1) O documento discute o envelhecimento populacional e as características do envelhecimento fisiológico.
2) As principais teorias do envelhecimento biológico são descritas, assim como as alterações nos sistemas e órgãos durante o envelhecimento.
3) Fatores como estilo de vida, ambiente e hereditariedade influenciam na longevidade, e doenças crônicas são mais prevalentes entre idosos.
5. 23,8
20,2
16,7
14,7
13,3
9,2
O AVANÇO DOS IDOSOS
Porcentagem da população do mundo desenvolvido com
65 anos ou mais
Em 30 anos, 1 de cada 4 pessoas no
mundo desenvolvido terá 65 anos ou
mais
Fonte: OMS (1996)
1960
1990
2000
2010
2020
2030
7. Fig 1. Envelhecimento populacional mundial: porcentagem de
pessoas com mas de 60 anos no decorrer do século XX e
início deste século
FONTE: McLEAN e COUTEUR Pharmachological Reviews 2004;
53: 163-184
8. População idosa da Paraíba
Atendimento geriátrico
• CENSO 2000 (IBGE): 336.160 idosos =
10,2% da população da Paraíba
• Atuam 10 geriatras; 5 no SUS (João
Pessoa e Campina Grande); demais
221 municípios: 72% dos idosos
(Sociedade Brasileira de Geriatria e
Gerontologia – PB)
• Demanda das enfermarias de clínica
médica do HULW/UFPB: 31,6% são
idosos [>60 anos] (SOUSA et al.,
2002)
10. Envelhecemos todos igualmente ?
73 anos 86 anos
FONTE: envelhecerbem.com/aulas/geriatria%20bandeira%203-5%20anos.pdf
11. O que é Envelhecer ?
“Crescer em Idade e Plenitude”
(Moriguchi; Lafin, 2004)
12. “Envelhecer é um processo sequencial,
individual, cumulativo, irreversível,
universal, não patológico, de deterioração
de um organismo maduro, próprio a todos os
membros de uma espécie, de maneira que o
tempo o torne menos capaz de fazer frente
ao estresse do meio-ambiente e, portanto,
aumente sua possibilidade de morte”.
Conceito de
Envelhecimento
ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE (OPAS)
13. Conceito Cronológico
• 60 anos ou mais (países em
desenvolvimento)
• 65 anos ou mais (países
desenvolvidos)
17. (Dr. Elliot Joslin)
Fatores de risco para doenças
crônicas e envelhecimento
“Os genes
carregam a
arma. O estilo
de vida puxa o
gatilho”.
18. Princípio da Geriatria para Envelhecer bem:
Prevenção de fatores de risco
Fatores
Genéticos
Fatores
Ambientais
Hábitos de vida
•Dieta hipercalórica,
rica em gorduras, sal.
•Tabagismo.
•Vida sedentária.
•Repouso inadequado.
•Estresse excessivo.
•Falta de lazer.
•Falta de apoio social
•Outros “maus hábitos”
História Familial
•Hipertensão, DM
•D. cardiovasculares
•D. cerebrovasculares
•Neoplasia malignas
•Depressão, demência
•Osteoporose
FONTE: www.pucrs.br/feecultura/2004/setembro/crescer.ppt
19. Características gerais do
envelhecimento fisiológico
• Universal;
• Progressivo;
• Declinante;
• Intrínseco;
• Variável entre indivíduos;
• Variável entre sistemas de um
mesmo indivíduo.
20. BIOLOGIA DO ENVELHECIMENTO
conhecimento científico
• Poucos estudos;
• Poucos autores;
• Estudos muito
recentes;
• Testagem das
teorias demanda
alto custo e técnicas
sofisticadas;
• O envelhecimento é
um processo
complexo e
mutifatorial.
21. Biologia do Envelhecimento: Teorias
• Teoria dos radicais livres
• Teoria da glicosilação
• Teoria dos telômeros
• Teoria do envelhecimento
celular programado
•Teoria das ligações
cruzadas: dano ao DNA
• Teoria neuro-endócrina
• Teoria imunológica
Nenhuma destas teorias é totalmente aceita; deve
haver uma combinação de várias ou de todas
22.
23. Anatomia e fisiologia do
envelhecimento
Senescência =
envelhecimento
normal
Senilidade =
envelhecimento
patológico
Envelhecimento de
órgãos e sistemas
24. PELE E CABELOS
• Perda de tecido subcutâneo
• Atrofia da pele
• Redução de colágeno e fibras
elásticas
• Ressecamento de mucosas
• Redução de glândulas
sudoríparas e sebáceas
• Alteração na regulação da
temperatura
• Alterações da pigmentação
• Enfraquecimento dos cabelos
25. OLHOS E VISÃO
• Redução do
líquido
lacrimal
• Opacificação
do cristalino
• Tendência ao
aumento da
pressão
intraocular
• Presbiopia
27. SISTEMA RESPIRATÓRIO
• Redução da função
pulmonar
• Os pulmões tornam-
se mais rígidos
• O número e tamanho
dos alvéolos diminui
• A capacidade vital
diminui
• A estrutura da caixa
torácica se altera
(cifose senil)
28. SISTEMA CARDIOVASCULAR
• O coração torna-se menos elástico
• Aos 70 anos, o débito cardíaco está
reduzido a 70%
• As valvas cardíacas tornam-se
escleróticas
• Placas ateroscleróticas na aorta
• Artérias mais rígidas e estreitadas
• Veias mais dilatadas
• Infiltração de gordura sino-atrial:
maior risco de arritmias
30. SISTEMA GASTROINTESTINAL
• Redução das secreções
gastrointestinais:
hipocloridria
• Redução da motilidade
intestinal: constipação
• Gastrite atrófica: 33% >
65 anos
• Redução da absorção de
Vit. B12, cálcio e ferro
• Redução da capacidade
hepática de metabolização
31. SISTEMA URINÁRIO
• Depois dos 40 anos, há
redução da função renal:
aos 90, perda = 50%
• Redução da filtração
glomerular e da
reabsorção tubular
• Redução do tamanho e
número dos néfrons
• Alterações musculares da
bexiga
• Redução da capacidade de
clearance renal
• Hipertrofia da próstata
33. Mulheres:
• Declínio dos níveis de
estrógenos e
progesterona
• Cessação da ovulação
• Alterações atróficas
vaginais
• Atrofia do útero
• Redução da
elasticidade e
trofismo das mamas
SISTEMA REPRODUTIVO
35. SISTEMA NERVOSO
• Degeneração de neurônios do
sistema nervoso central e
periférico
• Lentificação da neurotransmissão
• Hipotálamo menos efetivo em
regular a temperatura corpórea
• Redução do sono REM
• Depois dos 50, perda de quase
1% de neurônios por ano
36. SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO
• Mudança na composição corporal: aumento
do tecido adiposo, redução da massa magra;
• Redução da densidade óssea;
• Redução da altura: espaços intervertebrais
• Redução da resistência do tecido conjuntivo
• Desgaste das cartilagens articulares
> 70 anos: 1:2 mulheres e 1:3 homens
têm uma fratura osteoporótica
37. Sistemas imunológico e hematológico
• Redução da função
imune
• Menor produção de
anticorpos
• Redução da resposta
inflamatória aguda
• Substituição de
medula óssea
vermelha por gordura
• Redução da absorção
de vitamina B12
Febre pode estar ausente mesmo em infecções
graves
38. SISTEMA ENDÓCRINO
• Redução da tolerância
ao estresse:
principalmente no
metabolismo da glicose
• Redução dos níveis de
estrógenos
• Outros hormônios
declinam:
testosterona,
aldosterona, cortisol,
dehidroepiandrostero-
na (DHEA), GH
39. Idade Incidência
20–39 anos 2,2%
40–59 anos 9,2%
60 anos ou mais 19,2%
(Dados de 1999-2000)
Fonte:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/bv.fcgi?rid=healthu
s04.table.333
Diabetes tipo II (insulino-resistente)
40. • Alimentação e nutrição
• Acuidade visual e auditiva
• Incontinência urinária
• Sexualidade
• Vacinação
• Avaliação cognitiva e do
humor
• Mobilidade
• Quedas
• Avaliação funcional
AVALIAÇÃO GLOBAL DO PACIENTE IDOSO
42. • Diabetes mellitus
• Hipertensão arterial sistêmica
• Insuficiências cardíaca e coronariana
• Osteoporose e osteoartrose
• Acidentes cérebro-vasculares
• Depressão
• Demências
• Doença pulmonar obstrutiva crônica
• Câncer
AVALIAÇÃO CLÍNICA DO PACIENTE IDOSO
Doenças mais prevalentes
43. Percentual do total de mortes devido a doença
cardiovascular por idade e sexo, Canadá, 1997
Division of Aging and Seniors
Public Health Agency of Canada
44. Avaliação médica do idoso:
Manifestações clínicas particulares
• Atípicas
• Sintomas
inespecíficos
• Início insidioso
• Apresentação sub-
clínica
• Sintomas não-
relatados
É fácil “perder” um diagnóstico
45. PERFIL DE MORBIDADE DO IDOSO
• 77,6% dos idosos brasileiros tem
pelo menos uma doença crônica
• 15% destes têm quatro doenças
crônicas
• Limitações decorrentes: físicas,
psíquicas, sociais
LESSA, I. (Org.). O adulto brasileiro e as doenças da modernidade. São
Paulo, Rio de Janeiro: Hucitec, Abrasco, 1998
46. 18-24 anos 4,4%
25–44 anos 6,9%
45–54 anos 13,7%
55–64 anos 21,1%
64–74 anos 25,2%
75 anos ou mais 45,1%
(Dados de 2002)
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/bv.fcgi?rid=healthus04.table.334
Limitação funcional causada por
doenças crônicas
Idade Incidência
47. Compressão da Morbidade
(FRIES, 1985)
HAS IAM ICC - DPOC - FA AVC-IRC-CA
28 44 52 55 56 58 62 70
HAS IAM ICC CA
28 56 67 68 70
AVC - FA
48. Os 5 “is” da Geriatria
Imobilidade
Insuficiência
cognitiva
Instabilidade
e quedas
Incontinência
Iatrogenia
49. Os “3 Ds da
Geriatria”
• Depressão
• Delirium
• Demência
50. OUTROS PROBLEMAS CLÍNICOS
• Comorbidades: 3,5 - 4,8 - 6,2 diagnósticos
por paciente
• Polifarmácia: 5 ou mais medicamentos/idoso
“A proporção de idosos que não usa qualquer
medicação é de 10-15%. A maioria deles faz uso
regular de pelo menos um medicamento, e o número
médio de produtos usados pelos idosos está entre dois
e cinco” (ROZENFELD, 2003; SAYD, 2000).
• Grande suscetibilidade a reações adversas a
medicamentos: 61,4% (PASSARELLI, 2005)
Morbidade e mortalidade elevadas
Frequentes prescrições inapropriadas: 10%
(CLARFIELD, 1995)
Particularidades farmacológicas dos idosos
51. USO RACIONAL DE
MEDICAMENTOS
• A prescrição do idoso é
diferenciada
• Revisão periódica dos
medicamentos em uso
• Respeito à orientação
• Cascata de prescrições
• Auto-medicação
• Efeitos “mágicos”
• Critérios de Beers
52. A história clínica com má evolução
(evitável) de uma paciente idosa
(CHAIMOWICZ, 1997)
CHAIMOWICZ, Flávio. A saúde dos idosos brasileiros às vésperas do século XXI:
problemas, projeções e alternativas. Rev. Saúde Pública [online]. 1997, vol.31, n.2
[pp. 184-200 .
53. • M.C.M.S, feminino, 68, usa hidroclorotiazida
(50mg/dia) para hipertensão arterial, retorna
ao médico com “sensação de cabeça vazia”.
Recebe prescrição de cinarizina e diazepan (10
mg diários).
• Evolui com sonolência e 10 dias depois, tem
síncope e sofre queda (fratura do fêmur).
• Após correção cirúrgica, fica acamada vários
dias; úlceras de pressão após 15 dias.
• Transferida para um asilo, permanece acamada,
passa a apresentar quadro agudo de dispneia e
tosse (pneumonia). Iniciado antibiótico.
• Piora; é transferida para um CTI, onde morre
por embolia pulmonar.
(CHAIMOVICZ, 1997)
54. Atendimento Geriátrico
Diretrizes
Condições que demandam atendimento
geriátrico:
. Três ou mais doenças crônicas com
complicações;
. Transtornos neuropsíquicos (demência,
Doença de Parkinson, AVC, depressão);
. Instabilidade postural, quedas, alterações
da marcha e equilíbrio;
. Perdas sensoriais importantes;
. Síndrome consumptiva (perda de mais de
5% do peso em 3 meses)
. Os mais velhos (80 anos ou mais)
56. CAPACIDADE FUNCIONAL
• Manter função é o que é importante para
a qualidade de vida;
• O maior medo do idoso não é morrer,
mas perder sua independência;
• Incapacidade funcional é um dos fatores
mais importantes no impacto sobre
mortalidade hospitalar, asilamento,
qualidade de vida e custo de saúde.
57. Capacidade funcional ao longo da
vida
Idade
Limiar de incapacidade
Mudança de
condicionamento
Infância
Crescimento e
desenvolvimento
Vida Adulta
Manter o maior nível
funcional possível
Terceira Idade
Manter independência e
prevenir incapacidade
Reabilitar e garantir
qualidade de vida
Suporte
ambiental
58. Atividade Física
• Aumento de resistência
• Aumento de força e flexibilidade
• Redução de lesões e quedas
• Manutenção da função
Alguma atividade é melhor que nenhuma:
jardinagem, caminhadas…
60. Idosos
Independentes
Política Nacional de Saúde da Pessoa
Idosa (2006)
“É propósito da Política Nacional de
Saúde da Pessoa Idosa trabalhar em
dois grandes eixos, tendo como
paradigma a capacidade funcional
da população idosa”
Idosos
Fragilizados
61. Habilidade de manter
autonomia e
independência
Envelhecimento ativo: uma política de saúde (OMS, 2005).
Autonomia – habilidade de controlar, lidar e tomar decisões
pessoais na vida diária, de acordo com suas próprias regras e
preferências
Independência – habilidade de executar funções relacionadas à
vida diária
Traçando caminhos para o
envelhecimento ativo e saudável
63. Combate à fantasia
atual do
“rejuvenescimento”
ou da “eterna
juventude”
EXPECTATIVAS DE “ETERNA JUVENTUDE”
64. Alguns mitos e Preconceitos
• O envelhecimento é um processo
crivado de concepções falsas,
temores, crenças e mitos.
• Mito: O idoso é um peso para a
família e a sociedade.
• Fato: A maioria dos idosos continua
trabalhando, continua na chefia da
família e contribui com boa parte da
renda familiar.
Os aposentados são responsáveis por
melhores condições da vida dos
familiares (IPEA, 1999)
65. Mitos e Preconceitos
• Mito: Velho deve só descansar.
“Não é para a senhora fazer nada,
tem que descansar...”
• Fato: Projeto de vida; viver não só
para descansar, nem para viver só
por coisas fúteis.
O velho pode se programar para
divertir-se, trabalhar e descansar.
66. Mitos e Preconceitos
• Mito: O velho não aprende, é desatento,
“Ele está caduco”, “...é esclerosado”...
• Fato: Os velhos aprendem e prestam
atenção ao que lhes interessa e que
responde às suas necessidades e
anseios.
Muitos idosos continuam produzindo
econômica, social, cultural, artística e
filantropicamente.
É preciso ter uma tarefa, uma missão a
cumprir, um objetivo, ou objetivos.
67. Mitos e Preconceitos
• Mito: O velho é assexuado, perde o
interesse e a capacidade sexual
• Fato: A vida sexual pode ser
mantida
Ocorre redução da frequência, falta
de informação, de interesse, de
parceiros
Sexualidade: algo mais amplo que
genitalidade
68. “O amor foge a dicionários e a
regulamentos vários”
(Carlos Drummond de Andrade)