Este documento resume a parábola bíblica do Bom Samaritano contada por Jesus. A parábola ensina que a compaixão deve ser estendida a todas as pessoas, não importando sua origem. Nela, um samaritano, odiado pelos judeus, ajuda um judeu ferido, ao contrário de um sacerdote e um levita que passam e não prestam socorro. Jesus usa esta história para ensinar que o próximo a ser amado é aquele que precisa de ajuda.
1. Pregando as Parábolas de Jesus.
O Bom Samaritano.
(Lucas 10:25-37)
O Bom Samaritano – Anônimo holandês, cerca de 1530. Exposto no Museu Central, em Utrecht – Países Baixos.
Esta famosa parábola do Novo Testamento sob a qual
refletiremos a seguir foi contada por Jesus a fim de
ilustrar que a compaixão deveria ser aplicada a todas as
pessoas, e que o cumprimento do espírito da Lei é tão
importante quanto o cumprimento da letra da Lei.
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Jesus coloca a definição de próximo num contexto mais
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amplo, além daquilo que as pessoas geralmente
consideravam como tal.
2. Pregando as Parábolas de Jesus.
O Bom Samaritano.
(Lucas 10:25-37)
INTRODUÇÃO.
1. Uma das parábolas mais conhecidas é a do Bom Samaritano - Lc 10.30-37.
a. Vários hospitais foram chamados assim por causa desta
história (por exemplo, Hospital Bom Samaritano de Arthur
Nogueira – SP, Hospital Bom Samaritano em Governador
Valadares – MG, Hospital Bom Samaritano de Cáceres – MT).
b. Por causa do Bom Samaritano várias leis foram aprovadas
para incentivar o cuidado com os transeuntes com
necessidades, entre elas o Estatuto do Bom Samaritano que
trata sobre doações de alimentos.
2. É comum aplicar interpretações alegóricas a esta parábola, por exemplo...
a. O viajante representa o homem, que deixou a cidade
celestial (Jerusalém) para o mundo (Jericó).
b. Os ladrões, o diabo e o pecado, que levam o homem à morte.
c. O sacerdote e o levita referem-se à Lei e seus sacrifícios, que
são incapazes de ajudar.
d. Mas o bom samaritano é Jesus, que fornece a salvação.
e. O vinho representa o sangue de Cristo, o óleo, a unção do
Espírito Santo.
f. A hospedaria é a Igreja, o estalajadeiro representa os
apóstolos; as duas moedas representam o batismo e a Ceia
do Senhor.
3. Ainda que seja interessante essa interpretação...
a. É realmente isso que Jesus está ensinando nesta parábola?
b. Ou será que Jesus tem em mente alguma outra lição?
Nesta reflexão vamos rever o contexto da parábola, e, em seguida, oferecer
algumas lições que acredito estarem mais de acordo com o propósito original
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de Jesus ao contá-la...
3. I. A PARÁBOLA EXPLICADA.
A. A conversa entre Jesus e um intérprete da Lei.
1. Um intérprete (doutor – RC ou mestre – NTLH – perito – NVI) da
lei se levanta para testar Jesus - Lc 10:25.
a. O intérprete neste contexto seria alguém bem versado
na Lei de Moisés.
b. A palavra - ekpeirazon que significa:
provar, testar e tentar, não tem implicações negativas,
significa simplesmente que o homem estava tentando
verificar a fidelidade de Jesus à Lei de Moisés.
c. Mas existem algumas indicações de que ele estava
procurando enganar Jesus...
1) Ele “se levanta”, talvez para chamar a atenção
para si mesmo;
2) Mais tarde, ele tenta justificar-se com outra
pergunta, o que indica que ele está interessado
em mais do que apenas uma resposta simples à
sua dúvida.
d. Sua pergunta foi semelhante à do jovem rico (Lc
18:18): “Mestre, que farei para herdar a vida eterna?”.
2. Jesus responde, indagando-o de volta com a Lei - Lc 10:26.
a. Ao fazê-lo, Jesus mostra conhecimento da Lei.
b. Da mesma forma Jesus indagou o jovem rico com a Lei
- Lc 18:20.
c. Tenha em mente que neste momento a Lei ainda
estava em vigor, então a resposta ainda era para ser
encontrada nela - Mt 5:17-19.
3. As respostas do intérprete da Lei tem uma compreensão
adequada do que a Lei ensinou sobre a vida eterna - Lc 10:27-28.
a. Ele cita Deuteronômio 6:5 e Levítico 19:18.
b. Tanto que Jesus citou a outro intérprete da Lei em
uma ocasião posterior - Mt 22:34-40.
c. Sobre estas duas diretivas, uma para amar a Deus,
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outra para amar o próximo...
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1) Estão inteiramente baseadas na Lei.
2) Afinal, Jesus veio cumprir a Lei (Mt 5.17, 18).
4. 4. Mas o intérprete da Lei não terminou... - Lc 10:29.
a. Ele deseja justificar a si mesmo (talvez envergonhado).
b. Então faz a pergunta que precipita a parábola: “E
quem é meu próximo?”
B. A parábola em si.
1. Um homem viaja de Jerusalém para Jericó, e é atacado - Lc 10:30.
a. A distância é de cerca de 25 quilômetros.
b. Uma estrada perigosa, conhecida como Caminho de
Sangue por causa dos ladrões (Simon Kistemaker, As
Parábolas de Jesus, p 190).
c. Despido de suas roupas e ferido pelos ladrões, ele é
deixado quase morto.
2. Duas pessoas passam, e não fazem nada - Lc 10:31-32.
a. O primeiro era sacerdote, o segundo era levita.
b. Ambos eram da elite religiosa no Israel daqueles dias.
3. Um samaritano se aproxima e mostra compaixão - Lc 10:33-35.
a. Os samaritanos eram odiados pelos judeus - Jo 4:9.
b. Eles eram descendentes de judeus que se
miscigenaram com os povos que foram trazidos no
tempo do cativeiro babilônico (2Re 17:24-41).
c. No entanto, este samaritano, que era desprezado
pelos judeus demonstra compaixão.
1) Ele ata os ferimentos, aplica óleo e vinho
(primeiros socorros daqueles dias).
2) Ele coloca o homem ferido em seu próprio
animal e o leva para uma estalagem.
3) Ele dá ao estalajadeiro dois denários (salário de
dois dias) para prestar cuidados.
4) Ele diz ao gerente que gaste o que for preciso, e
ele vai restitui-lo quando voltar.
C. Jesus prossegue...
1. E põe a questão: Qual dos três provou ser o próximo? - Lc 10:36.
2. O intérprete da Lei responde com a resposta óbvia: “Aquele que
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usou de misericórdia”.
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3. Jesus, então, recomenda o intérprete da Lei a fazer o mesmo.
5. 4. Note que Jesus virou o foco da questão original...
a. De: Quem é o meu próximo? Para: Quem foi o próximo
do necessitado?
b. Isto indica que Jesus procurava enfatizar o significado
de “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”.
5. O propósito da parábola, em vista do seu contexto e da maneira
em que Jesus aplicou, é clara:
a. Jesus ensina quem é realmente o nosso próximo, e...
b. O que significa amar o próximo como a si mesmo.
Aqui estão algumas lições que podem ser apreendidas a partir da parábola quando
temos o seu objetivo em mente.
II. A PARÁBOLA APLICADA.
A. O próximo é alguém a quem podemos ajudar.
1. Alguém poderia pensar que o próximo é aquele com quem
partilhamos afinidades.
a. Como sendo da mesma raça, nacionalidade ou religião.
b. Dessa forma, qualquer um que não partilhe alguma
afinidade é considerado inimigo ou adversário.
2. Mas, Jesus refutou essa ideia tendo o samaritano como exemplo.
a. Os samaritanos eram diferentes dos judeus em raça,
nacionalidade e religião.
b. Havia inimizade entre eles - Jo 4:9; Lc 9:52-53.
c. Embora considerado-o inimigo, o samaritano estava
ajudando um judeu em necessidade.
3. E é assim que os cristãos devem mostrar hospitalidade (lit., amor
aos estranhos) - Rm 12:13, Mt 5:43-48; Gl 6:10.
- Seu próximo, então, é alguém a quem você precisa ter a capacidade de ajudar!
B. A incoerência de se separar fraternidade de religião.
1. Dos três transeuntes na parábola, os dois primeiros deveriam ter
sido os primeiros a ajudar.
a. O sacerdote e o levita deveriam ter sido influenciados
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a ajudar por causa da sua religião (judaísmo).
6. b. Na verdade, eles foram ensinados a amar o
estrangeiro - Lv 19:33-34; Dt 10:17-19.
2. Quando apartaram a fraternidade de sua religião, se tornaram
hipócritas.
a. Pois, como pode um sacerdote ensinar a Lei, e um
levita conduzir o culto...
b. E não praticarem o que sua Lei ordena? Tal atitude
mostra quão fraca era a devoção e a fé deles.
3. Como cristãos, precisamos ter a certeza de praticar a “religião
pura e imaculada”, do contrário, enganamos a nós mesmos - Tg
1:22, 26-27.
- Agora reflita bem: Que tipo de religião temos?
C. O custo da compaixão.
1. A vontade de ultrapassar as barreiras sociais.
a. É ilustrada por Jesus ao usar um samaritano nesta
parábola.
b. Não deve haver barreiras religiosas, raciais ou
nacionais para se mostrar compaixão!
2. A disposição para assumir riscos.
a. O samaritano assumiu um risco ao parar para ajudar.
1) O que aconteceria se os ladrões ainda
estivessem por perto?
2) E se outros ladrões viessem nesta estrada
conhecida como Caminho de Sangue?
3) E se o próprio homem deitado fosse um ladrão
tentando enganá-lo?
b. Do mesmo modo, nós cristãos somos chamados a
assumir riscos - Lc 6:30.
1) Como saberemos se as pessoas não vão tirar
proveito da nossa generosidade?
2) Como saber se não estamos sendo enganados?
3) Talvez esta seja uma área onde precisamos
também demonstrar fé em Deus.
3. A vontade de servir mesmo quando estamos ocupados.
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a. O samaritano estava numa viagem, mas teve tempo
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para parar e cuidar do homem.
7. b. Jesus nos ensinou a ter tempo para mostrar
compaixão, mesmo quando somos forçados - Mt 5:41.
1) A primeira milha pode ter sido forçada.
2) Mas a segunda deve ser trilhada com amor.
4. A vontade de fazer sacrifícios.
a. O samaritano sacrificou mais do que apenas o seu
tempo e a sua energia.
1) Ele fez uso de seus recursos - Lc 10:34.
2) Ele firmou um acordo com a finalidade de
ajudar - Lc 10:35.
b. Jesus ensinou seus discípulos a estarem dispostos a
fazer sacrifícios - Lc 6:29-30, 34-35.
c. Ao fazê-los, somos verdadeiramente imitadores de
Deus e andamos em amor - Ef 5:1-2.
CONCLUSÃO.
1. Com a Parábola do Bom Samaritano, somos desafiados a um padrão mais
elevado de amor.
a. Maior, pois a definição de próximo é mais abrangente.
b. Maior, pois a definição de compaixão é maior.
2. Isso não deveria ser surpresa à luz do que Jesus disse aos Seus discípulos:
“Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder em muito a dos
escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus” (Mt 5:20).
3. Como é a tua justiça? Como a do sacerdote e a do levita? É claro que, sem
a salvação que Jesus traz, nenhum grau de justiça é suficiente (At 2:36-38;
22:16), mas...
a. Apenas quando imitamos o exemplo do samaritano, podemos
dizer que a nossa justiça excede a dos escribas e dos fariseus!
b. É quando temos a certeza de estar diante de um cidadão do céu!
c. Portanto ouçamos as palavras de Jesus ao intérprete da Lei que
queria testá-Lo:
“Vá e faça o mesmo!”.
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8. O Rev. Giovanni M. Guimarães
é formado no SPN – Seminário
Presbiteriano do Norte, em
Recife no ano 2000 e ordenado
ao sagrado ministério em
dezembro do mesmo ano.
Casado com a pedagoga e
missionária Abilene é pai de
Giulia e Arthur e atualmente é
pastor na Igreja Presbiteriana
do Carnaubal, em Mossoró.
Contatos: (84) 9660-9271
webminst@ig.com.br
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