O documento discute a qualidade da água para piscicultura, apresentando os principais parâmetros como temperatura, oxigênio dissolvido, pH, amônia e fósforo. Também aborda um sistema de tanque-rede e um projeto de monitoramento destes parâmetros em três estações de um reservatório.
Nematoides são responsaveis por perdas de até 30% dos canaviais
Qualidade da água em sistema de tanques-rede para piscicultura
1. Qualidade de água e produção
de peixes
Margarete Mallasen
Instituto de Pesca/APTA
maga@pesca.sp.gov.br
2. Qualidade de água e produção de
peixes
Principais parâmetros da água para
piscicultura;
Sistema de tanque-rede;
Projeto de monitoramento;
Principais considerações.
3. Principais parâmetros da água
para piscicultura
Temperatura:
Organismos ectotérmicos: possuem a temperatura
corporal igual a do meio ambiente.
A temperatura afeta diretamente os processos
fisiológicos.
Faixa térmica ideal para peixes tropicais:
- 24 a 30ºC
5. Principais parâmetros da água
para piscicultura
Oxigênio dissolvido:
Parâmetro da água mais importante e crítico.
Concentração ideal: valores maiores que 4,0 mg/L
(maioria dos peixes tropicais).
Sinal de falta de oxigênio = quando os peixes ficam
na superfície golpeando com a boca a lâmina d’água.
O fitoplâncton tem papel dominante na dinâmica
do oxigênio dissolvido na água.
7. Oxigênio Dissolvido
18,0
Oxigênio Dissolvido (mg/L)
12,0
6,0
0,0
6 12 16 24 6 12
Tempo (horas)
Comportamento do oxigênio dissolvido na água de um viveiro
escavado, ao longo do dia, em função da fotossíntese e respiração.
8. Oxigênio Dissolvido
Data: 25 e 26 de novembro de 2008
8,0
Oxigênio Dissolvido
7,5
7,0
(mg/L)
6,5
6,0
5,5
5,0
10:40 14:40 18:40 22:40 02:40 06:40 10:40
Hora
Comportamento do oxigênio dissolvido na água de um local com
tanques-rede no reservatório de Ilha Solteira, ao longo do dia, em
função da fotossíntese e respiração.
9. Oxigênio dissolvido
Possíveis causas de redução do oxigênio dissolvido:
-excesso de peixes ou algas e resto de alimento
não ingerido.
Medidas para elevar o oxigênio na água:
-aumentar a vazão de água no viveiro;
-acionar aeradores no viveiro;
-reduzir a alimentação (oferecer 25% do total) ou
até mesmo suspender o fornecimento por 1 a 2
dias.
10. Principais parâmetros da água
para piscicultura
pH:
Faixa ideal: 7,0 a 8,0
Prejudica o crescimento: pH menor que 6,0 e
maior que 10,0.
Nos viveiros é importante evitar as variações
bruscas diárias de pH, para que isto não
aconteça, é preciso que a água tenha uma
concentração de alcalinidade acima de 30 mg/L.
11. Principais parâmetros da água
para piscicultura
Amônia:
NH3 + H2O ↔ NH4+ + OH-
O NH3 é a principal forma de excreção de
nitrogênio pelos peixes.
Níveis críticos: amônia não ionizada (NH3) maior
que 0,2 mg/L provoca toxicidade crônica aos
organismos aquáticos.
NH3 entre 0,7 a 2,4 mg/L é letal.
12. Amônia
Os peixes
recebem Pelas
alimento com brânquias
altos níveis de ocorre
proteína. Parte liberação
dessas de NH3
proteínas são
assimiladas. O
restante será
eliminado.
Pelas fezes ocorre liberação de
nitrogênio orgânico e fósforo.
13. Percentagem de amônia não ionizada (NH3)
em função da temperatura e pH da água.
pH Temperatura (ºC)
20 24 28 30
7,0 0,4 0,5 0,7 0,8
8,0 3,8 5,0 6,6 7,5
9,0 28,4 34,6 41,2 44,6
10,0 79,9 84,1 87,5 89,0
Figura de Arana (1997)
14. Principais parâmetros da água
para piscicultura
Fósforo:
Ortofosfato é a forma assimilada pelo
fitoplâncton.
Considerado o principal responsável pela
eutrofização artificial dos ecossistema
aquáticos.
Eutrofização Deterioração da
qualidade de água.
15. Principais parâmetros da água
para piscicultura
Transparência:
Importante referencial para adubação do viveiro.
Ideal para viveiros: entre 30 e 60 cm (coloração da
água levemente verde).
Medição através do Disco de Secchi:
18. Principais parâmetros da água
para piscicultura
DBO:
A demanda bioquímica de oxigênio (DBO) é a
quantidade de oxigênio necessária para oxidar a
matéria orgânica por decomposição microbiana
aeróbia.
19. Propriedades do Sistema
Aquático
Físico Químico
Biológico
A interação entre os fatores físicos,
químicos e biológicos da água, torna o
sistema aquático muito complexo.
20. Qualidade de água e produção de
peixes
Principais parâmetros da água para
piscicultura;
Sistema de tanque-rede;
Projeto de monitoramento;
Principais considerações.
21. Sistema de tanque-rede
Vantagens
Utilização dos recursos hídricos represados;
Investimento 30 a 40 % menor em relação aos viveiros;
Mobilidade do sistema de produção.
Desvantagens
Liberação dos resíduos diretamente nos corpos d’água;
Possível escape de espécies exóticas.
22. Tanque-rede
Liberam diretamente no ambiente aquático
Produtos do Alimentos não
metabolismo dos ingeridos
peixes
Fontes de Nitrogênio e
Fósforo
23. Nitrogênio e Fósforo
Principais desencadeadores do processo
de eutrofização
Quebra no equilíbrio do
sistema aquático
Perda da qualidade da água
24. Eutrofização
Perda da qualidade da água:
Baixo teor de oxigênio dissolvido;
Altos valores de DBO;
Possível floração de cianobactérias...
Inviabiliza o empreendimento
25. Ações Importantes
Acompanhamento frequente da
qualidade da água;
Manejo alimentar adequado.
Boas Práticas de Manejo
Evitar a Eutrofização
26. Qualidade de água e produção de
peixes
Sistema de tanque-rede;
Projeto de monitoramento;
Principais considerações.
27. Projeto de monitoramento
Objetivo:
Avaliar a influência dos tanques-rede no
comportamento das variáveis físicas,
químicas e biológicas da água e na taxa de
sedimentação de material em suspensão,
fósforo e alguns cátions em três estações
de coleta no reservatório de Ilha Solteira.
Apoio Fapesp Processo nº07/59677-9
28. Projeto de monitoramento
Metodologia:
Àrea de estudo: piscicultura com 4,5ha,
profundidade média de 14m com 240 tanques-
rede (14 e 20m3).
Amostragens mensais em 3 estações (P1, P2 e P3).
Coletas pela manhã a 1,5m de profundidade.
Armadilhas de sedimento colocadas a 30 e 70%
de profundidade.
32. T em p eratu ra (ºC )
21,0
22,0
23,0
24,0
25,0
26,0
27,0
28,0
29,0
30,0
31,0
Fe
v/
M 08
ar
/
A b 08
r/
M 08
ai
J u /0 8
n/
0
Ju 8
P1: 26,6 ± 2,4
l
A g /0 8
Resultados
o/
S e 08
t/
O 08
ut
/
No 08
v
D e /0 8
z/
Ponto 1
J a 08
n/
Fe 0 9
v/
M 09
ar
Ponto 2 /
A b 09
r/
P2: 26,6 ± 2,4
M 09
ai/
Ju 0 9
Temperatura (ºC)
n/
0
Ju 9
Ponto 3
l
A g /0 9
o/
S e 09
t
O /0 9
ut
/
No 09
v
D e /0 9
z/
J a 09
n/
P3: 26,6 ± 2,4
30,2ºC
10
33. O x ig ê n io (m g /L )
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
9,0
10,0
Fe
v/
M 08
ar
/
A b 08
r/
M 08
a i/
Ju 08
n/
0
Ju 8
l
P1: 7,3 ± 0,6
A g /0 8
Resultados
o/
S e 08
t
O /08
u t/
No 08
v
D e /0 8
Ponto 1
z /0
Ja 8
n/
Fe 0 9
v/
M 09
ar
/
Ponto 2
A b 09
r/
P2: 6,2 ± 0,9
M 09
a i/
Ju 09
n/
0
Ponto 3
Ju 9
l
A g /0 9
o/
Oxigênio Dissolvido (mg/L)
S e 09
t
O /09
u t/
No 09
v
D e /0 9
z /0
Ja 9
P3: 6,8 ± 0,8
n/
10
34. pH
6,0
7,0
8,0
9,0
Fe
v/
M 08
ar
/
A b 08
r/ 0
M 8
ai/
Ju 0 8
n/
0
Ju 8
l/
Ag 0 8
P1: 7,7 ± 0,2
Resultados
o/
S e 08
t/
O 08
ut
/0
No 8
v
D e /0 8
z/
Ponto 1
J a 08
n/
Fe 0 9
v/
pH
M 09
ar
/
Ponto 2
A b 09
r/ 0
M 9
P2: 7,4 ± 0,2
ai/
Ju 0 9
n/
0
Ponto 3
Ju 9
l/
Ag 0 9
o/
S e 09
t/
O 09
ut
/0
No 9
v
D e /0 9
z/
J a 09
n/
P3: 7,6 ± 0,2
10
35. A m ô n ia (m g /L )
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
Fe
v/
M 08
ar
/
A b 08
r/
M 08
ai
J u /0 8
n /0
P1: 0,06 ± 0,08
Ju 8
l
Resultados
A g /0 8
o/
S e 08
t
O u /0 8
t/
No 0 8
v
D e /0 8
Ponto 1
z /0
Ja 8
n
F e /0 9
v/
M 09
ar
/
Ponto 2
A b 09
r/
M 09
ai
P2: 0,11 ± 0,10
Amônia (mg/L)
J u /0 9
n /0
Ponto 3
Ju 9
l
A g /0 9
o/
S e 09
t
O u /0 9
t/
No 0 9
v
D e /0 9
z/
J a 09
n /1
0
P3: 0,07 ± 0,07
36. FID (ug/L)
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
120,0
140,0
Fe
v/
M 0
ar 8
/
A 08
br
/
M 08
ai
/
Ju 08
n/
0
P1: 13,4 ± 20,3
Ju 8
l/
Resultados
A 08
go
/0
Se 8
t/
O 08
ut
/
N 08
P1
ov
/
D 08
ez
/
Ja 08
n/
P2
Fe 0 9
v/
M 09
ar
/
A 09
br
/
P3
M 09
ai
P2: 22,1 ± 33,7 /
Fósforo ( g/L)
Ju 09
n/
0
Ju 9
l/
A 09
go
/0
Se 9
t/
O 09
ut
/
N 09
ov
/
D 09
ez
/
Ja 09
n/
10
P3: 12,8 ± 16,5
37. Transparência (m)
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
9,0
Fe
v/0
M 8
ar
/0
Ab 8
r/ 0
M 8
ai/
0
Ju 8
n/
0
Ju 8
l/
P1: 4,3 ± 1,6
Ag 0 8
o/
Resultados
0
Se 8
t/
O 08
ut
/0
No 8
v
D e / 08
z/
0
Ponto 1
Ja 8
n/
0
Fe 9
v/0
M 9
ar
/0
Ponto 2
Ab 9
P2: 4,0 ± 1,3
r/ 0
M 9
ai/
0
Ju 9
n/
0
Transparência (m)
Ponto 3
Ju 9
l/
Ag 0 9
o/
0
Se 9
t/
O 09
ut
/0
No 9
v
D e / 09
z/
0
P3: 3,9 ± 1,2
Ja 9
n/
10
38. DB O (mg/L)
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
9,0
10,0
Fe
v/0
M 8
ar
/0
Ab 8
r/
M 08
ai/
Ju 0 8
n/
0
Ju 8
P1: 2,0 ± 1,1
l/
Ag 0 8
Resultados
o/
Se 08
t/
O 08
ut
/
No 0 8
v
D e /08
z/
0
Ponto 1
Ja 8
n/
Fe 0 9
v/
M 09
ar
/
Ponto 2
A b 09
P2: 2,8 ± 1,5
r/
DBO(mg/L)
M 09
ai/
Ju 0 9
n/
0
Ponto 3
Ju 9
l/
Ag 0 9
o/
Se 09
t/
O 09
ut
/
No 0 9
v
D e /09
z/
0
Ja 9
P3: 2,7 ± 1,2
n/
10
39. Resultados
Taxa de sedimentação de material em suspensão g/m2.dia:
P1: 113,3 ± 78,2 P2: 254,1 ± 125,0 P3: 102,8 ± 52,2
Taxa de sedimentação de fósforo total g/m2.dia:
P1: 30,4 ± 15,0 P2: 83,8 ± 30,6 P3: 32,9 ± 12,0
•Mesmo os resultados no P2 foram considerados baixos em
relação aos dados da literatura.
Taxas de sedimentação dos cátions:
Cobre e cádmio não foram detectados;
Zinco e manganês não ultrapassaram valores do limite de
detecção do equipamento analítico (5,0 µg/m2.dia).
40. Resultados
Clorofila “a” g/L:
P1: 0,7 ± 0,5 P2: 0,9 ± 0,5 P3: 0,9 ± 0,5
•Valores baixos de clorofila.
Fitoplâncton:
•Durante todo o estudo foram observados baixos
valores de densidade e de dominância, características
de ambientes oligotróficos.
41. Projeto de monitoramento
Principais considerações:
O sistema de piscicultura em tanques-rede
provocou uma perturbação de baixa intensidade;
A sobrecarga de nutrientes, oriunda do manejo da
criação de peixes, não ultrapassou a capacidade
de suporte;
Não houve indícios de incremento na concentração
de nutrientes na área da piscicultura;
42. Projeto de monitoramento
Principais considerações:
O local onde foi instalada a piscicultura, na área
aquícola Ponte Pensa, apresenta características
hidrodinâmicas favoráveis, que permitiram uma
excelente dispersão dos nutrientes oriundos da
sobrecarga orgânica da criação de tilápias;
43. Bibliografia consultada e sugerida
Arana, L.V. Princípios químicos de qualidade da água em aquicultura:
uma revisão para peixes e camarões. Florianópolis: Ed. da UFSC,
1997. 166p.
Ayroza, D.M.M.R.; Furlaneto, F.P.B.; Ayroza, L.M.S.
Regularização dos projetos de tanques-rede em águas píblicas
continentais de domínio da união no estado de São Paulo. São
Paulo:IP/APTA, 2006. 32p.
Baldisseroto, B. Fisiologia de peixes aplicada à piscicultura. Santa
Maria: Ed. UFSM, 2002. 212p.
Ceccarelli, P.S.; Senhorini, J.A.; Volpato, G. Dicas em piscicultura:
perguntas e respostas. Botucatu: Santana Gráfica e Editora,
2000. 247p.
Tundisi, J.G. e Tundisi, T.M. Limnologia. São Paulo: Oficina de
Textos, 2008. 631p.