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Copyright © 2012 Oficina de Textos
Grafia atualizada conforme o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990, em vigor
no Brasil a partir de 2009.
Conselho editorial Cylon Gonçalves da Silva; Doris C. C. K. Kowaltowski;
José Galizia Tundisi; Luis Enrique Sánchez; Paulo Helene;
Rozely Ferreira dos Santos; Teresa Gallotti Florenzano;
Capa e projeto gráfico Malu Vallim
Diagramação Malu Vallim e Douglas da Rocha Yoshida
Revisão de texto Felipe Marques
Todos os direitos reservados à Editora Oficina de Textos
Rua Cubatão, 959
CEP 04013-043 São Paulo SP
tel. (11) 3085 7933 fax (11) 3083 0849
www.ofitexto.com.br
atend@ofitexto.com.br
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Conservação da biodiversidade com SIG / organizadores
Adriana Paese, Alexandre Uezu, Maria Lucia Lorini,
André Cunha. -- São Paulo : Oficina de Textos, 2012.
1. Biodiversidade - Conservação 2. Estudos
ambientais 3. Sistemas de Informação Geográfica
(SIG) I. Paese, Adriana. II. Uezu, Alexandre.
III. Lorini, Maria Lucia. IV. Cunha, André.
Bibliografia
ISBN 978-85-7975-042-7
12-08809 CDD-621.3678
Índices para catálogo sistemático:
1. SIG : Sistemas de Informações Geográficas :
Utilização em estudos ambientais : Tecnologia
621.3678
Conservacao_SIG.indb 2 9/8/2012 17:22:04
AgrAdecimentos
Os organizadores e autores do livro gostariam de agradecer às seguintes instituições o
financiamento desta edição: The Society for Conservation GIS; Deutsche Gesellschaft für
Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH e Conservação Internacional.
Os autores e organizadores agradecem também às seguintes associações, instituições e
empresas o apoio, o financiamento, a participação nas pesquisas e a dedicação de seus fun-
cionários e colaboradores que resultaram nesta obra:
Associação Mico-Leão-Dourado; Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico; Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida; Associação para a
Proteção da Mata Atlântica do Nordeste; Associação Valor Natural; Brasil Florestas S.A.;
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior; Centro de Pesquisas Am-
bientais do Nordeste; Comissão Pró-Índio do Acre; Conservação Internacional; Fibria;
Gordon and Betty Moore Foundation; Fundação Jardim Botânico do Rio de Janeiro; Fun-
dação SOS Mata Atlântica; Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis; Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade; Instituto Amigos
da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica; Instituto BioAtlântica; Instituto iBiosfera; Ins-
tituto Floresta Viva; Instituto Terra de Preservação Ambiental; K2 Sistemas; Laboratório
de Ecologia e Restauração Florestal (Esalq-USP); Mater Natura – Instituto de Estudos Am-
bientais; Ministério do Meio Ambiente; Movimento de Defesa de Porto Seguro; Núcleo de
Economia Socioambiental e Núcleo de Estudos em Contabilidade e Meio Ambiente (FEA-
-USP); Petrobras; Programa Conservação e Desenvolvimento Tropical (Universidade da
Flórida); Rede de ONGs da Mata Atlântica; Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São
Paulo; Secretaria do Meio Ambiente do Estado do Rio Grande do Sul; Secretaria de Estado
do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Espírito Santo; Secretaria Estadual do Meio
Ambiente e Recursos Hídricos do Paraná; Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Re-
cursos Naturais do Acre; Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente do Estado de
Pernambuco; The Nature Conservancy; Universidade Federal de Pernambuco; Vale; World
Wide Fund for Nature; Wildlife Conservation Society; e as comunidades Kaxinawá da Terra
Indígena Praia do Carapanã, assim como as demais comunidades indígenas e tradicionais
pelo apoio para condução dos trabalhos que resultaram em diversos capítulos deste livro.
Os organizadores e autores também agradecem às seguintes pessoas por sua contri-
buição: Alexander Yumakaev, Ana Célia Costa, Ana Maria Godoy, Alessandra Ribeiro de
Moraes, Alexander Copelo, Alexsandra Santiago, André Guimarães, André Lima, Camilla
Barcelos, Camila Rezende, Cecília Cronemberger, Charles Convis, Cíntia Pedrina Balieiro,
Claudia Funi, Denise Claret, Eduardo Rosa, Enrico Marone, Gabriela Salim, Gabriela Viana,
Henrique Rajão, Ingrid Prem, Jean Paul Metzger, José Maria Cardoso da Silva, Julia Ferreira
Ribeiro, Karen Pessoa, Keila Carvalho, Luiz Paulo Pinto, Luke Parry, Marcia Silveira, Marco
Aurélio Nalon, Marlon Prestes,Marcos Rosa, Mariana Morais Vidal, Miguel Calmon, Rejane
Conservacao_SIG.indb 3 9/8/2012 17:22:04
Souza, Renato Crouzeilles, Pedro Castro, Silvio Gazeta, Thadeu Melo, Flávio Ponzoni e Laury
Cullen Jr.
Os organizadores agradecem especialmente os membros da SCGIS-Brasil por acreditarem e
se dedicarem voluntariamente para a difusão do uso do SIG aplicado à conservação da biodiver-
sidade e bem-estar das populações tradicionais, assim como pela paixão e motivação com que se
dedicam para alcançar ações práticas em busca desse objetivo.
Conservacao_SIG.indb 4 9/8/2012 17:22:04
conservAção dA biodiversidAde com sig:
lAcunAs entre implementAção e pesquisA
Existe atualmente no Brasil uma lacuna de publicações voltadas a usuários de Sistemas de
Informações Geográficas (SIG) envolvidos em projetos de conservação da biodiversidade. Esses
profissionais, atuantes em instituições de pesquisa, organizações governamentais e não governa-
mentais, frequentemente adaptam técnicas de análise e modelos espaciais de outras disciplinas
ou encontram soluções em publicações nacionais e internacionais, voltadas a usuários avançados
de SIG, que não são relacionadas aos tópicos específicos da conservação da biodiversidade ou do
desenvolvimento sustentável.
Muito tem sido feito, apesar da pouca divulgação dos trabalhos, e as oportunidades para a
exploração de técnicas de análises para a conservação com SIG no Brasil são proporcionais à
heterogeneidade das suas regiões, à enorme riqueza e ao endemismo de espécies localizadas no
território nacional e ao seu papel fundamental na conservação da biodiversidade global, por meio
de ações de desmatamento evitado, criação de áreas protegidas e recuperação de ecossistemas,
entre outras.
Trabalhos aplicados de SIG são frequentemente conduzidos fora dos centros de pesquisa por
organizações não governamentais ou comunidades e, apesar de os resultados desses trabalhos
terem aplicações práticas, raramente são publicados. Já os inventários e as avaliações da biodiver-
sidade divulgados em jornais científicos são formulados com o objetivo de aprimorar as técnicas
de análise para a identificação e a priorização de áreas para a conservação, mas raramente estão
inseridas em um contexto de planejamento ou implementação.
Os SIG têm sido amplamente empregados para o planejamento espacial de áreas protegidas,
o desenvolvimento de planos de manejo para espécies ameaçadas, a modelagem de alterações no
uso e cobertura do solo e a priorização de áreas para a conservação nos níveis global, regional e
local, direcionando investimentos em conservação por organizações não governamentais, agên-
cias multilaterais e fontes privadas. Observa-se atualmente uma mudança do foco de ações de
grupos conservacionistas da proteção integral da biodiversidade para atividades que também
promovam o bem estar humano. Em vez de investir unicamente na criação de áreas protegidas
e reservas privadas, tomadores de decisão estão crescentemente envolvidos em projetos de res-
tauração florestal ou com algum componente para a melhoria de condições sociais, o sequestro
de carbono ou o pagamento de serviços ecossistêmicos. Essa mudança de foco está relacionada
à implementação das ações de conservação e também às análises espaciais, nos SIG, para o pla-
nejamento dessas atividades. A mudança de foco das análises com SIG são relacionadas com:
(a) maior envolvimento de atores locais e comunidades no processo de tomada de decisões; (b) en-
tendimento e mitigação dos efeitos de problemas complexos (ocorrentes em mais de uma escala
espacial e temporal), como as mudanças ambientais globais (incluindo o aquecimento global);
(c) planejamento espacial de projetos de carbono (Redução de Emissões por Desmatamento e De-
gradação Florestal – REDD), para o pagamento por serviços ecossistêmicos e restauração florestal
em paisagens fragmentadas; (d) o desenvolvimento de aplicações marinhas; (e) o desenvolvi-
mento de ferramentas e aplicativos de SIG para a utilização pela Internet. Acreditamos serem
esses os principais tópicos das análises com SIG nos próximos anos.
Conservacao_SIG.indb 5 9/8/2012 17:22:04
Apesar de o acesso à tecnologia dos SIG e a disponibilidade de dados espaciais terem aumen-
tado enormemente nos últimos dez anos, ainda há uma grande demanda por informações e pela
criação de capacidades analíticas em todas as regiões do País, especialmente naquelas em que as
ações de conservação são mais urgentes.
A ideia da reunião de trabalhos de conservação com SIG nasceu na segunda reunião da Seção
Brasileira da Society for Conservation GIS, realizada em maio de 2009, no Parque Nacional da
Serra dos Órgãos, em Teresópolis (RJ), após a constatação de algumas dessas lacunas e oportu-
nidades. Visualizamos esse trabalho como o primeiro de uma série de publicações da Society for
Conservation GIS.
Este livro é voltado a usuários de SIG e a conservacionistas em organizações não governamen-
tais, universidades e centros de pesquisa. Ele também é voltado a empreendedores ambientais,
líderes comunitários e populações indígenas.
Dois grupos de usuários de SIG poderão se beneficiar desta publicação: (a) aqueles que traba-
lham em organizações governamentais ou não governamentais e estão próximos do dia a dia da
implementação das ações de conservação; (b) usuários de SIG em universidades e instituições de
pesquisa. Os primeiros encontrarão nos trabalhos aqui apresentados o referencial teórico que
poderá ajudá-los a otimizar o uso das ferramentas de SIG e dados espaciais. Com base nos exem-
plos e estudos de caso apresentados aqui, os usuários de SIG em universidades e instituições de
pesquisa poderão aproximar o foco das suas pesquisas de questões e problemas enfrentados por
conservacionistas em outras organizações.
O objetivo desta publicação é reunir iniciativas de pesquisadores e usuários de SIG no Brasil
que tenham diretamente ou indiretamente resultado em ações concretas de conservação da
biodiversidade ou guiado políticas públicas. Para tanto, nós convidamos 62 autores de 39 institui-
ções, resultando nos 14 capítulos deste livro, distribuídos em cinco seções. Alguns capítulos são
suficientemente abrangentes e contêm diretrizes para a implementação de projetos ou para o de-
senvolvimento e a aplicação de metodologias similares em outras regiões. Gostaríamos, assim, de
preencher parcialmente a lacuna entre pesquisa e implementação, incentivando o desenvolvimento
de trabalhos aplicados de SIG, por meio da apresentação de estudos de caso que ilustram uma com-
binação de conceitos, métodos e aplicações, com foco especial na implementação dos projetos.
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sumário
Seção 1 | sig pArA restAurAção florestAl
1 dA frAgmentAção florestAl à restAurAção dA pAisAgem: AliAndo conhecimento científico e
oportunidAdes legAis pArA A conservAção...................................................................................... 13
1.1 A conservação ambiental por meio da Ciência .................................................................................................13
1.2 Dinâmica e ocupação atual do Pontal do Paranapanema .................................................................................15
1.3 Fatores determinantes da distribuição da biodiversidade na região...................................................................16
1.4 Oportunidades legais para restaurar a floresta.................................................................................................17
1.5 Restauração florestal....................................................................................................................................... 21
1.6 Conclusões...................................................................................................................................................... 21
Referências bibliográficas................................................................................................................................ 22
2 AdequAção AmbientAl de propriedAdes rurAis e priorizAção dA restAurAção florestAl
pArA otimizAr o gAnho de conectividAde dA pAisAgem...................................................................... 24
2.1 Por que e como promover a adequação ambiental de propriedades rurais? .....................................................24
2.2 Como fazer?.................................................................................................................................................... 25
2.3 Definição das metodologias de restauração para cada uma das situações ambientais identificadas
no zoneamento ambiental das propriedades rurais ......................................................................................... 26
2.4 Definição do cronograma de restauração........................................................................................................ 30
2.5 Aplicação da teoria dos grafos para definir cronograma de restauração em propriedades rurais ..................... 32
2.6 Conclusões...................................................................................................................................................... 37
Referências bibliográficas................................................................................................................................ 38
3 A restAurAção dA mAtA AtlânticA ApoiAdA em sistemAs de informAções geográficAs ....................... 40
3.1 O pacto pela restauração da Mata Atlântica ................................................................................................... 40
3.2 Uso de SIG para o mapeamento de áreas potenciais para restauração florestal .............................................. 42
3.3 Procedimentos metodológicos ........................................................................................................................ 44
3.4 Áreas potenciais para a restauração ................................................................................................................ 48
3.5 Aplicações práticas do mapeamento – indicação de áreas de baixa aptidão agrícola para a
restauração florestal visando a geração de produtos florestais madeireiros e não madeireiros........................... 49
3.6 Melhoria contínua............................................................................................................................................51
Referências bibliográficas................................................................................................................................ 53
4 legAlgeo: um AplicAtivo pArA A identificAção dAs áreAs potenciAis pArA recuperAção e
implementAção de reservAs legAis no cerrAdo............................................................................... 55
4.1 Reserva Legal em propriedades rurais ............................................................................................................. 55
4.2 Como escolher áreas candidatas e onde alocar a Reserva Legal na paisagem?................................................. 56
4.3 Área de estudo – Bacia do alto Rio São Lourenço............................................................................................ 57
4.4 A implementação do LegalGeo ....................................................................................................................... 58
4.5 Resultados da aplicação do LegalGeo.............................................................................................................. 65
4.6 Conclusões...................................................................................................................................................... 67
Referências bibliográficas................................................................................................................................ 68
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Seção 2 | AplicAções de sig pArA conservAção dA biodiversidAde mArinhA
5 sig nA linhA de frente dA conservAção mArinhA: gestão pArA A conservAção
dA região dos Abrolhos, bA........................................................................................................ 71
5.1 Alocação de blocos para exploração de óleo e gás em áreas ambientalmente sensíveis .................................. 73
5.2 Delineamento de Unidades de Conservação (UCs) e Zonas de Amortecimento (ZAs)......................................74
5.3 Estabelecimento de um corredor de navegação na área de reprodução da baleia‑jubarte................................. 78
5.4 Desafios atuais ................................................................................................................................................ 80
5.5 Conclusões...................................................................................................................................................... 86
Referências bibliográficas................................................................................................................................ 87
Seção 3 | mApeAmentos pArticipAtivos em unidAdes de conservAção e terrAs indígenAs
6 unidAdes de conservAção nA AmAzôniA brAsileirA: exemplos dA Adoção de sistemAs de
informAções geográficAs pArticipAtivos (sigps)............................................................................. 91
6.1 Áreas de estudo .............................................................................................................................................. 93
6.2 Construção de um SIGP e modelagem espacial............................................................................................... 95
Referências bibliográficas.............................................................................................................................. 104
7 etnosigs: ferrAmentAs pArA gestão territoriAl e AmbientAl de terrAs indígenAs ................................107
7.1 Breve histórico do etnomapeamento, entidades envolvidas e seu uso nas terras
indígenas no Brasil......................................................................................................................................... 108
7.2 Integrando conhecimento étnico e informação geográfica: uma metodologia
para consolidação em SIG das iniciativas de etnomapeamento ......................................................................111
7.3 Estudos de caso: Levantamento Etnoambiental do Complexo Macuxi‑Wapixana (Roraima)..........................113
7.4 Etnomapeamento e sua interface com políticas públicas para gestão territorial e
ambiental de terras indígenas.........................................................................................................................121
7.5 Conclusões e recomendações.........................................................................................................................122
Referências bibliográficas...............................................................................................................................123
8 etnomApeAmento nA terrA indígenA poyAnAwA (Acre)...................................................................125
8.1 Contexto geopolítico......................................................................................................................................126
8.2 Breve caracterização da TI .............................................................................................................................126
Poyanawa e entorno ......................................................................................................................................126
8.3 As oficinas de etnomapeamento ....................................................................................................................128
8.4 A elaboração de etnomapas e outros materiais ..............................................................................................129
8.5 Conclusões.....................................................................................................................................................137
Referências bibliográficas...............................................................................................................................139
9 monitorAmento e mApeAmento pArticipAtivo dA cAçA nA
terrA indígenA prAiA do cArApAnã (Acre)....................................................................................141
9.1 Ferramentas participativas em comunidades indígenas ..................................................................................142
9.2 Mapeamento e monitoramento participativo na Terra Indígena Praia do Carapanã.......................................142
9.3 Resultados......................................................................................................................................................147
9.4 Conclusões.....................................................................................................................................................151
Referências bibliográficas...............................................................................................................................152
Conservacao_SIG.indb 8 9/8/2012 17:22:05
Seção 4 | diAgnósticos e monitorAmento de componentes dA biodiversidAde e pressões AntrópicAs
10 mApeAndo os remAnescentes florestAis nA mAtA AtlânticA brAsileirA .............................................157
10.1 Atlas dos remanescentes florestais: metodologias empregadas ..................................................................... 158
10.2 Conclusões.....................................................................................................................................................175
Referência bibliográfica ..................................................................................................................................178
11 mApeAmento e cArActerizAção do hábitAt pArA conservAção do formigueiro-do-litorAl
(Formicivora littoralis), umA Ave endêmicA dAs restingAs do rio de JAneiro ...................................179
11.1 Mapeamento das formações vegetacionais da área de distribuição de Formicivora litorallis e entorno ........ 180
11.2 Associação da ocorrência de Formicivora littoralis com os tipos de vegetação.............................................. 186
11.3 Conclusões sobre o mapeamento do hábitat de Formicivora littoralis e implicações para conservação ....... 187
Referências bibliográficas.............................................................................................................................. 188
12 pressão humAnA nA florestA nAcionAl do JAmAri e A implAntAção de concessões florestAis ..............191
12.1 Descrição da área de estudo...........................................................................................................................192
12.2 Descrição das bases de dados ........................................................................................................................193
12.3 Mapeamento da pressão antrópica ............................................................................................................... 194
12.4 Resultados..................................................................................................................................................... 199
12.5 Discussão e conclusões.................................................................................................................................. 205
Referências bibliográficas.............................................................................................................................. 207
13 expAnsão do etAnol: diAgnóstico no mosAico dA pAisAgem rurAl no sudoeste de goiás ....................211
13.1 Os Biocombustíveis em foco ..........................................................................................................................211
13.2 Onde apurar a expansão? ..............................................................................................................................212
13.3 Como mensurar a expansão? .........................................................................................................................214
13.4 O que foi encontrado.....................................................................................................................................217
13.5 Conclusões.................................................................................................................................................... 220
Referências bibliográficas .................................................................................................................................... 220
Seção 5 | priorizAções de áreAs pArA A conservAção dA biodiversidAde
14 os princípios de complementAridAde e insubstituibilidAde nA revisão dAs áreAs prioritáriAs
pArA A conservAção do cerrAdo .................................................................................................225
14.1 Materiais e métodos...................................................................................................................................... 226
14.2 Resultados..................................................................................................................................................... 234
14.3 Discussão ...................................................................................................................................................... 236
Referências bibliográficas.............................................................................................................................. 239
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dA frAgmentAção florestAl à restAurAção dA
pAisAgem: AliAndo conhecimento científico e
oportunidAdes legAis pArA A conservAção
1
1.1 A conservação ambiental por meio da Ciência
As modificações que os seres humanos causaram nos ecossistemas naturais
levaram à extinção de muitas espécies e colocaram em risco de desapare-
cimento milhares de outras (IUCN, 2007). Essas alterações ambientais
levam não apenas à perda da biodiversidade, mas também tem reflexos na
economia, na saúde e no bem-estar das pessoas. A perda e fragmentação
dos hábitats naturais ocasionadas pela ocupação para a produção agrícola,
exploração madeireira, criações de gado e expansões urbanas são os princi-
pais vetores de pressão sobre os ambientes terrestres (Fahrig, 2003; Fischer;
Lindenmayer, 2007). No Brasil, todos os biomas sofrem, em diferentes in-
tensidades, as consequências dessas atividades humanas. A Mata Atlântica
é um dos biomas brasileiros mais intensamente afetados pelas atividades
antrópicas; possui um grande número de espécies endêmicas, hoje muitas
delas ameaçadas (Machado; Drummond; Paglia, 2008; Metzger, 2009).
Restam entre 11% e 16% da cobertura vegetal original (Ribeiro et al., 2009),
o que a coloca na incômoda colocação do quarto hotspot de biodiversidade
mais ameaçado do planeta (Myers et al., 2000).
O conhecimento científico deve ser o principal norteador das atividades hu-
manas, subsidiando ações práticas de conservação e manejo da biodiversidade a
fim de se evitar novas perdas do nosso patrimônio natural ou de se evitar aque-
las que estão a caminho, bem como assegurar-se da conservação dos serviços
dos ecossistemas naturais (Metzger, 2009). Embora ciências como a Biologia
da Conservação e a Ecologia da Paisagem estejam ainda em fase de maturação,
elas podem contribuir para tomadas de decisões, criando bases para a ava-
liação dos riscos de determinadas ações humanas, por meio da indicação das
melhores formas de restaurar um sistema natural, otimizando os recursos fi-
nanceiros disponíveis. Muitos desses conhecimentos são fortemente baseados
em dados espaciais, visto que a localização, a configuração (disposição espacial)
e a composição dos padrões espaciais da paisagem são fatores fundamentais e
determinantes para o planejamento de paisagens sustentáveis.
Neste capítulo será ilustrado o papel do conhecimento científico para a prá-
tica da conservação, conectando conceitos gerados nas últimas décadas às ações
para o manejo, a conservação e a restauração ambiental, numa região prioritária
para conservação, o Pontal do Paranapanema, no Estado de São Paulo. Entre-
meados aos conceitos teóricos que embasaram essas ações serão mostrados:
Alexandre Uezu
IPÊ – Instituto de
Pesquisas Ecológicas
Laury Cullen Junior
IPÊ – Instituto de
Pesquisas Ecológicas
Conservacao_SIG.indb 13 9/8/2012 17:22:05
Da fragmentação florestal à restauração Da paisagem: alianDo... 15
Fig. 1.1 Processo de fragmentação na região do Pontal do Paranapanema (SP). As linhas vermelhas delimitam a área atual
dos remanescentes florestais estudados
as condições ambientais da região, ressaltando a
dinâmica de desmatamento e ocupação; a com-
posição e configuração da paisagem hoje em dia,
indicando os parâmetros da paisagem que melhor
explicam a variação da diversidade de espécies;
os riscos para as espécies; as oportunidades de
conservação na região com base na legislação
ambiental; uma metodologia para alocação de re-
servas legais; e as ações práticas que vem sendo
adotadas para restaurar as funções ecológicas dos
ecossistemas naturais.
1.2 Dinâmica e ocupação atual do
Pontal do Paranapanema
O exemplo mostrado neste estudo vem do
extremo oeste do Estado de São Paulo, do
Pontal do Paranapanema, onde a vegeta-
ção característica é a Floresta Estacional
Semidecidual. É uma região considerada
extremamente alta quanto à importância bio-
lógica e prioridade para ações de conservação,
pelo Ministério do Meio Ambiente (Portaria
MMA nº 9, de 23/1/2007). O Pontal ainda
conta com a presença de grandes mamíferos
como a onça-pintada, a anta, catetos e quei-
xadas e o ameaçado mico-leão-preto, além de
espécies endêmicas e ameaçadas de aves como
a araponga, o urubu-rei, o macuco e o gavião-
-pega-macaco.
O processo de perda e fragmentação flores-
tal no Pontal é relativamente recente, tendo
iniciado cerca de 50 anos atrás. Em 1956, toda a
região era praticamente um único contínuo flo-
restal (Fig. 1.1), com cerca de 78% de cobertura
florestal,  em 1965 esse número caiu para 38%
e, em 1978, para 27%, e a partir de 1984, a pro-
porção florestal atingiu níveis similares ao que se
encontra hoje em dia.
Conservacao_SIG.indb 15 9/8/2012 17:22:07
AdequAção AmbientAl de propriedAdes rurAis
e priorizAção dA restAurAção florestAl
pArA otimizAr o gAnho de conectividAde
dA pAisAgem
2
Leandro Reverberi
Tambosi
Laboratório de
Ecologia da Paisagem e
Conservação (LEPAC),
Instituto de
Biociências, USP
Michel Metran
da Silva
Laboratório de
Ecologia e Restauração
Florestal (LERF),
ESALQ, USP
Ricardo Ribeiro
Rodrigues
Laboratório de
Ecologia e Restauração
Florestal (LERF),
ESALQ, USP
2.1 Por que e como promover a adequação ambiental de
propriedades rurais?
A crescente demanda por alimentos e biocombustíveis tem resultado na ex-
pansão de áreas agrícolas sobre remanescentes naturais em todo planeta.
No Brasil, a expansão das áreas de pastagem, culturas de soja e cana-de-
-açúcar são grandes responsáveis pelo aumento das áreas cultivadas, muitas
vezes realizadas sem um planejamento ambiental adequado, resultando em
degradação ambiental (Rodrigues et al., 2010). Juntamente com esse cená-
rio de expansão de áreas agrícolas, há uma crescente preocupação com a
preservação ambiental suportada por leis ambientais cada vez mais restriti-
vas e por uma pressão de mercados consumidores que exigem uma produção
de alimentos ambiental e socialmente sustentável (Rodrigues et al., 2009).
Em busca de melhores oportunidades de mercado e para evitar problemas
como multas ou autuações por descumprimento da legislação ambiental, as em-
presas agropecuárias estão aderindo a programas de adequação ambiental e a
certificação de suas áreas produtivas. Além disso, o respeito à legislação e o
ingresso em programas de certificação ambiental permitem o acesso a linhas
de crédito, especialmente voltadas para atividades ambientalmente responsá-
veis, que são disponibilizadas pelo International Finance Corporation (www.
ifc.org) por meio de contratos com grandes bancos brasileiros, entre eles Banco
do Brasil, Banco Real e Itaú-Unibanco (Igari; Tambosi; Pivello, 2009).
Os programas de adequação ambiental visam estabelecer ações para uma
produção mais sustentável, respeitando as exigências legais quanto à proteção
dos recursos naturais. No Brasil, essas exigências incluem a preservação e/ou
a restauração da vegetação nas áreas de preservação permanente (APPs) nas
margens dos corpos d’água, variando de 30 m a 500 m de acordo com as carac-
terísticas dos corpos d’água, e em áreas com declividade superior a 45° e topos
de morro. Outra exigência da legislação é a manutenção e/ou restauração da
vegetação natural de uma porcentagem das propriedades rurais na forma de re-
serva legal (RL), podendo variar de 20% nas áreas de Mata Atlântica e Cerrado
a 80% nas áreas de floresta amazônica (Lei Federal nº 4.771 de 1965). Além das
exigências legais, a adoção de práticas de conservação de solos e restauração de
áreas com baixa aptidão agrícola (solos rasos) são frequentemente exigidas por
órgãos certificadores, estimulando a adoção de boas práticas agrícolas (Rodri-
gues et al., 2010).
Conservacao_SIG.indb 24 9/8/2012 17:22:18
A restAurAção dA mAtA AtlânticA ApoiAdA
em sistemAs de informAções geográficAs
3
Milena Ribeiro
The Nature
Conservancy – Brasil
Ricardo Ribeiro
Rodrigues
Laboratório de
Ecologia e Restauração
Florestal – USP/
ESALQ/LCB
Adriana Paese
Sociedade para
Conservação
em GIS – Brasil
Anita Diederichsen
The Nature
Conservancy - Brasil
Sabrina Costa
Instituto BioAtlântica
Pedro Henrique
Santin Brancalion
Departamento de
Ciências Florestais,
USP/ESALQ
Edson Santiami
Instituto BioAtlântica
Gilberto Pereira
Instituto Terra de
Preservação Ambiental
João Guimarães
The Nature
Conservancy – Brasil
Regiane Kock
The Nature
Conservancy – Brasil
3.1 O pacto pela restauração da Mata Atlântica
Nos últimos 150 anos, o Brasil tem desempenhado um papel pioneiro no
desenvolvimento de políticas proativas e eficazes de conservação ambiental
e iniciativas de restauração ecológica (Joly et al., 2010). Enquanto a taxa
inaceitavelmente elevada de desmatamento no país é bem divulgada, esta
outra realidade não é bem conhecida fora do Brasil.
Sobretudo, há um contexto institucional que favorece o financiamento
de ações de restauração, seja por Pagamento por Serviços Ambientais, ou no
âmbito internacional, pela aplicação de Mecanismos de Desenvolvimento
Limpo (MDL) e Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação (REDD).
Há ainda o respaldo legal do Código Florestal Brasileiro Lei nº 4.771 de 1965,
que estabelece Áreas de Preservação Permanente (APPs) e Reservas Legais
(RLs) em áreas rurais. Pelo Código, há um enorme passivo ambiental em áreas
de APPs e RLs ocupadas por cultivos agrícolas ou que apresentam reduzido
potencial de produção agropecuária e que se encontram ocupadas por pasta-
gens com baixa produtividade. De acordo com a legislação vigente, essas áreas
deveriam ser convertidas para vegetação nativa tanto pelo seu valor biológico
quanto pelos serviços ambientais que podem oferecer. Há atualmente na Mata
Atlântica numerosas propriedades rurais, localizadas em áreas declivosas, que
se encontram ocupadas por pastagens de baixa produtividade e que poderiam
ser revertidas em florestas de produção com espécies nativas, com o retorno
econômico pela exploração sustentada da floresta recuperada ou pelo paga-
mento por serviços ambientais. Outras áreas, com as mesmas características,
poderiam ainda ser utilizadas para a compensação do déficit de RLs de proprie-
dades rurais localizadas em regiões de maior aptidão agrícola, na mesma bacia
hidrográfica (Silva et al., 2011).
Proteger os fragmentos florestais e promover a conectividade funcional da
paisagem é fundamental para que a tendência atual de isolamento e degradação
dos remanescentes e a extinção de espécies possa ser revertida (Ribeiro et al.,
2009). A restauração florestal é atualmente considerada como uma das maiores
prioridades para a conservação da Mata Atlântica (Metzger et al., 2009; Ri-
beiro et al., 2009).
A conservação e restauração da biodiversidade na Mata Atlântica dependem
de estratégias e projetos de longo prazo que possam melhorar a conectividade
da paisagem e a disponibilidade de hábitats para um grande número de espé-
Conservacao_SIG.indb 40 9/8/2012 17:22:33
Conservação da biodiversidade Com siG46
das para a definição das montanhas foram: rigde e
upper. As classes consideradas na identificação dos
morros foram rigde, upper e middle. Foram ainda
considerados para a definição de morros, os terre-
nos com elevação entre 50 e 300 m e declividade
superior a 17° (Resolução Conama, 303/2002).
Com base na identificação de montanhas e
morros, representados em um arquivo raster,
foram identificados dos seus pontos mais elevados
(topos) e mais baixos (base) por meio da utilização
da ferramenta Zonal Stats do software ArcGIS 9.2.
Conhecendo-se os valores de altitude do topo e
Fig. 3.1 Esquema ilustrativo do índice de posição topográfica: a mudança da distância do raio de análise representada pela
seta indica como mesmas feições podem ser consideradas diferentes
Fig. 3.2 Etapas de processamento em ambiente ArcGis na delimitação de APP topo de morros e montanhas
Conservacao_SIG.indb 46 9/8/2012 17:22:42
55
legAlgeo: um AplicAtivo pArA A identificAção
dAs áreAs potenciAis pArA recuperAção
e implementAção de reservAs legAis
no cerrAdo
4
Marcelo Matsumoto
The Nature
Conservancy
Mark Kumler
University of Redlands
Leandro Baumgarten
The Nature
Conservancy
4.1 Reserva Legal em propriedades rurais
A atual legislação brasileira estabelece que as propriedades rurais devem
manter uma parte do imóvel coberta com vegetação nativa, denominada
Reserva Legal (RL). A área exigida é determinada em função da região e
do tipo de vegetação existente onde a propriedade está localizada, podendo
variar de 20% até 80% da área total do imóvel.
A RL foi instituída pelo Código Florestal de 1965 com o objetivo de promo-
ver “o uso sustentável dos recursos naturais, a conservação e reabilitação dos
processos ecológicos, a conservação da biodiversidade e o abrigo e proteção de
fauna e flora nativas” (Brasil, 1965). Na sua concepção original, as RLs tinham
como objetivo servir de reserva natural de madeira e lenha para os proprietá-
rios rurais. Esse conceito foi alterado ao longo do tempo, principalmente em
decorrência da rápida degradação do meio ambiente. A tendência atual é que as
RLs possam também promover a conservação da biodiversidade, permitindo ao
proprietário desenvolver algumas atividades econômicas nessas áreas, como a
coleta de frutos e sementes, desde que a vegetação não seja suprimida.
Embora a legislação que trata do assunto tenha sido estabelecida em 1965
(BRASIL, 1965), a maioria das propriedades rurais no Brasil ainda não possui
a RL regularizada ou plenamente constituída. Várias causas podem ter contri-
buído para essa situação como: a fiscalização e monitoramento deficientes por
parte dos órgãos responsáveis e a falta de comprometimento dos proprietários
rurais com as questões ambientais.
Para tentar mudar este quadro, em 2001 foi instituída a Medida Provisória
(MP) 2.166 (Brasil, 2001), que apresentava três alternativas aos proprietários
rurais para implementar efetivamente as RLs. São elas: 1. plantio de espécies
nativas na porção de 1/10 da área total destinada a RL, a cada três anos; 2.
regeneração natural da vegetação nativa da área degradada destinada a RL e;
3. compensação da RL extra-propriedade. Por sua vez, cabe ao proprietário do
imóvel rural decidir qual alternativa melhor atende aos seus interesses e, ao
mesmo tempo, cumpre com os requisitos determinados em lei.
Diversos estudos foram elaborados para compreender os critérios mais
apropriados para a alocação de RLs (Molin; Stape, 2007; Delalibera et al.,
2008), principalmente analisando o uso e a cobertura do solo com dados so-
cioeconômicos. No estudo realizado por Molin e Stape (2007) na área da
Estação  Experimental de Ciências Florestais de Itatinga (USP/ESALQ),
Conservacao_SIG.indb 55 9/8/2012 17:22:50
sig nA linhA de frente dA conservAção
mArinhA: gestão pArA A conservAção dA
região dos Abrolhos, bA
5
Guilherme F. Dutra
Conservação
Internacional –
Programa Marinho
Rodrigo L. Moura
Universidade Federal
do Rio Janeiro
Márcia H. Engel
Instituto Baleia
Jubarte
Cristiane
C. A. Martins
Instituto Baleia
Jubarte
Leonardo L. Wedekin
Instituto Baleia
Jubarte
Mariana C. Neves
Instituto Baleia
Jubarte
Adriana Paese
Sociedade para
Conservação
em GIS – Brasil
No mundo inteiro, recifes de coral, manguezais, bancos de gramíneas mari-
nhas e outros ecossistemas marinhos tropicais altamente biodiversos estão
em grave declínio (Hughes, 1994; Pandolfi et al., 2003). Impactos antrópi-
cos estão degradando a qualidade da água, a característica dos hábitats e a
estrutura ecológica dos sistemas costeiros que proveem preciosos, e ainda
pouco valorizados, serviços ecossistêmicos. Durante boa parte do século XX,
o colapso dos ecossistemas marinhos foi subestimado, e apenas algumas
poucas espécies-bandeira de mamíferos marinhos, aves e tartarugas foram
sendo reconhecidas como ameaçadas de extinção. Entretanto, pesquisado-
res vêm constatando que milhares de espécies marinhas, desde pequenos
invertebrados até grandes peixes predadores, se tornarão extintos nas pró-
ximas décadas se a degradação dos oceanos não for rapidamente revertida
(Worm et al., 2006). Estas perdas massivas de espécies vão provocar efei-
tos na estrutura da cadeia alimentar, afetando a funcionalidade de todo o
ecossistema costeiro e marinho a níveis que desafiam o conhecimento atual
sobre a dinâmica destes sistemas (Norse; Crowder, 2005; Rogers; Laffoley,
2011). Além disso, muitas atividades pesqueiras marinhas estão atual-
mente à beira de um colapso, principalmente as costeiras e aquelas que têm
como alvo grandes peixes predadores (Pauly et al., 2003) ou que utilizam
artes de pesca destrutivas para os hábitats (p.ex., pesca de arrasto em áreas
recifais, pesca com bombas). Esta crise global traz um desafio sem prece-
dentes não somente para a conservação da biodiversidade, mas também
para a subsistência de milhões de pessoas que dependem de ecossistemas
costeiros saudáveis. Na maioria dos países, as agendas seguem focadas
no desenvolvimento econômico, com poucas preocupações de longo prazo
com a sustentabilidade dos recursos naturais e à revelia da conservação da
biodiversidade.
Este capítulo descreve como duas instituições parceiras, Conservação Inter-
nacional (CI) e Instituto Baleia Jubarte (IBJ), vêm utilizando e promovendo o uso
de Sistemas de Informação Geográfica (SIG) para abordar problemas de conser-
vação na região dos Abrolhos, na costa leste do Brasil. Essa região compreende
dois bancos marinhos que pertencem à plataforma continental – Abrolhos e
Royal Charlotte, com uma área total de águas rasas de 56.000 km2 (Fig. 5.1).
A região concentra a maior biodiversidade marinha do oceano Atlântico Sul,
os maiores recifes coralíneos (Werner et al., 2000) e a principal área de repro-
Conservacao_SIG.indb 71 9/8/2012 17:23:06
Conservação da biodiversidade Com siG78
de restrição foram propostos para a ZA, um de
exclusão total de operações de óleo e gás (alta pro-
babilidade de efeitos graves nas UCs e hábitats
mais sensíveis) e outro com severas restrições de
licenciamento, especialmente em termos de ex-
tração e tecnologia de transporte, monitoramento
e planos de contingência (menor probabilidade de
efeitos graves nas UCs, zonas de pesca e hábitats
mais sensíveis).
Baseado nos resultados das modelagens, a ZA
do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos foi
legalmente estabelecida pelo Ibama em maio de
2006,masestáatualmentesuspensaporuma ação
judicial que questiona o mecanismo legal para sua
instituição (e não o mérito técnico da proposta).
Uma decisão final ainda está sendo aguardada.
O valor da aplicação objetiva de algoritmos
para o planejamento de operações de óleo e gás em
áreas como Abrolhos ainda não é totalmente reco-
nhecida pela indústria e pela agência reguladora
(Agência Nacional do Petróleo – ANP). Entretanto,
como experiências desastrosas têm se acumu-
lado no mundo inteiro (p.ex., recente vazamento
nas operações da British Petroleum no Golfo do
México) e a preocupação pública tem aumentado,
espera-se que a indústria e as agências regula-
doras auxiliem no desenvolvimento e passem a
utilizar ferramentas de planejamento como as
que foram produdas. Essa parece uma abordagem
mais racional e abrangente que analisa de forma
reativa os processos de licenciamento ambiental,
com pressões políticas e análises subjetivas que
não consideram o valor intrínseco dos ecossiste-
mas, ou sua vocação econômica e natural (pesca,
turismo etc.). Medidas legais estabelecendo meca-
nismos eficientes e permanentes de proteção para
a maior riqueza marinha do Atlântico Sul são al-
tamente desejáveis.
5.3 Estabelecimento de um corredor
de navegação na área de
reprodução da baleia-jubarte
O tráfego marítimo é tido mundialmente
como uma importante ameaça à conserva-
ção de grandes baleias (Richardson et al.,
1995; Laist et al., 2001). Em escala nacional,
observa-se uma tendência a um aumento no
tráfego marítimo acompanhada por inves-
Fig. 5.4 Foto da primeira consulta pública para criação da Reserva Extrativista do Cassurubá, nas quais beneficiários da
Resex (pescadores locais, catadores de caranguejos e pequenos produtores rurais) examinaram os painéis com os limites pro‑
postos e demandaram correções para proteger habitats essenciais para os recursos pesqueiros e áreas de pesca
Conservacao_SIG.indb 78 9/8/2012 17:23:23
unidAdes de conservAção nA AmAzôniA
brAsileirA: exemplos dA Adoção de
sistemAs de informAções geográficAs
pArticipAtivos (sigps)
6
Enrico Bernard
Programa Amazônia –
Conservação
Internacional
Luis Barbosa
Programa Amazônia –
Conservação
Internacional
Raquel Carvalho
Programa Amazônia –
Conservação
Internacional
No Brasil, as unidades de conservação (UCs) estão divididas em dois grupos:
uso sustentável (UCUS) e proteção integral (UCPI) (SNUC, 2000). Estes
grupos diferem-se em seus objetivos de conservação e restrições de uso,
pois as UCPI não permitem o uso direto dos recursos, restringindo a per-
manência de populações humanas em seu interior. Suscintamente, pode-se
dizer que o objetivo básico das UCPI é preservar a natureza, enquanto o das
UCUS é compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de
parcela dos seus recursos naturais. A criação de UCUS no Brasil é um pro-
cesso antigo: a primeira Floresta Nacional Brasileira (Flona Araripe-Apodi)
foi criada em 1946; a Flona Caxiuanã, primeira da região amazônica, em
1961; a primeira Área de Proteção Ambiental (APA) federal em 1982; a
primeira Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) em 1984; e a pri-
meira Reserva Extrativista (RESEX) federal em 1990 (ICMBio, 2009). Até o
final da década de 1980, as UCPI eram criadas em maior número na região
Amazônica, quando comparadas às UCUS. Com o fortalecimento dos movi-
mentos sociais no país e com a consequente aproximação desse movimento
de outros setores da política brasileira, em especial do setor ambiental, o
balanço entre as categorias vem se alterando em favor das UCUS. Em al-
gumas regiões do Brasil, e em especial na Amazônia, a questão do acesso
aos recursos naturais está diretamente ligada à posse da terra. Observa-se,
então, que em determinadas situações, as UCs desempenham um papel de
elemento ordenador do território e da paisagem. Algumas UCUS, principal-
mente as RESEX, passam, portanto, a ser criadas primariamente não com
a finalidade de conservar a biodiversidade, mas como forma de assegurar
direitos de uso da terra por parte de populações extrativistas, como serin-
gueiros e castanheiros.
Paralelamente a este movimento, em nível estadual na Amazônia surgem
iniciativas alternativas, como o modelo das Reservas de Desenvolvimento
Sustentável (RDS) de Mamirauá, no município de Tefé (Amazonas), e do Rio Ira-
tapuru, em Laranjal do Jarí (Amapá). Desta forma, a década de 1990 foi, então,
marcada por um salto significativo no número e área das UCs destinadas ao uso
sustentável dos recursos naturais. O Brasil tem cerca de 51 milhões de hectares
(ha) de UCPI federais e estaduais, e 109 milhões de ha de UCUS (ISA, 2009).
Conservacao_SIG.indb 91 9/8/2012 17:23:46
157
mApeAndo os remAnescentes florestAis nA
mAtA AtlânticA brAsileirA
10
Flávio Jorge Ponzoni
Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais –
Divisão de
Sensoriamento
Remoto
Márcia Makiko Hirota
Fundação SOS
Mata Atlântica
Marcos Reis Rosa
ArcPlan SS Ltda.
O estabelecimento de leis voltadas ao ordenamento da ocupação territorial
de um país passa, obrigatoriamente, pelo conhecimento da distribuição es-
pacial de seus recursos naturais. No caso do Brasil, os diferentes biomas têm
até hoje sua distribuição territorial pouco conhecida ou, no mínimo, repleta
de dúvidas e de incertezas. Assim foi com a Mata Atlântica até 1988, quando
a Fundação SOS Mata Atlântica tomou a iniciativa pioneira de minimizar
estas incertezas, servindo-se de tecnologia espacial e de técnicas de senso-
riamento remoto e de geoprocessamento para finalmente estimar qual seria
o seu domínio geográfico e a sua situação em termos de cobertura florestal.
Os trabalhos tiveram início com a realização do “Primeiro Seminá-
rio Mata Atlântica e Sensoriamento Remoto”, promovido pela Fundação
SOS Mata Atlântica, Ministério da Ciência e Tecnologia, Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais, Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, Mi-
nistério da Cultura, Centro de Estudos Terra-Homem e Universidade Federal
do Rio de Janeiro, entre os dias 17 e 19 de junho de 1988, na Fazenda Pau
D’Alho em São José do Barreiro (SP). Este encontro trouxe à mesa de discussão
pesquisas e  experiências com enfoque na análise e na avaliação das poten-
cialidades do Sensoriamento Remoto para o conhecimento e conservação da
mata atlântica.
Em seguida, a Fundação SOS Mata Atlântica, o Instituto Nacional de Pesqui-
sas Espaciais (Inpe) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (Ibama), se reuniram para elaborar o primeiro “Atlas dos
Remanescentes Florestais do Domínio da Mata Atlântica”, concluído em 1990.
Este mapeamento dos remanescentes florestais da Mata Atlântica e de ecossis-
temas associados, produzido a partir de imagens de satélite disponibilizadas na
escala 1:1.000.000, determinou a área, a dimensão e a distribuição espacial da
Mata Atlântica, estabelecendo uma referência inicial para o desenvolvimento
de novos estudos.
Dentro da proposta de gerar informação, conhecer a extensão, a localização
e a dinâmica da Mata Atlântica, a SOS Mata Atlântica e o Inpe desenvolveram
o “Atlas da Evolução dos Remanescentes Florestais e Ecossistemas Associados
do Domínio da Mata Atlântica no período de 1985-1990”, dando início ao seu
monitoramento de cinco em cinco anos. Desde então, esse Atlas vem sendo
atualizado de forma a gerar os dados mais confiáveis possíveis mediante a in-
corporação de novas metodologias, dados e aplicativos.
Conservacao_SIG.indb 157 9/8/2012 17:24:43
Conservação da biodiversidade Com siG158
O objetivo deste capítulo é descrever as me-
todologias empregadas ao longo das diversas
atualizações do Atlas dos Remanescentes Flores-
tais da Mata Atlântica, apresentar implicações
advindas da divulgação dos seus resultados em
prol da conservação do bioma Mata Atlântica,
especialmente no estabelecimento e aprimora-
mentodalegislação,edetalharalgumasaplicações
deste Atlas desde a sua disponibilização pública
na Internet.
10.1 Atlas dos remanescentes
florestais: metodologias
empregadas
Qualquer um que se debruce sobre um mapa do
Brasil, em qualquer escala, poderá ter a falsa
ideia de que mapear a cobertura vegetal de pra-
ticamente 15% do território nacional pode ser
uma tarefa relativamente simples. Contudo,
é preciso considerar que estes 15% represen-
tam aproximadamente 3.100.000  km2, com
variação latitudinal suficiente para promover
diferenças significativas na cobertura vegetal,
de sul a norte do país, e grande diversidade de
relevo ao longo de toda a sua extensão.
Juntos, esses fatores obrigaram os responsá-
veis pela concepção do primeiro “Atlas da Mata
Atlântica” a lançar mão de uma estratégia que
viabilizasse sua realização. Na oportunidade, as
imagens de satélite se mostraram a opção mais
viável. E assim, a metodologia empregada na
elaboração do Atlas incluiu, bem como inclui até
hoje, a utilização de imagens orbitais como base
para a extração de informações.
Apesar da constância na utilização de ima-
gens de satélite, a metodologia de extração e do
georreferenciamento de informações vem sendo
aprimorada a cada nova versão.
Na primeira versão, foram utilizadas ima-
gens orbitais do sensor Thematic Mapper (TM)
do satélite Landsat 5 (TM/Landsat 5), com re-
solução espacial de 30 m, disponibilizadas em
formato analógico na escala de 1:500.000, re-
ferentes ao período 1985-1990. Composições
coloridas destas imagens, elaboradas a partir
de imagens das faixas espectrais do vermelho
(filtro azul), infravermelho próximo (filtro verde)
e infravermelho médio (filtro vermelho), eram
interpretadas visualmente explorando-se uma
legenda simplificada que incluía a delimitação
visual de polígonos de remanescentes florestais,
de mangue e de restinga. Todo o trabalho foi
materializado na forma de um mapa na escala
1:1.000.000. E sobre esse mapa o Decreto 750/93
foi definido, delimitando então os limites do do-
mínio da Mata Atlântica no território nacional.
Nesta edição, foi realizado um amplo trabalho
de campo, documentado em fotos, vídeos e rela-
tórios obtidos por meio de sobrevôos e verdade
terrestre. A versão posterior ao mapeamento de
1985-1990 foi fundamentada na interpretação
visual de imagens analógicas do mesmo sensor,
nas mesmas composições coloridas, mas agora
materializadas na escala 1:250.000 e referentes
ao período 1990-1995. Nesta nova versão, foi
possível rever muitos aspectos do levantamento
anterior e alterar a área mínima de mapeamento
de 25 para 10 ha, tanto para os remanescentes
mapeados quanto para os desflorestamentos.
Ainda trabalhando com imagens em formato
analógico, seguiu-se a terceira versão do Atlas,
referente ao período 1995-2000, mas com signifi-
cativa modificação na elaboração das composições
coloridas, impactando a extração de informações
das imagens via interpretação visual. Esta modi-
ficação incluiu a alteração do posicionamento do
filtro vermelho, antes colocado sobre a imagem
da faixa do infravermelho médio, passando a ser
colocado na imagem da faixa do infravermelho
próximo, o que alterou a tonalidade da cobertura
vegetal que antes aparecia em tons de verde, pas-
sando a assumir tonalidade avermelhada.
O resultado foi a discriminação visual mais
facilitada da cobertura vegetal, o que obrigou a
reelaboração de toda a versão anterior do Atlas,
ou seja, aquela do período 1990-1995, para que a
atualização fosse feita de forma compatível. Evi-
dentemente, as imagens referentes a esse período
1990-1995 tiveram de ser reimpressas também
nessa nova composição colorida para que o traba-
Conservacao_SIG.indb 158 9/8/2012 17:24:43
os princípios de complementAridAde e
insubstituibilidAde nA revisão dAs áreAs
prioritáriAs pArA A conservAção do cerrAdo
14
A definição de áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade é um
dos requerimentos da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), sendo
recomendado como medida geral para a conservação que cada país parte es-
tabeleça “estratégias, planos ou programas para a conservação e utilização
sustentável da diversidade biológica” (CDB, Artigo 6o
) (Brasil, 2000). O Brasil,
como país membro, acordou em seguir tais recomendações a partir de 1992,
ano da assinatura do documento. Mas dois anos antes da CDB, o país já havia
realizado um primeiro exercício para a identificação de regiões importantes
para a conservação da biodiversidade na Amazônia (Rylands, 1990). O refe-
rido mapeamento foi então coordenado pela organização não governamental
Conservation International, contando com a participação de mais de 100
pesquisadores que, divididos por grupos temáticos (mamíferos, aves, répteis,
anfíbios, plantas e outros), trabalharam na identificação de áreas prioritárias
para a conservação de cada grupo. Os critérios utilizados para a realização
das propostas por grupo foram as seleções de: áreas prístinas, áreas com
ocorrência de espécies ameaçadas ou endêmicas, áreas sem nenhum tipo de
proteção formal ou áreas sob forte pressão antrópica. Em uma segunda etapa,
as propostas dos grupos temáticos foram sobrepostas e o grau de importân-
cia de cada região foi estabelecido com base nas coincidências dos diversos
grupos trabalhados. Assim, áreas cujos resultados convergiam para um maior
número de grupos foram indicadas como as mais importantes, enquanto as
demais, com poucas concordâncias espaciais, receberam um menor grau de
priorização. Esse procedimento logo passou a ser adotado em outros estudos
no Brasil, sendo os resultados dessas iniciativas atualmente utilizados como
subsídios para a criação de áreas protegidas (Brasil, 2002), assim como para a
definição de áreas para a realização de inventários biológicos, ou definição de
áreas com uso restrito da terra (São Paulo, 2008).
Em 1993, o Ministério do Meio Ambiente promoveu o segundo seminário
regional no país, dessa vez para a identificação de áreas prioritárias para a con-
servação da biodiversidade na Mata Atlântica do Nordeste, abrangendo todos
os estados costeiros, do Espírito Santo ao Ceará. Na sequência desse, seguiram-
-se outros exercícios, como a definição de áreas prioritárias para a conservação
da biodiversidade no Cerrado e no Pantanal (1998), na Amazônia (2000), na
Mata Atlântica (2000), na Caatinga (2001) e na zona costeira e marinha (2001)
(Brasil, 2002).
Ricardo Bomfim
Machado,
Ludmilla Moura de
Souza Aguiar
Departamento
de Zoologia da
Universidade de
Brasília
Mário Barroso Ramos
Neto,
Carlos Alberto de
Mattos Scaramuzza
WWF Brasil
Giovana Bottura,
Jailton Dias,
Guilherme Fernando
Gomes Destro
Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais
Renováveis/IBAMA
Ana Elisa de Faria
Bacellar Schittini
Parque Nacional
da Serra dos
Órgãos – Instituto
Chico Mendes de
Conservação da
Biodiversidade/
ICMBio
Conservacao_SIG.indb 225 9/8/2012 17:25:52

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  • 1.
  • 2. Copyright © 2012 Oficina de Textos Grafia atualizada conforme o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990, em vigor no Brasil a partir de 2009. Conselho editorial Cylon Gonçalves da Silva; Doris C. C. K. Kowaltowski; José Galizia Tundisi; Luis Enrique Sánchez; Paulo Helene; Rozely Ferreira dos Santos; Teresa Gallotti Florenzano; Capa e projeto gráfico Malu Vallim Diagramação Malu Vallim e Douglas da Rocha Yoshida Revisão de texto Felipe Marques Todos os direitos reservados à Editora Oficina de Textos Rua Cubatão, 959 CEP 04013-043 São Paulo SP tel. (11) 3085 7933 fax (11) 3083 0849 www.ofitexto.com.br atend@ofitexto.com.br Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Conservação da biodiversidade com SIG / organizadores Adriana Paese, Alexandre Uezu, Maria Lucia Lorini, André Cunha. -- São Paulo : Oficina de Textos, 2012. 1. Biodiversidade - Conservação 2. Estudos ambientais 3. Sistemas de Informação Geográfica (SIG) I. Paese, Adriana. II. Uezu, Alexandre. III. Lorini, Maria Lucia. IV. Cunha, André. Bibliografia ISBN 978-85-7975-042-7 12-08809 CDD-621.3678 Índices para catálogo sistemático: 1. SIG : Sistemas de Informações Geográficas : Utilização em estudos ambientais : Tecnologia 621.3678 Conservacao_SIG.indb 2 9/8/2012 17:22:04
  • 3. AgrAdecimentos Os organizadores e autores do livro gostariam de agradecer às seguintes instituições o financiamento desta edição: The Society for Conservation GIS; Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH e Conservação Internacional. Os autores e organizadores agradecem também às seguintes associações, instituições e empresas o apoio, o financiamento, a participação nas pesquisas e a dedicação de seus fun- cionários e colaboradores que resultaram nesta obra: Associação Mico-Leão-Dourado; Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico; Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida; Associação para a Proteção da Mata Atlântica do Nordeste; Associação Valor Natural; Brasil Florestas S.A.; Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior; Centro de Pesquisas Am- bientais do Nordeste; Comissão Pró-Índio do Acre; Conservação Internacional; Fibria; Gordon and Betty Moore Foundation; Fundação Jardim Botânico do Rio de Janeiro; Fun- dação SOS Mata Atlântica; Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis; Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade; Instituto Amigos da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica; Instituto BioAtlântica; Instituto iBiosfera; Ins- tituto Floresta Viva; Instituto Terra de Preservação Ambiental; K2 Sistemas; Laboratório de Ecologia e Restauração Florestal (Esalq-USP); Mater Natura – Instituto de Estudos Am- bientais; Ministério do Meio Ambiente; Movimento de Defesa de Porto Seguro; Núcleo de Economia Socioambiental e Núcleo de Estudos em Contabilidade e Meio Ambiente (FEA- -USP); Petrobras; Programa Conservação e Desenvolvimento Tropical (Universidade da Flórida); Rede de ONGs da Mata Atlântica; Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo; Secretaria do Meio Ambiente do Estado do Rio Grande do Sul; Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Espírito Santo; Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Paraná; Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Re- cursos Naturais do Acre; Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente do Estado de Pernambuco; The Nature Conservancy; Universidade Federal de Pernambuco; Vale; World Wide Fund for Nature; Wildlife Conservation Society; e as comunidades Kaxinawá da Terra Indígena Praia do Carapanã, assim como as demais comunidades indígenas e tradicionais pelo apoio para condução dos trabalhos que resultaram em diversos capítulos deste livro. Os organizadores e autores também agradecem às seguintes pessoas por sua contri- buição: Alexander Yumakaev, Ana Célia Costa, Ana Maria Godoy, Alessandra Ribeiro de Moraes, Alexander Copelo, Alexsandra Santiago, André Guimarães, André Lima, Camilla Barcelos, Camila Rezende, Cecília Cronemberger, Charles Convis, Cíntia Pedrina Balieiro, Claudia Funi, Denise Claret, Eduardo Rosa, Enrico Marone, Gabriela Salim, Gabriela Viana, Henrique Rajão, Ingrid Prem, Jean Paul Metzger, José Maria Cardoso da Silva, Julia Ferreira Ribeiro, Karen Pessoa, Keila Carvalho, Luiz Paulo Pinto, Luke Parry, Marcia Silveira, Marco Aurélio Nalon, Marlon Prestes,Marcos Rosa, Mariana Morais Vidal, Miguel Calmon, Rejane Conservacao_SIG.indb 3 9/8/2012 17:22:04
  • 4. Souza, Renato Crouzeilles, Pedro Castro, Silvio Gazeta, Thadeu Melo, Flávio Ponzoni e Laury Cullen Jr. Os organizadores agradecem especialmente os membros da SCGIS-Brasil por acreditarem e se dedicarem voluntariamente para a difusão do uso do SIG aplicado à conservação da biodiver- sidade e bem-estar das populações tradicionais, assim como pela paixão e motivação com que se dedicam para alcançar ações práticas em busca desse objetivo. Conservacao_SIG.indb 4 9/8/2012 17:22:04
  • 5. conservAção dA biodiversidAde com sig: lAcunAs entre implementAção e pesquisA Existe atualmente no Brasil uma lacuna de publicações voltadas a usuários de Sistemas de Informações Geográficas (SIG) envolvidos em projetos de conservação da biodiversidade. Esses profissionais, atuantes em instituições de pesquisa, organizações governamentais e não governa- mentais, frequentemente adaptam técnicas de análise e modelos espaciais de outras disciplinas ou encontram soluções em publicações nacionais e internacionais, voltadas a usuários avançados de SIG, que não são relacionadas aos tópicos específicos da conservação da biodiversidade ou do desenvolvimento sustentável. Muito tem sido feito, apesar da pouca divulgação dos trabalhos, e as oportunidades para a exploração de técnicas de análises para a conservação com SIG no Brasil são proporcionais à heterogeneidade das suas regiões, à enorme riqueza e ao endemismo de espécies localizadas no território nacional e ao seu papel fundamental na conservação da biodiversidade global, por meio de ações de desmatamento evitado, criação de áreas protegidas e recuperação de ecossistemas, entre outras. Trabalhos aplicados de SIG são frequentemente conduzidos fora dos centros de pesquisa por organizações não governamentais ou comunidades e, apesar de os resultados desses trabalhos terem aplicações práticas, raramente são publicados. Já os inventários e as avaliações da biodiver- sidade divulgados em jornais científicos são formulados com o objetivo de aprimorar as técnicas de análise para a identificação e a priorização de áreas para a conservação, mas raramente estão inseridas em um contexto de planejamento ou implementação. Os SIG têm sido amplamente empregados para o planejamento espacial de áreas protegidas, o desenvolvimento de planos de manejo para espécies ameaçadas, a modelagem de alterações no uso e cobertura do solo e a priorização de áreas para a conservação nos níveis global, regional e local, direcionando investimentos em conservação por organizações não governamentais, agên- cias multilaterais e fontes privadas. Observa-se atualmente uma mudança do foco de ações de grupos conservacionistas da proteção integral da biodiversidade para atividades que também promovam o bem estar humano. Em vez de investir unicamente na criação de áreas protegidas e reservas privadas, tomadores de decisão estão crescentemente envolvidos em projetos de res- tauração florestal ou com algum componente para a melhoria de condições sociais, o sequestro de carbono ou o pagamento de serviços ecossistêmicos. Essa mudança de foco está relacionada à implementação das ações de conservação e também às análises espaciais, nos SIG, para o pla- nejamento dessas atividades. A mudança de foco das análises com SIG são relacionadas com: (a) maior envolvimento de atores locais e comunidades no processo de tomada de decisões; (b) en- tendimento e mitigação dos efeitos de problemas complexos (ocorrentes em mais de uma escala espacial e temporal), como as mudanças ambientais globais (incluindo o aquecimento global); (c) planejamento espacial de projetos de carbono (Redução de Emissões por Desmatamento e De- gradação Florestal – REDD), para o pagamento por serviços ecossistêmicos e restauração florestal em paisagens fragmentadas; (d) o desenvolvimento de aplicações marinhas; (e) o desenvolvi- mento de ferramentas e aplicativos de SIG para a utilização pela Internet. Acreditamos serem esses os principais tópicos das análises com SIG nos próximos anos. Conservacao_SIG.indb 5 9/8/2012 17:22:04
  • 6. Apesar de o acesso à tecnologia dos SIG e a disponibilidade de dados espaciais terem aumen- tado enormemente nos últimos dez anos, ainda há uma grande demanda por informações e pela criação de capacidades analíticas em todas as regiões do País, especialmente naquelas em que as ações de conservação são mais urgentes. A ideia da reunião de trabalhos de conservação com SIG nasceu na segunda reunião da Seção Brasileira da Society for Conservation GIS, realizada em maio de 2009, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, em Teresópolis (RJ), após a constatação de algumas dessas lacunas e oportu- nidades. Visualizamos esse trabalho como o primeiro de uma série de publicações da Society for Conservation GIS. Este livro é voltado a usuários de SIG e a conservacionistas em organizações não governamen- tais, universidades e centros de pesquisa. Ele também é voltado a empreendedores ambientais, líderes comunitários e populações indígenas. Dois grupos de usuários de SIG poderão se beneficiar desta publicação: (a) aqueles que traba- lham em organizações governamentais ou não governamentais e estão próximos do dia a dia da implementação das ações de conservação; (b) usuários de SIG em universidades e instituições de pesquisa. Os primeiros encontrarão nos trabalhos aqui apresentados o referencial teórico que poderá ajudá-los a otimizar o uso das ferramentas de SIG e dados espaciais. Com base nos exem- plos e estudos de caso apresentados aqui, os usuários de SIG em universidades e instituições de pesquisa poderão aproximar o foco das suas pesquisas de questões e problemas enfrentados por conservacionistas em outras organizações. O objetivo desta publicação é reunir iniciativas de pesquisadores e usuários de SIG no Brasil que tenham diretamente ou indiretamente resultado em ações concretas de conservação da biodiversidade ou guiado políticas públicas. Para tanto, nós convidamos 62 autores de 39 institui- ções, resultando nos 14 capítulos deste livro, distribuídos em cinco seções. Alguns capítulos são suficientemente abrangentes e contêm diretrizes para a implementação de projetos ou para o de- senvolvimento e a aplicação de metodologias similares em outras regiões. Gostaríamos, assim, de preencher parcialmente a lacuna entre pesquisa e implementação, incentivando o desenvolvimento de trabalhos aplicados de SIG, por meio da apresentação de estudos de caso que ilustram uma com- binação de conceitos, métodos e aplicações, com foco especial na implementação dos projetos. Conservacao_SIG.indb 6 9/8/2012 17:22:04
  • 7. sumário Seção 1 | sig pArA restAurAção florestAl 1 dA frAgmentAção florestAl à restAurAção dA pAisAgem: AliAndo conhecimento científico e oportunidAdes legAis pArA A conservAção...................................................................................... 13 1.1 A conservação ambiental por meio da Ciência .................................................................................................13 1.2 Dinâmica e ocupação atual do Pontal do Paranapanema .................................................................................15 1.3 Fatores determinantes da distribuição da biodiversidade na região...................................................................16 1.4 Oportunidades legais para restaurar a floresta.................................................................................................17 1.5 Restauração florestal....................................................................................................................................... 21 1.6 Conclusões...................................................................................................................................................... 21 Referências bibliográficas................................................................................................................................ 22 2 AdequAção AmbientAl de propriedAdes rurAis e priorizAção dA restAurAção florestAl pArA otimizAr o gAnho de conectividAde dA pAisAgem...................................................................... 24 2.1 Por que e como promover a adequação ambiental de propriedades rurais? .....................................................24 2.2 Como fazer?.................................................................................................................................................... 25 2.3 Definição das metodologias de restauração para cada uma das situações ambientais identificadas no zoneamento ambiental das propriedades rurais ......................................................................................... 26 2.4 Definição do cronograma de restauração........................................................................................................ 30 2.5 Aplicação da teoria dos grafos para definir cronograma de restauração em propriedades rurais ..................... 32 2.6 Conclusões...................................................................................................................................................... 37 Referências bibliográficas................................................................................................................................ 38 3 A restAurAção dA mAtA AtlânticA ApoiAdA em sistemAs de informAções geográficAs ....................... 40 3.1 O pacto pela restauração da Mata Atlântica ................................................................................................... 40 3.2 Uso de SIG para o mapeamento de áreas potenciais para restauração florestal .............................................. 42 3.3 Procedimentos metodológicos ........................................................................................................................ 44 3.4 Áreas potenciais para a restauração ................................................................................................................ 48 3.5 Aplicações práticas do mapeamento – indicação de áreas de baixa aptidão agrícola para a restauração florestal visando a geração de produtos florestais madeireiros e não madeireiros........................... 49 3.6 Melhoria contínua............................................................................................................................................51 Referências bibliográficas................................................................................................................................ 53 4 legAlgeo: um AplicAtivo pArA A identificAção dAs áreAs potenciAis pArA recuperAção e implementAção de reservAs legAis no cerrAdo............................................................................... 55 4.1 Reserva Legal em propriedades rurais ............................................................................................................. 55 4.2 Como escolher áreas candidatas e onde alocar a Reserva Legal na paisagem?................................................. 56 4.3 Área de estudo – Bacia do alto Rio São Lourenço............................................................................................ 57 4.4 A implementação do LegalGeo ....................................................................................................................... 58 4.5 Resultados da aplicação do LegalGeo.............................................................................................................. 65 4.6 Conclusões...................................................................................................................................................... 67 Referências bibliográficas................................................................................................................................ 68 Conservacao_SIG.indb 7 9/8/2012 17:22:04
  • 8. Seção 2 | AplicAções de sig pArA conservAção dA biodiversidAde mArinhA 5 sig nA linhA de frente dA conservAção mArinhA: gestão pArA A conservAção dA região dos Abrolhos, bA........................................................................................................ 71 5.1 Alocação de blocos para exploração de óleo e gás em áreas ambientalmente sensíveis .................................. 73 5.2 Delineamento de Unidades de Conservação (UCs) e Zonas de Amortecimento (ZAs)......................................74 5.3 Estabelecimento de um corredor de navegação na área de reprodução da baleia‑jubarte................................. 78 5.4 Desafios atuais ................................................................................................................................................ 80 5.5 Conclusões...................................................................................................................................................... 86 Referências bibliográficas................................................................................................................................ 87 Seção 3 | mApeAmentos pArticipAtivos em unidAdes de conservAção e terrAs indígenAs 6 unidAdes de conservAção nA AmAzôniA brAsileirA: exemplos dA Adoção de sistemAs de informAções geográficAs pArticipAtivos (sigps)............................................................................. 91 6.1 Áreas de estudo .............................................................................................................................................. 93 6.2 Construção de um SIGP e modelagem espacial............................................................................................... 95 Referências bibliográficas.............................................................................................................................. 104 7 etnosigs: ferrAmentAs pArA gestão territoriAl e AmbientAl de terrAs indígenAs ................................107 7.1 Breve histórico do etnomapeamento, entidades envolvidas e seu uso nas terras indígenas no Brasil......................................................................................................................................... 108 7.2 Integrando conhecimento étnico e informação geográfica: uma metodologia para consolidação em SIG das iniciativas de etnomapeamento ......................................................................111 7.3 Estudos de caso: Levantamento Etnoambiental do Complexo Macuxi‑Wapixana (Roraima)..........................113 7.4 Etnomapeamento e sua interface com políticas públicas para gestão territorial e ambiental de terras indígenas.........................................................................................................................121 7.5 Conclusões e recomendações.........................................................................................................................122 Referências bibliográficas...............................................................................................................................123 8 etnomApeAmento nA terrA indígenA poyAnAwA (Acre)...................................................................125 8.1 Contexto geopolítico......................................................................................................................................126 8.2 Breve caracterização da TI .............................................................................................................................126 Poyanawa e entorno ......................................................................................................................................126 8.3 As oficinas de etnomapeamento ....................................................................................................................128 8.4 A elaboração de etnomapas e outros materiais ..............................................................................................129 8.5 Conclusões.....................................................................................................................................................137 Referências bibliográficas...............................................................................................................................139 9 monitorAmento e mApeAmento pArticipAtivo dA cAçA nA terrA indígenA prAiA do cArApAnã (Acre)....................................................................................141 9.1 Ferramentas participativas em comunidades indígenas ..................................................................................142 9.2 Mapeamento e monitoramento participativo na Terra Indígena Praia do Carapanã.......................................142 9.3 Resultados......................................................................................................................................................147 9.4 Conclusões.....................................................................................................................................................151 Referências bibliográficas...............................................................................................................................152 Conservacao_SIG.indb 8 9/8/2012 17:22:05
  • 9. Seção 4 | diAgnósticos e monitorAmento de componentes dA biodiversidAde e pressões AntrópicAs 10 mApeAndo os remAnescentes florestAis nA mAtA AtlânticA brAsileirA .............................................157 10.1 Atlas dos remanescentes florestais: metodologias empregadas ..................................................................... 158 10.2 Conclusões.....................................................................................................................................................175 Referência bibliográfica ..................................................................................................................................178 11 mApeAmento e cArActerizAção do hábitAt pArA conservAção do formigueiro-do-litorAl (Formicivora littoralis), umA Ave endêmicA dAs restingAs do rio de JAneiro ...................................179 11.1 Mapeamento das formações vegetacionais da área de distribuição de Formicivora litorallis e entorno ........ 180 11.2 Associação da ocorrência de Formicivora littoralis com os tipos de vegetação.............................................. 186 11.3 Conclusões sobre o mapeamento do hábitat de Formicivora littoralis e implicações para conservação ....... 187 Referências bibliográficas.............................................................................................................................. 188 12 pressão humAnA nA florestA nAcionAl do JAmAri e A implAntAção de concessões florestAis ..............191 12.1 Descrição da área de estudo...........................................................................................................................192 12.2 Descrição das bases de dados ........................................................................................................................193 12.3 Mapeamento da pressão antrópica ............................................................................................................... 194 12.4 Resultados..................................................................................................................................................... 199 12.5 Discussão e conclusões.................................................................................................................................. 205 Referências bibliográficas.............................................................................................................................. 207 13 expAnsão do etAnol: diAgnóstico no mosAico dA pAisAgem rurAl no sudoeste de goiás ....................211 13.1 Os Biocombustíveis em foco ..........................................................................................................................211 13.2 Onde apurar a expansão? ..............................................................................................................................212 13.3 Como mensurar a expansão? .........................................................................................................................214 13.4 O que foi encontrado.....................................................................................................................................217 13.5 Conclusões.................................................................................................................................................... 220 Referências bibliográficas .................................................................................................................................... 220 Seção 5 | priorizAções de áreAs pArA A conservAção dA biodiversidAde 14 os princípios de complementAridAde e insubstituibilidAde nA revisão dAs áreAs prioritáriAs pArA A conservAção do cerrAdo .................................................................................................225 14.1 Materiais e métodos...................................................................................................................................... 226 14.2 Resultados..................................................................................................................................................... 234 14.3 Discussão ...................................................................................................................................................... 236 Referências bibliográficas.............................................................................................................................. 239 Conservacao_SIG.indb 9 9/8/2012 17:22:05
  • 11. dA frAgmentAção florestAl à restAurAção dA pAisAgem: AliAndo conhecimento científico e oportunidAdes legAis pArA A conservAção 1 1.1 A conservação ambiental por meio da Ciência As modificações que os seres humanos causaram nos ecossistemas naturais levaram à extinção de muitas espécies e colocaram em risco de desapare- cimento milhares de outras (IUCN, 2007). Essas alterações ambientais levam não apenas à perda da biodiversidade, mas também tem reflexos na economia, na saúde e no bem-estar das pessoas. A perda e fragmentação dos hábitats naturais ocasionadas pela ocupação para a produção agrícola, exploração madeireira, criações de gado e expansões urbanas são os princi- pais vetores de pressão sobre os ambientes terrestres (Fahrig, 2003; Fischer; Lindenmayer, 2007). No Brasil, todos os biomas sofrem, em diferentes in- tensidades, as consequências dessas atividades humanas. A Mata Atlântica é um dos biomas brasileiros mais intensamente afetados pelas atividades antrópicas; possui um grande número de espécies endêmicas, hoje muitas delas ameaçadas (Machado; Drummond; Paglia, 2008; Metzger, 2009). Restam entre 11% e 16% da cobertura vegetal original (Ribeiro et al., 2009), o que a coloca na incômoda colocação do quarto hotspot de biodiversidade mais ameaçado do planeta (Myers et al., 2000). O conhecimento científico deve ser o principal norteador das atividades hu- manas, subsidiando ações práticas de conservação e manejo da biodiversidade a fim de se evitar novas perdas do nosso patrimônio natural ou de se evitar aque- las que estão a caminho, bem como assegurar-se da conservação dos serviços dos ecossistemas naturais (Metzger, 2009). Embora ciências como a Biologia da Conservação e a Ecologia da Paisagem estejam ainda em fase de maturação, elas podem contribuir para tomadas de decisões, criando bases para a ava- liação dos riscos de determinadas ações humanas, por meio da indicação das melhores formas de restaurar um sistema natural, otimizando os recursos fi- nanceiros disponíveis. Muitos desses conhecimentos são fortemente baseados em dados espaciais, visto que a localização, a configuração (disposição espacial) e a composição dos padrões espaciais da paisagem são fatores fundamentais e determinantes para o planejamento de paisagens sustentáveis. Neste capítulo será ilustrado o papel do conhecimento científico para a prá- tica da conservação, conectando conceitos gerados nas últimas décadas às ações para o manejo, a conservação e a restauração ambiental, numa região prioritária para conservação, o Pontal do Paranapanema, no Estado de São Paulo. Entre- meados aos conceitos teóricos que embasaram essas ações serão mostrados: Alexandre Uezu IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas Laury Cullen Junior IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas Conservacao_SIG.indb 13 9/8/2012 17:22:05
  • 12. Da fragmentação florestal à restauração Da paisagem: alianDo... 15 Fig. 1.1 Processo de fragmentação na região do Pontal do Paranapanema (SP). As linhas vermelhas delimitam a área atual dos remanescentes florestais estudados as condições ambientais da região, ressaltando a dinâmica de desmatamento e ocupação; a com- posição e configuração da paisagem hoje em dia, indicando os parâmetros da paisagem que melhor explicam a variação da diversidade de espécies; os riscos para as espécies; as oportunidades de conservação na região com base na legislação ambiental; uma metodologia para alocação de re- servas legais; e as ações práticas que vem sendo adotadas para restaurar as funções ecológicas dos ecossistemas naturais. 1.2 Dinâmica e ocupação atual do Pontal do Paranapanema O exemplo mostrado neste estudo vem do extremo oeste do Estado de São Paulo, do Pontal do Paranapanema, onde a vegeta- ção característica é a Floresta Estacional Semidecidual. É uma região considerada extremamente alta quanto à importância bio- lógica e prioridade para ações de conservação, pelo Ministério do Meio Ambiente (Portaria MMA nº 9, de 23/1/2007). O Pontal ainda conta com a presença de grandes mamíferos como a onça-pintada, a anta, catetos e quei- xadas e o ameaçado mico-leão-preto, além de espécies endêmicas e ameaçadas de aves como a araponga, o urubu-rei, o macuco e o gavião- -pega-macaco. O processo de perda e fragmentação flores- tal no Pontal é relativamente recente, tendo iniciado cerca de 50 anos atrás. Em 1956, toda a região era praticamente um único contínuo flo- restal (Fig. 1.1), com cerca de 78% de cobertura florestal,  em 1965 esse número caiu para 38% e, em 1978, para 27%, e a partir de 1984, a pro- porção florestal atingiu níveis similares ao que se encontra hoje em dia. Conservacao_SIG.indb 15 9/8/2012 17:22:07
  • 13. AdequAção AmbientAl de propriedAdes rurAis e priorizAção dA restAurAção florestAl pArA otimizAr o gAnho de conectividAde dA pAisAgem 2 Leandro Reverberi Tambosi Laboratório de Ecologia da Paisagem e Conservação (LEPAC), Instituto de Biociências, USP Michel Metran da Silva Laboratório de Ecologia e Restauração Florestal (LERF), ESALQ, USP Ricardo Ribeiro Rodrigues Laboratório de Ecologia e Restauração Florestal (LERF), ESALQ, USP 2.1 Por que e como promover a adequação ambiental de propriedades rurais? A crescente demanda por alimentos e biocombustíveis tem resultado na ex- pansão de áreas agrícolas sobre remanescentes naturais em todo planeta. No Brasil, a expansão das áreas de pastagem, culturas de soja e cana-de- -açúcar são grandes responsáveis pelo aumento das áreas cultivadas, muitas vezes realizadas sem um planejamento ambiental adequado, resultando em degradação ambiental (Rodrigues et al., 2010). Juntamente com esse cená- rio de expansão de áreas agrícolas, há uma crescente preocupação com a preservação ambiental suportada por leis ambientais cada vez mais restriti- vas e por uma pressão de mercados consumidores que exigem uma produção de alimentos ambiental e socialmente sustentável (Rodrigues et al., 2009). Em busca de melhores oportunidades de mercado e para evitar problemas como multas ou autuações por descumprimento da legislação ambiental, as em- presas agropecuárias estão aderindo a programas de adequação ambiental e a certificação de suas áreas produtivas. Além disso, o respeito à legislação e o ingresso em programas de certificação ambiental permitem o acesso a linhas de crédito, especialmente voltadas para atividades ambientalmente responsá- veis, que são disponibilizadas pelo International Finance Corporation (www. ifc.org) por meio de contratos com grandes bancos brasileiros, entre eles Banco do Brasil, Banco Real e Itaú-Unibanco (Igari; Tambosi; Pivello, 2009). Os programas de adequação ambiental visam estabelecer ações para uma produção mais sustentável, respeitando as exigências legais quanto à proteção dos recursos naturais. No Brasil, essas exigências incluem a preservação e/ou a restauração da vegetação nas áreas de preservação permanente (APPs) nas margens dos corpos d’água, variando de 30 m a 500 m de acordo com as carac- terísticas dos corpos d’água, e em áreas com declividade superior a 45° e topos de morro. Outra exigência da legislação é a manutenção e/ou restauração da vegetação natural de uma porcentagem das propriedades rurais na forma de re- serva legal (RL), podendo variar de 20% nas áreas de Mata Atlântica e Cerrado a 80% nas áreas de floresta amazônica (Lei Federal nº 4.771 de 1965). Além das exigências legais, a adoção de práticas de conservação de solos e restauração de áreas com baixa aptidão agrícola (solos rasos) são frequentemente exigidas por órgãos certificadores, estimulando a adoção de boas práticas agrícolas (Rodri- gues et al., 2010). Conservacao_SIG.indb 24 9/8/2012 17:22:18
  • 14. A restAurAção dA mAtA AtlânticA ApoiAdA em sistemAs de informAções geográficAs 3 Milena Ribeiro The Nature Conservancy – Brasil Ricardo Ribeiro Rodrigues Laboratório de Ecologia e Restauração Florestal – USP/ ESALQ/LCB Adriana Paese Sociedade para Conservação em GIS – Brasil Anita Diederichsen The Nature Conservancy - Brasil Sabrina Costa Instituto BioAtlântica Pedro Henrique Santin Brancalion Departamento de Ciências Florestais, USP/ESALQ Edson Santiami Instituto BioAtlântica Gilberto Pereira Instituto Terra de Preservação Ambiental João Guimarães The Nature Conservancy – Brasil Regiane Kock The Nature Conservancy – Brasil 3.1 O pacto pela restauração da Mata Atlântica Nos últimos 150 anos, o Brasil tem desempenhado um papel pioneiro no desenvolvimento de políticas proativas e eficazes de conservação ambiental e iniciativas de restauração ecológica (Joly et al., 2010). Enquanto a taxa inaceitavelmente elevada de desmatamento no país é bem divulgada, esta outra realidade não é bem conhecida fora do Brasil. Sobretudo, há um contexto institucional que favorece o financiamento de ações de restauração, seja por Pagamento por Serviços Ambientais, ou no âmbito internacional, pela aplicação de Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL) e Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação (REDD). Há ainda o respaldo legal do Código Florestal Brasileiro Lei nº 4.771 de 1965, que estabelece Áreas de Preservação Permanente (APPs) e Reservas Legais (RLs) em áreas rurais. Pelo Código, há um enorme passivo ambiental em áreas de APPs e RLs ocupadas por cultivos agrícolas ou que apresentam reduzido potencial de produção agropecuária e que se encontram ocupadas por pasta- gens com baixa produtividade. De acordo com a legislação vigente, essas áreas deveriam ser convertidas para vegetação nativa tanto pelo seu valor biológico quanto pelos serviços ambientais que podem oferecer. Há atualmente na Mata Atlântica numerosas propriedades rurais, localizadas em áreas declivosas, que se encontram ocupadas por pastagens de baixa produtividade e que poderiam ser revertidas em florestas de produção com espécies nativas, com o retorno econômico pela exploração sustentada da floresta recuperada ou pelo paga- mento por serviços ambientais. Outras áreas, com as mesmas características, poderiam ainda ser utilizadas para a compensação do déficit de RLs de proprie- dades rurais localizadas em regiões de maior aptidão agrícola, na mesma bacia hidrográfica (Silva et al., 2011). Proteger os fragmentos florestais e promover a conectividade funcional da paisagem é fundamental para que a tendência atual de isolamento e degradação dos remanescentes e a extinção de espécies possa ser revertida (Ribeiro et al., 2009). A restauração florestal é atualmente considerada como uma das maiores prioridades para a conservação da Mata Atlântica (Metzger et al., 2009; Ri- beiro et al., 2009). A conservação e restauração da biodiversidade na Mata Atlântica dependem de estratégias e projetos de longo prazo que possam melhorar a conectividade da paisagem e a disponibilidade de hábitats para um grande número de espé- Conservacao_SIG.indb 40 9/8/2012 17:22:33
  • 15. Conservação da biodiversidade Com siG46 das para a definição das montanhas foram: rigde e upper. As classes consideradas na identificação dos morros foram rigde, upper e middle. Foram ainda considerados para a definição de morros, os terre- nos com elevação entre 50 e 300 m e declividade superior a 17° (Resolução Conama, 303/2002). Com base na identificação de montanhas e morros, representados em um arquivo raster, foram identificados dos seus pontos mais elevados (topos) e mais baixos (base) por meio da utilização da ferramenta Zonal Stats do software ArcGIS 9.2. Conhecendo-se os valores de altitude do topo e Fig. 3.1 Esquema ilustrativo do índice de posição topográfica: a mudança da distância do raio de análise representada pela seta indica como mesmas feições podem ser consideradas diferentes Fig. 3.2 Etapas de processamento em ambiente ArcGis na delimitação de APP topo de morros e montanhas Conservacao_SIG.indb 46 9/8/2012 17:22:42
  • 16. 55 legAlgeo: um AplicAtivo pArA A identificAção dAs áreAs potenciAis pArA recuperAção e implementAção de reservAs legAis no cerrAdo 4 Marcelo Matsumoto The Nature Conservancy Mark Kumler University of Redlands Leandro Baumgarten The Nature Conservancy 4.1 Reserva Legal em propriedades rurais A atual legislação brasileira estabelece que as propriedades rurais devem manter uma parte do imóvel coberta com vegetação nativa, denominada Reserva Legal (RL). A área exigida é determinada em função da região e do tipo de vegetação existente onde a propriedade está localizada, podendo variar de 20% até 80% da área total do imóvel. A RL foi instituída pelo Código Florestal de 1965 com o objetivo de promo- ver “o uso sustentável dos recursos naturais, a conservação e reabilitação dos processos ecológicos, a conservação da biodiversidade e o abrigo e proteção de fauna e flora nativas” (Brasil, 1965). Na sua concepção original, as RLs tinham como objetivo servir de reserva natural de madeira e lenha para os proprietá- rios rurais. Esse conceito foi alterado ao longo do tempo, principalmente em decorrência da rápida degradação do meio ambiente. A tendência atual é que as RLs possam também promover a conservação da biodiversidade, permitindo ao proprietário desenvolver algumas atividades econômicas nessas áreas, como a coleta de frutos e sementes, desde que a vegetação não seja suprimida. Embora a legislação que trata do assunto tenha sido estabelecida em 1965 (BRASIL, 1965), a maioria das propriedades rurais no Brasil ainda não possui a RL regularizada ou plenamente constituída. Várias causas podem ter contri- buído para essa situação como: a fiscalização e monitoramento deficientes por parte dos órgãos responsáveis e a falta de comprometimento dos proprietários rurais com as questões ambientais. Para tentar mudar este quadro, em 2001 foi instituída a Medida Provisória (MP) 2.166 (Brasil, 2001), que apresentava três alternativas aos proprietários rurais para implementar efetivamente as RLs. São elas: 1. plantio de espécies nativas na porção de 1/10 da área total destinada a RL, a cada três anos; 2. regeneração natural da vegetação nativa da área degradada destinada a RL e; 3. compensação da RL extra-propriedade. Por sua vez, cabe ao proprietário do imóvel rural decidir qual alternativa melhor atende aos seus interesses e, ao mesmo tempo, cumpre com os requisitos determinados em lei. Diversos estudos foram elaborados para compreender os critérios mais apropriados para a alocação de RLs (Molin; Stape, 2007; Delalibera et al., 2008), principalmente analisando o uso e a cobertura do solo com dados so- cioeconômicos. No estudo realizado por Molin e Stape (2007) na área da Estação  Experimental de Ciências Florestais de Itatinga (USP/ESALQ), Conservacao_SIG.indb 55 9/8/2012 17:22:50
  • 17. sig nA linhA de frente dA conservAção mArinhA: gestão pArA A conservAção dA região dos Abrolhos, bA 5 Guilherme F. Dutra Conservação Internacional – Programa Marinho Rodrigo L. Moura Universidade Federal do Rio Janeiro Márcia H. Engel Instituto Baleia Jubarte Cristiane C. A. Martins Instituto Baleia Jubarte Leonardo L. Wedekin Instituto Baleia Jubarte Mariana C. Neves Instituto Baleia Jubarte Adriana Paese Sociedade para Conservação em GIS – Brasil No mundo inteiro, recifes de coral, manguezais, bancos de gramíneas mari- nhas e outros ecossistemas marinhos tropicais altamente biodiversos estão em grave declínio (Hughes, 1994; Pandolfi et al., 2003). Impactos antrópi- cos estão degradando a qualidade da água, a característica dos hábitats e a estrutura ecológica dos sistemas costeiros que proveem preciosos, e ainda pouco valorizados, serviços ecossistêmicos. Durante boa parte do século XX, o colapso dos ecossistemas marinhos foi subestimado, e apenas algumas poucas espécies-bandeira de mamíferos marinhos, aves e tartarugas foram sendo reconhecidas como ameaçadas de extinção. Entretanto, pesquisado- res vêm constatando que milhares de espécies marinhas, desde pequenos invertebrados até grandes peixes predadores, se tornarão extintos nas pró- ximas décadas se a degradação dos oceanos não for rapidamente revertida (Worm et al., 2006). Estas perdas massivas de espécies vão provocar efei- tos na estrutura da cadeia alimentar, afetando a funcionalidade de todo o ecossistema costeiro e marinho a níveis que desafiam o conhecimento atual sobre a dinâmica destes sistemas (Norse; Crowder, 2005; Rogers; Laffoley, 2011). Além disso, muitas atividades pesqueiras marinhas estão atual- mente à beira de um colapso, principalmente as costeiras e aquelas que têm como alvo grandes peixes predadores (Pauly et al., 2003) ou que utilizam artes de pesca destrutivas para os hábitats (p.ex., pesca de arrasto em áreas recifais, pesca com bombas). Esta crise global traz um desafio sem prece- dentes não somente para a conservação da biodiversidade, mas também para a subsistência de milhões de pessoas que dependem de ecossistemas costeiros saudáveis. Na maioria dos países, as agendas seguem focadas no desenvolvimento econômico, com poucas preocupações de longo prazo com a sustentabilidade dos recursos naturais e à revelia da conservação da biodiversidade. Este capítulo descreve como duas instituições parceiras, Conservação Inter- nacional (CI) e Instituto Baleia Jubarte (IBJ), vêm utilizando e promovendo o uso de Sistemas de Informação Geográfica (SIG) para abordar problemas de conser- vação na região dos Abrolhos, na costa leste do Brasil. Essa região compreende dois bancos marinhos que pertencem à plataforma continental – Abrolhos e Royal Charlotte, com uma área total de águas rasas de 56.000 km2 (Fig. 5.1). A região concentra a maior biodiversidade marinha do oceano Atlântico Sul, os maiores recifes coralíneos (Werner et al., 2000) e a principal área de repro- Conservacao_SIG.indb 71 9/8/2012 17:23:06
  • 18. Conservação da biodiversidade Com siG78 de restrição foram propostos para a ZA, um de exclusão total de operações de óleo e gás (alta pro- babilidade de efeitos graves nas UCs e hábitats mais sensíveis) e outro com severas restrições de licenciamento, especialmente em termos de ex- tração e tecnologia de transporte, monitoramento e planos de contingência (menor probabilidade de efeitos graves nas UCs, zonas de pesca e hábitats mais sensíveis). Baseado nos resultados das modelagens, a ZA do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos foi legalmente estabelecida pelo Ibama em maio de 2006,masestáatualmentesuspensaporuma ação judicial que questiona o mecanismo legal para sua instituição (e não o mérito técnico da proposta). Uma decisão final ainda está sendo aguardada. O valor da aplicação objetiva de algoritmos para o planejamento de operações de óleo e gás em áreas como Abrolhos ainda não é totalmente reco- nhecida pela indústria e pela agência reguladora (Agência Nacional do Petróleo – ANP). Entretanto, como experiências desastrosas têm se acumu- lado no mundo inteiro (p.ex., recente vazamento nas operações da British Petroleum no Golfo do México) e a preocupação pública tem aumentado, espera-se que a indústria e as agências regula- doras auxiliem no desenvolvimento e passem a utilizar ferramentas de planejamento como as que foram produdas. Essa parece uma abordagem mais racional e abrangente que analisa de forma reativa os processos de licenciamento ambiental, com pressões políticas e análises subjetivas que não consideram o valor intrínseco dos ecossiste- mas, ou sua vocação econômica e natural (pesca, turismo etc.). Medidas legais estabelecendo meca- nismos eficientes e permanentes de proteção para a maior riqueza marinha do Atlântico Sul são al- tamente desejáveis. 5.3 Estabelecimento de um corredor de navegação na área de reprodução da baleia-jubarte O tráfego marítimo é tido mundialmente como uma importante ameaça à conserva- ção de grandes baleias (Richardson et al., 1995; Laist et al., 2001). Em escala nacional, observa-se uma tendência a um aumento no tráfego marítimo acompanhada por inves- Fig. 5.4 Foto da primeira consulta pública para criação da Reserva Extrativista do Cassurubá, nas quais beneficiários da Resex (pescadores locais, catadores de caranguejos e pequenos produtores rurais) examinaram os painéis com os limites pro‑ postos e demandaram correções para proteger habitats essenciais para os recursos pesqueiros e áreas de pesca Conservacao_SIG.indb 78 9/8/2012 17:23:23
  • 19. unidAdes de conservAção nA AmAzôniA brAsileirA: exemplos dA Adoção de sistemAs de informAções geográficAs pArticipAtivos (sigps) 6 Enrico Bernard Programa Amazônia – Conservação Internacional Luis Barbosa Programa Amazônia – Conservação Internacional Raquel Carvalho Programa Amazônia – Conservação Internacional No Brasil, as unidades de conservação (UCs) estão divididas em dois grupos: uso sustentável (UCUS) e proteção integral (UCPI) (SNUC, 2000). Estes grupos diferem-se em seus objetivos de conservação e restrições de uso, pois as UCPI não permitem o uso direto dos recursos, restringindo a per- manência de populações humanas em seu interior. Suscintamente, pode-se dizer que o objetivo básico das UCPI é preservar a natureza, enquanto o das UCUS é compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais. A criação de UCUS no Brasil é um pro- cesso antigo: a primeira Floresta Nacional Brasileira (Flona Araripe-Apodi) foi criada em 1946; a Flona Caxiuanã, primeira da região amazônica, em 1961; a primeira Área de Proteção Ambiental (APA) federal em 1982; a primeira Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) em 1984; e a pri- meira Reserva Extrativista (RESEX) federal em 1990 (ICMBio, 2009). Até o final da década de 1980, as UCPI eram criadas em maior número na região Amazônica, quando comparadas às UCUS. Com o fortalecimento dos movi- mentos sociais no país e com a consequente aproximação desse movimento de outros setores da política brasileira, em especial do setor ambiental, o balanço entre as categorias vem se alterando em favor das UCUS. Em al- gumas regiões do Brasil, e em especial na Amazônia, a questão do acesso aos recursos naturais está diretamente ligada à posse da terra. Observa-se, então, que em determinadas situações, as UCs desempenham um papel de elemento ordenador do território e da paisagem. Algumas UCUS, principal- mente as RESEX, passam, portanto, a ser criadas primariamente não com a finalidade de conservar a biodiversidade, mas como forma de assegurar direitos de uso da terra por parte de populações extrativistas, como serin- gueiros e castanheiros. Paralelamente a este movimento, em nível estadual na Amazônia surgem iniciativas alternativas, como o modelo das Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDS) de Mamirauá, no município de Tefé (Amazonas), e do Rio Ira- tapuru, em Laranjal do Jarí (Amapá). Desta forma, a década de 1990 foi, então, marcada por um salto significativo no número e área das UCs destinadas ao uso sustentável dos recursos naturais. O Brasil tem cerca de 51 milhões de hectares (ha) de UCPI federais e estaduais, e 109 milhões de ha de UCUS (ISA, 2009). Conservacao_SIG.indb 91 9/8/2012 17:23:46
  • 20. 157 mApeAndo os remAnescentes florestAis nA mAtA AtlânticA brAsileirA 10 Flávio Jorge Ponzoni Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – Divisão de Sensoriamento Remoto Márcia Makiko Hirota Fundação SOS Mata Atlântica Marcos Reis Rosa ArcPlan SS Ltda. O estabelecimento de leis voltadas ao ordenamento da ocupação territorial de um país passa, obrigatoriamente, pelo conhecimento da distribuição es- pacial de seus recursos naturais. No caso do Brasil, os diferentes biomas têm até hoje sua distribuição territorial pouco conhecida ou, no mínimo, repleta de dúvidas e de incertezas. Assim foi com a Mata Atlântica até 1988, quando a Fundação SOS Mata Atlântica tomou a iniciativa pioneira de minimizar estas incertezas, servindo-se de tecnologia espacial e de técnicas de senso- riamento remoto e de geoprocessamento para finalmente estimar qual seria o seu domínio geográfico e a sua situação em termos de cobertura florestal. Os trabalhos tiveram início com a realização do “Primeiro Seminá- rio Mata Atlântica e Sensoriamento Remoto”, promovido pela Fundação SOS Mata Atlântica, Ministério da Ciência e Tecnologia, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, Mi- nistério da Cultura, Centro de Estudos Terra-Homem e Universidade Federal do Rio de Janeiro, entre os dias 17 e 19 de junho de 1988, na Fazenda Pau D’Alho em São José do Barreiro (SP). Este encontro trouxe à mesa de discussão pesquisas e  experiências com enfoque na análise e na avaliação das poten- cialidades do Sensoriamento Remoto para o conhecimento e conservação da mata atlântica. Em seguida, a Fundação SOS Mata Atlântica, o Instituto Nacional de Pesqui- sas Espaciais (Inpe) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), se reuniram para elaborar o primeiro “Atlas dos Remanescentes Florestais do Domínio da Mata Atlântica”, concluído em 1990. Este mapeamento dos remanescentes florestais da Mata Atlântica e de ecossis- temas associados, produzido a partir de imagens de satélite disponibilizadas na escala 1:1.000.000, determinou a área, a dimensão e a distribuição espacial da Mata Atlântica, estabelecendo uma referência inicial para o desenvolvimento de novos estudos. Dentro da proposta de gerar informação, conhecer a extensão, a localização e a dinâmica da Mata Atlântica, a SOS Mata Atlântica e o Inpe desenvolveram o “Atlas da Evolução dos Remanescentes Florestais e Ecossistemas Associados do Domínio da Mata Atlântica no período de 1985-1990”, dando início ao seu monitoramento de cinco em cinco anos. Desde então, esse Atlas vem sendo atualizado de forma a gerar os dados mais confiáveis possíveis mediante a in- corporação de novas metodologias, dados e aplicativos. Conservacao_SIG.indb 157 9/8/2012 17:24:43
  • 21. Conservação da biodiversidade Com siG158 O objetivo deste capítulo é descrever as me- todologias empregadas ao longo das diversas atualizações do Atlas dos Remanescentes Flores- tais da Mata Atlântica, apresentar implicações advindas da divulgação dos seus resultados em prol da conservação do bioma Mata Atlântica, especialmente no estabelecimento e aprimora- mentodalegislação,edetalharalgumasaplicações deste Atlas desde a sua disponibilização pública na Internet. 10.1 Atlas dos remanescentes florestais: metodologias empregadas Qualquer um que se debruce sobre um mapa do Brasil, em qualquer escala, poderá ter a falsa ideia de que mapear a cobertura vegetal de pra- ticamente 15% do território nacional pode ser uma tarefa relativamente simples. Contudo, é preciso considerar que estes 15% represen- tam aproximadamente 3.100.000  km2, com variação latitudinal suficiente para promover diferenças significativas na cobertura vegetal, de sul a norte do país, e grande diversidade de relevo ao longo de toda a sua extensão. Juntos, esses fatores obrigaram os responsá- veis pela concepção do primeiro “Atlas da Mata Atlântica” a lançar mão de uma estratégia que viabilizasse sua realização. Na oportunidade, as imagens de satélite se mostraram a opção mais viável. E assim, a metodologia empregada na elaboração do Atlas incluiu, bem como inclui até hoje, a utilização de imagens orbitais como base para a extração de informações. Apesar da constância na utilização de ima- gens de satélite, a metodologia de extração e do georreferenciamento de informações vem sendo aprimorada a cada nova versão. Na primeira versão, foram utilizadas ima- gens orbitais do sensor Thematic Mapper (TM) do satélite Landsat 5 (TM/Landsat 5), com re- solução espacial de 30 m, disponibilizadas em formato analógico na escala de 1:500.000, re- ferentes ao período 1985-1990. Composições coloridas destas imagens, elaboradas a partir de imagens das faixas espectrais do vermelho (filtro azul), infravermelho próximo (filtro verde) e infravermelho médio (filtro vermelho), eram interpretadas visualmente explorando-se uma legenda simplificada que incluía a delimitação visual de polígonos de remanescentes florestais, de mangue e de restinga. Todo o trabalho foi materializado na forma de um mapa na escala 1:1.000.000. E sobre esse mapa o Decreto 750/93 foi definido, delimitando então os limites do do- mínio da Mata Atlântica no território nacional. Nesta edição, foi realizado um amplo trabalho de campo, documentado em fotos, vídeos e rela- tórios obtidos por meio de sobrevôos e verdade terrestre. A versão posterior ao mapeamento de 1985-1990 foi fundamentada na interpretação visual de imagens analógicas do mesmo sensor, nas mesmas composições coloridas, mas agora materializadas na escala 1:250.000 e referentes ao período 1990-1995. Nesta nova versão, foi possível rever muitos aspectos do levantamento anterior e alterar a área mínima de mapeamento de 25 para 10 ha, tanto para os remanescentes mapeados quanto para os desflorestamentos. Ainda trabalhando com imagens em formato analógico, seguiu-se a terceira versão do Atlas, referente ao período 1995-2000, mas com signifi- cativa modificação na elaboração das composições coloridas, impactando a extração de informações das imagens via interpretação visual. Esta modi- ficação incluiu a alteração do posicionamento do filtro vermelho, antes colocado sobre a imagem da faixa do infravermelho médio, passando a ser colocado na imagem da faixa do infravermelho próximo, o que alterou a tonalidade da cobertura vegetal que antes aparecia em tons de verde, pas- sando a assumir tonalidade avermelhada. O resultado foi a discriminação visual mais facilitada da cobertura vegetal, o que obrigou a reelaboração de toda a versão anterior do Atlas, ou seja, aquela do período 1990-1995, para que a atualização fosse feita de forma compatível. Evi- dentemente, as imagens referentes a esse período 1990-1995 tiveram de ser reimpressas também nessa nova composição colorida para que o traba- Conservacao_SIG.indb 158 9/8/2012 17:24:43
  • 22. os princípios de complementAridAde e insubstituibilidAde nA revisão dAs áreAs prioritáriAs pArA A conservAção do cerrAdo 14 A definição de áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade é um dos requerimentos da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), sendo recomendado como medida geral para a conservação que cada país parte es- tabeleça “estratégias, planos ou programas para a conservação e utilização sustentável da diversidade biológica” (CDB, Artigo 6o ) (Brasil, 2000). O Brasil, como país membro, acordou em seguir tais recomendações a partir de 1992, ano da assinatura do documento. Mas dois anos antes da CDB, o país já havia realizado um primeiro exercício para a identificação de regiões importantes para a conservação da biodiversidade na Amazônia (Rylands, 1990). O refe- rido mapeamento foi então coordenado pela organização não governamental Conservation International, contando com a participação de mais de 100 pesquisadores que, divididos por grupos temáticos (mamíferos, aves, répteis, anfíbios, plantas e outros), trabalharam na identificação de áreas prioritárias para a conservação de cada grupo. Os critérios utilizados para a realização das propostas por grupo foram as seleções de: áreas prístinas, áreas com ocorrência de espécies ameaçadas ou endêmicas, áreas sem nenhum tipo de proteção formal ou áreas sob forte pressão antrópica. Em uma segunda etapa, as propostas dos grupos temáticos foram sobrepostas e o grau de importân- cia de cada região foi estabelecido com base nas coincidências dos diversos grupos trabalhados. Assim, áreas cujos resultados convergiam para um maior número de grupos foram indicadas como as mais importantes, enquanto as demais, com poucas concordâncias espaciais, receberam um menor grau de priorização. Esse procedimento logo passou a ser adotado em outros estudos no Brasil, sendo os resultados dessas iniciativas atualmente utilizados como subsídios para a criação de áreas protegidas (Brasil, 2002), assim como para a definição de áreas para a realização de inventários biológicos, ou definição de áreas com uso restrito da terra (São Paulo, 2008). Em 1993, o Ministério do Meio Ambiente promoveu o segundo seminário regional no país, dessa vez para a identificação de áreas prioritárias para a con- servação da biodiversidade na Mata Atlântica do Nordeste, abrangendo todos os estados costeiros, do Espírito Santo ao Ceará. Na sequência desse, seguiram- -se outros exercícios, como a definição de áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade no Cerrado e no Pantanal (1998), na Amazônia (2000), na Mata Atlântica (2000), na Caatinga (2001) e na zona costeira e marinha (2001) (Brasil, 2002). Ricardo Bomfim Machado, Ludmilla Moura de Souza Aguiar Departamento de Zoologia da Universidade de Brasília Mário Barroso Ramos Neto, Carlos Alberto de Mattos Scaramuzza WWF Brasil Giovana Bottura, Jailton Dias, Guilherme Fernando Gomes Destro Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis/IBAMA Ana Elisa de Faria Bacellar Schittini Parque Nacional da Serra dos Órgãos – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade/ ICMBio Conservacao_SIG.indb 225 9/8/2012 17:25:52