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Fichamento do Livro: A Nova Aliança: A metamorfose da Ciência
Autor: Ilya Prigogine e Isabelle Slengers
Editora UNB, 1984, 248p.

Sumário:

Livro I - A Miragem do Universo: a Ciência Clássica
Cap.1: O projeto da Ciência Moderna
   1. O novo Moisés
   2. O mundo desencantado
   3. A síntese Newtoniana
   4. O diálogo experimental
   5. O mito nas origens da ciência
   6. O mito científico hoje
Cap.2: A identificação do real
   1. As Leis de Newton
   2. O Movimento e o devir
   3. A linguagem da dinâmica
   4. A dinâmica e o demônio de Laplace
Cap.3: As duas culturas
   1. O discurso do vivente
   2. A ratificação crítica
   3. Uma filosofia da natureza
Livro II – A Ciência do complexo
Cap. 4: A energia e a era industrial
   1. A energia e a era industrial
   2. O princípio de conservação da Energia
   3. Das máquinas térmicas à flecha do tempo
   4. O princípio de ordem de Boltzmann
Cap.5: Os três estágios da termodinâmica
   1. Fluxos e forças
   2. A termodinâmica linear
   3. A termodinâmica não-linear
   4. O encontro da biologia molecular
   5. Para além do limiar da instabilidade química
   6. História e bifurcações
   7. De Euclides a Aristóteles
Cap.6: A ordem por flutuação
   1. A lei dos grandes números
   2. Flutuações e cinética química
   3. Estabilidade das equações cinéticas
   4. Acaso e necessidade
Livro III – Do ser ao devir
Cap. 7: O choque das doutrinas
   1. A abertura da Boltzmann
   2. Dinâmica e termodinâmica: dois mundos separados
3. Os conjuntos de Gibbs
   4. A interpretação subjetiva da irreversibilidade
Cap.8 – A renovação da Ciência contemporânea
   1. Para além da simplicade do microscópio
   2. O fim da universalidade: a relatividade
   3. O fim do objeto galileano: a mecânica quântica
   4. Relações de incerteza e de complementaridade
   5. O tempo Quântico
Cap. 9 – No sentido da síntese do simples e do complexo
   1. No limite dos conceitos clássicos
   2. A renovação da dinâmica
   3. Das flutuações ao devir
   4. Uma complementaridade alargada
   5. Uma nova síntese
Conclusão: O reencantamento do mundo
   1. O fim da onisciência
   2. O tempo reencontrado
   3. Atores e espectadores
   4. Um turbilhão na natureza turbulenta
   5. Uma ciência aberta
   6. A interrogação científica
   7. As metamorfoses da natureza


Introdução:

O livro tem como tema central a mudança conceitual a respeito da natureza: as mudanças
desde Newton até o momento. As questões da “metamorfose”não são apenas científicas,
mas a própria visão de mundo que o homem tem da natureza e sua relação com a mesma.
A ciência clássica não cessou de concluir que o homem é um estranho no mundo que ela
descreve. Segundo Monod1 “a velha aliança rompeu-se, o homem sabe finalmente que
está só na imensidão indiferente do universo do qual emergiu por acaso.”
A ciência moderna era uma tentativa de nos comunicar com a natureza, descrição que
deve ser aprimorada.
A ciência moderna é praticada pelo diálogo experimental: compreender e modificar.
Exige interação entre teeoria e experimentação, um entendimento sistemático de
perguntas e respostas. Pode-se descrever a ciência moderna como um jogo entre dois
parceiros, onde a “boa” pergunta leva ao êxito a à lógica da coerência, e a hipótese mais
plausível pode ser desmentida pelo “objeto interrogado”.
Segundo Popper, a ciênciaa deve sua existênia ao seu sucesso da relação entre hipótese e
respostas experimentais – a chave da decifração da natureza – a revolução científica, que
segundo Monod chamava de “escolha” que provoca uma transformação inexorável do
mundo.


1
 Jaques Monod (1910/1976) biólogo francês, ganhador do Prêmio Nobel de Fisiologia/Medicina em 196
5, por descobrir atividades reguladores dentro da célula.
Como caracterizar essa escolha? O autor sublinha algumas escolhas: práticas cognitivas,
os primeiros sucessos da dinâmica clássica, nova racionalidade, advento de uma nova
cultura, questiona uma natureza morta e passiva, imposição de “uma escolha entre a visão
de um homem radicalmente estranho ao mundo e a recusa do único modo fecundo de
diálogo da natureza”.
A ci
A ciência moderna iniciou por “negar” as visões antigas a respeito da relação do homem
com a natureza, apropria “visão do mundo”. Uma cultura contra as visões dominantes
desta cultura (o aristotelismo, a alquimia e a magia), negando a complexidade em nome
de um mundo que pode ser explicado por um pequeno número de leis simples e
imutáveis.
Essa “aposta audaciosa” suscitou apaixonados tanto contra, quanto a favor da mesma,
estabelecendo também que leis matemáticas podem ser descobertas.
Através de Newton, a ciência descobriu uma lei universal – lei da atração gravitacional –
à qual obedecem todos os corpos celestes e o mundo sub-lunar ( a Terra e tudo o que nela
há). Sucesso primeiro nunca desmentido, grande número de fenômenos obedecem às leis
simples.
Mas a ciência de hoje não é mais a “ciência clássica”. A ciência clássica encontra seus
limites num progresso teórico “metamorfoseado”. A redução dos processos naturais à leis
imutáveis, foi abandonada. Como descrever essa metamorfose? Fenômenos imutáveis
não prendem mais a atenção. As crises, as instabilidades e as evoluções é o que interessa
agora. Estuda-se as transformações, perturbações (geológicas, climáticas), evolução das
espécies, mutações nas normas que interferem nos comportamentos sociais. As
sociedades industriais interrogam seus saberes e suas práticas, interrogam os saberes e as
práticas das sociedades primitivas. A biologia molecular mostra a universalidade do
DNA.
O fim da concepção mecanicista do mundo, frequentemente anunciado na história das
ciências, com efeito, situa os conceitos clássicos no centro das discussões sobre a
natureza e seus limites teóricos, tanto no passado, quanto no presente.
A seguir, o autor faz alusão aos movimentos anticiência. O movimento irracionalista, da
Alemanha dos anos 20, serviu de contexto cultural à mecânica quântica,colocando em
contrapartida os conceitos clássicos de causalidade, legalidade, determinismo e
mecanicismo, contra os temas estranhos à ciência clássica: a vida, o destino, a liberdade,
a espontaneidade – emanações inacessíveis à razão, mas que conferiram um temível
poder intelectual.
Temas como liberdade e espontaneidade reaparecem em algumas teorias físicas
articulados com o determinismo, a legalidade e a causalidade – uma abertura no espaço
teórico da ciência clássica, uma metamorfose.
Quais os pressupostos da ciência clássica, pensamos, que a ciência se afastou atualmente?
Convicção central: o microscópio é simples, regido por leis matemáticas simples, onde a
função da ciência é ultrapassar as aparências complexas me reluzi-las à um conjunto de
efeitos dessas leis.
As leis simples descrevem o mundo em trajetórias deterministas e reversíveis – leis
dinâmicas gerais – onde a possibilidade de inovação se encontra negada e a idéia de que
alguns processos são irreversíveis (combustão de uma vela ou o envelhecimento).
Há 50 anos que idéia da simplicidade do “mundo” microscópico é insustentável e
escobrimos que a “irreversibilidade” desempenha um papel construtivo na natureza,
permitindo processos de organização espontânea. Vivemos num mundo em que a
reversibilidade e o determinismo figuram como casos particulares.
O livro fala da “metamorfose” conceitual da ciência desde a idade de ouro da ciência
clássica até a abertura atual, sem ser enciclopédico e nem vulgar. A relatividade,
astrofísica e a ciência das partículas elementares serão consideradas apenas em aspectos
particulares. Mas consagra um grande espaço ä domínios teóricos familiares ao autor –
termodinâmica, realçando que os problemas que marcam uma cultura podem ter uma
influência sobre o conteúdo e o desenvolvimento das teorias científicas.
Segundo Bergson2 “o tempo é invenção, ou não é absolutamente nada” – o problema do
tempo em sua relação com a complexidade da natureza – as respostas ou os começos de
respostas, conduziram o autor para lá dos limites da ciência clássica.
“Desde as primeiras teorias clássicas até a mecânica quântica, tempo e espaço, tempo e
movimento, encontravam-se tão estreitamente ligados que quase se haviam confundido”.
“A dinâmica clássica constitui o melhor ponto de referência para compreender a
transformação contemporânea da ciência”, ocupa destaque na explanação do autor.
O autor nos mostra a criatividade científica, sem por em evidência a aquisição definitiva
e cristalizada da ciência clássica. As perspectivas e os problemas novos surgem através
da criatividade, estamos somente no início da exploração, e não veremos o fim da certeza
e do risco à nossa espera numa curva do progresso.
A primeira parte do livro descreve a “história triunfal da ciência clássica e as
conseqüências culturais desse triunfo – promessas de desenvolvimento futuro.
Na segunda parte – o surgimento da ciência do calor – a termodinâmica – uma ciência
estranha à ciência newtoniana - até o surgimento das estruturas dissipativas – associação
indissolúvel do acaso e da necessidade.
Na terceira parte, duas ciências para um mundo só – a renovação conceitual e técnica da
física do século XX através da mecânica quântica e a relatividade e suas noções de
operadores e complementaridade, sem esquecer o progresso das próprias teorias clássicas.
Uma das teses do livro é a necessidade “urgente que a ciência tem de se reconhecer como
parte integrante da cultura no seio da qual se desenvolve”. A noção conceitual de
reversibilidade ou de instabilidade respondem ä influência do contexto cultural e
ideológico.
A idéia da abstração, de retirada do mundo, do isolamento do homem de ciência,
fundamenta-se no “desejo do investigador em escapar às vicissitudes do mundo” e do
mundo”e a vontade do “conhecimento objetivo e do mundo da contemplação”- é a
oposição entre ciência e sociedade.
A terceira concepção da atividade científica – no templo da ciência se busca a “fórmula”
do universo – é no mundo da ciência clássica, que este tipo de saber é fecundo.
“Precisamos de uma ciência que não seja nem um simples instrumento submetido à
prioridades exteriores, nem um corpo estranho à sociedade. Ao mesmo tempo que a
ciência ocidental não pode ser apontada como responsável pelos problemas pelos
problemas mundiais também ao pode ser considerada a fonte de salvação.
A natureza de hoje não é mais aquela mais aquela do tempo invariante e repetitivo
(linear). Trata-se de duas posições que afrontam: Newton e os Principia (tempo absoluto,
2
    Henri Bérgson = Nobel de Literatura em 1928 – filósofo e diplomata fancês.
matemático) e Bergson em L`Evolution Creativa (o universo dura, onde duração significa
invenção, criação de formas, elaboração contínua do novo). É o tempo de hoje que fala da
aliança do homem com a natureza que ele descreve.

Livro I – A miragem do universal: a ciência clássica
Cap.1: O projeto da ciência moderna

1. O novo Moisés
Newton aos olhos da Inglaterra do sec.18: o homem que descobriu a linguagem que a
natureza fala – e à qual ela obedece.
Moral e política se fundamentam na argumentação da nova ciência – a universalidade das
leis físicas.
Não existe processo natural que não seja produzido por forças ativas, atração e repulsão.
Herói nacional mesmo antes de morrer – suas leis matemáticas explicam e fazem
predições (Netuno).
No início do sec. 19, o método newtoniano sofre interpretações divergentes: isolar num
fato central, irredutível e específico, do qual tudo se pode deduzir.
Newton não explica a força de atração, segundo esta nova interpretação, e cada disciplina
tem como ponto de partida um fato como esse, inexplicado, e base de toda a explicação –
força vital, afinidade química, propriedades intrínsecas.
A partir daí, tudo é newtoniano: o sistema de leis, a ordem natural, moral e política, um
mundo mecânico regido por uma força universal, num mundo positivista.
O que de extraordinário se disse acerca dessa época de ouro da ciência?
Os conceitos dinâmicos são uma aquisição definitiva que transformação alguma pode
ignorar. Mas o triunfo newtoniano repousa na descoberta de domínios novos e seus
limites e até mesmo em se pensar outra ciência que de conta das limitações da ciência
clássica.

2. O mundo desencantado
A ciência newtoniana tem caráter instável que pode ser ilustrado pela introdução ao
colóquio da UNESCO, consagrado às relações entre ciência e cultura: “a ciência aparece
como um corpo estranho à cultura, a qual deve ou dominar a ciência e seu
desenvolvimento ou se deixar aniquilar por ela. A afirmação: a ciência desencanta o
mundo – tudo aquilo o que ela descreve se reduz a um caso de aplicações de leis gerais.”
Este efeito é sustentado como tese por aqueles por aqueles que a criticam e por aqueles
que a defendem. A racionalidade científica transcede todas as culturas anteriores. O
mundo desencantado é um mundo dominável e controlável. O homem se apresenta como
senhor do mundo.
A tese de Heidegger 3: a vontade de poder que ocultaria a racionalidade (desde os
gregos). Através da – usurpação técnica e científica.
Usurpação técnica: a poluição causada pela instalação de uma central elétrica sobre o
Reno não preocupa, mas sim o fato de colocar o rio à serviço do homem, pelo cálculo e
pela técnica.


3
 Martin Heidegger = filósofo alemão, escreveu o Ser e o Tempo, obra muito cifrada, nazista e crítico da
sociedade tecnológica, existencialista e fenomenologista. 1989/1976.
Usurpação científica: problemas técnicos ou teorias científicas se igualam na
preocupação de Heidegger – o homem de ciência e o técnico são a sede do poder
disfarçado em sede de conhecer.
Bergier4 e Pauwels5: menosprezo declarado tanto pela ciência oficial quanto pelas
preocupações triviais.
- A ciências é a partir de agora, a senhora dos destinos, conduz o mundo para um futuro
desconhecido e inimaginável.
p.24: “Essa mística da ciência esotérica [...]” e “sabemos que a gestão das nossas
sociedades depende cada vez mais de um bom uso da ciência e da técnica.”

Uma responsabilidade sobre Newton e a Ciência moderna, segundo Koyré6 “a divisão de
nosso mundo em dois – mundo da ciência (o real, o matemático) e o mundo da vida, no
qual vivemos.
Ciência Newtoniana: coerência conceitual e lacunas no tempo.

3. Síntese Newtoniana
Como explicar o entusiasmo dos contemporâneos de Newton, sua convicção de que
finalmente, o segredo do mundo natural, a verdade da natureza, haviam sido revelados?
“Ela mostra que a natureza não pode resistir ao processo experimental, fruto da aliança
nova entre teoria e prática, de manipulação e de transformação” (homogeidade).
A Ciência newtoniana é prática: uma de suas fontes é o saber dos artesãos da Idade
Média e dos construtores (a prática), e o amplia.
“Na revolução neolítica – de caçador-coletor o homem aprende a dominar o mundo
natural e social, pela técnica – ainda hoje vivemos técnicas neolíticas (escrita,
geometria e aritmética) – o que supõe a exploração dos recursos naturais.”
E é teórica, racionalista e argumentativa - tal como Aristóteles.

A ciência moderna não foi perseguida, por que?

Na época de Platão e Aristóteles: “pensamento teórico e técnica são distinções, com
limites fixos” – (heterogeneidade) – céu e terra, mutável do imutável, os astros podem ser
descritos matematicamente, e o mundo sub-lunar, não pode.

4. O diálogo experimental
Encontro entre teoria e prática – modelar e compreender o mundo (como e porque).
Não supõe uma observação passiva – trata-se de manipular um fenômeno até que lhe
conferir uma proximidade em relação à descrição teórica – a situação ideal.

O processo experimental mantém-se através das modificações do conteúdo teórico das
descrições científicas e define o novo modo de exploração.

4
 Jaques Bergier, Engenheiro química, filósofo, literata, espião francês. Escreveu vários livros polêmicos,
entre os quais: A terceira Guerra Mundial, O despertar dos Mágicos, Os extraterrestres na história.
5
  Louis Pauwels – literata, escreveu junto com Bergier o Despertar dos Mágicos e outros, fundou a revista
Planeta.
6
  Alexandre Koyré – filósofo francês, sobre filosofia da ciência
Ainda hoje as experiências mentais regidas por princípios teóricos (relatividade,
quântica)
O protocolo do diálogo experimental é uma aquisição irreversível.
O caráter comunicável e reprodutível dos resultados científicos – todos se inclinam, a
natureza não mente.

5. O mito nas origens da ciência
Para Galileu e seus seguidores, o mundo é homogêneo, matematizável e a ciência é capaz
de descobrir a verdade global da natureza – generalização
No final da Idade Média, a classe dos artesãos não é desprezada como na Grécia Antiga –
há influência dos fatores sociais e econômicos. Os artesãos e os intelectuais são
empresários livres, independentes do poder (a religião e os governos). Ao contrário dos
cientistas chineses – submetidos às regras do poder. A bússola, a pólvora e a imprensa –
descobertos muito antes na China – influenciaram e modificaram a ordem social na
Europa Medieval e a lançam na Idade Moderna.
A matemática, já utilizada para descrever relações entre velocidade e deslocamento:
engenharia passa a ser usada, também, para descrever a natureza.
A metáfora do relógio: o mundo é comparado a um relógio e Deus ao relojoeiro
(Legislador) – um mecanismo construído segundo um plano ordenado e racional.
A ressonância entre o discurso teológico e o mito científico – quem veio primeiro ou qual
engrenou o outro.
A natureza mecanizada satisfaz a ciência moderna: é passiva, numa pergunta bem
concebida, se esgota. O homem a domina do exterior, é capaz de chegar ao ponto de vista
de Deus sobre o mundo.

6. O mito científico hoje
Galileu e seus sucessores decretam a simplicidade do mundo, com a ajuda de Deus, e a
universalidade das idealizações que o “procedimento experimental põe em evidência”.
A ressonância entre fatores econômicos, políticos, sociais, religiosos, filosóficos e
técnicos – um complexo cultural onde domina o homem aliado a Deus.
A ciência moderna fez de Newton um herói nacional – uma ciência que teve sucesso, que
acredita ter demonstrado que a natureza é transparente e que não precisa de Deus em suas
hipóteses.
Uma ciência onde o observador é exterior, objetivo, não interage, apenas descobre e
deduz as verdades.
“A ciência clássica não pode produzir uma coerência nova que fizesse justiça à sua dupla
ambição: compreender o mundo e agir sobre ele.”
Os limites dos conceitos clássicos transformaram os aspectos da ciência que tinha o
conhecimento completo do mundo.
A ciência clássica, a ciência mítica de um mundo simples e passivo está prestes a morrer
liquidada não pela filosofia, nem pela resignação empírica, mas pelo próprio
desenvolvimento.
Abandonar o mito newtoniano sem renunciar a compreender a natureza – este é o ponto
de convergência hoje – pag.41
A ressonância hoje: entre as ciências e a dominação laica dum modo industrializado, pela
afinidade entre o exercício da dominação e a compartimentalização da prática.
Na ciência metamorfoseada o diálogo cultural é algo de novo possível e uma nova
aliança com a natureza pode firmar-se.

Obs: encontrei isto num livro de Edward Speyer – Seis Caminhos a Partir de Newton:
“Na visão científica do universo físico que culmina na obra de Newton e que dela deriva,
tudo faz sentido. Se os fenômenos físicos não obedecem perfeitamente as leis, segue-se
que os cientistas não os mediram ou calcularam perfeitamente.”
“O homem é a imperfeição, o universo é perfeito, mas sua razão compensa esta falha.”

A ciência na Idade Média
- Saber dos artesãos – experimentação
- Saber matemático – construções, comércios, máquinas
-Deus era o centro do pensamento científico e a natureza era feita por Ele.
Santo Agostinho: “Para conhecer é preciso antes crer.” (354-430)
São Tomás de Aquino: conciliou a tradição filosófica Grega (Aristóteles) com a fé cristã.
(1225-1274).
Século 13 – a lógica que explicava os fenômenos naturais baseava-se no divino.
A crise na Idade Média
- A sociedade européia deixa de ter teocêntrica para ser antropocêntrica
- (1561-1626) – Francis Bacon: propôs a criação do método para produzir conhecimento
baseado na experimentação.
- Separação entre teologia e ciência: proposta por inclusive, grupos religiosos
(franciscanos) – confronto de saberes
- (1596-1650) – Descartes: manifesta sua insatisfação às idéias de Bacon, no Discurso ao
Método, mas propõe um outro método para se chegar à verdade – racionalismo.
-Galileu (1564-1642): a experimentação e a matematização (descrição) – mcise entre
duas formas de ver o mundo: geocentrismo (Ptolomeu) x heliocentrismo (Copérnico)
- Revolução lenta no comércio, economia, artes, ciência, religião (Renascimento,
Reforma, Revolução Francesa).

Decartes – cogito ergo sum ou jê pense, donc jê suis.
Racionalismo: autoridade da razão
Ceticismo, análise, conclusão (dedução) e enumeração (revisão conceitual).
E na IM – realismo ingênuo e empirismo: todo o conhecimento tinha como ponto de
partida os sentidos (observação) e a indução.
 Newton (1642- ) utiliza a nova abordagem seguia por Galileu:m observar,
experimentar, testar novas idéia, analisar resultados e imaginar novas teorias.
Propôs as 3 leis do movimento (dinâmica) e a força gravitacional – Leis às quais a
natureza obedece e que explicavam uma infinidade de eventos variados.
Newton enxergava o universo como um grande mecanismo de elogio que funciona
segundo alguns princípios determinados e previsíveis – o determinismo.

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A metamorfose da Ciência desde Newton até o momento

  • 1. Fichamento do Livro: A Nova Aliança: A metamorfose da Ciência Autor: Ilya Prigogine e Isabelle Slengers Editora UNB, 1984, 248p. Sumário: Livro I - A Miragem do Universo: a Ciência Clássica Cap.1: O projeto da Ciência Moderna 1. O novo Moisés 2. O mundo desencantado 3. A síntese Newtoniana 4. O diálogo experimental 5. O mito nas origens da ciência 6. O mito científico hoje Cap.2: A identificação do real 1. As Leis de Newton 2. O Movimento e o devir 3. A linguagem da dinâmica 4. A dinâmica e o demônio de Laplace Cap.3: As duas culturas 1. O discurso do vivente 2. A ratificação crítica 3. Uma filosofia da natureza Livro II – A Ciência do complexo Cap. 4: A energia e a era industrial 1. A energia e a era industrial 2. O princípio de conservação da Energia 3. Das máquinas térmicas à flecha do tempo 4. O princípio de ordem de Boltzmann Cap.5: Os três estágios da termodinâmica 1. Fluxos e forças 2. A termodinâmica linear 3. A termodinâmica não-linear 4. O encontro da biologia molecular 5. Para além do limiar da instabilidade química 6. História e bifurcações 7. De Euclides a Aristóteles Cap.6: A ordem por flutuação 1. A lei dos grandes números 2. Flutuações e cinética química 3. Estabilidade das equações cinéticas 4. Acaso e necessidade Livro III – Do ser ao devir Cap. 7: O choque das doutrinas 1. A abertura da Boltzmann 2. Dinâmica e termodinâmica: dois mundos separados
  • 2. 3. Os conjuntos de Gibbs 4. A interpretação subjetiva da irreversibilidade Cap.8 – A renovação da Ciência contemporânea 1. Para além da simplicade do microscópio 2. O fim da universalidade: a relatividade 3. O fim do objeto galileano: a mecânica quântica 4. Relações de incerteza e de complementaridade 5. O tempo Quântico Cap. 9 – No sentido da síntese do simples e do complexo 1. No limite dos conceitos clássicos 2. A renovação da dinâmica 3. Das flutuações ao devir 4. Uma complementaridade alargada 5. Uma nova síntese Conclusão: O reencantamento do mundo 1. O fim da onisciência 2. O tempo reencontrado 3. Atores e espectadores 4. Um turbilhão na natureza turbulenta 5. Uma ciência aberta 6. A interrogação científica 7. As metamorfoses da natureza Introdução: O livro tem como tema central a mudança conceitual a respeito da natureza: as mudanças desde Newton até o momento. As questões da “metamorfose”não são apenas científicas, mas a própria visão de mundo que o homem tem da natureza e sua relação com a mesma. A ciência clássica não cessou de concluir que o homem é um estranho no mundo que ela descreve. Segundo Monod1 “a velha aliança rompeu-se, o homem sabe finalmente que está só na imensidão indiferente do universo do qual emergiu por acaso.” A ciência moderna era uma tentativa de nos comunicar com a natureza, descrição que deve ser aprimorada. A ciência moderna é praticada pelo diálogo experimental: compreender e modificar. Exige interação entre teeoria e experimentação, um entendimento sistemático de perguntas e respostas. Pode-se descrever a ciência moderna como um jogo entre dois parceiros, onde a “boa” pergunta leva ao êxito a à lógica da coerência, e a hipótese mais plausível pode ser desmentida pelo “objeto interrogado”. Segundo Popper, a ciênciaa deve sua existênia ao seu sucesso da relação entre hipótese e respostas experimentais – a chave da decifração da natureza – a revolução científica, que segundo Monod chamava de “escolha” que provoca uma transformação inexorável do mundo. 1 Jaques Monod (1910/1976) biólogo francês, ganhador do Prêmio Nobel de Fisiologia/Medicina em 196 5, por descobrir atividades reguladores dentro da célula.
  • 3. Como caracterizar essa escolha? O autor sublinha algumas escolhas: práticas cognitivas, os primeiros sucessos da dinâmica clássica, nova racionalidade, advento de uma nova cultura, questiona uma natureza morta e passiva, imposição de “uma escolha entre a visão de um homem radicalmente estranho ao mundo e a recusa do único modo fecundo de diálogo da natureza”. A ci A ciência moderna iniciou por “negar” as visões antigas a respeito da relação do homem com a natureza, apropria “visão do mundo”. Uma cultura contra as visões dominantes desta cultura (o aristotelismo, a alquimia e a magia), negando a complexidade em nome de um mundo que pode ser explicado por um pequeno número de leis simples e imutáveis. Essa “aposta audaciosa” suscitou apaixonados tanto contra, quanto a favor da mesma, estabelecendo também que leis matemáticas podem ser descobertas. Através de Newton, a ciência descobriu uma lei universal – lei da atração gravitacional – à qual obedecem todos os corpos celestes e o mundo sub-lunar ( a Terra e tudo o que nela há). Sucesso primeiro nunca desmentido, grande número de fenômenos obedecem às leis simples. Mas a ciência de hoje não é mais a “ciência clássica”. A ciência clássica encontra seus limites num progresso teórico “metamorfoseado”. A redução dos processos naturais à leis imutáveis, foi abandonada. Como descrever essa metamorfose? Fenômenos imutáveis não prendem mais a atenção. As crises, as instabilidades e as evoluções é o que interessa agora. Estuda-se as transformações, perturbações (geológicas, climáticas), evolução das espécies, mutações nas normas que interferem nos comportamentos sociais. As sociedades industriais interrogam seus saberes e suas práticas, interrogam os saberes e as práticas das sociedades primitivas. A biologia molecular mostra a universalidade do DNA. O fim da concepção mecanicista do mundo, frequentemente anunciado na história das ciências, com efeito, situa os conceitos clássicos no centro das discussões sobre a natureza e seus limites teóricos, tanto no passado, quanto no presente. A seguir, o autor faz alusão aos movimentos anticiência. O movimento irracionalista, da Alemanha dos anos 20, serviu de contexto cultural à mecânica quântica,colocando em contrapartida os conceitos clássicos de causalidade, legalidade, determinismo e mecanicismo, contra os temas estranhos à ciência clássica: a vida, o destino, a liberdade, a espontaneidade – emanações inacessíveis à razão, mas que conferiram um temível poder intelectual. Temas como liberdade e espontaneidade reaparecem em algumas teorias físicas articulados com o determinismo, a legalidade e a causalidade – uma abertura no espaço teórico da ciência clássica, uma metamorfose. Quais os pressupostos da ciência clássica, pensamos, que a ciência se afastou atualmente? Convicção central: o microscópio é simples, regido por leis matemáticas simples, onde a função da ciência é ultrapassar as aparências complexas me reluzi-las à um conjunto de efeitos dessas leis. As leis simples descrevem o mundo em trajetórias deterministas e reversíveis – leis dinâmicas gerais – onde a possibilidade de inovação se encontra negada e a idéia de que alguns processos são irreversíveis (combustão de uma vela ou o envelhecimento).
  • 4. Há 50 anos que idéia da simplicidade do “mundo” microscópico é insustentável e escobrimos que a “irreversibilidade” desempenha um papel construtivo na natureza, permitindo processos de organização espontânea. Vivemos num mundo em que a reversibilidade e o determinismo figuram como casos particulares. O livro fala da “metamorfose” conceitual da ciência desde a idade de ouro da ciência clássica até a abertura atual, sem ser enciclopédico e nem vulgar. A relatividade, astrofísica e a ciência das partículas elementares serão consideradas apenas em aspectos particulares. Mas consagra um grande espaço ä domínios teóricos familiares ao autor – termodinâmica, realçando que os problemas que marcam uma cultura podem ter uma influência sobre o conteúdo e o desenvolvimento das teorias científicas. Segundo Bergson2 “o tempo é invenção, ou não é absolutamente nada” – o problema do tempo em sua relação com a complexidade da natureza – as respostas ou os começos de respostas, conduziram o autor para lá dos limites da ciência clássica. “Desde as primeiras teorias clássicas até a mecânica quântica, tempo e espaço, tempo e movimento, encontravam-se tão estreitamente ligados que quase se haviam confundido”. “A dinâmica clássica constitui o melhor ponto de referência para compreender a transformação contemporânea da ciência”, ocupa destaque na explanação do autor. O autor nos mostra a criatividade científica, sem por em evidência a aquisição definitiva e cristalizada da ciência clássica. As perspectivas e os problemas novos surgem através da criatividade, estamos somente no início da exploração, e não veremos o fim da certeza e do risco à nossa espera numa curva do progresso. A primeira parte do livro descreve a “história triunfal da ciência clássica e as conseqüências culturais desse triunfo – promessas de desenvolvimento futuro. Na segunda parte – o surgimento da ciência do calor – a termodinâmica – uma ciência estranha à ciência newtoniana - até o surgimento das estruturas dissipativas – associação indissolúvel do acaso e da necessidade. Na terceira parte, duas ciências para um mundo só – a renovação conceitual e técnica da física do século XX através da mecânica quântica e a relatividade e suas noções de operadores e complementaridade, sem esquecer o progresso das próprias teorias clássicas. Uma das teses do livro é a necessidade “urgente que a ciência tem de se reconhecer como parte integrante da cultura no seio da qual se desenvolve”. A noção conceitual de reversibilidade ou de instabilidade respondem ä influência do contexto cultural e ideológico. A idéia da abstração, de retirada do mundo, do isolamento do homem de ciência, fundamenta-se no “desejo do investigador em escapar às vicissitudes do mundo” e do mundo”e a vontade do “conhecimento objetivo e do mundo da contemplação”- é a oposição entre ciência e sociedade. A terceira concepção da atividade científica – no templo da ciência se busca a “fórmula” do universo – é no mundo da ciência clássica, que este tipo de saber é fecundo. “Precisamos de uma ciência que não seja nem um simples instrumento submetido à prioridades exteriores, nem um corpo estranho à sociedade. Ao mesmo tempo que a ciência ocidental não pode ser apontada como responsável pelos problemas pelos problemas mundiais também ao pode ser considerada a fonte de salvação. A natureza de hoje não é mais aquela mais aquela do tempo invariante e repetitivo (linear). Trata-se de duas posições que afrontam: Newton e os Principia (tempo absoluto, 2 Henri Bérgson = Nobel de Literatura em 1928 – filósofo e diplomata fancês.
  • 5. matemático) e Bergson em L`Evolution Creativa (o universo dura, onde duração significa invenção, criação de formas, elaboração contínua do novo). É o tempo de hoje que fala da aliança do homem com a natureza que ele descreve. Livro I – A miragem do universal: a ciência clássica Cap.1: O projeto da ciência moderna 1. O novo Moisés Newton aos olhos da Inglaterra do sec.18: o homem que descobriu a linguagem que a natureza fala – e à qual ela obedece. Moral e política se fundamentam na argumentação da nova ciência – a universalidade das leis físicas. Não existe processo natural que não seja produzido por forças ativas, atração e repulsão. Herói nacional mesmo antes de morrer – suas leis matemáticas explicam e fazem predições (Netuno). No início do sec. 19, o método newtoniano sofre interpretações divergentes: isolar num fato central, irredutível e específico, do qual tudo se pode deduzir. Newton não explica a força de atração, segundo esta nova interpretação, e cada disciplina tem como ponto de partida um fato como esse, inexplicado, e base de toda a explicação – força vital, afinidade química, propriedades intrínsecas. A partir daí, tudo é newtoniano: o sistema de leis, a ordem natural, moral e política, um mundo mecânico regido por uma força universal, num mundo positivista. O que de extraordinário se disse acerca dessa época de ouro da ciência? Os conceitos dinâmicos são uma aquisição definitiva que transformação alguma pode ignorar. Mas o triunfo newtoniano repousa na descoberta de domínios novos e seus limites e até mesmo em se pensar outra ciência que de conta das limitações da ciência clássica. 2. O mundo desencantado A ciência newtoniana tem caráter instável que pode ser ilustrado pela introdução ao colóquio da UNESCO, consagrado às relações entre ciência e cultura: “a ciência aparece como um corpo estranho à cultura, a qual deve ou dominar a ciência e seu desenvolvimento ou se deixar aniquilar por ela. A afirmação: a ciência desencanta o mundo – tudo aquilo o que ela descreve se reduz a um caso de aplicações de leis gerais.” Este efeito é sustentado como tese por aqueles por aqueles que a criticam e por aqueles que a defendem. A racionalidade científica transcede todas as culturas anteriores. O mundo desencantado é um mundo dominável e controlável. O homem se apresenta como senhor do mundo. A tese de Heidegger 3: a vontade de poder que ocultaria a racionalidade (desde os gregos). Através da – usurpação técnica e científica. Usurpação técnica: a poluição causada pela instalação de uma central elétrica sobre o Reno não preocupa, mas sim o fato de colocar o rio à serviço do homem, pelo cálculo e pela técnica. 3 Martin Heidegger = filósofo alemão, escreveu o Ser e o Tempo, obra muito cifrada, nazista e crítico da sociedade tecnológica, existencialista e fenomenologista. 1989/1976.
  • 6. Usurpação científica: problemas técnicos ou teorias científicas se igualam na preocupação de Heidegger – o homem de ciência e o técnico são a sede do poder disfarçado em sede de conhecer. Bergier4 e Pauwels5: menosprezo declarado tanto pela ciência oficial quanto pelas preocupações triviais. - A ciências é a partir de agora, a senhora dos destinos, conduz o mundo para um futuro desconhecido e inimaginável. p.24: “Essa mística da ciência esotérica [...]” e “sabemos que a gestão das nossas sociedades depende cada vez mais de um bom uso da ciência e da técnica.” Uma responsabilidade sobre Newton e a Ciência moderna, segundo Koyré6 “a divisão de nosso mundo em dois – mundo da ciência (o real, o matemático) e o mundo da vida, no qual vivemos. Ciência Newtoniana: coerência conceitual e lacunas no tempo. 3. Síntese Newtoniana Como explicar o entusiasmo dos contemporâneos de Newton, sua convicção de que finalmente, o segredo do mundo natural, a verdade da natureza, haviam sido revelados? “Ela mostra que a natureza não pode resistir ao processo experimental, fruto da aliança nova entre teoria e prática, de manipulação e de transformação” (homogeidade). A Ciência newtoniana é prática: uma de suas fontes é o saber dos artesãos da Idade Média e dos construtores (a prática), e o amplia. “Na revolução neolítica – de caçador-coletor o homem aprende a dominar o mundo natural e social, pela técnica – ainda hoje vivemos técnicas neolíticas (escrita, geometria e aritmética) – o que supõe a exploração dos recursos naturais.” E é teórica, racionalista e argumentativa - tal como Aristóteles. A ciência moderna não foi perseguida, por que? Na época de Platão e Aristóteles: “pensamento teórico e técnica são distinções, com limites fixos” – (heterogeneidade) – céu e terra, mutável do imutável, os astros podem ser descritos matematicamente, e o mundo sub-lunar, não pode. 4. O diálogo experimental Encontro entre teoria e prática – modelar e compreender o mundo (como e porque). Não supõe uma observação passiva – trata-se de manipular um fenômeno até que lhe conferir uma proximidade em relação à descrição teórica – a situação ideal. O processo experimental mantém-se através das modificações do conteúdo teórico das descrições científicas e define o novo modo de exploração. 4 Jaques Bergier, Engenheiro química, filósofo, literata, espião francês. Escreveu vários livros polêmicos, entre os quais: A terceira Guerra Mundial, O despertar dos Mágicos, Os extraterrestres na história. 5 Louis Pauwels – literata, escreveu junto com Bergier o Despertar dos Mágicos e outros, fundou a revista Planeta. 6 Alexandre Koyré – filósofo francês, sobre filosofia da ciência
  • 7. Ainda hoje as experiências mentais regidas por princípios teóricos (relatividade, quântica) O protocolo do diálogo experimental é uma aquisição irreversível. O caráter comunicável e reprodutível dos resultados científicos – todos se inclinam, a natureza não mente. 5. O mito nas origens da ciência Para Galileu e seus seguidores, o mundo é homogêneo, matematizável e a ciência é capaz de descobrir a verdade global da natureza – generalização No final da Idade Média, a classe dos artesãos não é desprezada como na Grécia Antiga – há influência dos fatores sociais e econômicos. Os artesãos e os intelectuais são empresários livres, independentes do poder (a religião e os governos). Ao contrário dos cientistas chineses – submetidos às regras do poder. A bússola, a pólvora e a imprensa – descobertos muito antes na China – influenciaram e modificaram a ordem social na Europa Medieval e a lançam na Idade Moderna. A matemática, já utilizada para descrever relações entre velocidade e deslocamento: engenharia passa a ser usada, também, para descrever a natureza. A metáfora do relógio: o mundo é comparado a um relógio e Deus ao relojoeiro (Legislador) – um mecanismo construído segundo um plano ordenado e racional. A ressonância entre o discurso teológico e o mito científico – quem veio primeiro ou qual engrenou o outro. A natureza mecanizada satisfaz a ciência moderna: é passiva, numa pergunta bem concebida, se esgota. O homem a domina do exterior, é capaz de chegar ao ponto de vista de Deus sobre o mundo. 6. O mito científico hoje Galileu e seus sucessores decretam a simplicidade do mundo, com a ajuda de Deus, e a universalidade das idealizações que o “procedimento experimental põe em evidência”. A ressonância entre fatores econômicos, políticos, sociais, religiosos, filosóficos e técnicos – um complexo cultural onde domina o homem aliado a Deus. A ciência moderna fez de Newton um herói nacional – uma ciência que teve sucesso, que acredita ter demonstrado que a natureza é transparente e que não precisa de Deus em suas hipóteses. Uma ciência onde o observador é exterior, objetivo, não interage, apenas descobre e deduz as verdades. “A ciência clássica não pode produzir uma coerência nova que fizesse justiça à sua dupla ambição: compreender o mundo e agir sobre ele.” Os limites dos conceitos clássicos transformaram os aspectos da ciência que tinha o conhecimento completo do mundo. A ciência clássica, a ciência mítica de um mundo simples e passivo está prestes a morrer liquidada não pela filosofia, nem pela resignação empírica, mas pelo próprio desenvolvimento. Abandonar o mito newtoniano sem renunciar a compreender a natureza – este é o ponto de convergência hoje – pag.41 A ressonância hoje: entre as ciências e a dominação laica dum modo industrializado, pela afinidade entre o exercício da dominação e a compartimentalização da prática.
  • 8. Na ciência metamorfoseada o diálogo cultural é algo de novo possível e uma nova aliança com a natureza pode firmar-se. Obs: encontrei isto num livro de Edward Speyer – Seis Caminhos a Partir de Newton: “Na visão científica do universo físico que culmina na obra de Newton e que dela deriva, tudo faz sentido. Se os fenômenos físicos não obedecem perfeitamente as leis, segue-se que os cientistas não os mediram ou calcularam perfeitamente.” “O homem é a imperfeição, o universo é perfeito, mas sua razão compensa esta falha.” A ciência na Idade Média - Saber dos artesãos – experimentação - Saber matemático – construções, comércios, máquinas -Deus era o centro do pensamento científico e a natureza era feita por Ele. Santo Agostinho: “Para conhecer é preciso antes crer.” (354-430) São Tomás de Aquino: conciliou a tradição filosófica Grega (Aristóteles) com a fé cristã. (1225-1274). Século 13 – a lógica que explicava os fenômenos naturais baseava-se no divino. A crise na Idade Média - A sociedade européia deixa de ter teocêntrica para ser antropocêntrica - (1561-1626) – Francis Bacon: propôs a criação do método para produzir conhecimento baseado na experimentação. - Separação entre teologia e ciência: proposta por inclusive, grupos religiosos (franciscanos) – confronto de saberes - (1596-1650) – Descartes: manifesta sua insatisfação às idéias de Bacon, no Discurso ao Método, mas propõe um outro método para se chegar à verdade – racionalismo. -Galileu (1564-1642): a experimentação e a matematização (descrição) – mcise entre duas formas de ver o mundo: geocentrismo (Ptolomeu) x heliocentrismo (Copérnico) - Revolução lenta no comércio, economia, artes, ciência, religião (Renascimento, Reforma, Revolução Francesa). Decartes – cogito ergo sum ou jê pense, donc jê suis. Racionalismo: autoridade da razão Ceticismo, análise, conclusão (dedução) e enumeração (revisão conceitual). E na IM – realismo ingênuo e empirismo: todo o conhecimento tinha como ponto de partida os sentidos (observação) e a indução. Newton (1642- ) utiliza a nova abordagem seguia por Galileu:m observar, experimentar, testar novas idéia, analisar resultados e imaginar novas teorias. Propôs as 3 leis do movimento (dinâmica) e a força gravitacional – Leis às quais a natureza obedece e que explicavam uma infinidade de eventos variados. Newton enxergava o universo como um grande mecanismo de elogio que funciona segundo alguns princípios determinados e previsíveis – o determinismo.