O documento descreve a história do povo judeu e do Estado de Israel, desde os patriarcas bíblicos até os dias atuais. Detalha a formação da identidade judaica na terra de Israel, o estabelecimento do reino unido de Israel e sua posterior divisão, o exílio babilônico e a diáspora judaica, e o moderno Estado de Israel estabelecido em 1948.
1. A HISTORIA DE ISRAEL.
“Na terra de Israel o povo judeu viveu. Aqui foi criada sua identidade espiritual, política e
religiosa. Aqui foram formados seus valores culturais de significância nacional e universal. E
deram ao mundo o Eterno Livro dos livros... “
Essas foram as linhas de abertura da Declaração de Independência do Estado de Israel em
1948 mostrando que o povo judeu nasceu no território - Eretz Israel. E que ali transcorreu uma
etapa significativa de sua longa história, cujo primeiro milênio está registrado na Bíblia;
Naquela terra se formou sua identidade cultural, religiosa e nacional e nela se manteve
ininterrupta, através dos séculos, sua presença física, mesmo depois do exílio forçado da
maioria do povo. Durante os longos anos de dispersão, o povo judeu jamais rompeu ou
esqueceu sua ligação com sua terra. Com o estabelecimento do Estado de Israel, em 1948, foi
recuperada a independência judaica, perdida 2000 anos antes.
A área de Israel, dentro das fronteiras e linhas de cessar-fogo, inclusive os territórios sob o
autogoverno palestino, é de 27.800 km2. Com sua forma longa e estreita, o país tem cerca de
470 km de comprimento e mede 135 km em seu ponto mais largo. Limita-se com o Líbano ao
Norte, com a Síria a Nordeste, a Jordânia a Leste, o Egito a Sudoeste e o Mar Mediterrâneo a
Oeste.
A distância entre montanhas e planícies, campos férteis e desertos pode ser coberta em
poucos minutos. A largura do país, entre o Mediterrâneo a Oeste e o Mar Morto, a Leste, pode
ser cruzada de carro em cerca de 90 minutos; e a viagem desde Metullah, no extremo Norte, a
Eilat, ao sul leva umas 9 horas.
Israel pode ser dividido em quatro regiões geográficas: três faixas paralelas que correm de
Norte a Sul, e uma vasta zona, quase toda árida, na metade Sul do país. Com florestas e vales
verdes férteis, até desertos montanhosos e desde a planície costeira até o semitropical vale do
Jordão e o mar Morto, o ponto mais baixo da terra. Aproximadamente metade da área do país
é semiárida.
Clima
O clima de Israel é caracterizado por muito sol, com a estação de chuvas de novembro a abril.
A precipitação anual total varia de 500 a 700 mm no norte a cerca de 25 mm no extremo sul.
Tel Aviv
As condições climáticas regionais variam consideravelmente:
Verões secos e quentes e invernos moderadamente frios, com chuva e neve ocasional nas
regiões montanhosas.
2. Jerusalém
Verões secos, quentes e invernos agradáveis no vale do Jordão e condições semiáridas, com
dias quentes e noites frias. Ao sul encontramos Eilat, um oásis mesmo no inverno.
Fauna e Flora
A rica variedade da flora e fauna israelense reflete sua localização geográfica, bem como sua
topografia e clima variados. Mais de 500 tipos de pássaros, algo em torno de 200 espécies de
mamíferos e répteis e
2 600 tipos de plantas (150 das quais nativas de Israel) são encontradas dentro de suas
fronteiras.
Mais de 150 reservas naturais e 65 parques nacionais, compreendendo perto de mil
quilômetros quadrados foram estabelecidos em todo o país.
Água
A escassez de água na região tem gerado esforços intensos para maximizar o uso dos recursos
disponíveis e a busca por novos. Nos anos 60, as fontes de água potável de Israel foram
reunidas em uma rede integrada, cuja artéria principal, o Aqueduto Nacional, traz água do
norte e do centro até o sul semiárido. Projetos em andamento para a utilização de novos
recursos incluem o bombardeio de nuvens, a reciclagem da água de esgotos e a dessalinização
da água do mar.
População
Israel é um país de sabra e imigrantes. Desde o seu nascimento em 1948, a população de Israel
multiplicou-se quase dez vezes. Seus 7,8 milhões de habitantes formam um mosaico de
pessoas com diversas etnias, estilos de vida, religiões, culturas e tradições. Hoje, os judeus
compreendem cerca de 75,4% da população do país, enquanto os cidadãos não judeus, a
maioria árabes (20,5%), somam cerca de 24,6%.
Estilo de Vida
Cerca de 92% dos habitantes de Israel vivem em cerca de 200 centros urbanos, como Tel Aviv
(foto acima), alguns dos quais localizados em locais históricos antigos. Cerca de 5% são
membros de assentamentos cooperativos rurais únicos: os kibbutz e os moshav.
Capital Jerusalém
3. Jerusalém está edificada nas colinas da Judeia, a cerca de 70 km do Mar Mediterrâneo, no
centro de Israel. Eqüidistante de Eilat, ao Sul, e de Metullah, ao Norte - os pontos extremos do
país. Acontecimentos inigualáveis que não se repetem, mudaram o rumo da história do
mundo.
O nome da cidade é mencionado centenas de vezes nas Escrituras Sagradas e em fontes
egípcias. Jerusalém, do rei Melquisedeque e do Monte Moriá, onde o patriarca Abraão esteve
pronto para sacrificar o seu filho; Jerusalém, da capital do reino de Davi, do primeiro Templo
de Salomão e do segundo Templo, reconstruído por Herodes;
Jerusalém, palco dos profetas Isaías e Jeremias, cujas pregações influenciaram atitudes morais
e religiosas da humanidade. Ali outras religiões, outros povos se revezariam em adoração.
Nomes e Significados
Em Juízes 19.10 afirma-se que Jebus é Jerusalém. Nos Salmos 87:2 e 51:18 e mais 179 vezes,
Jerusalém é chamada Sião. Outros nomes na Bíblia e extra-bíblicos são dados a Jerusalém:
Cidade de Davi ( I Rs. 8.1); Cidade de Judá (II Cr. 25.28); Cidade Santa (Ne. 11.1 E Is. 52.1);
Cidade de Deus (Is. 60.14) (Sl. 87.2); Ariel (Is. 29.1); Ladeira de Deus (Is. 1.26); Cidade de Justiça
(Is. 1.26); Cidade do Grande Rei (Mt. 5.35). Aelia Capitolina em 135 d.C. El-Kuds (“a santa”,
nome que o árabe deu a Jerusalém). Jerusalém cidade da paz. Morada da paz! Eis o que
significa Jerusalém na língua hebraica! Jerusalém – a capital de Israel.
Perspectiva através do Tempo
Os Patriarcas
A história registrada no livro de Gênesis no Primeiro Testamento dá início à formação do povo
judeu. Tudo começa com o patriarca Abrão, ele sai de sua cidade de Ur dos Caldeus, na
Mesopotâmia em direção a terra que ainda lhe seria revelada. Ao tomar posse das promessas
de Deus foi abençoado e mais tarde se tornaria uma grande nação. O encontro com Deus deve
ter sido algo extraordinário, que abalou a estrutura física e emocional deste homem e o
direcionou para uma nova vida.
A terra da peregrinação chamava-se Canaã, mais tarde, Palestina. Isaque e Jacó herdeiros da
mesma promessa, mantém a mesma conduta de fé e obediência. Num período de escassez de
alimento, Jacó e seus filhos emigraram para a terra do Egito, onde seu filho José era
governador. Após a morte deste, seguiram-se anos de angústias e perseguições. Os Bney
Yaacov tornaram-se escravos.
Moisés surge no cenário histórico como um libertador nomeado pelo próprio Deus. A
comunhão entre eles tornar-se-ia algo surpreendente. Depois de várias entrevistas com Faraó
e dez pragas que praticamente assolaram os egípcios, o povo é libertado. Eles testemunham a
força do seu Deus e os milagres acontecem, um após outro. A travessia pelo Mar Vermelho é
um momento histórico a ser lembrado de geração em geração. E Moisés conduz o povo pelo
deserto, num período de quarenta anos.
4. O povo escravizado por quatrocentos anos agora caminhava em direção a liberdade. Anos que
serviram para estruturar Israel tanto na esfera religiosa como civil. As areias quentes do
deserto vêem os meninos se transformarem em homens fortes e corajosos.
Os Dez Mandamentos e a Lei, recebidas no monte Sinai, formam a base da religião mosaica. O
Tabernáculo é erguido, surgem os sacrifícios e as festas. A caminhada chega ao fim e a Terra
Prometida é admirada por Moisés do monte Nebo. Ali ele morre e é enterrado.
A conquista e a divisão das terras pelas doze tribos dão-se sob a liderança de Josué. Um
homem com coragem bastante para tomar uma posição diante do povo e de seu Deus
(Js.24.15). O povo nômade enfrenta agora os problemas e as dificuldades de uma vida
segregaria. As doze tribos de Israel estabeleceram seus territórios: Ruben, Simeão, Manassés,
Judá, Isaacar, Zebulom, Efraim, Benjamim, Dã, Naftali, Gade e Aser.
Após a morte de Josué, a liderança do povo fica a cargo dos Juízes. Esses homens eram
nomeados por Deus, à medida que Israel era subjugado por outros povos que viviam ao redor.
Os juízes lideravam o povo e julgavam as questões internas A Bíblia cita alguns deles: Otniel,
Eude, Sangar, Débora, gideão, Abimeleque, Tola, Jair, Jefté, Ibzá, Elon, Abdom, Sansão, Eli,
Samuel que combatiam com os povos Moabitas, Midianitas, Amonitas e Filisteus.
Em um dado momento na história, o povo de Israel precisa de uma liderança maior, que
abranja todo o território. Eles pedem um rei. Samuel se sente constrangido em comentar o
assunto com Deus. Mas Israel precisava ser igual aos outros povos para se impor perante eles
e os anciões confiaram na autoridade de Samuel e no seu discernimento.
A Monarquia
O reinado do primeiro rei, Saul, permitiu a transição entre a organização tribal e o pleno
estabelecimento da monarquia, sob David, seu sucessor.
O rei David fez de Israel uma das potências da região através de bem sucedidas expedições
militares, entre as quais a derrota final dos filisteus, assim como as alianças políticas com os
reinos vizinhos. Ele unificou as doze tribos israelitas num só reino e estabeleceu sua capital,
Jerusalém. David foi sucedido por seu filho Salomão que consolidou ainda mais o reino.
No reinado de Salomão o Templo é construído. Sua sabedoria atrai centenas de pessoas e ele
escreve seus provérbios. Salomão faz casamentos políticos e fortificações estratégicas por
todo o território. O monarca centrou suas ações no desenvolvimento econômico com o
domínio das principais vias de comércio tornando-o uma das grandes potências da época. O
auge do seu governo foi a construção do Templo de Jerusalém.
A Monarquia dividida
Após a morte de Salomão uma insurreição aberta provocou a cisão das tribos do norte e a
divisão do país em dois reinos: o reino setentrional de Israel, formado pelas dez tribos do
Norte, e o reino meridional de Judá, no território das tribos de Judá e Benjamim.
5. O Reino de Israel, com sua capital Samaria, durou mais de 200 anos, e teve 19 reis; o Reino de
Judá sobreviveu 350 anos, com sua capital, Jerusalém, e teve o mesmo número de reis, todos
da linhagem de David. Com a expansão dos impérios assírios e babilônicos, tanto Israel quanto
Judá, mais tarde, acabou caindo sob domínio estrangeiro.
O Reino de Israel foi destruído pelos assírios (722 A.C.) e seu povo foi exilado e esquecido. Uns
cem anos depois, a Babilônia conquistou o Reino de Judá, exilando a maioria de seus
habitantes e destruindo Jerusalém e o Templo (586 A.C.).
Primeiro Exílio (586 - 538 a.c.)
O exílio na Babilônia não rompeu a ligação do povo judeu com sua terra. Às margens dos rios
da Babilônia, os judeus assumiram o compromisso de lembrar para sempre da sua pátria: “Se
eu me esquecer de ti, ó Jerusalém, esqueça-se a minha destra da sua destreza. Apegue-se a
língua ao paladar, se me não lembrar de ti, se não preferir Jerusalém à minha maior alegria.”
(Sl. 137.5,6).
O exílio marcou o início da Diáspora Judaica. Lá, o Judaísmo começou a desenvolver um
sistema e um modo de vida religioso fora de sua terra, para assegurar a sobrevivência nacional
e a identidade espiritual do povo judeu, concedendo-lhe a vitalidade necessária para preservar
seu futuro como uma nação.
Dominação Estrangeira
Os Períodos Persa e Helenístico (538-142 A.C.)
Em consequência de um decreto do rei Ciro, da Pérsia, que conquistou o Império babilônico,
cerca de 50.000 judeus empreenderam o primeiro retorno à Terra de Israel, sob a liderança de
Zerobabel, da dinastia de David. Menos de um século mais tarde, o segundo retorno foi
liderado por Esdras, o escriba. Durante os quatro séculos seguintes, os judeus viveram sob
diferentes graus de autonomia sob o domínio persa (538-333 A.C.) e helenístico ptolemaico e
selêucida (332-142 A.C.)
A repatriação dos judeus, sob a inspirada liderança de Esdras, a construção do segundo templo
no sítio onde se erguera o primeiro, a fortificação das muralhas de Jerusalém por Neemias, e o
estabelecimento da Knesset Hagdola (a Grande Assembleia), o supremo órgão religioso e
judicial do povo judeu, marcaram o início do segundo estado judeu (período do segundo
Templo).
Como parte do mundo antigo conquistado por Alexandre Magno, da Grécia (332 A.C.), a terra
de Israel continuava a ser uma teocracia judaica, sob o domínio dos selêucidas, estabelecidos
na Síria. Quando os judeus foram proibidos de praticar o judaísmo e seu Templo foi profanado,
proíbiram a circuncisão e a comemoração do shabat e a alimentação kosher além de sacrificar
um porco no Templo e derramar sangue nos rolos da Torah. Para impor aos judeus a religião
grega, constrói altares no povoado e ordena o sacrifício de animais considerados imundos,
ofendendo as tradições, os costumes e as ordenanças da Lei.
Oficiais sírios se encarregam de cumprir todos os decretos desencadeando uma revolta
liderada por Matatias e seus filhos da dinastia sacerdotal dos Hasmoneus. Mais tarde, Judá
6. Macabeus e os judeus entraram em Jerusalém e purificaram o Templo (164 A.C). Assim, o
milagre que marcou o evento é comemorado até hoje anualmente, na festa do Chanuká.
A Dinastia dos Hasmoneus ( 142-63 A.C.)
Sob a dinastia dos Hasmoneus, que durou cerca de 80 anos, as fronteiras do reino eram muito
semelhantes às do tempo do Rei Salomão; o regime atingiu consolidação política e a vida
judaica floresceu.
O Domínio Romano (63 - 313 A.C.)
Quando os romanos substituíram os selêucidas no papel de grande potência regional, eles
concederam ao rei Hasmoneus Hircano II autoridade limitada, sob o controle do governador
romano sediado em Damasco. Os judeus eram hostis ao novo regime, e os anos seguintes
testemunharam muitas insurreições. Uma última tentativa de reconquistar a antiga glória da
dinastia dos Hasmoneus foi feita por Matatias Antígono, cuja derrota e morte trouxeram fim
ao governo dos Hasmoneus (40 a.C.); o país tornou-se, então, uma província do Império
Romano.
Em 37 a.C., Herodes, genro de Hircano II, foi nomeado rei da Judeia pelos romanos. Foi-lhe
concedida autonomia quase ilimitada nos assuntos internos do país, e ele se tornou um dos
mais poderosos monarcas da região oriental do Império Romano, porém não conseguiu a
confiança e o apoio de seus súditos judeus.
Dez anos após a morte de Herodes (4 a.C.), a Judeia ficou sob a administração romana direta. À
proporção que aumentava a opressão romana à vida judaica, crescia a insatisfação, que se
manifestava por violência esporádica, até que rompeu uma revolta total em 66 a.C.
As forças romanas, lideradas por Tito, superiores em número e armamento, arrasaram
Jerusalém (70 a.C.) e posteriormente derrotaram o último baluarte judeu em Massada (73
a.C.).
A destruição total de Jerusalém e do Templo foi uma catástrofe para o povo judeu. De acordo
com o historiador da época, Flavio Josefo, centenas de milhares de judeus pereceram durante
o cerco a Jerusalém e em outros pontos do país, e outros milhares foram vendidos como
escravos.
Um último breve período de soberania judaica na era antiga foi o que se seguiu à revolta de
Shimon Bar Kochbá (132 a.C.), quando Jerusalém e a Judeia foram reconquistadas. No entanto,
dado o poder massivo dos romanos, o resultado era inevitável. Três anos depois, segundo o
costume romano, Jerusalém foi “sulcada por uma junta de bois”; a judeia foi rebatizada de
Palestina e a Jerusalém foi dada o novo nome de Aelia Capitolina.
O Domínio Bizantino (313-646 d.C.)
7. No final do sec. IV após a conversão do imperador Constantino ao Cristianismo e a fundação
do Império Bizantino, a terra de Israel se tornara um país predominantemente cristão. Os
judeus estavam privados de sua relativa autonomia anteriores, assim como do direito de
ocupar cargos públicos; também lhes era proibida a entrada em Jerusalém, com exceção de
um dia por ano (Tishá be Av - dia 9 de Av), quando podiam prantear a destruição do Templo.
A invasão persa de 614 d.C., contou com o auxílio dos judeus, animados pela esperança
messiânica da libertação. Em gratidão por sua ajuda eles receberam o governo de Jerusalém;
este interlúdio, porém, durou apenas três anos. O exército bizantino recuperou o domínio da
cidade (629 d.C.), e os habitantes judeus foram novamente expulsos.
Domínio Árabe (639-1096 d.C.)
A conquista do país pelos árabes ocorreu quatro anos após a morte de Maomé (632 d.C.) e
durou mais de quatro séculos, sob o governo de Califas estabelecidos primeiramente em
Damasco, depois em Bagdá e no Egito. No início do domínio muçulmano, os judeus novamente
se instalaram em Jerusalém, e a comunidade judaica recebeu o costumeiro status de proteção
concedido aos não-muçulmanos sob domínio islâmico, que lhes garantia a vida, as
propriedades e a liberdade de culto, em troca do pagamento de taxas especiais e impostos
territoriais.
Contudo, a introdução de restrições contra os não-muçulmanos (717 d.C.) afetou a vida
pública dos judeus, assim como sua observância religiosa e seu status legal. Pelo fim do sec. XI,
a comunidade judaica da Terra de Israel havia diminuído consideravelmente.
Os Cruzados (1096-1291 d.C.)
Nos 200 anos seguintes, o país foi dominado pelos Cruzados que, atendendo a um apelo do
Papa Urbano II, partiram da Europa para recuperar a Terra Santa das mãos dos “infieis”. Em
julho de 1099, após um cerco de cinco semanas, os cavaleiros da Primeira Cruzada e seu
exército de plebeus capturaram Jerusalém, massacrando a maioria de seus habitantes não-
cristãos.
Entrincheirados em suas sinagogas, os judeus defenderam seu quarteirão, mas foram
queimados vivos ou vendidos como escravos. Nas poucas décadas que se sucederam, os
cruzados estenderam seu poder sobre o restante do país. Após a derrota dos cruzados pelo
exército de Saladino (1187 d.C.), os judeus passaram a gozar de liberdade, inclusive o direito
de viver em Jerusalém. O domínio cruzado sobre o país chegou ao fim com a derrota final
frente aos mamelucos (1291 d.C.) uma casta militar muçulmana que conquistara o poder no
Egito.
O Domínio Mameluco (1291-1516 d.C.)
Sob o domínio mameluco, o país tornou-se uma província atrasada, cuja sede de governo era
em Damasco. O período de decadência sob os mamelucos foi obscurecido ainda por revoltas
políticas e econômicas, epidemias, devastação por gafanhotos e terríveis terremotos.
O Domínio Otomano (1517-1917 d.C)
8. Após a conquista otomana, em 1517, o país foi dividido em quatro distritos, ligado
administrativamente à província de Damasco; a sede do governo era em Istambul. No começo
da era otomana, cerca de 1000 famílias judias viviam na Terra de Israel, em Jerusalém, Nablus
(Sichem), Hebron, Gaza, Safed (Tzfat) e algumas aldeias da Galileia. A comunidade se
compunha de descendentes de judeus que nunca haviam deixado o país, e de imigrantes da
África do Norte e da Europa.
Um governo eficiente, até a morte do sultão Suleiman, o Magnífico (1566 d.C.), trouxe
melhorias e estimulou a imigração judaica. À proporção que o governo otomano declinava e
perdia sua eficiência, o país foi caindo de novo em estado de abandono geral. No final do séc.
XVIII, a maior parte das terras pertencia a proprietários ausentes, que as arredavam a
agricultores empobrecidos pelos impostos elevados e arbitrários. As grandes florestas da
Galileia e do monte Carmelo estavam desnudas; pântanos e desertos invadiam as terras
produtivas.
O sec. XIX testemunhou os primeiros sinais de que o atraso medieval cedia lugar ao progresso.
Eruditos ingleses, franceses e americanos iniciavam estudos de arqueologia bíblica. Foram
inauguradas rotas marítimas regulares entre a Terra de Israel e a Europa, instaladas conexões
postais e telegráficas e construída a primeira estrada, entre Jerusalém e Jafa.
A situação dos judeus do país foi melhorando, e a população judaica aumentou
consideravelmente. Inspirados pela ideologia sionista, dois grandes fluxos de judeus da Europa
Oriental chegaram ao país, no final do sec. XIX e início do sec. X. Resolvidos a restaurar sua
pátria através do trabalho agrícola, estes pioneiros começaram pela recuperação da terra
árida, construíram novas colônias e lançaram os fundamentos do que mais tarde se tornaria
uma próspera economia agrícola.
1946
Em meados do século XIX, a população começou a crescer. Em 1878 surge a primeira colônia
próxima a planície costeira: Petah Tikvá. Em 1909 surge o primeiro kibutz chamado de
Degania, as margens do Kineret (Mar da Galileia). Outros judeus começam a organizar
comunidades (Yishuv) fora do muro da cidade velha de Jerusalém. Sucessivas imigrações,
muitas delas clandestinas, fizeram a comunidade judaica crescer.
O sonho de uma pátria para os judeus, e que ela ficava na Palestina, nasceu no coração de um
homem. Com a edição da obra O Estado Judeu publicado em 1896 Theodor Herzl desejava
desencadear uma onda de patriotismo. Sua estratégia era simples: os mais pobres seguiriam
primeiro para construir um país. “Dei-nos a soberania de um pedaço de terra, nós nos
encarregaremos do resto”.[1]
O Congresso de Basileia na Suíça e a criação da Sociedade dos Judeus foi dado o primeiro
passo. Tamanha a convicção de Herzl que ele mesmo declarou em seu diário: “Em Basileia,
fundei o Estado Judeu”. Dois territórios foram considerados: Argentina, uma região rica e
pouco povoada. Mas quando se falou Palestina o coração tremeu. Herzl afirmou: “nossa
9. inolvidável pátria histórica... esse nome por si só seria um toque de reunir poderosamente
empolgante para o nosso povo”.
Theodor Herzl faleceu aos 44 anos vítima de um ataque cardíaco, mas cinquenta anos depois
nasce o Estado de Israel, e seu corpo foi transferido para uma colina em frente a Jerusalém,
Har Herzl. O ideal sionista de Herzl foi uma chama acesa na frase: “se quiseres, não será uma
lenda.”
Mas o que é Sionismo? Sionismo é o movimento de libertação nacional do povo judeu, que,
impulsionado por um crescente anti-semitismo na Europa e alguns países do mundo,
converteu-se num movimento político e organizado. Em 1897 Theodor Herzl marcou a história
e tornou-se líder deste movimento.
“Sionismo é a convicção de que o povo judeu tem direito à liberdade e à independência
política em seu lar pátrio. É o esforço emergente cujo objetivo é desenvolver e assegurar a
existência nacional do povo judeu, na terra de Israel”.
Ao romper a I Guerra Mundial (1914), a população judaica do país totalizava 85.000
habitantes, em contraste com os 5.000 do início do séc. XVI.
1917 – Declaração Balfour
Em dezembro de 1917, as forças britânicas, sob o comando do General Allemby, entraram em
Jerusalém, pondo fim a 400 anos de domínio otomano.
Em meados do século 19, a maior parte dos judeus se encontrava nos países da Europa
oriental, como a Polônia, a Lituânia, a Hungria e a Rússia. Nessa época, a antiga Israel era uma
província do Império turco, denominada Palestina. Ao mesmo tempo, uma onda de
nacionalismo atingia a Europa com a unificação da Itália e da Alemanha.
Desenvolveu-se, então entre os judeus um movimento nacionalista que se orientava pela ideia
de recriar uma nação judaica no território de sua pátria ancestral. O movimento recebeu o
nome de sionismo, que se origina de Sion, a antiga designação de uma colina de Jerusalém que
passou a denominar esta mesma cidade bem como a própria Israel.
Shoah
O anti-semitismo não começou na Segunda Guerra Mundial. O povo judeu já sofria os horrores
da intolerância religiosa há muito tempo. O gueto é a forma mais clara de entender a trajetória
da ignorância humana que desencadeou uma série de conflitos prejudicando a vida e a
sobrevivência dos judeus em quase todos os lugares do mundo. Sem qualquer razão plausível,
foram proibidos de andar livremente pelas ruas, eles perderam o direito a cidadania nos países
onde nasceram, foram jogados de um lugar para o outro, até que não restasse um lugar onde
pudessem viver em paz.
O Domínio Britânico (1918-1948)
10. Em julho de 1922, a Liga das Nações confiou à Grã-Bretanha o mandato sobre a Palestina
(nome pelo qual o país era designado na época). Reconhecendo a "ligação histórica do povo
judeu com a Palestina", recomendava que a Grã-Bretanha facilitasse o estabelecimento de um
lar nacional judaico na Palestina - Eretz Israel (Terra de Israel).
Dois meses depois, em setembro de 1922, o Conselho da Liga das Nações e a Grã-Bretanha
decidiram que as estimulações destinadas ao estabelecimento deste lar nacional judaico não
seriam aplicadas à região situada a leste do Rio Jordão, cuja área constituía os 3/4 do território
do Mandato - e que mais tarde tornou-se o Reino Hashemita da Jordânia.
O Estado de Israel -Declaração de Independência/ 1948
Ben Gurion
Com a resolução da ONU de 19 de novembro de 1947, em 14 de maio de 1948, data em que
terminou o Mandato Britânico, a população judaica na Terra de Israel era de 650.000 pessoas,
formando uma comunidade organizada, com instituições políticas, sociais e econômicas bem
desenvolvidas - de fato, uma nação em todos os sentidos, e um estado ao qual só faltava o
nome, porém opondo-se ao estabelecimento do novo Estado os países árabes lançaram-se
num ataque de várias frentes, dando origem à Guerra da Independência em 1948 - 1949, que
defendeu a soberania que havia acabado de reconquistar. Com o fim da guerra, Israel
concentrou seus esforços na construção do Estado pelo qual o povo tinha lutado tão longa e
arduamente.
A Guerra dos Seis Dias - 1967
As esperanças por mais uma década de relativa tranquilidade se esvaneceram com a escalada
dos ataques terroristas árabes através das fronteiras como Egito e a Jordânia. Ao fim de seis
dias de combates, os núcleos populacionais do norte do país ficavam livres do
bombardeamento sírio, que durara 19 anos; a passagem de navios israelenses e com destino a
Israel, através do Estreito de Tiran estava assegurada.
Jerusalém, que estivera dividida entre Israel e Jordânia desde 1949, foi reunificada sob a
autoridade de Israel.
Moshe Dayan
A Guerra de Iom Kipur - 1973
A relativa calma ao longo das fronteiras terminou no Dia da Expiação, o dia mais sagrado do
calendário judaico, quando o Egito e a Síria lançaram um ataque de surpresa coordenado
contra Israel (6 de outubro de 1973). Durante as três semanas seguintes, as Forças de Defesa
de Israel mudaram o rumo da batalha e repeliram os ataques. Dois anos de difíceis
negociações entre Israel e o Egito e entre Israel e a Síria resultaram em acordos de separação
de tropas, pelos quais Israel se retirou de parte dos territórios conquistados na guerra.
11. Da Guerra à Paz
Embora a guerra de 1973 tenha custado a Israel um ano de seu PNB, a economia já tinha se
recobrado na segunda metade de 1974. Os investimentos estrangeiros cresceram, e quando
Israel se tornou um membro associado do MCE (1975), abriram-se novos mercados aos
produtos israelenses. O turismo incrementou e o número anual de visitantes ultrapassou o
marco de um milhão.
O círculo vicioso da rejeição por parte dos árabes a todos os apelos de paz de Israel foi
rompido com visita do Presidente Anuar Sadat a Jerusalém (novembro 1977), à qual se
seguiram negociações entre o Egito e Israel que culminaram com os acordos de Camp David
(setembro).
Século XXI
Após o assassinato do Primeiro-Ministro Ytzhak Rabin (Nov/95), o governo, de acordo com seu
direito de nomear um dos ministros (neste caso, obrigatoriamente um membro do Knesset -
Parlamento Israelense) para exercer o cargo de Primeiro Ministro até as próximas eleições -
nomeou o Ministro das Relações Exteriores Shimon Peres a esta função.
As eleições de maio de 1996 trouxeram ao poder uma coalizão governamental constituída de
elementos nacionalistas, religiosos e centristas, chefiada por Benjamin Netanyahu do Likud.
Porque o SENHOR teu Deus te põe numa boa terra, terra de ribeiros de águas, de fontes, e de
mananciais, que saem dos vales e das montanhas;
Terra de trigo e cevada, e de vides e figueiras, e romeiras; terra de oliveiras, de azeite e mel.
Deuteronômio 8:7-8
Israel Moderno
O século XXI trouxe uma era de progresso que Israel soube aproveitar. Desenvolvimento em
diversas áreas mostraram a capacidade tecnológica, bélica e política que mantém Israel sob os
olhares do mundo.
Os conflitos continuam em várias partes do país, principalmente por causa das diferenças
religiosas e territoriais.
A declaração da cidade de Jerusalém como capital de Israel também cria polêmicas no Oriente
Médio e demais países ao redor do mundo, mas ninguém pode discutir a ligação religiosa
daquele pequeno pedaço de terra com o povo judeu. Assim, contrariando a todos mantemos
Jerusalém indivisível e israelense.