Durante os séculos XV e XVI, os europeus, principalmente portugueses e espanhóis, lançaram-se nos oceanos com dois objetivos: descobrir uma nova rota para as Índias e encontrar novas terras. Os portugueses começaram a expansão marítima em 1415 com a conquista de Ceuta e alcançaram o extremo sul da África em 1487. Em 1498, Vasco da Gama chegou às Índias, abrindo a segunda fase da expansão portuguesa.
2. As Grandes Navegações
Introdução:
Durante os séculos XV e XVI, os europeus,
principalmente portugueses e espanhóis, lançaram-se
nos oceanos Pacífico, Índico e Atlântico com dois
objetivos principais : descobrir uma nova rota marítima
para as Índias e encontrar novas terras. Este período
ficou conhecido como a Era das Grandes Navegações
e Descobrimentos Marítimos.
3. As Grandes Navegações
Por volta de século XIV, o conhecimento europeu sobre nosso globo
era escasso.
Essa situação só começou a mudar quando os portugueses começaram a
resgatar a herança náutica deixada pelos povos antigos, desenvolvendo
embarcações e instrumentos que possibilitaram sua chegada a lugares antes
desconhecidos, como a Ásia, o sul da África e, posteriormente, a América.
O processo de expansão marítima europeia liderado pelos portugueses, logo
seguidos pelos navegadores da Espanha e outros países, possibilitou o
contato com diferentes culturas e a expansão das atividades comerciais do
velho continente, promovendo um processo duplo, de intercâmbio cultural e
ao mesmo tempo exploração das populações nativas.
4. Fatores que provocaram a Expansão
Centralização Política: Estado Centralizado reuniu
riquezas para financiar a navegação;
O Renascimento: Permitiu o surgimento de novas
idéias e uma evolução técnica;
Objetivo da Elite da Europa Ocidental em romper o
monopólio Árabe-Italiano sobre as mercadorias
orientais;
A busca de terras e novas minas (ouro e prata) com o
objetivo de superar a crise do século XIV;
Expandir a fé católica;
5. Fatores que provocaram a Expansão
Em 1453, a
tomada de
Constantinopla
pelos turco-otomanos
dificultou ainda
mais o acesso
dos europeus
ao comércio
de especiarias.
9. As principais especiarias
Eram especiarias
também o gengibre, a
canela, o açúcar entre
outros.
Os europeus também
compravam outros
produtos do Oriente,
como: tecidos finos,
tapetes, cristais,
perfumes, porcelanas
e seda.
10. A Conquista dos Mares
No início do século XIV, os conhecimentos náuticos europeus eram bastante
restritos, proporcionando apenas deslocamentos por mar que se limitavam a
locais com acesso pelo mar Mediterrâneo, como o norte da África, e os
limites entre Europa e Ásia.
Além da falta de tecnologias náuticas, o pouco conhecimento a respeito
dos mares criava o cenário para a invenção de histórias fantásticas a
respeito de monstros e seres tenebrosos que habitavam os oceanos, em
especial
o Atlântico.
Gravuras de Hartmann Schedel (1440-1514), representando alguns monstros nas Crônicas de Nuremberg (1493).
13. A Conquista dos Mares
Essa crença européia começou a mudar a partir das primeiras décadas do
século XV, mais especificamente a partir de 1415, quando os portugueses
conquistaram Ceuta (importante cidade do norte da África), fato que
representou um grande marco na expansão marítima portuguesa.
Após a conquista de Ceuta, os portugueses tomaram conhecimento de um
reino africano rico em ouro localizado ao sul do Saara – o reino do Mali –,
fato que impulsionou uma série de investidas da coroa de Portugal na
expansão marítima.
O processo de expansão posto em prática por Portugal pode
ser dividido em duas fases:
14. Portugueses na Costa Atlântica da África
A primeira teve início em 1418,
com a conquista da costa
africana, e terminou em 1487,
quando os portugueses
alcançaram o extremo
sul do continente.
15. Chega às Índias
A segunda fase, a Era das Grandes Navegações, começou com a chegada
da frota de Vasco da Gama, em 1498, às Índias, na Ásia, depois de
percorrer
a costa africana.
17. Por Mares Nunca Antes Navegados
Como uma forma de ressaltar o grande
passo dado por Portugal, após a
conquista de Ceuta, o governo passou
a incentivar a recuperação de
informações náuticas de outros
povos, como os fenícios, gregos,
árabes e egípcios.
Essa reunião de especialistas ficou
conhecida como Escola de Sagres,
responsável pela melhoria dos
instrumentos de navegação já
existentes e pela elaboração das
cartas de navegação.
Uma nau (1557), xilogravura de autoria desconhecida
do livro de Hans Stä den, conhecido também pelo
título Duas Viagens ao Brasil.
18. Por Mares Nunca Antes Navegados
Uma das grandes novidades desenvolvidas pela Escola de Sagres foram as
caravelas, embarcações mais leves e velozes, apropriadas para a
navegação tanto em rios quanto em oceanos, que começaram a ser
utilizadas pelos portugueses por volta de 1440.
As caravelas não conseguiam carregar
muita bagagem nem enfrentar mau tempo.
Sendo assim, as naus eram as
embarcações mais utilizadas, pois em seus
três andares internos eram capazes de
carregar grandes quantidades de
mercadorias e um número maior de
pessoas.
O tráfico de escravos foi realizado pelos
portugueses de 1444 até o século XIX.
Réplica da caravela Vera Cruz navegando no rio Tejo, Lisboa.
19. A Vida nas Embarcações
As expedições marítimas do século XVI tinham um perfil bastante variado:
• diferentes tipos de embarcações, que variavam de acordo com a viagem;
• quantidade de tripulantes diversas, que podiam chegar até 1200 por
expedição;
• as expedições eram comandadas pelo capitão-mor e geralmente também
havia um mestre, um contramestre, um piloto, além de um escrivão;
• embarcava tanto representantes do rei, nobres em busca de aventura ou
riqueza, estudiosos relacionados ao mundo náutico, quanto trabalhadores
encarregados dos serviços mais pesados;
• em cada expedição era obrigatória a presença de membros de
instituições religiosas, que tinham o intuito de difundir a fé católica e
converter os povos nativos encontrados ao cristianismo;
20. A Vida nas Embarcações
• a massa de viajantes era composta de trabalhadores pobres a
analfabetos, que embarcavam, em alguns casos, com problemas de
saúde e subnutrição;
• outra parte das tripulações era composta de prisioneiros, com a promessa
de uma vida livre após um período a bordo das embarcações;
• com pessoas responsáveis por diversos serviços, os navios partiam
carregando uma superpopulação, o que tornava a vida nas embarcações
muito difícil;
• os alimentos levados nas viagens – em geral bolachas, vinho tinto, queijo,
bacalhau, carnes, frutos secos, etc. – acabavam se deteriorando, tendo
em vista os longos períodos de viagem e as precárias condições de
higiene das embarcações;
21. A Vida nas Embarcações
• as péssimas condições de higiene, somadas à má alimentação,
ocasionalmente causavam inúmeras doenças na população;
• além disso, revoltas e motins ocorriam com frequência nas navegações,
sempre punidos com severidade;
• outro grande problema eram os
constantes naufrágios, tendo em
vista a imprecisão das cartas de
navegação, o grande volume
de mercadorias carregado e as
tempestades em alto mar.
Gravura de Theodor de Bry, de 1603, representa a fortaleza
de São Jorge de Mina na Costa do Ouro, na África,
construída em 1482, por ordem de dom João II de Portugal,
como um entreposto comercial e base de apoio para os
navegadores portugueses.
22. A Igreja e a Expansão Ultramarina
A Igreja católica detinha tanto poder que suas determinações eram acatacas
por diversos governos, como Portugal e Espanha.
Uma dessas decisões foi a resolução do conflito diplomático pelos territórios
da América: o Tratado de Tordesilhas.
O documento dividia o mundo
em duas partes:
• a leste do meridiano, as terras
pertenceriam a Portugal;
• a oeste do meridiano, as terras
pertenceriam à Espanha.
24. Significado da Expansão Ultramarina
A expansão ultramarina comercial é um grande marco da história da
humanidade, tendo em vista que possibilitou o contato da Europa com
outros continentes, o que levou a um intercâmbio cultural e comercial.
Regiões antes desconhecidas ou restritas, passaram a ser visitadas e
povoadas pelos europeus, o que abriu espaço para a colonização de
diferentes partes do globo.
Portugueses, espanhóis, holandeses, franceses e ingleses expandiram
seus territórios para diferentes regiões das Américas e África, tendo
acesso a extensas riquezas e terras cultiváveis, o que levou a uma nova
etapa do desenvolvimento comercial.
25. Significado da Expansão Ultramarina
As Grandes Navegações proporcionaram a formação de vastos impérios
coloniais e a criação, na Inglaterra e na Holanda, de um novo tipo de
organização comercial: as Companhias de Comércio das Índias Orientais e
das Índias Ocidentais, poderosas companhias de comércio que
monopolizavam a economia mundial, gerando a acumulação de riqueza e
poder para esses estados europeus.
Para os povos colonizados,
entretanto, as conquistas
ultramarinas significaram
violência, trabalho escravo e
intolerância a sua cultura,
religiosidade e costumes.
Gravura de Cosson e Smeeton, de 1864,
representando a chegada dos primeiros colonos
ingleses na América do Norte, atual Estados
Unidos, em 1620.
26. Mercantilismo
A Doutrina que Movia os Governos
Entre os séculos XV e XVIII vigorou entre os países europeus o que se
convencionou chamar de mercantilismo, um esquema comercial que
envolvia colonizadores e colônias em relações de exclusividade.
Os preceitos do mercantilismo consistiam em:
• incentivar o consumo de produtos nacionais por parte das colônias
por meio do estabelecimento de impostos sobre os produtos
estrangeiros (protecionismo);
• o objetivo europeu de acumular metais preciosos em grandes
quantidades (metalismo);
• e o grande empenho em exportar mais que importar qualquer tipo
de produto (balança comercial favorável).
27. Outras características do mercantilismo são a proibição das colônias de
produzir bens manufaturados e a obrigatoriedade da colônia em vender seus
produtos apenas para o estado europeu que a controla, a metrópole.
O processo colonizatório foi o responsável por promover a ascensão da
burguesia mercantil, que emprestava dinheiro aos monarcas e financiava
novas expansões marítimas.
Gravura de Theodor de Bry, de 1607, representando
comerciantes indianos e portugueses no mercado
de Bantam, na Indonésia.
Mercantilismo
A partir do século XVI, o escambo passou a ser substituído pelo uso de
dinheiro. Esse processo de crescimento da economia, proporcionado pela
expansão marítima, ficou conhecido como Revolução Comercial.
28. Referência Bibliográfica
Projeto Teláris: História / Gislane Campos de Azevedo,
Reinaldo Seriacopi. – 1ª Edição – São Paulo: Ática, 2012.