Material produzido para o componente curricular “História Local” do curso de Condutor Ambiental de Imbituba.
- Instituto Federal de Santa Catarina / Campus Garopaba -
Professor: Viegas Fernandes da Costa
10/10/2013.
PATRIMÔNIO
Patrimônio – do latim: aquilo que pertencia ao pai.
No renascimento os humanistas buscavam valorizar a antiguidade, e por isso
passam a colecionar os objetos e vestígios desse período – surge o Antiquariado.
O surgimento do Estado Nacional modifica o conceito de patrimônio. O
compartilhamento de valores e costumes, de uma língua, de uma origem
supostamente comum constitui também uma ideia de patrimônio nacional a
configurar identidades.
O surgimento da ONU contribui para a compreensão de patrimônio como algo que
supera as fronteiras nacionais.
Em 1972 acontece a 1ª Convenção referente ao patrimônio mundial cultural e
natural. Desenvolve-se a ideia de Patrimônio da Humanidade.
Segundo a UNESCO, patrimônio constitui-se como nosso legado do passado, no qual
vivemos e que vamos passar para as futuras gerações”, sendo “fontes insubstituíveis
de vida e inspiração”.
A maior concentração de monumentos do patrimônio da humanidade está na
Europa, principalmente na Espanha, Itália, Alemanha e França.
O patrimônio é importante para preservar identidades, porém as políticas que
reconhecem patrimônios e dão-lhes significados não são neutras, “mas refletem a
ideologia dos responsáveis e muitas vezes adotam critérios ambíguos em função de
interesses conjunturais, que mudam quando muda a administração pública” ( Margarita
Barreto).
A quem deve pertencer a autoridade de reconhecer o que é patrimônio?
Segundo Margarita Barreto, “se há um patrimônio reconhecido pelos vencedores, é
porque há um patrimônio dos vencidos.” E ainda, “quais são os símbolos que devem
permanecer para retratar determinada sociedade em determinado momento?”
Classificação do patrimônio cultural e natural segundo a UNESCO
MONUMENTOS: obras arquitetônicas, esculturas, pinturas, vestígios arqueológicos,
inscrições etc.
CONJUNTOS: grupos de construções.
SÍTIOS: obras humanas ou naturais de valor estético, histórico, etnológico ou
científico.
MONUMENTOS NATURAIS: formações físicas ou biológicas.
FORMAÇÕES GEOLÓGICAS OU FISIOGRÁFICAS: hábitat de espécies animais e
vegetais ameaçadas de extinção.
SÍTIOS NATURAIS: áreas de valor científico ou de beleza natural.
Floresta da Tijuca Forte de Copacabana
Passeio público Vista do Rio de Janeiro (mar e montanhas)
BENS (imateriais) REGISTRADOS PELO IPHAN
Estão sob a proteção do IPHAN 26 bens registrados como Patrimônio Cultural
do Brasil, sendo seis celebrações, dez formas de expressão, oito saberes
e dois lugares.
Arte Kusiwa (pintura corporal): sistema de representação gráfico
próprio dos povos indígenas Wajãpi, do Amapá, que sintetiza seu
modo particular de conhecer, conceber e agir sobre o universo.
Ofício das paneleiras de Goiabeiras
O saber envolvido na fabricação artesanal de panelas de barro foi o primeiro bem
cultural registrado, pelo IPHAN, como Patrimônio Imaterial no Livro de Registro dos
Saberes, em 2002. O processo de produção no bairro de Goiabeiras Velha, em
Vitória, no Espírito Santo, emprega técnicas tradicionais e matérias-primas
provenientes do meio natural. A atividade, eminentemente feminina, é
tradicionalmente repassada pelas artesãs paneleiras, às suas filhas, netas,
sobrinhas e vizinhas, no convívio doméstico e comunitário.
Círio de Nossa Senhora do Nazaré
O Círio de Nossa Senhora de Nazaré é uma celebração religiosa que ocorre em Belém
(PA), inscrita no Livro das Celebrações, em 2004. Os festejos envolvem vários rituais
de devoção religiosa e expressões culturais, e reúnem devotos, turistas e curiosos de
todas as partes do Brasil e de países estrangeiros. Acontecem em vários municípios
do Pará - Acará, Curuçá, Parauapebas, São João, entre outros - onde se cultua a
festividade de Nossa Senhora de Nazaré.
Modo de fazer viola de cocho
A viola de cocho é um instrumento
musical singular quanto à forma e
sonoridade, produzido
exclusivamente de forma
artesanal, com a utilização de
matérias-primas existentes na
Região Centro-Oeste do Brasil. Sua
produção é realizada por mestres
cururueiros, tanto para uso
próprio como para atender à
demanda do mercado local,
constituída por cururueiros e
mestres da dança do siriri.
Oficio de Sineiro
O Ofício de Sineiro tem importância fundamental na produção e reprodução dos toques
que caracterizam e diferenciam territórios e comunidades, contribuindo para a
permanência da prática de tocar sino nas cidades mineiras como uma forma de
comunicação e identidade. O Ofício de Sineiro foi inscrito no Livro de Registro dos
Saberes, em 2009.
Tendo como referência as cidades de São João del Rei, Ouro Preto, Mariana, Catas Altas,
Congonhas do Campo, Diamantina, Sabará, Serro e Tiradentes, em Minas Gerais, é uma
prática tradicional, vinculada ao ato de tocar os sinos das igrejas católicas para anunciar
rituais e celebrações religiosas, atos fúnebres e marcação das horas, entre outras
comunicações de interesse coletivo.
A tradição do toque dos sinos, eminentemente masculina, se mantém viva nessas
cidades como referência de identidade cultural da população local, e como atividade
afetiva, lúdica e devocional de sineiros voluntários e profissionais. A estrutura,
composição e o saber tocar sinos estão na memória e na habilidade dos sineiros, que
conhecem de cor um repertório não escrito de toques, constituído de pancadas,
badaladas e repiques (executados com o sino paralisado) e de dobres (executados com o
sino em movimento), adequados às ocasiões festivas ou fúnebres.
Modo artesanal de fazer queijo de Minas nas regiões do Serro e das serras da
Canastra e do Salitre
A produção artesanal do queijo de leite cru nas regiões do Serro e das serras da
Canastra e do Salitre em Minas Gerais representa até hoje uma alternativa bem
sucedida de conservação e aproveitamento da produção leiteira regional, em áreas
cuja geografia limita o escoamento dessa produção. O modo artesanal de fazer queijo
constitui um conhecimento tradicional e um traço marcante da identidade cultural
dessas regiões. Foi inscrito no Livro dos Saberes em 2008.
Roda de capoeira
A Roda de Capoeira - inscrita no Livro de Registro das Formas de Expressão, em de
2008 - é um elemento estruturante desta manifestação, espaço e tempo onde se
expressam simultaneamente o canto, o toque dos instrumentos, a dança, os golpes, o
jogo, a brincadeira, os símbolos e rituais de herança africana - notadamente banto -
recriados no Brasil. Profundamente ritualizada, a roda de capoeira congrega cantigas
e movimentos que expressam uma visão de mundo, uma hierarquia e um código de
ética que são compartilhados pelo grupo. Na roda de capoeira se batizam os
iniciantes, se formam e se consagram os grandes mestres, se transmitem e se
reiteram práticas e valores afro-brasileiros.
INSTITUTO FEDERAL DE SANTA CATARINA
Campus Garopaba
PATRIMÔNIO HISTÓRICO E CULTURAL
Professor Viegas Fernandes da Costa
Referências:
Site da UNESCO.
Site do IPHAN.
Site da Fundação Catarinense de Cultura.
BARRETO, Margarita. Patrimônio, gentrificação e turismo.
(mimeo).
FUNARI, Pedro Paulo & PELEGRINI, Sandra C. A. Patrimônio
histórico e cultural. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006.
Material produzido para o componente
curricular “História Local” do curso de Condutor
Ambiental de Imbituba.
10/10/2013.