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100
GUILHERMINOS
haicais encadeados
Alvaro Posselt, Amauri Solon e José Marins (org)
Guilherme de Almeida
Campinas 1890 – São Paulo 1969
O HAIKAI
Lava, escorre, agita
a areia. E enfim, na bateia,
fica uma pepita.
Guilherme de Almeida
Para um estudo do haicai guilhermino,
como o poeta o desenvolveu, são leituras
obrigatórias os seguintes textos:
HAICAIS COMPLETOS
S. Paulo: Aliança Cultural Brasil-Japão, 1996
Contém estudo crítico por Paulo Franchetti.
HAICAIS COMPLETOS,
em Encantamento, Acaso, Você.
Campinas: Editora Unicamp, 2002
Contém estudo do conteúdo dos haicais por
Suzi Frankl Sperber.
GUILHERME DE ALMEIDA e o lugar do haicai
na poesia brasileira.
Artigo de Fabrício Marques
Leitura - Maceió, n. 45, p. 39/69, jan/jun 2010
100 GUILHERMINOS
haicais encadeados
Alvaro Posselt, Amauri Solon e José Marins (org)
O terceto guilhermino é o estilo brasileiro
mais radical de aclimatação do haikai japonês.
Anterior ao estilo livre, difundido por Millôr
Fernandes e Paulo Leminski, e ao estilo
clássico de apropriação posterior,
Guilherme de Almeida foi dos mais bem
sucedidos divulgadores do haicai no Brasil.
O haicai guilhermino, como se conhece
o terceto de Almeida, é realizado em 5/7/5
sílabas, tem duas rimas (do primeiro com o
terceiro, e no segundo verso, da segunda
com a sétima sílaba), e leva um título.
Neste trabalho, que organizei com os
poetas Alvaro Posselt e Amauri Solon, os
100 Guilherminos são estrofes encadeadas,
sem títulos e passam por temas sazonais.
Para nós foi um gratificante jogo lúdico
em homenagem aos que fazem dessa
forma um dos estilos do haicai brasileiro.
José Marins
1
no meio do mato
a gata vê pela pata
a fuga do rato
Alvaro Posselt
2
urubu ao léu –
finura de voo na altura
vagueia no céu
josé marins
3
Luva e cachecol
Vai dar para se esquentar
debaixo do sol
Alvaro Posselt
4
pai preocupado –
atento em busca de alento
ao filho gripado
josé marins
5
Chuvinha faceira –
No talho encontra um atalho
pinga-me a goteira
Alvaro Posselt
6
é frio pequeno –
assim mesmo, para mim
este sol ameno
josé marins
7
Sentados e em pé,
se agita a Boca Maldita
Hora do café
Alvaro Posselt
8
rua XV emplaca –
florida, em rosa vestida,
a pata-de-vaca
josé marins
9
Tem gente que estranha
Pois quando na Quinze andando
vê o homem aranha
Alvaro Posselt
10
passa pela rua
decente assim na crescente
logo estará nua
josé marins
11
Um salto no escuro
Na pressa o ladrão despreza
a altura do muro
.
Alvaro Posselt
12
ela desce do auto
igual à mulher fatal –
desfila de salto
.
josé marins
13
Lá vai a modelo
Lindinha, mas tão gordinha
no seu cotovelo
.
Alvaro Posselt
14
essa vida boêmia
quer sua noite de rua –
mulher alma gêmea
.
josé marins
15
sorriso faceiro –
bem rente que nem pão quente
chega o pipoqueiro
.
Amauri Solon
16
O frio dói na veia
Parelhos até os joelhos
dois pares de meia
.
Alvaro Posselt
17
na praça sem sol –
um moço põe no pescoço
grosso cachecol
.
Amauri Solon
18
noite de tormenta –
se tem apagão também
o xingar aumenta
.
josé marins
19
O céu estremece.
Já sem a nuvem de incenso
lá vai uma prece.
.
Alvaro Posselt
20
vinte e três de julho
a neve caiu tão breve
que só fez barulho
.
josé marins
21
Um vento de leve
sacode, do ramo eclode
um floco de neve
.
Alvaro Posselt
22
rósea cerejeira –
ao pé deixa suas pétalas
árvore brejeira
.
josé marins
23
Pincel da geada
A tela em minha janela
é a relva queimada
.
Alvaro Posselt
24
névoa na manhã –
cor brilha na densa trilha
altiva suinã
.
Amauri Solon
25
uiva, zune e late –
farsante o vento cortante
que na porta bate
.
josé marins
26
meu estoque de erva
jasmim, hibisco, alecrim,
bateu na reserva
.
Alvaro Posselt
27
um pequeno rito –
mania nessa invernia
meu mate solito
.
josé marins
28
Brócolis com molho –
Receita que se deleita
só de bater o olho
.
Alvaro Posselt
29
corre o chimarrão –
o cheiro do carreteiro
chama pro galpão
.
Amauri Solon
30
vem dela o carinho –
acerto assim todo o incerto
desse meu caminho
.
josé marins
31
Ao menos um pouco
no agosto não ter o encosto
do cachorro louco
.
Alvaro Posselt
32
se tem vida muita
não diz o gato feliz:
que manhã gratuita!
.
josé marins
33
O galo cantou –
À toa na mente ecoa
um grito de gol
.
Alvaro Posselt
34
em meu recordar
instante que vem distante –
poema a calar
.
josé marins
35
Criança não mente –
Há um mundo bem mais profundo
na casa da gente
.
Alvaro Posselt
36
sai feito corisco
ao ver o guri correr
o gato mourisco
.
josé marins
37
Pássaro sem nome
Do fio de luz um pio,
em seguida some
.
Alvaro Posselt
38
latidos ao longe –
incenso, o tempo suspenso
se medita o monge
.
josé marins
39
Dá pra ver de longe
O sol reflete outro sol
na cuca do monge
.
Alvaro Posselt
40
calado me ponho –
o sol pinta o arrebol
em cores de sonho
.
josé marins
41
O poeta é brando –
Trabalha, arma uma batalha
quando está sonhando
.
Alvaro Posselt
42
um tímido, o sol –
agito já bem aflito
velho cachecol
.
Amauri Solon
43
se friagem trouxe –
um mate quente rebate
com amargo doce
.
josé marins
44
Um ipê na esquina
A pétala cai do pé
feito bailarina
.
Alvaro Posselt
45
símbolo floral –
tão belo esse ipê amarelo,
a flor nacional
.
josé marins
46
Aqui e acolá
Ainda no pé não finda
flor de manacá
.
Alvaro Posselt
47
de repente a lua,
meu bem, no cedro ela vem
para sempre sua
.
josé marins
48
Lua atrás do véu
Tão fria, uma alegoria
pintada no céu
.
Alvaro Posselt
49
oh, lua de inverno –
do leste um dia vieste
riscar meu caderno
.
josé marins
50
gélida garoa –
aperto o meu passo incerto
caminhando à toa
.
Amauri Solon
51
Em casa eu ralo
Me empenho, eu até tenho
que acordar o galo
.
Alvaro Posselt
52
natalício dela –
em vão todo esse clarão
em nossa janela
.
josé marins
53
flores cor-de-rosa -
romã, pêssego e maçã
canto em verso e prosa
.
Amauri Solon
54
quietude mateira –
cessou o vento, chegou
a chuva criadeira
.
josé marins
55
O frio matutino
Gelada até a badalada
que chega do sino
.
Alvaro Posselt
56
chanchão na gaiola –
no canto triste seu pranto
choro sem viola
.
Amauri Solon
57
quanta cantoria –
a lira da corruíra
minha alegoria
.
josé marins
58
Ah, meu Paraná –
encanta, de longe canta
quanto sabiá
.
Alvaro Posselt
59
pesca na lagoa –
no bico do maçarico
o lambari voa
.
Amauri Solon
60
sobre minhas brasas
arisco segue o chuvisco –
o tempo sem asas
.
josé marins
61
Cobre nosso piso,
encanto de estalos brancos,
chuva de granizo
.
Alvaro Posselt
62
chovendo, que faço?
se canto os males espanto
apertando o passo
.
Amauri Solon
63
o sopro da brisa
quieta mostra ao poeta:
a vida reprisa
.
josé marins
64
Beija-flor no galho
descansa, o vento balança
quase sem trabalho
.
Alvaro Posselt
65
sabiá, seus sons
de flauta seguem a pauta
de sonoros tons.
.
josé marins
66
Carpindo o jardim.
Que sarro, o joão-de-barro
sem medo de mim!
.
Alvaro Posselt
67
no céu, uma estrela –
só vejo porque desejo
nos olhos retê-la!
.
Amauri Solon
68
a lua crescente
perpassa vagueira, enlaça
Vênus no poente
.
josé marins
69
estrela cadente –
me ponho a pensar e sonho
como adolescente
.
Amauri Solon
70
Meu lado criança
não dorme. É a rede enorme
que sempre balança
.
Alvaro Posselt
71
aquele balanço
ao lento toque do vento
sem o seu remanso
.
josé marins
72
Desliza suave
no céu de anil e de véu
o voo de uma ave
.
Alvaro Posselt
73
brilho do fortúnio –
os rios de luz nos fios
desse plenilúnio
.
josé marins
74
Na pauta tem blues –
As aves enchem de claves
os fios de luz
.
Alvaro Posselt
75
trina canarinho –
seu canto soa acalanto,
não fico sozinho
.
josé marins
76
a música está
em pauta de tons de flauta –
canta o sabiá
.
Alvaro Posselt
77
ouço um curió –
seu canto triste é seu pranto
na gaiola, só
.
Amauri Solon
78
tema nos ouvidos –
as notas chegam remotas
em versos olvidos
.
josé marins
79
Logo de manhã
rebola a minha vitrola –
Valsa de Chopin
.
Alvaro Posselt
80
de onde vem, não sei –
espero e ouço um bolero
de velho long-play
.
Amauri Solon
81
adoro Cartola –
as rosas não falam, rodam
em minha radiola
.
josé marins
82
Da cabeça ao pés
em S o corpo estremece
ao toque do jazz
.
Alvaro Posselt
83
a bela cantora –
espera a canção que esmera
a voz inventora
.
josé marins
84
som de Pixinguinha –
na flauta, mesmo sem pauta,
chora a Moreninha
.
Amauri Solon
85
neste pobre tema
mulher rima com talher –
nem faz um poema
.
josé marins
86
Para que eu não trema
só pinga um pingo de pinga
neste meu poema
.
Alvaro Posselt
87
mel de bracatinga –
nem vina com tubaína
desamarga a xinga
.
josé marins
88
quem me dera um vinho –
pois pinga nem com seringa
bem devagarinho
.
Amauri Solon
89
ai, graspa gostosa!
doidão diz da fortidão
da tal desastrosa
.
josé marins
90
A noite foi chocha
Se via a taça vazia
minha língua roxa
.
Alvaro Posselt
91
noite da cachaça -
na praça cheio de graça
quebro minha taça
.
Amauri Solon
92
tempo de invernia
gemada quente tomada
pela manhã fria
.
josé marins
93
Eu faço bonito
Meu blefe quando sou chefe
é um bom ovo frito
.
Alvaro Posselt
94
hoje mudo o Tom
resquício do bom Vinícius
tem haicai com som
.
Amauri Solon
95
onde a canção grassa,
sorria, a eterna guria
de Ipanema passa
.
josé marins
96
Vou devagarinho
sem pressa, pois a vida é essa
já falou Martinho
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97
samba de Noel –
na Vila ninguém vacila
só tem bacharel
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Amauri Solon
98
aqui tem fandango
antigo, meu velho amigo,
barreado de rango
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Salve Adoniram –
"frechada" toda rimada
"véio" ban-ban-ban
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Amauri Solon
100
no golpe da espada
haicais e seus samurais
selam a jornada
.
Alvaro Posselt
© Copyright: 2014
100 GUILHERMINOS – haicais encadeados
Direitos reservados aos autores.
(Lei n. 9.610 de 19-02-1998)
O encadeamento dos poemas foi realizado via Internet
no período de 6-7 a 18-10 de 2013.
Editor: José Marins
Revisão técnica: A. A. de Assis
www.facebook.com/antonioaugusto.deassis
É permitida a reprodução desde que citados: autor(es) e fonte.
VEDADO O USO COMERCIAL.
Alvaro Posselt – alvaroposselt@facebook.com
Amauri Solon – www.facebook.com/amaurisolon
José Marins – www.facebook.com/jose.marins1
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LINKS PARA OUTROS e-BOOKS – Gratos por ler e compartilhar
PASSARIM – Foto & Haicai: um diálogo – Marselha Zakhia e José Marins
Fotos de pássaros de Marselha Zakhia com as quais dialogam haicais de
José Marins. Esse diálogo se dá pela ligação sutil entre poema e imagem.
http://pt.slideshare.net/2811953/passarim-foto-haikaiumdilogo-33610500
MISS CELÂNEA – senryu
Haicais de humor de Alvaro Posselt, Amauri Solon, David Rodrigues,
José Marins, Nelson Savioli e Sérgio Pichorim.
Ilustrações de Leila Pugnaloni.
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AZÁLEA FLORIDA - haikais de inverno
São 36 haicais encadeados via e-mail no período de 8/8 a 24/9/2013, pelos
poetas A. A. de Assis, Alvaro Posselt, Amauri Solon, Carlos Viegas, José Marins (org),
José Tucón, Nelson Savioli, Sérgio Pichorim e Silvio Gargano Jr.
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MEU VERANICO-DE-MAIO – senryu
São 15 senryu de cenas do veranico de 15 autores.
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NOITES DE OUTONO -- haicais encadeados
O encadeamento dos haicais, sem que os autores vissem os trabalhos dos colegas,
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100 Guilherminos em cadeia

  • 1. 100 GUILHERMINOS haicais encadeados Alvaro Posselt, Amauri Solon e José Marins (org)
  • 2. Guilherme de Almeida Campinas 1890 – São Paulo 1969 O HAIKAI Lava, escorre, agita a areia. E enfim, na bateia, fica uma pepita. Guilherme de Almeida Para um estudo do haicai guilhermino, como o poeta o desenvolveu, são leituras obrigatórias os seguintes textos: HAICAIS COMPLETOS S. Paulo: Aliança Cultural Brasil-Japão, 1996 Contém estudo crítico por Paulo Franchetti. HAICAIS COMPLETOS, em Encantamento, Acaso, Você. Campinas: Editora Unicamp, 2002 Contém estudo do conteúdo dos haicais por Suzi Frankl Sperber. GUILHERME DE ALMEIDA e o lugar do haicai na poesia brasileira. Artigo de Fabrício Marques Leitura - Maceió, n. 45, p. 39/69, jan/jun 2010
  • 3. 100 GUILHERMINOS haicais encadeados Alvaro Posselt, Amauri Solon e José Marins (org) O terceto guilhermino é o estilo brasileiro mais radical de aclimatação do haikai japonês. Anterior ao estilo livre, difundido por Millôr Fernandes e Paulo Leminski, e ao estilo clássico de apropriação posterior, Guilherme de Almeida foi dos mais bem sucedidos divulgadores do haicai no Brasil. O haicai guilhermino, como se conhece o terceto de Almeida, é realizado em 5/7/5 sílabas, tem duas rimas (do primeiro com o terceiro, e no segundo verso, da segunda com a sétima sílaba), e leva um título. Neste trabalho, que organizei com os poetas Alvaro Posselt e Amauri Solon, os 100 Guilherminos são estrofes encadeadas, sem títulos e passam por temas sazonais. Para nós foi um gratificante jogo lúdico em homenagem aos que fazem dessa forma um dos estilos do haicai brasileiro. José Marins
  • 4. 1 no meio do mato a gata vê pela pata a fuga do rato Alvaro Posselt 2 urubu ao léu – finura de voo na altura vagueia no céu josé marins
  • 5. 3 Luva e cachecol Vai dar para se esquentar debaixo do sol Alvaro Posselt 4 pai preocupado – atento em busca de alento ao filho gripado josé marins
  • 6. 5 Chuvinha faceira – No talho encontra um atalho pinga-me a goteira Alvaro Posselt 6 é frio pequeno – assim mesmo, para mim este sol ameno josé marins
  • 7. 7 Sentados e em pé, se agita a Boca Maldita Hora do café Alvaro Posselt 8 rua XV emplaca – florida, em rosa vestida, a pata-de-vaca josé marins
  • 8. 9 Tem gente que estranha Pois quando na Quinze andando vê o homem aranha Alvaro Posselt 10 passa pela rua decente assim na crescente logo estará nua josé marins
  • 9. 11 Um salto no escuro Na pressa o ladrão despreza a altura do muro . Alvaro Posselt 12 ela desce do auto igual à mulher fatal – desfila de salto . josé marins
  • 10. 13 Lá vai a modelo Lindinha, mas tão gordinha no seu cotovelo . Alvaro Posselt 14 essa vida boêmia quer sua noite de rua – mulher alma gêmea . josé marins
  • 11. 15 sorriso faceiro – bem rente que nem pão quente chega o pipoqueiro . Amauri Solon 16 O frio dói na veia Parelhos até os joelhos dois pares de meia . Alvaro Posselt
  • 12. 17 na praça sem sol – um moço põe no pescoço grosso cachecol . Amauri Solon 18 noite de tormenta – se tem apagão também o xingar aumenta . josé marins
  • 13. 19 O céu estremece. Já sem a nuvem de incenso lá vai uma prece. . Alvaro Posselt 20 vinte e três de julho a neve caiu tão breve que só fez barulho . josé marins
  • 14. 21 Um vento de leve sacode, do ramo eclode um floco de neve . Alvaro Posselt 22 rósea cerejeira – ao pé deixa suas pétalas árvore brejeira . josé marins
  • 15. 23 Pincel da geada A tela em minha janela é a relva queimada . Alvaro Posselt 24 névoa na manhã – cor brilha na densa trilha altiva suinã . Amauri Solon
  • 16. 25 uiva, zune e late – farsante o vento cortante que na porta bate . josé marins 26 meu estoque de erva jasmim, hibisco, alecrim, bateu na reserva . Alvaro Posselt
  • 17. 27 um pequeno rito – mania nessa invernia meu mate solito . josé marins 28 Brócolis com molho – Receita que se deleita só de bater o olho . Alvaro Posselt
  • 18. 29 corre o chimarrão – o cheiro do carreteiro chama pro galpão . Amauri Solon 30 vem dela o carinho – acerto assim todo o incerto desse meu caminho . josé marins
  • 19. 31 Ao menos um pouco no agosto não ter o encosto do cachorro louco . Alvaro Posselt 32 se tem vida muita não diz o gato feliz: que manhã gratuita! . josé marins
  • 20. 33 O galo cantou – À toa na mente ecoa um grito de gol . Alvaro Posselt 34 em meu recordar instante que vem distante – poema a calar . josé marins
  • 21. 35 Criança não mente – Há um mundo bem mais profundo na casa da gente . Alvaro Posselt 36 sai feito corisco ao ver o guri correr o gato mourisco . josé marins
  • 22. 37 Pássaro sem nome Do fio de luz um pio, em seguida some . Alvaro Posselt 38 latidos ao longe – incenso, o tempo suspenso se medita o monge . josé marins
  • 23. 39 Dá pra ver de longe O sol reflete outro sol na cuca do monge . Alvaro Posselt 40 calado me ponho – o sol pinta o arrebol em cores de sonho . josé marins
  • 24. 41 O poeta é brando – Trabalha, arma uma batalha quando está sonhando . Alvaro Posselt 42 um tímido, o sol – agito já bem aflito velho cachecol . Amauri Solon
  • 25. 43 se friagem trouxe – um mate quente rebate com amargo doce . josé marins 44 Um ipê na esquina A pétala cai do pé feito bailarina . Alvaro Posselt
  • 26. 45 símbolo floral – tão belo esse ipê amarelo, a flor nacional . josé marins 46 Aqui e acolá Ainda no pé não finda flor de manacá . Alvaro Posselt
  • 27. 47 de repente a lua, meu bem, no cedro ela vem para sempre sua . josé marins 48 Lua atrás do véu Tão fria, uma alegoria pintada no céu . Alvaro Posselt
  • 28. 49 oh, lua de inverno – do leste um dia vieste riscar meu caderno . josé marins 50 gélida garoa – aperto o meu passo incerto caminhando à toa . Amauri Solon
  • 29. 51 Em casa eu ralo Me empenho, eu até tenho que acordar o galo . Alvaro Posselt 52 natalício dela – em vão todo esse clarão em nossa janela . josé marins
  • 30. 53 flores cor-de-rosa - romã, pêssego e maçã canto em verso e prosa . Amauri Solon 54 quietude mateira – cessou o vento, chegou a chuva criadeira . josé marins
  • 31. 55 O frio matutino Gelada até a badalada que chega do sino . Alvaro Posselt 56 chanchão na gaiola – no canto triste seu pranto choro sem viola . Amauri Solon
  • 32. 57 quanta cantoria – a lira da corruíra minha alegoria . josé marins 58 Ah, meu Paraná – encanta, de longe canta quanto sabiá . Alvaro Posselt
  • 33. 59 pesca na lagoa – no bico do maçarico o lambari voa . Amauri Solon 60 sobre minhas brasas arisco segue o chuvisco – o tempo sem asas . josé marins
  • 34. 61 Cobre nosso piso, encanto de estalos brancos, chuva de granizo . Alvaro Posselt 62 chovendo, que faço? se canto os males espanto apertando o passo . Amauri Solon
  • 35. 63 o sopro da brisa quieta mostra ao poeta: a vida reprisa . josé marins 64 Beija-flor no galho descansa, o vento balança quase sem trabalho . Alvaro Posselt
  • 36. 65 sabiá, seus sons de flauta seguem a pauta de sonoros tons. . josé marins 66 Carpindo o jardim. Que sarro, o joão-de-barro sem medo de mim! . Alvaro Posselt
  • 37. 67 no céu, uma estrela – só vejo porque desejo nos olhos retê-la! . Amauri Solon 68 a lua crescente perpassa vagueira, enlaça Vênus no poente . josé marins
  • 38. 69 estrela cadente – me ponho a pensar e sonho como adolescente . Amauri Solon 70 Meu lado criança não dorme. É a rede enorme que sempre balança . Alvaro Posselt
  • 39. 71 aquele balanço ao lento toque do vento sem o seu remanso . josé marins 72 Desliza suave no céu de anil e de véu o voo de uma ave . Alvaro Posselt
  • 40. 73 brilho do fortúnio – os rios de luz nos fios desse plenilúnio . josé marins 74 Na pauta tem blues – As aves enchem de claves os fios de luz . Alvaro Posselt
  • 41. 75 trina canarinho – seu canto soa acalanto, não fico sozinho . josé marins 76 a música está em pauta de tons de flauta – canta o sabiá . Alvaro Posselt
  • 42. 77 ouço um curió – seu canto triste é seu pranto na gaiola, só . Amauri Solon 78 tema nos ouvidos – as notas chegam remotas em versos olvidos . josé marins
  • 43. 79 Logo de manhã rebola a minha vitrola – Valsa de Chopin . Alvaro Posselt 80 de onde vem, não sei – espero e ouço um bolero de velho long-play . Amauri Solon
  • 44. 81 adoro Cartola – as rosas não falam, rodam em minha radiola . josé marins 82 Da cabeça ao pés em S o corpo estremece ao toque do jazz . Alvaro Posselt
  • 45. 83 a bela cantora – espera a canção que esmera a voz inventora . josé marins 84 som de Pixinguinha – na flauta, mesmo sem pauta, chora a Moreninha . Amauri Solon
  • 46. 85 neste pobre tema mulher rima com talher – nem faz um poema . josé marins 86 Para que eu não trema só pinga um pingo de pinga neste meu poema . Alvaro Posselt
  • 47. 87 mel de bracatinga – nem vina com tubaína desamarga a xinga . josé marins 88 quem me dera um vinho – pois pinga nem com seringa bem devagarinho . Amauri Solon
  • 48. 89 ai, graspa gostosa! doidão diz da fortidão da tal desastrosa . josé marins 90 A noite foi chocha Se via a taça vazia minha língua roxa . Alvaro Posselt
  • 49. 91 noite da cachaça - na praça cheio de graça quebro minha taça . Amauri Solon 92 tempo de invernia gemada quente tomada pela manhã fria . josé marins
  • 50. 93 Eu faço bonito Meu blefe quando sou chefe é um bom ovo frito . Alvaro Posselt 94 hoje mudo o Tom resquício do bom Vinícius tem haicai com som . Amauri Solon
  • 51. 95 onde a canção grassa, sorria, a eterna guria de Ipanema passa . josé marins 96 Vou devagarinho sem pressa, pois a vida é essa já falou Martinho . Alvaro Posselt
  • 52. 97 samba de Noel – na Vila ninguém vacila só tem bacharel . Amauri Solon 98 aqui tem fandango antigo, meu velho amigo, barreado de rango . josé marins
  • 53. 99 Salve Adoniram – "frechada" toda rimada "véio" ban-ban-ban . Amauri Solon 100 no golpe da espada haicais e seus samurais selam a jornada . Alvaro Posselt
  • 54. © Copyright: 2014 100 GUILHERMINOS – haicais encadeados Direitos reservados aos autores. (Lei n. 9.610 de 19-02-1998) O encadeamento dos poemas foi realizado via Internet no período de 6-7 a 18-10 de 2013. Editor: José Marins Revisão técnica: A. A. de Assis www.facebook.com/antonioaugusto.deassis É permitida a reprodução desde que citados: autor(es) e fonte. VEDADO O USO COMERCIAL. Alvaro Posselt – alvaroposselt@facebook.com Amauri Solon – www.facebook.com/amaurisolon José Marins – www.facebook.com/jose.marins1 >
  • 55. LINKS PARA OUTROS e-BOOKS – Gratos por ler e compartilhar PASSARIM – Foto & Haicai: um diálogo – Marselha Zakhia e José Marins Fotos de pássaros de Marselha Zakhia com as quais dialogam haicais de José Marins. Esse diálogo se dá pela ligação sutil entre poema e imagem. http://pt.slideshare.net/2811953/passarim-foto-haikaiumdilogo-33610500 MISS CELÂNEA – senryu Haicais de humor de Alvaro Posselt, Amauri Solon, David Rodrigues, José Marins, Nelson Savioli e Sérgio Pichorim. Ilustrações de Leila Pugnaloni. http://pt.slideshare.net/2811953/miss-celnea-senryupdf AZÁLEA FLORIDA - haikais de inverno São 36 haicais encadeados via e-mail no período de 8/8 a 24/9/2013, pelos poetas A. A. de Assis, Alvaro Posselt, Amauri Solon, Carlos Viegas, José Marins (org), José Tucón, Nelson Savioli, Sérgio Pichorim e Silvio Gargano Jr. http://pt.slideshare.net/2811953/azlea-florida-haikais-de-inverno MEU VERANICO-DE-MAIO – senryu São 15 senryu de cenas do veranico de 15 autores. http://pt.slideshare.net/2811953/meu-veranico-demaiosenryu-34958186 NOITES DE OUTONO -- haicais encadeados O encadeamento dos haicais, sem que os autores vissem os trabalhos dos colegas, utilizou somente as gravuras de Luiza Maciel Nogueira. Outono de 2014 http://pt.slideshare.net/2811953/noites-de-outonohaicais