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O GRANDE CONFLITO:
A MAIS IMPORTANTE VISÃO DE ELLEN G. WHITE
SOBRE A CONTROVÉRSIA ENTRE O BEM E O MAL
LUCAS SAMUEL ROJO
ÍNDICE
Prefácio
Introdução
1 “O Destino do Mundo” (caps. 1-8)
2 “Despertam as Nações” (caps. 9-16)
3 “A Única Salvaguarda” (caps. 17-27)
4 “E Então Virá o Fim” (caps. 28-42)
Conclusão
Bibliografia
PREFÁCIO
“Certamente, o Senhor não fará coisa alguma, sem antes contar o seu
segredo a Seus servos, os profetas” (Amós 3:7).
A doutrina do grande conflito é entendida como a mais importante da teologia
bíblica adventista. É por causa da existência desta batalha entre o bem e o mal que
passou a ser necessária todo um conjunto de outras doutrinas que inclusive
fundamentariam o compêndio das vinte e oito crenças fundamentais dos adventistas
do sétimo dia, além da educação religiosa por parte de patriarcas, da exortação dos
profetas, e inclusive da revelação bíblica, começando por Moisés, terminando com
João, no passado. Não só a mente humana não memorizaria o necessário estando
sem o escrito, mas o processo da secularização contribuiria no sentido de provocar
uma alienação cultural.
Deus deu a Ellen G. White importantes visões sobre: educação, vida
espiritual, conduta moral, sexualidade, regime alimentar, entre outros temas.
Entretanto, foi necessária a inspiração sobre um tema que permeia toda a Bíblia, o
grande conflito, que começou no Céu e continua na Terra, envolvendo a cada ser
humano, uma batalha sem precedentes por cada coração. A visão que deu origem a
esta magnífica obra poderia ter custado sua vida, mas Deus a livrou.
Este trabalho tem o fim de proporcionar auxílio, e colaborar com os estudos
desta tão conhecida obra da mensageira do Senhor. Não se trata de uma matéria
aprofundada, abalizada, ou mesmo erudita, justamente para atender à atual
necessidade de os membros da igreja compreender a mensagem contida no livro
inspirado.
O autor.
INTRODUÇÂO
A história do livro O Conflito dos Séculos, mais conhecido como O Grande
Conflito, abrange um período entre cinco a seis décadas do ministério profético de
Ellen G. White. Seu conteúdo é de grande interesse para a Igreja Adventista do
Sétimo Dia. O livro originou-se em uma visão de duas horas. Conhecida como “a
visão do Grande Conflito” (14 de março de 1858 em Lovett’s Grove, Ohio, Estados
Unidos). Conta a autora: “vi-me envolta numa visão da glória de Deus. Foi-me
revelado muitos assuntos importantes relativos à Igreja” (White, Notas biográficas,
178).
Algumas cenas foram-lhe mostradas em 1848, mas em 1858 ela recebeu a
ordem de escrever sobre o assunto. “Foi-me mostrado que devíamos lutar contra os
poderes das trevas, pois Satanás faria grandes esforços para impedir esta tarefa;
devia colocar minha confiança em Deus, e os anjos não me abandonariam no
conflito” (White, Notas biográficas, 178). Em setembro de 1858 se publicou um livro
de 219 páginas intitulado The Great Controversy [O grande conflito], conhecido
como Spiritual Gifts (Dons espirituais), vol. 1.
O volume inclui o relato da queda do homem, o plano da redenção, e a
história da Igreja desde o tempo de Cristo até a Nova Terra (este relato encontra-se
na parte final do livro Primeiros Escritos, pags.145 a 295). Em 1864 apareceram os
volumes 3 e 4 do Spiritual Gifts, ampliando o conteúdo volume 1. Estes volumes
narram a História Sagrada desde a Criação até os tempos do rei Salomão. Esta
ampliação se deve a novas revelações dadas a Ellen G. White a partir de sua
primeira visão sobre o Grande Conflito. Nas décadas de 1870 e 1880, Ellen G. White
preparou os quatro volumes de uma nova série intitulada Espírito de Profecia: A
Grande Controvérsia [Espírito de Profecia: O Grande Conflito].
O volume 4 do Spirit of Prophecy, que então seria O Conflito dos Séculos, foi
publicado inicialmente em 1884. Teve uma boa aceitação entre os leitores
adventistas tanto da Pacific Press quanto da Review and Herald que ao todo
publicaram 5.000 exemplares. Em três anos foram distribuídos 50 mil exemplares e
se converteu no livro mais vendido de Ellen G. White entre os colportores. Em 1888
a obra foi corrigida e ampliada sendo intitulada O Conflito dos Séculos, Com páginas
maiores, Maior número de ilustrações, E cinco capítulos adicionais em relação a
edição de 1884. A autora adaptou a terminologia e os conteúdos para os leitores não
adventistas, a fim de eliminar possíveis mal entendidos.
Algumas páginas do Spirit of Prophecy, volume 4 de 1884, foram excluídas do
Conflito dos Séculos, de 1888 e 1911 (Essas páginas se encontram nos
Testemunhos para Ministros, páginas 472-475). Excluíram-se algumas referências a
outras igrejas, e expressões tais como “Eu vi” ou “Me foi mostrado”. A autora disse:
“As verdades essenciais devem ser apresentadas claramente; mas até aonde seja
possível, devem ser ditas com linguagem que enfatize mais o bem do que com uma
linguagem ofensiva”. (WHITE, Testemunhos Seletos, v. 3, páginas 505-507).
A edição de 1888, a autora fez menção de sua própria experiência ao
trabalhar na Europa entre os anos de 1885 a 1887, quando conheceu os locais onde
os valdenses viveram e os reformadores protestantes da Itália, Suíça, Alemanha,
França, Inglaterra e os países escandinavos. Visitou por exemplo, a igreja de
Zuinglio, em Zurique.
A edição de 1888 se ampliou também com as leituras acerca da história do
protestantismo realizadas pela autora. Usou livros como: História do Protestantismo
de J.A. Wylie, sobretudo para obter detalhes históricos e cronológicos. Muitas vezes
as leituras refrescavam em sua mente aquilo que ela havia visto em visão. Outro
autor citado foi J. H. Merle D’Aubigné. Estes escritores foram citados textualmente
em alguns casos, parafraseados ou resumidos em suas próprias palavras em outros
casos. A edição de 1888 continha 417 citações ou alusões de 75 autores diferentes.
Ellen G. White preparou também uma introdução a esta edição, explicando o
propósito do livro e o uso que ela fez de outros autores (Mencionado por TIMM,
Carlos, como referência à Revista Adventist World).
Vinte anos depois, em 1911, verificou-se a necessidade de se revisar, ilustrar
e imprimir o livro, com um apêndice mais completo das referências usadas. Além
disso, as placas do eletro tipo do livro estavam gastas, tanto na Pacific Press como
na Review and Herald e na Sociedade de Tratados de Londres. A autora se pôs a
trabalhar com prontidão. Ellen G. White e seus colaboradores trabalharam
minuciosamente na preparação dessa última edição que foi concluída em 1911.
Mudanças efetuadas: Melhorar as referências históricas; Modificar algumas frases
que podiam ser ofensivas ou imprecisas; Harmonizar a ortografia e a pontuação com
os outros livros da série O Grande Conflito. A autora aprovou com satisfação a
edição revisada.
Em uma carta a F. M. Wilcox, Ellen White escreveu:
“Como resultado do exame que foi efetuado pelos nossos
ajudantes mais experientes, foram propostos algumas mudanças de
palavras. Foi examinado cuidadosamente estas mudanças e foram
aprovadas. Estou agradecida porque a minha vida foi conservada, e tenho
clareza mental para este e outros trabalhos literários” (3 TS, 140)
Duas observações feitas por William C. White: Ellen G. White adaptou as
edições do livro ao seu público alvo. Spiritual Gifts, volume 1 (1858) e Spirit of
Prophecy, volume 4 (1884) foram escritos para os adventistas dos Estados Unidos.
As visões dadas a Ellen G. White apresentavam cenas panorâmicas. Poucas
vezes incluíam dados cronológicos e geográficos. Ela devia supri-los por meio do
estudo pessoal da Bíblia e da História.
A Sra. White sentia um grande apreço pelo Conflito dos Séculos. Uma leitura
simples de suas afirmações na obra O Colportor Evangelista, páginas 78 a 146, nos
convencerá da importância da obra e das bênçãos que seus leitores podem receber.
Ellen G. White apreciava O Conflito dos séculos pela luz que lança sobre a
origem do mal e sobre o plano da salvação.
“Foi-me mostrado que os livros importantes que contêm a luz que
Deus deu a respeito da apostasia de Satanás nos céus, devem receber uma
ampla circulação precisamente agora; pois, por seu meio a verdade deve
chegar à todas as mentes. Patriarcas e Profetas, Daniel e Apocalipse e O
Conflito dos Séculos são agora mais necessários do que nunca” (Review
and Herald, 16 de fevereiro de 1905).
Contém precisamente a mensagem que o povo deve receber e a luz especial
que Deus tem dado ao Seu povo. “Os anjos de Deus prepararão o caminho para
estes livros no coração do povo” (Special Instruction Regardin Royalties, p. 7, 1899).
Em outra ocasião falou da “preciosa instrução” contida nos livros como O Conflito
dos Séculos (Carta 229, 1903).
Ellen G. White não é a originadora destes livros. Eles contêm a instrução que
durante o período de sua vida Deus lhe deu. Contêm a luz preciosa e consoladora
que Deus concedeu generosamente à Sua serva para ser dada ao mundo. De suas
páginas, esta luz há de brilhar iluminando os corações dos homens e das mulheres e
conduzindo-lhes ao Salvador. “O Senhor me tem mostrado que estes livros hão de
ser espalhados por todo o mundo...”
Ellen White estimava O Conflito dos Séculos devido a sua influência espiritual. “Há
neles verdade que para o que a recebe, é um sabor de vida para a vida. São
mensageiros silenciosos para Deus. No passado, foram os meios usados para
convencer e converter muitas almas. Muitos dos que os leram com grande
expectativa e por meio de sua leitura foram guiados a ver a eficácia do sacrifício de
Cristo e a confiar em Seu poder. Foram induzidos a encomendar ao o cuidado de
suas almas ao seu Criador, esperando e anelando a vinda do Senhor para levar aos
seus amados ao lar eterno. No futuro, estes livros irão facilitar a compreensão do
Evangelho a muitos outros, revelando-lhes o caminho da salvação” (Review and
Herald, 20 de janeiro de 1903).
“O livros maiores, Patriarcas e Profetas, O Conflito dos Séculos, O
Desejado de Todas as Nações devem ser vendidos em todas as partes.
Estes livros contêm a verdade para este tempo: uma verdade que há de ser
proclamada em todas as partes do mundo. Nada pode impedir sua venda”
(Review and Herald, 20 de janeiro de 1903).
Colportores e membros de igreja deviam empenhar-se nesta tarefa. “Irmãos e
irmãs, trabalhai fervorosamente para fazer circular estes livros. Ponde vosso coração
nessa tarefa, e a bênção de Deus os acompanhará” (Review and Herald, 20 de
janeiro de 1903). A pergunta da autora é: Não vês que as pessoas necessitam da
luz que se apresenta nele?”(Carta 1, 1890).
Ellen G. White declarou que apreciava a obra O Conflito dos Séculos mais do
que a prata e o ouro:
“O Conflito dos Séculos deve ser amplamente difundido. Contém a
história do passado, presente e futuro. Em seu resumo das cenas finais da
história desta Terra, apresenta um poderoso testemunho em favor da
verdade. Estou mais ansiosa de ver uma ampla circulação deste livro do
que qualquer outro que tenha escrito, porque O Conflito dos Séculos é a
última mensagem de admoestação ao mundo que será dada de forma mais
distinta que qualquer outra de meus livros” (Carta 281, 1905).
“Enquanto escrevia o manuscrito do Conflito dos Séculos, tinha a
plena consciência da presença dos anjos de Deus. E muitas vezes as cenas
acerca das quais tenho estado escrevendo me eram apresentadas de novo
em visões de noite, de maneira que estavam vivas em minha mente” (Carta
56, 1911).
Ellen G. White predisse o impacto profundo produzido pela leitura do livro O Conflito
dos Séculos dentro e fora da Igreja:
“Os resultados da circulação desse livro não serão julgados por
aquilo que agora se vê. Ao lê-lo, algumas almas serão despertadas e terão
valor para unirem-se de imediato com os que guardam os Mandamentos de
Deus. Mas um número muito maior que o leia não tomará sua decisão até
que os próprios acontecimentos que foram preditos venham acontecer”
(Manuscrito 31, 1890).
“Patriarcas e Profetas e O Conflito dos Séculos são livros
especialmente adaptados aos que acabam de abraçar a fé, para que
possam ser estabelecidos na verdade. Assinalam os perigos que devem ser
evitados pelas igrejas. Os que se familiarizarem de forma concreta com as
lições apresentadas nestes livros verão os perigos que lhe ocorrem e
poderão discernir a senda pequena e reta por eles traçada. Serão
guardados de desviarem-se por sendas estranhas. Seus pés andarão de
forma correta, não permitindo que o manco saia para fora do seu caminho”
(Carta 229, 1903).
1
“O Destino do Mundo”
Antes mesmo de abrir esta seção, a autora inspirada introduz sua obra
contextualizando o evento do grande conflito, seus fatos e consequências e o papel
em cada parte envolvida. Abrindo as cortinas que escondem acontecimentos que
não são visíveis ao olhar humano, descreve uma batalha sem precedentes, e o
plano da salvação em favor da humanidade caída.
Introduz com a cena de Jesus contemplado a cidade de Jerusalém a partir do
monte das Oliveiras. O cenário era calmo e belo. Por isso, ninguém acreditaria que
algo tão pacífico brevemente seria destruído, e uma verdadeira carnificina teria
lugar. Foi justamente o que aconteceu trinta e seis anos depois. O exército romano
chegou a cercar a cidade, sob o comando de Céstio; porém, ao morrer subitamente
o imperador, recuaram. Três anos depois, voltam, sob o comando de Tito, cercaram
e tomaram a cidade. Este manifestou boa vontade, temendo ante a horrorosa cena
de ver uma imensidão de corpos mortos, apelou insistentemente aos líderes judeus
que não o pressionassem a fazer algo que ele em realidade não gostaria de realizar.
Mesmo assim, o responderam de um jeito amargo, sendo ele o “último intercessor”
deles. Inúteis se tornaram os esforços de Tito em querer salvar o templo. Mas Jesus
dissera antes dele que não deveria ficar pedra sobre pedra. Mesmo assim, queria
ele salvar o templo, se possível. Mas os judeus, enquanto Tito permanecia recolhido
em sua tenda à noite, saíram e quiseram atacar os soldados. A partir desse instante,
os soldados passaram a ignorar as ordens de Tito. Lançavam flechas ardentes para
queimar as salas revestidas de cedro do Templo, e assassinavam freneticamente
aos judeus. Ellen White descreve a cena: “o sangue corria como água pelas escadas
do templo abaixo” (p. 27). Foi o fim de uma geração que, ao ser julgado Jesus por
Pilatos, clamava: “Que o Seu sangue caia sobre nós e nossos filhos...” (Mateus
27:25).
Assim, segundo Ellen White, acabaram mais de mil anos de história do
cuidado de Deus em favor do Seu povo escolhido. Rejeitando ao Salvador, selaram
seu destino e deixaram de ser uma nação escolhida por Deus como luz para as
nações. Se o Israel nacional houvesse preservado a fidelidade em relação à aliança
que Deus fizera com eles, teriam permanecido para sempre como povo eleito
(Jeremias 17:21-25). Ao invés disso, entraram para a história com um registro
repleto de apostasia e rebelião. O próprio Filho de Deus veio com o objetivo de
reverter o terrível quadro, porém, sem sucesso. O coração deles havia se
endurecido à influência divina. Quanto mais Deus era longânimo com Jerusalém,
mas os judeus se confirmavam na sua obstinação.
Olhando através dos séculos, no futuro, viu o povo da aliança espalhado por
muitos países. No momento em que estava no monte, viu em Jerusalém um símbolo
de um mundo inteiro, endurecido e completamente influenciado pelo espírito de
rebelião. Desde o conflito iniciado no Céu, e continuando na Terra, viu a desgraça e
a morte causadas pelo pecado. Dor e sofrimento faziam parte da vida diária da
humanidade, sendo que esse quadro piorava cada vez mais. O coração do Salvador
“moveu-Se de infinita compaixão pelos aflitos e sofredores da Terra”; e desejava
libertá-los da miséria. Mas, se fizesse isso, poucos procurariam por Ele. Era
necessário que padecesse e morresse por um mundo que O rejeitou, para que
assim pudesse salvar a muitos por Seu sacrifício.
Com a derrubada de Jerusalém, os discípulos associaram esse evento com o
fim do mundo (Mateus 24:3). Mas as cenas finais na história terrestre foram ocultas
à vista deles por misericórdia. Houvessem visto tais situações por visão, teriam
desmaiado de horror.
A mensageira do Senhor declarou, às páginas 29 e 30:
“A profecia do Salvador relativa aos juízos que deveriam cair sobre
Jerusalém há de ter outro cumprimento, do qual aquela terrível desolação
não foi senão tênue sombra. Na sorte da cidade escolhida podemos
contemplar a condenação de um mundo que rejeitou a misericórdia de Deus
e calcou a pés a Sua lei”.
Assim como os judeus, o mundo têm rejeitado a Deus e Sua lei, e, da mesma
maneira, têm Deus estendido sua misericórdia. Com a rejeição final do mundo à
misericórdia de Deus, será este entregue à destruição final, assim como ocorreu
com Jerusalém no ano 70 d.C. Ainda assim, nenhum cristão pereceu naquela
destruição, pois Jesus os alertara previamente; portanto, os valorosos crentes desta
época também darão ouvidos a esta advertência, e junto ao seu Salvador e Senhor
encontrarão o abrigo dos juízos que dentro em breve cairão sobre o mundo.
Com o passar do tempo, surgem na história os mártires. Ainda nos tempos do
ministério de Paulo, durante o império de Nero, as perseguições começaram e
continuaram furiosamente durante séculos. Cristãos eram considerados culpados
pelas catástrofes que ocorriam, como terremotos, doenças e fomes, além de serem
acusados de prática de crimes hediondos. Eram considerados rebeldes do império
romano. Tornaram-se objeto de ódio e suspeita popular; e para piorar a situação,
pessoas “de confiança” se insurgiam como denunciantes, em vista do amor ao
ganho, para trair pessoas inocentes, assim como José, quando foi vendido como
escravo, e como Jesus, vendido e negado até mesmo por quem estava próximo.
Estes mártires, por muitas vezes presos, julgados de maneira injusta, mortos sem
razão, despojados da luz do sol, não pronunciavam queixas por seu estado.
Animavam uns aos outros, e mantinham a fé firme. Nenhuma perda de bênçãos
terrenas poderia fazê-los perderem a fé em Cristo. Isto foi fundamental numa época
onde a Escritura Sagrada não era aceita como norma de fé. A doutrina da liberdade
religiosa era considerada heresia e defensores de tal prática eram tremendamente
odiados.
Pouco a pouco, e depois em franca e aberta ousadia, o “mistério da injustiça”
(2 Tessalonicenses 2:7) operava para solapar a verdade. Tudo como preparação
para o surgimento do papado. Trevas morais e espirituais começaram a se
estabelecer no seio da igreja cristã. Uma das primeiras doutrinas da igreja romana é
a de que o papa é a cabeça visível da igreja universal de Cristo, inclusive dotado de
autoridade sobre todos os bispos e pastores no mundo. Foi declarado infalível e
recebeu o título: “Senhor Deus, o Papa”. Quando o tentador aproximou-Se de Cristo,
também ofereceu toda a glória dos reinos mundiais com a condição de render a
adoração para ele. Satanás obtém sempre sucesso apresentando os mesmos
enganos. Da mesma maneira, a igreja foi levada a buscar o apoio e o favor dos
grandes da Terra. Assim, tendo rejeitado a Cristo, foi levada a prestar obediência ao
bispo de Roma, que configura como representante de Satanás.
Mesmo que durante a supremacia papal baixassem escuras e densas trevas,
a luz de Deus não poderia ser extinta. Em todas as épocas, sempre houveram
testemunhas que tinham fé em Cristo como único mediador e mantinham a Escritura
Sagrada como única regra de fé e prática, santificando o verdadeiro sábado. Dentre
os que mantinham fé incontaminada, estavam os bretões, sendo a Grã-Bretanha um
lugar onde o cristianismo foi enraizado desde o começo. Também os valdenses,
seguidores de Pedro Valdo, um dos primeiros povos europeus a conseguir a
tradução da Bíblia, isso centenas de anos antes do início da Reforma. No século XIV
surgiu na Inglaterra um homem que devia ser considerado “a estrela da manhã da
Reforma.” João Wycliffe tornou-se o conhecido arauto da Reforma, não somente
para a região da Inglaterra, mas para todo o mundo cristão. O grande protesto que
proferiu contra Roma, jamais silenciaria. Deu início à luta de que deveria resultar a
libertação de indivíduos, igrejas e nações.
“Os romanistas não haviam conseguido executar sua vontade em
relação a Wycliffe durante a vida deste, e seu ódio não se satisfez enquanto
o corpo do reformador repousasse em sossego na sepultura. Por decreto do
concílio de Constança, mais de quarenta anos depois de sua morte, seus
ossos foram exumados e publicamente queimados, e as cinzas lançadas
em um riacho vizinho. “Esse riacho”, diz antigo escritor, “levou suas cinzas
para o Avon, o Avon para o Severn, o Severn para os pequenos mares, e
estes para o grande oceano. E assim as cinzas de Wycliffe são o emblema
de sua doutrina, que hoje está espalhada pelo mundo inteiro.” — História
Eclesiástica da Bretanha, de T. Fuller. Pouco imaginaram os inimigos a
significação de seu ato perverso.
Posteriormente, mas antes do tempo de João Huss, houve na Boêmia
homens que se levantaram para condenar abertamente a corrupção na Igreja
Católica e a dissolução do povo. Seu serviço despertou interesse que se estendeu
em muitas partes na Europa. Suscitaram-se os temores de padres, bispos e cardeais
e foi iniciada uma perseguição contra os discípulos do evangelho. Obrigados a fazer
seu culto em florestas e montanhas, acabaram se tornando vítimas dos soldados, e
muitos foram mortos. Depois de algum tempo foi baixado o decreto de que todos os
que se afastassem do culto romano deviam ser queimados. Mas, enquanto eram
assim condenados, os cristãos olhavam para a frente, no sentido de sua vitória.
João Huss era de humilde nascimento e cedo ficou órfão pela morte do pai. Sua
piedosa mãe, considerando a educação e o temor de Deus como a mais valiosa das
posses, procurou assegurar esta herança para o filho. Huss estudou na escola da
província, passando depois para a Universidade de Praga, onde teve admissão
gratuita como estudante pobre. Foi acompanhado na viagem por sua mãe; viúva e
pobre, não possuía dádivas nem riquezas mundanas para conferir ao filho; mas,
aproximando-se eles da grande cidade, ajoelhou-se ela ao lado do jovem sem pai, e
invocou-lhe a bênção do Pai celestial. Pouco imaginara aquela mãe como deveria
sua oração ser atendida. Na Universidade, Huss logo se distinguiu pela sua
incansável aplicação e rápidos progressos, enquanto a vida irrepreensível e modos
afáveis e simpáticos lhe conquistaram estima geral.
Foi em outro lugar que Huss começou a obra da reforma. Vários anos após
haver recebido a ordenação sacerdotal, foi nomeado pregador da capela de Belém.
Um cidadão de Praga, Jerônimo, que depois se tornou intimamente ligado a Huss,
trouxera consigo, ao voltar da Inglaterra, os escritos de Wycliffe. A rainha da
Inglaterra, que se convertera aos ensinos de Wycliffe, era uma princesa boêmia, e
por sua influência as obras do reformador foram também amplamente divulgadas em
seu país natal. Estas obras lera-as Huss com interesse; cria que seu autor era um
cristão sincero e tinha a tendência de considerar positivamente as reformas que
advogava.
Notícias da obra em Praga foram levadas a Roma, e Huss foi logo chamado a
comparecer perante o papa. Obedecer seria expor-se à morte certa. Mas Huss não
parou seu trabalho, mas viajou pelo território circunjacente, pregando a ávidas
multidões. “Nada podemos contra a verdade, senão pela verdade.” 2 Coríntios 13:8.
Contrariando um salvo-conduto, e a proteção especial por parte do papa ao chegar
na cidade de Constança, logo Huss passou por uma repentina mudança para perder
as garantias de liberdade e ser preso e lançado numa horrível masmorra. Depois
disso, foi transferido para uma prisão em um castelo localizado além do rio Reno.
Porém, o papa que havia condenado a Huss e acusado aos padres, foi parar na
mesma prisão de Huss, pois seus crimes eram piores do que os dos outros padres.
Posteriormente, após quase ter morrido devido às condições da prisão em que
esteve, Huss ficou perante o imperador que se destacou em defende-lo, como
também diante dos líderes religiosos e do governo. Proferiu um solene discurso, em
forma de protesto contra as corrupções dessas lideranças. Finalmente, foi dado a ele
optar entre renunciar suas convicções doutrinárias ou sofrer a morte. Ele optou pelo
martírio. Houve uma segunda vez onde Huss foi levado perante o concílio, e mais
uma vez reafirmou a decisão anterior. O imperador Sigismundo teve um momento de
grande vergonha ao Huss dizer publicamente que havia se dirigido por espontânea
vontade ao concílio por conta da fé e da proteção pública que o imperador havia lhe
garantido. Todos os olhares se voltaram na direção de Sigismundo.
Afinal, Huss foi condenado à morte, e começou a ser investido com roupas
sacerdotais. Cada bispo envolvido nessa impiedosa cerimônia proferiu contra ele
uma maldição. Colocaram uma mitra em forma de pirâmide em sua cabeça, que
possuía figuras demoníacas e a inscrição: “arqui-herege”. “Com muito prazer”, disse
Huss, ‘levarei sobre a cabeça esta coroa de ignomínia por Teu amor, ó Jesus, que
por mim levaste uma coroa de espinhos” (WHITE).
Um zeloso adepto de Roma, descrevendo o martírio de Huss, e de Jerônimo
que morreu logo depois, disse: “Ambos se portaram com firmeza de ânimo quando
se lhes aproximou a última hora. Prepararam-se para o fogo como se fosse a uma
festa de casamento. Não soltaram nenhum grito de dor. Ao levantarem-se as
chamas, começaram a cantar hinos, e mal podia a veemência do fogo fazer silenciar
o seu canto” (Wylie, citado por White).
Tempos depois, surge na história o conhecido reformador Martinho Lutero,
entre os que foram chamados por Deus para que a igreja saísse das trevas do
papado para a luz de Cristo. Filho de um mineiro, de cujo trabalho tirava os meios
para que futuramente se tornasse um advogado, não imaginava que Deus o
chamaria para ser o grande construtor de um empreendimento que Ele estava
erigindo ao longo dos séculos. Através de sofrimentos e tristezas da vida, Deus
esteve preparando o caráter de Lutero para a obra que haveria de desempenhar.
Assim como foi feito aos seus irmãos, cuidadosa educação foi dispensada a ele
pelos pais, e frequentemente as orações o pai ascendiam ao Céu em favor dele.
Na escola, era tratado com grossura e mesmo de forma violenta. Por vezes passava
fome, e cantando de porta em porta, em algumas coisas para comer. Tais situações
corroboraram para que fosse levado a pensar em Deus não como o bondoso Pai
celestial, mas como um Juiz cruel e tirano. Ainda assim, avançou rumo à excelência
da norma moral. Aos dezoito anos, entrou para a Universidade de Erfurt, na
Alemanha. Tinha amigos agora, e estes eram judiciosos; essa influência contribuiu
inclusive para atenuar os sofrimentos e os traumas vividos no tempo da infância.
Seus pais agora tinham mais possibilidades de ajuda-lo com os custos universitários,
após certo tempo de dedicação e economia. Sob influências favoráveis, desenvolveu
ele um comportamento distintivo, incluindo excelente memória, imaginação viva,
grande capacidade de raciocínio, e muita energia para ser aplicado.
“Enquanto um dia examinava os livros da Biblioteca da Universidade, Lutero
descobriu uma Bíblia latina. Nunca dantes vira tal Livro. Ignorava mesmo sua
existência. Tinha ouvido porções dos evangelhos e epístolas, que se liam ao povo
no culto público, e supunha que isso fosse a Escritura toda. Agora, pela primeira vez,
olhava para o todo da Palavra de Deus. Com um misto de reverência e admiração,
folheava as páginas sagradas. Pulso acelerado e coração palpitante, lia por si
mesmo as palavras de vida, detendo-se aqui e acolá para exclamar: “Oh! quem dera
Deus me desse tal livro!”—História da Reforma do Século XVI, D’Aubigné. Anjos
celestiais estavam a seu lado, e raios de luz procedentes do trono de Deus traziam-
lhe à compreensão os tesouros da verdade. Sempre temera ofender a Deus, mas
agora a profunda convicção de seu estado pecaminoso apoderou-se dele como
nunca dantes” (WHITE).
Lutero enfrentou grandes dificuldades em relação à compreensão da
salvação. Sua mente ficava constantemente aflita com esse assunto. “Eu era na
verdade um monge piedoso”, disse, mais tarde, “e seguia as regras de minha ordem
mais estritamente do que possa exprimir. Se fora possível a um monge obter o Céu
por suas obras monásticas, eu teria certamente direito a ele. ... Se eu tivesse
continuado por mais tempo, teria levado minhas mortificações até à própria morte”
(D’Aubigné, citado por WHITE).
Num momento em que Lutero imaginava estar tudo complemente perdido,
Deus lhe enviou um auxiliador piedoso: Staupitz. Este abriu perante ele a Palavra de
Deus, e disse-lhe que não mais olhasse para dentro de si mesmo para acabar
contemplando a ira de Deus na forma de castigo pela violação da Sua lei, e olhasse
naquele momento para Jesus e o considerasse o seu Salvador. Posteriormente, foi
ordenado sacerdote, e foi chamado a ser professor da Universidade de Wittenberg.
Ali se aplicou a estudar a Bíblia, inclusive nos idiomas originais.
Após viajar e conhecer Roma, foi editado e decretado pelo papa que haveria
promessa de perdão (indulgência) para as pessoas que subissem de joelhos a dita
“escada de Pilatos”, por onde Jesus “descera ao sair do tribunal romano”, e diziam
que “havia sido transportada de Jerusalém para Roma por milagre”. Lutero estava
subindo por esta escada, ajoelhado, quando inesperadamente e parecendo um
trovão, ouviu uma voz que disse: “O justo viverá da fé” (Romanos 1:17). De súbito e
num salto se ergueu dali, se sentindo com horror e vergonha. Esse texto da Bíblia
jamais foi esquecido por ele e nunca perdeu força. Daquele momento em diante,
percebeu claramente que o ensino de se confiar nas obras humanas para a
salvação era uma falácia, e que deveria sempre confiar nos méritos de Cristo. Nunca
mais seria manipulado pelos editos e ensinos enganosos do papado.
Após voltar da cidade de Roma, ao chegar na universidade em que era professor,
Lutero recebeu o grau de doutor em teologia. Agora sim, poderia se dedicar
plenamente ao estudo da Bíblia, que era o que mais amava.
Nessa época, Tetzel se destacou como defensor da doutrina das
indulgências, inclusive de púlpito. Ellen White ilustra essas ações com as mesas dos
cambistas no templo (Mateus 21:12) e a tentativa do mágico Simão de comprar com
dinheiro o poder dos apóstolos para ter a capacidade de operar milagres como eles
operavam (Atos 8:19,20). Tetzel proclamava que, com as indulgências papais, nem
“mesmo o arrependimento não é necessário” (D’Aubigné, citado por WHITE). Muitos
da paróquia de Lutero compraram indulgências, e vieram após seu pastor, e
conquanto ainda fosse católico romano, recusou-se a absolvê-los, dizendo que se
não se arrependessem e reformassem sua vida, haveriam de perecer em seus
pecados. Tais pessoas desejavam perdão não porque desejavam corrigir-se, mas
para poderem acalmar a consciência em relação à culpa do pecado. Voltam-se
desgostosos à Tetzel, denunciando que seu confessor não estava disposto a aceitar
suas certidões de perdão, e alguns exigiam que o dinheiro fosse devolvido. Este
ficou possesso; pois esta era para ele uma grande fonte de renda. Começou a
pronunciar as mais terríveis maldições, ordenando que fogueiras se acendessem,
declarando haver recebido do papa a ordem para queimar a todos os hereges que
se opusessem a esta doutrina.
A isto, reage Lutero de maneira ousada, como defensor da verdade.
Proclamava do púlpito sobre o caráter ofensivo do pecado, que nada, a não ser o
arrependimento para com Deus e a fé em Cristo, poderia salvar o homem perdido. A
graça de Cristo não pode ser comprada; é dada gratuitamente. Aconselhava o povo
a não comprar indulgências, mas olhar para o Redentor crucificado e ressurreto.
Afirmou, por sua própria experiência, penosa, que foi em vão encontrar salvação
através da humilhação própria e da penitência, e que foi olhando para fora de si
mesmo que pôde encontrar paz e alegria em Cristo.
Visto que Tetzel prosseguia com audácia em seu intento, Lutero decidiu agir
com mais eficácia. Em certa ocasião anual, igreja conclamava o povo para o dia da
festa de todos os santos. A Igreja do castelo de Wittenberg possuía muitas relíquias,
em certo dia todos os santos eram apresentados à público, ocasião na qual pleno
perdão era dado à todos aqueles que visitassem a igreja e se confessassem. Lutero
se juntou a esse povo e fixou na porta da catedral suas noventa e cinco teses sobre
justificação pela fé, e declarou que estava disposto a defende-las no dia seguinte,
visto que era doutor em teologia, contra todos os que quisessem ataca-las. Suas
propostas, em poucas semanas, eram conhecidas de todo o mundo cristão.
Multidões amantes do pecado, agora estavam aterrorizadas, pois havia sido perdido
o efeito daquilo que lhes acalmava, ou melhor, cauteriza a consciência. Assim,
Lutero começou a ser acusado de moralista, orgulhoso, de agir precipitadamente,
presunçoso, impulsivo, entre outras coisas. Portanto, sendo evidente que Lutero
estava agindo sob a direção do Espírito Santo nesta obra, deveria ele enfrentar
ainda mais e maiores dificuldades. Às vezes tinha dúvidas se era dirigido por Deus à
opor-se às mais poderosas forças da Terra e colocar-se contra a autoridade da
igreja.
“Quem era eu para opor-me à majestade do papa,
perante quem... os reis da Terra e o mundo inteiro tremiam? ...
Ninguém poderá saber o que meu coração sofreu durante
estes primeiros dois anos, e em que desânimo, poderia dizer
em que desespero, me submergi.” — D’Aubigné.
“Ele é um herege”, bradavam os zelosos romanos. “É alta
traição à igreja permitir que tão horrível herege viva uma hora
mais. Arme-se imediatamente para ele a forca!”—D’Aubigné.
Apesar de que muitos que receberam a luz do Céu foram condenados a
morrer por tortura, ele mesmo não foi uma vítima deles em fúria. Anjos do Céu foram
comissionados para protegê-lo, pois Deus tinha uma missão para ele. Além disso,
seus ensinos atraíram a atenção de todo tipo de mentes pensantes da Alemanha.
Como todo ser humano, mas numa escala maior, Lutero sentiu mais que nunca a
necessidade da amizade. Nessa ocasião, em que Lutero tanto necessitava da
simpatia e conselho de um verdadeiro amigo, a providência de Deus enviou
Melâncton a Wittenberg. Jovem, modesto e tímido nas maneiras, o são
discernimento de Melâncton, seu extenso saber e convincente eloquência,
combinados com a pureza e retidão de caráter, conquistaram admiração e estima
gerais. O brilho de seus talentos não era mais assinalado do que a gentileza de suas
maneiras. Logo se tornou um fervoroso discípulo do evangelho, o amigo de mais
confiança e valioso apoio para Lutero, servindo sua brandura, prudência e exatidão
de complemento à coragem e energia daquele. Sua cooperação na obra
acrescentou força à Reforma, e foi uma fonte de grande animação para Lutero
(WHITE).
Tentativas foram feitas, pelos romanistas, de maneira ardilosa, de ganhar a
Lutero com a aparência da amabilidade. Isso precisa ser destacado, e patenteia o
verdadeiro espírito do papado. Ele respondeu falando sobre seus sentimentos em
relação à igreja, seu desejo de responder às objeções sobre o que havia ensinado, e
seu desejo de verdade, mas protestou contra o cardeal que não dizia mais que exigir
sua retratação, porém, sem apresentar provas de que ele estava em erro. Na
entrevista seguinte, Lutero apresentou um documento onde fazia a apresentação
dos assunto de maneira muito clara. Após apresentar em voz alto, o entregou o
documento nas mãos do cardeal, que o lançou com desdenho ao lado, declarando
ser este o fruto da ociosidade e que isso nada provava. Vendo isso, Lutero decidiu
defrontar o cardeal no seu próprio terreno – o das superstições e da tradição – e
derrotou a cada uma de suas afirmações. Ao ver que o raciocínio de Lutero não
poderia ser contraditado, perdeu a compostura e o domínio de si exclamou:
“Retrate-se! ou mandá-lo-ei a Roma, para ali comparecer perante os juízes
comissionados para tomarem conhecimento de sua causa. Excomungá-lo-ei e a
todos os seus partidários, e a todos os que em qualquer ocasião o favorecerem, e os
lançarei fora da igreja.” E finalmente declarou, em tom altivo e irado: “Retrate-se, ou
não volte mais!” (D’Aubigné).
Martinho Lutero se retirou dali, o que esclareceu qual era sua decisão. O
cardeal havia se vangloriado a princípio de que através da violência poderia
subjuga-lo, mas afinal, foi deixado a estar apenas com os que o acompanhavam, a
se entreolharem. Mas essa audiência não ficou sem nenhum resultado positivo.
Todos os presentes tiveram a oportunidade de observar as ações dos dois e
julgarem por si através do espírito manifestado por cada um e perceber quem havia
manifestado o fruto do Espírito (Gálatas 5:22).
Entende-se que Lutero foi preservado do destino de morrer como um mártir.
Mas não foi simplesmente para livrá-lo da ira de seus inimigos, nem para
proporcionar a ele uma temporada de calma fora do alcance de situações
complexas, que Deus retirou seu servo da vida em público. Foi sobretudo para
preservá-lo do orgulho, Deus dera sabedoria a Frederico da Saxônia para idear um
plano destinado a preservar o reformador. Com a cooperação de verdadeiros
amigos, executou-se o propósito do eleitor, e Lutero foi, de maneira eficiente, oculto
de seus amigos e inimigos. Em sua viagem de volta para casa, foi preso, separado
de seus assistentes e precipitadamente transportado através da floresta para o
castelo de Wartburgo, isolada fortaleza nas montanhas (WHITE). Assim como em
relação aos elogios humanos, também estava isolado de qualquer tipo de apoio
terrestre. Foi assim preservado da confiança em si mesmo e da exaltação própria,
sobre tantos momentos de vitória.
Geralmente, após obterem a luz da verdade, os seres humanos são levados
por Satanás a reverenciarem o instrumento no lugar do autor. Assim, o inimigo das
almas procura fixar os olhares nos fatores humanos. Assim, tais líderes religiosos
são levados, por sua vez, a confiarem em si mesmos, perdendo de vista a sua
dependência de Deus. Como resultado, procurar dirigir a consciência das pessoas
que esperam por suas diretrizes, ao invés de dirigi-las à Palavra de Deus. Por isso, a
obra da Reforma acaba sendo retardada em seu processo. Deus preservou Sua
causa, dessa maneira, de ter nela impressa as características humanas. As pessoas
haviam se dirigido a Lutero como sendo o expositor da verdade. Por isso, ele foi
retirado do meio público para que as pessoas pudessem se dirigir ao Autor da
verdade.
2
“Despertam as Nações”
Um contemporâneo de Lutero, nascido poucas semanas após ele, mas na
Suíça, foi Ulrich Zwínglio. Desde a infância era ávido de interesse pelas histórias
bíblicas dos patriarcas e profetas. Assim como João Lutero, pai de Martinho, seu pai
se preocupava com sua educação. Aos treze anos, foi enviado para Berna onde
estava a escola mais conceituada. Foi nesse lugar onde se manifestou um grande
perigo. Frades e monges de um convento, ao perceberem as qualidades do menino,
procuravam atraí-lo. Providencialmente, o pai de Zwínglio recebeu notícias do que
estava acontecendo, e trabalhou para não permitir que seu filho seguisse a vida
ociosa e inútil dos monges.
Foi na Basiléia que Zwínglio ouviu pela primeira vez sobre o evangelho da
livre graça de Deus. Sob instrução de Wittenbach, que fora conduzido às Escrituras,
estudara Grego e Hebraico, e era professor de línguas antigas, que raios de luz
divina se derramaram sobre os estudantes dirigidos por ele. Declarava que existia
uma verdade antiga, de muito maior valor que as teorias ensinadas pelos
escolásticos e os filósofos: que a morte de Cristo é o único resgate pelo pecador.
Posteriormente, foi ordenado padre. Enfrentou dificuldades entre a teologia e a
filosofia da escolástica. Concluiu, entretanto, que deveria fazer da Bíblia a sua
própria intérprete.
Se identificava com Lutero, por estar pregando a Cristo. Seus ensinos
também se tornaram conhecidos da igreja, e, semelhantes aos ardilosos métodos
usados com Lutero, também tentaram usar a lisonja para atraí-lo. Tempos depois, o
entusiasmo dos monges deu lugar a um sentimento diferente. Passaram a estorvar
sua obra e condenar seus ensinos. Mas ele suportou isso com muita paciência.
Assim como Tetzel na Alemanha, Sansão era o encarregado dos franciscanos para
a venda das indulgências. Ao saber disso, o reformador se opôs decididamente a
este, que não teve outra escolha a não ser ir para outro lugar.
Passo a passo a obra avançava em Zurique, superando ele inclusive a peste,
chamada de “grande morte”, que arrastou a Suíça em 1519. Ele também ficou
doente, mas manteve viva sua fé, e em algum tempo foi restabelecido da doença.
Mas agora seus inimigos se opuseram a ele decididamente. Após extensos debates
por delegados, Roma iniciou uma feroz perseguição, cujo campo de sangue Zwínglio
acabou sendo morto, em uma guerra civil.
Antes de Zwínglio e Lutero, a luz começara a raiar também na França.
Lefevrê, professor de extenso saber, entusiasta adorador dos santos, escreveu em
1512: “É Deus que dá, pela fé, a justiça que, somente pela graça, justifica para a
vida eterna.” —(Wylie.) Entre seus discípulos, encontrava-se Guilherme Farel. Este
deveria continuar a pronunciar a verdade muito tempo depois que a voz do mestre
silenciasse. Era filho de pais piedosos e ensinado a viver na tradição. Poderia, como
Paulo, dizer: “Conforme a mais severa seita da nossa religião, vivi fariseu.” Atos
26:5. Como devoto romanista, ardia em zelo para destruir a todos os que ousassem
opor-se à igreja. “Eu rangia os dentes qual lobo furioso”, declarou ele mais tarde
referindo-se a esse período de sua vida, “quando ouvia alguém falar contra o papa.”
—(Wylie) Apesar disso, aceitou a verdade alegremente. Enquanto seu mestre
continuava a propagar a luz entre os discípulos, Farel saiu a anunciar a verdade
publicamente. Um dignitário da igreja, o bispo de Meaux, se uniu a ele. Também
outros ensinadores notáveis por sua capacidade e saber, unira-se na proclamação
do evangelho. Inclusive a irmã de Francisco I e parte da família aceitou o evangelho.
Logo começaram as perseguições, como era de se esperar. Mas ainda houve um
tempo de paz, para que ganhassem forças para enfrentar a terrível tempestade. O
bispo de Meaux continuou ensinando a verdade ao povo. Assim como a Bíblia em
alemão saía do prelo de Wittenberg, Lefevrê empreendeu editar dessa forma o Novo
Testamento em francês. Em Meaux, o bispo se esforçou a fim de disseminar o
conteúdo, e em breve os camponeses estavam com posse de cópias das Escrituras.
Apesar de todo o sucesso obtido a perseguição foi lançada e vários tornaram-se
mártires, inclusive Berquin, que se destacara de várias maneiras. Apesar de alguns
terem, como Farel, de buscar o exílio voluntário, Berquin decidiu-se por enfrentar as
consequências finais da perseguição de frente.
Mesmo com este insucesso na França, entre os escolásticos da França, havia
um jovem muito promissor e refletido. Tinha-se por certo que João Calvino se
tornaria um dos mais habilidosos defensores da igreja. Mas um raio da luz divina
penetrou no meio das trevas onde ele estava aprisionado. Ele ficara impressionado
com as novas doutrinas, embora não duvidasse que os hereges merecessem a
fogueira. Mas de uma hora a outra, foi posto face a face com a heresia. Além disso,
um primo, Olivetan, que era protestante, constantemente conversava com ele sobre
problemas que afetavam a cristandade. ““Não há senão duas espécies de religiões
no mundo”, dizia ele. “Uma é a espécie de religiões que os homens inventaram, e
em todas as quais o homem se salva por cerimônias e boas obras; a outra é a
religião que está revelada na Escritura Sagrada e ensina o homem a esperar pela
salvação unicamente da livre graça de Deus.” “Não quero nenhuma das tuas novas
doutrinas”, exclamou Calvino; “achas que tenho vivido em erro todos os meus dias?”
— Wylie.
Ainda assim, sendo ainda bem jovem, foi levado a ter contato com a Bíblia, onde
encontrou a salvação de Cristo. Passou a ensinar estas coisas de lugar em lugar, de
casa em casa.
A França rejeitara ao apelo através de Lefevrê e Farel. Mas a Providência
estava separando outra oportunidade. O rei da França, Francisco I, ainda não havia
tomado partido ao lado de Roma, pois tinha amor ao saber e desprezada a
ignorância do clero. A princesa Margarida tinha a esperança de que o protestantismo
afinal vencesse na França. Durante a ausência do rei, e já que não eram permitidas
pregações públicas, ela abriu as portas do palácio, onde um dos cômodos tornou-se
como uma capela. Foi anunciado que pessoas de todas as classes estavam
convidadas para certa hora, ouvirem um sermão. O rei não proibiu isso, e ordenou
que duas igrejas adicionalmente fossem abertas em Paris. A intemperança parecia
estar dando lugar ao espírito de vida. Mas, infelizmente, e em pouco tempo,
novamente as igrejas foram fechadas e a fogueira foi acesa novamente. Calvino se
encontrou com a perseguição, mas conseguiu fugir para um dos domínios de
Margarida, onde permaneceu disfarçado como seu hospedeiro.
Neste período, muitos se levantaram inclusive crianças, para disseminar a
verdade. Muitos, igualmente, não puderam optar ou mesmo não quiseram o exílio
voluntário, para não atrair a condenação máxima. A Revolução Francesa (1793 –
1798) foi um momento em que a França rejeitou, como nação ao culto à divindade,
além de assassinatos cometidos e a instauração ao culto da razão. A Bíblia em
vários exemplares foi queimada em praça pública. Manifestou-se o ateísmo do Egito
e a licenciosidade de Sodoma. Mas assim como no período do romanismo pagão, o
sangue dos santos era como semente. No plano de Deus, a luz da verdade não
deveria ser extinta, deveria continuar brilhando. Ao fim de um período sangrento
quando muitos perderam suas vidas, mas estavam salvos em Jesus, deveria
novamente a Palavra de Deus ser exaltada à vista das nações.
3
“A Única Salvaguarda”
A volta de Cristo tem sido em todos os séculos a esperança de Seus
verdadeiros seguidores. A última promessa do Salvador no Monte das Oliveiras, de
que Ele viria outra vez, iluminou o futuro a Seus discípulos, encheu-lhes o coração
de alegria e esperança que as tristezas não poderiam apagar nem as provações
empanar. Do calabouço, da tortura, da forca, onde santos e mártires testificaram da
verdade, vem através dos séculos a voz de sua fé e esperança. Estavam dispostos a
descer ao túmulo, para que pudessem “ressuscitar livres.” — A Voz da Igreja, Taylor.
Neste tempo, um dos maiores destaques foram os sinais do sermão profético de
Cristo. O terremoto de Lisboa, ocorrido em 1755, chegou a ser sentido pela maior
parte da Europa, África como também na América do Norte, numa extensão de dez
milhões de quilômetros quadrados. Vinte e cinco anos depois, o escurecimento do
sol e da lua. Mais surpreendente que isso, foi o cumprimento do tempo, indicado
pelos momentos finais da tribulação antes que acontecesse a volta de Cristo. Por
fim, a chuva de estrelas ou meteoros cadentes, em 1833, fechou este ciclo de sinais
indicados por Cristo como indicativos de Sua breve vinda.
Em 1831, surge no cenário norte-americano Guilherme Miller, que ficaria
conhecido como sendo o grande pregador do advento. Seus seguidores, conhecidos
como adventistas ou mesmo Mileritas, variavelmente chegaram quase a meio milhão
de pessoas. Embora houvessem pessoas céticas que acreditassem que alguma
coisa aconteceria em relação ao tempo indicado por ele para a volta de Cristo. Era
uma multidão expectante de aproximadamente um milhão. Juntamente com ele,
duzentos pastores das diversas denominações. Havia ele recebido uma autorização
para pregar, assinada por vinte desses. Não era, portanto, uma pessoa por sua
própria conta.
No início, em tempos de guerra civil, abraçara o deísmo, que não é nada
menos que a teoria de Deus como um relojoeiro: dar corda e depois deixar um
mecanismo funcionar por conta própria, dando a entender que Deus não interfere
nos negócios humanos de nenhuma maneira. Mas, durante essa guerra, os Estados
Unidos, um exército em menor número, venceu a Inglaterra, que era militarmente
melhor preparada. Além disso, uma bomba chegou a ser lançada perto dele e outros
que estavam próximos, mas nada aconteceu. Essas coisas contribuíram para que
ele abandonasse a filosofia do deísmo.
Anos mais tarde o grande desapontamento teve lugar; Cristo não voltou,
como era a expectativa. Muitos do movimento abandonaram o mesmo, ficando
apenas um pequeno remanescente. Mesmo tão poucos em números, estes se
encarregaram não apenas de reiniciar e inovar, sob a liderança divina, a reforma
iniciada em tempos de outrora por Lutero, Zwínglio e outros, como também
aprofundar cada um dos ensinos da Bíblia. Ficaram conhecidos mais tarde como
sendo os adventistas do sétimo dia. Destacaram-se pioneiros da fé adventista,
vindos após Miller: Tiago S. White, Joseph Bates, John N. Andrews, John
Loughborough, Urias Smith, Rachel O. Preston, entre outros. O nome que mais ficou
destacado foi o de Ellen G. White, por ter sido escolhida por Deus como Sua
mensageira para o povo.
Com esta obra levada avante, a duras penas no início, mas crescendo
progressivamente, Satanás não ficou ocioso em vista disso. Como a perseguição
não dera resultado na Europa, ali na América tentaria ele de outras maneiras.
Através de facções internas, perseguição ideológica, indução à apostasia, inclusive
lançando uma moléstia sobre Ellen White quando esta estava a escrever a obra em
questão. Também uma tentativa de influenciar a liderança da igreja a excluir o seu
ministério profético da vida da igreja, por meio de um envio para a Austrália, onde
ficou por cerca de nove anos, e depois para a Europa, por mais cinco, e a
possibilidade inclusive de substituí-la por outra mulher que alegava ter sonhos e
visões da parte de Deus. Mas, mesmo estando fora, a mensageira do Senhor, que
preferia não ser chamada de “profetisa”, mandava cartas à liderança em Battle
Creek, o centro da obra, denunciando realidades intoleráveis e declarando a vontade
de Deus. Após isso, a mulher que pretensamente tomara o seu lugar, declarou que
as visões que alegara haver tido, procediam de sua própria imaginação...
Além das facções, do surgimento do espiritismo moderno em 1848, do
fanatismo religioso que a Sra. White enfrentava em seus dias, apostasias de
importantes pessoas e alguns considerados gênios, como no caso do Dr. John H
Kellogg, ocorreu uma grande crise interna que ficou em torno da teoria panteísta,
que dizia que a presença de Deus permeava a natureza toda. Kellogg chegou a
afirmar que mesmo suas ações eram atos criativos de Deus (TIMM, 2006). Grandes
incêndios consumiram instalações físicas da igreja, sendo o mais notável o do prédio
da Review and Herald, a casa editora na localidade. Foi a crise mais complexa que
teve lugar no meio adventista, por não ter sido atendida a orientação divina. Mas,
através de Sua mensageira, Deus orientou de forma a livrar a igreja de tal crise, que
ficou conhecida como apostasia Alfa. Ellen White advertiu que futuramente a igreja
se depararia com um perigo muito maior, ao qual denominou como apostasia
Ômega, que junto com a Alfa solaparia todas as verdades bíblicas, além de
contribuir para derrubar por terra a crença na personalidade do Espírito Santo.
Aconselhou que tal sofisma deve ser lidado como um navio que se depara com um
iceberg, mas ao invés de permanecer passivo, deveria ir com toda a velocidade a fim
de destruir o iceberg de uma vez. Danos na estrutura dos membros da igreja
ocorreriam, evidentemente, mas seria salva de um terrível sofisma enganoso
(mencionado em Testemunhos Para Ministros).
Assim, como ela predisse, a igreja enfrenta hoje tal desafio, já há mais de
trinta anos, tendo a crise iniciado de maneira audaz em 1980, após a sessão da
Assembleia Geral, ocorrida no Texas. Levantaram-se grupos facciosos, com o
objetivo de abandonar a igreja, juntar pessoas e iniciar um dito “reavivamento
espiritual”, mas negando a eternidade de Cristo, a personalidade do Espírito Santo,
além de mergulharem numa série de outras dificuldades. Segundo RAMOS (2008),
tais movimentos possuem quatorze características distintas que patenteiam sua
falsidade: heresia letal; mistura do falso com o verdadeiro; alegação de ser uma
grande verdade; aparente apoio da Bíblia e do Espírito de Profecia; aparência de
piedade (vida cristã de aparência); conceito sobre Deus à luz da razão humana;
pressão sobre os adventistas do sétimo dia; agressão à personalidade de Deus;
representação falsa de Deus e desonra a Ele; “espiritização” de Deus; fator de
desagregação (saída e divisão); “amor espiritual não santificado”; total dissonância
com os ensinos de Cristo e inspiração pelo diabo.
Sendo que a igreja hoje se depara com tal perigo, há a necessidade de, mais
do que nunca, reafirmar nossa posição ao lado da verdade de Cristo, e clamar pelo
auxílio do Espírito Santo. Ellen White declara que “o príncipe da potestade do mal só
pode ser mantido em sujeição pelo poder de Deus na terceira pessoa da Trindade, o
Espírito Santo” (Special Testimonies, Série A, nº 10, pág. 37, citado em
Evangelismo).
4
“E Então Virá O Fim”
O juízo investigativo, após a descoberta a doutrina do santuário no século
dezenove, tornou-se uma das crenças que atestaram a distinção dos adventistas do
sétimo dia, embora não seja a maior diferença quando comparado a outros
movimentos. Esta crença esta baseada no fato de ainda sermos pecadores por
natureza, sendo que na cruz fomos libertos da condenação e da culpa do pecado,
somos realmente criações novas de Deus (1 Coríntios 5:17), mas a tendência ou
propensão para o pecado ainda existe. Mesmo que não por hábito, podemos pecar
contra a nossa própria vontade (Romanos 7). Por isso, necessitamos de um
Advogado (1 João 2:1), para quem possamos recorrer nesses casos. Por vezes, não
sabemos nem mesmo como convém orar; assim, o Espírito Santo “nos assiste em
nossas fraquezas” (Romanos 8:26). Por isso, é necessário um juízo que dê
continuidade ao que Cristo fez na cruz, não por significar que Sua expiação tenha
sido incompleta; mas porque somos, sem ajuda, fracos por natureza.
A origem do pecado e do sofrimento é motivo de perplexidade para muitas
pessoas. Por que um Deus de amor, misericordioso, “permite” que até inocentes
sofram? Vários responsabilizam a Deus como sendo o responsável por tudo isso,
enquanto outros preferem depositar sua crença no destino. Mas, infelizmente,
desconhecem a justiça e a misericórdia de Deus operando juntas, o contexto do
grande conflito, e o objetivo de santificação pós-justificação que Deus tem para
enobrecer o caráter ao tolerar que o sofrimento faça parte da vida de Seu povo.
Nesta época, mais do que nunca, e de maneira cada vez mais intensa à
medida que o fim se aproxima, os ardis de Satanás vão se intensificando. Quando
não são as estratégias de divisões internas na igreja, ocorrem através de sofismas
no ambiente externo: teorias e filosofias enganosas, contra as quais mesmo os
apóstolos já em seus dias haviam alertado aos cristãos. Como nunca antes na
história deste mundo, precisamos ser um povo muito apegado à Palavra de Deus
como critério que põe à prova a todo ensino e instrução.
Além do domingo como dia de guarda, existe uma crença geral da
imortalidade da alma. Ellen White declarou:
“Mediante os dois grandes erros — a imortalidade da alma e a
santidade do domingo — Satanás há de enredar o povo em suas malhas.
Enquanto o primeiro lança o fundamento do espiritismo, o último cria um
laço de simpatia com Roma. Os protestantes dos Estados Unidos serão os
primeiros a estender as mãos através do abismo para apanhar a mão do
espiritismo; estender-se-ão por sobre o abismo para dar mãos ao poder
romano; e, sob a influência desta tríplice união, este país seguirá as
pegadas de Roma, desprezando os direitos da consciência” (p. 513).
Assim, enquanto o povo de Deus, sob Sua direção, proclama as últimas
mensagens de advertência ao mundo, está a acontecer uma contrafação. A profecia
da tríplice união, acima referida, está encontrando seu cumprimento em nossos dias.
Tal como ocorreu nos dias dos reformadores da Idade Média, quando estes
receberem a capacitação sobrenatural em dons espirituais, representada na Bíblia
pela “chuva serôdia” e disseminarem a luz da verdade pelo mundo, começará uma
nova perseguição para destruir a obra, em escala mundial. Terá início o “tempo de
angústia”, ao qual se referiu Daniel. Muitos abandonarão a fé para se juntarem às
fileiras do adversário, enquanto muitos outros que viviam em trevas aceitam a luz de
Deus, veem que temos a verdade e se unem a nós para suportar a perseguição.
A volta de Cristo ocorrerá muito em breve, e será um glorioso acontecimento.
Evidentemente que Satanás pretende fazer uma imitação até disto (p. 624). Mas,
todos aqueles que estiverem firmes na Palavra de Deus, não serão enganados por
essa teatralidade.
Após o milênio, quando a cidade santa estiver descendo para ser instaurada
no “novo céu e nova terra” (Apocalipse 21:1), os ímpios serão todos ressuscitados.
Será este um momento de atestar a justiça de Deus. Satanás, assim como todos os
ímpios, haverão de se curvar perante Deus e reconhecer: “Grandes e maravilhosas
são as Tuas obras, Senhor Deus todo-poderoso! Justos e verdadeiros são os Teus
caminhos, ó Rei dos santos” (Apocalipse 15:3); e, prostrando-se, adoram o Príncipe
da vida.
Dá-se a entender que todos, tanto justos como ímpios, fazem uma oração
universal: “Nós não queremos mais o mal”. E os ímpios: ”Nos destrua, pois caso
contrário acabaremos por fazer uma grande destruição”. E Satanás, mesmo tenho
reconhecido a justiça de Deus e a supremacia de Cristo, não teve nenhuma
mudança de caráter. A rebelião em seu coração explode, “como torrentes de águas”.
Está decidido a não ter a sua causa derrotada no grande conflito. Estimula aos anjos
caídos e aos ímpios ressuscitados, mesmo havendo grandes divergências entre
eles, e avançam todos na direção da cidade santa. Mas fogo e enxofre de Deus
caem sobre eles e os consome. Uns levam mais tempo para morrer do que outros,
dependendo de suas obras. Satanás será o último a morrer, sinalizando toda a sua
responsabilidade desde a rebelião iniciada no Céu.
“O grande conflito terminou. Pecado e pecadores não mais existem.
O Universo inteiro está purificado. Uma única palpitação de harmonioso
júbilo vibra por toda a vasta criação. Daquele que tudo criou emanam vida,
luz e alegria por todos os domínios do espaço infinito. Desde o minúsculo
átomo até ao maior dos mundos, todas as coisas, animadas e inanimadas,
em sua serena beleza e perfeito gozo, declaram que Deus é amor” (p. 678).
Conclusão
A partir de um panorama passado-presente-futuro, o livro O Grande Conflito
pode ser considerado um best-seller, o livro de Ellen G. White mais divulgado e
vendido no mundo. Muitos são os depoimentos e testemunhos de conversão que
tiveram, por uma de suas bases, a leitura e o estudo desse livro.
Muitas, na mesma frequência, são as acusações e protestos contra o mesmo, sobre
a editoração e comparações de adições atuais com as antigas, para demonstrar que
a diminuição do material poderia ser como uma evidência de apostasia doutrinária
por parte da Igreja Adventista do Sétimo Dia, mais diretamente ao Patrimônio
Literário White (White Estate), sendo que, na maior parte dos casos, o objetivo é
incitar o ódio e a revolta contra a liderança da Igreja. Esta atitude não tem
contribuído para outra coisa senão para solapar as tão fragilizadas bases da unidade
no corpo de Cristo, estimulando a divisão e a hipocrisia.
A mensagem contida no livro é realmente inspiradora; pessoas eram levantadas por
Deus e estavam diante do mundo pregando e ensinando com ousadia a mensagem
de Deus, livrando o povo das trevas morais e espirituais. Muitos rejeitaram, vários
outros aceitaram; enquanto muitos endureciam o coração cada vez mais, houve
pessoas que acolheram a luz do Céu no coração, e por mais desvantajoso que
fosse, conservaram com firmeza a fé em Jesus Cristo.
Bibliografia
MOON, Jerry. O Grande Conflito: Um livro para todas as épocas e além do tempo,
completa cem anos!, Artigo da Revista Adventist World, julho de 2011, p. 22-23.
Review and Herald Publishing Association, Maryland, EUA (tradução: Sonete
Magalhães Costa).
PLENC, Daniel Oscar, O Conflito dos Séculos: Sua História e Importância (Conteúdo
disponível em Power Point). Centro de Pesquisas White, Universidad Adventista Del
Plata, Argentina, 2012.
RAMOS, José Carlos. A Igreja em Perigo: o ômega da apostasia predito por Ellen
White, 1ª Edição, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, São Paulo, 2008.
TIMM, Alberto Ronald. Série em vídeo “História da Igreja”, nº 7: Os Naufrágios na
Fé. União Este Brasileira, 2006.
WHITE, Ellen Gould, Evangelismo, 3ª Edição, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí,
São Paulo, 2007.
Notas Biograficas de Elena G. de White, Pacific Press Publishing, Nampa, Idaho,
EUA, 1999.
O Colportor Evangelista, 7ª Ed., Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, São Paulo,
1983.
O Grande Conflito, 35ª Ed., Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, São Paulo, 1988.
Testemunhos Para Ministros, 4ª Ed., Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, São Paulo,
2002.
Testemunhos Seletos, volume 3, 5ª Ed., Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, São
Paulo, 1985.

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O GRANDE CONFLITO ENTRE O BEM E O MAL

  • 1. O GRANDE CONFLITO: A MAIS IMPORTANTE VISÃO DE ELLEN G. WHITE SOBRE A CONTROVÉRSIA ENTRE O BEM E O MAL LUCAS SAMUEL ROJO
  • 2. ÍNDICE Prefácio Introdução 1 “O Destino do Mundo” (caps. 1-8) 2 “Despertam as Nações” (caps. 9-16) 3 “A Única Salvaguarda” (caps. 17-27) 4 “E Então Virá o Fim” (caps. 28-42) Conclusão Bibliografia
  • 3. PREFÁCIO “Certamente, o Senhor não fará coisa alguma, sem antes contar o seu segredo a Seus servos, os profetas” (Amós 3:7). A doutrina do grande conflito é entendida como a mais importante da teologia bíblica adventista. É por causa da existência desta batalha entre o bem e o mal que passou a ser necessária todo um conjunto de outras doutrinas que inclusive fundamentariam o compêndio das vinte e oito crenças fundamentais dos adventistas do sétimo dia, além da educação religiosa por parte de patriarcas, da exortação dos profetas, e inclusive da revelação bíblica, começando por Moisés, terminando com João, no passado. Não só a mente humana não memorizaria o necessário estando sem o escrito, mas o processo da secularização contribuiria no sentido de provocar uma alienação cultural. Deus deu a Ellen G. White importantes visões sobre: educação, vida espiritual, conduta moral, sexualidade, regime alimentar, entre outros temas. Entretanto, foi necessária a inspiração sobre um tema que permeia toda a Bíblia, o grande conflito, que começou no Céu e continua na Terra, envolvendo a cada ser humano, uma batalha sem precedentes por cada coração. A visão que deu origem a esta magnífica obra poderia ter custado sua vida, mas Deus a livrou. Este trabalho tem o fim de proporcionar auxílio, e colaborar com os estudos desta tão conhecida obra da mensageira do Senhor. Não se trata de uma matéria aprofundada, abalizada, ou mesmo erudita, justamente para atender à atual necessidade de os membros da igreja compreender a mensagem contida no livro inspirado. O autor.
  • 4. INTRODUÇÂO A história do livro O Conflito dos Séculos, mais conhecido como O Grande Conflito, abrange um período entre cinco a seis décadas do ministério profético de Ellen G. White. Seu conteúdo é de grande interesse para a Igreja Adventista do Sétimo Dia. O livro originou-se em uma visão de duas horas. Conhecida como “a visão do Grande Conflito” (14 de março de 1858 em Lovett’s Grove, Ohio, Estados Unidos). Conta a autora: “vi-me envolta numa visão da glória de Deus. Foi-me revelado muitos assuntos importantes relativos à Igreja” (White, Notas biográficas, 178). Algumas cenas foram-lhe mostradas em 1848, mas em 1858 ela recebeu a ordem de escrever sobre o assunto. “Foi-me mostrado que devíamos lutar contra os poderes das trevas, pois Satanás faria grandes esforços para impedir esta tarefa; devia colocar minha confiança em Deus, e os anjos não me abandonariam no conflito” (White, Notas biográficas, 178). Em setembro de 1858 se publicou um livro de 219 páginas intitulado The Great Controversy [O grande conflito], conhecido como Spiritual Gifts (Dons espirituais), vol. 1. O volume inclui o relato da queda do homem, o plano da redenção, e a história da Igreja desde o tempo de Cristo até a Nova Terra (este relato encontra-se na parte final do livro Primeiros Escritos, pags.145 a 295). Em 1864 apareceram os volumes 3 e 4 do Spiritual Gifts, ampliando o conteúdo volume 1. Estes volumes narram a História Sagrada desde a Criação até os tempos do rei Salomão. Esta ampliação se deve a novas revelações dadas a Ellen G. White a partir de sua primeira visão sobre o Grande Conflito. Nas décadas de 1870 e 1880, Ellen G. White
  • 5. preparou os quatro volumes de uma nova série intitulada Espírito de Profecia: A Grande Controvérsia [Espírito de Profecia: O Grande Conflito]. O volume 4 do Spirit of Prophecy, que então seria O Conflito dos Séculos, foi publicado inicialmente em 1884. Teve uma boa aceitação entre os leitores adventistas tanto da Pacific Press quanto da Review and Herald que ao todo publicaram 5.000 exemplares. Em três anos foram distribuídos 50 mil exemplares e se converteu no livro mais vendido de Ellen G. White entre os colportores. Em 1888 a obra foi corrigida e ampliada sendo intitulada O Conflito dos Séculos, Com páginas maiores, Maior número de ilustrações, E cinco capítulos adicionais em relação a edição de 1884. A autora adaptou a terminologia e os conteúdos para os leitores não adventistas, a fim de eliminar possíveis mal entendidos. Algumas páginas do Spirit of Prophecy, volume 4 de 1884, foram excluídas do Conflito dos Séculos, de 1888 e 1911 (Essas páginas se encontram nos Testemunhos para Ministros, páginas 472-475). Excluíram-se algumas referências a outras igrejas, e expressões tais como “Eu vi” ou “Me foi mostrado”. A autora disse: “As verdades essenciais devem ser apresentadas claramente; mas até aonde seja possível, devem ser ditas com linguagem que enfatize mais o bem do que com uma linguagem ofensiva”. (WHITE, Testemunhos Seletos, v. 3, páginas 505-507). A edição de 1888, a autora fez menção de sua própria experiência ao trabalhar na Europa entre os anos de 1885 a 1887, quando conheceu os locais onde os valdenses viveram e os reformadores protestantes da Itália, Suíça, Alemanha, França, Inglaterra e os países escandinavos. Visitou por exemplo, a igreja de Zuinglio, em Zurique. A edição de 1888 se ampliou também com as leituras acerca da história do protestantismo realizadas pela autora. Usou livros como: História do Protestantismo
  • 6. de J.A. Wylie, sobretudo para obter detalhes históricos e cronológicos. Muitas vezes as leituras refrescavam em sua mente aquilo que ela havia visto em visão. Outro autor citado foi J. H. Merle D’Aubigné. Estes escritores foram citados textualmente em alguns casos, parafraseados ou resumidos em suas próprias palavras em outros casos. A edição de 1888 continha 417 citações ou alusões de 75 autores diferentes. Ellen G. White preparou também uma introdução a esta edição, explicando o propósito do livro e o uso que ela fez de outros autores (Mencionado por TIMM, Carlos, como referência à Revista Adventist World). Vinte anos depois, em 1911, verificou-se a necessidade de se revisar, ilustrar e imprimir o livro, com um apêndice mais completo das referências usadas. Além disso, as placas do eletro tipo do livro estavam gastas, tanto na Pacific Press como na Review and Herald e na Sociedade de Tratados de Londres. A autora se pôs a trabalhar com prontidão. Ellen G. White e seus colaboradores trabalharam minuciosamente na preparação dessa última edição que foi concluída em 1911. Mudanças efetuadas: Melhorar as referências históricas; Modificar algumas frases que podiam ser ofensivas ou imprecisas; Harmonizar a ortografia e a pontuação com os outros livros da série O Grande Conflito. A autora aprovou com satisfação a edição revisada. Em uma carta a F. M. Wilcox, Ellen White escreveu: “Como resultado do exame que foi efetuado pelos nossos ajudantes mais experientes, foram propostos algumas mudanças de palavras. Foi examinado cuidadosamente estas mudanças e foram aprovadas. Estou agradecida porque a minha vida foi conservada, e tenho clareza mental para este e outros trabalhos literários” (3 TS, 140) Duas observações feitas por William C. White: Ellen G. White adaptou as edições do livro ao seu público alvo. Spiritual Gifts, volume 1 (1858) e Spirit of Prophecy, volume 4 (1884) foram escritos para os adventistas dos Estados Unidos.
  • 7. As visões dadas a Ellen G. White apresentavam cenas panorâmicas. Poucas vezes incluíam dados cronológicos e geográficos. Ela devia supri-los por meio do estudo pessoal da Bíblia e da História. A Sra. White sentia um grande apreço pelo Conflito dos Séculos. Uma leitura simples de suas afirmações na obra O Colportor Evangelista, páginas 78 a 146, nos convencerá da importância da obra e das bênçãos que seus leitores podem receber. Ellen G. White apreciava O Conflito dos séculos pela luz que lança sobre a origem do mal e sobre o plano da salvação. “Foi-me mostrado que os livros importantes que contêm a luz que Deus deu a respeito da apostasia de Satanás nos céus, devem receber uma ampla circulação precisamente agora; pois, por seu meio a verdade deve chegar à todas as mentes. Patriarcas e Profetas, Daniel e Apocalipse e O Conflito dos Séculos são agora mais necessários do que nunca” (Review and Herald, 16 de fevereiro de 1905). Contém precisamente a mensagem que o povo deve receber e a luz especial que Deus tem dado ao Seu povo. “Os anjos de Deus prepararão o caminho para estes livros no coração do povo” (Special Instruction Regardin Royalties, p. 7, 1899). Em outra ocasião falou da “preciosa instrução” contida nos livros como O Conflito dos Séculos (Carta 229, 1903). Ellen G. White não é a originadora destes livros. Eles contêm a instrução que durante o período de sua vida Deus lhe deu. Contêm a luz preciosa e consoladora que Deus concedeu generosamente à Sua serva para ser dada ao mundo. De suas páginas, esta luz há de brilhar iluminando os corações dos homens e das mulheres e conduzindo-lhes ao Salvador. “O Senhor me tem mostrado que estes livros hão de ser espalhados por todo o mundo...” Ellen White estimava O Conflito dos Séculos devido a sua influência espiritual. “Há neles verdade que para o que a recebe, é um sabor de vida para a vida. São mensageiros silenciosos para Deus. No passado, foram os meios usados para
  • 8. convencer e converter muitas almas. Muitos dos que os leram com grande expectativa e por meio de sua leitura foram guiados a ver a eficácia do sacrifício de Cristo e a confiar em Seu poder. Foram induzidos a encomendar ao o cuidado de suas almas ao seu Criador, esperando e anelando a vinda do Senhor para levar aos seus amados ao lar eterno. No futuro, estes livros irão facilitar a compreensão do Evangelho a muitos outros, revelando-lhes o caminho da salvação” (Review and Herald, 20 de janeiro de 1903). “O livros maiores, Patriarcas e Profetas, O Conflito dos Séculos, O Desejado de Todas as Nações devem ser vendidos em todas as partes. Estes livros contêm a verdade para este tempo: uma verdade que há de ser proclamada em todas as partes do mundo. Nada pode impedir sua venda” (Review and Herald, 20 de janeiro de 1903). Colportores e membros de igreja deviam empenhar-se nesta tarefa. “Irmãos e irmãs, trabalhai fervorosamente para fazer circular estes livros. Ponde vosso coração nessa tarefa, e a bênção de Deus os acompanhará” (Review and Herald, 20 de janeiro de 1903). A pergunta da autora é: Não vês que as pessoas necessitam da luz que se apresenta nele?”(Carta 1, 1890). Ellen G. White declarou que apreciava a obra O Conflito dos Séculos mais do que a prata e o ouro: “O Conflito dos Séculos deve ser amplamente difundido. Contém a história do passado, presente e futuro. Em seu resumo das cenas finais da história desta Terra, apresenta um poderoso testemunho em favor da verdade. Estou mais ansiosa de ver uma ampla circulação deste livro do que qualquer outro que tenha escrito, porque O Conflito dos Séculos é a última mensagem de admoestação ao mundo que será dada de forma mais distinta que qualquer outra de meus livros” (Carta 281, 1905). “Enquanto escrevia o manuscrito do Conflito dos Séculos, tinha a plena consciência da presença dos anjos de Deus. E muitas vezes as cenas acerca das quais tenho estado escrevendo me eram apresentadas de novo em visões de noite, de maneira que estavam vivas em minha mente” (Carta 56, 1911). Ellen G. White predisse o impacto profundo produzido pela leitura do livro O Conflito dos Séculos dentro e fora da Igreja: “Os resultados da circulação desse livro não serão julgados por aquilo que agora se vê. Ao lê-lo, algumas almas serão despertadas e terão valor para unirem-se de imediato com os que guardam os Mandamentos de
  • 9. Deus. Mas um número muito maior que o leia não tomará sua decisão até que os próprios acontecimentos que foram preditos venham acontecer” (Manuscrito 31, 1890). “Patriarcas e Profetas e O Conflito dos Séculos são livros especialmente adaptados aos que acabam de abraçar a fé, para que possam ser estabelecidos na verdade. Assinalam os perigos que devem ser evitados pelas igrejas. Os que se familiarizarem de forma concreta com as lições apresentadas nestes livros verão os perigos que lhe ocorrem e poderão discernir a senda pequena e reta por eles traçada. Serão guardados de desviarem-se por sendas estranhas. Seus pés andarão de forma correta, não permitindo que o manco saia para fora do seu caminho” (Carta 229, 1903).
  • 10. 1 “O Destino do Mundo” Antes mesmo de abrir esta seção, a autora inspirada introduz sua obra contextualizando o evento do grande conflito, seus fatos e consequências e o papel em cada parte envolvida. Abrindo as cortinas que escondem acontecimentos que não são visíveis ao olhar humano, descreve uma batalha sem precedentes, e o plano da salvação em favor da humanidade caída. Introduz com a cena de Jesus contemplado a cidade de Jerusalém a partir do monte das Oliveiras. O cenário era calmo e belo. Por isso, ninguém acreditaria que algo tão pacífico brevemente seria destruído, e uma verdadeira carnificina teria lugar. Foi justamente o que aconteceu trinta e seis anos depois. O exército romano chegou a cercar a cidade, sob o comando de Céstio; porém, ao morrer subitamente o imperador, recuaram. Três anos depois, voltam, sob o comando de Tito, cercaram e tomaram a cidade. Este manifestou boa vontade, temendo ante a horrorosa cena de ver uma imensidão de corpos mortos, apelou insistentemente aos líderes judeus que não o pressionassem a fazer algo que ele em realidade não gostaria de realizar. Mesmo assim, o responderam de um jeito amargo, sendo ele o “último intercessor” deles. Inúteis se tornaram os esforços de Tito em querer salvar o templo. Mas Jesus dissera antes dele que não deveria ficar pedra sobre pedra. Mesmo assim, queria ele salvar o templo, se possível. Mas os judeus, enquanto Tito permanecia recolhido em sua tenda à noite, saíram e quiseram atacar os soldados. A partir desse instante, os soldados passaram a ignorar as ordens de Tito. Lançavam flechas ardentes para queimar as salas revestidas de cedro do Templo, e assassinavam freneticamente aos judeus. Ellen White descreve a cena: “o sangue corria como água pelas escadas do templo abaixo” (p. 27). Foi o fim de uma geração que, ao ser julgado Jesus por
  • 11. Pilatos, clamava: “Que o Seu sangue caia sobre nós e nossos filhos...” (Mateus 27:25). Assim, segundo Ellen White, acabaram mais de mil anos de história do cuidado de Deus em favor do Seu povo escolhido. Rejeitando ao Salvador, selaram seu destino e deixaram de ser uma nação escolhida por Deus como luz para as nações. Se o Israel nacional houvesse preservado a fidelidade em relação à aliança que Deus fizera com eles, teriam permanecido para sempre como povo eleito (Jeremias 17:21-25). Ao invés disso, entraram para a história com um registro repleto de apostasia e rebelião. O próprio Filho de Deus veio com o objetivo de reverter o terrível quadro, porém, sem sucesso. O coração deles havia se endurecido à influência divina. Quanto mais Deus era longânimo com Jerusalém, mas os judeus se confirmavam na sua obstinação. Olhando através dos séculos, no futuro, viu o povo da aliança espalhado por muitos países. No momento em que estava no monte, viu em Jerusalém um símbolo de um mundo inteiro, endurecido e completamente influenciado pelo espírito de rebelião. Desde o conflito iniciado no Céu, e continuando na Terra, viu a desgraça e a morte causadas pelo pecado. Dor e sofrimento faziam parte da vida diária da humanidade, sendo que esse quadro piorava cada vez mais. O coração do Salvador “moveu-Se de infinita compaixão pelos aflitos e sofredores da Terra”; e desejava libertá-los da miséria. Mas, se fizesse isso, poucos procurariam por Ele. Era necessário que padecesse e morresse por um mundo que O rejeitou, para que assim pudesse salvar a muitos por Seu sacrifício. Com a derrubada de Jerusalém, os discípulos associaram esse evento com o fim do mundo (Mateus 24:3). Mas as cenas finais na história terrestre foram ocultas
  • 12. à vista deles por misericórdia. Houvessem visto tais situações por visão, teriam desmaiado de horror. A mensageira do Senhor declarou, às páginas 29 e 30: “A profecia do Salvador relativa aos juízos que deveriam cair sobre Jerusalém há de ter outro cumprimento, do qual aquela terrível desolação não foi senão tênue sombra. Na sorte da cidade escolhida podemos contemplar a condenação de um mundo que rejeitou a misericórdia de Deus e calcou a pés a Sua lei”. Assim como os judeus, o mundo têm rejeitado a Deus e Sua lei, e, da mesma maneira, têm Deus estendido sua misericórdia. Com a rejeição final do mundo à misericórdia de Deus, será este entregue à destruição final, assim como ocorreu com Jerusalém no ano 70 d.C. Ainda assim, nenhum cristão pereceu naquela destruição, pois Jesus os alertara previamente; portanto, os valorosos crentes desta época também darão ouvidos a esta advertência, e junto ao seu Salvador e Senhor encontrarão o abrigo dos juízos que dentro em breve cairão sobre o mundo. Com o passar do tempo, surgem na história os mártires. Ainda nos tempos do ministério de Paulo, durante o império de Nero, as perseguições começaram e continuaram furiosamente durante séculos. Cristãos eram considerados culpados pelas catástrofes que ocorriam, como terremotos, doenças e fomes, além de serem acusados de prática de crimes hediondos. Eram considerados rebeldes do império romano. Tornaram-se objeto de ódio e suspeita popular; e para piorar a situação, pessoas “de confiança” se insurgiam como denunciantes, em vista do amor ao ganho, para trair pessoas inocentes, assim como José, quando foi vendido como escravo, e como Jesus, vendido e negado até mesmo por quem estava próximo. Estes mártires, por muitas vezes presos, julgados de maneira injusta, mortos sem razão, despojados da luz do sol, não pronunciavam queixas por seu estado. Animavam uns aos outros, e mantinham a fé firme. Nenhuma perda de bênçãos terrenas poderia fazê-los perderem a fé em Cristo. Isto foi fundamental numa época
  • 13. onde a Escritura Sagrada não era aceita como norma de fé. A doutrina da liberdade religiosa era considerada heresia e defensores de tal prática eram tremendamente odiados. Pouco a pouco, e depois em franca e aberta ousadia, o “mistério da injustiça” (2 Tessalonicenses 2:7) operava para solapar a verdade. Tudo como preparação para o surgimento do papado. Trevas morais e espirituais começaram a se estabelecer no seio da igreja cristã. Uma das primeiras doutrinas da igreja romana é a de que o papa é a cabeça visível da igreja universal de Cristo, inclusive dotado de autoridade sobre todos os bispos e pastores no mundo. Foi declarado infalível e recebeu o título: “Senhor Deus, o Papa”. Quando o tentador aproximou-Se de Cristo, também ofereceu toda a glória dos reinos mundiais com a condição de render a adoração para ele. Satanás obtém sempre sucesso apresentando os mesmos enganos. Da mesma maneira, a igreja foi levada a buscar o apoio e o favor dos grandes da Terra. Assim, tendo rejeitado a Cristo, foi levada a prestar obediência ao bispo de Roma, que configura como representante de Satanás. Mesmo que durante a supremacia papal baixassem escuras e densas trevas, a luz de Deus não poderia ser extinta. Em todas as épocas, sempre houveram testemunhas que tinham fé em Cristo como único mediador e mantinham a Escritura Sagrada como única regra de fé e prática, santificando o verdadeiro sábado. Dentre os que mantinham fé incontaminada, estavam os bretões, sendo a Grã-Bretanha um lugar onde o cristianismo foi enraizado desde o começo. Também os valdenses, seguidores de Pedro Valdo, um dos primeiros povos europeus a conseguir a tradução da Bíblia, isso centenas de anos antes do início da Reforma. No século XIV surgiu na Inglaterra um homem que devia ser considerado “a estrela da manhã da Reforma.” João Wycliffe tornou-se o conhecido arauto da Reforma, não somente
  • 14. para a região da Inglaterra, mas para todo o mundo cristão. O grande protesto que proferiu contra Roma, jamais silenciaria. Deu início à luta de que deveria resultar a libertação de indivíduos, igrejas e nações. “Os romanistas não haviam conseguido executar sua vontade em relação a Wycliffe durante a vida deste, e seu ódio não se satisfez enquanto o corpo do reformador repousasse em sossego na sepultura. Por decreto do concílio de Constança, mais de quarenta anos depois de sua morte, seus ossos foram exumados e publicamente queimados, e as cinzas lançadas em um riacho vizinho. “Esse riacho”, diz antigo escritor, “levou suas cinzas para o Avon, o Avon para o Severn, o Severn para os pequenos mares, e estes para o grande oceano. E assim as cinzas de Wycliffe são o emblema de sua doutrina, que hoje está espalhada pelo mundo inteiro.” — História Eclesiástica da Bretanha, de T. Fuller. Pouco imaginaram os inimigos a significação de seu ato perverso. Posteriormente, mas antes do tempo de João Huss, houve na Boêmia homens que se levantaram para condenar abertamente a corrupção na Igreja Católica e a dissolução do povo. Seu serviço despertou interesse que se estendeu em muitas partes na Europa. Suscitaram-se os temores de padres, bispos e cardeais e foi iniciada uma perseguição contra os discípulos do evangelho. Obrigados a fazer seu culto em florestas e montanhas, acabaram se tornando vítimas dos soldados, e muitos foram mortos. Depois de algum tempo foi baixado o decreto de que todos os que se afastassem do culto romano deviam ser queimados. Mas, enquanto eram assim condenados, os cristãos olhavam para a frente, no sentido de sua vitória. João Huss era de humilde nascimento e cedo ficou órfão pela morte do pai. Sua piedosa mãe, considerando a educação e o temor de Deus como a mais valiosa das posses, procurou assegurar esta herança para o filho. Huss estudou na escola da província, passando depois para a Universidade de Praga, onde teve admissão gratuita como estudante pobre. Foi acompanhado na viagem por sua mãe; viúva e pobre, não possuía dádivas nem riquezas mundanas para conferir ao filho; mas, aproximando-se eles da grande cidade, ajoelhou-se ela ao lado do jovem sem pai, e invocou-lhe a bênção do Pai celestial. Pouco imaginara aquela mãe como deveria
  • 15. sua oração ser atendida. Na Universidade, Huss logo se distinguiu pela sua incansável aplicação e rápidos progressos, enquanto a vida irrepreensível e modos afáveis e simpáticos lhe conquistaram estima geral. Foi em outro lugar que Huss começou a obra da reforma. Vários anos após haver recebido a ordenação sacerdotal, foi nomeado pregador da capela de Belém. Um cidadão de Praga, Jerônimo, que depois se tornou intimamente ligado a Huss, trouxera consigo, ao voltar da Inglaterra, os escritos de Wycliffe. A rainha da Inglaterra, que se convertera aos ensinos de Wycliffe, era uma princesa boêmia, e por sua influência as obras do reformador foram também amplamente divulgadas em seu país natal. Estas obras lera-as Huss com interesse; cria que seu autor era um cristão sincero e tinha a tendência de considerar positivamente as reformas que advogava. Notícias da obra em Praga foram levadas a Roma, e Huss foi logo chamado a comparecer perante o papa. Obedecer seria expor-se à morte certa. Mas Huss não parou seu trabalho, mas viajou pelo território circunjacente, pregando a ávidas multidões. “Nada podemos contra a verdade, senão pela verdade.” 2 Coríntios 13:8. Contrariando um salvo-conduto, e a proteção especial por parte do papa ao chegar na cidade de Constança, logo Huss passou por uma repentina mudança para perder as garantias de liberdade e ser preso e lançado numa horrível masmorra. Depois disso, foi transferido para uma prisão em um castelo localizado além do rio Reno. Porém, o papa que havia condenado a Huss e acusado aos padres, foi parar na mesma prisão de Huss, pois seus crimes eram piores do que os dos outros padres. Posteriormente, após quase ter morrido devido às condições da prisão em que esteve, Huss ficou perante o imperador que se destacou em defende-lo, como também diante dos líderes religiosos e do governo. Proferiu um solene discurso, em
  • 16. forma de protesto contra as corrupções dessas lideranças. Finalmente, foi dado a ele optar entre renunciar suas convicções doutrinárias ou sofrer a morte. Ele optou pelo martírio. Houve uma segunda vez onde Huss foi levado perante o concílio, e mais uma vez reafirmou a decisão anterior. O imperador Sigismundo teve um momento de grande vergonha ao Huss dizer publicamente que havia se dirigido por espontânea vontade ao concílio por conta da fé e da proteção pública que o imperador havia lhe garantido. Todos os olhares se voltaram na direção de Sigismundo. Afinal, Huss foi condenado à morte, e começou a ser investido com roupas sacerdotais. Cada bispo envolvido nessa impiedosa cerimônia proferiu contra ele uma maldição. Colocaram uma mitra em forma de pirâmide em sua cabeça, que possuía figuras demoníacas e a inscrição: “arqui-herege”. “Com muito prazer”, disse Huss, ‘levarei sobre a cabeça esta coroa de ignomínia por Teu amor, ó Jesus, que por mim levaste uma coroa de espinhos” (WHITE). Um zeloso adepto de Roma, descrevendo o martírio de Huss, e de Jerônimo que morreu logo depois, disse: “Ambos se portaram com firmeza de ânimo quando se lhes aproximou a última hora. Prepararam-se para o fogo como se fosse a uma festa de casamento. Não soltaram nenhum grito de dor. Ao levantarem-se as chamas, começaram a cantar hinos, e mal podia a veemência do fogo fazer silenciar o seu canto” (Wylie, citado por White). Tempos depois, surge na história o conhecido reformador Martinho Lutero, entre os que foram chamados por Deus para que a igreja saísse das trevas do papado para a luz de Cristo. Filho de um mineiro, de cujo trabalho tirava os meios para que futuramente se tornasse um advogado, não imaginava que Deus o chamaria para ser o grande construtor de um empreendimento que Ele estava erigindo ao longo dos séculos. Através de sofrimentos e tristezas da vida, Deus
  • 17. esteve preparando o caráter de Lutero para a obra que haveria de desempenhar. Assim como foi feito aos seus irmãos, cuidadosa educação foi dispensada a ele pelos pais, e frequentemente as orações o pai ascendiam ao Céu em favor dele. Na escola, era tratado com grossura e mesmo de forma violenta. Por vezes passava fome, e cantando de porta em porta, em algumas coisas para comer. Tais situações corroboraram para que fosse levado a pensar em Deus não como o bondoso Pai celestial, mas como um Juiz cruel e tirano. Ainda assim, avançou rumo à excelência da norma moral. Aos dezoito anos, entrou para a Universidade de Erfurt, na Alemanha. Tinha amigos agora, e estes eram judiciosos; essa influência contribuiu inclusive para atenuar os sofrimentos e os traumas vividos no tempo da infância. Seus pais agora tinham mais possibilidades de ajuda-lo com os custos universitários, após certo tempo de dedicação e economia. Sob influências favoráveis, desenvolveu ele um comportamento distintivo, incluindo excelente memória, imaginação viva, grande capacidade de raciocínio, e muita energia para ser aplicado. “Enquanto um dia examinava os livros da Biblioteca da Universidade, Lutero descobriu uma Bíblia latina. Nunca dantes vira tal Livro. Ignorava mesmo sua existência. Tinha ouvido porções dos evangelhos e epístolas, que se liam ao povo no culto público, e supunha que isso fosse a Escritura toda. Agora, pela primeira vez, olhava para o todo da Palavra de Deus. Com um misto de reverência e admiração, folheava as páginas sagradas. Pulso acelerado e coração palpitante, lia por si mesmo as palavras de vida, detendo-se aqui e acolá para exclamar: “Oh! quem dera Deus me desse tal livro!”—História da Reforma do Século XVI, D’Aubigné. Anjos celestiais estavam a seu lado, e raios de luz procedentes do trono de Deus traziam- lhe à compreensão os tesouros da verdade. Sempre temera ofender a Deus, mas
  • 18. agora a profunda convicção de seu estado pecaminoso apoderou-se dele como nunca dantes” (WHITE). Lutero enfrentou grandes dificuldades em relação à compreensão da salvação. Sua mente ficava constantemente aflita com esse assunto. “Eu era na verdade um monge piedoso”, disse, mais tarde, “e seguia as regras de minha ordem mais estritamente do que possa exprimir. Se fora possível a um monge obter o Céu por suas obras monásticas, eu teria certamente direito a ele. ... Se eu tivesse continuado por mais tempo, teria levado minhas mortificações até à própria morte” (D’Aubigné, citado por WHITE). Num momento em que Lutero imaginava estar tudo complemente perdido, Deus lhe enviou um auxiliador piedoso: Staupitz. Este abriu perante ele a Palavra de Deus, e disse-lhe que não mais olhasse para dentro de si mesmo para acabar contemplando a ira de Deus na forma de castigo pela violação da Sua lei, e olhasse naquele momento para Jesus e o considerasse o seu Salvador. Posteriormente, foi ordenado sacerdote, e foi chamado a ser professor da Universidade de Wittenberg. Ali se aplicou a estudar a Bíblia, inclusive nos idiomas originais. Após viajar e conhecer Roma, foi editado e decretado pelo papa que haveria promessa de perdão (indulgência) para as pessoas que subissem de joelhos a dita “escada de Pilatos”, por onde Jesus “descera ao sair do tribunal romano”, e diziam que “havia sido transportada de Jerusalém para Roma por milagre”. Lutero estava subindo por esta escada, ajoelhado, quando inesperadamente e parecendo um trovão, ouviu uma voz que disse: “O justo viverá da fé” (Romanos 1:17). De súbito e num salto se ergueu dali, se sentindo com horror e vergonha. Esse texto da Bíblia jamais foi esquecido por ele e nunca perdeu força. Daquele momento em diante, percebeu claramente que o ensino de se confiar nas obras humanas para a
  • 19. salvação era uma falácia, e que deveria sempre confiar nos méritos de Cristo. Nunca mais seria manipulado pelos editos e ensinos enganosos do papado. Após voltar da cidade de Roma, ao chegar na universidade em que era professor, Lutero recebeu o grau de doutor em teologia. Agora sim, poderia se dedicar plenamente ao estudo da Bíblia, que era o que mais amava. Nessa época, Tetzel se destacou como defensor da doutrina das indulgências, inclusive de púlpito. Ellen White ilustra essas ações com as mesas dos cambistas no templo (Mateus 21:12) e a tentativa do mágico Simão de comprar com dinheiro o poder dos apóstolos para ter a capacidade de operar milagres como eles operavam (Atos 8:19,20). Tetzel proclamava que, com as indulgências papais, nem “mesmo o arrependimento não é necessário” (D’Aubigné, citado por WHITE). Muitos da paróquia de Lutero compraram indulgências, e vieram após seu pastor, e conquanto ainda fosse católico romano, recusou-se a absolvê-los, dizendo que se não se arrependessem e reformassem sua vida, haveriam de perecer em seus pecados. Tais pessoas desejavam perdão não porque desejavam corrigir-se, mas para poderem acalmar a consciência em relação à culpa do pecado. Voltam-se desgostosos à Tetzel, denunciando que seu confessor não estava disposto a aceitar suas certidões de perdão, e alguns exigiam que o dinheiro fosse devolvido. Este ficou possesso; pois esta era para ele uma grande fonte de renda. Começou a pronunciar as mais terríveis maldições, ordenando que fogueiras se acendessem, declarando haver recebido do papa a ordem para queimar a todos os hereges que se opusessem a esta doutrina. A isto, reage Lutero de maneira ousada, como defensor da verdade. Proclamava do púlpito sobre o caráter ofensivo do pecado, que nada, a não ser o arrependimento para com Deus e a fé em Cristo, poderia salvar o homem perdido. A
  • 20. graça de Cristo não pode ser comprada; é dada gratuitamente. Aconselhava o povo a não comprar indulgências, mas olhar para o Redentor crucificado e ressurreto. Afirmou, por sua própria experiência, penosa, que foi em vão encontrar salvação através da humilhação própria e da penitência, e que foi olhando para fora de si mesmo que pôde encontrar paz e alegria em Cristo. Visto que Tetzel prosseguia com audácia em seu intento, Lutero decidiu agir com mais eficácia. Em certa ocasião anual, igreja conclamava o povo para o dia da festa de todos os santos. A Igreja do castelo de Wittenberg possuía muitas relíquias, em certo dia todos os santos eram apresentados à público, ocasião na qual pleno perdão era dado à todos aqueles que visitassem a igreja e se confessassem. Lutero se juntou a esse povo e fixou na porta da catedral suas noventa e cinco teses sobre justificação pela fé, e declarou que estava disposto a defende-las no dia seguinte, visto que era doutor em teologia, contra todos os que quisessem ataca-las. Suas propostas, em poucas semanas, eram conhecidas de todo o mundo cristão. Multidões amantes do pecado, agora estavam aterrorizadas, pois havia sido perdido o efeito daquilo que lhes acalmava, ou melhor, cauteriza a consciência. Assim, Lutero começou a ser acusado de moralista, orgulhoso, de agir precipitadamente, presunçoso, impulsivo, entre outras coisas. Portanto, sendo evidente que Lutero estava agindo sob a direção do Espírito Santo nesta obra, deveria ele enfrentar ainda mais e maiores dificuldades. Às vezes tinha dúvidas se era dirigido por Deus à opor-se às mais poderosas forças da Terra e colocar-se contra a autoridade da igreja. “Quem era eu para opor-me à majestade do papa, perante quem... os reis da Terra e o mundo inteiro tremiam? ... Ninguém poderá saber o que meu coração sofreu durante estes primeiros dois anos, e em que desânimo, poderia dizer em que desespero, me submergi.” — D’Aubigné. “Ele é um herege”, bradavam os zelosos romanos. “É alta traição à igreja permitir que tão horrível herege viva uma hora mais. Arme-se imediatamente para ele a forca!”—D’Aubigné. Apesar de que muitos que receberam a luz do Céu foram condenados a morrer por tortura, ele mesmo não foi uma vítima deles em fúria. Anjos do Céu foram
  • 21. comissionados para protegê-lo, pois Deus tinha uma missão para ele. Além disso, seus ensinos atraíram a atenção de todo tipo de mentes pensantes da Alemanha. Como todo ser humano, mas numa escala maior, Lutero sentiu mais que nunca a necessidade da amizade. Nessa ocasião, em que Lutero tanto necessitava da simpatia e conselho de um verdadeiro amigo, a providência de Deus enviou Melâncton a Wittenberg. Jovem, modesto e tímido nas maneiras, o são discernimento de Melâncton, seu extenso saber e convincente eloquência, combinados com a pureza e retidão de caráter, conquistaram admiração e estima gerais. O brilho de seus talentos não era mais assinalado do que a gentileza de suas maneiras. Logo se tornou um fervoroso discípulo do evangelho, o amigo de mais confiança e valioso apoio para Lutero, servindo sua brandura, prudência e exatidão de complemento à coragem e energia daquele. Sua cooperação na obra acrescentou força à Reforma, e foi uma fonte de grande animação para Lutero (WHITE). Tentativas foram feitas, pelos romanistas, de maneira ardilosa, de ganhar a Lutero com a aparência da amabilidade. Isso precisa ser destacado, e patenteia o verdadeiro espírito do papado. Ele respondeu falando sobre seus sentimentos em relação à igreja, seu desejo de responder às objeções sobre o que havia ensinado, e seu desejo de verdade, mas protestou contra o cardeal que não dizia mais que exigir sua retratação, porém, sem apresentar provas de que ele estava em erro. Na entrevista seguinte, Lutero apresentou um documento onde fazia a apresentação dos assunto de maneira muito clara. Após apresentar em voz alto, o entregou o documento nas mãos do cardeal, que o lançou com desdenho ao lado, declarando ser este o fruto da ociosidade e que isso nada provava. Vendo isso, Lutero decidiu defrontar o cardeal no seu próprio terreno – o das superstições e da tradição – e
  • 22. derrotou a cada uma de suas afirmações. Ao ver que o raciocínio de Lutero não poderia ser contraditado, perdeu a compostura e o domínio de si exclamou: “Retrate-se! ou mandá-lo-ei a Roma, para ali comparecer perante os juízes comissionados para tomarem conhecimento de sua causa. Excomungá-lo-ei e a todos os seus partidários, e a todos os que em qualquer ocasião o favorecerem, e os lançarei fora da igreja.” E finalmente declarou, em tom altivo e irado: “Retrate-se, ou não volte mais!” (D’Aubigné). Martinho Lutero se retirou dali, o que esclareceu qual era sua decisão. O cardeal havia se vangloriado a princípio de que através da violência poderia subjuga-lo, mas afinal, foi deixado a estar apenas com os que o acompanhavam, a se entreolharem. Mas essa audiência não ficou sem nenhum resultado positivo. Todos os presentes tiveram a oportunidade de observar as ações dos dois e julgarem por si através do espírito manifestado por cada um e perceber quem havia manifestado o fruto do Espírito (Gálatas 5:22). Entende-se que Lutero foi preservado do destino de morrer como um mártir. Mas não foi simplesmente para livrá-lo da ira de seus inimigos, nem para proporcionar a ele uma temporada de calma fora do alcance de situações complexas, que Deus retirou seu servo da vida em público. Foi sobretudo para preservá-lo do orgulho, Deus dera sabedoria a Frederico da Saxônia para idear um plano destinado a preservar o reformador. Com a cooperação de verdadeiros amigos, executou-se o propósito do eleitor, e Lutero foi, de maneira eficiente, oculto de seus amigos e inimigos. Em sua viagem de volta para casa, foi preso, separado de seus assistentes e precipitadamente transportado através da floresta para o castelo de Wartburgo, isolada fortaleza nas montanhas (WHITE). Assim como em relação aos elogios humanos, também estava isolado de qualquer tipo de apoio
  • 23. terrestre. Foi assim preservado da confiança em si mesmo e da exaltação própria, sobre tantos momentos de vitória. Geralmente, após obterem a luz da verdade, os seres humanos são levados por Satanás a reverenciarem o instrumento no lugar do autor. Assim, o inimigo das almas procura fixar os olhares nos fatores humanos. Assim, tais líderes religiosos são levados, por sua vez, a confiarem em si mesmos, perdendo de vista a sua dependência de Deus. Como resultado, procurar dirigir a consciência das pessoas que esperam por suas diretrizes, ao invés de dirigi-las à Palavra de Deus. Por isso, a obra da Reforma acaba sendo retardada em seu processo. Deus preservou Sua causa, dessa maneira, de ter nela impressa as características humanas. As pessoas haviam se dirigido a Lutero como sendo o expositor da verdade. Por isso, ele foi retirado do meio público para que as pessoas pudessem se dirigir ao Autor da verdade.
  • 24. 2 “Despertam as Nações” Um contemporâneo de Lutero, nascido poucas semanas após ele, mas na Suíça, foi Ulrich Zwínglio. Desde a infância era ávido de interesse pelas histórias bíblicas dos patriarcas e profetas. Assim como João Lutero, pai de Martinho, seu pai se preocupava com sua educação. Aos treze anos, foi enviado para Berna onde estava a escola mais conceituada. Foi nesse lugar onde se manifestou um grande perigo. Frades e monges de um convento, ao perceberem as qualidades do menino, procuravam atraí-lo. Providencialmente, o pai de Zwínglio recebeu notícias do que estava acontecendo, e trabalhou para não permitir que seu filho seguisse a vida ociosa e inútil dos monges. Foi na Basiléia que Zwínglio ouviu pela primeira vez sobre o evangelho da livre graça de Deus. Sob instrução de Wittenbach, que fora conduzido às Escrituras, estudara Grego e Hebraico, e era professor de línguas antigas, que raios de luz divina se derramaram sobre os estudantes dirigidos por ele. Declarava que existia uma verdade antiga, de muito maior valor que as teorias ensinadas pelos escolásticos e os filósofos: que a morte de Cristo é o único resgate pelo pecador. Posteriormente, foi ordenado padre. Enfrentou dificuldades entre a teologia e a filosofia da escolástica. Concluiu, entretanto, que deveria fazer da Bíblia a sua própria intérprete. Se identificava com Lutero, por estar pregando a Cristo. Seus ensinos também se tornaram conhecidos da igreja, e, semelhantes aos ardilosos métodos usados com Lutero, também tentaram usar a lisonja para atraí-lo. Tempos depois, o entusiasmo dos monges deu lugar a um sentimento diferente. Passaram a estorvar sua obra e condenar seus ensinos. Mas ele suportou isso com muita paciência.
  • 25. Assim como Tetzel na Alemanha, Sansão era o encarregado dos franciscanos para a venda das indulgências. Ao saber disso, o reformador se opôs decididamente a este, que não teve outra escolha a não ser ir para outro lugar. Passo a passo a obra avançava em Zurique, superando ele inclusive a peste, chamada de “grande morte”, que arrastou a Suíça em 1519. Ele também ficou doente, mas manteve viva sua fé, e em algum tempo foi restabelecido da doença. Mas agora seus inimigos se opuseram a ele decididamente. Após extensos debates por delegados, Roma iniciou uma feroz perseguição, cujo campo de sangue Zwínglio acabou sendo morto, em uma guerra civil. Antes de Zwínglio e Lutero, a luz começara a raiar também na França. Lefevrê, professor de extenso saber, entusiasta adorador dos santos, escreveu em 1512: “É Deus que dá, pela fé, a justiça que, somente pela graça, justifica para a vida eterna.” —(Wylie.) Entre seus discípulos, encontrava-se Guilherme Farel. Este deveria continuar a pronunciar a verdade muito tempo depois que a voz do mestre silenciasse. Era filho de pais piedosos e ensinado a viver na tradição. Poderia, como Paulo, dizer: “Conforme a mais severa seita da nossa religião, vivi fariseu.” Atos 26:5. Como devoto romanista, ardia em zelo para destruir a todos os que ousassem opor-se à igreja. “Eu rangia os dentes qual lobo furioso”, declarou ele mais tarde referindo-se a esse período de sua vida, “quando ouvia alguém falar contra o papa.” —(Wylie) Apesar disso, aceitou a verdade alegremente. Enquanto seu mestre continuava a propagar a luz entre os discípulos, Farel saiu a anunciar a verdade publicamente. Um dignitário da igreja, o bispo de Meaux, se uniu a ele. Também outros ensinadores notáveis por sua capacidade e saber, unira-se na proclamação do evangelho. Inclusive a irmã de Francisco I e parte da família aceitou o evangelho. Logo começaram as perseguições, como era de se esperar. Mas ainda houve um
  • 26. tempo de paz, para que ganhassem forças para enfrentar a terrível tempestade. O bispo de Meaux continuou ensinando a verdade ao povo. Assim como a Bíblia em alemão saía do prelo de Wittenberg, Lefevrê empreendeu editar dessa forma o Novo Testamento em francês. Em Meaux, o bispo se esforçou a fim de disseminar o conteúdo, e em breve os camponeses estavam com posse de cópias das Escrituras. Apesar de todo o sucesso obtido a perseguição foi lançada e vários tornaram-se mártires, inclusive Berquin, que se destacara de várias maneiras. Apesar de alguns terem, como Farel, de buscar o exílio voluntário, Berquin decidiu-se por enfrentar as consequências finais da perseguição de frente. Mesmo com este insucesso na França, entre os escolásticos da França, havia um jovem muito promissor e refletido. Tinha-se por certo que João Calvino se tornaria um dos mais habilidosos defensores da igreja. Mas um raio da luz divina penetrou no meio das trevas onde ele estava aprisionado. Ele ficara impressionado com as novas doutrinas, embora não duvidasse que os hereges merecessem a fogueira. Mas de uma hora a outra, foi posto face a face com a heresia. Além disso, um primo, Olivetan, que era protestante, constantemente conversava com ele sobre problemas que afetavam a cristandade. ““Não há senão duas espécies de religiões no mundo”, dizia ele. “Uma é a espécie de religiões que os homens inventaram, e em todas as quais o homem se salva por cerimônias e boas obras; a outra é a religião que está revelada na Escritura Sagrada e ensina o homem a esperar pela salvação unicamente da livre graça de Deus.” “Não quero nenhuma das tuas novas doutrinas”, exclamou Calvino; “achas que tenho vivido em erro todos os meus dias?” — Wylie.
  • 27. Ainda assim, sendo ainda bem jovem, foi levado a ter contato com a Bíblia, onde encontrou a salvação de Cristo. Passou a ensinar estas coisas de lugar em lugar, de casa em casa. A França rejeitara ao apelo através de Lefevrê e Farel. Mas a Providência estava separando outra oportunidade. O rei da França, Francisco I, ainda não havia tomado partido ao lado de Roma, pois tinha amor ao saber e desprezada a ignorância do clero. A princesa Margarida tinha a esperança de que o protestantismo afinal vencesse na França. Durante a ausência do rei, e já que não eram permitidas pregações públicas, ela abriu as portas do palácio, onde um dos cômodos tornou-se como uma capela. Foi anunciado que pessoas de todas as classes estavam convidadas para certa hora, ouvirem um sermão. O rei não proibiu isso, e ordenou que duas igrejas adicionalmente fossem abertas em Paris. A intemperança parecia estar dando lugar ao espírito de vida. Mas, infelizmente, e em pouco tempo, novamente as igrejas foram fechadas e a fogueira foi acesa novamente. Calvino se encontrou com a perseguição, mas conseguiu fugir para um dos domínios de Margarida, onde permaneceu disfarçado como seu hospedeiro. Neste período, muitos se levantaram inclusive crianças, para disseminar a verdade. Muitos, igualmente, não puderam optar ou mesmo não quiseram o exílio voluntário, para não atrair a condenação máxima. A Revolução Francesa (1793 – 1798) foi um momento em que a França rejeitou, como nação ao culto à divindade, além de assassinatos cometidos e a instauração ao culto da razão. A Bíblia em vários exemplares foi queimada em praça pública. Manifestou-se o ateísmo do Egito e a licenciosidade de Sodoma. Mas assim como no período do romanismo pagão, o sangue dos santos era como semente. No plano de Deus, a luz da verdade não deveria ser extinta, deveria continuar brilhando. Ao fim de um período sangrento
  • 28. quando muitos perderam suas vidas, mas estavam salvos em Jesus, deveria novamente a Palavra de Deus ser exaltada à vista das nações.
  • 29. 3 “A Única Salvaguarda” A volta de Cristo tem sido em todos os séculos a esperança de Seus verdadeiros seguidores. A última promessa do Salvador no Monte das Oliveiras, de que Ele viria outra vez, iluminou o futuro a Seus discípulos, encheu-lhes o coração de alegria e esperança que as tristezas não poderiam apagar nem as provações empanar. Do calabouço, da tortura, da forca, onde santos e mártires testificaram da verdade, vem através dos séculos a voz de sua fé e esperança. Estavam dispostos a descer ao túmulo, para que pudessem “ressuscitar livres.” — A Voz da Igreja, Taylor. Neste tempo, um dos maiores destaques foram os sinais do sermão profético de Cristo. O terremoto de Lisboa, ocorrido em 1755, chegou a ser sentido pela maior parte da Europa, África como também na América do Norte, numa extensão de dez milhões de quilômetros quadrados. Vinte e cinco anos depois, o escurecimento do sol e da lua. Mais surpreendente que isso, foi o cumprimento do tempo, indicado pelos momentos finais da tribulação antes que acontecesse a volta de Cristo. Por fim, a chuva de estrelas ou meteoros cadentes, em 1833, fechou este ciclo de sinais indicados por Cristo como indicativos de Sua breve vinda. Em 1831, surge no cenário norte-americano Guilherme Miller, que ficaria conhecido como sendo o grande pregador do advento. Seus seguidores, conhecidos como adventistas ou mesmo Mileritas, variavelmente chegaram quase a meio milhão de pessoas. Embora houvessem pessoas céticas que acreditassem que alguma coisa aconteceria em relação ao tempo indicado por ele para a volta de Cristo. Era uma multidão expectante de aproximadamente um milhão. Juntamente com ele, duzentos pastores das diversas denominações. Havia ele recebido uma autorização
  • 30. para pregar, assinada por vinte desses. Não era, portanto, uma pessoa por sua própria conta. No início, em tempos de guerra civil, abraçara o deísmo, que não é nada menos que a teoria de Deus como um relojoeiro: dar corda e depois deixar um mecanismo funcionar por conta própria, dando a entender que Deus não interfere nos negócios humanos de nenhuma maneira. Mas, durante essa guerra, os Estados Unidos, um exército em menor número, venceu a Inglaterra, que era militarmente melhor preparada. Além disso, uma bomba chegou a ser lançada perto dele e outros que estavam próximos, mas nada aconteceu. Essas coisas contribuíram para que ele abandonasse a filosofia do deísmo. Anos mais tarde o grande desapontamento teve lugar; Cristo não voltou, como era a expectativa. Muitos do movimento abandonaram o mesmo, ficando apenas um pequeno remanescente. Mesmo tão poucos em números, estes se encarregaram não apenas de reiniciar e inovar, sob a liderança divina, a reforma iniciada em tempos de outrora por Lutero, Zwínglio e outros, como também aprofundar cada um dos ensinos da Bíblia. Ficaram conhecidos mais tarde como sendo os adventistas do sétimo dia. Destacaram-se pioneiros da fé adventista, vindos após Miller: Tiago S. White, Joseph Bates, John N. Andrews, John Loughborough, Urias Smith, Rachel O. Preston, entre outros. O nome que mais ficou destacado foi o de Ellen G. White, por ter sido escolhida por Deus como Sua mensageira para o povo. Com esta obra levada avante, a duras penas no início, mas crescendo progressivamente, Satanás não ficou ocioso em vista disso. Como a perseguição não dera resultado na Europa, ali na América tentaria ele de outras maneiras. Através de facções internas, perseguição ideológica, indução à apostasia, inclusive
  • 31. lançando uma moléstia sobre Ellen White quando esta estava a escrever a obra em questão. Também uma tentativa de influenciar a liderança da igreja a excluir o seu ministério profético da vida da igreja, por meio de um envio para a Austrália, onde ficou por cerca de nove anos, e depois para a Europa, por mais cinco, e a possibilidade inclusive de substituí-la por outra mulher que alegava ter sonhos e visões da parte de Deus. Mas, mesmo estando fora, a mensageira do Senhor, que preferia não ser chamada de “profetisa”, mandava cartas à liderança em Battle Creek, o centro da obra, denunciando realidades intoleráveis e declarando a vontade de Deus. Após isso, a mulher que pretensamente tomara o seu lugar, declarou que as visões que alegara haver tido, procediam de sua própria imaginação... Além das facções, do surgimento do espiritismo moderno em 1848, do fanatismo religioso que a Sra. White enfrentava em seus dias, apostasias de importantes pessoas e alguns considerados gênios, como no caso do Dr. John H Kellogg, ocorreu uma grande crise interna que ficou em torno da teoria panteísta, que dizia que a presença de Deus permeava a natureza toda. Kellogg chegou a afirmar que mesmo suas ações eram atos criativos de Deus (TIMM, 2006). Grandes incêndios consumiram instalações físicas da igreja, sendo o mais notável o do prédio da Review and Herald, a casa editora na localidade. Foi a crise mais complexa que teve lugar no meio adventista, por não ter sido atendida a orientação divina. Mas, através de Sua mensageira, Deus orientou de forma a livrar a igreja de tal crise, que ficou conhecida como apostasia Alfa. Ellen White advertiu que futuramente a igreja se depararia com um perigo muito maior, ao qual denominou como apostasia Ômega, que junto com a Alfa solaparia todas as verdades bíblicas, além de contribuir para derrubar por terra a crença na personalidade do Espírito Santo. Aconselhou que tal sofisma deve ser lidado como um navio que se depara com um
  • 32. iceberg, mas ao invés de permanecer passivo, deveria ir com toda a velocidade a fim de destruir o iceberg de uma vez. Danos na estrutura dos membros da igreja ocorreriam, evidentemente, mas seria salva de um terrível sofisma enganoso (mencionado em Testemunhos Para Ministros). Assim, como ela predisse, a igreja enfrenta hoje tal desafio, já há mais de trinta anos, tendo a crise iniciado de maneira audaz em 1980, após a sessão da Assembleia Geral, ocorrida no Texas. Levantaram-se grupos facciosos, com o objetivo de abandonar a igreja, juntar pessoas e iniciar um dito “reavivamento espiritual”, mas negando a eternidade de Cristo, a personalidade do Espírito Santo, além de mergulharem numa série de outras dificuldades. Segundo RAMOS (2008), tais movimentos possuem quatorze características distintas que patenteiam sua falsidade: heresia letal; mistura do falso com o verdadeiro; alegação de ser uma grande verdade; aparente apoio da Bíblia e do Espírito de Profecia; aparência de piedade (vida cristã de aparência); conceito sobre Deus à luz da razão humana; pressão sobre os adventistas do sétimo dia; agressão à personalidade de Deus; representação falsa de Deus e desonra a Ele; “espiritização” de Deus; fator de desagregação (saída e divisão); “amor espiritual não santificado”; total dissonância com os ensinos de Cristo e inspiração pelo diabo. Sendo que a igreja hoje se depara com tal perigo, há a necessidade de, mais do que nunca, reafirmar nossa posição ao lado da verdade de Cristo, e clamar pelo auxílio do Espírito Santo. Ellen White declara que “o príncipe da potestade do mal só pode ser mantido em sujeição pelo poder de Deus na terceira pessoa da Trindade, o Espírito Santo” (Special Testimonies, Série A, nº 10, pág. 37, citado em Evangelismo).
  • 33. 4 “E Então Virá O Fim” O juízo investigativo, após a descoberta a doutrina do santuário no século dezenove, tornou-se uma das crenças que atestaram a distinção dos adventistas do sétimo dia, embora não seja a maior diferença quando comparado a outros movimentos. Esta crença esta baseada no fato de ainda sermos pecadores por natureza, sendo que na cruz fomos libertos da condenação e da culpa do pecado, somos realmente criações novas de Deus (1 Coríntios 5:17), mas a tendência ou propensão para o pecado ainda existe. Mesmo que não por hábito, podemos pecar contra a nossa própria vontade (Romanos 7). Por isso, necessitamos de um Advogado (1 João 2:1), para quem possamos recorrer nesses casos. Por vezes, não sabemos nem mesmo como convém orar; assim, o Espírito Santo “nos assiste em nossas fraquezas” (Romanos 8:26). Por isso, é necessário um juízo que dê continuidade ao que Cristo fez na cruz, não por significar que Sua expiação tenha sido incompleta; mas porque somos, sem ajuda, fracos por natureza. A origem do pecado e do sofrimento é motivo de perplexidade para muitas pessoas. Por que um Deus de amor, misericordioso, “permite” que até inocentes sofram? Vários responsabilizam a Deus como sendo o responsável por tudo isso, enquanto outros preferem depositar sua crença no destino. Mas, infelizmente, desconhecem a justiça e a misericórdia de Deus operando juntas, o contexto do grande conflito, e o objetivo de santificação pós-justificação que Deus tem para enobrecer o caráter ao tolerar que o sofrimento faça parte da vida de Seu povo.
  • 34. Nesta época, mais do que nunca, e de maneira cada vez mais intensa à medida que o fim se aproxima, os ardis de Satanás vão se intensificando. Quando não são as estratégias de divisões internas na igreja, ocorrem através de sofismas no ambiente externo: teorias e filosofias enganosas, contra as quais mesmo os apóstolos já em seus dias haviam alertado aos cristãos. Como nunca antes na história deste mundo, precisamos ser um povo muito apegado à Palavra de Deus como critério que põe à prova a todo ensino e instrução. Além do domingo como dia de guarda, existe uma crença geral da imortalidade da alma. Ellen White declarou: “Mediante os dois grandes erros — a imortalidade da alma e a santidade do domingo — Satanás há de enredar o povo em suas malhas. Enquanto o primeiro lança o fundamento do espiritismo, o último cria um laço de simpatia com Roma. Os protestantes dos Estados Unidos serão os primeiros a estender as mãos através do abismo para apanhar a mão do espiritismo; estender-se-ão por sobre o abismo para dar mãos ao poder romano; e, sob a influência desta tríplice união, este país seguirá as pegadas de Roma, desprezando os direitos da consciência” (p. 513). Assim, enquanto o povo de Deus, sob Sua direção, proclama as últimas mensagens de advertência ao mundo, está a acontecer uma contrafação. A profecia da tríplice união, acima referida, está encontrando seu cumprimento em nossos dias. Tal como ocorreu nos dias dos reformadores da Idade Média, quando estes receberem a capacitação sobrenatural em dons espirituais, representada na Bíblia pela “chuva serôdia” e disseminarem a luz da verdade pelo mundo, começará uma nova perseguição para destruir a obra, em escala mundial. Terá início o “tempo de angústia”, ao qual se referiu Daniel. Muitos abandonarão a fé para se juntarem às fileiras do adversário, enquanto muitos outros que viviam em trevas aceitam a luz de Deus, veem que temos a verdade e se unem a nós para suportar a perseguição. A volta de Cristo ocorrerá muito em breve, e será um glorioso acontecimento. Evidentemente que Satanás pretende fazer uma imitação até disto (p. 624). Mas,
  • 35. todos aqueles que estiverem firmes na Palavra de Deus, não serão enganados por essa teatralidade. Após o milênio, quando a cidade santa estiver descendo para ser instaurada no “novo céu e nova terra” (Apocalipse 21:1), os ímpios serão todos ressuscitados. Será este um momento de atestar a justiça de Deus. Satanás, assim como todos os ímpios, haverão de se curvar perante Deus e reconhecer: “Grandes e maravilhosas são as Tuas obras, Senhor Deus todo-poderoso! Justos e verdadeiros são os Teus caminhos, ó Rei dos santos” (Apocalipse 15:3); e, prostrando-se, adoram o Príncipe da vida. Dá-se a entender que todos, tanto justos como ímpios, fazem uma oração universal: “Nós não queremos mais o mal”. E os ímpios: ”Nos destrua, pois caso contrário acabaremos por fazer uma grande destruição”. E Satanás, mesmo tenho reconhecido a justiça de Deus e a supremacia de Cristo, não teve nenhuma mudança de caráter. A rebelião em seu coração explode, “como torrentes de águas”. Está decidido a não ter a sua causa derrotada no grande conflito. Estimula aos anjos caídos e aos ímpios ressuscitados, mesmo havendo grandes divergências entre eles, e avançam todos na direção da cidade santa. Mas fogo e enxofre de Deus caem sobre eles e os consome. Uns levam mais tempo para morrer do que outros, dependendo de suas obras. Satanás será o último a morrer, sinalizando toda a sua responsabilidade desde a rebelião iniciada no Céu. “O grande conflito terminou. Pecado e pecadores não mais existem. O Universo inteiro está purificado. Uma única palpitação de harmonioso júbilo vibra por toda a vasta criação. Daquele que tudo criou emanam vida, luz e alegria por todos os domínios do espaço infinito. Desde o minúsculo átomo até ao maior dos mundos, todas as coisas, animadas e inanimadas, em sua serena beleza e perfeito gozo, declaram que Deus é amor” (p. 678).
  • 36. Conclusão A partir de um panorama passado-presente-futuro, o livro O Grande Conflito pode ser considerado um best-seller, o livro de Ellen G. White mais divulgado e vendido no mundo. Muitos são os depoimentos e testemunhos de conversão que tiveram, por uma de suas bases, a leitura e o estudo desse livro. Muitas, na mesma frequência, são as acusações e protestos contra o mesmo, sobre a editoração e comparações de adições atuais com as antigas, para demonstrar que a diminuição do material poderia ser como uma evidência de apostasia doutrinária por parte da Igreja Adventista do Sétimo Dia, mais diretamente ao Patrimônio Literário White (White Estate), sendo que, na maior parte dos casos, o objetivo é incitar o ódio e a revolta contra a liderança da Igreja. Esta atitude não tem contribuído para outra coisa senão para solapar as tão fragilizadas bases da unidade no corpo de Cristo, estimulando a divisão e a hipocrisia. A mensagem contida no livro é realmente inspiradora; pessoas eram levantadas por Deus e estavam diante do mundo pregando e ensinando com ousadia a mensagem de Deus, livrando o povo das trevas morais e espirituais. Muitos rejeitaram, vários outros aceitaram; enquanto muitos endureciam o coração cada vez mais, houve pessoas que acolheram a luz do Céu no coração, e por mais desvantajoso que fosse, conservaram com firmeza a fé em Jesus Cristo.
  • 37. Bibliografia MOON, Jerry. O Grande Conflito: Um livro para todas as épocas e além do tempo, completa cem anos!, Artigo da Revista Adventist World, julho de 2011, p. 22-23. Review and Herald Publishing Association, Maryland, EUA (tradução: Sonete Magalhães Costa). PLENC, Daniel Oscar, O Conflito dos Séculos: Sua História e Importância (Conteúdo disponível em Power Point). Centro de Pesquisas White, Universidad Adventista Del Plata, Argentina, 2012. RAMOS, José Carlos. A Igreja em Perigo: o ômega da apostasia predito por Ellen White, 1ª Edição, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, São Paulo, 2008. TIMM, Alberto Ronald. Série em vídeo “História da Igreja”, nº 7: Os Naufrágios na Fé. União Este Brasileira, 2006. WHITE, Ellen Gould, Evangelismo, 3ª Edição, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, São Paulo, 2007. Notas Biograficas de Elena G. de White, Pacific Press Publishing, Nampa, Idaho, EUA, 1999. O Colportor Evangelista, 7ª Ed., Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, São Paulo, 1983. O Grande Conflito, 35ª Ed., Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, São Paulo, 1988. Testemunhos Para Ministros, 4ª Ed., Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, São Paulo, 2002. Testemunhos Seletos, volume 3, 5ª Ed., Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, São Paulo, 1985.