Slides da aula sobre "Motivação no tratamento da dependência química" ministrada pela Psicóloga Ana Carolina Schmidt de Oliveira, no dia 03/07/2013 pela Eventials.
A Motivação no Tratamento da
Dependência Química
Ana Carolina Schmidt de Oliveira
Psicóloga CRP 06/99198
Especialista em Dependência Química
UNIAD/UNIFESP
Mestranda UNIFESP
Perguntas
Por que há pessoas com problemas com drogas e não
quer ou não consegue parar?
Por que hora a pessoa quer parar de usar drogas e hora
não quer?
Por que a pessoa quer parar de usar e não para de vez?
Como tratar um DQ que não vê problemas em usar
drogas?
A recaída é o fim da linha?
Motivação
• É um estado de prontidão ou ânsia para a
mudança.
• Não é inerente e estática. É variável ao
longo do tempo e das situações.
• É essencial para o sucesso do tratamento.
Ambivalência
• A hesitação faz parte da natureza humana, nem todos
estarão preparados, desejosos e habilitados para
mudar.
• “Hora quer, Hora não quer”, “ Quero mas não quero”
• Atração e repulsão pela droga.
• A ambivalência é normal, aceitável e compreensível.
Ex: casamento, gravidez, mudança de emprego, de
casa, dieta)
Pré Contemplação
• “Namoro com a
droga”
• Não percebe ou
nega prejuízos
• Não vê motivos
para mudar
• Não faz nada para
mudar
Pré Contemplação
• Família:
– Cuidar-se
– Colocar limites assertivamente
– Buscar informações/ ajuda
• O que fazer:
– Diálogos Abertos
– Levantar dúvidas
– Assertividade
– Objetividade
• O que não fazer:
– Confrontar
Contemplação
• Já percebe algum
prejuízo
• Hora quer, hora
não quer parar –
Ambivalência
• Não faz nada para
mudar
Contemplação
• Família
– Fornecer informações
– Oferecer ajuda e tratamento sem confronto
• O que fazer:
– Evocar razões para mudança
– Colocar os riscos de não mudar
– Fortalecer autoeficácia
– Entrevista Motivacional
– Balança decisória
• O que não fazer:
– Impor ajuda especializada
Preparação
• Já percebe os
prejuízos decorrentes
do uso de drogas
• Já está disposto a
mudar
• Procura ajuda
• Ainda não fez
nenhuma tentativa
para parar
Preparação
• Família:
– Ajudar na mudança do comportamento
– Não sobrecarregar com “tudo o que ele precisa fazer”
e perguntar o que ele acha
• O que fazer:
– Oferecer ajuda imediata
– Acolher
– Gerenciamento de caso – decidir melhor linha de
ação
• O que não fazer
– Longas filas de espera
– Sobrecarregar de intervenções
Ação
• Família:
– Ficar atenta a recaídas
– Não achar que “curou”
– Não boicotar o que for conquistado
• O que fazer:
– Acompanhamento regular
– Ajudar nos passos da mudança
Recaída
• Não é um estágio
• Mais regra do que
exceção
• Não significa que
“não tem jeito”, mas
que faltou aprender
algo no processo
Recaída
• Família:
– Não recair junto
– Ajudar a se reerguer
– Reforçar autoestima
– Ser mais ativa no tratamento
• O que fazer:
– Reforçar compromisso com o tratamento
– Avaliar a situação
– Ajudar a chegar na ação novamente
• O que não fazer:
– Julgar
– Agir como codependente
– Não banalizar, nem supervalorizar
• Família:
– Fase mais fácil
– Ficar atenta a fatores de risco
– Não boicotar
• O que fazer:
– Planejamento de alta e encaminhamentos
– Prevenção da Recaída
– Lidar com “tédio”
• O que não fazer:
– Banalizar riscos de recaída
– Não encaminhar para rede
Entrevista Motivacional
• William Miller e Stephen Rollnick
• Coloca fim em “Só se pode ajudar quem quer
parar”
• É um método de comunicação para ajudar o
indivíduo a reconhecer e fazer alguma coisa sobre
um problema
• Propõe-se ajudar a pessoa resolver sua
ambivalência
• Terapeuta suportivo
• Cliente ativo e responsável
Princípios gerais
• Expressar empatia
– Essencial. Deve ser utilizada durante todo o
processo. “Aceitação”, não julgar, não criticar,
não culpar. Não significa concordar, nem
aprovar. Parece libertá-las para a mudança.
• Desenvolver discrepância
– A mudança é motivada pela compreensão
entre a discrepância do comportamento
presente e a importância de valores e
objetivos do cliente.
Princípios gerais
• Estimular autoeficácia
– A crença da pessoa na possibilidade de mudança é um
importante
– O cliente é responsável por optar e a realizar a mudança
– A própria convicção do profissional torna-se uma
autoprofecia
• Fluir com a resistência
– Evitar argumentação
– Resistencia não é sinônimo de oposição direta
– Novas perspectivas são sugeridas
– A resistência é um indicativo para reagir de forma
diferente
O que funciona?
• Metodologia da entrevista motivacional PARR
• P: Perguntas abertas (como posso te ajudar? O que você
gosta na droga? O que você quer fazer quanto a bebida?
Na sua opinião, o que considera importantes motivos para
parar de fumar?)
• A: afirmar- reforço positivo (apoio, elogios, compreensão-
obrigada por ter vindo! Essa é uma boa idéia! Você me
parece bem disposto!)
• R: refletir (como o terapeuta responde ao que o cliente diz,
de maneira autêntica e fiel.- simples, amplificada, dupla,
de sentimentos)
• R: Resumir (conectar assuntos, mostrar que escutou,
ajuda organizar ideias)
• 2:1 duas estratégias para cada pergunta, com preferência das reflexões.
Estratégias Gerais de Motivação
• As 8 estratégias de Miller (1985)
– Oferecer Orientação
– Remover Barreiras
– Proporcionar Escolhas
– Diminuir Aspecto Desejável do Comportamento
– Praticar Empatia
– Proporcionar Feedback
– Esclarecer objetivos
– Ajudar ativamente
O que não funciona?
• Armadilha da Pergunta- Resposta
• Armadilha Confronto-Negação
• Armadilha do Especialista
• Armadilha da Rotulação
• Armadilha do Foco Prematuro
• Armadilha da Culpa
Referências
• Livro: Entrevista Motivacional: preparando as
pessoas para a mudança de
comportamentos adictivos. Miller e Rollnick.
• Livro: Dinâmicas de Grupo Aplicadas no
Tratamento da Dependência Química. Figlie,
Melo e Payá.
• Livro: Dependência Química: prevenção,
tratamento e políticas públicas. Diehl,
Cordeiro e Laranjeira.
• Livro: Aconselhamento em Dependência
Química. Figlie, Bordin e Laranjeira.