4. Onde se situa?
O Estado islâmico controla quase metade do
território da Síria e uma parte do norte do Iraque,
separando o território curdo do resto do Iraque. A
sua capital de fato é Raqqa, perto da qual se situa a
barragem de Tabqa, a maior do rio Eufrates e da
Síria. Controla cidades como Deir es-Zour
(importante centro petrolífero da Síria), Sinjar (a
maior da comunidade yazidi), Mossul, a segunda
cidade do Iraque, com 1,8 milhão de habitantes.
5. “Não há deus a não ser ALAH, Maomé é o mensageiro de ALAH”.
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20. E.I. ou E.I.I.L. ou I.S.I.S.
É uma organização política que professa o islamismo
sunita e foi fundada na Jordânia, em1999, com o
nome de Jama'at al-Tawhid wal-Jihad (Grupo de
Monoteísmo e Jihad) por Abu Musab al-Zarqawi;
O grupo Estado Islâmico nasceu como uma
derivação da Al-Qaeda, fundamentado na ideologia
pan-islâmica de Sayyid Qutb, antigo líder da
Irmandade Muçulmana. Contudo, as ações do EI
ficaram gradativamente mais radicais, até mesmo
para os padrões da Al-Qaeda, o que provocou a
separação entre as duas organizações terroristas.
21. Surgimento
O Estado Islâmico no Iraque e na Síria (Isis) foi criado
em 2013 e cresceu como um braço da organização
terrorista al-Qaeda no Iraque. No entanto, no início
deste ano, os dois grupos romperam os laços. No final de
junho, os extremistas declararam um califado, mudaram
de nome para o Estado Islâmico (EI) e anunciaram que
iriam impor o monopólio de seu domínio pela força. O
EI é hoje um dos principais grupos jihadistas, e analistas
o consideram um dos mais perigosos do mundo.
22. Como surgiu?
A maior ameaça terrorista desde a Al-Qaeda surgiu
lentamente. Existem dois fatores que
significativamente contribuem e que permitiram
grandes partes do Iraque e da Síria para cair em
território jihadista. Um deles é a guerra civil na Síria, o
que permitiu combatentes do Iraque e do resto do
mundo ganhar experiência na guerra, que os ajudou a
encontrar doadores e deu-lhes uma causa pela qual
lutar. A reação tardia da comunidade internacional
para responder ao conflito sírio também desempenhou
um papel importante.
23. Como surgiu?
As origens da EI volta à guerra civil iraquiana, no
período que se seguiu à invasão norte-americana em
2003 Não havia como a organização ter crescido tão
rápido como o fez sem o apoio de sunitas iraquianos.
Durante anos, eles foram postos de lado pelo governo
do primeiro-ministro xiita Nouri al-Maliki, e muitos
ainda estão presos no ressentimento nostálgico de ter
perdido a supremacia que gozavam durante a era de
Saddam Hussein, ele mesmo um sunita.
24. Histórico
Apesar de fundado na Jordânia, o grupo desenvolveu-se no
Iraque, na resistência à invasão dos Estados Unidos e aliados. Em
2004, o grupo ligou-se a Osama bin Laden e mudou de nome
para Al-Qaeda no Iraque, tornando-se uma das principais forças
da resistência. Os seus objetivos eram forçar a retirada das tropas
ocupantes, derrubar o governo títere iraquiano, assassinar os
colaboracionistas, derrotar as milícias xiitas e estabelecer um
Estado puramente islâmico. Com a morte de al-Zarqawi em
2006, o grupo juntou-se a outras organizações sunitas e formou o
Estado Islâmico do Iraque. Mas a sua influência diminuiu diante
da criação dos conselhos de líderes tribais sunitas Sahwa
(Despertar), que rejeitavam as suas táticas ultraviolentas.
25. Histórico
Em 2010, assumiu o comando Abu Bakr Al-Baghdadi que
reorganizou o grupo, e voltou a crescer à medida em que o
próprio governo iraquiano, dominado pelos xiitas, marginalizava
os sunitas e incentivava os conflitos sectários. A nova liderança
levou a organização a envolver-se também na guerra da Síria,
onde combateu o governo de Bashar al-Assad. Em 2013, Abu Bakr
Al-Baghdadi anunciou a unificação das forças do Iraque e da Síria
numa só organização, o Estado Islâmico do Iraque e do Levante
(EIIL, ou ISIS, sigla em inglês).
Em junho de 2014, o EIIL, depois de uma imparável ofensiva que
o levou a conquistar dezenas de cidades, entre elas as estratégicas
Raqqa na Síria e Mossul no Iraque, proclamou a criação de um
Califado, o Estado Islâmico.
26. Então, o Estado Islâmico é um
estado?
Seria melhor chamar-lhe um protoestado, com uma
existência ainda muito curta e futuro incerto, mas que
procura organizar-se com estado, pondo de pé um
sistema de cobrança de impostos e uma nova legislação
baseada na interpretação mais rigorista da Sharia, a lei
islâmica. O território que controla atualmente não é
desprezível.
27. Qual é o tamanho do Estado
Islâmico
Como não se trata de um estado consolidado
nem reconhecido e muitas áreas estão em
disputa e uma guerra está em curso, o cálculo
é difícil, calcula-se a área em cerca de 210 mil
quilômetros quadrados, mais ou menos
equivalente à área total da Grã-Bretanha, mas
que inclui territórios desabitados.
28. Quem é Abu Bakr al-Baghdadi?
O nome de nascimento é Awwad Ibrahim Ali al-Badri al-Samarrai e
nasceu na cidade iraquiana de Samarra. Tem 43 anos e acredita-se
que começou a carreira como pregador salafista. Envolvido na
resistência à ocupação, foi preso pelas tropas norte-americanas na
prisão de Camp Bucca. Mas há versões divergentes quanto a esta
detenção: al-Baghdadi terá estado preso entre fevereiro e dezembro
de 2004; ou entre 2005 e 2009. Seja em que período for, parece
coincidir a versão que diz que foi libertado por decisão de uma
comissão de revisão dos processos dos presos.
Em maio de 2010, o EIIL anunciou que al-Baghdadi era o novo líder
da organização. E em 29 de junho de 2014, o EIIL anunciou a
criação do califado e a sua nomeação como califa, com o nome de
Ibrahim.
29. De onde vem o financiamento do Estado
Islâmico?
A maior fonte atual de financiamento do EI é o petróleo iraquiano.
Mossul, uma das cidades dominadas pelo grupo, produz cerca de 2
milhões de barris de petróleo por dia. O EI também controla a central
de gás de Shaar, e Deir es-Zour, o maior centro petrolífero da Síria.
Calculam-se que o EI ganhe um milhão de dólares por dia com a
exploração do petróleo iraquiano, vendendo petróleo no mercado
negro a 30,00 $.
Além disso, o EI está implantando um sistema de impostos nas áreas
conquistadas.
Quando ainda não possuía território ou poço de petróleo, o
financiamento veio do apoio da Arábia Saudita e dos países do Golfo.
30. Objetivos
Os objetivos do Estado Islâmico é expandir o seu
califado por todo o Oriente Médio, que se pautaria pela
Sharia, a Lei Islâmica interpretada a partir do Alcorão,
e estabelecer conexões na Europa e outras regiões do
mundo, com o propósito de realizar atentados que lhes
possam conferir autoridade através do terror. A
concepção de Jihad, ou Guerra Santa para o Islã, que o
EI possui é a mesma de outras organizações
terroristas, como a Al-Qaeda ou o Hamas: expandir o
modelo teocrático radical islâmico de governo pelo
mundo, por meio dos métodos terroristas.
31. Adesões
É curiosa a grande adesão de simpatizantes não
islâmicos e, frenquentemente, de origem europeia às
causas do EI. Muitos jovens do Ocidente se oferecem
para integrar o grupo e servir ao seu propósito jhadista.
Esse tipo de comportamento preocupa vários chefes de
estado da Europa, sobretudo pela possibilidade de
infiltração que tais jovens, treinados como terroristas,
possam realizar em solo europeu ou de outras
localidades.
32. Os E.U.A.
Em agosto de 2014, os Estados Unidos da América
fizeram cerca de 120 ataques aéreos contra instalações
do Estado Islâmico no Iraque. Os EUA também
preveem ataque ao EI em solo sírio, formando mais
uma frente, com o auxílio de combatentes iraquianos e
do exército da Síria.
33. Combatentes do E.I.
Nacionalidades
Na Síria, a maioria dos combatentes em terra são sírios,
mas seus comandantes costumam chegar do exterior e
lutaram no Iraque, Chechênia e Afeganistão. No
Iraque, a maioria dos combatentes são iraquianos.
Muitos de seus chefes militares são iraquianos ou
líbios, enquanto os líderes religiosos são sauditas ou
tunisianos.
O EI também conta com centenas de combatentes
francófonos, como franceses, belgas e magrebinos.
34. Ideologia
O E.I. nunca jurou lealdade ao chefe
da Al-Qaeda, mas o grupo defende o
mesmo tipo de ideologia jihadista,
baseado na SHARIA (lei islâmica,
baseada no corão).
35. Na Síria
• Na Síria é considerado a força combatente mais eficaz
contra o regime do presidente Bashar al-Assad.
Mas depois de ter sido acolhido favoravelmente por
alguns rebeldes sírios, acabou pegando em armas
contra eles.
Esta mudança se deveu a sua vontade hegemônica e às
atrocidades que são atribuídas ao grupo, sobretudo o
sequestro e a execução de civis e de rebeldes de
movimentos rivais.
36. Decapitações
Em menos de um mês, entre agosto e setembro de
2014, o grupo divulgou três vídeos em que seus
combatentes decapitam reféns ocidentais que estavam
presos na Síria - dois jornalistas norte-americanos e
um agente humanitário britânico - e ameaçam
executar mais reféns, em retalização aos ataques
aéreos promovidos pelos Estados Unidos contra
posições do grupo no Iraque.
37. Combatentes ocidentais
O Estado Islâmico conta com um vasto
grupo de extremistas: entre 3 mil e 5 mil
milicianos, muitos deles estrangeiros.
Vídeos divulgados pelo grupo jihadista
mostram britânicos que aderiam à causa
islâmica e à luta armada.
38. Ações cruéis
Nos conflitos nos quais participou, o grupo
foi acusado de diversas atrocidades, como
sequestros, assassinato de civis e torturas. A
milícia é considerada extremamente
agressiva e eficiente em combate. O avanço
dos jihadistas levou os EUA a
bombardearem alvos rebeldes.
39. Perseguição religiosa
O ISIS obriga as pessoas que vivem nas áreas que
controla, sob ameaça de pena de morte, tortura ou
mutilação, a se converter ao islamismo e viver de
acordo com a sua interpretação do islã sunita e a lei
sharia. O grupo direciona a violência principalmente
contra muçulmanos xiitas, assírios, caldeus, siríacos,
cristãos armênios, Yazidis, drusos, shabacks e
mandeanos.
A Anistia Internacional acusou o ISIS de promover
uma limpeza étnica dos grupos minoritários que vivem
no norte do Iraque.
40. Tratamento dado aos civis
Durante o conflito no Iraque em 2014, o ISIS
lançou vídeos mostrando maus-tratos contra
civis, direcionados com base na religião ou
etnia das pessoas.
Todas as mulheres da cidade são obrigados a
usar o véu niqab e calças são proibidas.
Ladrões têm suas mãos decepadas e os
adversários são crucificados ou decapitados
publicamente, as imagens destes atos horríveis
depois são postadas em redes sociais.
41. Tratamento dado aos civis.
Os poucos salões de beleza que ainda estão abertos são
obrigados a cobrirem de preto as fotos de mulheres na
embalagem para soluções de coloração capilar.
Casamentos só estão autorizados sem música. E nos
mercados de gado, as partes traseiras de caprinos e
ovinos devem ser cobertos, a fim de impedir os
homens de visualização de seus órgãos genitais e ter
pensamentos impróprios.
Qualquer pessoa apanhada na rua durante os cinco
momentos de oração diários está arriscando sua vida.
42. Tratamento dado aos civis.
Além da proibição da venda e uso de álcool ;proibiram
a venda e uso de cigarros ; "música e canções em
carros, em festas, em lojas e em público, assim como
fotografias de pessoas nas vitrines das lojas“;
Os cristãos que vivem em áreas sob controle ISIS que
queiram permanecer no território do "califado" tem
apenas três opções: se converter ao islamismo; pagar
um imposto religioso (o jizya); ou morrer.
43. Denúncias de violência sexual
De acordo com um relatório, a captura de cidades
iraquianas pelo ISIS em junho 2014 foi acompanhada
por um aumento nos crimes contra as mulheres,
incluindo sequestro e estupro.
"Eles costumam levar as mulheres mais velhas a um
mercado de escravos improvisado e tentam vendê-las.
As meninas mais jovens ... são estupradas ou forçadas a
casar com os combatentes. É baseando-se nesses
casamentos temporários e que esses militantes têm
feito sexo com essas meninas, quando então eles
simplesmente as passam para outros combatentes“.
44. O Estado Islâmico veio trazer alterações no panorama
geoestratégico da região?
Sem dúvida. Mesmo sem uma aliança
formal, os Estados Unidos e o Irã estão lado
a lado contra o inimigo comum, o EI; os EUA
estão a bombardear o EI, para satisfação de
Bashar al-Assad, inimigo declarado de
Washington.
45. O que virá em seguida? E quem vai aproveitar-se
deste realinhamento?
A curto prazo, parece haver três óbvios vencedores. O
primeiro é o próprio Califado. A reentrada dos Estados
Unidos no conflito militar do Iraque permite que o Califado
se apresente como uma força fundamental para desafiar o
demónio incarnado, os Estados Unidos. Servirá para atrair
muitos novos recrutas, especialmente do mundo ocidental.
E pode-se esperar que tentará envolver-se em atividades
hostis no interior dos Estados Unidos e na Europa
ocidental. Esta vantagem de curto prazo irá evidentemente
entrar em colapso se o Califado sofrer revezes militares
pesados. Mas vai demorar algum tempo antes que isto
ocorra, se é que vai acontecer. O exército do Califado parece
ainda ser a força militar mais moralizada e treinada na
região.
46. O que virá em seguida? E quem vai aproveitar-se
deste realinhamento?
Um segundo grande vencedor é Bashar al-Assad. O
apoio externo às forças anti-Assad foi sempre inferior
ao decisivo, e é provável que diminua mais ainda a
curto prazo, à medida em que mais e mais opositores
sírios se alinhem com o Califado.
O terceiro grande vencedor são os curdos, que
consolidaram a sua posição no Iraque e melhoraram as
suas relações com os curdos da Síria. Irão agora receber
mais armas dos países ocidentais e possivelmente de
outros, fortalecendo ainda mais as suas forças
militares.
47. Ações Externas
Países como Arábia Saudita, Irã e Rússia, em grande
parte responsáveis pelo caos no Oriente Médio,
seguem em silêncio. Estados Unidos, França e Turquia,
igualmente culpados, cogitam ações humanitárias,
uma forma de aplacar a ambiguidade moral gerada
pela convivência entre seus regimes democráticos e
seus interesses geopolíticos. Geralmente, o termo
genocídio é carregado de significado político e usado
de forma equivocada.