2. Introdução
Princípio fundamental de várias doutrinas
espiritualistas, dentre as quais o Espiritismo, a
reencarnação é lei natural para todos os seres em
evolução, até que conquistem a condição de
espíritos puros e não mais necessitem habitar os
mundos materiais.
É mecanismo universal que serve de instrumento ao
progresso, ao reajuste dos equívocos passados, à
conquista de novos valores e de experiências
enriquecedoras.
2
3. Introdução
Diante de tal realidade, mesmo aceitando a
reencarnação, muitos se perguntam por que não são
lembradas as vivências pretéritas.
Isto não seria um obstáculo à tese da reencarnação?
A lembrança do passado não nos traria uma melhor
compreensão das provas que atravessamos?
Como o homem pode ser responsável por atos dos quais
não se recorda?
Como deve, nesta existência, pagar por faltas de outras
existências, das quais não tem nenhuma lembrança?
3
4. Introdução
O esquecimento do passado é considerado a mais
séria das objeções contra a reencarnação.
Como pode o homem aproveitar da experiência
adquirida em suas anteriores existências, quando
não se lembra delas?
Pois que, desde que lhe falta essa reminiscência,
cada existência é para
ele qual se fora a
primeira; deste modo
está sempre a recomeçar...
4
5. Introdução
Pareceria ilógico fazer-nos expiar em uma
existência faltas cometidas nas vidas passadas, de
que tivéssemos perdido a lembrança.
Mas, pensemos: Se um criminoso, condenado pelas
leis humanas, cai doente e perde a memória
das suas ações, segue-se daí que a sua
responsabilidade desaparece ao mesmo tempo
que as suas lembranças? Nenhum
poder é capaz de fazer com que
o passado não tenha existido!
5
6. Introdução
No livro "O que é o Espiritismo", Kardec
responde:
- " ... o Espírito não perde nada daquilo que adquiriu
no passado: ele não esquece senão a maneira pela
qual adquiriu a experiência".
Ex.: para o aluno, pouco importa saber onde, como e
sob a orientação de que professores ele fez o ano
anterior se, alcançando o próximo ano ele sabe o
que se aprende no anterior.
6
7. Porque esquecemos?
O espírito, que já viveu inumeráveis experiências
reencarnatórias, quando inicia o processo de
ingressar em novo corpo carnal, sofre gradual
esquecimento do seu passado espiritual.
Ao nascer no mundo físico,
desperta para uma nova vida,
com possibilidades de
reescrever sua história, renovar
os propósitos, sublimar os
impulsos e educar os instintos
remanescentes em sua
intimidade.
7
8. Porque esquecemos?
No esquecimento das existências anteriores,
sobretudo quando foram amarguradas, há
efetivamente algo de providencial e que atesta a
bondade e a sabedoria do Criador.
Funciona como proteção aos seres ainda
desprovidos de estrutura psíquica que lhes permitiria
assimilar os conteúdos das vivências passadas sem
se perturbarem; portanto recebem a bênção de
não se lembrarem, durante a encarnação, do seu
pretérito espiritual.
8
9. Porque esquecemos?
Tal como se dá com os sentenciados a longas
penas, todos nós desejamos apagar da memória os
delitos cometidos e felizes ficamos quando a
sociedade não os conhece ou os relega ao
esquecimento.
A razão desse desejo é fácil de explicar.
Frequentemente renascemos no mesmo meio em
que já vivemos e estabelecemos de novo relações
com as mesmas pessoas, a fim de reparar o mal
que lhes tenhamos feito.
9
10. Porque esquecemos?
Se reconhecêssemos nelas
criaturas a quem odiamos,
talvez o ódio despertasse outra
vez em nosso íntimo, e ainda
que tal não ocorresse, sentir-
nos-íamos humilhados na
presença daquelas a quem
houvéssemos prejudicado ou
ofendido.
O conhecimento excessivo
pode ofuscar as pessoas.
10
11. Oportunidade de Remissão
A lembrança indiscriminada das ocorrências do
passado traria, no atual estágio evolutivo dos
habitantes da Terra, distúrbios diversos ao psiquismo
humano.
Cada vida que passamos encarnados é uma
oportunidade de redimir as faltas que cometemos.
Somos colocados nas mesmas situações, frente a
frente com as mesmas pessoas e locais, para
podermos corrigir os erros e aprender a não
comete-los mais.
11
12. Oportunidade de Remissão
Se nos lembrássemos de todas as existências
anteriores, teríamos uma vantagem injusta.
Faríamos as coisas não porque aprendemos, mas
apenas porque lembramos do erro.
Não teríamos o mérito da atitude que tomamos,
sem o qual não evoluímos efetivamente.
Assim, Deus nos dá a chance de tentarmos de
novo, mas não nos tira o mérito da boa ação.
12
14. Está tudo perdido?
Devemos nos lembrar que a
vida principal é a do espírito,
que cada encarnação é
apenas um processo de
aprendizado, mas que
sempre voltamos ao plano
maior.
Volvendo à vida espiritual, mesmo que não
recobremos de imediato a lembrança das
existências passadas, readquirimos informações
suficientes que nos situem perante as pessoas do
nosso círculo.
14
15. Está tudo perdido?
Não existe, portanto,
esquecimento, mas tão-
somente uma interrupção
temporária das nossas
recordações.
Claro que a lembrança
completa de todas as
existências só ocorrerá quando
estivermos bastante evoluídos,
pois nem todos estão prontos
para suportar, mesmo que
desencarnados, as revelações
do passado.
15
16. Está tudo perdido?
Assim, o espírito só tem lembrança de alguns factos
mais relevantes de suas existências, factos estes
que ele usa para definir como será sua próxima
existência, escolhendo os problemas, situações,
pessoas que conhecerá e demais dados, visando
sempre seu aprendizado e aprimoramento.
Não se importa com as dificuldades, prefere-as
mesmo, pois sabe que elas o levarão adiante.
Livres da reminiscência de um passado certamente
importuno, podemos viver com mais liberdade,
como se déssemos início a uma nova história.
16
17. Razões científicas
Léon Denis e Gabriel Delanne dão-nos as razões
de ordem científica pelas quais as lembranças do
passado não podem ocorrer ao se dar a nova
encarnação do Espírito.
17
18. Razões científicas
Segundo Denis, em consequência da diminuição do
seu estado vibratório, o Espírito, cada vez que toma
posse de um corpo novo, de um cérebro virgem, acha-
se na impossibilidade de exprimir as recordações
acumuladas em suas vidas precedentes.
Delanne esclarece que o perispírito toma, ao encarnar,
um movimento vibratório bastante fraco para que o
mínimo de intensidade necessário à
renovação de suas lembranças
possa ser atingido.
18
19. E Nesta Existência?
Nova pergunta nos aparece, então:
Toda a nossa experiência, tudo o que passamos, é
perdido a cada nova encarnação?
19
20. E Nesta Existência?
Se olharmos o esquecimento do passado sem o
devido cuidado, podemos pensar que sim.
Já que ele diz que esquecemos de tudo, então
tudo o que aprendemos foi perdido, temos que
aprender tudo de novo.
Porém, a experiência
de vida nos prova o
contrário.
20
21. E Nesta Existência?
É bastante comum o passado para nós, renovar-se
em forma de impressões, ou mesmo de lembranças
definidas. Estas impressões, às vezes influenciam
nossos atos; são as que não vêm da educação,
nem do meio, nem da hereditariedade.
Exemplos:
As simpatias e antipatias repentinas
As intuições rápidas
As idéias inatas
21
22. E Nesta Existência?
Quem nunca ouviu falar daquelas crianças que são
pequenos génios, que sem que ninguém ensinasse
nada, ou com um pequeno aprendizado, são
capazes de fazer coisas como se fossem adultos?
De onde viria esta experiência, senão de vidas
passadas?
Porquê dois irmãos, criados na mesma casa,
expostos aos mesmos estímulos, educados da
mesma forma, podem ser tão diferentes entre si?
22
23. E Nesta Existência?
Acontece que o passado está esquecido, sim, mas
não perdido.
Está gravado na nossa mente, num local que não
nos permite ir lá e lembrar o que houve, mas
permite usar aquilo para o nosso bem. É o nosso
subconsciente.
Assim, a voz intuitiva de nossa consciência é, muitas
vezes, a lembrança adormecida e escondida do
nosso passado que vem à tona para refrear nossos
erros do presente.
23
24. Lembrar do Passado
Ajuda?
Outro aspecto
interessante ocorre
quando pensamos:
O que faríamos com o
conhecimento do
passado se
lembrássemos de tudo?
24
25. Lembrar do Passado
Ajuda?
Todos devem conhecer todos os aspectos da vida.
Assim, todos passam por reencarnações como
ricos, pobres, saudáveis, doentes e etc.
Situações pretéritas de fama, poder ou riqueza
despertariam ainda mais o orgulho e a vaidade nos
seres ainda imaturos para viver além das ilusões do
ego humano.
25
26. Lembrar do Passado
Ajuda?
Por outro lado, recordar experiências de miséria,
dores e fracassos traria à tona sofrimentos
desnecessários e dificilmente suportáveis.
Atos infelizes do ontem viriam à memória, atraindo
os seres desencarnados que delas tenham
participado, gerando
quadros obsessivos de
mais difícil solução do
que os já existentes.
26
27. Lembrar do Passado
Ajuda?
É providencial que não haja a
lembrança do passado, pois tal
medida é necessária e muito
benéfica ao espírito em nova
imersão na matéria.
Rememorações inoportunas
seriam um obstáculo à plena
experiência do aqui e agora.
O esquecimento propicia maior
espaço psíquico para as
vivências do presente e permite
que o ser se concentre melhor
nos propósitos atuais.
27
28. Estamos Sempre Juntos
Se encarnamos é para aprender coisas novas e
corrigir os erros do passado.
Por isso estamos sempre cercados daqueles com
quem convivemos em outras vidas.
Suponhamos que, nas nossas relações, mesmo na
nossa família, se encontre um indivíduo que nos
deu, outrora, motivos reais de queixa, que talvez
nos tenha arruinado ou desonrado, e que,
arrependido, reencarnou-se em nosso meio, a fim
de reparar suas faltas.
28
29. Estamos Sempre Juntos
Se nós e ele lembrássemos as peripécias do
passado, ficaríamos na mais embaraçosa posição,
que em nada contribuiria para a renovação das
atitudes.
Basta essa ordem de raciocínios para entendermos
que a reminiscência das existências anteriores
perturbaria as relações sociais e constituiria um
tropeço real à marcha do progresso.
29
30. Voz da Consciência
Deus nos deu o que realmente necessitamos: a
capacidade de saber o que é certo ou errado.
É aquilo a que chamamos consciência: a
lembrança interior do que fizemos - é dela que
precisamos.
Assim sendo, Deus
tira-nos a lembrança
total do passado,
que em nada nos
auxiliaria.
30
31. Voz da Consciência
Assim, não importa saber quem fomos ou o que
fizemos em outras vidas. O que importa é aproveitar
o tempo de encarnado, que é curto e raro, para
corrigir nossas más tendências, nossos defeitos.
Porque mudar maus hábitos é um trabalho árduo,
difícil e lento.
Não é de um dia para o outro que paramos de
fumar, de comer demais, de falar mal do próximo,
de ser preguiçosos.
31
33. Podemos Lembrar?
Antes, devemos considerar que Deus só quer o
melhor para nós.
Em função disso, Ele sabe que, algumas vezes, uma
pequena revelação aqui, um clarão do passado
ali, podem auxiliar alguém que esteja perdendo o
rumo, que não esteja ouvindo bem o que sua
consciência lhe diz.
Tudo sempre com um propósito definido, e não
para apenas suprir curiosidade sem uso prático.
33
34. Podemos Lembrar?
Nos casos em que seja necessária e útil a
recordação de existências pregressas, tal ocorre
naturalmente, através de lembranças espontâneas,
ou mesmo induzidas sutilmente por desencarnados
habilitados.
Também pode ocorrer através de informações
mediúnicas, desde que sérias e responsáveis, com
expressa autorização dos guias espirituais e sob a
orientação dos mesmos.
34
35. Podemos Lembrar?
As lembranças podem ocorrer durante o sono, sob
assistência dos orientadores desencarnados. Nesses
casos o conteúdo rememorado é percebido, ao
despertar, na forma de sonhos.
35
36. Podemos Lembrar?
Existe, dentre as psicoterapias contemporâneas de
abordagem transpessoal, a terapia de vivências
passadas (TVP), que trabalha com regressão de
memória para ter acesso a conteúdos conflitivos de
encarnações pregressas ou de períodos
entre as encarnações, e assim
procurar resolvê-los.
36
37. Podemos Lembrar?
Essa abordagem, quando escolhida, deve ser feita
por psicoterapeuta especializado e, mesmo assim,
com restrições e cuidados, pelos perigos potenciais
da eclosão de conteúdos psíquicos conflituosos do
passado.
A regressão corretamente
conduzida é parte de um
processo psicoterapêutico
mais amplo.
37
38. Podemos Lembrar?
Essa terapia, embora se baseie numa visão
espiritualista e reencarnacionista, não faz parte das
práticas doutrinárias do Espiritismo, exceto nos
casos de desobsessão em que seja necessário
esclarecer aos envolvidos – encarnado e
desencarnado – as origens do
conflito atual.
38
39. Casos de lembrança
Essas lembranças vivas são muito raras.
A faculdade de se recordar é uma aptidão
inerente ao estado psicológico, isto é, ao
desprendimento da alma, que é mais fácil em
certos indivíduos do que em outros.
Uma espécie de visão espiritual retrospectiva, que
lhes lembra o passado, ao passo que aos que não
a possuem, esse passado não deixa qualquer traço
aparente.
39
40. Casos de lembrança
O passado é como um sonho, do qual a gente se
lembra mais ou menos exatamente, ou do qual se
perdeu totalmente a lembrança.
Só raramente Deus o permite, a fim de trazer os
homens ao conhecimento da grande lei da
pluralidade das existências, a única que explica a
origem das qualidades boas ou más, mostra-lhe a
justiça das misérias que suporta aqui e lhe traça a
rota do futuro.
40
41. Olha o Teu Presente
O Espírito da Verdade nos diz, literalmente:
"Se queres saber como foi teu passado, olha teu
presente, tudo o que passas hoje é resultado do que
fizestes ontem”
41
42. Olha o Teu Presente
Consciente das responsabilidades que tem, o
espírita normalmente não precisa conhecer
detalhes do passado para saber os aspectos de si
mesmo que precisam ser transformados.
As tendências, condutas e hábitos do presente
revelam o que foi cultivado no pretérito e ainda se
manifesta na personalidade atual, aguardando a
educação adequada.
42
43. Olha o Teu Presente
Os ensinamentos espíritas esclarecem os
mecanismos da reencarnação e os motivos do
esquecimento temporário do passado,
incentivando os seres a buscarem, no presente, a
única oportunidade real de se transformarem e, se
ainda não o fizeram, de plantarem no solo da vida
as sementes da felicidade que colherão no futuro.
43
44. Olha o Teu Presente
Ora, olhemos a nossa vida:
Das tribulações que suporta, das expiações e
provas deve concluir que foi culpado;
Da natureza dessas tribulações, ajudado pelo
estudo de suas tendências instintivas,
apoiando-se no princípio que a mais justa
punição é a consequência da falta, pode
deduzir seu passado moral.
Suas tendências más lhe ensinam o que resta
de imperfeito a corrigir em si
44
45. Conclusão
O esquecimento do passado e, por conseguinte,
das faltas cometidas não lhes atenua as
consequências.
O conhecimento delas seria, porém, um fardo
insuportável e uma causa de desânimo para muitas
pessoas.
45
46. Conclusão
Assim, olhar para ele para evitar cair em nossos
erros é bom, mas nosso foco deve ser sempre o
Futuro.
Devemos pois aprender a aceitar Seus desígnios,
entender o que ele quer de nós.
46
47. Conclusão
Se a recordação do passado fosse total, isso
concorreria para a perpetuação dos
ressentimentos e dos ódios.
A existência terrestre é, algumas vezes, difícil
de suportar, e o seria ainda mais se, ao cortejo
dos nossos males atuais,
acrescentássemos a
memória dos sofrimentos e
dos equívocos passados.
47
48. Conclusão
Se existem factos e situações da existência atual
dos quais é melhor se esquecer, em benefício da
própria paz, tanto mais em relação ao passado
reencarnatório, cuja lembrança inoportuna traria
sérios prejuízos ao equilíbrio e à vivência presente.
48
49. Muitas vezes precisamos nos esquecer do passado,
tanto desta como de outras existências, para
estarmos inteiramente ligados no agora, em que
nos é possível viver e agir plenamente na
construção de um destino mais feliz.
Conclusão49
50. Ref. Bibliográficas
O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, questões 392
a 394.
O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan
Kardec, capítulo V, item 11.
O que é o Espiritismo, de Allan Kardec, pp. 114, 116
e 117.
A Reencarnação, de Gabriel Delanne, págs. 305 e
306.
A Evolução Anímica, de Gabriel Delanne, pág. 175.
Depois da Morte, de Léon Denis, págs. 145 e 146.
O Problema do Ser, do Destino e da Dor, de Léon
Denis, pág. 182.
50