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Sumário
A PRESENÇA DA ERICSSON NAS TELECOMUNICAÇÕES DO BRASIL
INSTALAÇÃO NO BRASIL E EXPANSÃO SEM TRÉGUAS: A PRODUÇÃO INDUSTRIAL
19. A chegada da Ericsson ao Brasil
21. Da estagnação do setor de telecomunicações à euforia dos anos JK
22. Crescimento implica mudanças e expansão das instalações
26. Expansão exige investimentos
27. A nacionalização do setor de telecomunicações e a criação da Matel
29. A nacionalização da produção brasileira
30. A Ericsson em harmonia com a Lei de Informática
31. Privatização do setor, mudanças de estratégias da empresa
32. Rumo ao novo milênio
34. Horizontes sem fronteiras
NA VANGUARDA DA INOVAÇÃO: INFRAESTRUTURA E TECNOLOGIA
38. A urgência de uma política nacional para as telecomunicações
39. Ericsson, Embratel e DDD diminuindo distâncias
42. A tecnologia AXE
43. Telefonia móvel: o grande salto
46. Tecnologia e sociedade: inclusão digital na Amazônia
47. A cidade digital: sintonia com a sustentabilidade
50. A união da academia com o setor industrial: a pesquisa científica
EFICIÊNCIA DE MERCADO E EXCELÊNCIA DE PRODUTOS E SERVIÇOS
54. Rumo ao Norte e ao Nordeste do país
56. Ericsson e CTB
57. Soma de esforços, multiplicação de serviços
58. Crossbar – tecnologia Ericsson no compasso do desenvolvimento industrial
61. A institucionalização do setor de telecomunicações
62. Políticas públicas, grandes contratos
63. Os anos do Milagre Brasileiro
67. Ericsson Telecomunicações: a caminho do futuro
68. Explosão da demanda, expansão de produtos e serviços
70. Fusões e aquisições: a criação da Sony Ericsson
71. 2000: conquistas do novo milênio
73. Conectar pessoas, empresas e a sociedade
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Prefácio
	 É impossível dissociar a história da Ericsson da história do
Brasil. No fim do século XIX, a empresa já fazia fortes aproximações na
direção do mercado brasileiro e da América Latina. O potencial desse
maravilhoso país fez com que em 1924 decidíssemos criar uma história
conjunta e própria entre o Brasil e a empresa. Isso nos faz pensar nestes
90 anos de presença local, no caminho que percorremos até aqui, nos
muitos desafios que enfrentamos, vitórias que alcançamos, conquistas
que comemoramos. Hoje é fácil enxergar o Brasil conectado a dois
bilhões de pessoas, máquinas ou coisas em 2020, mas a tecnologia
necessária para essas conexões não pode andar sem as pessoas e a
competência exigida. Como num trabalho em equipe na execução de
uma tarefa, isso nos dá a certeza de criar ambições ainda maiores para
o país. O longo prazo é mandatório em nossa história, seja voltada ao
Brasil, seja voltada para a Ericsson.
	 A Sociedade Conectada vai unir ainda mais as pessoas
com o já disseminado e básico serviço de voz, os pacotes de dados,
que estarão cada vez mais nas mãos dos brasileiros, além de uma
capacidade de vídeo que irá além do que podemos imaginar em 2014.
Já demos início à tecnologia 4K, mas ainda temos espaço para GSM,
o HSPA e o próprio LTE, ainda em implementação, mas que já pode
ser experimentado pelos consumidores. Estamos falando de serviços
de valor agregado, que contarão com voz – hoje mais de 50% das
receitas dos operadores –, dados (o presente/futuro) e vídeo – este
deve ser 90% do tráfego. A quantidade de informação que passa
pelas redes de telecomunicações demanda, cada vez mais, melhor
qualidade de serviço, mais eficiência e nos coloca, definitivamente, no
caminho do 5G, tecnologia em relação à qual mantemos parceria de
desenvolvimento aqui mesmo no Brasil. Os operadores hoje precisam
da agilidade em seus negócios, que é resultado da agilidade das redes,
dos serviços e, obviamente, do próprio cliente.
	 Conectar clientes no Brasil continua
a ser nossa missão, mesmo 90 anos depois
do singelo encontro entre Lars Magnus
Ericsson e D. Pedro II.
Demonstramos por meio desta publicação que um gesto empreendedor
e visionário de um homem, já apaixonado por inovação, firmou o Brasil
como celeiro de oportunidades a serem exploradas por pesquisadores,
técnicos, doutores, engenheiros e formadores de opinião loucos por
tecnologia. Afinal, quando uma pessoa se conecta, seu mundo muda.
Quando tudo se conecta, o mundo muda. Somos uma família grande,
com mais de 5.000 colaboradores espalhados por todo o país, que
acreditam ter um coração azul: amamos a ideia de transformar a
vida das pessoas, o meio em que elas estão inseridas, o cenário em
que criarão seus filhos. É a Sociedade Conectada dos dias de hoje.
Quando nos sentamos para escolher as fotos que ilustrariam essa
história, deparamo-nos com o Rio de Janeiro de 1920, os bondes,
as telefonistas e aqueles imensos aparelhos que ocupavam paredes
inteiras, isso sem contar a quantidade imensurável de cabos ligando
pessoas, famílias, matando saudades, aproximando distâncias.
	 Sendo a única empresa do setor que mantém aqui uma
fábrica desde 1955, reafirmamos nosso compromisso com o país
de forma ininterrupta. Orgulhamo-nos do nosso Centro de Inovação
e Pesquisa, que, por meio de atuação moderna e arrojada, adota a
Inovação Aberta como ponte de relacionamento com universidades e
institutos de pesquisa. São quarenta anos dedicados a essa área e
quase cinquenta patentes já requeridas em órgãos competentes, o que
nos coloca em destaque frente a outros países no mercado global.
Somos conhecidos por sermos criativos, habilidosos, inovadores
e, principalmente, flexíveis, quando se trata de desenvolvimento de
software e soluções para TIC.
	 Não é de admirar que esse reconhecimento se reflita também
nos números: hoje o Brasil é o maior mercado individual da empresa
na América Latina. Em 2010, a Ericsson reorganizou sua estrutura
mundial, colocando todas as unidades da empresa para atuar de
forma regional. Com isso, das 23 unidades existentes à época,
passou a ser representada por 10 regiões no mundo e o Brasil deixou
de ser uma subsidiária para tornar-se sede da empresa na América
Latina. A importância do país é tão grande que a unidade brasileira
é responsável pela exportação de equipamentos para todos os
mercados da América Latina.
	 O que esperamos com este livro é registrar uma parte de tudo
que já construímos até aqui, porque nos sentimos honrados e cheios
de orgulho por escrevermos uma história tão rica e cheia de vida. Mas
nosso intuito também é marcar nossa história dentro da própria história.
E, ao comemorar 90 anos, não queremos apenas recordar as sólidas
conquistas, mas dar um presente para esse país que tanto amamos e
do qual escolhemos fazer parte, ajudando a fortalecê-lo todos os dias.
	 A Sociedade Conectada produz progresso econômico, social
e ambiental significativo para milhões de pessoas. Eu faço parte
desse cenário e quero continuar fazendo ainda por muito mais tempo.
E você?
Sergio Quiroga da Cunha
Presidente da EricssonAmérica Latina, apaixonado pela Ericsson Brasil
e por todos os benefícios de uma sociedade totalmente conectada
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PrefACE
It’s impossible to dissociate the history of Ericsson from the history of Brazil. By the late nineteenth
century, the company was already forging strong ties with the Brazilian and Latin American markets.
The potential of this wonderful nation meant that, in 1924, we decided to create a joint and unique
history between the company and Brazil. This makes us think about these 90 years of local presence,
the path we’ve taken thus far, the countless challenges we’ve faced, the victories we’ve achieved,
and the accomplishments we’ve celebrated. Today it’s easy to envision Brazil connected to two billion
people, machines or things by 2020, but the technology needed for these connections can’t move
forward without the necessary people and the skills. As with teamwork in performing any task, this
gives us the confidence to create even greater ambitions for Brazil. The long term is mandatory in our
history, whether geared toward Brazil, or geared toward Ericsson.
A Connected Society will further unite people with the already widespread and basic voice service,
data packets, which will be increasingly in the hands of Brazilians, in addition to video capabilities that
will go beyond what we can imagine in 2014. We’ve already ushered in 4K technology, but we still
have room for GSM, HSPA, and LTE itself, which is still under deployment but can already be tried
out by consumers. We’re talking about value-added services, which will count on voice (currently
accounting for over 50% of the operators’ revenues), data (present/future), and video (this is expected
to account for 90% of network traffic). The amount of information passing through telecommunications
networks increasingly demands better quality of service and greater efficiency, and puts us definitively
on the path of 5G – technology for which we maintain development partnerships here in Brazil. The
operators today need to streamline their business, which is a result of the agility of networks, services
and, obviously, customers themselves.
Connecting customers in Brazil continues to be our mission, even 90 years after the simple meeting
between Lars Magnus Ericsson and Brazilian Emperor Dom Pedro II. Through this publication, we
demonstrate that an entrepreneurial and visionary gesture of a man, who already had a passion
for innovation, established Brazil as a breadbasket of opportunities to be explored by researchers,
technicians, PhDs, engineers and technology-crazed opinion-makers. After all, when people are
connected, their world changes. When everything is connected, the world changes.
We are a large family with more than 5,000 employees spread throughout Brazil, who believe they
have a blue heart: we love the idea of transforming people’s lives, the environment in which they live,
the setting in which they’ll raise their children. This is today’s Connected Society. When we sat down
to choose the photographs that would illustrate this history, we were faced with 1920’s Rio de Janeiro,
the trolley cars, the switchboard operators, and those huge machines occupying entire walls, not to
mention the immeasurable amount of cables connecting individuals, families, catching up with old
friends, bringing faraway places closer.
As the only company in the industry that has maintained a factory here since 1955, we reaffirm our
uninterrupted commitment to Brazil. We pride ourselves on our Center for Innovation and Research,
which – through modern and bold efforts – adopts Open Innovation as a bridge of relationship with
universities and research institutes. Forty years have been dedicated to this area, and nearly fifty
patents already applied for at the respective agencies, which places us in a prominent position vis-
à-vis other countries on the global market. We are known for being creative, skilled, innovative and
especially flexible when it comes to software development and solutions for ICT.
It’s no wonder that this recognition is also reflected in the numbers: today Brazil is the company’s
largest single market in Latin America. In 2010, Ericsson reorganized its global structure, placing all of
the company’s units to act in a regional manner. Accordingly, the 23 existing units at that time came to
be represented by 10 regions in the world, and Brazil ceased to be a subsidiary in order to become the
company’s headquarters for Latin America. Brazil is so important that the Brazilian unit is responsible
for the export of equipment to all Latin American markets.
With this book we hope to record a part of everything that we’ve built so far, because we feel honored
and full of pride in writing such a rich and vibrant history. But our aim is also to make our own story go
down in History. And, to celebrate 90 years, we not only want to remember the solid achievements,
but also give a gift to this country that we love so much and we’ve chosen to belong to, helping to
strengthen it every day.
A Connected Society produces significant economic, social and environmental progress for millions
of people. I play my part in this scenario, and I want to keep doing it for a long time to come. What
about you?
Sergio Quiroga da Cunha
President of Ericsson Latin America, passionate for Ericsson Brasil and all the benefits of a completely
connected society
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A PRESENÇA DA ERICSSON
NAS TELECOMUNICAÇÕES
DO BRASIL
	 O século XIX viveu a era das invenções, das utopias, das
certezas. Foi neste século que, na busca por um mundo melhor,
a Europa assistiu à vitória da ciência como mola propulsora do
progresso, único caminho para a solução dos problemas decorrentes
da Revolução Industrial. Era chegada a hora de mapear o presente e
planejar o futuro; de substituir pessimismo por euforia. E os avanços
técnicos eram a ferramenta mais adequada para restaurar a confiança
e fortalecer o sonho de um domínio absoluto sobre a natureza e os
homens. Em todos os campos, novas técnicas e métodos de trabalho
foram determinantes para o desenvolvimento econômico dos países,
e os diversos setores foram inundados pelas ondas da inovação.
	 As exposições universais constituíam o palco ideal para
mostrar o progresso, pois as invenções ali apresentadas apontavam
os impasses do presente e preconizavam o futuro. Era a ciência
impondo-se como forma indiscutível de acabar com as incertezas do
passado e preparar o mundo para o futuro. Eram verdadeiras vitrines
para o progresso, pois exibiam os avanços científicos, provando
assim a superioridade do homem, mas as máquinas e os principais
inventos eram a atração principal. E foi justamente na Exposição
da Filadélfia, em 1876, em comemoração aos 100 anos da
Independência dos Estados Unidos, que Alexander Graham Bell
exibiu a sua invenção, o telefone, que mudaria radicalmente os
rumos da humanidade. O Brasil participou de todas elas, pois o
imperador D. Pedro II era conhecido por seu apreço às novidades.
Se da política mantinha relativa distância, da ciência, ao contrário,
sempre se manteve bem próximo, sendo receptivo a toda espécie
de patentes e projetos de invenções.
	 A participação direta de D. Pedro II na apresentação do
telefone e sua amizade com Graham Bell foram os fatores decisivos
para que o Brasil, depois dos Estados Unidos, se tornasse o primeiro
país a ter telefones instalados. Portanto, não seria atrevido dizer que
o imperador inaugurou o telefone no Brasil.
	 No mesmo ano em que o telefone era
apresentado pela primeira vez ao mundo,
nos Estados Unidos, Lars Magnus Ericsson,
na Suécia, fundava uma pequena empresa de
reparosdetelégrafosnocentrodeEstocolmo.
ERICSSON’S PRESENCE IN BRAZIL’S TELECOMMUNICATIONS
Few realize that the global giant in the telecommunications sector, Ericsson, could have started
its trajectory as a modest telegraph repair shop in nineteenth-century Sweden. But that’s exactly
how it happened, when Lars Magnus Ericsson opened his own business with his friend Carl Johan
Andersson in April 1876. With the name of L.M. Ericsson & Co. and initial capital raised thanks
to a loan from an acquaintance, the company occupied a rented 13-square-meter shed located
in a backyard. Revenue came from minor repairs. The first paying customer was the Stockholm
Fire Brigade. Nonetheless, the firm’s top-quality workmanship and reliability soon helped it
acquire a good reputation. Ericsson was then challenged by J. Stork, director of telegraphy for
Swedish Railways, to improve the receivers used in the railway signaling system for telegraphic
communication between trains and stations, and Lars didn’t let him down. The solution presented
improved safety on the railways and was considered superior to systems in use, projecting the
name of L.M. Ericsson & Co. on the market.
The first foray into the world of telephones occurred in March 1878, with the repair of six phone
sets for Mr. Numa Peterson, a local merchant. It was one of the first generations of telephony
equipment operating in Stockholm, and Lars became interested in the segment that was
showing clear signs of expansion. His dedication was such that many believed that Ericsson
himself had invented this fantastic contraption. In fact, in addition to working in the manufacture
of Bell-type telephones, the businessman was thinking ahead, and developed an even more
revolutionary device for the time: a wall model that was called “helical microphone,” the first of
which was created in 1878, and production started in 1880. The news caused quite a stir and was
instrumental in the successful trajectory of L.M. Ericsson & Co.
In Brazil, still in the nineteenth century, Ericsson’s presence was already evident. The nation
directed all its efforts toward improving its image in the eyes of the world, trying to sanitize
and reurbanize primarily the cities of São Paulo and Rio de Janeiro, in order to align with the
accelerated modernization of European countries. The source of inspiration was Paris, and so
Brazil took advantage of the inexhaustible resources of the coffee boom and sought to follow
that model – reurbanizing major cities with wide boulevards, gardens, fountains and palaces.
So “Frenchified” customs were introduced in the behavior and lifestyle of the elite. But it was
necessary to present this progress to the world, to show off the new capital of the Republic,
urbanized and sanitized. The federal government organized a major national expo in 1908,
where the main products of our economy were showcased, and Ericsson was already present in
the pavilion of the Brazil Central Rail Road, where – among products featured – a wall-mounted
“telephonic device” and another table-top model telephone were.
De fato, Ericsson estava sintonizado com as inovações do seu
tempo. Em 1877 o aparelho chegara à Suécia pelas mãos de Numa
Peterson, comerciante de equipamentos, produtos de saúde e outros
itens. No final daquele mesmo ano, passou a investir no negócio
de telefonia com a oferta de um lote de 50 telefones e acessórios.
Entre os primeiros compradores, estava a empresa de Lars Magnus.
O empresário somou seriedade, profissionalismo e qualidade à
nova fonte de tecnologia que acabara de adquirir. O resultado foi
a construção de um modelo de parede que desempenhou papel
decisivo no avanço comercial contínuo de L. M. Ericsson & Co. Assim,
também, não seria impróprio afirmar que a Ericsson praticamente
nasceu com o telefone.
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EMPREENDEDOR
PARA NINGUÉM
BOTAR DEFEITO
A FLAWLESS ENTREPRENEUR
Few realize that the global giant in the telecommunications sector, Ericsson, could have started
its trajectory as a modest telegraph repair shop in nineteenth-century Sweden. But that’s exactly
how it happened, when Lars Magnus Ericsson opened his own business with his friend Carl Johan
Andersson in April 1876. With the name of L.M. Ericsson & Co. and initial capital raised thanks
to a loan from an acquaintance, the company occupied a rented 13-square-meter shed located
in a backyard. Revenue came from minor repairs. The first paying customer was the Stockholm
Fire Brigade. Nonetheless, the firm’s top-quality workmanship and reliability soon helped it
acquire a good reputation. Ericsson was then challenged by J. Stork, director of telegraphy for
Swedish Railways, to improve the receivers used in the railway signaling system for telegraphic
communication between trains and stations, and Lars didn’t let him down. The solution presented
improved safety on the railways and was considered superior to systems in use, projecting the
name of L.M. Ericsson & Co. on the market.
The first foray into the world of telephones occurred in March 1878, with the repair of six phone
sets for Mr. Numa Peterson, a local merchant. It was one of the first generations of telephony
equipment operating in Stockholm, and Lars became interested in the segment that was showing
clear signs of expansion. His dedication was such that many believed that Ericsson himself had
invented this fantastic contraption. In fact, in addition to working in the manufacture of Bell-type
telephones, the businessman was thinking ahead, and developed an even more revolutionary
device for the time: a wall model that was called “helical microphone,” the first of which was created
in 1878, and production started in 1880. The news caused quite a stir and was instrumental in the
successful trajectory of L.M. Ericsson & Co.
	 No Brasil, ainda no século XIX, a presença da Ericsson já era
evidente.Opaísdirigiatodososseusesforçosparamelhorarsuaimagem
aos olhos do mundo, tratando de sanear e reurbanizar principalmente
as cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro, a fim de alinhar-se à
modernização acelerada dos países europeus. A fonte de inspiração
era Paris, e o Brasil, então, aproveitou os inesgotáveis recursos da
economia cafeeira e procurou seguir o modelo, reurbanizando as
capitais com largas avenidas, jardins, fontes e palacetes.Assim também
foram introduzidos modos afrancesados no comportamento e no estilo
de vida das elites. Mas era necessário apresentar esse progresso ao
mundo, mostrar a nova capital da República urbanizada e saneada. O
governo federal organizou uma grande exposição nacional em 1908,
em que foram exibidos os principais produtos da nossa economia, e a
Ericsson já estava presente no pavilhão da Estrada de Ferro Central
do Brasil, no qual, entre os produtos apresentados, estavam um
“apparelho telephonico” de parede e outro para mesa.
In Brazil, still in the nineteenth century, Ericsson’s presence was already evident. The nation directed
all its efforts toward improving its image in the eyes of the world, trying to sanitize and reurbanize
primarily the cities of São Paulo and Rio de Janeiro, in order to align with the accelerated modernization
of European countries. The source of inspiration was Paris, and so Brazil took advantage of the
inexhaustible resources of the coffee boom and sought to follow that model – reurbanizing major cities
with wide boulevards, gardens, fountains and palaces. So “Frenchified” customs were introduced in
the behavior and lifestyle of the elite. But it was necessary to present this progress to the world, to
show off the new capital of the Republic, urbanized and sanitized. The federal government organized a
major national expo in 1908, where the main products of our economy were showcased, and Ericsson
was already present in the pavilion of the Brazil Central Rail Road, where – among products featured
– a wall-mounted “telephonic device” and another table-top model telephone were.
Poucos imaginam que a gigante mundial do setor de telefonia,
Ericsson, possa ter iniciado sua trajetória como uma modesta
oficina de conserto de telégrafos na Suécia do século XIX. Mas
foi exatamente assim que tudo aconteceu, quando Lars Magnus
Ericsson abriu seu próprio negócio com o amigo Carl Johan
Andersson, em abril de 1876. Com o nome de L. M. Ericsson & Co.
e capital inicial levantado graças ao empréstimo de um conhecido, a
empresa ocupava instalações arrendadas de 13 metros quadrados
em um quintal. O faturamento advinha de pequenos reparos sem
maior relevância e o primeiro cliente pagante foi a Estocolmo
Corpo de Bombeiros. Não obstante, a qualidade do acabamento
e a confiabilidade dos serviços prestados logo fizeram com que
a empresa adquirisse boa reputação. O senhor Lars Magnus foi,
então, desafiado pelo diretor da empresa de telegrafia Railways, J.
Stork, a aprimorar os receptores utilizados no sistema de sinalização
da ferrovia para a comunicação telegráfica entre trens e estações,
e não decepcionou. A solução apresentada melhorou a segurança
nas estradas de ferro e foi considerada superior aos sistemas já
utilizados, projetando o nome da L. M. Ericsson & Co. no mercado.
Aprimeira incursão pelo universo dos telefones ocorreu em março de
1878, com o reparo de seis aparelhos para o senhor Numa Peterson,
um comerciante de Estocolmo. Era uma das primeiras gerações
de equipamentos de telefonia operantes na capital sueca e Lars
Magnus interessou-se pelo segmento que dava sinais evidentes
de expansão. Sua dedicação foi tamanha que muitos acreditavam
que a Ericsson havia inventado aquela fantástica engenhoca. Na
verdade, além de trabalhar na fabricação de telefones do tipo Bell, o
empresário estava pensando no futuro e desenvolveu um aparelho
ainda mais revolucionário para a época: um modelo de parede
que foi chamado de microfone helicoidal, cujo primeiro exemplar
foi criado em 1878, com produção iniciada em 1880. A novidade
causou frisson e teve papel decisivo na trajetória de sucesso da L.
M. Ericsson & Co.
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Equipamento Ericsson tipo switchboard para 700 linhas da Central Externa, São Paulo, 1905
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NO IMPÉRIO, CAPITAL E INTERIOR
COMEMORAM A “DESCOBERTA”
DO TELEFONE
IN THE EMPIRE, CITY AND COUNTRYSIDE CELEBRATE THE “DISCOVERY” OF THE TELEPHONE
In 1877, the press announced that Mr. Rodde, owner of the establishment “Grande Mágico” had ordered installation of the “telephonic devices ” using the existing telegraph lines, “[...] one on the upper storey
of Mr. Rodde’s establishment and the other one behind the house at commerce square,” and showed that “these devices are simple, much simpler than those used in telegraphy. By means of a wooden
tube applied to one’s ear, one can fully and easily understand every word uttered at the other end by anyone with an identical tube.” And the city is celebrating, because [...] “The underwater telegraph
company already corresponds, through the telephone, with the Copacabana station, and it appears to us that Mr. Rodde intends to make new experiments at great distances, such as between this point
and Petrópolis, and is requesting permission to use the government-owned telegraph lines for such purposes. Another great advantage of the telephone is that it makes use of the same telegraph lines and
therefore can be applied to all the lines already in place.”
O Estado de S. Paulo, 12/21/1877, p. 2.
In the countryside, a satisfied farmer from Limeira writes to Mr. Rodde, stating: “I am pleased with the telephonic devices that you installed on my Barreiro farm, because they work perfectly, and leave nothing
to desire, not only for their artistic perfection but also for the clarity with which they transmit the voice. An improvement of this nature should be enthusiastically welcomed by all in general, and very especially
by my fellow farmers, because it brings a useful and wonderful result (...).
Your humble servant,
Bento da Silveira Franco”.
O Estado de S. Paulo, 9/5/1878, p. 1.
And the press confirms and commemorates: “On the 8th of the current month: on Barreiro farm owned by Captain Bento da Silveira Franco, the inauguration of a telephone took place, whose cord connects
the home of the farm administrator and coffee mill to the farm owner’s manor house. On this festive day around two hundred people in attendance, including residents of this Rio Claro locality, São Paulo
and Araras, among which noteworthy figures and big farmers. After the satisfactory experiments of the telephone, a lavish dinner was served, whose service left nothing to desire, and during the enthusiastic
fête many toasts were raised to Captain Bento Franco and other distinguished gentlemen.”
O Estado de S. Paulo, 9/14/1878, p. 2.
Em 1877, a imprensa anuncia que na cidade o sr. Rodde, proprietário do estabelecimento “Grande Mágico” mandou colocar pela linha telegráfica
“os apparelhos dos telephones [...] um no sobrado do estabelecimento do sr. Rodde e o outro nos fundos da casa da praça do commercio”, e
mostra que “são simples taes appparelhos, muito mais simples do que os empregados na telegraphia. Por meio de um tubo de madeira que
se aplica ao ouvido, comprehende-se distinctamente, havendo completo socego, todas as palavras que no outro ponto são pronunciadas por
qualquer pessoa junto de idêntico tubo”. E a cidade comemora, pois [...] “A companhia telegraphica submarina corresponde-se já, por meio do
telephone, com a estação de Copacabana e consta-nos que o sr. Rodde pretende fazer novas experiências a grandes distâncias como entres
este ponto e Petrópolis, pedindo para isto permissão para se servir da linha telegraphica do governo. A grande vantagem ainda do telephone
que serve-se do mesmo fio da telegraphia, podendo-se apllicar por isso a todas as linhas já estabelecidas”.
O Estado de S. Paulo, 21/12/1877, p. 2.
No interior, o fazendeiro de Limeira, satisfeito, escreve ao sr. Rodde, comunicando: “Estou satisfeito com os apparelhos telephonicos que v.s.
assentou em minha fazenda do Barreiro, porquanto funccionam perfeitamente, e nada deixam a desejar, tanto por sua perfeição artística, como
que pela clareza que transmittem a voz. Um melhoramento desta natureza deve ser acolhido enthusiasticamente por todos em geral, e muito
principalmente pelos meus colegas lavradores, porque traz um resultado útil e maravilhoso (...).
De v.s attento venerador creado.
Bento da Silveira Franco”.
O Estado de S. Paulo, 5/9/1878, p. 1.
E a imprensa confirma e comemora: “No dia 8 do corrente mez: na fazenda Barreiro, propriedade do Capitão Bento da Silveira Franco, teve
lugar a inauguração de um telephone, cujo fio liga a casa de morada do administrador e machina de beneficiar café ao palacete da residência
do proprietário. A este dia festivo estiveram presentes cerca de duzentas pessoas, entre ellas residentes desta localidade Rio Claro, São Paulo
e Araras, no número das quaes se contavam as mais gradas, e lavradores importantes. Depois das experiências satisfactorias do telephone
foi servido um profuso jantar, cujo serviço nada deixou a desejar, e durante o qual a par de enthusiastica animação muitos brindes foram
levantados ao capitão Bento Franco e outros distinctos cavalheiros”.
O Estado de S. Paulo, 14/9/1878, p. 2.
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Anúncio da Ao Telephone de Ouro, representante de produtos Ericsson, publicado no Almank Administrativo e Industrial, Rio de Janeiro
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14
	 O crescente aumento do número de linhas telefônicas no Brasil
também podia ser medido pelos jornais. Multiplicavam-se os anúncios
de profissionais liberais, estabelecimentos comerciais e prestadores
de serviços em geral, que indicavam seus telefones para contato, o
que lhes atribuía status, credibilidade e segurança a quem buscava o
serviço. Para atrair os clientes, os anunciantes costumavam mencionar
algum diferencial dos seus serviços: por exemplo,
em 1895, no Rio de Janeiro, a empresa “Ao
TelefonedeOuro”,especializadanailuminação
elétrica de ruas, edifícios, praças e jardins,
além de citar o uso de material de primeira
qualidade em seus serviços, destacava o fato
de serem os “únicos agentes para o Brazil dos
apparelhos Ericsson”.
Anos antes, em 1891, a firma importadora “Companhia Mechanica e
Importadora”, responsável pela importação de máquinas, equipamentos
e materiais em geral, entre os vários produtos importados e descritos
em um pedido, destacava os “equipamentos L. M. Ericsson da Suécia”.
Este é o mais antigo registro conhecido sobre a chegada dos produtos
Ericsson ao Brasil. Em 1896, nas importações da “Sigmund & Souza
Officina Electrotechnica” também constavam produtos para telefonia
de algumas empresas, entre elas a Ericsson.
	 Já em pleno século XX, em 1905, um anúncio na imprensa
chamava a atenção para a instalação de um novo serviço telefônico, no
qual seriam empregados “aparelhos moderníssimos da Ericsson & Co.
de Stockholmo”. E assim, mesmo antes de se instalar definitivamente
no Brasil, o que ocorreria em 1924, a Ericsson continuou presente na
vida dos brasileiros, acompanhando desde o início a evolução das
telecomunicações no país.
	 No Brasil, a história das telecomunicações pode ser vista a
partir de três momentos: o primeiro, que abrange desde o Império e
segue pelo período da República até os anos 1960, foi regulado pelo
regime de concessões outorgadas pelas três esferas do governo –
federal, estadual e municipal. No segundo momento, que se estende
até os anos 2000, o país esteve sob o comando dos militares e o
setor foi estatizado, passando por uma fase de nacionalização da
produção, paralelamente aos grandes avanços tecnológicos, de
modo que, já em finais do século XX, diante da limitada capacidade
de investimentos do Estado e da rala densidade telefônica no país,
ocorre a privatização do setor. A partir daí, e até os dias atuais, o
terceiro momento: o Brasil inseriu-se no mundo globalizado e o setor
de telecomunicações brasileiro passou a absorver o ritmo acelerado
das inovações tecnológicas, gerando uma nova realidade nacional e
anunciando diariamente a chegada do futuro.
	 Ao longo de todo esse tempo, milhões de brasileiros se
comunicaram por meio dos equipamentos Ericsson, desde as
centrais telefônicas públicas e PABX, até as centrais automáticas
especialmente desenvolvidas para utilização no programa de
telefonia rural; outros milhões utilizaram os telefones, o DDD, o
DDR, o DDI, nas centrais particulares, e os equipamentos para
transmissão que se comunicavam por meio do sistema AXE,
desenvolvido e introduzido no Brasil pela Ericsson, com a lendária
tecnologia CPA (Controle por Programa Armazenado), que marcou
o ingresso da telefonia na era digital.
	 Hoje, quando a telefonia móvel tomou conta do mundo e o
Brasil registra um número de aparelhos superior ao de habitantes,
a Ericsson marca presença em todos os momentos, e continua na
liderança, seja pelo pioneirismo marcante em toda a sua trajetória de
expansão, seja pela excelência na evolução tecnológica, capacidade
de produção e eficiência no atendimento às demandas de um mercado
consumidor cada vez maior e mais exigente.
The growing number of telephone lines in Brazil could also be measured by the newspapers. There
were explosions of ads placed by liberal professionals, trade establishments and service providers
in general, indicating their telephone numbers, which gave them status, credibility and security to
those who sought such services. To attract customers, advertisers would usually mention some
distinguishing or unique feature of their services: for example, in 1895, in Rio de Janeiro, the company
“Ao Telefone de Ouro” – specializing in electric lighting of streets, buildings, parks, and gardens, in
addition to the use of high-quality material in their services, highlighted the fact that they were the “sole
agents of Ericsson telephone sets in Brazil.”
Years before, in 1891, the importing firm “Companhia Mechanica e Importadora,” responsible for
importing machinery, equipment and materials in general, highlighted “LM Ericsson equipment from
Sweden” among the various products imported and described in an order. This is the earliest known
record of the arrival of Ericsson products in Brazil. In 1896, there were telephony products from
several companies, including Ericsson, among the imports of the company “Sigmund & Souza Officina
Electrotechnica.”
In the twentieth century, in 1905, an ad in the press drew readers’ attention to the installation of a
new telephone service, in which “ultra-modern devices from Ericsson & Co. of Stockholm” would be
used. And so, even before set up shop permanently in Brazil, which would occur in 1924, Ericsson
remained present in the lives of Brazilians, accompanying the evolution of telecommunications in the
nation from inception.
In Brazil, the history of telecommunications can be split in three main periods: the first – which ranges
from the Empire, through the period of the Republic, and up to the 1960s – was governed by the
regime of concessions granted by the three levels of government – federal, state and municipal.
In the second moment, which extends through the turn of the millennium, the nation was under the
command of the military and the sector was nationalized, passing through a phase of nationalization of
production, parallel to major technological breakthroughs, so that by the end of the twentieth century,
facing the limited capacity of state investments and sparse density of telephones across the country,
the sector was privatized. From that time, and up to the present, is the third moment: Brazil became
part of the globalized world and the Brazilian telecommunications sector began to absorb the rapid
pace of technological innovations, generating a new nationwide reality and announcing the arrival of
the future on a daily basis.
Throughout this time, millions of Brazilians communicated through Ericsson equipment – from public
telephone exchanges and PBX systems, to automatic exchanges developed especially for use in
the rural telephony program; additional millions of Brazilians used telephones, Long-Distance Direct
Dial (DDD), Direct Inward Dial (DDR), and International Direct Dial (DDI) in private PBX systems,
and transmission equipment that communicated through the AXE system, developed and introduced
in Brazil by Ericsson, with the legendary SPC technology (Stored Program Control), which ushered
telephony into the digital age.
Today, when mobile telephony has taken over the world, and Brazil has more mobile phones than
inhabitants, Ericsson has been present at all times, and still in the lead, whether for its remarkable
pioneering spirit, throughout its history of expansion, or for its excellence in technological evolution,
production capacity and efficiency in meeting the demands of an ever growing and more demanding
consumer market.
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Primeira central automática da Ericsson instalada no Brasil, em Juiz de Fora, Minas Gerais,
década de 1930. Vista do equipamento OS (antecessor do AGF), destacando-se registradores
mecânicos ao fundo, à direita.
Instalação da Central OS de Volta Redonda, 1948.
Inspeção e ajustamento de seletores na Estação Telefônica de Volta Redonda, 1948.
Inauguração da central OS de São Luís, Maranhão, 1938, no momento em que o ex-governador do
Estado, Eugênio Barros, aciona a chave da estação.
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16
INSTALAÇÃO NO BRASIL
E EXPANSÃO SEM
TRÉGUAS: A PRODUÇÃO
INDUSTRIAL
	 Desde os tempos do Império, o setor de telecomunicações
era regido pelo sistema de concessões do governo, regulamentado
por decretos que estimulavam a iniciativa privada nas concessões
para a instalação de linhas telefônicas. Os pedidos aumentavam
num ritmo acelerado por todo o Brasil, de modo que as mais
importantes cidades brasileiras receberam a concessão para
explorar as linhas de acordo com a normatização governamental.
Em 1883, o governo permitiu que a Telephone Company of Brazil
– cuja concessão para prestar serviço telefônico na Corte havia
sido obtida por Charles Paul Mackie, em 17 de abril de 1881 –
realizasse serviços telefônicos com fins comerciais, autorizando a
empresa a vendê-los a quem os desejasse.
	 Com a mudança do regime político brasileiro, do Império
para a República, uma Constituição Federal passou a normatizar os
conflitos que surgiam entre a rede telegráfica, as redes telefônicas
e os agentes privados, ficando claro que o Estado pretendia
ordenar e estabelecer algum tipo de controle sobre a concessão de
linhas telefônicas: ao governo federal, foram atribuídos os serviços
interurbanos interestaduais; aos Estados, os interurbanos municipais
e estaduais; e aos municípios, a sua própria área.
	 A rapidez também marcou a expansão do telefone em São
Paulo. Após complicados impasses, a Companhia de Telégraphos
Urbanos absorveu a Álvares Pereira & Co, empresa com a qual
disputava o direito de explorar os serviços telefônicos na capital,
sendo feito um acordo entre as duas firmas e uma lista única
englobando os assinantes de ambas. A Cia. de Telégraphos Urbanos
permaneceu a única com direito a explorar os serviços telefônicos
na capital e foi adquirida pela Companhia Telefônica Brasileira –
CTB, empresa constituída em 1888 com capital canadense, bem
como todos os seus equipamentos em uso e o direito de importar
diretamente todo o material.
	 Na virada para o século XX, o país começava a assistir à
decadência da economia cafeeira, de modo que as eleições de
1922 ocorreram num clima de profunda crise econômica. A disputa
entre Arthur Bernardes, da situação, e Nilo Peçanha, apoiado pelos
militares, foi acirrada, e a vitória de Bernardes ocorreu em meio a
muitas intrigas e boatos de conspiração.
INSTALLATION IN BRAZIL AND UNYIELDING EXPANSION: INDUSTRIAL PRODUCTION
Constant expansion is one of Ericsson’s directives. Ever since coming to Brazil, the company
grew in scenarios of stagnation, invested, overcame economic and industrial difficulties, and,
above all else, believed in the Nation. It is responsible for the largest industrial complex in the
telecommunications sector in the Americas.
Since the time of the Empire, the telecommunications sector was ruled by a system of government
concessions, regulated by decrees that encouraged the private sector in concessions for the
installation of telephone lines. The requests increased at an accelerated pace across Brazil, so
that the major Brazilian cities received concessions to exploit the lines according to the government
regulations. In 1883, the government allowed the Telephone Company of Brazil – whose concession
to provide telephone service in the Royal Court had been obtained by Charles Paul Mackie on April
17, 1881 – to carry out telephone services for commercial purposes, authorizing the company to
sell them to whomever wanted them.
With the change in the Brazilian political system, from Empire to Republic, a federal constitution
started to regulate the conflicts that arose between the telegraph system, the telephone networks
and the private agents, making it clear that the State intended to ordain and establish some sort of
control over the concession of telephone lines: interstate long-distance services were assigned to
the federal government; municipal and intrastate long-distance were assigned to the states; and the
municipalities were assigned the telephone services of their own local areas.
Speed also marked the expansion of telephones in São Paulo. After complicated impasses,
Companhia de Telégraphos Urbanos absorbed Alvares Pereira & Co, a company with which it
had been vying for the rights to operate telephone services in the city of São Paulo; an agreement
was signed between the two firms, as well as a single list encompassing the subscribers of both.
Companhia de Telégraphos Urbanos remained the only one with rights to exploit telephone services
in São Paulo proper, and was acquired by Companhia Telefônica Brasileira (CTB), a company
established in 1888 with Canadian capital, as well as all its equipment in use plus the rights to
directly import all materials.
At the turn of the twentieth century, Brazil began to witness the fall of the coffee economy, to such
an extent that the 1922 elections were held in a climate of major economic crisis. The dispute
between Arthur Bernardes, of the ruling party, and Nilo Peçanha, supported by the military, was
fierce, and the victory of Bernardes came amid a great deal of intrigue and rumors of conspiracy.
A expansão constante é uma das diretrizes da Ericsson. Desde que chegou ao Brasil,
a empresa cresceu em cenários de estagnação, investiu, superou dificuldades econômicas e
industriais, e, sobretudo, acreditou no país. Hoje, é responsável pelo maior parque industrial
do setor de telecomunicações das Américas.
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UM TELEFONEMA MUDA OS
RUMOS DA REVOLUÇÃO
Em 1924, a cidade de São Paulo transformara-se num
verdadeiro palco de guerra na tentativa de golpe para derrubar
o presidente Arthur Bernardes, apoiado pelos militares. As
estratégias estavam definidas, e os rebeldes “[...] pretendiam
tomar as estações de trem, o edifício do Telégrafo Nacional
e as estações de transmissão de energia, principais núcleos
de comunicação e transportes. Sua intenção era interromper a
ligação entre São Paulo e Rio de Janeiro, o que impediria que
o governo federal tomasse providências para se defender”.
Entretanto, “o imponderável realmente ocorreu, na forma
de informações desencontradas e atrasos na tomada dos
pontos estratégicos de comunicação telefônica e ferroviária.
Esses incidentes deram tempo ao general Abílio Noronha,
comandante da II Região Militar – fiel ao presidente da
República –, de telefonar para o Rio de Janeiro e organizar
uma reação, dificultando a ação dos revolucionários”.
A PHONE CALL CHANGES THE DIRECTIONS OF THE REVOLUTION
In 1924, the city of São Paulo had become a veritable stage of war in the coup attempt
to overthrow President Arthur Bernardes, supported by the military. The strategies
were defined, and the rebels “ [...] intended to take over the train stations, the National
Telegraph building and power transmission stations – the main centers of communication
and transportation. Their intention was to break the connection between São Paulo and
Rio de Janeiro, which would prevent the federal government from taking steps to defend
itself.” However, “the unthinkable actually happened, in the form of disparate information
and delays in taking over strategic points of railway and communication telephone. These
incidents gave General Abilio Noronha – commander of Military Region II and loyal to the
president – time to call Rio de Janeiro and organize a response, curbing the action of the
revolutionaries.”
ERICSSON ARRIVES IN BRAZIL
In São Paulo, in 1924, the political landscape was rather tumultuous in terms of attempts of military
coup to overthrow the president, and in July the first actions of a failed adventure began to unfurl.
The uprising against President Bernardes ended in the conflict between rebel troops and the federal
government, and for 23 days the streets of São Paulo turned into pure chaos – telephones cut off,
power outages, traffic blocked, barricades, firefights, attack orders, cannon fire, and even airstrikes.
The Federal pressure won and the rebels fled the city by train into the countryside.
A chegada da
Ericsson ao Brasil
	 Em São Paulo, em 1924, o cenário político era bastante
tumultuado em função das tentativas de um golpe militar para derrubar
o presidente da República, e em julho foi dado o primeiro lance de uma
aventura fracassada. O levante contra o presidente Bernardes terminou
no conflito entre tropas rebeldes e as do governo federal, e, durante 23
dias, as ruas de São Paulo transformaram-se num verdadeiro caos –
telefones desligados, falta de energia, trânsito impedido, barricadas,
tiroteios, tiros de canhões, ordens de ataque e até mesmo ataques
aéreos. A pressão federal venceu e os rebeldes abandonaram a cidade
pelas linhas ferroviárias rumo ao interior do Estado.
Lars Magnus Ericsson
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18
	 Foi justamente nesse ano, 1924, que a Ericsson instalou-
se oficialmente no país. Entre as empresas representantes da L. M.
Ericsson no Brasil estava a Holmberg, Bech & Co, que comercializava
diversos produtos e anunciava os telefones da empresa sueca. A
Holmberg era representante de várias empresas alemãs e da sueca
L. M. Ericsson, com escritórios localizados em São Paulo, à Rua
Líbero Badaró, 169; e no Rio de Janeiro, à Rua São Pedro, 106. No
segundo endereço, foi instalada a Sociedade Geral de Telephones L.
M. Ericsson, empresa registrada em 7 de janeiro daquele ano, com o
objetivo de explorar telefonia, telegrafia e atividades relacionadas à
eletricidade, importação e exportação.
A empresa foi criada com o capital de 100
contos de réis, divididos em vinte cotas,
distribuídas entre os sócios Allemanna
Telefononaktiebolaget L. M. Ericsson, com
dezenove, e Tor Janér, com uma.
	 Vindo de uma Europa arrasada pela guerra, Tor Janér chegou
ao Brasil em 1920 para gerenciar a Holmberg, Bech e encontrou um
cenário econômico instável, causado pela queda internacional dos
preços do café. Desembarcou no Rio de Janeiro, e, ao contrário de
outros europeus, que chegavam para recomeçar a vida no Brasil, Tor
trazia na bagagem um contrato que lhe garantia um salário mensal
de 1.500 coroas suecas, além de dez por cento do faturamento da
Holmberg, Bech & Co, subsidiária da sueca Transmarina Kompaniet
Aktibolag. Ainda em 1924, em 3 de outubro, a razão social foi alterada
para Sociedade Ericsson do Brasil Ltda., com um aumento do capital
para 300 contos de réis.
It was precisely in 1924 that Ericsson was officially established in Brazil. Among L.M. Ericsson’s
representative in Brazil was Holmberg, Bech & Co., which marketed various products and advertised
the phones made by the Swedish company. Holmberg was the representative of several German firms
as well as Sweden’s L.M. Ericsson, with offices located in São Paulo, at Rua Libero Badaró, 169; and
in Rio de Janeiro, at Rua São Pedro, 106. It was at the latter address where “Sociedade Geral de
Telephones L.M. Ericsson” was established, a company registered on January 7, 1924, with the goal
of exploiting telephony, telegraphy and activities related to electricity, import and export. The company
was established with a capital of 100 contos de réis, divided into twenty quotas, distributed among
partners Allemanna Telefononaktiebolaget L.M. Ericsson, with 19 quotas, and Tor Janér, with one.
	
Coming from a war-torn Europe, Tor Janér arrived in Brazil in 1920 to manage Holmberg, Bech &
Co., and found an unstable economic environment, caused by the fall in international coffee prices.
He landed in Rio de Janeiro, and, unlike other Europeans who came to start a new life in Brazil, Tor
carried in his suitcase a contract that assured him a monthly salary of 1,500 kronor, plus ten percent
of the revenues of Holmberg Bech & Co., a subsidiary of Sweden-based Transmarina Kompaniet
Aktibolag. Still in 1924, on October 3, the company name was changed to Sociedade Ericsson do
Brasil Ltda., with a capital increase to 300 contos de réis.
Lars Magnus Ericsson e sua esposa Hilda observam um telégrafo. Ela foi grande
incentivadora de Ericsson e trabalhou nos primeiros anos da empresa,1885
Máteria sobre a Ericsson publicada no jornal O Paiz, 16/06/1928
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19
Da estagnação do setor
de telecomunicações à
euforia dos anos JK
	 As sucessivas crises políticas e econômicas prolongaram-
se pelas décadas de 1930 e 1940, e, somadas às consequências
decorrentes da Segunda Guerra Mundial, o setor de telecomunicações
no país passou por um período de completa estagnação. A Ericsson
tinha dificuldades em vender mais centrais automáticas para estados
como São Paulo, Minas Gerais, Guanabara, Espírito Santo e Rio de
Janeiro, localidades controladas pela CTB. Nessa época, os únicos
fornecedores eram a Chicago Eletric Company e a Standard Eletric. A
falta de planejamento que vinha marcando o governo brasileiro desde
a década de 1930, refletiu-se, entre outros aspectos, no precário
processo de substituição de importações e nos desequilíbrios da
balança de pagamentos.
	 A mudança desse cenário e a retomada do crescimento
apontavam para a necessidade da eliminação dos pontos de
estrangulamento existentes em setores críticos que impediam o
desenvolvimento da economia. Para superar os entraves estruturais
e desobstruir os gargalos, era preciso planejar, modernizar, ousar,
e Juscelino Kubitschek (JK) reunia essas e outras qualidades e
características necessárias para governar o país. Elegeu-se presidente
em 1955, colocando em prática o seu Plano de Metas, cujo lema era “50
anos em 5” – 50 anos de progresso em 5 de realizações – que incluía
uma meta-síntese, a construção de Brasília, com sua transferência para
capital federal, seu grande desafio.
	 O clima de otimismo e esperança tomou conta do Brasil,
favorecendo a difusão da prosperidade econômica norte-americana
do pós-guerra, que propunha um novo modo de viver propiciado pela
produção maciça de bens de consumo. Dessa maneira, consolidou-se
a chamada sociedade urbano-industrial, com a consequente expansão
dos meios de comunicação, tanto no lazer como na informação, embora
ainda com um raio de ação local – o rádio cresceu substancialmente
no início da década, comemorou-se a chegada da televisão e houve
significativo aumento da publicidade.
	 A cena cultural também foi fortemente impulsionada pelo
entusiasmo gerado pelas possibilidades de se criar algo novo, com
novas formas de pensar e expressar o fazer artístico. O espírito otimista
que permeava o governo JK constituiu contexto fértil para renovações
artísticas e estéticas em todas as áreas – no cinema, as chanchadas
produzidas pela Atlântida, com seus atores consagrados pelo público; no
teatro, tanto produções de caráter popular como peças mais sofisticadas;
na música, o surgimento da bossa-nova, fortemente influenciada pelo
jazz americano.
	 Já no início dos anos 1950, a Ericsson havia participado,
em Ribeirão Preto, do grande evento de inauguração do serviço de
telefones automáticos e de todo o sistema de telefonia promovido pela
municipalidade. Além de políticos ilustres, esteve presente o sr. Wolf
Kantif, então diretor da empresa, que aproveitou a oportunidade para
anunciar a aquisição de uma grande área no município de São José dos
Campos, interior de São Paulo, destinada à instalação de uma fábrica
de material telefônico para, em pouco tempo, dar conta de atender as
necessidades do mercado brasileiro.
O projeto, de Oscar Niemeyer, apresentava as
mais modernas características arquitetônicas
e previa a utilização dos mais modernos
equipamentos.
De fato, no início dessa década, havia somente duas fábricas que
produziam apenas telefones, o que levou a Ericsson a optar por ter
fábrica própria para assegurar a meta de se tornar o grande fornecedor do
mercado nacional. Até então, os equipamentos para telefonia eram todos
importados, o que onerava a questão de divisas para o país e trazia sérias
questões de controle cambial.
FROM THE STAGNATION OF THE TELECOMMUNICATIONS SECTOR TO THE EUPHORIA OF
THE JK YEARS
The successive political and economic crises continued through the 1930s and 1940s, and along with
the consequences of World War II, the telecommunications sector in Brazil went through a period of
complete stagnation. Ericsson had difficulties in selling more automatic exchanges to states such
as São Paulo, Minas Gerais, Guanabara, Espírito Santo and Rio de Janeiro, locations that were
controlled by CTB. At that time, Chicago Electric Company and Standard Electric were the only
suppliers. The lack of planning that had marked the Brazilian government since the 1930s reflected
(among other things) the precarious process of import substitution and disequilibrium in the balance
of payments.
The change of this scenario and the resumption of growth indicated the necessity to get rid of existing
bottlenecks in critical sectors that prevented the development of the economy. To overcome the
structural barriers and clear up the bottlenecks, it was necessary to plan, to modernize, to dare, and
Juscelino Kubitschek (JK) had these plus other qualities and characteristics needed to govern the
country. He was elected president in 1955, putting into practice his Plan of Targets, whose motto was
“50 years in 5,” i.e., 50 years of progress in five years of accomplishments, which included a meta-
synthesis – the construction of Brasília – to transfer the federal capital, his greatest challenge.
A mood of optimism and hope took over Brazil, favoring the spread of U.S. economic prosperity of the
postwar period, which proposed a new way of living made possible by mass production of consumer
goods. Thus, the so-called urban-industrial society was consolidated, with the resulting expansion
of the media, both in leisure and information, although still with a local radius of action: radio grew
substantially in the early 1960s, the arrival of television was celebrated, and there was a significant
increase in advertising.
The cultural scene was also strongly driven by the enthusiasm generated by the possibilities of creating
something new, with new ways of thinking and expressing in the making of art. The optimistic spirit that
permeated the Kubitschek administration created fertile ground for artistic and aesthetic renovations in
all areas: in cinema, with the popular movies called chanchadas produced by Atlântida and its actors
enshrined by audiences; in theater, not only plebeian productions, but more sophisticated works as
well; and in music, with the rise of bossa nova – a style heavily influenced by American jazz.
In the early 1950s, Ericsson took part in the grand inauguration of the automatic telephone service and
the entire telephony system in the city of Ribeirão Preto, promoted by the municipal government. In
addition to illustrious politicians, the event was attended by Mr. Wolf Kantif, then-CEO of the company,
who took the opportunity to announce the acquisition of a large area in São José dos Campos, São
Paulo, for installation of a telephone equipment factory, in order to meet the needs of the Brazilian
market within a short time. The factory, designed by Oscar Niemeyer, featured the most modern
architectural characteristics and provided for the use of state-of-the-art equipment. In fact, earlier
that decade, there were only two factories that produced only telephones, which led Ericsson to opt
for having its own factory in order to assure the goal of becoming the major supplier of the domestic
market. Up to that time, all telephony equipment was imported, which burdened the matter of foreign
currency reserves for the country and brought serious issues of foreign currency exchange control.
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Nos primeiros anos da década de 1960, o setor de telecomunicações
continuava sofrendo a estagnação dos anos anteriores, com cerca de
1.000 companhias telefônicas enfrentando sérias dificuldades operacionais
e não dispondo sequer de estratégias de crescimento.
GROWTH MEANS CHANGES AND EXPANSION OF FACILITIES
In the early 1960s, the telecommunications sector was still suffering the stagnation of the previous years,
with roughly 1,000 telephone companies facing serious operational difficulties, and didn’t even have any
growth strategies.
LINHAS PARA A PAULICEIA – PRESENTE DE ANO-NOVO
“Neste ano os telefones falarão!”. Esse era o título de uma matéria do jornal O Estado de S. Paulo, de 31 de dezembro de 1968, num balanço
dos investimentos e necessidades da telefonia em São Paulo: “Até o fim do ano, os telefones funcionarão, ninguém vai mais ficar desesperado,
esperando que caia uma linha, os aparelhos não mais darão sinal de ocupado depois de discado o segundo número, as transferências de
telefones demorarão no máximo 20 dias, não haverá mais lista de espera para quem desejar um telefone e São Paulo contará com 136.950
linhas novas”.
Para liquidar o atraso de décadas no serviço telefônico de São Paulo, a CTB prometia que até o fim de 1969 o problema estaria resolvido e
o plano de expansão da rede, completo. A não renovação do antigo contrato (1926 a 1956) fez com que as baixas tarifas impossibilitassem a
expansão da rede, mas o novo plano de expansão, de 1965, previa tirar esse atraso. Até o final de 1968, somente um terço das estações haviam
sido instaladas e a porcentagem era de 7 telefones para cada 100 habitantes, índice baixo em termos mundiais – nos Estados Unidos a média
era de 50 aparelhos para 100 habitantes.
O fato é que o número baixo de pedidos em algumas regiões não compensava montar uma central, mas à medida que a urbanização acelerava,
esse número se multiplicava e justificava a instalação de novas centrais. Eram vários os motivos imprevisíveis do não funcionamento dos
telefones, como: média de ligações diárias por linha muito superior ao dimensionamento da rede; utilização de telefone por vizinhos que não
o possuíam; uso maior que o normal, maior a probabilidade de sinal de ocupado do telefone para o qual se discou; repetição de tentativas e
retirada do fone do gancho para aguardar linha sobrecarregavam os troncos e pioravam ainda mais a situação. E mais: as estações instaladas
para atender a zonas residenciais estavam se transformando em comerciais, e não tinham suporte para isso, como o caso, por exemplo, da
Avenida Paulista. Mas, o novo plano foi sendo executado com os ajustes necessários, aumentando o número de estações e de linhas, e a
cobrança de taxas a partir de determinado limite de ligações contribuiu para reduzir o número de ligações desnecessárias.
PHONE LINES FOR PAULICEIA – A NEW YEAR’S PRESENT
“This year the phones will speak.” This was the title of an article from the December 31, 1968 edition of the newspaper O Estado de S. Paulo, featuring a balance of investments and needs of telephony in
São Paulo: “By the end of the year, the phones will be working properly, no one will be desperate anymore, expecting the line to drop out, the phones will no longer give a busy signal after dialing the second
digit, phone transfers will take no more than 20 days, there will be no waiting list for those who want a phone line, and São Paulo will have 136,950 new lines.”
To settle the delay of decades in São Paulo’s telephone service, CTB promised that by the end of 1969 the problem would be solved and the network expansion plan would be complete. The non-renewal of
the old contract (1926-1956) made the low rates preclude any expansion of the network, but the new expansion plan of 1965 envisaged eliminating this lag. By the end of 1968, only one-third of the stations
had been installed, and the percentage was 7 telephones per 100 inhabitants, a low rate in global terms: in the United States the average was 50 phones for every 100 inhabitants.
The fact is that the low number of telephones in some regions meant that it wasn’t worth setting up an exchange, but as urbanization accelerated, that number multiplied and justified the installation of
new exchanges. There were several reasons for the unexpected malfunctioning of telephones, such as: average number of daily calls per line exceeding the network capacity; use of one’s telephone
by neighbors who didn’t have one; higher-than-normal use, higher likelihood of a busy signal; repeated attempts and the practice of taking the phone off the hook to wait for a line would overload trunk
lines and worsen the situation. Plus: stations installed to serve residential areas that were being transformed into commercial areas lacked the support for this, as was the case of Avenida Paulista, for
example. But the new plan was being carried out with the necessary adjustments, increasing the number of stations and lines, and the charging of rates starting at a particular limit of calls helped to
reduce the number of unnecessary calls.
Crescimento implica mudanças
e expansão das instalações
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	 Em 1967, a sede da Ericsson ainda estava instalada no Rio de
Janeiro, embora a empresa já mantivesse presença em São Paulo em
razão da abertura de uma filial na Rua Florêncio de Abreu, 42, em 1937.
A mudança para a terra da garoa de fato ocorreu com o fechamento de
um grande contrato com a CTB, quando vários departamentos foram
transferidos do escritório da capital fluminense, localizado na Avenida
Getúlio Vargas, 409, para instalações na Avenida Paulista, 2.202, que
ali se mantiveram funcionando até o final da construção do Centro
Ericsson, na Rua da Coroa, 500, na região hoje pertencente ao bairro
Vila Guilherme, zona Norte da cidade. Posteriormente, com a realização
de obras de urbanização e a construção do Terminal Rodoviário Tietê,
o trecho em que se encontra o prédio da Ericsson mudou de nome e o
endereço passou a ser Rua Maria Prestes Maia, 300.
	 Em São Paulo, passaram a ser feitos os projetos de engenharia
de instalação, conduzidos por engenheiros locais assistidos pela equipe
da L. M. Ericsson. Além do Departamento de Instalações, que visava à
formação dos quadros técnicos dos clientes para receber e operar as
centrais, o treinamento também foi ampliado, na medida em que ele
era a garantia oferecida aos clientes na operação e manutenção das
centrais. Assim, a fábrica de São José dos Campos foi ampliada para
atender às novas encomendas de expansão da rede telefônica de São
Paulo, e, em 1968, as novas instalações foram inauguradas, com a
presença do presidente da Ericsson Mundial.
	 Nessa mesma época, as áreas de instalação e teste de centrais
estavam sob responsabilidade do Departamento de Instalações,
gerido por Lars Abrahammson. Como o crescimento da atividade foi
muito rápido e não houve tempo de treinar técnicos locais, entre 1967
e 1973 a Ericsson teve que trazer pessoal experiente de todas as
partes do mundo. O número de contratados, de várias nacionalidades
e acompanhados de suas respectivas famílias, chegou a 150, de modo
que foi necessária a contratação de um gerente de pessoal poliglota.
In 1967, the Ericsson headquarters was still located in Rio de Janeiro, although the company was
already present in São Paulo with the opening of a branch office in 1937, at Rua Florêncio de Abreu,
42. The move to São Paulo actually occurred with the signing of a major contract with CTB, when
several departments were transferred from the Rio offices, located at Avenida Getúlio Vargas, 409,
to the property located at Avenida Paulista, 2202, which remained there until completion of Ericsson
Center, at Rua da Coroa, 500, in the area that is now part of the Vila Guilherme neighborhood, in
the North Zone. Later, with the completion of urbanization projects and construction of the Tietê Bus
Terminal, the section of street where the Ericsson building was located had its name changed, and the
address became Rua Maria Prestes Maia, 300.
In São Paulo, installation engineering projects got under way, conducted by local engineers assisted
by the L.M. Ericsson team. Aside from the Facilities Department, aimed at training the technical staff
of customers to receive and operate the exchanges, training was also expanded, as this was the
assurance offered to customers in the operation and maintenance of the telephone exchanges. Thus,
the factory in São José dos Campos was enlarged in order to meet new orders for expansion of the
telephone network in São Paulo, and in 1968, the new facilities were inaugurated at an event attended
by the president of Ericsson Worldwide.
At this same time, the areas of installation and testing of exchanges were under the responsibility
of the Facilities Department, managed by Lars Abrahammson. As was activities grew very fast and
there was not enough time to train local technicians, between 1967 and 1973 Ericsson had to bring
in experienced personnel from around the world. The number of contractors – of various nationalities
and accompanied by their families – reached 150, such that it was necessary to hire a multilingual
personnel manager.
Sede da Ericsson, localizada na Av. Paulista, 2202 no período de 1968-1970
Construção do Centro Ericsson, São Paulo, 1969
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Operários na saída da fábrica da Ericsson, em São José dos Campos, 1961
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24
Expansão exige
investimentos
	 Os volumosos contratos de expansão da rede firmados
entre a Ericsson e a CTB para a cidade de São Paulo, naturalmente
implicaram também na necessidade de ampliar os serviços técnicos e
administrativos da Ericsson, confirmando a decisão de transferência
da empresa do Rio de Janeiro para São Paulo. Assim, a nova sede
ficaria mais próxima da fábrica de São José dos Campos e também do
local onde se concentrava a maior parte das operações da empresa.
Ao perceber que o número de contratos estava crescendo, a empresa
decidiu pela construção do Centro Ericsson, na zona norte de São
Paulo. A construção foi iniciada em 1968 e a inauguração ocorreu em
dezembro de 1970.
	 O Centro Ericsson foi construído para abrigar a administração
e as demais áreas da empresa, no auge da entrada no mercado de
turmas de engenheiros eletricistas e engenheiros eletrônicos, sendo
necessário que esses novos profissionais adquirissem conhecimentos
específicos de telecomunicações. Possuía uma área construída
de 25.000 metros quadrados, equipado com PABX de 600 ramais e
40 troncos, mas com capacidade para até 9.000 ramais, o maior da
América do Sul.
	 Nessas intalações também funcionava o Centro deTreinamento
Técnico, uma verdadeira escola de telecomunicações que preparava,
simultaneamente, 150 alunos, abrigando ainda laboratórios de línguas,
pesquisa e desenvolvimento de produtos, além de auditório para 120
lugares dotado de aparelhagem de transmissão simultânea. O Centro
contava com oficinas para revisão de equipamentos, depósitos de
materiais e de componentes de equipamentos da CTB.
	 As tendências altamente positivas do mercado brasileiro de
telecomunicações, somadas à avançada tecnologia dos produtos
Ericsson, resultaram num plano de expansão da empresa para o
período que se estenderia até o início dos anos 1980 e incluía vultosos
investimentos em infraestrutura, recursos tecnológicos e produtos.
A expansão também contou com a aquisição, em 1973, de um novo
edifício, de aproximadamente 4.000 metros quadrados, no bairro de
Santo Amaro, na cidade de São Paulo, destinado à instalação do
Centro de Treinamento da empresa, e a compra de mais um terreno
de 20.000 metros quadrados, localizado na própria sede do Centro
Ericsson, para ampliação dos laboratórios e escritórios. Investimentos
foram igualmente direcionados para ampliação da fábrica de São José
dos Campos em aproximadamente 8.000 metros quadrados, sendo
que os 48.000 metros quadrados de área já construída contavam
com melhorias das instalações destinadas a escritórios, maquinário e
laboratórios.
	 Desde 1971 as ações da Ericsson no Brasil haviam sido
colocadas à venda e passaram a ser negociadas na Bolsa de Valores
de São Paulo. Uma parte das ações foi vendida aos funcionários a
EXPANSION DEMANDS INVESTMENTS
Of course the extensive contracts of network expansion signed between Ericsson and CTB for the
city of São Paulo also made it necessary to expand Ericsson’s technical and administrative services,
confirming the decision to transfer the company from Rio de Janeiro to São Paulo. Thus, the new
headquarters would be closer to the factory in São José dos Campos and also to the place where most
of the company’s operations were concentrated. Realizing that the number of contracts was growing,
the company decided to build Ericsson Center, in São Paulo’s North Zone. Construction got under way
in 1968 and the grand opening took place in December 1970.
Ericsson Center was built to house the administration and other areas of the company, at the exact
moment where innumerable graduating classes of electrical engineers and electronics engineers
were entering the market, being necessary for these new professionals to acquire expertise in
telecommunications. The Center had an overall constructed area of 25,000 square meters, equipped
with a 600-extension PBX system and 40 trunk lines, but with capacity for up to 9,000 extensions, the
largest such system in South America.
At these facilities also functioned the Technical Training Center, a true school of telecommunications
that simultaneously prepared 150 students, also featuring language laboratories, product R&D, and
a 120-seat auditorium complete with simulcast equipment. The Center had workshops for reviewing
equipment, and storage facilities for CTB equipment materials and components.
The highly positive trends of the Brazilian telecommunications market, along with the advanced
technology of Ericsson products, resulted in a company expansion plan over a period that would extend
up to the early 1980s and include significant investments in infrastructure, technological resources and
products. The expansion also included, in 1973, acquisition of a new building measuring roughly
4,000 square meters in the Santo Amaro neighborhood in São Paulo, for installation of the company’s
Training Center, plus the purchase of another 20,000-square-meter property located adjacent to
Ericsson Center, for expansion of laboratories and offices. Investments were also earmarked for
expansion of the plant in São José dos Campos by around 8,000 square feet, and all 48,000 square
meters of constructed area received improvements in facilities used for offices, machinery and
laboratories.
Since 1971, shares of Ericsson Brasil have been listed and traded on the São Paulo Stock Exchange.
A portion of the shares was sold to employees at a special price and with installment payments. As a
publicly traded company, Ericsson could then enjoy some of the advantages conferred to companies
of this category, resulting in the signing of sizeable contracts. In 1973, facing the clear need to increase
production in Brazil, the company approved a new expansion plan and immediately began to build
five new factories: three in Eugênio de Melo, a district of São José dos Campos; one in Paraisópolis,
Minas Gerais; and a fifth unit in Caxias do Sul, Rio Grande do Sul.
preço especial e com pagamento parcelado. Como empresa de
capital aberto, a Ericsson pôde então usufruir de algumas vantagens
conferidas a empresas dessa categoria, resultando na assinatura de
vultosos contratos.
Em1973,diantedaclaranecessidadedeampliar
sua produção no país, a empresa homologou
um novo plano de expansão e iniciou
imediatamente a construção de cinco novas
fábricas: três em Eugênio de Melo, distrito
de São José dos Campos; uma em Paraisópolis,
Minas Gerais; e uma quinta unidade em Caxias
do Sul, no Rio Grande do Sul.
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25
A nacionalização
do setor de
telecomunicações e a
criação da Matel
	 As dificuldades enfrentadas para resolver os problemas que
continuavam a assombrar as operadoras urbanas para garantir aos
usuários uma prestação de serviço satisfatória levaram o Ministério
das Comunicações, criado em 1967, a propor uma nova estrutura
para o setor. Foi então criada, em julho de 1972, a Telecomunicações
Brasileiras (Telebras), uma sociedade de economia mista, que seria
a grande prestadora estatal dos serviços de telecomunicações, com
qualidade, diversidade e quantidade suficiente de linhas, tendo como
missão contribuir para o desenvolvimento econômico e social do país.
Entre as tantas mudanças impostas pela estatal, uma das mais
radicais foi a exigência de maior autonomia das multinacionais aqui
instaladas em relação às suas matrizes, visando não só estimular a
capacitação local para a elaboração e execução de projetos como
gerar uma tecnologia nacional, tendo em vista a nacionalização
crescente dos materiais e equipamentos. Isso privilegiou a engenharia
nacional, pois os fabricantes viram-se forçados a seguir tais diretrizes
para obter os certificados de qualidade e homologação do chamado
“Padrão Telebras”.
	 Os cursos de engenharia eletrônica e de telecomunicações
multiplicaram-se rapidamente, acompanhando e suprindo a instalação
de novas fábricas, e os profissionais iam sendo rapidamente absorvidos
pela indústria, em especial as concessionárias, que puderam aumentar
seus quadros de planejamento técnico, engenharia e operação de
serviços. Mas a compra das empresas pela Telebras pautou-se
pela divisão regional do mercado, pela qual os fabricantes podiam
participar com cotas preestabelecidas e assim planejar suas linhas de
produção. Ao mesmo tempo, a Telebras pretendia evitar que a política
de mercados cativos não conduzisse a preços, prazos e padrões de
qualidade inaceitáveis.
	 O governo decidiu então que o apoio ao desenvolvimento
tecnológico das telecomunicações transcendia esse campo, por
estar ligado ao estabelecimento da base estratégica integralmente
nacional da informática, uma vez que a vanguarda da nova indústria
nos países desenvolvidos foi justamente a microeletrônica aplicada
às telecomunicações. Mesmo assim, o setor de telecomunicações
crescia, mas continuava relativamente sem planejamento, ineficiente
e com uma estrutura fragmentada.
	 Nesse contexto, o acelerado desenvolvimento das
telecomunicações levou o governo a adotar uma política que, entre
outras diretrizes, obrigou as multinacionais a se associarem a grupos
financeiros brasileiros que, por lei, passariam a deter maior capital
votante. E, a partir de 1975, o Ministério das Comunicações passou
a exigir a identificação e o uso das fontes nacionais de tecnologia,
bem como o início imediato do desenvolvimento de centrais digitais,
seguindo especificações técnicas feitas pelos engenheiros da Telebras.
Finalmente, em 1978, o Ministério das Comunicações passou a
coordenar a redução das importações e impor a nacionalização dos
componentes e matérias-primas dos equipamentos.
	 Em 1979, a L. M. Ericsson, que já no governo JK havia iniciado
a fabricação de equipamentos, atendendo ao objetivo do governo de
criar uma indústria de telecomunicações com tecnologia própria e
controlada por acionistas brasileiros, transferiu 51% do capital votante
da Ericsson para a Matel, formada pelos grupos Monteiro Aranha e
Atlântica Boa Vista, empresas de capital exclusivamente nacional.
Não obstante, manteve significativa participação acionária e continuou
fornecendo todo o seu know-how à nova empresa. Pode-se dizer,
portanto, que
o que levou a Ericsson à nacionalização foi
a confiança na política de telecomunicações
que estava sendo conduzida pela Telebras.
Na verdade, a nacionalização da Ericsson, quando a empresa já
comemorava 55 anos de Brasil, foi apenas a formalização de um status
que ela já tinha: o de ser uma empresa brasileira.
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NATIONALIZATION OF THE TELECOMMUNICATIONS SECTOR AND THE CREATION OF MATEL
The difficulties faced in solving the problems that continued to haunt the urban carriers to assure
the provision of satisfactory service to users led the Ministry of Communications, created in 1967,
to propose a new framework for the sector. Accordingly, in July 1972 Telecomunicações Brasileiras
(Telebras) was created, a mixed-economy (part state-owned, part privately-owned) company,
which would be the great state-run provider of telecommunications services, with quality, diversity
and sufficient number of lines, with the mission to contribute to the nation’s economic and social
development.
Among the many changes imposed by the state-run corporation – and one of the most radical –
was the demand for greater autonomy of the multinationals installed here in relation to their parent
companies, aiming not only to stimulate local empowerment for the development and implementation
of projects but also to generate domestic technology, in view of the growing nationalization of materials
and equipment. This favored Brazilian engineering, because manufacturers were forced to follow such
directives in order to obtain certificates of quality and approval of the so-called “Telebras Standard”.
Courses in electronic engineering and telecommunications rapidly multiplied, keeping up with and
supplying the installation of new factories, and the professionals were being rapidly absorbed by the
industry, particularly the concessionaires, which were able to increase their staffs in areas such as
technical planning, engineering and operation of services. But the purchase of companies by Telebras
was guided by regional division of the market, whereby manufacturers could participate with pre-
established quotas and plan their production lines accordingly. At the same time, Telebras intended to
prevent the policy of captive markets from leading to unacceptable prices, terms and quality standards.
The government then decided that supporting the technological development of telecommunications
transcended this field because it is linked to the establishment of an integrally national strategic
base of Informatics, since the cutting edge of new industry in developed countries was precisely
microelectronics applied to telecommunications. Even so, the telecommunications sector grew, but
remained without appropriate planning, inefficient, and with a fragmented structure.
In this context, the accelerated development of telecommunications led the government to adopt a
policy that, among other directives, forced the multinationals to join Brazilian financial groups that,
by law, would detain the majority of voting capital. In 1975, the Ministry of Communications started
demanding the identification and use of national sources of technology, as well as the immediate start
of development of digital telephone exchanges, following technical specifications made by Telebras
engineers. Finally, in 1978, the Ministry of Communications began coordinating the reduction of
imports and imposing the nationalization of components and raw materials of the equipment.
In 1979, L.M. Ericsson, which had begun manufacturing equipment back in the Kubitschek
administration, abiding by the government’s objective of creating a telecommunications industry with
Brazilian technology and controlled by Brazilian shareholders, transferred 51% of the voting capital
of Ericsson to Matel, formed by the Monteiro Aranha Group and the Atlântica Boa Vista group –
companies with exclusively domestic capital. Nevertheless, it maintained a significant stake and
continued to provide know-how to the new company. One can therefore say that what led Ericsson to
nationalization was its confidence in telecommunications policy that was being conducted by Telebras.
In fact, the nationalization of Ericsson, as the company had been in Brazil for 55 years then, was
merely a formalization of a status it already had: that of being a Brazilian company.
MAIS BRASILEIRA DO QUE
NUNCA
Em anúncio publicado no jornal Folha de S. Paulo, em 7
de agosto de 1979, a Ericsson ressaltava as vantagens da
transferência de 51% do seu capital para a Matel, formada
pelo Grupo Monteiro Aranha e pela Atlântica Boa Vista,
empresas de capital exclusivamente nacional. O texto
comemorativo destacava a comprovação da confiança na
política de comunicações da Telebras e da preocupação
constante com qualidade e eficiência dos serviços. Enfatizava,
ainda, o investimento em pesquisa, engenharia, implantação,
fabricação e assistência técnica permanente, além de mais
de 6.000 colaboradores envolvidos nesse processo como
diferenciais que garantiam a milhões de brasileiros a excelência
dos produtos e equipamentos produzidos pela “maior empresa
de telecomunicações” do país.
MORE BRAZILIAN THAN EVER
In an article published in the newspaper Folha de S. Paulo on August 7, 1979, Ericsson
stressed the advantages of transferring 51% of its capital to Matel, comprised of the
Monteiro Aranha Group and Atlântica Boa Vista Group, companies comprised exclusively
by domestic capital. The commemorative text highlighted the proof of Ericsson’s confidence
in Telebras’ communications policy and the constant concern for quality and efficiency
of services. It also emphasized the investments in research, engineering, deployment,
manufacturing and ongoing technical assistance, plus over 6,000 employees involved in
this process as distinguishing features that assured millions of Brazilians excellence of
products and equipment produced by the nation’s “largest telecommunications company”.
Projeto de desenvolvimento da placa de circuito
impresso para produtos Ericsson fabricados no Brasil
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27
A nacionalização da
produção brasileira
	 O clima de euforia propiciado pelo desenvolvimento econômico
dos anos 1970 foi aos poucos arrefecendo, ficando cada vez mais
evidente a inflação crescente e o aumento do custo de vida e da
pobreza. Assim, na década de 1980, esse modelo se esgotou, e a piora
do cenário sócioeconômico acabou por reverter o ritmo acelerado do
desenvolvimento do setor de telecomunicações.
	 O Sistema Telebras transformou-se num conjunto de
operadoras sem capacidade de investimento, com uma oferta de
serviços muito aquém das necessidades do país, acarretando
significativo aumento da demanda reprimida e indicando claramente o
esgotamento do sistema monopolista estatal. A prestação de serviços
continuava precária, tanto para os usuários domésticos como para os
corporativos, com problemas de congestionamento e falta de linhas,
e a escassez de recursos resultante das restrições impostas pelo
governo federal ao setor público refletia-se diretamente na questão dos
financiamentos, obrigando o setor de telecomunicações a estruturar no
mecanismo de autofinanciamento sua necessidade de expansão. 	
	 Os novos assinantes, ao encomendarem a linha telefônica,
eram compelidos a comprar ações da Telebras ou de suas subsidiárias,
pagando altos valores pelas novas linhas, o que gerou um mercado
paralelo de telefones, com as linhas sendo comercializadas a peso de
ouro. Ficava clara a necessidade de uma nova mudança, sobretudo
por se tratar de infraestrutura diretamente ligada à competitividade de
outros setores.
	 Nas empresas, os sinais da crise já eram evidentes no nível
de ociosidade das fornecedoras do Sistema Telebras e na suspensão
da produção das indústrias de cabos telefônicos. As fabricantes
de equipamentos para telefonia, entre as quais estava a Ericsson,
funcionavam com cerca de 50% de sua capacidade, sendo que as
menores até com 80%.
	 Um quadro lastimável, decorrente dos sucessivos cortes na
Telebras e da apropriação dos recursos gerados na área que deveriam,
mas que não foram aplicados no próprio setor. Na verdade, esse
declínio na aplicação dos recursos vinha ocorrendo desde meados da
década anterior: dos mais de um milhão de terminais contratados pela
Telebras em 1974, esse número oscilou e registrou perdas substanciais,
chegando em 1980 a apenas 350.000 terminais contratados.
	 Mas nem tudo foram trevas. O país registrou conquistas, sem
dúvida, atribuídas ao avanço tecnológico. A meta de integrar de fato
o território brasileiro foi finalmente alcançada em 1985/1986, com o
lançamento dos satélites de comunicações BrasilSat-I e BrasilSat-II.
Em 1987 foram iniciados os estudos para implantação da telefonia
móvel, com inauguração do primeiro sistema analógico dois anos
NATIONALIZATION OF BRAZILIAN PRODUCTION
The euphoria brought on by the economic development of the 1970s was gradually wearing off, with
growing inflation and the rising cost of living and poverty rates becoming increasingly evident. Thus,
by the 1980s, this model was depleted, and the worsening of the socio-economic scenario ended up
reversing the rapid pace of development in the telecommunications sector.
The Telebras System was transformed into a set of carriers with no capacity for investment, with an
offer of services far below the country’s needs, resulting in significant increase in pent-up demand
and clearly indicating the depletion of state monopoly system. The service supply was still precarious
for both residential users and businesses, with problems of congestion and shortage of lines, and
the scarcity of resources resulting from the restrictions imposed by the federal government to the
public sector was reflected directly on the issue of financing, forcing the telecommunications sector to
structure its need for expansion on mechanisms of self-financing. New subscribers, when ordering a
phone line, were compelled to buy shares of stock of Telebras or its subsidiaries, paying high amounts
for new lines, which generated a parallel telephone market, with lines being sold for their weight in
gold. There was a clear need for a new change, especially since this was a matter of infrastructure
directly linked to the competitiveness of other sectors.
At businesses, the signs of the crisis were already evident in the level of idleness of suppliers to the
Telebras System and the suspension of production of telephone cables industries. The manufacturers
of telephone equipment, including Ericsson, were working at about 50% capacity, and the smaller
ones, at around 80%.
An unfortunate situation, resulting from the successive cutbacks at Telebras and the appropriation of
resources generated in the area where they should have been invested in the sector itself, but were
not. In fact, this decline in investment of resources had been occurring since the middle of the previous
decade: of the over one million terminals contracted by Telebras in 1974, this number fluctuated and
recorded substantial losses, reaching 1980 with only 350,000 terminals contracted.
But all was not bleak. The country recorded achievements, undoubtedly attributed to technological
breakthroughs. The goal of actually integrating all Brazilian territory was finally achieved in 1985/1986,
with the launch of the communications satellites BrasilSat-I and BrasilSat-II. In 1987 studies were
initiated for the deployment of mobile telephony, with the inauguration of the first analog system
two years later. Telebras – in partnership with CPqD and other research centers and universities
– developed digital switching exchanges, high-capacity multiplex equipment, fiber optics, data
communication systems, and the inductive card system for public telephones, all products linked to
cutting-edge technologies. Ericsson also believed in the promising signs of that time and acquired,
from Gradient, a factory in the state of Amazonas, to produce all types of handsets of its line, from
1985 on.
depois. A Telebras, em parceria com o CPqD e outros centros de
pesquisa e universidades, desenvolveu as centrais de comutação
digital, os equipamentos multiplex de alta capacidade, a fibra óptica, os
sistemas de comunicação de dados e o sistema de cartão indutivo para
telefone público, produtos vinculados a tecnologias de ponta.
A Ericsson também acreditou nos sinais
promissores desse momento e adquiriu
da Gradiente uma fábrica no Estado do
Amazonas, para produção, a partir de junho
de 1985, de todos os tipos de aparelhos
telefônicos de sua linha.
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A Ericsson em
harmonia com
a Lei de Informática
	 O pioneirismo da Ericsson confirmava-se pela sua estratégia
de atuação e competitividade, calcada no tripé tecnologia, padrão de
qualidade e fabricação nacional. Os sistemas desenvolvidos tinham
ampla aceitação mundial e no Brasil, confirmando a excelência dos
serviços prestados. No início dos anos 1980 a Ericsson empregava
10% de seu efetivo, desde o processo de fabricação até a aprovação
do produto acabado.
	 E a nacionalização da sua produção garantiu custo e preço
final menores, com a substituição da importação de componentes
de elevada tecnologia pela produção local de peças similares,
sem prejuízo aos padrões de tecnologia e qualidade. Por outro
lado, o caráter coercitivo da produção local pela proibição das
importações também resultou em produtos mais caros, caso dos
processadores centrais.
	 Para adaptar-se à lei da informática no contexto da
nacionalização de sua produção, em 1987 a Ericsson incorporou
vultoso montante de seu patrimônio ao capital da Matel Tecnologia de
Teleinformática – Matec, de origem nacional, sendo 80% controlado
pelos grupos Monteiro Aranha e Bradesco e 20% em Bolsa. A Matec
atuou num mercado já disputado por outras empresas, mas contava
com o suporte da rede de filiais da Ericsson em todo o Brasil. O
MD 110 da Matec – um PABX de grande porte – foi adquirido pela
Petrobras. Vale dizer que a consolidação do MD110 no Brasil foi fruto
da iniciativa empresarial dos grupos Monteiro Aranha e Bradesco, com
transferência de tecnologia da Ericsson para formar a Matec, empresa
de capital aberto, totalmente enquadrada na política industrial do
governo brasileiro.
ERICSSON IN HARMONY WITH THE INFORMATICS ACT
Ericsson’s pioneering spirit was confirmed by its business strategy and competitiveness, based on
the tripod of technology, quality standards, and domestic manufacturing. The systems developed had
wide acceptance worldwide and in Brazil, confirming the excellence of the services provided. In the
early 1980s, Ericsson used 10% of its staff, from the manufacturing process to approval of the finished
product.
And the nationalization of its production guaranteed lower cost and final price, with the substitution
of imported high-tech components for local production of similar parts, without prejudice to the high
standards of technology and quality. On the other hand, the coercive character of local production due
to the ban on imports also resulted in more expensive products, as in the case of central processors.
To adapt to the Informatics Act in the context of nationalization of its production, in 1987 Ericsson
merged a sizable amount of its shareholder equity into the capital of Matel Tecnologia de
Teleinformática – Matec, of domestic origin, with 80% controlled by the Monteiro Aranha Group and
Bradesco Group, and 20% traded on the stock exchange. Matec acted in a market already disputed by
other companies, but had the support of Ericsson’s network of branches throughout Brazil. Matec MD
110 – a large PBX system – was acquired by Petrobras. It’s worth mentioning that the consolidation of
MD 110 in Brazil was the result of a business initiative of the Monteiro Aranha and Bradesco groups,
with transfer of technology from Ericsson to comprise Matec, a publicly traded company, totally framed
within the Brazilian government’s industrial policy.
Prensa de 500 toneladas para estampagem
progressiva de peças de grande porte. Parque
Industrial Eugênio de Melo
Montagem de circuitos integrados em cartões
de circuito impresso. Parque Industrial
Eugênio de Melo
Mesa de teclas para circuito universal de linha
(BL, BC, RD, tronco de registro), década de 1980
Aplicação de microprocessadores em controle
e simulação de sistemas eletrônicos no
Laboratório de Desenvolvimento, localizado no
Centro Ericsson, em São Paulo
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Privatização do
setor, mudanças de
estratégias da empresa
	 Naprimeirametadedadécadade1990,asempresasdoSistema
Telebras não tinham sequer capacidade para atender aos planos de
expansão, apesar de serem financiadas pelo próprio adquirente da
linha telefônica. Mesmo com tarifas extremamente baixas, o custo para
aquisição de linhas era pouco acessível à população mais pobre. Essa
situação modificou-se em 1995, com a abertura do setor brasileiro de
telecomunicações à participação de capitais privados, um programa
de investimentos do governo que visava transformar o setor brasileiro
de telecomunicações em agente efetivo do desenvolvimento do país,
estimulando a produtividade nacional e assegurando a universalização
do acesso aos serviços de comunicações.
	 A partir de 1991, a Ericsson passou a implementar mudanças
compatíveis com a nova realidade do mercado, livre da intervenção
governamental e de protecionismos, mas condicionada aos requisitos
de maior produtividade e desenvolvimento tecnológico. Atenção,
recursos e criatividade foram empregados nesse sentido, com a adoção
de várias medidas fundamentais para o cumprimento da sua missão:
fornecer soluções e meios (produtos e serviços) de alta qualidade e
tecnologia aos seus clientes.
	 As novas tecnologias e suas aplicações passaram também
a exigir maior eficiência e volume de recursos para os serviços pós-
vendas, que constituem seu diferencial entre os competidores.
Assim, o Projeto Ericsson 90 foi totalmente implantado, concentrando
os esforços e recursos da empresa nas áreas de sua vocação e
competência, bem como transferindo para terceiros tarefas que não
eram de sua especialização, o que gerou, entre outros resultados
satisfatórios, melhoria na comunicação interna.
	 Nesse período, no embalo do desenvolvimento da tecnologia
do setor, em que a empresa manteve-se na dianteira das inovações,
o Centro de Treinamento transferiu suas atividades de Santo Amaro,
em São Paulo, para uma área em São José dos Campos, na fábrica
de Eugênio de Melo, onde já haviam sido feitas a ampliação e a
modernização das salas de aula e registrados 141.000 alunos/horas,
sendo 21.000 para telefonia celular.
PRIVATIZATION OF THE SECTOR, CHANGES IN BUSINESS STRATEGIES
In the first half of the 1990s, companies of the Telebras system didn’t even have the capacity to meet
the expansion plans, despite being financed by the very purchasers of the telephone lines.
Even with extremely low rates, the cost to acquire phone lines was hardly accessible to the lower-
income population. This situation changed in 1995 with the opening of the Brazilian telecommunications
sector to private capital, an investment program of the government that aimed to transform the
Brazilian telecommunications sector into an effective agent in the nation’s development, stimulating
domestic productivity and assuring universal access to communication services.
Starting in 1991, Ericsson began to implement changes compatible with the new market realities,
free of government intervention and protectionism, but conditioned to the requirements of higher
productivity and technological development. Attention, resources and creativity were used toward this
end, with the adoption of several key measures to fulfill its mission: providing costumers with high-
quality and high-technology solutions and means (goods and services).
The new technologies and their applications also began to demand greater efficiency and volume of
resources for post-sales services, which constitute the distinguishing factor among the competitors.
Thus, Project Ericsson 90 was fully deployed, concentrating the company’s efforts and resources in
the areas of its vocation and competence, as well as outsourcing tasks that were not of its expertise,
which generated, among other satisfactory results, improved internal communication.
During this period, the momentum of the technological development in the sector, in which the
company remained at the forefront of innovation, the Training Center transferred its activities from
Santo Amaro, São Paulo, to an area in São José dos Campos, at the Eugênio de Melo factory, where
classrooms had already been expanded and modernized, and 141,000 student/hours were logged, of
which 21,000 hours were in the field of mobile telephony.
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Ericsson: 90 Anos de Brasil
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Ericsson: 90 Anos de Brasil

  • 1.
  • 6. Sumário A PRESENÇA DA ERICSSON NAS TELECOMUNICAÇÕES DO BRASIL INSTALAÇÃO NO BRASIL E EXPANSÃO SEM TRÉGUAS: A PRODUÇÃO INDUSTRIAL 19. A chegada da Ericsson ao Brasil 21. Da estagnação do setor de telecomunicações à euforia dos anos JK 22. Crescimento implica mudanças e expansão das instalações 26. Expansão exige investimentos 27. A nacionalização do setor de telecomunicações e a criação da Matel 29. A nacionalização da produção brasileira 30. A Ericsson em harmonia com a Lei de Informática 31. Privatização do setor, mudanças de estratégias da empresa 32. Rumo ao novo milênio 34. Horizontes sem fronteiras NA VANGUARDA DA INOVAÇÃO: INFRAESTRUTURA E TECNOLOGIA 38. A urgência de uma política nacional para as telecomunicações 39. Ericsson, Embratel e DDD diminuindo distâncias 42. A tecnologia AXE 43. Telefonia móvel: o grande salto 46. Tecnologia e sociedade: inclusão digital na Amazônia 47. A cidade digital: sintonia com a sustentabilidade 50. A união da academia com o setor industrial: a pesquisa científica EFICIÊNCIA DE MERCADO E EXCELÊNCIA DE PRODUTOS E SERVIÇOS 54. Rumo ao Norte e ao Nordeste do país 56. Ericsson e CTB 57. Soma de esforços, multiplicação de serviços 58. Crossbar – tecnologia Ericsson no compasso do desenvolvimento industrial 61. A institucionalização do setor de telecomunicações 62. Políticas públicas, grandes contratos 63. Os anos do Milagre Brasileiro 67. Ericsson Telecomunicações: a caminho do futuro 68. Explosão da demanda, expansão de produtos e serviços 70. Fusões e aquisições: a criação da Sony Ericsson 71. 2000: conquistas do novo milênio 73. Conectar pessoas, empresas e a sociedade miolo_90anos_071014.indd 5 07/10/14 01:03
  • 7. 6 Prefácio É impossível dissociar a história da Ericsson da história do Brasil. No fim do século XIX, a empresa já fazia fortes aproximações na direção do mercado brasileiro e da América Latina. O potencial desse maravilhoso país fez com que em 1924 decidíssemos criar uma história conjunta e própria entre o Brasil e a empresa. Isso nos faz pensar nestes 90 anos de presença local, no caminho que percorremos até aqui, nos muitos desafios que enfrentamos, vitórias que alcançamos, conquistas que comemoramos. Hoje é fácil enxergar o Brasil conectado a dois bilhões de pessoas, máquinas ou coisas em 2020, mas a tecnologia necessária para essas conexões não pode andar sem as pessoas e a competência exigida. Como num trabalho em equipe na execução de uma tarefa, isso nos dá a certeza de criar ambições ainda maiores para o país. O longo prazo é mandatório em nossa história, seja voltada ao Brasil, seja voltada para a Ericsson. A Sociedade Conectada vai unir ainda mais as pessoas com o já disseminado e básico serviço de voz, os pacotes de dados, que estarão cada vez mais nas mãos dos brasileiros, além de uma capacidade de vídeo que irá além do que podemos imaginar em 2014. Já demos início à tecnologia 4K, mas ainda temos espaço para GSM, o HSPA e o próprio LTE, ainda em implementação, mas que já pode ser experimentado pelos consumidores. Estamos falando de serviços de valor agregado, que contarão com voz – hoje mais de 50% das receitas dos operadores –, dados (o presente/futuro) e vídeo – este deve ser 90% do tráfego. A quantidade de informação que passa pelas redes de telecomunicações demanda, cada vez mais, melhor qualidade de serviço, mais eficiência e nos coloca, definitivamente, no caminho do 5G, tecnologia em relação à qual mantemos parceria de desenvolvimento aqui mesmo no Brasil. Os operadores hoje precisam da agilidade em seus negócios, que é resultado da agilidade das redes, dos serviços e, obviamente, do próprio cliente. Conectar clientes no Brasil continua a ser nossa missão, mesmo 90 anos depois do singelo encontro entre Lars Magnus Ericsson e D. Pedro II. Demonstramos por meio desta publicação que um gesto empreendedor e visionário de um homem, já apaixonado por inovação, firmou o Brasil como celeiro de oportunidades a serem exploradas por pesquisadores, técnicos, doutores, engenheiros e formadores de opinião loucos por tecnologia. Afinal, quando uma pessoa se conecta, seu mundo muda. Quando tudo se conecta, o mundo muda. Somos uma família grande, com mais de 5.000 colaboradores espalhados por todo o país, que acreditam ter um coração azul: amamos a ideia de transformar a vida das pessoas, o meio em que elas estão inseridas, o cenário em que criarão seus filhos. É a Sociedade Conectada dos dias de hoje. Quando nos sentamos para escolher as fotos que ilustrariam essa história, deparamo-nos com o Rio de Janeiro de 1920, os bondes, as telefonistas e aqueles imensos aparelhos que ocupavam paredes inteiras, isso sem contar a quantidade imensurável de cabos ligando pessoas, famílias, matando saudades, aproximando distâncias. Sendo a única empresa do setor que mantém aqui uma fábrica desde 1955, reafirmamos nosso compromisso com o país de forma ininterrupta. Orgulhamo-nos do nosso Centro de Inovação e Pesquisa, que, por meio de atuação moderna e arrojada, adota a Inovação Aberta como ponte de relacionamento com universidades e institutos de pesquisa. São quarenta anos dedicados a essa área e quase cinquenta patentes já requeridas em órgãos competentes, o que nos coloca em destaque frente a outros países no mercado global. Somos conhecidos por sermos criativos, habilidosos, inovadores e, principalmente, flexíveis, quando se trata de desenvolvimento de software e soluções para TIC. Não é de admirar que esse reconhecimento se reflita também nos números: hoje o Brasil é o maior mercado individual da empresa na América Latina. Em 2010, a Ericsson reorganizou sua estrutura mundial, colocando todas as unidades da empresa para atuar de forma regional. Com isso, das 23 unidades existentes à época, passou a ser representada por 10 regiões no mundo e o Brasil deixou de ser uma subsidiária para tornar-se sede da empresa na América Latina. A importância do país é tão grande que a unidade brasileira é responsável pela exportação de equipamentos para todos os mercados da América Latina. O que esperamos com este livro é registrar uma parte de tudo que já construímos até aqui, porque nos sentimos honrados e cheios de orgulho por escrevermos uma história tão rica e cheia de vida. Mas nosso intuito também é marcar nossa história dentro da própria história. E, ao comemorar 90 anos, não queremos apenas recordar as sólidas conquistas, mas dar um presente para esse país que tanto amamos e do qual escolhemos fazer parte, ajudando a fortalecê-lo todos os dias. A Sociedade Conectada produz progresso econômico, social e ambiental significativo para milhões de pessoas. Eu faço parte desse cenário e quero continuar fazendo ainda por muito mais tempo. E você? Sergio Quiroga da Cunha Presidente da EricssonAmérica Latina, apaixonado pela Ericsson Brasil e por todos os benefícios de uma sociedade totalmente conectada miolo_90anos_071014.indd 6 07/10/14 01:03
  • 8. 7 PrefACE It’s impossible to dissociate the history of Ericsson from the history of Brazil. By the late nineteenth century, the company was already forging strong ties with the Brazilian and Latin American markets. The potential of this wonderful nation meant that, in 1924, we decided to create a joint and unique history between the company and Brazil. This makes us think about these 90 years of local presence, the path we’ve taken thus far, the countless challenges we’ve faced, the victories we’ve achieved, and the accomplishments we’ve celebrated. Today it’s easy to envision Brazil connected to two billion people, machines or things by 2020, but the technology needed for these connections can’t move forward without the necessary people and the skills. As with teamwork in performing any task, this gives us the confidence to create even greater ambitions for Brazil. The long term is mandatory in our history, whether geared toward Brazil, or geared toward Ericsson. A Connected Society will further unite people with the already widespread and basic voice service, data packets, which will be increasingly in the hands of Brazilians, in addition to video capabilities that will go beyond what we can imagine in 2014. We’ve already ushered in 4K technology, but we still have room for GSM, HSPA, and LTE itself, which is still under deployment but can already be tried out by consumers. We’re talking about value-added services, which will count on voice (currently accounting for over 50% of the operators’ revenues), data (present/future), and video (this is expected to account for 90% of network traffic). The amount of information passing through telecommunications networks increasingly demands better quality of service and greater efficiency, and puts us definitively on the path of 5G – technology for which we maintain development partnerships here in Brazil. The operators today need to streamline their business, which is a result of the agility of networks, services and, obviously, customers themselves. Connecting customers in Brazil continues to be our mission, even 90 years after the simple meeting between Lars Magnus Ericsson and Brazilian Emperor Dom Pedro II. Through this publication, we demonstrate that an entrepreneurial and visionary gesture of a man, who already had a passion for innovation, established Brazil as a breadbasket of opportunities to be explored by researchers, technicians, PhDs, engineers and technology-crazed opinion-makers. After all, when people are connected, their world changes. When everything is connected, the world changes. We are a large family with more than 5,000 employees spread throughout Brazil, who believe they have a blue heart: we love the idea of transforming people’s lives, the environment in which they live, the setting in which they’ll raise their children. This is today’s Connected Society. When we sat down to choose the photographs that would illustrate this history, we were faced with 1920’s Rio de Janeiro, the trolley cars, the switchboard operators, and those huge machines occupying entire walls, not to mention the immeasurable amount of cables connecting individuals, families, catching up with old friends, bringing faraway places closer. As the only company in the industry that has maintained a factory here since 1955, we reaffirm our uninterrupted commitment to Brazil. We pride ourselves on our Center for Innovation and Research, which – through modern and bold efforts – adopts Open Innovation as a bridge of relationship with universities and research institutes. Forty years have been dedicated to this area, and nearly fifty patents already applied for at the respective agencies, which places us in a prominent position vis- à-vis other countries on the global market. We are known for being creative, skilled, innovative and especially flexible when it comes to software development and solutions for ICT. It’s no wonder that this recognition is also reflected in the numbers: today Brazil is the company’s largest single market in Latin America. In 2010, Ericsson reorganized its global structure, placing all of the company’s units to act in a regional manner. Accordingly, the 23 existing units at that time came to be represented by 10 regions in the world, and Brazil ceased to be a subsidiary in order to become the company’s headquarters for Latin America. Brazil is so important that the Brazilian unit is responsible for the export of equipment to all Latin American markets. With this book we hope to record a part of everything that we’ve built so far, because we feel honored and full of pride in writing such a rich and vibrant history. But our aim is also to make our own story go down in History. And, to celebrate 90 years, we not only want to remember the solid achievements, but also give a gift to this country that we love so much and we’ve chosen to belong to, helping to strengthen it every day. A Connected Society produces significant economic, social and environmental progress for millions of people. I play my part in this scenario, and I want to keep doing it for a long time to come. What about you? Sergio Quiroga da Cunha President of Ericsson Latin America, passionate for Ericsson Brasil and all the benefits of a completely connected society miolo_90anos_071014.indd 7 07/10/14 01:03
  • 10. 9 A PRESENÇA DA ERICSSON NAS TELECOMUNICAÇÕES DO BRASIL O século XIX viveu a era das invenções, das utopias, das certezas. Foi neste século que, na busca por um mundo melhor, a Europa assistiu à vitória da ciência como mola propulsora do progresso, único caminho para a solução dos problemas decorrentes da Revolução Industrial. Era chegada a hora de mapear o presente e planejar o futuro; de substituir pessimismo por euforia. E os avanços técnicos eram a ferramenta mais adequada para restaurar a confiança e fortalecer o sonho de um domínio absoluto sobre a natureza e os homens. Em todos os campos, novas técnicas e métodos de trabalho foram determinantes para o desenvolvimento econômico dos países, e os diversos setores foram inundados pelas ondas da inovação. As exposições universais constituíam o palco ideal para mostrar o progresso, pois as invenções ali apresentadas apontavam os impasses do presente e preconizavam o futuro. Era a ciência impondo-se como forma indiscutível de acabar com as incertezas do passado e preparar o mundo para o futuro. Eram verdadeiras vitrines para o progresso, pois exibiam os avanços científicos, provando assim a superioridade do homem, mas as máquinas e os principais inventos eram a atração principal. E foi justamente na Exposição da Filadélfia, em 1876, em comemoração aos 100 anos da Independência dos Estados Unidos, que Alexander Graham Bell exibiu a sua invenção, o telefone, que mudaria radicalmente os rumos da humanidade. O Brasil participou de todas elas, pois o imperador D. Pedro II era conhecido por seu apreço às novidades. Se da política mantinha relativa distância, da ciência, ao contrário, sempre se manteve bem próximo, sendo receptivo a toda espécie de patentes e projetos de invenções. A participação direta de D. Pedro II na apresentação do telefone e sua amizade com Graham Bell foram os fatores decisivos para que o Brasil, depois dos Estados Unidos, se tornasse o primeiro país a ter telefones instalados. Portanto, não seria atrevido dizer que o imperador inaugurou o telefone no Brasil. No mesmo ano em que o telefone era apresentado pela primeira vez ao mundo, nos Estados Unidos, Lars Magnus Ericsson, na Suécia, fundava uma pequena empresa de reparosdetelégrafosnocentrodeEstocolmo. ERICSSON’S PRESENCE IN BRAZIL’S TELECOMMUNICATIONS Few realize that the global giant in the telecommunications sector, Ericsson, could have started its trajectory as a modest telegraph repair shop in nineteenth-century Sweden. But that’s exactly how it happened, when Lars Magnus Ericsson opened his own business with his friend Carl Johan Andersson in April 1876. With the name of L.M. Ericsson & Co. and initial capital raised thanks to a loan from an acquaintance, the company occupied a rented 13-square-meter shed located in a backyard. Revenue came from minor repairs. The first paying customer was the Stockholm Fire Brigade. Nonetheless, the firm’s top-quality workmanship and reliability soon helped it acquire a good reputation. Ericsson was then challenged by J. Stork, director of telegraphy for Swedish Railways, to improve the receivers used in the railway signaling system for telegraphic communication between trains and stations, and Lars didn’t let him down. The solution presented improved safety on the railways and was considered superior to systems in use, projecting the name of L.M. Ericsson & Co. on the market. The first foray into the world of telephones occurred in March 1878, with the repair of six phone sets for Mr. Numa Peterson, a local merchant. It was one of the first generations of telephony equipment operating in Stockholm, and Lars became interested in the segment that was showing clear signs of expansion. His dedication was such that many believed that Ericsson himself had invented this fantastic contraption. In fact, in addition to working in the manufacture of Bell-type telephones, the businessman was thinking ahead, and developed an even more revolutionary device for the time: a wall model that was called “helical microphone,” the first of which was created in 1878, and production started in 1880. The news caused quite a stir and was instrumental in the successful trajectory of L.M. Ericsson & Co. In Brazil, still in the nineteenth century, Ericsson’s presence was already evident. The nation directed all its efforts toward improving its image in the eyes of the world, trying to sanitize and reurbanize primarily the cities of São Paulo and Rio de Janeiro, in order to align with the accelerated modernization of European countries. The source of inspiration was Paris, and so Brazil took advantage of the inexhaustible resources of the coffee boom and sought to follow that model – reurbanizing major cities with wide boulevards, gardens, fountains and palaces. So “Frenchified” customs were introduced in the behavior and lifestyle of the elite. But it was necessary to present this progress to the world, to show off the new capital of the Republic, urbanized and sanitized. The federal government organized a major national expo in 1908, where the main products of our economy were showcased, and Ericsson was already present in the pavilion of the Brazil Central Rail Road, where – among products featured – a wall-mounted “telephonic device” and another table-top model telephone were. De fato, Ericsson estava sintonizado com as inovações do seu tempo. Em 1877 o aparelho chegara à Suécia pelas mãos de Numa Peterson, comerciante de equipamentos, produtos de saúde e outros itens. No final daquele mesmo ano, passou a investir no negócio de telefonia com a oferta de um lote de 50 telefones e acessórios. Entre os primeiros compradores, estava a empresa de Lars Magnus. O empresário somou seriedade, profissionalismo e qualidade à nova fonte de tecnologia que acabara de adquirir. O resultado foi a construção de um modelo de parede que desempenhou papel decisivo no avanço comercial contínuo de L. M. Ericsson & Co. Assim, também, não seria impróprio afirmar que a Ericsson praticamente nasceu com o telefone. miolo_90anos_071014.indd 9 07/10/14 01:03
  • 11. 10 EMPREENDEDOR PARA NINGUÉM BOTAR DEFEITO A FLAWLESS ENTREPRENEUR Few realize that the global giant in the telecommunications sector, Ericsson, could have started its trajectory as a modest telegraph repair shop in nineteenth-century Sweden. But that’s exactly how it happened, when Lars Magnus Ericsson opened his own business with his friend Carl Johan Andersson in April 1876. With the name of L.M. Ericsson & Co. and initial capital raised thanks to a loan from an acquaintance, the company occupied a rented 13-square-meter shed located in a backyard. Revenue came from minor repairs. The first paying customer was the Stockholm Fire Brigade. Nonetheless, the firm’s top-quality workmanship and reliability soon helped it acquire a good reputation. Ericsson was then challenged by J. Stork, director of telegraphy for Swedish Railways, to improve the receivers used in the railway signaling system for telegraphic communication between trains and stations, and Lars didn’t let him down. The solution presented improved safety on the railways and was considered superior to systems in use, projecting the name of L.M. Ericsson & Co. on the market. The first foray into the world of telephones occurred in March 1878, with the repair of six phone sets for Mr. Numa Peterson, a local merchant. It was one of the first generations of telephony equipment operating in Stockholm, and Lars became interested in the segment that was showing clear signs of expansion. His dedication was such that many believed that Ericsson himself had invented this fantastic contraption. In fact, in addition to working in the manufacture of Bell-type telephones, the businessman was thinking ahead, and developed an even more revolutionary device for the time: a wall model that was called “helical microphone,” the first of which was created in 1878, and production started in 1880. The news caused quite a stir and was instrumental in the successful trajectory of L.M. Ericsson & Co. No Brasil, ainda no século XIX, a presença da Ericsson já era evidente.Opaísdirigiatodososseusesforçosparamelhorarsuaimagem aos olhos do mundo, tratando de sanear e reurbanizar principalmente as cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro, a fim de alinhar-se à modernização acelerada dos países europeus. A fonte de inspiração era Paris, e o Brasil, então, aproveitou os inesgotáveis recursos da economia cafeeira e procurou seguir o modelo, reurbanizando as capitais com largas avenidas, jardins, fontes e palacetes.Assim também foram introduzidos modos afrancesados no comportamento e no estilo de vida das elites. Mas era necessário apresentar esse progresso ao mundo, mostrar a nova capital da República urbanizada e saneada. O governo federal organizou uma grande exposição nacional em 1908, em que foram exibidos os principais produtos da nossa economia, e a Ericsson já estava presente no pavilhão da Estrada de Ferro Central do Brasil, no qual, entre os produtos apresentados, estavam um “apparelho telephonico” de parede e outro para mesa. In Brazil, still in the nineteenth century, Ericsson’s presence was already evident. The nation directed all its efforts toward improving its image in the eyes of the world, trying to sanitize and reurbanize primarily the cities of São Paulo and Rio de Janeiro, in order to align with the accelerated modernization of European countries. The source of inspiration was Paris, and so Brazil took advantage of the inexhaustible resources of the coffee boom and sought to follow that model – reurbanizing major cities with wide boulevards, gardens, fountains and palaces. So “Frenchified” customs were introduced in the behavior and lifestyle of the elite. But it was necessary to present this progress to the world, to show off the new capital of the Republic, urbanized and sanitized. The federal government organized a major national expo in 1908, where the main products of our economy were showcased, and Ericsson was already present in the pavilion of the Brazil Central Rail Road, where – among products featured – a wall-mounted “telephonic device” and another table-top model telephone were. Poucos imaginam que a gigante mundial do setor de telefonia, Ericsson, possa ter iniciado sua trajetória como uma modesta oficina de conserto de telégrafos na Suécia do século XIX. Mas foi exatamente assim que tudo aconteceu, quando Lars Magnus Ericsson abriu seu próprio negócio com o amigo Carl Johan Andersson, em abril de 1876. Com o nome de L. M. Ericsson & Co. e capital inicial levantado graças ao empréstimo de um conhecido, a empresa ocupava instalações arrendadas de 13 metros quadrados em um quintal. O faturamento advinha de pequenos reparos sem maior relevância e o primeiro cliente pagante foi a Estocolmo Corpo de Bombeiros. Não obstante, a qualidade do acabamento e a confiabilidade dos serviços prestados logo fizeram com que a empresa adquirisse boa reputação. O senhor Lars Magnus foi, então, desafiado pelo diretor da empresa de telegrafia Railways, J. Stork, a aprimorar os receptores utilizados no sistema de sinalização da ferrovia para a comunicação telegráfica entre trens e estações, e não decepcionou. A solução apresentada melhorou a segurança nas estradas de ferro e foi considerada superior aos sistemas já utilizados, projetando o nome da L. M. Ericsson & Co. no mercado. Aprimeira incursão pelo universo dos telefones ocorreu em março de 1878, com o reparo de seis aparelhos para o senhor Numa Peterson, um comerciante de Estocolmo. Era uma das primeiras gerações de equipamentos de telefonia operantes na capital sueca e Lars Magnus interessou-se pelo segmento que dava sinais evidentes de expansão. Sua dedicação foi tamanha que muitos acreditavam que a Ericsson havia inventado aquela fantástica engenhoca. Na verdade, além de trabalhar na fabricação de telefones do tipo Bell, o empresário estava pensando no futuro e desenvolveu um aparelho ainda mais revolucionário para a época: um modelo de parede que foi chamado de microfone helicoidal, cujo primeiro exemplar foi criado em 1878, com produção iniciada em 1880. A novidade causou frisson e teve papel decisivo na trajetória de sucesso da L. M. Ericsson & Co. miolo_90anos_071014.indd 10 07/10/14 01:03
  • 12. 11 Equipamento Ericsson tipo switchboard para 700 linhas da Central Externa, São Paulo, 1905 miolo_90anos_071014.indd 11 07/10/14 01:04
  • 13. 12 NO IMPÉRIO, CAPITAL E INTERIOR COMEMORAM A “DESCOBERTA” DO TELEFONE IN THE EMPIRE, CITY AND COUNTRYSIDE CELEBRATE THE “DISCOVERY” OF THE TELEPHONE In 1877, the press announced that Mr. Rodde, owner of the establishment “Grande Mágico” had ordered installation of the “telephonic devices ” using the existing telegraph lines, “[...] one on the upper storey of Mr. Rodde’s establishment and the other one behind the house at commerce square,” and showed that “these devices are simple, much simpler than those used in telegraphy. By means of a wooden tube applied to one’s ear, one can fully and easily understand every word uttered at the other end by anyone with an identical tube.” And the city is celebrating, because [...] “The underwater telegraph company already corresponds, through the telephone, with the Copacabana station, and it appears to us that Mr. Rodde intends to make new experiments at great distances, such as between this point and Petrópolis, and is requesting permission to use the government-owned telegraph lines for such purposes. Another great advantage of the telephone is that it makes use of the same telegraph lines and therefore can be applied to all the lines already in place.” O Estado de S. Paulo, 12/21/1877, p. 2. In the countryside, a satisfied farmer from Limeira writes to Mr. Rodde, stating: “I am pleased with the telephonic devices that you installed on my Barreiro farm, because they work perfectly, and leave nothing to desire, not only for their artistic perfection but also for the clarity with which they transmit the voice. An improvement of this nature should be enthusiastically welcomed by all in general, and very especially by my fellow farmers, because it brings a useful and wonderful result (...). Your humble servant, Bento da Silveira Franco”. O Estado de S. Paulo, 9/5/1878, p. 1. And the press confirms and commemorates: “On the 8th of the current month: on Barreiro farm owned by Captain Bento da Silveira Franco, the inauguration of a telephone took place, whose cord connects the home of the farm administrator and coffee mill to the farm owner’s manor house. On this festive day around two hundred people in attendance, including residents of this Rio Claro locality, São Paulo and Araras, among which noteworthy figures and big farmers. After the satisfactory experiments of the telephone, a lavish dinner was served, whose service left nothing to desire, and during the enthusiastic fête many toasts were raised to Captain Bento Franco and other distinguished gentlemen.” O Estado de S. Paulo, 9/14/1878, p. 2. Em 1877, a imprensa anuncia que na cidade o sr. Rodde, proprietário do estabelecimento “Grande Mágico” mandou colocar pela linha telegráfica “os apparelhos dos telephones [...] um no sobrado do estabelecimento do sr. Rodde e o outro nos fundos da casa da praça do commercio”, e mostra que “são simples taes appparelhos, muito mais simples do que os empregados na telegraphia. Por meio de um tubo de madeira que se aplica ao ouvido, comprehende-se distinctamente, havendo completo socego, todas as palavras que no outro ponto são pronunciadas por qualquer pessoa junto de idêntico tubo”. E a cidade comemora, pois [...] “A companhia telegraphica submarina corresponde-se já, por meio do telephone, com a estação de Copacabana e consta-nos que o sr. Rodde pretende fazer novas experiências a grandes distâncias como entres este ponto e Petrópolis, pedindo para isto permissão para se servir da linha telegraphica do governo. A grande vantagem ainda do telephone que serve-se do mesmo fio da telegraphia, podendo-se apllicar por isso a todas as linhas já estabelecidas”. O Estado de S. Paulo, 21/12/1877, p. 2. No interior, o fazendeiro de Limeira, satisfeito, escreve ao sr. Rodde, comunicando: “Estou satisfeito com os apparelhos telephonicos que v.s. assentou em minha fazenda do Barreiro, porquanto funccionam perfeitamente, e nada deixam a desejar, tanto por sua perfeição artística, como que pela clareza que transmittem a voz. Um melhoramento desta natureza deve ser acolhido enthusiasticamente por todos em geral, e muito principalmente pelos meus colegas lavradores, porque traz um resultado útil e maravilhoso (...). De v.s attento venerador creado. Bento da Silveira Franco”. O Estado de S. Paulo, 5/9/1878, p. 1. E a imprensa confirma e comemora: “No dia 8 do corrente mez: na fazenda Barreiro, propriedade do Capitão Bento da Silveira Franco, teve lugar a inauguração de um telephone, cujo fio liga a casa de morada do administrador e machina de beneficiar café ao palacete da residência do proprietário. A este dia festivo estiveram presentes cerca de duzentas pessoas, entre ellas residentes desta localidade Rio Claro, São Paulo e Araras, no número das quaes se contavam as mais gradas, e lavradores importantes. Depois das experiências satisfactorias do telephone foi servido um profuso jantar, cujo serviço nada deixou a desejar, e durante o qual a par de enthusiastica animação muitos brindes foram levantados ao capitão Bento Franco e outros distinctos cavalheiros”. O Estado de S. Paulo, 14/9/1878, p. 2. miolo_90anos_071014.indd 12 07/10/14 01:04
  • 14. 13 Anúncio da Ao Telephone de Ouro, representante de produtos Ericsson, publicado no Almank Administrativo e Industrial, Rio de Janeiro miolo_90anos_071014.indd 13 07/10/14 01:04
  • 15. 14 O crescente aumento do número de linhas telefônicas no Brasil também podia ser medido pelos jornais. Multiplicavam-se os anúncios de profissionais liberais, estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços em geral, que indicavam seus telefones para contato, o que lhes atribuía status, credibilidade e segurança a quem buscava o serviço. Para atrair os clientes, os anunciantes costumavam mencionar algum diferencial dos seus serviços: por exemplo, em 1895, no Rio de Janeiro, a empresa “Ao TelefonedeOuro”,especializadanailuminação elétrica de ruas, edifícios, praças e jardins, além de citar o uso de material de primeira qualidade em seus serviços, destacava o fato de serem os “únicos agentes para o Brazil dos apparelhos Ericsson”. Anos antes, em 1891, a firma importadora “Companhia Mechanica e Importadora”, responsável pela importação de máquinas, equipamentos e materiais em geral, entre os vários produtos importados e descritos em um pedido, destacava os “equipamentos L. M. Ericsson da Suécia”. Este é o mais antigo registro conhecido sobre a chegada dos produtos Ericsson ao Brasil. Em 1896, nas importações da “Sigmund & Souza Officina Electrotechnica” também constavam produtos para telefonia de algumas empresas, entre elas a Ericsson. Já em pleno século XX, em 1905, um anúncio na imprensa chamava a atenção para a instalação de um novo serviço telefônico, no qual seriam empregados “aparelhos moderníssimos da Ericsson & Co. de Stockholmo”. E assim, mesmo antes de se instalar definitivamente no Brasil, o que ocorreria em 1924, a Ericsson continuou presente na vida dos brasileiros, acompanhando desde o início a evolução das telecomunicações no país. No Brasil, a história das telecomunicações pode ser vista a partir de três momentos: o primeiro, que abrange desde o Império e segue pelo período da República até os anos 1960, foi regulado pelo regime de concessões outorgadas pelas três esferas do governo – federal, estadual e municipal. No segundo momento, que se estende até os anos 2000, o país esteve sob o comando dos militares e o setor foi estatizado, passando por uma fase de nacionalização da produção, paralelamente aos grandes avanços tecnológicos, de modo que, já em finais do século XX, diante da limitada capacidade de investimentos do Estado e da rala densidade telefônica no país, ocorre a privatização do setor. A partir daí, e até os dias atuais, o terceiro momento: o Brasil inseriu-se no mundo globalizado e o setor de telecomunicações brasileiro passou a absorver o ritmo acelerado das inovações tecnológicas, gerando uma nova realidade nacional e anunciando diariamente a chegada do futuro. Ao longo de todo esse tempo, milhões de brasileiros se comunicaram por meio dos equipamentos Ericsson, desde as centrais telefônicas públicas e PABX, até as centrais automáticas especialmente desenvolvidas para utilização no programa de telefonia rural; outros milhões utilizaram os telefones, o DDD, o DDR, o DDI, nas centrais particulares, e os equipamentos para transmissão que se comunicavam por meio do sistema AXE, desenvolvido e introduzido no Brasil pela Ericsson, com a lendária tecnologia CPA (Controle por Programa Armazenado), que marcou o ingresso da telefonia na era digital. Hoje, quando a telefonia móvel tomou conta do mundo e o Brasil registra um número de aparelhos superior ao de habitantes, a Ericsson marca presença em todos os momentos, e continua na liderança, seja pelo pioneirismo marcante em toda a sua trajetória de expansão, seja pela excelência na evolução tecnológica, capacidade de produção e eficiência no atendimento às demandas de um mercado consumidor cada vez maior e mais exigente. The growing number of telephone lines in Brazil could also be measured by the newspapers. There were explosions of ads placed by liberal professionals, trade establishments and service providers in general, indicating their telephone numbers, which gave them status, credibility and security to those who sought such services. To attract customers, advertisers would usually mention some distinguishing or unique feature of their services: for example, in 1895, in Rio de Janeiro, the company “Ao Telefone de Ouro” – specializing in electric lighting of streets, buildings, parks, and gardens, in addition to the use of high-quality material in their services, highlighted the fact that they were the “sole agents of Ericsson telephone sets in Brazil.” Years before, in 1891, the importing firm “Companhia Mechanica e Importadora,” responsible for importing machinery, equipment and materials in general, highlighted “LM Ericsson equipment from Sweden” among the various products imported and described in an order. This is the earliest known record of the arrival of Ericsson products in Brazil. In 1896, there were telephony products from several companies, including Ericsson, among the imports of the company “Sigmund & Souza Officina Electrotechnica.” In the twentieth century, in 1905, an ad in the press drew readers’ attention to the installation of a new telephone service, in which “ultra-modern devices from Ericsson & Co. of Stockholm” would be used. And so, even before set up shop permanently in Brazil, which would occur in 1924, Ericsson remained present in the lives of Brazilians, accompanying the evolution of telecommunications in the nation from inception. In Brazil, the history of telecommunications can be split in three main periods: the first – which ranges from the Empire, through the period of the Republic, and up to the 1960s – was governed by the regime of concessions granted by the three levels of government – federal, state and municipal. In the second moment, which extends through the turn of the millennium, the nation was under the command of the military and the sector was nationalized, passing through a phase of nationalization of production, parallel to major technological breakthroughs, so that by the end of the twentieth century, facing the limited capacity of state investments and sparse density of telephones across the country, the sector was privatized. From that time, and up to the present, is the third moment: Brazil became part of the globalized world and the Brazilian telecommunications sector began to absorb the rapid pace of technological innovations, generating a new nationwide reality and announcing the arrival of the future on a daily basis. Throughout this time, millions of Brazilians communicated through Ericsson equipment – from public telephone exchanges and PBX systems, to automatic exchanges developed especially for use in the rural telephony program; additional millions of Brazilians used telephones, Long-Distance Direct Dial (DDD), Direct Inward Dial (DDR), and International Direct Dial (DDI) in private PBX systems, and transmission equipment that communicated through the AXE system, developed and introduced in Brazil by Ericsson, with the legendary SPC technology (Stored Program Control), which ushered telephony into the digital age. Today, when mobile telephony has taken over the world, and Brazil has more mobile phones than inhabitants, Ericsson has been present at all times, and still in the lead, whether for its remarkable pioneering spirit, throughout its history of expansion, or for its excellence in technological evolution, production capacity and efficiency in meeting the demands of an ever growing and more demanding consumer market. miolo_90anos_071014.indd 14 07/10/14 01:04
  • 16. 15 Primeira central automática da Ericsson instalada no Brasil, em Juiz de Fora, Minas Gerais, década de 1930. Vista do equipamento OS (antecessor do AGF), destacando-se registradores mecânicos ao fundo, à direita. Instalação da Central OS de Volta Redonda, 1948. Inspeção e ajustamento de seletores na Estação Telefônica de Volta Redonda, 1948. Inauguração da central OS de São Luís, Maranhão, 1938, no momento em que o ex-governador do Estado, Eugênio Barros, aciona a chave da estação. miolo_90anos_071014.indd 15 07/10/14 01:04
  • 17. 16 INSTALAÇÃO NO BRASIL E EXPANSÃO SEM TRÉGUAS: A PRODUÇÃO INDUSTRIAL Desde os tempos do Império, o setor de telecomunicações era regido pelo sistema de concessões do governo, regulamentado por decretos que estimulavam a iniciativa privada nas concessões para a instalação de linhas telefônicas. Os pedidos aumentavam num ritmo acelerado por todo o Brasil, de modo que as mais importantes cidades brasileiras receberam a concessão para explorar as linhas de acordo com a normatização governamental. Em 1883, o governo permitiu que a Telephone Company of Brazil – cuja concessão para prestar serviço telefônico na Corte havia sido obtida por Charles Paul Mackie, em 17 de abril de 1881 – realizasse serviços telefônicos com fins comerciais, autorizando a empresa a vendê-los a quem os desejasse. Com a mudança do regime político brasileiro, do Império para a República, uma Constituição Federal passou a normatizar os conflitos que surgiam entre a rede telegráfica, as redes telefônicas e os agentes privados, ficando claro que o Estado pretendia ordenar e estabelecer algum tipo de controle sobre a concessão de linhas telefônicas: ao governo federal, foram atribuídos os serviços interurbanos interestaduais; aos Estados, os interurbanos municipais e estaduais; e aos municípios, a sua própria área. A rapidez também marcou a expansão do telefone em São Paulo. Após complicados impasses, a Companhia de Telégraphos Urbanos absorveu a Álvares Pereira & Co, empresa com a qual disputava o direito de explorar os serviços telefônicos na capital, sendo feito um acordo entre as duas firmas e uma lista única englobando os assinantes de ambas. A Cia. de Telégraphos Urbanos permaneceu a única com direito a explorar os serviços telefônicos na capital e foi adquirida pela Companhia Telefônica Brasileira – CTB, empresa constituída em 1888 com capital canadense, bem como todos os seus equipamentos em uso e o direito de importar diretamente todo o material. Na virada para o século XX, o país começava a assistir à decadência da economia cafeeira, de modo que as eleições de 1922 ocorreram num clima de profunda crise econômica. A disputa entre Arthur Bernardes, da situação, e Nilo Peçanha, apoiado pelos militares, foi acirrada, e a vitória de Bernardes ocorreu em meio a muitas intrigas e boatos de conspiração. INSTALLATION IN BRAZIL AND UNYIELDING EXPANSION: INDUSTRIAL PRODUCTION Constant expansion is one of Ericsson’s directives. Ever since coming to Brazil, the company grew in scenarios of stagnation, invested, overcame economic and industrial difficulties, and, above all else, believed in the Nation. It is responsible for the largest industrial complex in the telecommunications sector in the Americas. Since the time of the Empire, the telecommunications sector was ruled by a system of government concessions, regulated by decrees that encouraged the private sector in concessions for the installation of telephone lines. The requests increased at an accelerated pace across Brazil, so that the major Brazilian cities received concessions to exploit the lines according to the government regulations. In 1883, the government allowed the Telephone Company of Brazil – whose concession to provide telephone service in the Royal Court had been obtained by Charles Paul Mackie on April 17, 1881 – to carry out telephone services for commercial purposes, authorizing the company to sell them to whomever wanted them. With the change in the Brazilian political system, from Empire to Republic, a federal constitution started to regulate the conflicts that arose between the telegraph system, the telephone networks and the private agents, making it clear that the State intended to ordain and establish some sort of control over the concession of telephone lines: interstate long-distance services were assigned to the federal government; municipal and intrastate long-distance were assigned to the states; and the municipalities were assigned the telephone services of their own local areas. Speed also marked the expansion of telephones in São Paulo. After complicated impasses, Companhia de Telégraphos Urbanos absorbed Alvares Pereira & Co, a company with which it had been vying for the rights to operate telephone services in the city of São Paulo; an agreement was signed between the two firms, as well as a single list encompassing the subscribers of both. Companhia de Telégraphos Urbanos remained the only one with rights to exploit telephone services in São Paulo proper, and was acquired by Companhia Telefônica Brasileira (CTB), a company established in 1888 with Canadian capital, as well as all its equipment in use plus the rights to directly import all materials. At the turn of the twentieth century, Brazil began to witness the fall of the coffee economy, to such an extent that the 1922 elections were held in a climate of major economic crisis. The dispute between Arthur Bernardes, of the ruling party, and Nilo Peçanha, supported by the military, was fierce, and the victory of Bernardes came amid a great deal of intrigue and rumors of conspiracy. A expansão constante é uma das diretrizes da Ericsson. Desde que chegou ao Brasil, a empresa cresceu em cenários de estagnação, investiu, superou dificuldades econômicas e industriais, e, sobretudo, acreditou no país. Hoje, é responsável pelo maior parque industrial do setor de telecomunicações das Américas. miolo_90anos_071014.indd 16 07/10/14 01:04
  • 18. 17 UM TELEFONEMA MUDA OS RUMOS DA REVOLUÇÃO Em 1924, a cidade de São Paulo transformara-se num verdadeiro palco de guerra na tentativa de golpe para derrubar o presidente Arthur Bernardes, apoiado pelos militares. As estratégias estavam definidas, e os rebeldes “[...] pretendiam tomar as estações de trem, o edifício do Telégrafo Nacional e as estações de transmissão de energia, principais núcleos de comunicação e transportes. Sua intenção era interromper a ligação entre São Paulo e Rio de Janeiro, o que impediria que o governo federal tomasse providências para se defender”. Entretanto, “o imponderável realmente ocorreu, na forma de informações desencontradas e atrasos na tomada dos pontos estratégicos de comunicação telefônica e ferroviária. Esses incidentes deram tempo ao general Abílio Noronha, comandante da II Região Militar – fiel ao presidente da República –, de telefonar para o Rio de Janeiro e organizar uma reação, dificultando a ação dos revolucionários”. A PHONE CALL CHANGES THE DIRECTIONS OF THE REVOLUTION In 1924, the city of São Paulo had become a veritable stage of war in the coup attempt to overthrow President Arthur Bernardes, supported by the military. The strategies were defined, and the rebels “ [...] intended to take over the train stations, the National Telegraph building and power transmission stations – the main centers of communication and transportation. Their intention was to break the connection between São Paulo and Rio de Janeiro, which would prevent the federal government from taking steps to defend itself.” However, “the unthinkable actually happened, in the form of disparate information and delays in taking over strategic points of railway and communication telephone. These incidents gave General Abilio Noronha – commander of Military Region II and loyal to the president – time to call Rio de Janeiro and organize a response, curbing the action of the revolutionaries.” ERICSSON ARRIVES IN BRAZIL In São Paulo, in 1924, the political landscape was rather tumultuous in terms of attempts of military coup to overthrow the president, and in July the first actions of a failed adventure began to unfurl. The uprising against President Bernardes ended in the conflict between rebel troops and the federal government, and for 23 days the streets of São Paulo turned into pure chaos – telephones cut off, power outages, traffic blocked, barricades, firefights, attack orders, cannon fire, and even airstrikes. The Federal pressure won and the rebels fled the city by train into the countryside. A chegada da Ericsson ao Brasil Em São Paulo, em 1924, o cenário político era bastante tumultuado em função das tentativas de um golpe militar para derrubar o presidente da República, e em julho foi dado o primeiro lance de uma aventura fracassada. O levante contra o presidente Bernardes terminou no conflito entre tropas rebeldes e as do governo federal, e, durante 23 dias, as ruas de São Paulo transformaram-se num verdadeiro caos – telefones desligados, falta de energia, trânsito impedido, barricadas, tiroteios, tiros de canhões, ordens de ataque e até mesmo ataques aéreos. A pressão federal venceu e os rebeldes abandonaram a cidade pelas linhas ferroviárias rumo ao interior do Estado. Lars Magnus Ericsson miolo_90anos_071014.indd 17 07/10/14 01:04
  • 19. 18 Foi justamente nesse ano, 1924, que a Ericsson instalou- se oficialmente no país. Entre as empresas representantes da L. M. Ericsson no Brasil estava a Holmberg, Bech & Co, que comercializava diversos produtos e anunciava os telefones da empresa sueca. A Holmberg era representante de várias empresas alemãs e da sueca L. M. Ericsson, com escritórios localizados em São Paulo, à Rua Líbero Badaró, 169; e no Rio de Janeiro, à Rua São Pedro, 106. No segundo endereço, foi instalada a Sociedade Geral de Telephones L. M. Ericsson, empresa registrada em 7 de janeiro daquele ano, com o objetivo de explorar telefonia, telegrafia e atividades relacionadas à eletricidade, importação e exportação. A empresa foi criada com o capital de 100 contos de réis, divididos em vinte cotas, distribuídas entre os sócios Allemanna Telefononaktiebolaget L. M. Ericsson, com dezenove, e Tor Janér, com uma. Vindo de uma Europa arrasada pela guerra, Tor Janér chegou ao Brasil em 1920 para gerenciar a Holmberg, Bech e encontrou um cenário econômico instável, causado pela queda internacional dos preços do café. Desembarcou no Rio de Janeiro, e, ao contrário de outros europeus, que chegavam para recomeçar a vida no Brasil, Tor trazia na bagagem um contrato que lhe garantia um salário mensal de 1.500 coroas suecas, além de dez por cento do faturamento da Holmberg, Bech & Co, subsidiária da sueca Transmarina Kompaniet Aktibolag. Ainda em 1924, em 3 de outubro, a razão social foi alterada para Sociedade Ericsson do Brasil Ltda., com um aumento do capital para 300 contos de réis. It was precisely in 1924 that Ericsson was officially established in Brazil. Among L.M. Ericsson’s representative in Brazil was Holmberg, Bech & Co., which marketed various products and advertised the phones made by the Swedish company. Holmberg was the representative of several German firms as well as Sweden’s L.M. Ericsson, with offices located in São Paulo, at Rua Libero Badaró, 169; and in Rio de Janeiro, at Rua São Pedro, 106. It was at the latter address where “Sociedade Geral de Telephones L.M. Ericsson” was established, a company registered on January 7, 1924, with the goal of exploiting telephony, telegraphy and activities related to electricity, import and export. The company was established with a capital of 100 contos de réis, divided into twenty quotas, distributed among partners Allemanna Telefononaktiebolaget L.M. Ericsson, with 19 quotas, and Tor Janér, with one. Coming from a war-torn Europe, Tor Janér arrived in Brazil in 1920 to manage Holmberg, Bech & Co., and found an unstable economic environment, caused by the fall in international coffee prices. He landed in Rio de Janeiro, and, unlike other Europeans who came to start a new life in Brazil, Tor carried in his suitcase a contract that assured him a monthly salary of 1,500 kronor, plus ten percent of the revenues of Holmberg Bech & Co., a subsidiary of Sweden-based Transmarina Kompaniet Aktibolag. Still in 1924, on October 3, the company name was changed to Sociedade Ericsson do Brasil Ltda., with a capital increase to 300 contos de réis. Lars Magnus Ericsson e sua esposa Hilda observam um telégrafo. Ela foi grande incentivadora de Ericsson e trabalhou nos primeiros anos da empresa,1885 Máteria sobre a Ericsson publicada no jornal O Paiz, 16/06/1928 miolo_90anos_071014.indd 18 07/10/14 01:04
  • 20. 19 Da estagnação do setor de telecomunicações à euforia dos anos JK As sucessivas crises políticas e econômicas prolongaram- se pelas décadas de 1930 e 1940, e, somadas às consequências decorrentes da Segunda Guerra Mundial, o setor de telecomunicações no país passou por um período de completa estagnação. A Ericsson tinha dificuldades em vender mais centrais automáticas para estados como São Paulo, Minas Gerais, Guanabara, Espírito Santo e Rio de Janeiro, localidades controladas pela CTB. Nessa época, os únicos fornecedores eram a Chicago Eletric Company e a Standard Eletric. A falta de planejamento que vinha marcando o governo brasileiro desde a década de 1930, refletiu-se, entre outros aspectos, no precário processo de substituição de importações e nos desequilíbrios da balança de pagamentos. A mudança desse cenário e a retomada do crescimento apontavam para a necessidade da eliminação dos pontos de estrangulamento existentes em setores críticos que impediam o desenvolvimento da economia. Para superar os entraves estruturais e desobstruir os gargalos, era preciso planejar, modernizar, ousar, e Juscelino Kubitschek (JK) reunia essas e outras qualidades e características necessárias para governar o país. Elegeu-se presidente em 1955, colocando em prática o seu Plano de Metas, cujo lema era “50 anos em 5” – 50 anos de progresso em 5 de realizações – que incluía uma meta-síntese, a construção de Brasília, com sua transferência para capital federal, seu grande desafio. O clima de otimismo e esperança tomou conta do Brasil, favorecendo a difusão da prosperidade econômica norte-americana do pós-guerra, que propunha um novo modo de viver propiciado pela produção maciça de bens de consumo. Dessa maneira, consolidou-se a chamada sociedade urbano-industrial, com a consequente expansão dos meios de comunicação, tanto no lazer como na informação, embora ainda com um raio de ação local – o rádio cresceu substancialmente no início da década, comemorou-se a chegada da televisão e houve significativo aumento da publicidade. A cena cultural também foi fortemente impulsionada pelo entusiasmo gerado pelas possibilidades de se criar algo novo, com novas formas de pensar e expressar o fazer artístico. O espírito otimista que permeava o governo JK constituiu contexto fértil para renovações artísticas e estéticas em todas as áreas – no cinema, as chanchadas produzidas pela Atlântida, com seus atores consagrados pelo público; no teatro, tanto produções de caráter popular como peças mais sofisticadas; na música, o surgimento da bossa-nova, fortemente influenciada pelo jazz americano. Já no início dos anos 1950, a Ericsson havia participado, em Ribeirão Preto, do grande evento de inauguração do serviço de telefones automáticos e de todo o sistema de telefonia promovido pela municipalidade. Além de políticos ilustres, esteve presente o sr. Wolf Kantif, então diretor da empresa, que aproveitou a oportunidade para anunciar a aquisição de uma grande área no município de São José dos Campos, interior de São Paulo, destinada à instalação de uma fábrica de material telefônico para, em pouco tempo, dar conta de atender as necessidades do mercado brasileiro. O projeto, de Oscar Niemeyer, apresentava as mais modernas características arquitetônicas e previa a utilização dos mais modernos equipamentos. De fato, no início dessa década, havia somente duas fábricas que produziam apenas telefones, o que levou a Ericsson a optar por ter fábrica própria para assegurar a meta de se tornar o grande fornecedor do mercado nacional. Até então, os equipamentos para telefonia eram todos importados, o que onerava a questão de divisas para o país e trazia sérias questões de controle cambial. FROM THE STAGNATION OF THE TELECOMMUNICATIONS SECTOR TO THE EUPHORIA OF THE JK YEARS The successive political and economic crises continued through the 1930s and 1940s, and along with the consequences of World War II, the telecommunications sector in Brazil went through a period of complete stagnation. Ericsson had difficulties in selling more automatic exchanges to states such as São Paulo, Minas Gerais, Guanabara, Espírito Santo and Rio de Janeiro, locations that were controlled by CTB. At that time, Chicago Electric Company and Standard Electric were the only suppliers. The lack of planning that had marked the Brazilian government since the 1930s reflected (among other things) the precarious process of import substitution and disequilibrium in the balance of payments. The change of this scenario and the resumption of growth indicated the necessity to get rid of existing bottlenecks in critical sectors that prevented the development of the economy. To overcome the structural barriers and clear up the bottlenecks, it was necessary to plan, to modernize, to dare, and Juscelino Kubitschek (JK) had these plus other qualities and characteristics needed to govern the country. He was elected president in 1955, putting into practice his Plan of Targets, whose motto was “50 years in 5,” i.e., 50 years of progress in five years of accomplishments, which included a meta- synthesis – the construction of Brasília – to transfer the federal capital, his greatest challenge. A mood of optimism and hope took over Brazil, favoring the spread of U.S. economic prosperity of the postwar period, which proposed a new way of living made possible by mass production of consumer goods. Thus, the so-called urban-industrial society was consolidated, with the resulting expansion of the media, both in leisure and information, although still with a local radius of action: radio grew substantially in the early 1960s, the arrival of television was celebrated, and there was a significant increase in advertising. The cultural scene was also strongly driven by the enthusiasm generated by the possibilities of creating something new, with new ways of thinking and expressing in the making of art. The optimistic spirit that permeated the Kubitschek administration created fertile ground for artistic and aesthetic renovations in all areas: in cinema, with the popular movies called chanchadas produced by Atlântida and its actors enshrined by audiences; in theater, not only plebeian productions, but more sophisticated works as well; and in music, with the rise of bossa nova – a style heavily influenced by American jazz. In the early 1950s, Ericsson took part in the grand inauguration of the automatic telephone service and the entire telephony system in the city of Ribeirão Preto, promoted by the municipal government. In addition to illustrious politicians, the event was attended by Mr. Wolf Kantif, then-CEO of the company, who took the opportunity to announce the acquisition of a large area in São José dos Campos, São Paulo, for installation of a telephone equipment factory, in order to meet the needs of the Brazilian market within a short time. The factory, designed by Oscar Niemeyer, featured the most modern architectural characteristics and provided for the use of state-of-the-art equipment. In fact, earlier that decade, there were only two factories that produced only telephones, which led Ericsson to opt for having its own factory in order to assure the goal of becoming the major supplier of the domestic market. Up to that time, all telephony equipment was imported, which burdened the matter of foreign currency reserves for the country and brought serious issues of foreign currency exchange control. miolo_90anos_071014.indd 19 07/10/14 01:04
  • 21. 20 Nos primeiros anos da década de 1960, o setor de telecomunicações continuava sofrendo a estagnação dos anos anteriores, com cerca de 1.000 companhias telefônicas enfrentando sérias dificuldades operacionais e não dispondo sequer de estratégias de crescimento. GROWTH MEANS CHANGES AND EXPANSION OF FACILITIES In the early 1960s, the telecommunications sector was still suffering the stagnation of the previous years, with roughly 1,000 telephone companies facing serious operational difficulties, and didn’t even have any growth strategies. LINHAS PARA A PAULICEIA – PRESENTE DE ANO-NOVO “Neste ano os telefones falarão!”. Esse era o título de uma matéria do jornal O Estado de S. Paulo, de 31 de dezembro de 1968, num balanço dos investimentos e necessidades da telefonia em São Paulo: “Até o fim do ano, os telefones funcionarão, ninguém vai mais ficar desesperado, esperando que caia uma linha, os aparelhos não mais darão sinal de ocupado depois de discado o segundo número, as transferências de telefones demorarão no máximo 20 dias, não haverá mais lista de espera para quem desejar um telefone e São Paulo contará com 136.950 linhas novas”. Para liquidar o atraso de décadas no serviço telefônico de São Paulo, a CTB prometia que até o fim de 1969 o problema estaria resolvido e o plano de expansão da rede, completo. A não renovação do antigo contrato (1926 a 1956) fez com que as baixas tarifas impossibilitassem a expansão da rede, mas o novo plano de expansão, de 1965, previa tirar esse atraso. Até o final de 1968, somente um terço das estações haviam sido instaladas e a porcentagem era de 7 telefones para cada 100 habitantes, índice baixo em termos mundiais – nos Estados Unidos a média era de 50 aparelhos para 100 habitantes. O fato é que o número baixo de pedidos em algumas regiões não compensava montar uma central, mas à medida que a urbanização acelerava, esse número se multiplicava e justificava a instalação de novas centrais. Eram vários os motivos imprevisíveis do não funcionamento dos telefones, como: média de ligações diárias por linha muito superior ao dimensionamento da rede; utilização de telefone por vizinhos que não o possuíam; uso maior que o normal, maior a probabilidade de sinal de ocupado do telefone para o qual se discou; repetição de tentativas e retirada do fone do gancho para aguardar linha sobrecarregavam os troncos e pioravam ainda mais a situação. E mais: as estações instaladas para atender a zonas residenciais estavam se transformando em comerciais, e não tinham suporte para isso, como o caso, por exemplo, da Avenida Paulista. Mas, o novo plano foi sendo executado com os ajustes necessários, aumentando o número de estações e de linhas, e a cobrança de taxas a partir de determinado limite de ligações contribuiu para reduzir o número de ligações desnecessárias. PHONE LINES FOR PAULICEIA – A NEW YEAR’S PRESENT “This year the phones will speak.” This was the title of an article from the December 31, 1968 edition of the newspaper O Estado de S. Paulo, featuring a balance of investments and needs of telephony in São Paulo: “By the end of the year, the phones will be working properly, no one will be desperate anymore, expecting the line to drop out, the phones will no longer give a busy signal after dialing the second digit, phone transfers will take no more than 20 days, there will be no waiting list for those who want a phone line, and São Paulo will have 136,950 new lines.” To settle the delay of decades in São Paulo’s telephone service, CTB promised that by the end of 1969 the problem would be solved and the network expansion plan would be complete. The non-renewal of the old contract (1926-1956) made the low rates preclude any expansion of the network, but the new expansion plan of 1965 envisaged eliminating this lag. By the end of 1968, only one-third of the stations had been installed, and the percentage was 7 telephones per 100 inhabitants, a low rate in global terms: in the United States the average was 50 phones for every 100 inhabitants. The fact is that the low number of telephones in some regions meant that it wasn’t worth setting up an exchange, but as urbanization accelerated, that number multiplied and justified the installation of new exchanges. There were several reasons for the unexpected malfunctioning of telephones, such as: average number of daily calls per line exceeding the network capacity; use of one’s telephone by neighbors who didn’t have one; higher-than-normal use, higher likelihood of a busy signal; repeated attempts and the practice of taking the phone off the hook to wait for a line would overload trunk lines and worsen the situation. Plus: stations installed to serve residential areas that were being transformed into commercial areas lacked the support for this, as was the case of Avenida Paulista, for example. But the new plan was being carried out with the necessary adjustments, increasing the number of stations and lines, and the charging of rates starting at a particular limit of calls helped to reduce the number of unnecessary calls. Crescimento implica mudanças e expansão das instalações miolo_90anos_071014.indd 20 07/10/14 01:04
  • 22. 21 Em 1967, a sede da Ericsson ainda estava instalada no Rio de Janeiro, embora a empresa já mantivesse presença em São Paulo em razão da abertura de uma filial na Rua Florêncio de Abreu, 42, em 1937. A mudança para a terra da garoa de fato ocorreu com o fechamento de um grande contrato com a CTB, quando vários departamentos foram transferidos do escritório da capital fluminense, localizado na Avenida Getúlio Vargas, 409, para instalações na Avenida Paulista, 2.202, que ali se mantiveram funcionando até o final da construção do Centro Ericsson, na Rua da Coroa, 500, na região hoje pertencente ao bairro Vila Guilherme, zona Norte da cidade. Posteriormente, com a realização de obras de urbanização e a construção do Terminal Rodoviário Tietê, o trecho em que se encontra o prédio da Ericsson mudou de nome e o endereço passou a ser Rua Maria Prestes Maia, 300. Em São Paulo, passaram a ser feitos os projetos de engenharia de instalação, conduzidos por engenheiros locais assistidos pela equipe da L. M. Ericsson. Além do Departamento de Instalações, que visava à formação dos quadros técnicos dos clientes para receber e operar as centrais, o treinamento também foi ampliado, na medida em que ele era a garantia oferecida aos clientes na operação e manutenção das centrais. Assim, a fábrica de São José dos Campos foi ampliada para atender às novas encomendas de expansão da rede telefônica de São Paulo, e, em 1968, as novas instalações foram inauguradas, com a presença do presidente da Ericsson Mundial. Nessa mesma época, as áreas de instalação e teste de centrais estavam sob responsabilidade do Departamento de Instalações, gerido por Lars Abrahammson. Como o crescimento da atividade foi muito rápido e não houve tempo de treinar técnicos locais, entre 1967 e 1973 a Ericsson teve que trazer pessoal experiente de todas as partes do mundo. O número de contratados, de várias nacionalidades e acompanhados de suas respectivas famílias, chegou a 150, de modo que foi necessária a contratação de um gerente de pessoal poliglota. In 1967, the Ericsson headquarters was still located in Rio de Janeiro, although the company was already present in São Paulo with the opening of a branch office in 1937, at Rua Florêncio de Abreu, 42. The move to São Paulo actually occurred with the signing of a major contract with CTB, when several departments were transferred from the Rio offices, located at Avenida Getúlio Vargas, 409, to the property located at Avenida Paulista, 2202, which remained there until completion of Ericsson Center, at Rua da Coroa, 500, in the area that is now part of the Vila Guilherme neighborhood, in the North Zone. Later, with the completion of urbanization projects and construction of the Tietê Bus Terminal, the section of street where the Ericsson building was located had its name changed, and the address became Rua Maria Prestes Maia, 300. In São Paulo, installation engineering projects got under way, conducted by local engineers assisted by the L.M. Ericsson team. Aside from the Facilities Department, aimed at training the technical staff of customers to receive and operate the exchanges, training was also expanded, as this was the assurance offered to customers in the operation and maintenance of the telephone exchanges. Thus, the factory in São José dos Campos was enlarged in order to meet new orders for expansion of the telephone network in São Paulo, and in 1968, the new facilities were inaugurated at an event attended by the president of Ericsson Worldwide. At this same time, the areas of installation and testing of exchanges were under the responsibility of the Facilities Department, managed by Lars Abrahammson. As was activities grew very fast and there was not enough time to train local technicians, between 1967 and 1973 Ericsson had to bring in experienced personnel from around the world. The number of contractors – of various nationalities and accompanied by their families – reached 150, such that it was necessary to hire a multilingual personnel manager. Sede da Ericsson, localizada na Av. Paulista, 2202 no período de 1968-1970 Construção do Centro Ericsson, São Paulo, 1969 miolo_90anos_071014.indd 21 07/10/14 01:04
  • 24. 23 Operários na saída da fábrica da Ericsson, em São José dos Campos, 1961 miolo_90anos_071014.indd 23 07/10/14 01:04
  • 25. 24 Expansão exige investimentos Os volumosos contratos de expansão da rede firmados entre a Ericsson e a CTB para a cidade de São Paulo, naturalmente implicaram também na necessidade de ampliar os serviços técnicos e administrativos da Ericsson, confirmando a decisão de transferência da empresa do Rio de Janeiro para São Paulo. Assim, a nova sede ficaria mais próxima da fábrica de São José dos Campos e também do local onde se concentrava a maior parte das operações da empresa. Ao perceber que o número de contratos estava crescendo, a empresa decidiu pela construção do Centro Ericsson, na zona norte de São Paulo. A construção foi iniciada em 1968 e a inauguração ocorreu em dezembro de 1970. O Centro Ericsson foi construído para abrigar a administração e as demais áreas da empresa, no auge da entrada no mercado de turmas de engenheiros eletricistas e engenheiros eletrônicos, sendo necessário que esses novos profissionais adquirissem conhecimentos específicos de telecomunicações. Possuía uma área construída de 25.000 metros quadrados, equipado com PABX de 600 ramais e 40 troncos, mas com capacidade para até 9.000 ramais, o maior da América do Sul. Nessas intalações também funcionava o Centro deTreinamento Técnico, uma verdadeira escola de telecomunicações que preparava, simultaneamente, 150 alunos, abrigando ainda laboratórios de línguas, pesquisa e desenvolvimento de produtos, além de auditório para 120 lugares dotado de aparelhagem de transmissão simultânea. O Centro contava com oficinas para revisão de equipamentos, depósitos de materiais e de componentes de equipamentos da CTB. As tendências altamente positivas do mercado brasileiro de telecomunicações, somadas à avançada tecnologia dos produtos Ericsson, resultaram num plano de expansão da empresa para o período que se estenderia até o início dos anos 1980 e incluía vultosos investimentos em infraestrutura, recursos tecnológicos e produtos. A expansão também contou com a aquisição, em 1973, de um novo edifício, de aproximadamente 4.000 metros quadrados, no bairro de Santo Amaro, na cidade de São Paulo, destinado à instalação do Centro de Treinamento da empresa, e a compra de mais um terreno de 20.000 metros quadrados, localizado na própria sede do Centro Ericsson, para ampliação dos laboratórios e escritórios. Investimentos foram igualmente direcionados para ampliação da fábrica de São José dos Campos em aproximadamente 8.000 metros quadrados, sendo que os 48.000 metros quadrados de área já construída contavam com melhorias das instalações destinadas a escritórios, maquinário e laboratórios. Desde 1971 as ações da Ericsson no Brasil haviam sido colocadas à venda e passaram a ser negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo. Uma parte das ações foi vendida aos funcionários a EXPANSION DEMANDS INVESTMENTS Of course the extensive contracts of network expansion signed between Ericsson and CTB for the city of São Paulo also made it necessary to expand Ericsson’s technical and administrative services, confirming the decision to transfer the company from Rio de Janeiro to São Paulo. Thus, the new headquarters would be closer to the factory in São José dos Campos and also to the place where most of the company’s operations were concentrated. Realizing that the number of contracts was growing, the company decided to build Ericsson Center, in São Paulo’s North Zone. Construction got under way in 1968 and the grand opening took place in December 1970. Ericsson Center was built to house the administration and other areas of the company, at the exact moment where innumerable graduating classes of electrical engineers and electronics engineers were entering the market, being necessary for these new professionals to acquire expertise in telecommunications. The Center had an overall constructed area of 25,000 square meters, equipped with a 600-extension PBX system and 40 trunk lines, but with capacity for up to 9,000 extensions, the largest such system in South America. At these facilities also functioned the Technical Training Center, a true school of telecommunications that simultaneously prepared 150 students, also featuring language laboratories, product R&D, and a 120-seat auditorium complete with simulcast equipment. The Center had workshops for reviewing equipment, and storage facilities for CTB equipment materials and components. The highly positive trends of the Brazilian telecommunications market, along with the advanced technology of Ericsson products, resulted in a company expansion plan over a period that would extend up to the early 1980s and include significant investments in infrastructure, technological resources and products. The expansion also included, in 1973, acquisition of a new building measuring roughly 4,000 square meters in the Santo Amaro neighborhood in São Paulo, for installation of the company’s Training Center, plus the purchase of another 20,000-square-meter property located adjacent to Ericsson Center, for expansion of laboratories and offices. Investments were also earmarked for expansion of the plant in São José dos Campos by around 8,000 square feet, and all 48,000 square meters of constructed area received improvements in facilities used for offices, machinery and laboratories. Since 1971, shares of Ericsson Brasil have been listed and traded on the São Paulo Stock Exchange. A portion of the shares was sold to employees at a special price and with installment payments. As a publicly traded company, Ericsson could then enjoy some of the advantages conferred to companies of this category, resulting in the signing of sizeable contracts. In 1973, facing the clear need to increase production in Brazil, the company approved a new expansion plan and immediately began to build five new factories: three in Eugênio de Melo, a district of São José dos Campos; one in Paraisópolis, Minas Gerais; and a fifth unit in Caxias do Sul, Rio Grande do Sul. preço especial e com pagamento parcelado. Como empresa de capital aberto, a Ericsson pôde então usufruir de algumas vantagens conferidas a empresas dessa categoria, resultando na assinatura de vultosos contratos. Em1973,diantedaclaranecessidadedeampliar sua produção no país, a empresa homologou um novo plano de expansão e iniciou imediatamente a construção de cinco novas fábricas: três em Eugênio de Melo, distrito de São José dos Campos; uma em Paraisópolis, Minas Gerais; e uma quinta unidade em Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul. miolo_90anos_071014.indd 24 07/10/14 01:04
  • 26. 25 A nacionalização do setor de telecomunicações e a criação da Matel As dificuldades enfrentadas para resolver os problemas que continuavam a assombrar as operadoras urbanas para garantir aos usuários uma prestação de serviço satisfatória levaram o Ministério das Comunicações, criado em 1967, a propor uma nova estrutura para o setor. Foi então criada, em julho de 1972, a Telecomunicações Brasileiras (Telebras), uma sociedade de economia mista, que seria a grande prestadora estatal dos serviços de telecomunicações, com qualidade, diversidade e quantidade suficiente de linhas, tendo como missão contribuir para o desenvolvimento econômico e social do país. Entre as tantas mudanças impostas pela estatal, uma das mais radicais foi a exigência de maior autonomia das multinacionais aqui instaladas em relação às suas matrizes, visando não só estimular a capacitação local para a elaboração e execução de projetos como gerar uma tecnologia nacional, tendo em vista a nacionalização crescente dos materiais e equipamentos. Isso privilegiou a engenharia nacional, pois os fabricantes viram-se forçados a seguir tais diretrizes para obter os certificados de qualidade e homologação do chamado “Padrão Telebras”. Os cursos de engenharia eletrônica e de telecomunicações multiplicaram-se rapidamente, acompanhando e suprindo a instalação de novas fábricas, e os profissionais iam sendo rapidamente absorvidos pela indústria, em especial as concessionárias, que puderam aumentar seus quadros de planejamento técnico, engenharia e operação de serviços. Mas a compra das empresas pela Telebras pautou-se pela divisão regional do mercado, pela qual os fabricantes podiam participar com cotas preestabelecidas e assim planejar suas linhas de produção. Ao mesmo tempo, a Telebras pretendia evitar que a política de mercados cativos não conduzisse a preços, prazos e padrões de qualidade inaceitáveis. O governo decidiu então que o apoio ao desenvolvimento tecnológico das telecomunicações transcendia esse campo, por estar ligado ao estabelecimento da base estratégica integralmente nacional da informática, uma vez que a vanguarda da nova indústria nos países desenvolvidos foi justamente a microeletrônica aplicada às telecomunicações. Mesmo assim, o setor de telecomunicações crescia, mas continuava relativamente sem planejamento, ineficiente e com uma estrutura fragmentada. Nesse contexto, o acelerado desenvolvimento das telecomunicações levou o governo a adotar uma política que, entre outras diretrizes, obrigou as multinacionais a se associarem a grupos financeiros brasileiros que, por lei, passariam a deter maior capital votante. E, a partir de 1975, o Ministério das Comunicações passou a exigir a identificação e o uso das fontes nacionais de tecnologia, bem como o início imediato do desenvolvimento de centrais digitais, seguindo especificações técnicas feitas pelos engenheiros da Telebras. Finalmente, em 1978, o Ministério das Comunicações passou a coordenar a redução das importações e impor a nacionalização dos componentes e matérias-primas dos equipamentos. Em 1979, a L. M. Ericsson, que já no governo JK havia iniciado a fabricação de equipamentos, atendendo ao objetivo do governo de criar uma indústria de telecomunicações com tecnologia própria e controlada por acionistas brasileiros, transferiu 51% do capital votante da Ericsson para a Matel, formada pelos grupos Monteiro Aranha e Atlântica Boa Vista, empresas de capital exclusivamente nacional. Não obstante, manteve significativa participação acionária e continuou fornecendo todo o seu know-how à nova empresa. Pode-se dizer, portanto, que o que levou a Ericsson à nacionalização foi a confiança na política de telecomunicações que estava sendo conduzida pela Telebras. Na verdade, a nacionalização da Ericsson, quando a empresa já comemorava 55 anos de Brasil, foi apenas a formalização de um status que ela já tinha: o de ser uma empresa brasileira. miolo_90anos_071014.indd 25 07/10/14 01:04
  • 27. 26 NATIONALIZATION OF THE TELECOMMUNICATIONS SECTOR AND THE CREATION OF MATEL The difficulties faced in solving the problems that continued to haunt the urban carriers to assure the provision of satisfactory service to users led the Ministry of Communications, created in 1967, to propose a new framework for the sector. Accordingly, in July 1972 Telecomunicações Brasileiras (Telebras) was created, a mixed-economy (part state-owned, part privately-owned) company, which would be the great state-run provider of telecommunications services, with quality, diversity and sufficient number of lines, with the mission to contribute to the nation’s economic and social development. Among the many changes imposed by the state-run corporation – and one of the most radical – was the demand for greater autonomy of the multinationals installed here in relation to their parent companies, aiming not only to stimulate local empowerment for the development and implementation of projects but also to generate domestic technology, in view of the growing nationalization of materials and equipment. This favored Brazilian engineering, because manufacturers were forced to follow such directives in order to obtain certificates of quality and approval of the so-called “Telebras Standard”. Courses in electronic engineering and telecommunications rapidly multiplied, keeping up with and supplying the installation of new factories, and the professionals were being rapidly absorbed by the industry, particularly the concessionaires, which were able to increase their staffs in areas such as technical planning, engineering and operation of services. But the purchase of companies by Telebras was guided by regional division of the market, whereby manufacturers could participate with pre- established quotas and plan their production lines accordingly. At the same time, Telebras intended to prevent the policy of captive markets from leading to unacceptable prices, terms and quality standards. The government then decided that supporting the technological development of telecommunications transcended this field because it is linked to the establishment of an integrally national strategic base of Informatics, since the cutting edge of new industry in developed countries was precisely microelectronics applied to telecommunications. Even so, the telecommunications sector grew, but remained without appropriate planning, inefficient, and with a fragmented structure. In this context, the accelerated development of telecommunications led the government to adopt a policy that, among other directives, forced the multinationals to join Brazilian financial groups that, by law, would detain the majority of voting capital. In 1975, the Ministry of Communications started demanding the identification and use of national sources of technology, as well as the immediate start of development of digital telephone exchanges, following technical specifications made by Telebras engineers. Finally, in 1978, the Ministry of Communications began coordinating the reduction of imports and imposing the nationalization of components and raw materials of the equipment. In 1979, L.M. Ericsson, which had begun manufacturing equipment back in the Kubitschek administration, abiding by the government’s objective of creating a telecommunications industry with Brazilian technology and controlled by Brazilian shareholders, transferred 51% of the voting capital of Ericsson to Matel, formed by the Monteiro Aranha Group and the Atlântica Boa Vista group – companies with exclusively domestic capital. Nevertheless, it maintained a significant stake and continued to provide know-how to the new company. One can therefore say that what led Ericsson to nationalization was its confidence in telecommunications policy that was being conducted by Telebras. In fact, the nationalization of Ericsson, as the company had been in Brazil for 55 years then, was merely a formalization of a status it already had: that of being a Brazilian company. MAIS BRASILEIRA DO QUE NUNCA Em anúncio publicado no jornal Folha de S. Paulo, em 7 de agosto de 1979, a Ericsson ressaltava as vantagens da transferência de 51% do seu capital para a Matel, formada pelo Grupo Monteiro Aranha e pela Atlântica Boa Vista, empresas de capital exclusivamente nacional. O texto comemorativo destacava a comprovação da confiança na política de comunicações da Telebras e da preocupação constante com qualidade e eficiência dos serviços. Enfatizava, ainda, o investimento em pesquisa, engenharia, implantação, fabricação e assistência técnica permanente, além de mais de 6.000 colaboradores envolvidos nesse processo como diferenciais que garantiam a milhões de brasileiros a excelência dos produtos e equipamentos produzidos pela “maior empresa de telecomunicações” do país. MORE BRAZILIAN THAN EVER In an article published in the newspaper Folha de S. Paulo on August 7, 1979, Ericsson stressed the advantages of transferring 51% of its capital to Matel, comprised of the Monteiro Aranha Group and Atlântica Boa Vista Group, companies comprised exclusively by domestic capital. The commemorative text highlighted the proof of Ericsson’s confidence in Telebras’ communications policy and the constant concern for quality and efficiency of services. It also emphasized the investments in research, engineering, deployment, manufacturing and ongoing technical assistance, plus over 6,000 employees involved in this process as distinguishing features that assured millions of Brazilians excellence of products and equipment produced by the nation’s “largest telecommunications company”. Projeto de desenvolvimento da placa de circuito impresso para produtos Ericsson fabricados no Brasil miolo_90anos_071014.indd 26 07/10/14 01:04
  • 28. 27 A nacionalização da produção brasileira O clima de euforia propiciado pelo desenvolvimento econômico dos anos 1970 foi aos poucos arrefecendo, ficando cada vez mais evidente a inflação crescente e o aumento do custo de vida e da pobreza. Assim, na década de 1980, esse modelo se esgotou, e a piora do cenário sócioeconômico acabou por reverter o ritmo acelerado do desenvolvimento do setor de telecomunicações. O Sistema Telebras transformou-se num conjunto de operadoras sem capacidade de investimento, com uma oferta de serviços muito aquém das necessidades do país, acarretando significativo aumento da demanda reprimida e indicando claramente o esgotamento do sistema monopolista estatal. A prestação de serviços continuava precária, tanto para os usuários domésticos como para os corporativos, com problemas de congestionamento e falta de linhas, e a escassez de recursos resultante das restrições impostas pelo governo federal ao setor público refletia-se diretamente na questão dos financiamentos, obrigando o setor de telecomunicações a estruturar no mecanismo de autofinanciamento sua necessidade de expansão. Os novos assinantes, ao encomendarem a linha telefônica, eram compelidos a comprar ações da Telebras ou de suas subsidiárias, pagando altos valores pelas novas linhas, o que gerou um mercado paralelo de telefones, com as linhas sendo comercializadas a peso de ouro. Ficava clara a necessidade de uma nova mudança, sobretudo por se tratar de infraestrutura diretamente ligada à competitividade de outros setores. Nas empresas, os sinais da crise já eram evidentes no nível de ociosidade das fornecedoras do Sistema Telebras e na suspensão da produção das indústrias de cabos telefônicos. As fabricantes de equipamentos para telefonia, entre as quais estava a Ericsson, funcionavam com cerca de 50% de sua capacidade, sendo que as menores até com 80%. Um quadro lastimável, decorrente dos sucessivos cortes na Telebras e da apropriação dos recursos gerados na área que deveriam, mas que não foram aplicados no próprio setor. Na verdade, esse declínio na aplicação dos recursos vinha ocorrendo desde meados da década anterior: dos mais de um milhão de terminais contratados pela Telebras em 1974, esse número oscilou e registrou perdas substanciais, chegando em 1980 a apenas 350.000 terminais contratados. Mas nem tudo foram trevas. O país registrou conquistas, sem dúvida, atribuídas ao avanço tecnológico. A meta de integrar de fato o território brasileiro foi finalmente alcançada em 1985/1986, com o lançamento dos satélites de comunicações BrasilSat-I e BrasilSat-II. Em 1987 foram iniciados os estudos para implantação da telefonia móvel, com inauguração do primeiro sistema analógico dois anos NATIONALIZATION OF BRAZILIAN PRODUCTION The euphoria brought on by the economic development of the 1970s was gradually wearing off, with growing inflation and the rising cost of living and poverty rates becoming increasingly evident. Thus, by the 1980s, this model was depleted, and the worsening of the socio-economic scenario ended up reversing the rapid pace of development in the telecommunications sector. The Telebras System was transformed into a set of carriers with no capacity for investment, with an offer of services far below the country’s needs, resulting in significant increase in pent-up demand and clearly indicating the depletion of state monopoly system. The service supply was still precarious for both residential users and businesses, with problems of congestion and shortage of lines, and the scarcity of resources resulting from the restrictions imposed by the federal government to the public sector was reflected directly on the issue of financing, forcing the telecommunications sector to structure its need for expansion on mechanisms of self-financing. New subscribers, when ordering a phone line, were compelled to buy shares of stock of Telebras or its subsidiaries, paying high amounts for new lines, which generated a parallel telephone market, with lines being sold for their weight in gold. There was a clear need for a new change, especially since this was a matter of infrastructure directly linked to the competitiveness of other sectors. At businesses, the signs of the crisis were already evident in the level of idleness of suppliers to the Telebras System and the suspension of production of telephone cables industries. The manufacturers of telephone equipment, including Ericsson, were working at about 50% capacity, and the smaller ones, at around 80%. An unfortunate situation, resulting from the successive cutbacks at Telebras and the appropriation of resources generated in the area where they should have been invested in the sector itself, but were not. In fact, this decline in investment of resources had been occurring since the middle of the previous decade: of the over one million terminals contracted by Telebras in 1974, this number fluctuated and recorded substantial losses, reaching 1980 with only 350,000 terminals contracted. But all was not bleak. The country recorded achievements, undoubtedly attributed to technological breakthroughs. The goal of actually integrating all Brazilian territory was finally achieved in 1985/1986, with the launch of the communications satellites BrasilSat-I and BrasilSat-II. In 1987 studies were initiated for the deployment of mobile telephony, with the inauguration of the first analog system two years later. Telebras – in partnership with CPqD and other research centers and universities – developed digital switching exchanges, high-capacity multiplex equipment, fiber optics, data communication systems, and the inductive card system for public telephones, all products linked to cutting-edge technologies. Ericsson also believed in the promising signs of that time and acquired, from Gradient, a factory in the state of Amazonas, to produce all types of handsets of its line, from 1985 on. depois. A Telebras, em parceria com o CPqD e outros centros de pesquisa e universidades, desenvolveu as centrais de comutação digital, os equipamentos multiplex de alta capacidade, a fibra óptica, os sistemas de comunicação de dados e o sistema de cartão indutivo para telefone público, produtos vinculados a tecnologias de ponta. A Ericsson também acreditou nos sinais promissores desse momento e adquiriu da Gradiente uma fábrica no Estado do Amazonas, para produção, a partir de junho de 1985, de todos os tipos de aparelhos telefônicos de sua linha. miolo_90anos_071014.indd 27 07/10/14 01:04
  • 29. 28 A Ericsson em harmonia com a Lei de Informática O pioneirismo da Ericsson confirmava-se pela sua estratégia de atuação e competitividade, calcada no tripé tecnologia, padrão de qualidade e fabricação nacional. Os sistemas desenvolvidos tinham ampla aceitação mundial e no Brasil, confirmando a excelência dos serviços prestados. No início dos anos 1980 a Ericsson empregava 10% de seu efetivo, desde o processo de fabricação até a aprovação do produto acabado. E a nacionalização da sua produção garantiu custo e preço final menores, com a substituição da importação de componentes de elevada tecnologia pela produção local de peças similares, sem prejuízo aos padrões de tecnologia e qualidade. Por outro lado, o caráter coercitivo da produção local pela proibição das importações também resultou em produtos mais caros, caso dos processadores centrais. Para adaptar-se à lei da informática no contexto da nacionalização de sua produção, em 1987 a Ericsson incorporou vultoso montante de seu patrimônio ao capital da Matel Tecnologia de Teleinformática – Matec, de origem nacional, sendo 80% controlado pelos grupos Monteiro Aranha e Bradesco e 20% em Bolsa. A Matec atuou num mercado já disputado por outras empresas, mas contava com o suporte da rede de filiais da Ericsson em todo o Brasil. O MD 110 da Matec – um PABX de grande porte – foi adquirido pela Petrobras. Vale dizer que a consolidação do MD110 no Brasil foi fruto da iniciativa empresarial dos grupos Monteiro Aranha e Bradesco, com transferência de tecnologia da Ericsson para formar a Matec, empresa de capital aberto, totalmente enquadrada na política industrial do governo brasileiro. ERICSSON IN HARMONY WITH THE INFORMATICS ACT Ericsson’s pioneering spirit was confirmed by its business strategy and competitiveness, based on the tripod of technology, quality standards, and domestic manufacturing. The systems developed had wide acceptance worldwide and in Brazil, confirming the excellence of the services provided. In the early 1980s, Ericsson used 10% of its staff, from the manufacturing process to approval of the finished product. And the nationalization of its production guaranteed lower cost and final price, with the substitution of imported high-tech components for local production of similar parts, without prejudice to the high standards of technology and quality. On the other hand, the coercive character of local production due to the ban on imports also resulted in more expensive products, as in the case of central processors. To adapt to the Informatics Act in the context of nationalization of its production, in 1987 Ericsson merged a sizable amount of its shareholder equity into the capital of Matel Tecnologia de Teleinformática – Matec, of domestic origin, with 80% controlled by the Monteiro Aranha Group and Bradesco Group, and 20% traded on the stock exchange. Matec acted in a market already disputed by other companies, but had the support of Ericsson’s network of branches throughout Brazil. Matec MD 110 – a large PBX system – was acquired by Petrobras. It’s worth mentioning that the consolidation of MD 110 in Brazil was the result of a business initiative of the Monteiro Aranha and Bradesco groups, with transfer of technology from Ericsson to comprise Matec, a publicly traded company, totally framed within the Brazilian government’s industrial policy. Prensa de 500 toneladas para estampagem progressiva de peças de grande porte. Parque Industrial Eugênio de Melo Montagem de circuitos integrados em cartões de circuito impresso. Parque Industrial Eugênio de Melo Mesa de teclas para circuito universal de linha (BL, BC, RD, tronco de registro), década de 1980 Aplicação de microprocessadores em controle e simulação de sistemas eletrônicos no Laboratório de Desenvolvimento, localizado no Centro Ericsson, em São Paulo miolo_90anos_071014.indd 28 07/10/14 01:04
  • 30. 29 Privatização do setor, mudanças de estratégias da empresa Naprimeirametadedadécadade1990,asempresasdoSistema Telebras não tinham sequer capacidade para atender aos planos de expansão, apesar de serem financiadas pelo próprio adquirente da linha telefônica. Mesmo com tarifas extremamente baixas, o custo para aquisição de linhas era pouco acessível à população mais pobre. Essa situação modificou-se em 1995, com a abertura do setor brasileiro de telecomunicações à participação de capitais privados, um programa de investimentos do governo que visava transformar o setor brasileiro de telecomunicações em agente efetivo do desenvolvimento do país, estimulando a produtividade nacional e assegurando a universalização do acesso aos serviços de comunicações. A partir de 1991, a Ericsson passou a implementar mudanças compatíveis com a nova realidade do mercado, livre da intervenção governamental e de protecionismos, mas condicionada aos requisitos de maior produtividade e desenvolvimento tecnológico. Atenção, recursos e criatividade foram empregados nesse sentido, com a adoção de várias medidas fundamentais para o cumprimento da sua missão: fornecer soluções e meios (produtos e serviços) de alta qualidade e tecnologia aos seus clientes. As novas tecnologias e suas aplicações passaram também a exigir maior eficiência e volume de recursos para os serviços pós- vendas, que constituem seu diferencial entre os competidores. Assim, o Projeto Ericsson 90 foi totalmente implantado, concentrando os esforços e recursos da empresa nas áreas de sua vocação e competência, bem como transferindo para terceiros tarefas que não eram de sua especialização, o que gerou, entre outros resultados satisfatórios, melhoria na comunicação interna. Nesse período, no embalo do desenvolvimento da tecnologia do setor, em que a empresa manteve-se na dianteira das inovações, o Centro de Treinamento transferiu suas atividades de Santo Amaro, em São Paulo, para uma área em São José dos Campos, na fábrica de Eugênio de Melo, onde já haviam sido feitas a ampliação e a modernização das salas de aula e registrados 141.000 alunos/horas, sendo 21.000 para telefonia celular. PRIVATIZATION OF THE SECTOR, CHANGES IN BUSINESS STRATEGIES In the first half of the 1990s, companies of the Telebras system didn’t even have the capacity to meet the expansion plans, despite being financed by the very purchasers of the telephone lines. Even with extremely low rates, the cost to acquire phone lines was hardly accessible to the lower- income population. This situation changed in 1995 with the opening of the Brazilian telecommunications sector to private capital, an investment program of the government that aimed to transform the Brazilian telecommunications sector into an effective agent in the nation’s development, stimulating domestic productivity and assuring universal access to communication services. Starting in 1991, Ericsson began to implement changes compatible with the new market realities, free of government intervention and protectionism, but conditioned to the requirements of higher productivity and technological development. Attention, resources and creativity were used toward this end, with the adoption of several key measures to fulfill its mission: providing costumers with high- quality and high-technology solutions and means (goods and services). The new technologies and their applications also began to demand greater efficiency and volume of resources for post-sales services, which constitute the distinguishing factor among the competitors. Thus, Project Ericsson 90 was fully deployed, concentrating the company’s efforts and resources in the areas of its vocation and competence, as well as outsourcing tasks that were not of its expertise, which generated, among other satisfactory results, improved internal communication. During this period, the momentum of the technological development in the sector, in which the company remained at the forefront of innovation, the Training Center transferred its activities from Santo Amaro, São Paulo, to an area in São José dos Campos, at the Eugênio de Melo factory, where classrooms had already been expanded and modernized, and 141,000 student/hours were logged, of which 21,000 hours were in the field of mobile telephony. miolo_90anos_071014.indd 29 07/10/14 01:04