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Curso de Pós-Graduação em Dinâmica dos Grupos
              desenvolvido pela Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos – SBDG
                    em parceria com as Faculdades Monteiro Lobato – FATO
                         Coordenação: Samara Maria M. F. Costa e Silva
                                   e Carmem Maria Sant’Anna




           Os impactos dos estilos de liderança
        no comportamento dos membros de grupo
               identificados no filme Avatar

                                  Gracielle de Almeida Campos
                                         Thalita Fonseca
                                    Tereza Nobuko Belmonte
                                  Wilson Roberto Palermo Ortega


Resumo – O objetivo deste trabalho é a análise dos impactos dos estilos de liderança no comportamento
dos membros dos grupos identificados no filme Avatar. Através de cenas do filme, observou-se o
comportamento dos personagens coronel Quaritch e Jake Sully, com destaque nas situações em que os
mesmos exercem o papel de líder, cada qual com sua forma de liderar. A análise está baseada
principalmente no estilo de liderança autocrática e democrática, assim, vinculou-se cenas que evidenciam
como o comportamento do líder impactou no processo grupal ao exercer a liderança. Para fundamentação
teórica desta abordagem, utilizou-se os conceitos de Kurt Lewin e Fela Moscovici.
Palavras chave – Estilos de liderança. Motivação.

Abstract – The aim of this study is analyze the impact of leadership styles on the behavior of members of
groups identified in Avatar. Through the scenes of the film, was observed the characters Colonel Quaritch
and Jake Sully, especially in situatios where they exert a lidership role, each with it’s way of leading. The
analysis is based primarily on leadership style autocratic and democratic, so scenes that show how to tie the
leader's behavior may impact the group process by exercising their leadership style. Theoretical basis for
this approach, we use the concepts of Kurt Lewin and Fela Moscovici.
Keywords – Leadership styles. Motivation.



        INTRODUÇÃO

        Para o propósito deste trabalho serão analisados os aspectos dos estilos de
liderança e a sua influência no processo grupal observados nas cenas do filme Avatar.
Neste sentido, o objetivo deste artigo é mostrar cenas em que o coronel Quaritch e Jake
Sully evidenciam suas formas de liderar ao exercer o seu papel de líder, bem como
demonstrar as hipóteses que estimularam as pessoas dos grupos de relacionamento
(soldados e os Omaticaya) para mudanças de comportamento. Destacamos que para
ocorrer essa mudança pressupõe-se que as atitudes do líder influenciam diretamente na

                                SBDG – Caderno 134  Os impactos dos estilos de liderança...               1
capacidade de mudança, principalmente quando conhece as necessidades do grupo e
assim pode estimular as pessoas para o atingimento de objetivos comuns. Na posição de
líder, os personagens coronel Quaritch e Jake Sully desempenham a liderança autocrática
e democrática, respectivamente, e a partir desses comportamentos as pessoas de seus
grupos de relacionamento foram estimuladas a mudarem seus objetivos, a exemplo da
piloto Trudy, que pertencia ao grupo de soldados liderados pelo coronel Quaritch e
depois se voltou contra o próprio exército passando a lutar junto com Jake Sully em
defesa dos Na'vi, chegando a morrer pela causa. No caso de Jake, após conviver com os
Navi, conhecer a cultura e costumes e ser aceito como um deles, Jake se afastou dos
humanos e passou a liderar os Omaticaya e lutar em defesa de Pandora. Assim, ficou
evidenciado como uma pessoa numa posição de líder pode influenciar as demais pessoas
a partir de sua forma de liderar.
       A análise do material baseou-se nos conceitos de estilos de liderança, utilizando-
se os fundamentos de Lewin e Moscovici para vinculação da teoria com os aspectos de
liderança autocrática e democrática observados no filme Avatar.



1      O FILME AVATAR

       Título Original: Avatar. Gênero: ação/ficção. Tempo de duração: 161 minutos.
Ano de lançamento: 2009 (EUA). Direção: James Cameron. Roteiro: James Cameron.
Produção: Jon Landau e James Cameron. Música: James Horner. Mauro Fiore. Elenco):
Sigourney Weaver (Dr. Grace Augustine), Sam Worthington (Jake Sully), Stephen Lang
(Cel. Quaritch) Michelle Rodriguez (Trudy Chacon), Zoe Saldana (Neytiri), Laz Alonso
(Tsu'Tey), Joel David Moore (Norm Spellman), Dileep Rao (Dr. Max Patel), Giovanni
Ribisi (Selfridge).



2      RESUMO DO FILME AVATAR

       A história de Avatar se passa no futuro, no ano 2154 d.C. A ação ocorre em
Pandora, uma lua que está na órbita de Poliphemus, um planeta gasoso que fica em Alfa
Centauro. Em Pandora vivem os Na’vi, uma raça humanoide bastante primitiva e muito
sábia. O Planeta Pandora tem uma riqueza de biodiversidade e os Na'vi, com língua e
cultura própria, que entra em choque com os humanos vindos da Terra. Como forma de

                            SBDG – Caderno 134  Os impactos dos estilos de liderança...   2
inserir os humanos entre o povo Na’vi e aprender sobre seu mundo e sua cultura, os
pesquisadores criaram em laboratório, híbridos humanos, através da manipulação
genética, fundindo DNA humano com os do povo Na’vi, os avatares. O projeto é
coordenado pela Dra. Grace Augustine e esses híbridos humanos são controlados por
meio de projeção e consciência e desta forma possibilitam os humanos a viverem entre os
Na’vi.
         O filme tem a trama centrada em Jake Sully, ex-fuzileiro paraplégico que vai a
Pandora interessado no dinheiro para uma operação que possibilitaria a cura da sua
paralisia. Ele foi escolhido porque o seu irmão gêmeo era um cientista que foi treinado
por muitos anos para participar do programa Avatar em Pandora. Dra. Grace ficou
insatisfeita com o envio de Jake, pois não lhe interessava um ex-fuzileiro que não tinha
nenhum conhecimento da cultura Navi, mas a equipe de pesquisadores recebe Jake no
programa, por falta de alternativa.
         Os humanos têm o objetivo de explorar um precioso minério existente em
Pandora (Unobtainium) que seria a solução para resolver a crise energética da Terra.
Parker Silfridge, chefe da operação mineradora, emprega ex-soldados como mercenários,
liderados pelo coronel Quaritch. Como os Na'vi se tornaram um grande obstáculo para a
exploração do minério, Jake Sully é designado para se infiltrar entre os Na'vi e sob a
forma de avatar ele volta a andar. A Dra. Grace, Norm Spellman (biólogo) e Jake estão
na floresta de Pandora e Jake se separa do grupo após ser atacado por uma criatura do
local. Depois é salvo por uma Na'vi fêmea chamada Neytiri, que a princípio queria deixá-
lo, mas depois decide levá-lo para a Árvore Lar, onde mora o seu clã, os Omaticaya, após
um sinal de Eywa.
         O coronel Quaritch fica sabendo da ligação de Jake com Neytiri; conversa com
Jake e promete dar-lhe pernas funcionais em troca de trazer informações do inimigo, que
fica em cima de uma reserva de Unobtainium. Após a convivência com os Omaticaya,
Jake passa por vários testes e aventuras, é aceito pelo clã de Neytiri e passa a respeitar a
cultura dos Na'vi tornando-se um deles.
         Começa então o conflito de Jake – lutar ao lado de sua raça, mantendo lealdade
com os humanos, ou defender os Na'vi porque passou a entender e respeitar a cultura e
assumiu um lugar entre eles. Os humanos atacam a floresta de Pandora e Jake ataca uma
das máquinas da RDA (empresa mineradora). Ao ver essa mudança de Jake, o Cel

                           SBDG – Caderno 134  Os impactos dos estilos de liderança...   3
Quaritch desliga Jake de seu avatar e descobre um vídeo-diário onde Jake diz que os
Na’vi não deixarão a região. Quaritch ordena a destruição da Árvore Lar e Jake é
considerado como traidor pelos Omaticaya ao mesmo tempo em que é aprisionado junto
com a Dra. Grace e Norm pelos humanos. Revoltada com os acontecimentos, a piloto
Trudy liberta os prisioneiros e a Dra. Grace é baleada por Quaritch. Para reconquistar a
confiança dos Na’vi, Jake doma Toruk (uma besta que somente cinco Na’vy conseguiram
montar). Jake voa até a Árvore das Almas e pede ajuda deles para salvar Grace.
Infelizmente os ferimentos são graves e a cientista acaba morrendo. Jake se junta ao novo
líder Omaticaya (Tsu’Tey) e mobilizam os diferentes clãs dos Na’vi em Pandora a se
juntar em sua luta. Jake se conecta na Árvore das Almas e pede ajuda para Eywa, no
confronto que acontecerá com os humanos. Nesse interim as tropas de Quaritch planejam
destruir a Árvore das Almas.
       Na batalha, muitos Na’vi morrem, inclusive Tsu’Tey e a piloto Trudy. Quando a
batalha parecia perdida para os Na’vi, a fauna de Pandora contra-ataca os humanos. O
coronel Quaritch, vendo que não conseguiria vencer os Na’vi, foge de sua nave com um
de seus robôs e passa a atacar a estação onde está o controle dos avatares com o corpo de
Jake para destruí-lo. Durante este confronto Jake é salvo por Neytiri, que luta com o
coronel e acaba matando-o.
       O chefe da mineradora (Selfridge) e os militares são expulsos de Pandora e os
cientistas são autorizados pelos Na’vi a ficar no local. Jake se torna líder dos Omaticaya e
tem sua consciência transferida permanentemente para seu Avatar por meio da Árvore
das Almas.



3      OS ESTILOS DE LIDERANÇA E SUA INFLUÊNCIA NO GRUPO

       No filme Avatar foram observados os comportamentos do coronel Quaritch e Jake
Sully e ficaram evidenciadas atitudes que demonstram o estilo de liderança exercido por
esses personagens: autocrática e democrática.
       Inicialmente, faz-se necessário traçar uma distinção entre líder e estilo de
liderança:

                        Um líder é a pessoa no grupo à qual foi atribuída, formal ou
                        informalmente, uma posição de responsabilidade para dirigir e
                        coordenar as atividades relacionadas à tarefa, tendo como maior

                           SBDG – Caderno 134  Os impactos dos estilos de liderança...   4
preocupação a consecução de algum objetivo específico do grupo. Já a
                       maneira pela qual uma pessoa numa posição de líder influencia as
                       demais pessoas no grupo é chamada de “estilo de liderança
                       (MOSCOVICI, 2009, p. 187-188).

       A liderança autocrática para Fela Moscovici (2009, p. 189) é voltada para o
controle/tarefa. No filme é possível observar esse modelo no personagem do coronel
Quaritch, que fala de regras e está sempre dando ordens aos seus liderados com o
objetivo de obter êxito em sua missão. Exemplificamos com a seguinte cena:


Cena: no início do filme, quando Jake chega a Pandora, vê o coronel Quaritch
conversando com os soldados recém-chegados sobre o respeito que devem ter em relação
à Pandora e faz comparação com o inferno. A forma de se expressar por Pandora parece
querer convencer os recém-chegados que tudo lá fora é visto como inimigo, que quer
matar os humanos e se refere aos Na’vi, como seres que usam flechas que paralisam o
coração e são difíceis de matar. Como chefe da segurança o coronel diz que o seu
trabalho é manter os soldados vivos e para isso, eles devem obedecer as regras de
Pandora.


       Acerca dos estilos de liderança há várias abordagens. Moscovici (2009, p. 189)
preceitua que existem dois níveis de atividades de interação no grupo: o nível da tarefa e
o nível socioemocional. A liderança se exerce nos dois níveis, com predominância de um
deles para definição do estilo manifesto de liderança. Este admite duas dimensões
distintas de necessidade do líder: de controle e de participação, que corresponderiam aos
dois níveis de atividade do funcionamento grupal. Os dois estilos de liderança são:
orientado para controle/tarefa e orientado para participação/manutenção e fortalecimento
do próprio grupo. FELA cita também que Kurt Lewin foi um dos precursores a mostrar a
dicotomia entre os estilos autocrático e democrático de liderança.
       Por sua vez, Tanenbaum e Schimidt (apud MOSCOVICI, 2009, p. 189) “indicam
a existência de um contínuo de liderança entre um extremo e outro, do autocrático
(voltado para a tarefa) ao democrático (voltado para as relações), com posições
intermediárias de graus de liberdade do grupo (de liderados) e do líder
(autoridade/poder)”. Para abordagem de poder e autoridade observados em cenas do
filme Avatar:

                           SBDG – Caderno 134  Os impactos dos estilos de liderança...   5
O poder legítimo é chamado autoridade e é atribuído pela organização
                        formal, constituindo-se em elemento da estrutura hierárquica dos grupos
                        sociais formais”. A relação chefe-subordinado é uma relação de poder
                        legítimo inquestionável. O que se pode questionar, eventualmente, é a
                        modalidade do exercício desse poder, de forma mais ou menos
                        autoritária (MOSCOVICI, 2009, p. 200).

         A cena abaixo descrita parece evidenciar que o coronel, exercendo a sua
autoridade formal, ordenou a destruição de Pandora mostrando que estava no controle e
no poder para cumprir sua missão e a seus liderados cabia somente o cumprimento das
ordens determinadas.


Cena: Os soldados atacam com bombas de fumaça para os Na’vi saírem das árvores, e o
coronel Quaritch, vendo o contra-ataque, autoriza o lançamento de bombas incendiárias e
manda utilizar mísseis e usar os explosivos mais potentes para derrubar a Árvore das
Almas.


         Após conhecer a cultura e os costumes dos Omaticaya notou-se que o personagem
Jake Sully passou a questionar a lealdade para com o coronel Quaritch, já que ele era
fuzileiro e não concordava com as formas que o coronel utilizava para conseguir seus
objetivos, então passou a lutar em favor dos Na’vi.


Cena: Os soldados atacam Pandora e Jake, na forma de avatar, estava junto com Neytiri e
ao ver as máquinas abrindo caminho e deixando um rastro de destruição, sobe em um dos
canhões e grita para os soldados pararem, pega uma pedra e começa a quebrar as câmeras
na tentativa de evitar mais destruição. Vendo a reação de Jake, o coronel vai no
laboratório e contra a vontade dos cientistas, desliga o avatar de Jake, que fica furioso
com a atitude do coronel. Mais tarde, na presença de Jake, da Dra. Grace e o chefe da
mineradora, o coronel mostra um vídeo-diário onde o ex-fuzileiro relata que os Na’vi não
irão sair de Pandora. O coronel Quaritch nota o posicionamento de Jake em relação à
ordem dada ao ex-fuzileiro (infiltrar entre os Na’vi) e diz a ele que “você me
decepcionou, filho”.


         Neste contexto, fica evidenciado que o estilo de liderança do líder autocrático
pode influenciar no comportamento do liderado. Segundo Ziemerman (2000, p.141), “a

                           SBDG – Caderno 134  Os impactos dos estilos de liderança...      6
liderança autocrática habitualmente é exercida por pessoas de característica obssessivo-
narcisísticos, sendo própria de grupos compostos por pessoas inseguras e que não sabem
fazer um pleno uso de sua liberdade”. No filme, podemos fazer uma analogia dessas
pessoas inseguras, como sendo os soldados que tinha obediência total ao seu comandante,
o coronel Quaritch e Jake, por conhecer e respeitar os costumes e valores dos Na’vi não
mais se identificava com as regras e o modo de pensar de seu líder formal, demostrando
que tinha opinião própria e não se sujeitava às ordens do seu líder. Conflito semelhante
em relação às atitudes do coronel pode ser observado com a reação piloto Trudy,
conforme abaixo:


Cena: O coronel Quaritch chama todos os fuzileiros e ordena para usarem missel,
explosivos potentes. A piloto Trudy prepara para atirar assim como os demais fuzileiros e
o coronel dá a ordem de fogo liberado. Devastação e mortes se seguem, fogo queimando
tudo e mísseis sendo atirados seguidamente. A piloto Trudy não atira, desliga o
interruptor e diz “dane-se tudo isso” e dá meia-volta e o atirador pergunta o que ela está
fazendo. Trudy respondeu que “não foi para isso que me alistei”, dá meia-volta com sua
máquina e sai da área de fogo. Quaritch continua ordenando para atirar e está calmamente
bebendo e olhando a destruição se alastrar. Ao ver a casa da Árvore totalmente destruída,
cumprimenta o pessoal e diz que paga a primeira rodada à noite.


       Nessa cena fica evidenciado o quanto a relação de poder e autoridade do líder
influencia o comportamento dos liderados. Mais uma vez a atitude do coronel entra em
choque com os valores de um de seus liderados. Neste caso, a piloto Trudy, que deixa de
cumprir a ordem dada.
       O propósito de citar as cenas acima é ressaltar que o indivíduo reagirá em função
de suas necessidades motivacionais, sentimentos, crenças e valores e desta forma, Jake
Sully e Trudy, que a princípio eram liderados pelo coronel Quaritch, passaram a lutar
contra o mesmo porque não concordavam com os métodos e estilo de liderança do seu
superior e acreditavam na cultura e crença dos Omaticaya.




                          SBDG – Caderno 134  Os impactos dos estilos de liderança...   7
4      INFLUÊNCIAS DO ESTILO DE LIDERANÇA NO PROCESSO GRUPAL

       A liderança tem a ver com a relação interpessoal e está implícito nessa relação, os
conceitos de poder e autoridade. O poder pessoal para Fela Moscovici (2009, p. 203), é
exercido sob forma de influência social, a partir de características pessoais carismáticas,
de referência, de conhecimento, de apoio/afeto e de competência interpessoal:

                       O poder consiste na capacidade de uma pessoa conseguir que outra
                       pessoa ou grupo aja da forma desejada pela primeira. A pessoa com
                       poder modifica o comportamento dos outros, manipula-os à sua vonta-
                       de. A autoridade é o poder legitimado socialmente. Uma pessoa recebe
                       a incumbência formal/legal de manipular os outros, tem o direito reco-
                       nhecido de exigir do outros certas formas de conduta por ela propostas
                       (MOSCOVICI, 2009, p. 200)

       Quanto ao poder legítimo ou autoridade, a autora explica:

                       O poder de coerção e o de recompensa, em geral, estão associados ao
                       poder legítimo ou autoridade. O ocupante desta posição tem o pleno
                       direito de punir e/ou recompensar os outros no grupo por ações devidas
                       ou indevidas a seu critério. Entretanto, ameaças de retirada de afeto,
                       censuras, redução de atenção, afastamento e menor comunicação
                       funcionam como poder de coerção nas relações informais. Igualmente,
                       as promessas de recompensa afetiva, verbais e não verbais, represen-
                       tadas por elogios, olhares, sorrisos, abraços, maior atenção e comuni-
                       cação constituem exercício do poder de recompensa sem ligação com a
                       autoridade formal (MOSCOVICI, 2010, p. 45).

       Para os autores deste artigo, o conceito acima está se referindo ao líder formal
onde instituição decide colocá-lo nesta posição o que não garante que desempenhe o
papel de liderança efetivamente. Nosso entendimento, é que a real autoridade é
legitimada pelo conhecimento, relações interpessoais, mais do que a cargos/posições. A
autoridade da posição é efêmera, pode ser um diretor e não ser reconhecido pelo grupo a
sua autoridade. A verdadeira autoridade leva a equipe seguir seu líder de forma
espontânea e motivada, sem coerção, ou seja, sem autoritarismo. Segundo, Le Bon, citado
por Freud (1920-1922), “é uma forma de contágio, de fascinação que desperta nos
membros do grupo”.
       Quando se trata de estilos de liderança é preciso considerar que cada estilo será
utilizado de acordo com os membros do grupo, levando em consideração o conhecimento
e comprometimento de cada um no grupo.


                           SBDG – Caderno 134  Os impactos dos estilos de liderança...    8
Cena: O coronel Quaritch conversa com Jake dizendo que é uma mistura potente um de
seus liderados num corpo de Avatar e que esse fuzileiro (Jake) poderia dar informações
direto do território inimigo. Pede para Sully estudar os selvagens (Na’vi) de perto para
ganhar sua confiança. O interesse do coronel é saber como forçar os Na’vis para
cooperarem ou como abatê-los e Jake confirma que fará o que o coronel pede. Assim, o
coronel Quaritch diz a Jake que ele cuida dos seus liderados e promete dar pernas
verdadeiras para Jake.


       A cena acima demonstra que o coronel utilizava-se do poder de coerção e o de
recompensa para manipular o Jake, com a promessa de dar-lhe “pernas verdadeiras”, com
o objetivo de mantê-lo infiltrado junto ao povo Omaticaya obtendo informações, que
facilitassem o atingimento de seus interesses. Nesse sentido, estava exercendo o seu
poder legítimo pela autoridade que lhe foi conferida por ocupar o cargo de chefe dos
fuzileiros, isto é, exercendo a autoridade inerente do seu papel de líder formal.
       Analisando as cenas descritas anteriormente, os autores deste artigo entendem que
o líder não deve manipular e sim manejar os membros do grupo:

                         A palavra manipulação tem conotação desagradável em ciência social e,
                         por isso mesmo, costuma provocar reações predominantemente emo-
                         cionais. No entanto, o fato é que o coordenador pode manipular as
                         situações do grupo para alcançar resultados momentâneos de impacto,
                         embora muitas vezes inconsequentes, como fogos de artifício.
                         Há muitas formas de manipulação nos processos interativos em grupo.
                         Pode até haver agrado e satisfação por parte dos “manipulados”, porém
                         se o ganho psicológico e social é unilateral, do coordenador apenas, a
                         hipótese de manipulação confirma-se. Quão válida é a utilização dos
                         artifícios sutis ou de sedução psicológica para provocar admiração,
                         prazer e sensação de sucesso, em vez de percorrer o caminho mais
                         árduo e trabalhoso de enfrentar as dificuldades naturais de aprendi-
                         zagem e convivência com os outros? (MOSCOVICI, 2009, p. 283).

       Diante da hipótese de manipulação com ganho psicológico e social de forma
unilateral, surge o dilema ético: até que ponto o líder pode sobrepor-se as necessidades
emergentes do grupo?

                         Os grupos não funcionam no vácuo. Todo grupo humano possui
                         componentes culturais do sistema maior do qual faz parte. Esse
                         contexto varia em cada segmento da comunidade, da sociedade, do país,
                         não pode jamais ser ignorado na condução de qualquer programa
                         educacional.
                            SBDG – Caderno 134  Os impactos dos estilos de liderança...     9
Atitudes e valores, crenças e ideologias predispõem as pessoas a
                        perceber e interpretar as situações; a criar, analisar e avaliar possíveis
                        linhas de ação e soluções; a fazer suas opções com tranquilidade e
                        segurança no respaldo moral da escolha, ou, em caso contrário, a sofrer
                        conflitos intra e interpessoais, sentimentos de culpa, rejeição e
                        isolamento (MOSCOVICI, 2009, p. 280).


5      MOTIVAÇÃO COMO ELEMENTO PARA ANÁLISE
       DO PROCESSO GRUPAL

       Segundo Ervilha (2003, p. 114), cada pessoa tem a sua própria motivação. Por
isso é que não se consegue substituir as pessoas, e sim mostrar a elas como podem
conseguir o que querem e desta forma, se auto-motivar para atingir o seu objetivo. A
diferença é esta: a motivação vem de dentro e o incentivo vem de fora. A motivação é o
desejo de obter ou evitar algo. É também incentivo e a premiação por fazer algo que
queremos. Conhecer seu liderado permite encontrar fontes de incentivos, estímulos para
serem trabalhados. Saber o que a pessoa faria para conseguir algo ou evitar algo.

                        O complexo processo de interação humana exige de cada participante
                        um determinado desempenho, o qual variará em função da dinâmica de
                        sua personalidade e da dinâmica grupal na situação-momento, ou
                        contexto-tempo. Assim, no plano intrapessoal, o individuo reagirá em
                        função de suas necessidades motivacionais, sentimentos, crenças e
                        valores, normas interiorizadas, atitudes, habilidades específicas e
                        capacidade de julgamento realístico; no plano interpessoal influirão as
                        emoções grupais, o sistema de interação, o sistema normativo e a
                        cultura do grupo: no plano situacional, exercerão influência o contexto
                        físico e social imediato, o contexto cultural, o sistema contratado de
                        relações e a dimensão temporal (MOSCOVICI, 2009, p. 186).

       Seguindo a abordagem do estilo de liderança democrática serão exemplificados
nas cenas do filme Avatar, onde o personagem Jake Sully evidencia comportamentos do
seu estilo voltado para o nível socioemocional (voltado para relações) e desta forma
passou a exercer a liderança com a autoridade legitimada pelos Omaticaya de forma
espontânea, motivados pelo comprometimento de Jake para salvar Pandora. Nesse
contexto, Moscovici (2009, p. 203) diz que “o poder pessoal é exercido sob forma de
influência social, a partir de características carismáticas, de referência, de conhecimento,
de apoio/afeto e de competência interpessoal.”




                          SBDG – Caderno 134  Os impactos dos estilos de liderança...        10
Cena: Jake vai conversar com os Na’vi para avisar que um grande mal se aproxima, que
o Povo do Céu vem para destruir a Casa da Árvore e que logo os soldados estarão
chegando. Avisa que eles devem sair ou irão morrer e que sabe disso porque foi enviado
para aprender os costumes e para que desse a mensagem e os Navi acreditassem nele.


Cena: Jake aparece montado em Toruk e se coloca em frente de Tsu’Tey, líder dos
Omaticaya e diz que está pronto para servir o povo e não conseguiria sem a ajuda de
Tsu’Tey e este, vendo Toruk, uma besta que apenas cinco Na’vi conseguiram domar, não
tem dúvidas quanto à lealdade de Jake com os Omaticaya. Jake pede para Tsu’tey
traduzir o que ele tem a dizer para os Na’vi e Jake fala que o Povo do Céu poderá tomar o
que eles quiserem e ninguém poderá impedi-los. Jake fala para o povo “voar mais rápido
que o vento permitir e peçam para os outros clãs que venham, digam que Toruk Macto os
chama. Voem agora, comigo!” O chamado de Jake tem a força e o entusiasmo para
substituir os Na’vi na luta contra os humanos.


Cena: Jake conecta com a Árvore da Vida e ora para Eywa para que veja o mundo de
onde ele veio, não há mais verde lá e farão o mesmo em Pandora e pede ajuda para lutar
contra o Povo do Céu. Neytiri diz que a Grande Mãe (Eywa) não toma partido, ela só
protege o equilíbrio da vida. Mais tarde, a própria Neytiri confirma que Eywa enviou
ajuda quando os animais vêm em auxílio dos Na’vy e enfrentam as máquinas e os solda-
dos comandados por Quaritch. As atitudes de Jake evidenciam a liderança democrática,
quando busca ajuda de todos os membros do grupo e também da Grande Mãe e depois
incentiva os liderados a lutarem por um objetivo comum, lutar contra os militares para
salvar Pandora. O líder clamou pelo envolvimento e participação de todos e assim conse-
guiu uma adesão de forma espontânea. O comprometimento de Jake com a cultura e os
valores do povo Navi fez com que o legitimassem como líder dos Omaticaya e Jake teve
sua alma transferida permanentemente para seu Avatar por meio da Arvore das Almas.



       CONSIDERAÇÕES FINAIS

       A análise do filme Avatar possibilitou-nos identificar os estilos de liderança
autocrática e democrática e os impactos no comportamento dos membros do grupo
identificados nas cenas que foram destacadas do filme. O aspecto que mais chamou a
                         SBDG – Caderno 134  Os impactos dos estilos de liderança...   11
atenção foi a influência do coronel Quaritch no comportamento de Jake Sully e a piloto
Trudy, que por não concordarem com o estilo de liderança do coronel passaram a lutar
contra ele defendendo os Navi. Nesse contexto, percebemos o conflito dos personagens
Jake e Trudy a partir do momento em que os interesses do grupo passaram a ser
diferentes: o coronel tinha o objetivo de destruir Pandora para conseguir o minério a
qualquer custo e por outro lado, Jake e Trudy queriam salvar Pandora porque acreditavam
na cultura, crenças e valores dos Omaticaya e também porque os humanos já tinham
destruído a Terra e não queriam que Pandora passasse pelo mesmo processo.
       O papel do líder autocrático, estilo observado no personagem do coronel Quaritch,
mostrou-nos como uma pessoa que está em uma posição de líder pode ter influência em
outras pessoas a partir do estilo de liderança: totalmente voltado para a tarefa para
cumprimento de sua missão. Por outro lado, no personagem de Jake Sully mostrou que o
estilo de liderança democrática é voltado para a relação com as pessoas, é participativa.
Ao mobilizar os Omaticaya para a luta contra o Povo do Céu, Jake mostrou que a
responsabilidade era de todos e não apenas dele ou Tsu’Tey (líder formal) e assim
mobilizou os Omaticaya para chamar todos os clãs dos Na’vi para a luta contra os
humanos e passou a ser o líder informal na luta contra o Povo do Céu.
       Acreditamos que a análise do filme Avatar sob a ótica da liderança autocrática e
democrática possibilitou-nos comparar as diferenças dessas formas de liderar e como os
líderes podem ter impactos e influências no comportamento do indivíduo e grupo. Neste
trabalho tivemos a oportunidade de fazer a vinculação da teoria com as cenas que
caracterizaram os estilos de liderança.



       REFERÊNCIAS

ERVILHA, A. J. Limão. Liderando equipes para otimizar resultados. 2. ed. São Paulo: Nobel,
2003.
FREUD, Sigmund. Psicologia de grupo e análise do ego. In: Edição standard brasileira das
obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996. v. 18.
LEWIN, Kurt. Problemas de dinâmica de grupo. São Paulo: Cultrix, 1970.
MOSCOVICI, Fela. Desenvolvimento interpessoal: treinamento em grupo. 17. ed. Rio de Janeiro:
José Olympio, 2009.
______. Equipes dão certo. 13. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2010.
ZIMERMAN, David E. Fundamentos básicos das grupoterapias. 2. ed. Porto Alegre: Artmed,
2000.
                           SBDG – Caderno 134  Os impactos dos estilos de liderança...   12

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Os impactos dos estilos de liderança no comportamento dos membros de grupos identificados no filme Avatar

  • 1. Curso de Pós-Graduação em Dinâmica dos Grupos desenvolvido pela Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos – SBDG em parceria com as Faculdades Monteiro Lobato – FATO Coordenação: Samara Maria M. F. Costa e Silva e Carmem Maria Sant’Anna Os impactos dos estilos de liderança no comportamento dos membros de grupo identificados no filme Avatar Gracielle de Almeida Campos Thalita Fonseca Tereza Nobuko Belmonte Wilson Roberto Palermo Ortega Resumo – O objetivo deste trabalho é a análise dos impactos dos estilos de liderança no comportamento dos membros dos grupos identificados no filme Avatar. Através de cenas do filme, observou-se o comportamento dos personagens coronel Quaritch e Jake Sully, com destaque nas situações em que os mesmos exercem o papel de líder, cada qual com sua forma de liderar. A análise está baseada principalmente no estilo de liderança autocrática e democrática, assim, vinculou-se cenas que evidenciam como o comportamento do líder impactou no processo grupal ao exercer a liderança. Para fundamentação teórica desta abordagem, utilizou-se os conceitos de Kurt Lewin e Fela Moscovici. Palavras chave – Estilos de liderança. Motivação. Abstract – The aim of this study is analyze the impact of leadership styles on the behavior of members of groups identified in Avatar. Through the scenes of the film, was observed the characters Colonel Quaritch and Jake Sully, especially in situatios where they exert a lidership role, each with it’s way of leading. The analysis is based primarily on leadership style autocratic and democratic, so scenes that show how to tie the leader's behavior may impact the group process by exercising their leadership style. Theoretical basis for this approach, we use the concepts of Kurt Lewin and Fela Moscovici. Keywords – Leadership styles. Motivation. INTRODUÇÃO Para o propósito deste trabalho serão analisados os aspectos dos estilos de liderança e a sua influência no processo grupal observados nas cenas do filme Avatar. Neste sentido, o objetivo deste artigo é mostrar cenas em que o coronel Quaritch e Jake Sully evidenciam suas formas de liderar ao exercer o seu papel de líder, bem como demonstrar as hipóteses que estimularam as pessoas dos grupos de relacionamento (soldados e os Omaticaya) para mudanças de comportamento. Destacamos que para ocorrer essa mudança pressupõe-se que as atitudes do líder influenciam diretamente na SBDG – Caderno 134  Os impactos dos estilos de liderança... 1
  • 2. capacidade de mudança, principalmente quando conhece as necessidades do grupo e assim pode estimular as pessoas para o atingimento de objetivos comuns. Na posição de líder, os personagens coronel Quaritch e Jake Sully desempenham a liderança autocrática e democrática, respectivamente, e a partir desses comportamentos as pessoas de seus grupos de relacionamento foram estimuladas a mudarem seus objetivos, a exemplo da piloto Trudy, que pertencia ao grupo de soldados liderados pelo coronel Quaritch e depois se voltou contra o próprio exército passando a lutar junto com Jake Sully em defesa dos Na'vi, chegando a morrer pela causa. No caso de Jake, após conviver com os Navi, conhecer a cultura e costumes e ser aceito como um deles, Jake se afastou dos humanos e passou a liderar os Omaticaya e lutar em defesa de Pandora. Assim, ficou evidenciado como uma pessoa numa posição de líder pode influenciar as demais pessoas a partir de sua forma de liderar. A análise do material baseou-se nos conceitos de estilos de liderança, utilizando- se os fundamentos de Lewin e Moscovici para vinculação da teoria com os aspectos de liderança autocrática e democrática observados no filme Avatar. 1 O FILME AVATAR Título Original: Avatar. Gênero: ação/ficção. Tempo de duração: 161 minutos. Ano de lançamento: 2009 (EUA). Direção: James Cameron. Roteiro: James Cameron. Produção: Jon Landau e James Cameron. Música: James Horner. Mauro Fiore. Elenco): Sigourney Weaver (Dr. Grace Augustine), Sam Worthington (Jake Sully), Stephen Lang (Cel. Quaritch) Michelle Rodriguez (Trudy Chacon), Zoe Saldana (Neytiri), Laz Alonso (Tsu'Tey), Joel David Moore (Norm Spellman), Dileep Rao (Dr. Max Patel), Giovanni Ribisi (Selfridge). 2 RESUMO DO FILME AVATAR A história de Avatar se passa no futuro, no ano 2154 d.C. A ação ocorre em Pandora, uma lua que está na órbita de Poliphemus, um planeta gasoso que fica em Alfa Centauro. Em Pandora vivem os Na’vi, uma raça humanoide bastante primitiva e muito sábia. O Planeta Pandora tem uma riqueza de biodiversidade e os Na'vi, com língua e cultura própria, que entra em choque com os humanos vindos da Terra. Como forma de SBDG – Caderno 134  Os impactos dos estilos de liderança... 2
  • 3. inserir os humanos entre o povo Na’vi e aprender sobre seu mundo e sua cultura, os pesquisadores criaram em laboratório, híbridos humanos, através da manipulação genética, fundindo DNA humano com os do povo Na’vi, os avatares. O projeto é coordenado pela Dra. Grace Augustine e esses híbridos humanos são controlados por meio de projeção e consciência e desta forma possibilitam os humanos a viverem entre os Na’vi. O filme tem a trama centrada em Jake Sully, ex-fuzileiro paraplégico que vai a Pandora interessado no dinheiro para uma operação que possibilitaria a cura da sua paralisia. Ele foi escolhido porque o seu irmão gêmeo era um cientista que foi treinado por muitos anos para participar do programa Avatar em Pandora. Dra. Grace ficou insatisfeita com o envio de Jake, pois não lhe interessava um ex-fuzileiro que não tinha nenhum conhecimento da cultura Navi, mas a equipe de pesquisadores recebe Jake no programa, por falta de alternativa. Os humanos têm o objetivo de explorar um precioso minério existente em Pandora (Unobtainium) que seria a solução para resolver a crise energética da Terra. Parker Silfridge, chefe da operação mineradora, emprega ex-soldados como mercenários, liderados pelo coronel Quaritch. Como os Na'vi se tornaram um grande obstáculo para a exploração do minério, Jake Sully é designado para se infiltrar entre os Na'vi e sob a forma de avatar ele volta a andar. A Dra. Grace, Norm Spellman (biólogo) e Jake estão na floresta de Pandora e Jake se separa do grupo após ser atacado por uma criatura do local. Depois é salvo por uma Na'vi fêmea chamada Neytiri, que a princípio queria deixá- lo, mas depois decide levá-lo para a Árvore Lar, onde mora o seu clã, os Omaticaya, após um sinal de Eywa. O coronel Quaritch fica sabendo da ligação de Jake com Neytiri; conversa com Jake e promete dar-lhe pernas funcionais em troca de trazer informações do inimigo, que fica em cima de uma reserva de Unobtainium. Após a convivência com os Omaticaya, Jake passa por vários testes e aventuras, é aceito pelo clã de Neytiri e passa a respeitar a cultura dos Na'vi tornando-se um deles. Começa então o conflito de Jake – lutar ao lado de sua raça, mantendo lealdade com os humanos, ou defender os Na'vi porque passou a entender e respeitar a cultura e assumiu um lugar entre eles. Os humanos atacam a floresta de Pandora e Jake ataca uma das máquinas da RDA (empresa mineradora). Ao ver essa mudança de Jake, o Cel SBDG – Caderno 134  Os impactos dos estilos de liderança... 3
  • 4. Quaritch desliga Jake de seu avatar e descobre um vídeo-diário onde Jake diz que os Na’vi não deixarão a região. Quaritch ordena a destruição da Árvore Lar e Jake é considerado como traidor pelos Omaticaya ao mesmo tempo em que é aprisionado junto com a Dra. Grace e Norm pelos humanos. Revoltada com os acontecimentos, a piloto Trudy liberta os prisioneiros e a Dra. Grace é baleada por Quaritch. Para reconquistar a confiança dos Na’vi, Jake doma Toruk (uma besta que somente cinco Na’vy conseguiram montar). Jake voa até a Árvore das Almas e pede ajuda deles para salvar Grace. Infelizmente os ferimentos são graves e a cientista acaba morrendo. Jake se junta ao novo líder Omaticaya (Tsu’Tey) e mobilizam os diferentes clãs dos Na’vi em Pandora a se juntar em sua luta. Jake se conecta na Árvore das Almas e pede ajuda para Eywa, no confronto que acontecerá com os humanos. Nesse interim as tropas de Quaritch planejam destruir a Árvore das Almas. Na batalha, muitos Na’vi morrem, inclusive Tsu’Tey e a piloto Trudy. Quando a batalha parecia perdida para os Na’vi, a fauna de Pandora contra-ataca os humanos. O coronel Quaritch, vendo que não conseguiria vencer os Na’vi, foge de sua nave com um de seus robôs e passa a atacar a estação onde está o controle dos avatares com o corpo de Jake para destruí-lo. Durante este confronto Jake é salvo por Neytiri, que luta com o coronel e acaba matando-o. O chefe da mineradora (Selfridge) e os militares são expulsos de Pandora e os cientistas são autorizados pelos Na’vi a ficar no local. Jake se torna líder dos Omaticaya e tem sua consciência transferida permanentemente para seu Avatar por meio da Árvore das Almas. 3 OS ESTILOS DE LIDERANÇA E SUA INFLUÊNCIA NO GRUPO No filme Avatar foram observados os comportamentos do coronel Quaritch e Jake Sully e ficaram evidenciadas atitudes que demonstram o estilo de liderança exercido por esses personagens: autocrática e democrática. Inicialmente, faz-se necessário traçar uma distinção entre líder e estilo de liderança: Um líder é a pessoa no grupo à qual foi atribuída, formal ou informalmente, uma posição de responsabilidade para dirigir e coordenar as atividades relacionadas à tarefa, tendo como maior SBDG – Caderno 134  Os impactos dos estilos de liderança... 4
  • 5. preocupação a consecução de algum objetivo específico do grupo. Já a maneira pela qual uma pessoa numa posição de líder influencia as demais pessoas no grupo é chamada de “estilo de liderança (MOSCOVICI, 2009, p. 187-188). A liderança autocrática para Fela Moscovici (2009, p. 189) é voltada para o controle/tarefa. No filme é possível observar esse modelo no personagem do coronel Quaritch, que fala de regras e está sempre dando ordens aos seus liderados com o objetivo de obter êxito em sua missão. Exemplificamos com a seguinte cena: Cena: no início do filme, quando Jake chega a Pandora, vê o coronel Quaritch conversando com os soldados recém-chegados sobre o respeito que devem ter em relação à Pandora e faz comparação com o inferno. A forma de se expressar por Pandora parece querer convencer os recém-chegados que tudo lá fora é visto como inimigo, que quer matar os humanos e se refere aos Na’vi, como seres que usam flechas que paralisam o coração e são difíceis de matar. Como chefe da segurança o coronel diz que o seu trabalho é manter os soldados vivos e para isso, eles devem obedecer as regras de Pandora. Acerca dos estilos de liderança há várias abordagens. Moscovici (2009, p. 189) preceitua que existem dois níveis de atividades de interação no grupo: o nível da tarefa e o nível socioemocional. A liderança se exerce nos dois níveis, com predominância de um deles para definição do estilo manifesto de liderança. Este admite duas dimensões distintas de necessidade do líder: de controle e de participação, que corresponderiam aos dois níveis de atividade do funcionamento grupal. Os dois estilos de liderança são: orientado para controle/tarefa e orientado para participação/manutenção e fortalecimento do próprio grupo. FELA cita também que Kurt Lewin foi um dos precursores a mostrar a dicotomia entre os estilos autocrático e democrático de liderança. Por sua vez, Tanenbaum e Schimidt (apud MOSCOVICI, 2009, p. 189) “indicam a existência de um contínuo de liderança entre um extremo e outro, do autocrático (voltado para a tarefa) ao democrático (voltado para as relações), com posições intermediárias de graus de liberdade do grupo (de liderados) e do líder (autoridade/poder)”. Para abordagem de poder e autoridade observados em cenas do filme Avatar: SBDG – Caderno 134  Os impactos dos estilos de liderança... 5
  • 6. O poder legítimo é chamado autoridade e é atribuído pela organização formal, constituindo-se em elemento da estrutura hierárquica dos grupos sociais formais”. A relação chefe-subordinado é uma relação de poder legítimo inquestionável. O que se pode questionar, eventualmente, é a modalidade do exercício desse poder, de forma mais ou menos autoritária (MOSCOVICI, 2009, p. 200). A cena abaixo descrita parece evidenciar que o coronel, exercendo a sua autoridade formal, ordenou a destruição de Pandora mostrando que estava no controle e no poder para cumprir sua missão e a seus liderados cabia somente o cumprimento das ordens determinadas. Cena: Os soldados atacam com bombas de fumaça para os Na’vi saírem das árvores, e o coronel Quaritch, vendo o contra-ataque, autoriza o lançamento de bombas incendiárias e manda utilizar mísseis e usar os explosivos mais potentes para derrubar a Árvore das Almas. Após conhecer a cultura e os costumes dos Omaticaya notou-se que o personagem Jake Sully passou a questionar a lealdade para com o coronel Quaritch, já que ele era fuzileiro e não concordava com as formas que o coronel utilizava para conseguir seus objetivos, então passou a lutar em favor dos Na’vi. Cena: Os soldados atacam Pandora e Jake, na forma de avatar, estava junto com Neytiri e ao ver as máquinas abrindo caminho e deixando um rastro de destruição, sobe em um dos canhões e grita para os soldados pararem, pega uma pedra e começa a quebrar as câmeras na tentativa de evitar mais destruição. Vendo a reação de Jake, o coronel vai no laboratório e contra a vontade dos cientistas, desliga o avatar de Jake, que fica furioso com a atitude do coronel. Mais tarde, na presença de Jake, da Dra. Grace e o chefe da mineradora, o coronel mostra um vídeo-diário onde o ex-fuzileiro relata que os Na’vi não irão sair de Pandora. O coronel Quaritch nota o posicionamento de Jake em relação à ordem dada ao ex-fuzileiro (infiltrar entre os Na’vi) e diz a ele que “você me decepcionou, filho”. Neste contexto, fica evidenciado que o estilo de liderança do líder autocrático pode influenciar no comportamento do liderado. Segundo Ziemerman (2000, p.141), “a SBDG – Caderno 134  Os impactos dos estilos de liderança... 6
  • 7. liderança autocrática habitualmente é exercida por pessoas de característica obssessivo- narcisísticos, sendo própria de grupos compostos por pessoas inseguras e que não sabem fazer um pleno uso de sua liberdade”. No filme, podemos fazer uma analogia dessas pessoas inseguras, como sendo os soldados que tinha obediência total ao seu comandante, o coronel Quaritch e Jake, por conhecer e respeitar os costumes e valores dos Na’vi não mais se identificava com as regras e o modo de pensar de seu líder formal, demostrando que tinha opinião própria e não se sujeitava às ordens do seu líder. Conflito semelhante em relação às atitudes do coronel pode ser observado com a reação piloto Trudy, conforme abaixo: Cena: O coronel Quaritch chama todos os fuzileiros e ordena para usarem missel, explosivos potentes. A piloto Trudy prepara para atirar assim como os demais fuzileiros e o coronel dá a ordem de fogo liberado. Devastação e mortes se seguem, fogo queimando tudo e mísseis sendo atirados seguidamente. A piloto Trudy não atira, desliga o interruptor e diz “dane-se tudo isso” e dá meia-volta e o atirador pergunta o que ela está fazendo. Trudy respondeu que “não foi para isso que me alistei”, dá meia-volta com sua máquina e sai da área de fogo. Quaritch continua ordenando para atirar e está calmamente bebendo e olhando a destruição se alastrar. Ao ver a casa da Árvore totalmente destruída, cumprimenta o pessoal e diz que paga a primeira rodada à noite. Nessa cena fica evidenciado o quanto a relação de poder e autoridade do líder influencia o comportamento dos liderados. Mais uma vez a atitude do coronel entra em choque com os valores de um de seus liderados. Neste caso, a piloto Trudy, que deixa de cumprir a ordem dada. O propósito de citar as cenas acima é ressaltar que o indivíduo reagirá em função de suas necessidades motivacionais, sentimentos, crenças e valores e desta forma, Jake Sully e Trudy, que a princípio eram liderados pelo coronel Quaritch, passaram a lutar contra o mesmo porque não concordavam com os métodos e estilo de liderança do seu superior e acreditavam na cultura e crença dos Omaticaya. SBDG – Caderno 134  Os impactos dos estilos de liderança... 7
  • 8. 4 INFLUÊNCIAS DO ESTILO DE LIDERANÇA NO PROCESSO GRUPAL A liderança tem a ver com a relação interpessoal e está implícito nessa relação, os conceitos de poder e autoridade. O poder pessoal para Fela Moscovici (2009, p. 203), é exercido sob forma de influência social, a partir de características pessoais carismáticas, de referência, de conhecimento, de apoio/afeto e de competência interpessoal: O poder consiste na capacidade de uma pessoa conseguir que outra pessoa ou grupo aja da forma desejada pela primeira. A pessoa com poder modifica o comportamento dos outros, manipula-os à sua vonta- de. A autoridade é o poder legitimado socialmente. Uma pessoa recebe a incumbência formal/legal de manipular os outros, tem o direito reco- nhecido de exigir do outros certas formas de conduta por ela propostas (MOSCOVICI, 2009, p. 200) Quanto ao poder legítimo ou autoridade, a autora explica: O poder de coerção e o de recompensa, em geral, estão associados ao poder legítimo ou autoridade. O ocupante desta posição tem o pleno direito de punir e/ou recompensar os outros no grupo por ações devidas ou indevidas a seu critério. Entretanto, ameaças de retirada de afeto, censuras, redução de atenção, afastamento e menor comunicação funcionam como poder de coerção nas relações informais. Igualmente, as promessas de recompensa afetiva, verbais e não verbais, represen- tadas por elogios, olhares, sorrisos, abraços, maior atenção e comuni- cação constituem exercício do poder de recompensa sem ligação com a autoridade formal (MOSCOVICI, 2010, p. 45). Para os autores deste artigo, o conceito acima está se referindo ao líder formal onde instituição decide colocá-lo nesta posição o que não garante que desempenhe o papel de liderança efetivamente. Nosso entendimento, é que a real autoridade é legitimada pelo conhecimento, relações interpessoais, mais do que a cargos/posições. A autoridade da posição é efêmera, pode ser um diretor e não ser reconhecido pelo grupo a sua autoridade. A verdadeira autoridade leva a equipe seguir seu líder de forma espontânea e motivada, sem coerção, ou seja, sem autoritarismo. Segundo, Le Bon, citado por Freud (1920-1922), “é uma forma de contágio, de fascinação que desperta nos membros do grupo”. Quando se trata de estilos de liderança é preciso considerar que cada estilo será utilizado de acordo com os membros do grupo, levando em consideração o conhecimento e comprometimento de cada um no grupo. SBDG – Caderno 134  Os impactos dos estilos de liderança... 8
  • 9. Cena: O coronel Quaritch conversa com Jake dizendo que é uma mistura potente um de seus liderados num corpo de Avatar e que esse fuzileiro (Jake) poderia dar informações direto do território inimigo. Pede para Sully estudar os selvagens (Na’vi) de perto para ganhar sua confiança. O interesse do coronel é saber como forçar os Na’vis para cooperarem ou como abatê-los e Jake confirma que fará o que o coronel pede. Assim, o coronel Quaritch diz a Jake que ele cuida dos seus liderados e promete dar pernas verdadeiras para Jake. A cena acima demonstra que o coronel utilizava-se do poder de coerção e o de recompensa para manipular o Jake, com a promessa de dar-lhe “pernas verdadeiras”, com o objetivo de mantê-lo infiltrado junto ao povo Omaticaya obtendo informações, que facilitassem o atingimento de seus interesses. Nesse sentido, estava exercendo o seu poder legítimo pela autoridade que lhe foi conferida por ocupar o cargo de chefe dos fuzileiros, isto é, exercendo a autoridade inerente do seu papel de líder formal. Analisando as cenas descritas anteriormente, os autores deste artigo entendem que o líder não deve manipular e sim manejar os membros do grupo: A palavra manipulação tem conotação desagradável em ciência social e, por isso mesmo, costuma provocar reações predominantemente emo- cionais. No entanto, o fato é que o coordenador pode manipular as situações do grupo para alcançar resultados momentâneos de impacto, embora muitas vezes inconsequentes, como fogos de artifício. Há muitas formas de manipulação nos processos interativos em grupo. Pode até haver agrado e satisfação por parte dos “manipulados”, porém se o ganho psicológico e social é unilateral, do coordenador apenas, a hipótese de manipulação confirma-se. Quão válida é a utilização dos artifícios sutis ou de sedução psicológica para provocar admiração, prazer e sensação de sucesso, em vez de percorrer o caminho mais árduo e trabalhoso de enfrentar as dificuldades naturais de aprendi- zagem e convivência com os outros? (MOSCOVICI, 2009, p. 283). Diante da hipótese de manipulação com ganho psicológico e social de forma unilateral, surge o dilema ético: até que ponto o líder pode sobrepor-se as necessidades emergentes do grupo? Os grupos não funcionam no vácuo. Todo grupo humano possui componentes culturais do sistema maior do qual faz parte. Esse contexto varia em cada segmento da comunidade, da sociedade, do país, não pode jamais ser ignorado na condução de qualquer programa educacional. SBDG – Caderno 134  Os impactos dos estilos de liderança... 9
  • 10. Atitudes e valores, crenças e ideologias predispõem as pessoas a perceber e interpretar as situações; a criar, analisar e avaliar possíveis linhas de ação e soluções; a fazer suas opções com tranquilidade e segurança no respaldo moral da escolha, ou, em caso contrário, a sofrer conflitos intra e interpessoais, sentimentos de culpa, rejeição e isolamento (MOSCOVICI, 2009, p. 280). 5 MOTIVAÇÃO COMO ELEMENTO PARA ANÁLISE DO PROCESSO GRUPAL Segundo Ervilha (2003, p. 114), cada pessoa tem a sua própria motivação. Por isso é que não se consegue substituir as pessoas, e sim mostrar a elas como podem conseguir o que querem e desta forma, se auto-motivar para atingir o seu objetivo. A diferença é esta: a motivação vem de dentro e o incentivo vem de fora. A motivação é o desejo de obter ou evitar algo. É também incentivo e a premiação por fazer algo que queremos. Conhecer seu liderado permite encontrar fontes de incentivos, estímulos para serem trabalhados. Saber o que a pessoa faria para conseguir algo ou evitar algo. O complexo processo de interação humana exige de cada participante um determinado desempenho, o qual variará em função da dinâmica de sua personalidade e da dinâmica grupal na situação-momento, ou contexto-tempo. Assim, no plano intrapessoal, o individuo reagirá em função de suas necessidades motivacionais, sentimentos, crenças e valores, normas interiorizadas, atitudes, habilidades específicas e capacidade de julgamento realístico; no plano interpessoal influirão as emoções grupais, o sistema de interação, o sistema normativo e a cultura do grupo: no plano situacional, exercerão influência o contexto físico e social imediato, o contexto cultural, o sistema contratado de relações e a dimensão temporal (MOSCOVICI, 2009, p. 186). Seguindo a abordagem do estilo de liderança democrática serão exemplificados nas cenas do filme Avatar, onde o personagem Jake Sully evidencia comportamentos do seu estilo voltado para o nível socioemocional (voltado para relações) e desta forma passou a exercer a liderança com a autoridade legitimada pelos Omaticaya de forma espontânea, motivados pelo comprometimento de Jake para salvar Pandora. Nesse contexto, Moscovici (2009, p. 203) diz que “o poder pessoal é exercido sob forma de influência social, a partir de características carismáticas, de referência, de conhecimento, de apoio/afeto e de competência interpessoal.” SBDG – Caderno 134  Os impactos dos estilos de liderança... 10
  • 11. Cena: Jake vai conversar com os Na’vi para avisar que um grande mal se aproxima, que o Povo do Céu vem para destruir a Casa da Árvore e que logo os soldados estarão chegando. Avisa que eles devem sair ou irão morrer e que sabe disso porque foi enviado para aprender os costumes e para que desse a mensagem e os Navi acreditassem nele. Cena: Jake aparece montado em Toruk e se coloca em frente de Tsu’Tey, líder dos Omaticaya e diz que está pronto para servir o povo e não conseguiria sem a ajuda de Tsu’Tey e este, vendo Toruk, uma besta que apenas cinco Na’vi conseguiram domar, não tem dúvidas quanto à lealdade de Jake com os Omaticaya. Jake pede para Tsu’tey traduzir o que ele tem a dizer para os Na’vi e Jake fala que o Povo do Céu poderá tomar o que eles quiserem e ninguém poderá impedi-los. Jake fala para o povo “voar mais rápido que o vento permitir e peçam para os outros clãs que venham, digam que Toruk Macto os chama. Voem agora, comigo!” O chamado de Jake tem a força e o entusiasmo para substituir os Na’vi na luta contra os humanos. Cena: Jake conecta com a Árvore da Vida e ora para Eywa para que veja o mundo de onde ele veio, não há mais verde lá e farão o mesmo em Pandora e pede ajuda para lutar contra o Povo do Céu. Neytiri diz que a Grande Mãe (Eywa) não toma partido, ela só protege o equilíbrio da vida. Mais tarde, a própria Neytiri confirma que Eywa enviou ajuda quando os animais vêm em auxílio dos Na’vy e enfrentam as máquinas e os solda- dos comandados por Quaritch. As atitudes de Jake evidenciam a liderança democrática, quando busca ajuda de todos os membros do grupo e também da Grande Mãe e depois incentiva os liderados a lutarem por um objetivo comum, lutar contra os militares para salvar Pandora. O líder clamou pelo envolvimento e participação de todos e assim conse- guiu uma adesão de forma espontânea. O comprometimento de Jake com a cultura e os valores do povo Navi fez com que o legitimassem como líder dos Omaticaya e Jake teve sua alma transferida permanentemente para seu Avatar por meio da Arvore das Almas. CONSIDERAÇÕES FINAIS A análise do filme Avatar possibilitou-nos identificar os estilos de liderança autocrática e democrática e os impactos no comportamento dos membros do grupo identificados nas cenas que foram destacadas do filme. O aspecto que mais chamou a SBDG – Caderno 134  Os impactos dos estilos de liderança... 11
  • 12. atenção foi a influência do coronel Quaritch no comportamento de Jake Sully e a piloto Trudy, que por não concordarem com o estilo de liderança do coronel passaram a lutar contra ele defendendo os Navi. Nesse contexto, percebemos o conflito dos personagens Jake e Trudy a partir do momento em que os interesses do grupo passaram a ser diferentes: o coronel tinha o objetivo de destruir Pandora para conseguir o minério a qualquer custo e por outro lado, Jake e Trudy queriam salvar Pandora porque acreditavam na cultura, crenças e valores dos Omaticaya e também porque os humanos já tinham destruído a Terra e não queriam que Pandora passasse pelo mesmo processo. O papel do líder autocrático, estilo observado no personagem do coronel Quaritch, mostrou-nos como uma pessoa que está em uma posição de líder pode ter influência em outras pessoas a partir do estilo de liderança: totalmente voltado para a tarefa para cumprimento de sua missão. Por outro lado, no personagem de Jake Sully mostrou que o estilo de liderança democrática é voltado para a relação com as pessoas, é participativa. Ao mobilizar os Omaticaya para a luta contra o Povo do Céu, Jake mostrou que a responsabilidade era de todos e não apenas dele ou Tsu’Tey (líder formal) e assim mobilizou os Omaticaya para chamar todos os clãs dos Na’vi para a luta contra os humanos e passou a ser o líder informal na luta contra o Povo do Céu. Acreditamos que a análise do filme Avatar sob a ótica da liderança autocrática e democrática possibilitou-nos comparar as diferenças dessas formas de liderar e como os líderes podem ter impactos e influências no comportamento do indivíduo e grupo. Neste trabalho tivemos a oportunidade de fazer a vinculação da teoria com as cenas que caracterizaram os estilos de liderança. REFERÊNCIAS ERVILHA, A. J. Limão. Liderando equipes para otimizar resultados. 2. ed. São Paulo: Nobel, 2003. FREUD, Sigmund. Psicologia de grupo e análise do ego. In: Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996. v. 18. LEWIN, Kurt. Problemas de dinâmica de grupo. São Paulo: Cultrix, 1970. MOSCOVICI, Fela. Desenvolvimento interpessoal: treinamento em grupo. 17. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2009. ______. Equipes dão certo. 13. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2010. ZIMERMAN, David E. Fundamentos básicos das grupoterapias. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2000. SBDG – Caderno 134  Os impactos dos estilos de liderança... 12