem, no sentido da bem-aventurança interminável, que não sofre nenhuma ação deletéria do tempo, muito menos do tempo natural, bem-aventurança que só será desfrutada por aqueles que reverenciaram o ethos vigente e sacralizado pela religião, através do seu próprio processo imanente de sua existência histórica: a dimensão histórica é parte constituinte do fenômeno Ethos, e é essa mesma dimensão que levará a morte da história.<br />     O passado é a instancia normativa do tempo, não por causa da sucessão linear, mas pela excelência praxiológica que alcança a exemplaridade, que o presente empírico resgata e confirma, demonstrando a natureza circular do tempo do Ethos.<br />      O aspecto conflitivo como sendo um constituinte do fenômeno do Ethos  demonstra mais uma vez a liberdade da Práxis humana. O conflito se dá não na simples negação do Ethos  por um indivíduo empírico, mas pelo próprio indivíduo ético, que vem confirmando o Ethos  vigente e só por isso que pode também vislumbrar os limites em que o Ethos  atual encerra as possibilidades da realização do homem.<br />      O conflito é o Logos que se põem diante de si mesmo e analisa o que criou para si mesmo e percebe os limites que surgiram e não permite uma plena realização no bem, e tenta dilatá-los.<br />      Por isso, o conflito não é apenas negação, mas é a elaboração de novos valores que visam insuflar o Ethos vigente, a fim de superar as norma acanhadas e dar mais profundidade a Práxis humana, para tanto, só uma grande personalidade ética, uma vez que esse confronto e confronto de valores e não uma luta que visa instaurar anomia, anarquia, ou niilismo ético.<br />      Com isso, podemos perceber como o aspecto conflitivo do Ethos tem caráter vital para a manutenção do mesmo, e como o próprio movimento de negação imanente tem por fim a síntese das realizações, isto é, no ato de negar, congrega-se todos os progressos adquiridos pelo ethos negado, assim como todos os limites que este impunha a uma realização mais ampla da comunidade, os progressos adquiridos são sintetizados “naturalmente” na pessoa de cultura, ao passo que os limites e deficiências que o logos acusa no Ethos são extraídos lentamente no processo conflitivo e assim o Ethos como espaço de realização do homem no Bem é cada vez mais aprimorado, afim de que conceda ao homem definitivamente a possessão da natureza bem aventurada, natureza que ele mesmo criou e encaminhou no tempo com a orientação do Logos.<br />
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Fenomenologia do ethos

  • 1. “A Phisis e o Ethos são duas formas primeiras de manifestação do ser, evidentes por si mesmas, dispensando qualquer demonstração e comprovação”. (Lima Vaz, H.C)<br />    Uma fenomenologia do Ethos é justamente a elaboração de um discurso argumentativo, após a constatação dessa evidência primeira, que visa expor as características constituintes desse fenômeno, dessa aparição que denota a presença do ser, oculto e anterior a tudo, e da lógica imanente que o determina e lhe confere permanência no tempo.<br />    O estudo fenomenológico do Ethos, portanto, especifica os seguintes aspectos que constroem o fenômeno: o criativo, o legislativo, o histórico e o conflitivo.<br />      O Ethos é limitado apenas ao homem é o espaço de liberdade que se confronta com a natureza, caracterizado pela sucessão do mesmo com a presença da necessidade natural que tudo abrange. O Ethos vai alem da necessidade natural e eleva o homem para um espaço indeterminado e inacabado, sempre em constante transformação. O costume é esse espaço vital e indeterminado, a condição de possibilidade para a habitação do homem no mundo.<br />     A liberdade se apresentada no Ethos se dá nesse movimento de superação relativa e progressiva da necessidade natural. A ação do homem, em partes, é uma ação livre e também em muitas coisas ele não é assistido pela natureza, como os demais seres. O espaço indeterminado que o costume lhe confere é, nessa solidão providencial, portanto, inacabado, tendo, desde o inicio, a ação do homem em seguir uma ordem que é conduzida para a meta que é o bem.<br />     Desse modo, no espaço vital do Ethos, o Logos, enquanto razão discursiva e reflexiva se desenvolverá sem parar diante da exigência de dever ser, não só para a sobrevivência, mas para a compreensão e realização da melhor existência.<br />      Aqui o Ethos já não é entendido como condição de possibilidade para a habitação do homem no mundo, e dos seres em geral. Diz respeito ao conjunto de atos que freqüentemente repetidos moldam um comportamento que, no entanto, não é determinado por uma necessidade natural.<br />      Mediante a ação do Logos, por exemplo, estabelece a mesma ação, de um conjunto de atos que tem como fim um determinado bem. A repetição vai gerar o hábito, que é a disposição permanente ou habitual para agir.<br />     O Ethos é visto como o processo de formação do hábito, que segue a exigência do bem e do melhor, na ação imanente em que o Logos ordena o Ethos. Sendo assim, o Ethos é o espaço de realização do homem no bem e o hábito é a constituição e possessão de uma segunda natureza.<br />      Aqui o Ethos  reinstaura a regulariade e a necessidade vistas na natureza, mas é uma obediência instituída, que não fere a liberdade humana, pelo contrário, visa dilatá-la, e não transcende as determinações do Logos imanente.<br />     Daí podemos perceber a relação do Ethos, enquanto costume, e do Ethos, enquanto hábito: o costume é o princípio e a norma dos atos que irá gerar o hábito; o costume como principio abstrato universal normativo, que é vontade objetiva, e costume como consentimento e realização concreta na comunidade pelos seus indivíduos, que é a vontade subjetiva, estabelecendo a circularidade do Ethos, que lhe é constituinte.<br />      Por conseguinte, o Ethos, como possibilita o advento do diferente, na ruptura com a sucessão do mesmo, e no seu processo imanente reinstaura a necessidade, como cumprimento das exigências do finalismo do bem, tem como desdobramento natural de sua aparição a relação qualitativa com o tempo.<br />      O tempo do Ethos  não é um tempo quantitativo, mas uma relação axiológica que visa conferir a categoria de permanência a um valor ou valores que melhor traduzem a realização do homem.<br />      A necessidade instituída e concretizada no hábito está substanciada por um valor e o que garante a continuidade dessa instituição é a dimensão histórica do Ethos  no formato da tradição. Porém, o Ethos, como obra da cultura, que tem origem no espaço indeterminado e inacabado e é o próprio meio de transmissão dos valores acalentados no passado e das realizações conquistadas, tem na esfera da religião a mais fiel e contundente portadora dos valores orientados pelo finalismo do bem, uma vez que é por ela, a religião, que seus princípios normativos um fundamento transcendente e o ethos, no horizonte do finalismo último, se volta para o bem mais supremo de todos: Deus. Daí a interpretação de um projeto civilizatório, onde a divina providência encaminha a marcha da humanidade para o fim da história, para o fim do tempo, que representa o estabelecimento atemporal do Bem, no sentido da bem-aventurança interminável, que não sofre nenhuma ação deletéria do tempo, muito menos do tempo natural, bem-aventurança que só será desfrutada por aqueles que reverenciaram o ethos vigente e sacralizado pela religião, através do seu próprio processo imanente de sua existência histórica: a dimensão histórica é parte constituinte do fenômeno Ethos, e é essa mesma dimensão que levará a morte da história.<br />     O passado é a instancia normativa do tempo, não por causa da sucessão linear, mas pela excelência praxiológica que alcança a exemplaridade, que o presente empírico resgata e confirma, demonstrando a natureza circular do tempo do Ethos.<br />      O aspecto conflitivo como sendo um constituinte do fenômeno do Ethos  demonstra mais uma vez a liberdade da Práxis humana. O conflito se dá não na simples negação do Ethos  por um indivíduo empírico, mas pelo próprio indivíduo ético, que vem confirmando o Ethos  vigente e só por isso que pode também vislumbrar os limites em que o Ethos  atual encerra as possibilidades da realização do homem.<br />      O conflito é o Logos que se põem diante de si mesmo e analisa o que criou para si mesmo e percebe os limites que surgiram e não permite uma plena realização no bem, e tenta dilatá-los.<br />      Por isso, o conflito não é apenas negação, mas é a elaboração de novos valores que visam insuflar o Ethos vigente, a fim de superar as norma acanhadas e dar mais profundidade a Práxis humana, para tanto, só uma grande personalidade ética, uma vez que esse confronto e confronto de valores e não uma luta que visa instaurar anomia, anarquia, ou niilismo ético.<br />      Com isso, podemos perceber como o aspecto conflitivo do Ethos tem caráter vital para a manutenção do mesmo, e como o próprio movimento de negação imanente tem por fim a síntese das realizações, isto é, no ato de negar, congrega-se todos os progressos adquiridos pelo ethos negado, assim como todos os limites que este impunha a uma realização mais ampla da comunidade, os progressos adquiridos são sintetizados “naturalmente” na pessoa de cultura, ao passo que os limites e deficiências que o logos acusa no Ethos são extraídos lentamente no processo conflitivo e assim o Ethos como espaço de realização do homem no Bem é cada vez mais aprimorado, afim de que conceda ao homem definitivamente a possessão da natureza bem aventurada, natureza que ele mesmo criou e encaminhou no tempo com a orientação do Logos.<br />