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Pais e responsáveis do adolescente
deprimido: buscando conhecer
experiências que levaram à procura
de atendimento especializado
Helmer Magalhães Antunes1
, Claudinei José Gomes Campos2
PARENTSAND CAREGIVERS OF DEPRESSEDADOLESCENTS: LEARNINGABOUT
EXPERIENCES THAT LED TO THE SEARCH FOR SPECIALIZEDATTENDANCE
PADRES Y RESPONSABLES DELADOLECENTE DEPRIMIDO: BUSCANDO CONOCER
EXPERIENCIAS QUE LLEVARONALABUSQUEDADE TRATAMIENTOS ESPECIALIZADOS
1 Graduando do 7.o
semestre do Curso
de Graduação em
Enfermagem do
Depto. Enf.-FCM-
UNICAMP. Bolsista
FAPESP – Iniciação
Científica.
2 Enfermeiro. Doutor
em Ciências
Médicas/Saúde
Mental. Professor
Colaborador do
Depto. Enf.-FCM-
UNICAMP. Membro
do Núcleo de
Pesquisa em
Psicanálise,
Enfermagem e Saúde
Mental (NUPPESM)
do Depto. Enf-FCM-
UNICAMP.
cjcampos@
fcm.unicamp.br
ARTIGOORIGINAL
DESCRITORES
Psiquiatria do adolescente.
Cultura.
Educação em saúde.
KEYWORDS
Adolescent psychiatry.
Culture.
Health education.
DESCRIPTORES
Psiquiatría del adolescente.
Cultura.
Educación en salud.
Recebido: 09/05/2005
Aprovado: 19/10/2005
RESUMO
Este estudo objetivou analisar os
processos que levam os pais e
responsáveis a perceber a doença
depressiva nos filhos adoles-
centesecompreenderainfluência
das crenças em saúde e dos
hábitos culturais na procura de
tratamento especializado. Uti-
lizando o método de estudo de
caso qualitativo, foram entrevis-
tados quatro pais e responsáveis
de adolescentes, com diagnóstico
de depressão atendidos em um
ambulatório de saúde mental de
Campinas. Os dados foram inter-
pretados por análise de conteúdo
temático. Segundo os pressu-
postos teóricos do Modelo de
Crenças em Saúde (MCS), foram
criadas e discutidas as categorias:
a percepção dos pais e respon-
sáveis quanto à suscetibilidade à
doença depressiva; a percepção
dos pais e responsáveis quanto
à severidade da doença depres-
siva; estímulo externo influen-
ciando a busca de tratamento es-
pecializado; as barreiras e be-
nefícios percebidos para busca
de atendimento especializado;
variáveis estruturais e sociais in-
fluenciando na busca de atendi-
mento especializado.
ABSTRACT
This study is aimed at analyzing
the processes and the motivations
that lead parents and caregivers to
notice the depressive illness in
adolescents and at understanding
the influence of health beliefs and
cultural habits in the search of
specialized treatment. Using the
qualitative case study method, four
parents and/or caregivers of
adolescents with diagnoses of
depression under treatment at a
mental health clinic in the city of
Campinas,StateofSãoPaulo,were
interviewed.Inaccordancewiththe
theoretical presumptions of the
Health Belief Model (HBM), the
categories that were created and
discussed were: the perception of
parentsandcaregiversregardingthe
susceptibility to the depressive
illness; the perception of parents
and caregivers regarding the
severity of the depressive illness;
external stimuli influencing the
searchforspecializedtreatment;the
barriers and benefits perceived for
the search for specialized atten-
dance; structural and social
variables influencing the search for
specialized attendance.
RESUMEN
Este estudio tiene como objetivo
analisar los procesos y las motiva-
ciones que llevan a los padres y
responsables a percibir la adole-
cencia depresiva en los hijos
adolecentes y comprender la
influencia de las creencias y de los
hábitosculturalesenlabúsquedade
tratamientos especializados. Utili-
zandoelmétododeestudiodecaso
cualitativo, fueron entrevistados 4
padres y responsables de adoles-
centescondiagnosticodedepresión,
atendidosenunambulatoriodesalud
mental. Según los presupuestos
teóricosdelModelodeCrenciasen
Salud (MCS), fueron creadas las
categorías: la percepción de los
padres y responsables cuanto a la
suceptivilidaddelasenfermedades
depresivas; la percepción de los
padres y responsables cuanto a la
severidad de la enfermedad
depresiva; estímuloexternoinfluen-
ciando la búsqueda de tratamiento
especializado; las barreras y
beneficios percibidos para la
búsquedadeatendimientoespecia-
lizado; variables estructurales y
socialesinfluenciandoenlabúsqueda
deatendiemientoespecializado.
205
Rev Esc Enferm USP
2007; 41(2):205-12.
www.ee.usp.br/reeusp/
INTRODUÇÃO
A ocorrência de depressão em adolescentes tem se torna-
do freqüente em nosso meio. A não aceitação da veracidade
de tal fato, no decorrer da história, se configurou em um incrí-
vel obstáculo no que diz respeito à definição do problema do
paciente e no concomitante tratamento adequado(1)
. De tal
forma podemos levar em consideração que por muito tempo
tal idéia foi sendo introjetada pela população e acrescentada
à cultura, o que poderia contribuir significantemente para a
não atribuição de importância para os sintomas depressivos
notados. A cultura como um saber pessoal e o conjunto de
valores de uma sociedade(2)
, guarda para si uma maneira pe-
culiar de visualizar pensamentos e comportamentos.
A percepção dos fenômenos patológicos, portanto, está
intimamente ligada aos fenômenos sociais e culturais apre-
endidos no decorrer da história e que modificam as técnicas
de intervenção sobre eles(3)
. Para conhecer as motivações
de busca de atendimento especializado para depressão em
adolescentes temos, portanto, que nos reportar a tais cren-
ças culturais.
Sintomas que hoje fazem parte dos manuais diagnósticos
como humor deprimido ou irritável; interesse ou prazer acen-
tuadamente diminuídos, perda do ganho significativo de peso
ou diminuição ou aumento do apetite, insônia ou hipersônia,
ideação suicida, tentativa ou plano suicida, entre outros clas-
sificados(4)
, são percebidos pelos indivíduos leigos, segun-
do seus referenciais empíricos, os quais vão se agregando ao
seu corpo de percepções e conhecimentos acerca dos males
e práticas de saúde ao longo de sua existência.
Os adolescentes, muitas vezes, apresentam sintomas
depressivos que são considerados apenas como “alterações
do comportamento”(5)
,ou seja ‘próprio da idade’, fazendo com
que os pais não dêem credibilidade a essas manifestações.
Emrelaçãoàbuscadeatendimentoespecializado,segundo
pesquisas nos EUA em 1974, dos pacientes deprimidos, 2/3
não procuravam ajuda médica, 1/3 procurava por ajuda de um
clínicogerale1/6porumpsiquiatra.Dos2/3quenãoprocuram
atendimento médico, existe a parcela que procura se tratar le-
vando em consideração um diagnóstico de manifestações
anímicas, buscando cura por práticas religiosas e mágicas, e os
que fazem um diagnóstico de causas externas, buscando ajuda
com yogas, ginásticas e alimentação natural(6)
.
No Brasil, em termos de primeira ajuda, procura-se um
clínico geral ou um médico de especialidade não psiquiátri-
ca, ou ainda um psicólogo ou um psicanalista com vista à
realização de uma psicoterapia(6)
. A procura de um clínico
geral, em vez de um psiquiatra, pode demonstrar-nos que a
doença psiquiátrica é, por vezes, associada a algum sintoma
físico; mas pode simplesmente significar um não conheci-
mento do psiquiatra e seu papel.
A grande concentração de adolescentes no país e a ex-
pectativa de que em 2020, segundo a Disability Adjuste Life
Years , a depressão maior será a segunda principal patologia
geradora de sobrecarga sobre os serviços de saúde(7)
, so-
mados às necessidades citadas anteriormente, remete- nos
à importância de se iniciar rapidamente o tratamento do
adolescente deprimido.
Se, por um lado, para que ocorra o rápido tratamento é
necessária a conscientização da população acerca dos prin-
cipais sintomas depressivos e acerca da suscetibilidade de
adolescentes à depressão, por outro é necessário compre-
ender as crenças que as pessoas têm em relação à depres-
são e seu tratamento por profissionais especializados. Sen-
do a família um alicerce que tem um valor em si mesmo e
seu apoio é decisivo tanto na afetividade dispensada ao
doente, como na busca e acompanhamento do tratamen-
to(8)
, deve-se, por meio da educação em saúde, desmistificar
e capacitar minimamente os pais e responsáveis dos jo-
vens a reconhecerem, precocemente, sinais ou comporta-
mentos indicativos de um quadro depressivo, levando-se
em consideração os seus próprios referenciais empíricos.
REFERENCIALTEÓRICO
Tomamos os pressupostos teóricos do Modelo de Cren-
ças em Saúde (M.C.S.), como modelo para embasar nossas
discussões neste trabalho.
Nascido primeiramente com o objetivo de explicar o por
quê das pessoas não se prevenirem corretamente contra
doenças para as quais já havia testes e vacinas, o M.C.S.,
conforme suas observações, tenta explicar (especificar) as
variáveis de tais comportamentos(9)
.
O M.C.S. parte do pressuposto básico que um indiví-
duo emite comportamentos preventivos em relação a uma
doença(10)
acreditando: que ele é pessoalmente suscetí-
vel a ela; que a ocorrência da doença deverá ter pelo
menos moderada seriedade em algum componente de sua
vida; que, tomando uma ação particular, esta deveria, de
fato, lhe ser benéfica reduzindo sua susceptibilidade, ou
se a doença ocorreu, reduzindo sua seriedade, e que haja
barreiras psicológicas importantes, tais como custo, con-
veniência, dor, embaraço, entre outras.
Além dessas dimensões, fazem parte do M.C.S. alguns
estímulos que eliciam o processo de tomada de decisão,
que podem ter origem interna (por exemplo um sintoma) ou
externa (influência da família, dos amigos, dos meios de
comunicação etc)(9)
.
É importante ressaltar que o M.C.S é um referencial
utilizado basicamente em pesquisas quantitativas. Neste
estudo, entretanto, utilizamos apenas os seus pressupos-
tos teóricos, adaptando-o assim à nossa necessidade.
Pais e responsáveis do adolescente deprimido: buscando conhecer
experiências que levaram à procura de atendimento especializado
Antunes HM, Campos CJG.206
Rev Esc Enferm USP
2007; 41(2):205-12.
www.ee.usp.br/reeusp/
OBJETIVOS
Analisar os processos e as motivações que levaram os
pais e responsáveis a perceberem a doença depressiva nos
filhos adolescentes e à conseqüente procura de cuidado
especializado;
Compreender a influência das crenças em saúde e dos
hábitos culturais na procura de tratamento da doença
depressiva em adolescentes.
MÉTODO
Optamos pelo método qualitativo, especificamente o
estudo de caso, para realização da pesquisa. Estudos de
casos qualitativos visam a descoberta, fazendo com que o
pesquisador não se atenha somente a pressupostos, mas
também a novos elementos durante o estudo.
A multiplicidade de dimensões presente em uma deter-
minada situação pode também ser focalizada pelo estudo
de caso levando à não apreensão ao problema focalizado.
Pode-se usar diferentes fontes de informações buscando
incidir naquilo que ele tem de único, mesmo que posterior-
mente venham ficar evidentes certas semelhanças com ou-
tros casos ou situações(11)
.
O local escolhido para a pesquisa foi o ambulatório de
psiquiatria do Hospital das Clínicas da UNICAMP, que
atende pacientes na área de saúde mental da região de
cobertura de Campinas.
Os sujeitos de nossa pesquisa foram os pais ou res-
ponsáveis pelo adolescente que tem diagnóstico de de-
pressão. A amostra, que contou com quatro indivíduos
(três mães de adolescente e um pai), foi selecionada inten-
cionalmente, segundo a capacidade dos informantes em
fornecer dados relevantes para o alcance dos objetivos da
pesquisa(12)
. A inclusão de novos sujeitos findou quando
as informações começaram a se repetir com alguma fre-
qüência, segundo a técnica de saturação de dados.
Os pesquisadores apresentaram a cada entrevistado
um termo de Consentimento Livre e Esclarecido respeitan-
do os direitos do indivíduo de participar voluntariamente
após serem informados acerca dos procedimentos da pes-
quisa. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pes-
quisa (CEP) da Faculdade de Ciências Médicas da
UNICAMP.
Para a realização da pesquisa utilizamo-nos de um rotei-
ro de entrevistas, contendo perguntas relacionadas aos
dados socioculturais da população estudada, as percep-
ções sobre os profissionais da área de saúde mental, moti-
vações que o levaram a buscar auxílio especializado para o
familiar adoecido e sua experiência em lidar com problemas
de saúde acontecidos anteriormente. Escolhemos a en-
trevista semi-estruturada pela possibilidade de se esta-
belecer com o entrevistado a liberdade e espontaneidade
necessárias para o enriquecimento da investigação sem,
entretanto, desvincular-se do objetivos propostos ante-
riormente, de acordo com informações, propósitos e
interrogativas previamente elaboradas pelo investiga-
dor(13)
.
Optamos pelo método de análise de conteúdo como
forma de analisar os dados, já que este nos dá liberdade
para realização de inferências e nos proporciona compre-
ensão dos diversos significados contidos nas entrevis-
tas. Neste processo foram seguidas as seguintes fases:
fase pré-exploratória do material (leituras flutuantes das
entrevistas); seleção das unidades de análise e
codificação; processo de categorização, entendendo as
categorias como enunciados que podem abranger um
número variável de temas, segundo seu grau de intimida-
de ou proximidade(14)
. As categorias foram enunciadas a
priori, seguindo o referencial teórico do M.C.S.
ANÁLISE E DISCUSSÃO
DOS DADOS
Caracterização sociocultural dos sujeitos da pesquisa:
Obtivemos, em nossa amostra, indivíduos com idades
que variaram entre trinta e três (33) a quarenta e oito (48)
anos, com média de 42 anos. A variação do grau de ins-
trução foi desde o sujeito sem instrução formal declarada
até aquele com ensino superior completo. Todos os en-
trevistados declararam-se participantes da renda da casa
exceto o que tinha curso superior completo (aposenta-
da). A religião também se mostrou presente nas famílias
dos adolescentes deprimidos: dois deles se declararam
evangélicos e dois católicos. Um dos entrevistados diz
ter se tornado evangélico após o início dos problemas
com seu filho adolescente.
Apresentação das categorias e discussão dos temas obtidos:
A percepção dos pais e responsáveis quanto à suscetibilidade
à doença depressiva
O M.C.S. nos mostra que, em relação à suscetibilidade
percebida, as pessoas variam muito quanto à aceitação
da possibilidade de contrair uma determinada condição.
Num extremo, poderemos ter indivíduos que negam qual-
quer possibilidade de contrair uma dada condição, em
segundo podemos ver os que podem admitir a possibili-
dade, mas que essa seja improvável e, finalmente, vere-
mos os que podem realmente expressar a possibilidade
real de estar em perigo quanto à doença(10)
. Tal percepção
individual poderá influenciar positivamente ou negativa-
mente a busca por tratamento.
Pais e responsáveis do adolescente deprimido: buscando conhecer
experiências que levaram à procura de atendimento especializado
Antunes HM, Campos CJG.
ANÁLISE E
DISCUSSÃO DOS DADOS
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Rev Esc Enferm USP
2007; 41(2):205-12.
www.ee.usp.br/reeusp/
A percepção da susceptibilidade pode ser um evento
inconsciente e pode adquirir formas sólidas em momentos
posteriores (por exemplo, após o início de tratamento), como
vemos abaixo:
(...) o problema dele não era a maconha, o problema dele
era a família. E minha família já tem um problema sério de
depressão, e também tem o desemprego do meu marido,
eu... enfartei... e juntou o desemprego, nós tínhamos um
poder aquisitivo legal, a mudança de São Paulo pra cá,
meu marido veio pra cá, aí a Transbrasil faliu, aí, esse
monte de problema contribuiu... eu, meu marido
desincentivado, eu desincentivada, e tudo isso dá o efeito
no meu filho. (e4)
Nesse caso a mãe conseguiu ligar os acontecimentos e
apontar a instabilidade familiar como fator desencadeante do
problema depressivo do filho. Esse fato é relevante à medida
em que se pode afirmar que existe a percepção, mesmo que
empírica, por parte de alguns indivíduos, da existência de uma
multicausalidade gerando doenças mentais e também a impor-
tância que os fatores psicossociais, neste caso específico, uma
desestruturação familiar por problemas socioeconômicos, po-
dem ter no desenvolvimento destas doenças.
Mesmo não sendo esse o evento principal para procura
de tratamento, neste caso é importante notar como se cons-
troem tais percepções.
Em outro caso o mesmo processo é observado no relato
de um sujeito da pesquisa em relação ao adolescente depri-
mido que apresenta diabetes:
Porque se você for pensar não é normal. Porque você
pode comer o tanto que você quer e você come e não tem
fome... e quando você tem aquela vontade de comer, você
come até passar a vontade. E tudo na vida dela é, não.
Comer doce: não; ela queria repetir prato e: não... aí sabe...
tudo isso eu acho que vai bloqueando, não é? Bloqueando
a pessoa... não é normal. (e3)
A percepção do problema da diabetes como causador de
frustração, aborrecimento e tristeza no adolescente é clara-
mente expresso nesse trecho. Entretanto, como o exemplo
acima, a mãe não utilizou tal percepção inconsciente para
iniciar a busca por atendimento, mas com certeza esse foi um
fator influenciador.
A negação da suscetibilidade à doença também pode ser
notada em uma das entrevistas:
Mas adolescente eu não sei... que nem no caso dela... não
falta nada... tem tudo, aí eu não sei. Aí que não dá pra
entender né? (e1)
Neste caso, as diversas restrições e dificuldades familia-
res no que diz respeito às posses e aos ganhos materiais,
acabam influenciando no surgimento da idéia de que a de-
pressão está simplesmente ligada a isso. Estar deprimido é
estar com “falta das coisas em casa”. O fato de “não lhe faltar
nada”elimina a possibilidade da paciente ser suscetível a
algum problema podendo influenciar negativamente na
procura por atendimento especializado. Essa visão materia-
lista encontra fortes raízes na cultura ocidental, onde o suces-
so econômico e o bem-estar físico e mental estão associados
de uma maneira quase mágica, criando nas pessoas a falsa
segurança de que a suscetibilidade a determinadas doenças
está intrinsecamente associada a privações materiais.
Pode-se definir a severidade como a gravidade ou serie-
dade da doença que pode ser avaliada tanto pelo grau de
perturbação emocional criado ao pensar na doença quanto
pelos tipos de conseqüências que a doença pode acarretar
(dor, morte, gasto material, interrupção de atividades, pertur-
bações nas relações familiares e sociais)(9)
.
A percepção da seriedade de determinado sintoma por
vezes é o principal desencadeador da busca por atendimen-
to especializado com o objetivo de se minimizar as perdas
devido à situação de estresse provocada. A perturbação
das relações familiares normais ocasionadas pela
agressividade, uso de drogas e ‘nervosismo’ foram pontos
importantes para que ocorresse a busca de tratamento:
(...) eu ia atrás e brigava porque eu tinha sempre muito
medo de droga. Com isso ele começou a decair na escola,
até o dia que eu o peguei (eu lutei muito pra pegar), aí eu
peguei e ele ficou muito decepcionado e não conseguia
me encarar e depois disso ele começou a ficar agressivo
e num desses ataques dele de raiva e agressividade nós
trouxemos ele no pronto socorro da UNICAMP. (e4)
(...) É que ela era... muito nervosa... ahnnn... Nadinha que
a gente conversava ela ficava nervosa e já ia xingando...
ficava já brigando... Aí a mãe dela procurou... o médico e
falou que ela tava muito nervosa. (e1)
É importante ressaltar que sinais como a agressividade,
além de outros decorrentes do uso de substâncias
psicoativas, sinalizam situações de ameaça à própria vida
do adolescente, bem como a integridade física dos outros
indivíduos relacionados a ele, concorrendo desta maneira,
para uma percepção mais emergencial de cuidados
especializados. Outro fato também ameaçador e até mais
chocante são as tentativas de suicídio como eventos
perturbadores da relação familiar que também são conside-
rados como causa da busca de atendimento:
(...) O que me incomodou mais foi quando eu cheguei do
serviço e o menino tinha me falado que ela tinha tentado se
enforcar com a própria blusa. Aí né... o que eu suspeitava,
eu acabei concluindo... aí eu levei ela, no postinho, centro
de saúde... e eles me mandaram pra cá. (e2)
(...) não precisava de mais nada. Aí depois que ela tentou
suicídio é que eu trouxe ela. (e2)
Apenas quatro por cento dos pacientes deprimidos estão
em tratamento por ocorrência de idéias suicidas. Em números
gerais, uma quantidade significativa de pessoas está corren-
Pais e responsáveis do adolescente deprimido: buscando conhecer
experiências que levaram à procura de atendimento especializado
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2007; 41(2):205-12.
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do risco potencial em tentativas de suicídio(6)
. Consideran-
do a gravidade de tal evento, é importante se tomar os devi-
dos cuidados na assistência a tais casos já que a sua exis-
tência pode levar a êxito fatal. Esse é um sintoma importante
para o diagnóstico de depressão e é necessária a tentativa
de se notar precocemente sinais ou evidências que o ado-
lescente possa estar com tal tipo de ideação.
Aseveridadedadoençaépercebidatambémquandoocorre
interrupção das atividades cotidianas do adolescente como,
por exemplo, a realização de atividades antes prazerosas:
Antes ela tava muito assim, isolada, não aceitava carinho,
não aceitava brinquedo nenhum né. E se isolava, ficava o
dia inteiro no quarto escuro, fechava a cortina, fechava a
porta, ficava lá só escutando música, levantava só pra
tomar água... tomar água. (e2)
Humor deprimido, interesse ou prazer acentuadamente
diminuídos, capacidade diminuída de pensar ou concentrar-
se, sintomas clássicos dos quadros depressivos(4)
, podem
ser percebidos pelos pais de acordo com a significação indi-
vidual que cada um atribui a esses fenômenos. Por meio de
tais percepções ocorre a assimilação dos sintomas científi-
cos da depressão, incorporando-o ao seu universo cultural,
mesmo que de forma empírica.
A assimilação pelas classes populares dos conhecimentos
médicosdeorigemcientíficaesuainteraçãonocorpodeconhe-
cimentos de classe só é possível através de toda uma série de
transformações, que tem como conseqüência desbaratar o em-
préstimo dos conceitos médicos e mesmo desnaturá-los(15)
.
Estímulo externo influenciando a busca de tratamento
especializado
O modelo de crenças ainda ressalta que existem estímu-
los que influenciam o processo de tomada de decisão funci-
onando como fatores modificadores da ação sobre a ameaça
percebida de determinada doença. Tais estímulos relacio-
nam-se a conselhos de terceiros, lembretes escritos de pro-
fissionais de saúde, de experiências de membros da família,
bem como outros meios de informação(10)
.
Em nossas entrevistas encontramos exemplos da ação
direta de profissionais tanto da saúde, como de educadores,
agindo no sentido de influenciar positivamente na procura de
atendimento especializado, como podemos observar abaixo:
E eu só fui perceber isso agora, meu marido era contra a
terapia. No colégio que ele estava a orientadora já havia
me falado o ano passado: Sozinho ele não vai dar conta,
ele precisa de uma psicoterapia. (e4)
Mas na verdade eu descobri que ele tava com depressão
aqui, há dois meses atrás, por causa da Dra. Y que já
diagnosticou, e foi aí que eu comecei a me ligar porque
apesar de ser psicóloga... de ter estudado isso, de ter lhe
dado com isso, mas pelo fato de ser meu filho então... (e4)
Percebemos nesta última fala, como o envolvimento
afetivo existente entre os membros da família, pode levar, até
mesmo pessoas teoricamente capacitadas em detectar a do-
ença, caso da psicóloga e mãe do adolescente, à não per-
cepção da patologia.
A doença mental traz ainda questões históricas atrela-
das a si que a tornam extremamente estigmatizada, desper-
tando muitas vezes mecanismos de negação nas pessoas,
prejudicando desta maneira a procura do médico especialis-
ta. Tal afirmação pode nos levar a inferir a existência de uma
porção significativa de adolescentes que esteja sem trata-
mento adequado, devido a não associação de seus sinto-
mas com o diagnóstico de depressão(16)
.
É interessante notar, que a experiência dos pais não se
passa, entretanto, apenas com profissionais da área da saú-
de. A presença de educadores, assistentes sociais, dentre
outros, pode ser de extrema importância para desenvolver
nos pais e responsáveis pelo adolescente uma visão mais
realista acerca da necessidade de uma percepção mais pre-
coce de doenças importantes como a depressão. Contudo,
vê-se a importância da atuação conjunta dos profissionais
da área da saúde, principalmente dos enfermeiros, como
agentes de formulação de práticas educativas em saúde, em
conjunto com outros profissionais ou mesmo com os pró-
prios pais, para o esclarecimento acerca da depressão. A
assistência da enfermagem não se limita apenas em ajudar o
paciente,mastambémemorientarafamíliaeacomunidade(16)
.
A experiência prévia similar com amigos ou conhecidos
também tem importância nas experiências dos pais, servin-
do como estímulo externo para o reconhecimento da doença
depressiva e conseqüente busca de atendimento:
E tem assim: lá no serviço tem um moço que mora lá que
ele é bem assim. Ele é bem assim depressivo. E eu tinha
uma imagem assim, talvez por ele, que não tem amizade,
não tem colega nenhum, é uma pessoa isolada, uma pes-
soa brigada com os pais sabe, que nada ta bom. E passa-
va muito tempo trancado no quarto e falavam: ele ta muito
depressivo e eu escutava - depressão. E ... quando ela
começou a ficar desse jeito daí eu falei, não... ela deve
estar com depressão. (e2)
Os tratamentos passam por toda uma “rede terapêuti-
ca”, iniciada pelos conselhos da família, amigos, vizinhos
e passando aos curandeiros populares ou aos médicos.
O aprendizado oferecido através de cada etapa passa a
fazer parte dos conhecimentos e crenças que podem ou
não ser aceitos pela pessoa(17)
. Os conhecimentos leigos
obtidos através de experiências anteriores na observa-
ção de outros indivíduos puderam direcionar a tomada de
decisão acerca do ser ou não depressivo.
Tal alternativa de busca de conhecimentos de saúde ou
mesmo de assistência à saúde através de amigos e conheci-
dos é chamada de assistência informal, existindo três alter-
Pais e responsáveis do adolescente deprimido: buscando conhecer
experiências que levaram à procura de atendimento especializado
Antunes HM, Campos CJG. 209
Rev Esc Enferm USP
2007; 41(2):205-12.
www.ee.usp.br/reeusp/
nativas de busca de assistência à saúde: a informal, a popu-
lar e a profissional(17)
. Duas delas puderam ser notadas por
nós de acordo com os exemplos acima: a informal e a profis-
sional.
O setor informal é o campo leigo, não-profissional e não-
especializado da sociedade, onde as doenças são em primei-
ro lugar reconhecidas e definidas, para posteriormente se-
rem iniciadas as atividades de tratamento. O setor profissio-
nal compreende profissões sindicalizadas e sancionadas le-
galmente, como a medicina científica ocidental ou alopatia.
As experiências vividas através dessas alternativas de as-
sistência podem ajudar na formação dos significados, como
vimos nos exemplos acima. Por vezes, tais experiências lei-
gas e estímulos externos levam os pais do adolescente de-
primido a não buscar atendimento especializado:
E a gente ia ver sozinho né... talvez com o tempo passas-
se não é? Mas não era... quanto mais o tempo passava
pior ia ficando. (e1)
Muitas vezes os motivos da não procura de auxílio espe-
cializado estão ligados ao não convencimento por parte dos
pais ou responsáveis da severidade da doença, acreditando
como vimos, na sua remissão espontânea. Outro motivo,
este relacionado à própria natureza e compreensão leiga das
doenças mentais, é a aceitação do fato de que possa existir
dentro da família um indivíduo com tal doença, ou seja, a
admissão para a sociedade da presença de um doente men-
tal na família. Dessa forma cria-se uma situação embaraçosa
e estigmatizante no seio familiar. Percebemos que esta últi-
ma motivação quando não detectada ou esclarecida no sen-
tido de desmistificar a doença mental, pode acarretar preju-
ízos e desestruturação maiores ao doente e à própria família.
Outra situação é a procura de ajuda não profissional, esti-
mulada por influências culturais, como vemos a seguir:
Ah.... é mesmo... isso mesmo. A mãe dela chegou a procu-
rar uma benzedorinha.... Num deu nada. A benzedora fa-
lou que ela não... não tinha nada desse tipo de coisa. (e1)
A própria busca pelo curandeiro (ou benzedeira) demons-
tra que existem méritos para isso, sendo um deles a explica-
ção ao doente do que realmente ele sofre. Além disso, o
curandeiro utiliza uma linguagem imediatamente acessível
aos membros das classes populares e fornece explicações
que contêm representações da doença que despertam algu-
ma coisa no espírito dos membros de classes menos
favorecidas(15)
. Entretanto, a cura pela sugestão, na maioria
das vezes, é ineficaz, fazendo com que a pessoa redirecione
sua busca à medicina tradicional.
As barreiras e benefícios percebidos para busca de aten-
dimento especializado
O M.C.S. define ainda que a suscetibilidade e a severida-
de percebidas podem conduzir à tomada de uma ação, mas
não definem a ação que será tomada. A ação dependerá das
crenças que o indivíduo tem em relação à efetividade das
alternativas conhecidas para tomada de decisão. Seu com-
portamento dependerá, então, da crença do quão benéficas,
para o seu caso, serão as várias alternativas para reduzir a
ameaça a cada condição de saúde(10)
.
Os benefícios percebidos referem-se à crença na
efetividade da ação e à percepção de suas conseqüências
positivas; e as barreiras percebidas referem-se aos aspectos
negativos da ação, que são avaliados em uma análise tipo
custo-benefício, considerando possíveis custos de tempo,
dinheiro, esforço, aborrecimentos(9)
. Algumas barreiras fo-
ram facilmente observadas:
... porque ele fazia coisas desde pequeno assim, um dia
ele chegou e falou assim: mãe, eu vou enfiar uma faca no
meu coração, eu quero morrer!... Então a gente achava
engraçado, e falava: Nossa X que é isso??? E a gente
achava normal, que ele ficava assistindo muito assim, de-
senhos... não é? E ele é muito bonito assim, é loirinho,
cabecinha branca, olho azul, bonitinho, lindo, lindo...e eu
achava que ele nunca ia ter problema no mundo (...). (e4)
Nesse caso a mãe do adolescente relata uma ocasião em
que seu filho queria se matar, mas tudo era encarado como
uma brincadeira normal para uma criança dessa idade e que,
talvez, estivesse impressionada com alguns desenhos vio-
lentos. Pensar que o filho tão novo possa estar falando com
seriedade em se matar poderia ser prerrogativa de muito
problema e transtorno para a família. Nesse caso a somatória
das barreiras contra uma ação efetiva são maiores do que os
benefícios e a tentativa de negar o problema que causará ame-
açasocial,pelomenosmomentaneamente,émaisbemaceita.
Neste recorte, ainda se observa a idealização da aparên-
cia física como uma prerrogativa importante para o reconhe-
cimento do ser saudável, sendo que no caso das doenças
ditas mentais, muito mais que a aparência física, a percepção
de sinais emocionais, altamente relevantes, são muitas ve-
zes relegados a um segundo plano.
Outras barreiras, como a financeira, são relatadas por
nossos sujeitos de pesquisa:
(...) Eu já queria mandá-lo para a terapia mas meu marido
não queria. Aquele problema financeiro (não gastar). (e4)
O problema financeiro é relatado nesse caso como um
incentivador negativo (barreira) para a busca de tratamento es-
pecializado. Tal fato pode ser entendido, pois nos últimos anos
umaclaraevoluçãonotocanteaotratamentomedicamentosoda
depressão (hoje medicações que inibem a recaptação da
serotoninasãolargamenteutilizadoscombonsresultados),bem
como do oferecimento de serviços de psicoterapia. Entretanto,
tais terapêuticas acabam por ser inviáveis para indivíduos de
classes menos favorecidas, devido ao seu alto preço, o que re-
sulta, na maioria das vezes, em um tratamento impossível para
quem não tem acesso a um serviço público de referência.
Pais e responsáveis do adolescente deprimido: buscando conhecer
experiências que levaram à procura de atendimento especializado
Antunes HM, Campos CJG.210
Rev Esc Enferm USP
2007; 41(2):205-12.
www.ee.usp.br/reeusp/
A elaboração da crença pessoal de que o serviço especi-
alizado é o melhor lugar para atender o adolescente com
problemas se mostrou como benefício percebido para a bus-
ca e superou as barreiras, como no caso relatado abaixo:
Eu achei que podia ser uma coisa assim... que na idade
dela, precisa de ajuda. Eu acho que qualquer um precisa de
ajuda... eu preciso de ajuda. E essa coisa você procura
com as pessoas que têm mais experiência, que sabe mais
que você, entende, que vai te ajudar, que você confia... (e3)
Variáveis estruturais e sociais influenciando na busca de
atendimento especializado
Existem ainda, segundo o M.C.S, fatores modificadores
da percepção individual e que influenciam indiretamente na
ação final como variáveis psicossociais (personalidade, clas-
se social, pressão social) e estruturais (conhecimento sobre
a doença, contato anterior com a doença)(9)
.
No que diz respeito às variáveis sociais chamou-nos aten-
ção um aspecto cultural muito importante: a visão da loucu-
ra e sua ligação com o psiquiatra e o tratamento psiquiátrico:
Mas também eu sou bastante resistente à internação psi-
quiátrica. Então, pelo que a gente vê até em filmes não é?
Que hospital psiquiátrico judia, dopa (...) Mas eu sou com-
pletamente preconceituosa quanto á psiquiatria, na ques-
tão de choque (...) (e4)
O conhecimento popular e a crença na loucura foram
fatores sócio-culturais importantes nesses casos e que in-
fluenciaram significantemente na tomada de decisões. A
condição de depressivo e de ser paciente de um psiquiatra
ou passar por tratamento psiquiátrico levam em si um estig-
ma popular de fundo histórico. O surgimento das institui-
ções psiquiátricas (hospitais psiquiátricos e manicômios) e
da internação psiquiátrica em moldes não muito humanitári-
os na antigüidade, levou à ligação da psiquiatria com peri-
go, medo e caos. Em sua grande maioria tais locais eram
usados para isolar a pessoa, incapacitá-la de conviver com
os normais e vigiar suas atividades a fim de não oferecer
perigo a si mesmo e aos outros(18)
.
Essa autora ainda ressalta que não se romperam os ‘ver-
dadeiros grilhões’ das antigas práticas de internação dos
loucos, mas elas parecem ter se estreitado em torno dos
doentes mentais. As pessoas têm diversas atitudes a res-
peito do que seja a doença mental, expectativa referente ao
comportamento das pessoas “mentalmente doentes” e al-
gumas idéias sobre como os doentes mentais devem ser
tratados. Ainda afirma que essas atitudes estão diretamen-
te relacionadas às crenças culturais.
O doente mental perde, para a sociedade à qual perten-
ce, a sua condição de sujeito, no sentido etimológico do
termo, sub-jectum, aquele que subjaz às ações, às
enunciações do discurso. Desde o instante em que a marca
da loucura lhe foi imputada, é como se no lugar do sujeito
aparecesse a doença mental. Então, o discurso e as ações
expressos pelo doente cessam de significar em si próprias,
tornando-se apenas sintomas da doença(19)
.
Diante disso, é conseqüente inferir que ocorre uma liga-
ção inconsciente: depressão-psiquiatra-loucura, sendo isto
parte de uma herança cultural e formadora de crenças pró-
prias de cada pessoa podendo influenciar negativamente na
busca de atendimento especializado.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Percebemos dificuldades dos pais dos adolescentes de-
primidos relacionarem os sintomas percebidos com a de-
pressão. A dificuldade de se fazer tal associação é, por ve-
zes, tão individual que mesmo pais que teriam, teoricamente,
capacidade clara de reconhecer os sintomas depressivos
(pai psicólogo) não o fizeram. Por vezes, o reconhecimento
ocorreu de forma mais tranqüila e eficaz, sendo que o pai,
utilizando sua percepção e subjetividade, pôde proporcio-
nar um início mais rápido do tratamento.
Entretanto a percepção não tem sido tão rápida algumas
vezes fazendo com que o adolescente passe por episódios
(tentativas de suicídio e crises de agressividade) que pode-
riam ser evitados com um tratamento precoce, melhorando a
qualidade de vida do adolescente, contribuindo para o
restabelecimento da normalidade e, conseqüentemente, da
melhoria do prognóstico da depressão.
A existência das crenças em saúde e crenças culturais,
mostra-se altamente modificadoras da percepção individual
da doença depressiva e da conseqüente busca de tratamen-
to especializado. Fatores pessoais como experiências prévi-
as com a doença, contato com profissionais da saúde e ou-
tros foram alguns destes agentes. Fatores socioculturais
como a visão positiva sobre a psiquiatria e a doença mental,
também se mostraram modificadores de conduta.
Reconhecemos o modelo médico-assistencial privativista,
ainda hegemônico no país, comprovadamente um modelo de
‘mão única’ por atender somente a demanda espontânea(20)
.
Ainda que importante, carece de um movimento de educação
em saúde, fato que já vem ocorrendo com a adoção do modelo
de promoção da saúde, com programas como o de Saúde da
Família,quefacilitamoacessoàinformação,vistoqueatendea
família como um todo, na própria comunidade e pode desen-
volver no trabalho direto com os pais.Acreditamos que nes-
te programa possa ser incluído um trabalho de educação e
conscientização em relação à possibilidade de ocorrência
das doenças mentais em adolescentes, melhorando o aces-
so a informações e serviços, facilitando assim a percepção
dos pais e responsáveis pelo adolescente, no tocante à des-
coberta da doença e a busca mais precoce por atendimento
para seus filhos.
Pais e responsáveis do adolescente deprimido: buscando conhecer
experiências que levaram à procura de atendimento especializado
Antunes HM, Campos CJG. 211
Rev Esc Enferm USP
2007; 41(2):205-12.
www.ee.usp.br/reeusp/
O treinamento de profissionais da área de saúde (to-
das as áreas) e principalmente os profissionais de enfer-
magem que estão mais próximos ao paciente e família,
para fornecer informações específicas, também é fato impor-
tante.Acreditamos que um trabalho educativo realizado em
conjunto com os diversos seguimentos da sociedade e o
mais próximo possível da comunidade possa criar novas
perspectivas e possibilidades de uma maior abrangência de
disseminação de conhecimentos básicos à população, para
a percepção dos sinais e sintomas da depressão, doença
que tem tido importante aumento de incidência no passar
dos anos, sobretudo na população adolescente.
REFERÊNCIAS
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depressivo na infância e adolescência. J Bras Psiquiatr.
2000;49(10/12):367-82.
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FDT; 2000.
3. Montero P. Da doença à desordem: a magia na Umbanda. Rio de
Janeiro: Graal; 1985.
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transtornos mentais. Trad. de Dayse Batista. 4ª ed. Porto Ale-
gre:Artmed; 2002.
5. Soares KVS. Sintomas depressivos em adolescentes e adultos
jovens: análise dos dados do estudo multicêntrico de morbidade
psiquiátrica em áreas metropolitanas [tese]. Campinas: Univer-
sidade Estadual de Campinas; 1993.
6. Paproki J. O atendimento e a trajetória habitual do paciente
deprimido. Arq Bras Med. 1992;66(3):220-5.
7. Bahls SC. Aspectos clínicos da depressão em crianças e adoles-
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quiátricos. Rev Esc Enferm USP. 2000;34(4):401-6.
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comportamentos de prevenção e controle da doença
cardiovascular [tese]. Brasília: Universidade de Brasília; 1995.
10. LescuraY, Mamed MV. Educação em saúde: abordagem para o
enfermeiro. São Paulo: Sarvier; 1990.
11. Ludke M, André MEDA. Pesquisa qualitativa em educação:
abordagens qualitativas. São Paulo: EPU; 1986.
12. Campos CJG. A vivência do doente renal crônico em
hemodiálise: significados atribuídos pelos pacientes [tese].
Campinas: Universidade Estadual de Campinas; 2002.
13. Bogdan RC, Biklen SK. Investigação qualitativa em educação.
Porto: Porto Editora; 1994.
14. Campos CJG. O método de análise do conteúdo: ferramenta de
análise de dados qualitativos no campo da saúde. Rev Bras
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15. Boltanski L.As classes sociais e o corpo. 3ª ed. Rio de Janeiro:
Graal; 1989.
16. Silva MCF, Furegato ARF, Costa Junior RLC. Depressão:
pontos de vista e conhecimento de enfermeiros da rede básica
de saúde. Rev Lat Am Enferm. 2003;11(1):7-13.
17. Helman CG. Cultura, saúde e doença. 2a
ed. PortoAlegre:Artes
Médicas; 1994.
18. Humerez DC. Enfermagem e loucura: visão do conceito de
loucura e do ser louco no cotidiano da instituição manicomial e
os reflexos na prática de enfermagem [dissertação]. São Paulo:
Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo; 1988.
19. Naffah Neto A. O estigma da loucura e a perda da autonomia.
Bioética. 1998;6(1):81-7.
20. Paim JS. A reforma sanitária e os modelos assistenciais. In:
Rouquayrol MZ,Almeida Filho, N. Epidemiologia e saúde. 5a
ed. Rio de Janeiro: MEDSI; 1999. p. 473-87.
Correspondência: Helmer Magalhães Antunes
Rua Dep. Antônio Franco Ribeiro, 67
CEP 36400-000 - Conselheiro Lafaiete - MG212
Rev Esc Enferm USP
2007; 41(2):205-12.
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Percepções sobre depressão

  • 1. Pais e responsáveis do adolescente deprimido: buscando conhecer experiências que levaram à procura de atendimento especializado Helmer Magalhães Antunes1 , Claudinei José Gomes Campos2 PARENTSAND CAREGIVERS OF DEPRESSEDADOLESCENTS: LEARNINGABOUT EXPERIENCES THAT LED TO THE SEARCH FOR SPECIALIZEDATTENDANCE PADRES Y RESPONSABLES DELADOLECENTE DEPRIMIDO: BUSCANDO CONOCER EXPERIENCIAS QUE LLEVARONALABUSQUEDADE TRATAMIENTOS ESPECIALIZADOS 1 Graduando do 7.o semestre do Curso de Graduação em Enfermagem do Depto. Enf.-FCM- UNICAMP. Bolsista FAPESP – Iniciação Científica. 2 Enfermeiro. Doutor em Ciências Médicas/Saúde Mental. Professor Colaborador do Depto. Enf.-FCM- UNICAMP. Membro do Núcleo de Pesquisa em Psicanálise, Enfermagem e Saúde Mental (NUPPESM) do Depto. Enf-FCM- UNICAMP. cjcampos@ fcm.unicamp.br ARTIGOORIGINAL DESCRITORES Psiquiatria do adolescente. Cultura. Educação em saúde. KEYWORDS Adolescent psychiatry. Culture. Health education. DESCRIPTORES Psiquiatría del adolescente. Cultura. Educación en salud. Recebido: 09/05/2005 Aprovado: 19/10/2005 RESUMO Este estudo objetivou analisar os processos que levam os pais e responsáveis a perceber a doença depressiva nos filhos adoles- centesecompreenderainfluência das crenças em saúde e dos hábitos culturais na procura de tratamento especializado. Uti- lizando o método de estudo de caso qualitativo, foram entrevis- tados quatro pais e responsáveis de adolescentes, com diagnóstico de depressão atendidos em um ambulatório de saúde mental de Campinas. Os dados foram inter- pretados por análise de conteúdo temático. Segundo os pressu- postos teóricos do Modelo de Crenças em Saúde (MCS), foram criadas e discutidas as categorias: a percepção dos pais e respon- sáveis quanto à suscetibilidade à doença depressiva; a percepção dos pais e responsáveis quanto à severidade da doença depres- siva; estímulo externo influen- ciando a busca de tratamento es- pecializado; as barreiras e be- nefícios percebidos para busca de atendimento especializado; variáveis estruturais e sociais in- fluenciando na busca de atendi- mento especializado. ABSTRACT This study is aimed at analyzing the processes and the motivations that lead parents and caregivers to notice the depressive illness in adolescents and at understanding the influence of health beliefs and cultural habits in the search of specialized treatment. Using the qualitative case study method, four parents and/or caregivers of adolescents with diagnoses of depression under treatment at a mental health clinic in the city of Campinas,StateofSãoPaulo,were interviewed.Inaccordancewiththe theoretical presumptions of the Health Belief Model (HBM), the categories that were created and discussed were: the perception of parentsandcaregiversregardingthe susceptibility to the depressive illness; the perception of parents and caregivers regarding the severity of the depressive illness; external stimuli influencing the searchforspecializedtreatment;the barriers and benefits perceived for the search for specialized atten- dance; structural and social variables influencing the search for specialized attendance. RESUMEN Este estudio tiene como objetivo analisar los procesos y las motiva- ciones que llevan a los padres y responsables a percibir la adole- cencia depresiva en los hijos adolecentes y comprender la influencia de las creencias y de los hábitosculturalesenlabúsquedade tratamientos especializados. Utili- zandoelmétododeestudiodecaso cualitativo, fueron entrevistados 4 padres y responsables de adoles- centescondiagnosticodedepresión, atendidosenunambulatoriodesalud mental. Según los presupuestos teóricosdelModelodeCrenciasen Salud (MCS), fueron creadas las categorías: la percepción de los padres y responsables cuanto a la suceptivilidaddelasenfermedades depresivas; la percepción de los padres y responsables cuanto a la severidad de la enfermedad depresiva; estímuloexternoinfluen- ciando la búsqueda de tratamiento especializado; las barreras y beneficios percibidos para la búsquedadeatendimientoespecia- lizado; variables estructurales y socialesinfluenciandoenlabúsqueda deatendiemientoespecializado. 205 Rev Esc Enferm USP 2007; 41(2):205-12. www.ee.usp.br/reeusp/
  • 2. INTRODUÇÃO A ocorrência de depressão em adolescentes tem se torna- do freqüente em nosso meio. A não aceitação da veracidade de tal fato, no decorrer da história, se configurou em um incrí- vel obstáculo no que diz respeito à definição do problema do paciente e no concomitante tratamento adequado(1) . De tal forma podemos levar em consideração que por muito tempo tal idéia foi sendo introjetada pela população e acrescentada à cultura, o que poderia contribuir significantemente para a não atribuição de importância para os sintomas depressivos notados. A cultura como um saber pessoal e o conjunto de valores de uma sociedade(2) , guarda para si uma maneira pe- culiar de visualizar pensamentos e comportamentos. A percepção dos fenômenos patológicos, portanto, está intimamente ligada aos fenômenos sociais e culturais apre- endidos no decorrer da história e que modificam as técnicas de intervenção sobre eles(3) . Para conhecer as motivações de busca de atendimento especializado para depressão em adolescentes temos, portanto, que nos reportar a tais cren- ças culturais. Sintomas que hoje fazem parte dos manuais diagnósticos como humor deprimido ou irritável; interesse ou prazer acen- tuadamente diminuídos, perda do ganho significativo de peso ou diminuição ou aumento do apetite, insônia ou hipersônia, ideação suicida, tentativa ou plano suicida, entre outros clas- sificados(4) , são percebidos pelos indivíduos leigos, segun- do seus referenciais empíricos, os quais vão se agregando ao seu corpo de percepções e conhecimentos acerca dos males e práticas de saúde ao longo de sua existência. Os adolescentes, muitas vezes, apresentam sintomas depressivos que são considerados apenas como “alterações do comportamento”(5) ,ou seja ‘próprio da idade’, fazendo com que os pais não dêem credibilidade a essas manifestações. Emrelaçãoàbuscadeatendimentoespecializado,segundo pesquisas nos EUA em 1974, dos pacientes deprimidos, 2/3 não procuravam ajuda médica, 1/3 procurava por ajuda de um clínicogerale1/6porumpsiquiatra.Dos2/3quenãoprocuram atendimento médico, existe a parcela que procura se tratar le- vando em consideração um diagnóstico de manifestações anímicas, buscando cura por práticas religiosas e mágicas, e os que fazem um diagnóstico de causas externas, buscando ajuda com yogas, ginásticas e alimentação natural(6) . No Brasil, em termos de primeira ajuda, procura-se um clínico geral ou um médico de especialidade não psiquiátri- ca, ou ainda um psicólogo ou um psicanalista com vista à realização de uma psicoterapia(6) . A procura de um clínico geral, em vez de um psiquiatra, pode demonstrar-nos que a doença psiquiátrica é, por vezes, associada a algum sintoma físico; mas pode simplesmente significar um não conheci- mento do psiquiatra e seu papel. A grande concentração de adolescentes no país e a ex- pectativa de que em 2020, segundo a Disability Adjuste Life Years , a depressão maior será a segunda principal patologia geradora de sobrecarga sobre os serviços de saúde(7) , so- mados às necessidades citadas anteriormente, remete- nos à importância de se iniciar rapidamente o tratamento do adolescente deprimido. Se, por um lado, para que ocorra o rápido tratamento é necessária a conscientização da população acerca dos prin- cipais sintomas depressivos e acerca da suscetibilidade de adolescentes à depressão, por outro é necessário compre- ender as crenças que as pessoas têm em relação à depres- são e seu tratamento por profissionais especializados. Sen- do a família um alicerce que tem um valor em si mesmo e seu apoio é decisivo tanto na afetividade dispensada ao doente, como na busca e acompanhamento do tratamen- to(8) , deve-se, por meio da educação em saúde, desmistificar e capacitar minimamente os pais e responsáveis dos jo- vens a reconhecerem, precocemente, sinais ou comporta- mentos indicativos de um quadro depressivo, levando-se em consideração os seus próprios referenciais empíricos. REFERENCIALTEÓRICO Tomamos os pressupostos teóricos do Modelo de Cren- ças em Saúde (M.C.S.), como modelo para embasar nossas discussões neste trabalho. Nascido primeiramente com o objetivo de explicar o por quê das pessoas não se prevenirem corretamente contra doenças para as quais já havia testes e vacinas, o M.C.S., conforme suas observações, tenta explicar (especificar) as variáveis de tais comportamentos(9) . O M.C.S. parte do pressuposto básico que um indiví- duo emite comportamentos preventivos em relação a uma doença(10) acreditando: que ele é pessoalmente suscetí- vel a ela; que a ocorrência da doença deverá ter pelo menos moderada seriedade em algum componente de sua vida; que, tomando uma ação particular, esta deveria, de fato, lhe ser benéfica reduzindo sua susceptibilidade, ou se a doença ocorreu, reduzindo sua seriedade, e que haja barreiras psicológicas importantes, tais como custo, con- veniência, dor, embaraço, entre outras. Além dessas dimensões, fazem parte do M.C.S. alguns estímulos que eliciam o processo de tomada de decisão, que podem ter origem interna (por exemplo um sintoma) ou externa (influência da família, dos amigos, dos meios de comunicação etc)(9) . É importante ressaltar que o M.C.S é um referencial utilizado basicamente em pesquisas quantitativas. Neste estudo, entretanto, utilizamos apenas os seus pressupos- tos teóricos, adaptando-o assim à nossa necessidade. Pais e responsáveis do adolescente deprimido: buscando conhecer experiências que levaram à procura de atendimento especializado Antunes HM, Campos CJG.206 Rev Esc Enferm USP 2007; 41(2):205-12. www.ee.usp.br/reeusp/
  • 3. OBJETIVOS Analisar os processos e as motivações que levaram os pais e responsáveis a perceberem a doença depressiva nos filhos adolescentes e à conseqüente procura de cuidado especializado; Compreender a influência das crenças em saúde e dos hábitos culturais na procura de tratamento da doença depressiva em adolescentes. MÉTODO Optamos pelo método qualitativo, especificamente o estudo de caso, para realização da pesquisa. Estudos de casos qualitativos visam a descoberta, fazendo com que o pesquisador não se atenha somente a pressupostos, mas também a novos elementos durante o estudo. A multiplicidade de dimensões presente em uma deter- minada situação pode também ser focalizada pelo estudo de caso levando à não apreensão ao problema focalizado. Pode-se usar diferentes fontes de informações buscando incidir naquilo que ele tem de único, mesmo que posterior- mente venham ficar evidentes certas semelhanças com ou- tros casos ou situações(11) . O local escolhido para a pesquisa foi o ambulatório de psiquiatria do Hospital das Clínicas da UNICAMP, que atende pacientes na área de saúde mental da região de cobertura de Campinas. Os sujeitos de nossa pesquisa foram os pais ou res- ponsáveis pelo adolescente que tem diagnóstico de de- pressão. A amostra, que contou com quatro indivíduos (três mães de adolescente e um pai), foi selecionada inten- cionalmente, segundo a capacidade dos informantes em fornecer dados relevantes para o alcance dos objetivos da pesquisa(12) . A inclusão de novos sujeitos findou quando as informações começaram a se repetir com alguma fre- qüência, segundo a técnica de saturação de dados. Os pesquisadores apresentaram a cada entrevistado um termo de Consentimento Livre e Esclarecido respeitan- do os direitos do indivíduo de participar voluntariamente após serem informados acerca dos procedimentos da pes- quisa. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pes- quisa (CEP) da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP. Para a realização da pesquisa utilizamo-nos de um rotei- ro de entrevistas, contendo perguntas relacionadas aos dados socioculturais da população estudada, as percep- ções sobre os profissionais da área de saúde mental, moti- vações que o levaram a buscar auxílio especializado para o familiar adoecido e sua experiência em lidar com problemas de saúde acontecidos anteriormente. Escolhemos a en- trevista semi-estruturada pela possibilidade de se esta- belecer com o entrevistado a liberdade e espontaneidade necessárias para o enriquecimento da investigação sem, entretanto, desvincular-se do objetivos propostos ante- riormente, de acordo com informações, propósitos e interrogativas previamente elaboradas pelo investiga- dor(13) . Optamos pelo método de análise de conteúdo como forma de analisar os dados, já que este nos dá liberdade para realização de inferências e nos proporciona compre- ensão dos diversos significados contidos nas entrevis- tas. Neste processo foram seguidas as seguintes fases: fase pré-exploratória do material (leituras flutuantes das entrevistas); seleção das unidades de análise e codificação; processo de categorização, entendendo as categorias como enunciados que podem abranger um número variável de temas, segundo seu grau de intimida- de ou proximidade(14) . As categorias foram enunciadas a priori, seguindo o referencial teórico do M.C.S. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS Caracterização sociocultural dos sujeitos da pesquisa: Obtivemos, em nossa amostra, indivíduos com idades que variaram entre trinta e três (33) a quarenta e oito (48) anos, com média de 42 anos. A variação do grau de ins- trução foi desde o sujeito sem instrução formal declarada até aquele com ensino superior completo. Todos os en- trevistados declararam-se participantes da renda da casa exceto o que tinha curso superior completo (aposenta- da). A religião também se mostrou presente nas famílias dos adolescentes deprimidos: dois deles se declararam evangélicos e dois católicos. Um dos entrevistados diz ter se tornado evangélico após o início dos problemas com seu filho adolescente. Apresentação das categorias e discussão dos temas obtidos: A percepção dos pais e responsáveis quanto à suscetibilidade à doença depressiva O M.C.S. nos mostra que, em relação à suscetibilidade percebida, as pessoas variam muito quanto à aceitação da possibilidade de contrair uma determinada condição. Num extremo, poderemos ter indivíduos que negam qual- quer possibilidade de contrair uma dada condição, em segundo podemos ver os que podem admitir a possibili- dade, mas que essa seja improvável e, finalmente, vere- mos os que podem realmente expressar a possibilidade real de estar em perigo quanto à doença(10) . Tal percepção individual poderá influenciar positivamente ou negativa- mente a busca por tratamento. Pais e responsáveis do adolescente deprimido: buscando conhecer experiências que levaram à procura de atendimento especializado Antunes HM, Campos CJG. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS 207 Rev Esc Enferm USP 2007; 41(2):205-12. www.ee.usp.br/reeusp/
  • 4. A percepção da susceptibilidade pode ser um evento inconsciente e pode adquirir formas sólidas em momentos posteriores (por exemplo, após o início de tratamento), como vemos abaixo: (...) o problema dele não era a maconha, o problema dele era a família. E minha família já tem um problema sério de depressão, e também tem o desemprego do meu marido, eu... enfartei... e juntou o desemprego, nós tínhamos um poder aquisitivo legal, a mudança de São Paulo pra cá, meu marido veio pra cá, aí a Transbrasil faliu, aí, esse monte de problema contribuiu... eu, meu marido desincentivado, eu desincentivada, e tudo isso dá o efeito no meu filho. (e4) Nesse caso a mãe conseguiu ligar os acontecimentos e apontar a instabilidade familiar como fator desencadeante do problema depressivo do filho. Esse fato é relevante à medida em que se pode afirmar que existe a percepção, mesmo que empírica, por parte de alguns indivíduos, da existência de uma multicausalidade gerando doenças mentais e também a impor- tância que os fatores psicossociais, neste caso específico, uma desestruturação familiar por problemas socioeconômicos, po- dem ter no desenvolvimento destas doenças. Mesmo não sendo esse o evento principal para procura de tratamento, neste caso é importante notar como se cons- troem tais percepções. Em outro caso o mesmo processo é observado no relato de um sujeito da pesquisa em relação ao adolescente depri- mido que apresenta diabetes: Porque se você for pensar não é normal. Porque você pode comer o tanto que você quer e você come e não tem fome... e quando você tem aquela vontade de comer, você come até passar a vontade. E tudo na vida dela é, não. Comer doce: não; ela queria repetir prato e: não... aí sabe... tudo isso eu acho que vai bloqueando, não é? Bloqueando a pessoa... não é normal. (e3) A percepção do problema da diabetes como causador de frustração, aborrecimento e tristeza no adolescente é clara- mente expresso nesse trecho. Entretanto, como o exemplo acima, a mãe não utilizou tal percepção inconsciente para iniciar a busca por atendimento, mas com certeza esse foi um fator influenciador. A negação da suscetibilidade à doença também pode ser notada em uma das entrevistas: Mas adolescente eu não sei... que nem no caso dela... não falta nada... tem tudo, aí eu não sei. Aí que não dá pra entender né? (e1) Neste caso, as diversas restrições e dificuldades familia- res no que diz respeito às posses e aos ganhos materiais, acabam influenciando no surgimento da idéia de que a de- pressão está simplesmente ligada a isso. Estar deprimido é estar com “falta das coisas em casa”. O fato de “não lhe faltar nada”elimina a possibilidade da paciente ser suscetível a algum problema podendo influenciar negativamente na procura por atendimento especializado. Essa visão materia- lista encontra fortes raízes na cultura ocidental, onde o suces- so econômico e o bem-estar físico e mental estão associados de uma maneira quase mágica, criando nas pessoas a falsa segurança de que a suscetibilidade a determinadas doenças está intrinsecamente associada a privações materiais. Pode-se definir a severidade como a gravidade ou serie- dade da doença que pode ser avaliada tanto pelo grau de perturbação emocional criado ao pensar na doença quanto pelos tipos de conseqüências que a doença pode acarretar (dor, morte, gasto material, interrupção de atividades, pertur- bações nas relações familiares e sociais)(9) . A percepção da seriedade de determinado sintoma por vezes é o principal desencadeador da busca por atendimen- to especializado com o objetivo de se minimizar as perdas devido à situação de estresse provocada. A perturbação das relações familiares normais ocasionadas pela agressividade, uso de drogas e ‘nervosismo’ foram pontos importantes para que ocorresse a busca de tratamento: (...) eu ia atrás e brigava porque eu tinha sempre muito medo de droga. Com isso ele começou a decair na escola, até o dia que eu o peguei (eu lutei muito pra pegar), aí eu peguei e ele ficou muito decepcionado e não conseguia me encarar e depois disso ele começou a ficar agressivo e num desses ataques dele de raiva e agressividade nós trouxemos ele no pronto socorro da UNICAMP. (e4) (...) É que ela era... muito nervosa... ahnnn... Nadinha que a gente conversava ela ficava nervosa e já ia xingando... ficava já brigando... Aí a mãe dela procurou... o médico e falou que ela tava muito nervosa. (e1) É importante ressaltar que sinais como a agressividade, além de outros decorrentes do uso de substâncias psicoativas, sinalizam situações de ameaça à própria vida do adolescente, bem como a integridade física dos outros indivíduos relacionados a ele, concorrendo desta maneira, para uma percepção mais emergencial de cuidados especializados. Outro fato também ameaçador e até mais chocante são as tentativas de suicídio como eventos perturbadores da relação familiar que também são conside- rados como causa da busca de atendimento: (...) O que me incomodou mais foi quando eu cheguei do serviço e o menino tinha me falado que ela tinha tentado se enforcar com a própria blusa. Aí né... o que eu suspeitava, eu acabei concluindo... aí eu levei ela, no postinho, centro de saúde... e eles me mandaram pra cá. (e2) (...) não precisava de mais nada. Aí depois que ela tentou suicídio é que eu trouxe ela. (e2) Apenas quatro por cento dos pacientes deprimidos estão em tratamento por ocorrência de idéias suicidas. Em números gerais, uma quantidade significativa de pessoas está corren- Pais e responsáveis do adolescente deprimido: buscando conhecer experiências que levaram à procura de atendimento especializado Antunes HM, Campos CJG.208 Rev Esc Enferm USP 2007; 41(2):205-12. www.ee.usp.br/reeusp/
  • 5. do risco potencial em tentativas de suicídio(6) . Consideran- do a gravidade de tal evento, é importante se tomar os devi- dos cuidados na assistência a tais casos já que a sua exis- tência pode levar a êxito fatal. Esse é um sintoma importante para o diagnóstico de depressão e é necessária a tentativa de se notar precocemente sinais ou evidências que o ado- lescente possa estar com tal tipo de ideação. Aseveridadedadoençaépercebidatambémquandoocorre interrupção das atividades cotidianas do adolescente como, por exemplo, a realização de atividades antes prazerosas: Antes ela tava muito assim, isolada, não aceitava carinho, não aceitava brinquedo nenhum né. E se isolava, ficava o dia inteiro no quarto escuro, fechava a cortina, fechava a porta, ficava lá só escutando música, levantava só pra tomar água... tomar água. (e2) Humor deprimido, interesse ou prazer acentuadamente diminuídos, capacidade diminuída de pensar ou concentrar- se, sintomas clássicos dos quadros depressivos(4) , podem ser percebidos pelos pais de acordo com a significação indi- vidual que cada um atribui a esses fenômenos. Por meio de tais percepções ocorre a assimilação dos sintomas científi- cos da depressão, incorporando-o ao seu universo cultural, mesmo que de forma empírica. A assimilação pelas classes populares dos conhecimentos médicosdeorigemcientíficaesuainteraçãonocorpodeconhe- cimentos de classe só é possível através de toda uma série de transformações, que tem como conseqüência desbaratar o em- préstimo dos conceitos médicos e mesmo desnaturá-los(15) . Estímulo externo influenciando a busca de tratamento especializado O modelo de crenças ainda ressalta que existem estímu- los que influenciam o processo de tomada de decisão funci- onando como fatores modificadores da ação sobre a ameaça percebida de determinada doença. Tais estímulos relacio- nam-se a conselhos de terceiros, lembretes escritos de pro- fissionais de saúde, de experiências de membros da família, bem como outros meios de informação(10) . Em nossas entrevistas encontramos exemplos da ação direta de profissionais tanto da saúde, como de educadores, agindo no sentido de influenciar positivamente na procura de atendimento especializado, como podemos observar abaixo: E eu só fui perceber isso agora, meu marido era contra a terapia. No colégio que ele estava a orientadora já havia me falado o ano passado: Sozinho ele não vai dar conta, ele precisa de uma psicoterapia. (e4) Mas na verdade eu descobri que ele tava com depressão aqui, há dois meses atrás, por causa da Dra. Y que já diagnosticou, e foi aí que eu comecei a me ligar porque apesar de ser psicóloga... de ter estudado isso, de ter lhe dado com isso, mas pelo fato de ser meu filho então... (e4) Percebemos nesta última fala, como o envolvimento afetivo existente entre os membros da família, pode levar, até mesmo pessoas teoricamente capacitadas em detectar a do- ença, caso da psicóloga e mãe do adolescente, à não per- cepção da patologia. A doença mental traz ainda questões históricas atrela- das a si que a tornam extremamente estigmatizada, desper- tando muitas vezes mecanismos de negação nas pessoas, prejudicando desta maneira a procura do médico especialis- ta. Tal afirmação pode nos levar a inferir a existência de uma porção significativa de adolescentes que esteja sem trata- mento adequado, devido a não associação de seus sinto- mas com o diagnóstico de depressão(16) . É interessante notar, que a experiência dos pais não se passa, entretanto, apenas com profissionais da área da saú- de. A presença de educadores, assistentes sociais, dentre outros, pode ser de extrema importância para desenvolver nos pais e responsáveis pelo adolescente uma visão mais realista acerca da necessidade de uma percepção mais pre- coce de doenças importantes como a depressão. Contudo, vê-se a importância da atuação conjunta dos profissionais da área da saúde, principalmente dos enfermeiros, como agentes de formulação de práticas educativas em saúde, em conjunto com outros profissionais ou mesmo com os pró- prios pais, para o esclarecimento acerca da depressão. A assistência da enfermagem não se limita apenas em ajudar o paciente,mastambémemorientarafamíliaeacomunidade(16) . A experiência prévia similar com amigos ou conhecidos também tem importância nas experiências dos pais, servin- do como estímulo externo para o reconhecimento da doença depressiva e conseqüente busca de atendimento: E tem assim: lá no serviço tem um moço que mora lá que ele é bem assim. Ele é bem assim depressivo. E eu tinha uma imagem assim, talvez por ele, que não tem amizade, não tem colega nenhum, é uma pessoa isolada, uma pes- soa brigada com os pais sabe, que nada ta bom. E passa- va muito tempo trancado no quarto e falavam: ele ta muito depressivo e eu escutava - depressão. E ... quando ela começou a ficar desse jeito daí eu falei, não... ela deve estar com depressão. (e2) Os tratamentos passam por toda uma “rede terapêuti- ca”, iniciada pelos conselhos da família, amigos, vizinhos e passando aos curandeiros populares ou aos médicos. O aprendizado oferecido através de cada etapa passa a fazer parte dos conhecimentos e crenças que podem ou não ser aceitos pela pessoa(17) . Os conhecimentos leigos obtidos através de experiências anteriores na observa- ção de outros indivíduos puderam direcionar a tomada de decisão acerca do ser ou não depressivo. Tal alternativa de busca de conhecimentos de saúde ou mesmo de assistência à saúde através de amigos e conheci- dos é chamada de assistência informal, existindo três alter- Pais e responsáveis do adolescente deprimido: buscando conhecer experiências que levaram à procura de atendimento especializado Antunes HM, Campos CJG. 209 Rev Esc Enferm USP 2007; 41(2):205-12. www.ee.usp.br/reeusp/
  • 6. nativas de busca de assistência à saúde: a informal, a popu- lar e a profissional(17) . Duas delas puderam ser notadas por nós de acordo com os exemplos acima: a informal e a profis- sional. O setor informal é o campo leigo, não-profissional e não- especializado da sociedade, onde as doenças são em primei- ro lugar reconhecidas e definidas, para posteriormente se- rem iniciadas as atividades de tratamento. O setor profissio- nal compreende profissões sindicalizadas e sancionadas le- galmente, como a medicina científica ocidental ou alopatia. As experiências vividas através dessas alternativas de as- sistência podem ajudar na formação dos significados, como vimos nos exemplos acima. Por vezes, tais experiências lei- gas e estímulos externos levam os pais do adolescente de- primido a não buscar atendimento especializado: E a gente ia ver sozinho né... talvez com o tempo passas- se não é? Mas não era... quanto mais o tempo passava pior ia ficando. (e1) Muitas vezes os motivos da não procura de auxílio espe- cializado estão ligados ao não convencimento por parte dos pais ou responsáveis da severidade da doença, acreditando como vimos, na sua remissão espontânea. Outro motivo, este relacionado à própria natureza e compreensão leiga das doenças mentais, é a aceitação do fato de que possa existir dentro da família um indivíduo com tal doença, ou seja, a admissão para a sociedade da presença de um doente men- tal na família. Dessa forma cria-se uma situação embaraçosa e estigmatizante no seio familiar. Percebemos que esta últi- ma motivação quando não detectada ou esclarecida no sen- tido de desmistificar a doença mental, pode acarretar preju- ízos e desestruturação maiores ao doente e à própria família. Outra situação é a procura de ajuda não profissional, esti- mulada por influências culturais, como vemos a seguir: Ah.... é mesmo... isso mesmo. A mãe dela chegou a procu- rar uma benzedorinha.... Num deu nada. A benzedora fa- lou que ela não... não tinha nada desse tipo de coisa. (e1) A própria busca pelo curandeiro (ou benzedeira) demons- tra que existem méritos para isso, sendo um deles a explica- ção ao doente do que realmente ele sofre. Além disso, o curandeiro utiliza uma linguagem imediatamente acessível aos membros das classes populares e fornece explicações que contêm representações da doença que despertam algu- ma coisa no espírito dos membros de classes menos favorecidas(15) . Entretanto, a cura pela sugestão, na maioria das vezes, é ineficaz, fazendo com que a pessoa redirecione sua busca à medicina tradicional. As barreiras e benefícios percebidos para busca de aten- dimento especializado O M.C.S. define ainda que a suscetibilidade e a severida- de percebidas podem conduzir à tomada de uma ação, mas não definem a ação que será tomada. A ação dependerá das crenças que o indivíduo tem em relação à efetividade das alternativas conhecidas para tomada de decisão. Seu com- portamento dependerá, então, da crença do quão benéficas, para o seu caso, serão as várias alternativas para reduzir a ameaça a cada condição de saúde(10) . Os benefícios percebidos referem-se à crença na efetividade da ação e à percepção de suas conseqüências positivas; e as barreiras percebidas referem-se aos aspectos negativos da ação, que são avaliados em uma análise tipo custo-benefício, considerando possíveis custos de tempo, dinheiro, esforço, aborrecimentos(9) . Algumas barreiras fo- ram facilmente observadas: ... porque ele fazia coisas desde pequeno assim, um dia ele chegou e falou assim: mãe, eu vou enfiar uma faca no meu coração, eu quero morrer!... Então a gente achava engraçado, e falava: Nossa X que é isso??? E a gente achava normal, que ele ficava assistindo muito assim, de- senhos... não é? E ele é muito bonito assim, é loirinho, cabecinha branca, olho azul, bonitinho, lindo, lindo...e eu achava que ele nunca ia ter problema no mundo (...). (e4) Nesse caso a mãe do adolescente relata uma ocasião em que seu filho queria se matar, mas tudo era encarado como uma brincadeira normal para uma criança dessa idade e que, talvez, estivesse impressionada com alguns desenhos vio- lentos. Pensar que o filho tão novo possa estar falando com seriedade em se matar poderia ser prerrogativa de muito problema e transtorno para a família. Nesse caso a somatória das barreiras contra uma ação efetiva são maiores do que os benefícios e a tentativa de negar o problema que causará ame- açasocial,pelomenosmomentaneamente,émaisbemaceita. Neste recorte, ainda se observa a idealização da aparên- cia física como uma prerrogativa importante para o reconhe- cimento do ser saudável, sendo que no caso das doenças ditas mentais, muito mais que a aparência física, a percepção de sinais emocionais, altamente relevantes, são muitas ve- zes relegados a um segundo plano. Outras barreiras, como a financeira, são relatadas por nossos sujeitos de pesquisa: (...) Eu já queria mandá-lo para a terapia mas meu marido não queria. Aquele problema financeiro (não gastar). (e4) O problema financeiro é relatado nesse caso como um incentivador negativo (barreira) para a busca de tratamento es- pecializado. Tal fato pode ser entendido, pois nos últimos anos umaclaraevoluçãonotocanteaotratamentomedicamentosoda depressão (hoje medicações que inibem a recaptação da serotoninasãolargamenteutilizadoscombonsresultados),bem como do oferecimento de serviços de psicoterapia. Entretanto, tais terapêuticas acabam por ser inviáveis para indivíduos de classes menos favorecidas, devido ao seu alto preço, o que re- sulta, na maioria das vezes, em um tratamento impossível para quem não tem acesso a um serviço público de referência. Pais e responsáveis do adolescente deprimido: buscando conhecer experiências que levaram à procura de atendimento especializado Antunes HM, Campos CJG.210 Rev Esc Enferm USP 2007; 41(2):205-12. www.ee.usp.br/reeusp/
  • 7. A elaboração da crença pessoal de que o serviço especi- alizado é o melhor lugar para atender o adolescente com problemas se mostrou como benefício percebido para a bus- ca e superou as barreiras, como no caso relatado abaixo: Eu achei que podia ser uma coisa assim... que na idade dela, precisa de ajuda. Eu acho que qualquer um precisa de ajuda... eu preciso de ajuda. E essa coisa você procura com as pessoas que têm mais experiência, que sabe mais que você, entende, que vai te ajudar, que você confia... (e3) Variáveis estruturais e sociais influenciando na busca de atendimento especializado Existem ainda, segundo o M.C.S, fatores modificadores da percepção individual e que influenciam indiretamente na ação final como variáveis psicossociais (personalidade, clas- se social, pressão social) e estruturais (conhecimento sobre a doença, contato anterior com a doença)(9) . No que diz respeito às variáveis sociais chamou-nos aten- ção um aspecto cultural muito importante: a visão da loucu- ra e sua ligação com o psiquiatra e o tratamento psiquiátrico: Mas também eu sou bastante resistente à internação psi- quiátrica. Então, pelo que a gente vê até em filmes não é? Que hospital psiquiátrico judia, dopa (...) Mas eu sou com- pletamente preconceituosa quanto á psiquiatria, na ques- tão de choque (...) (e4) O conhecimento popular e a crença na loucura foram fatores sócio-culturais importantes nesses casos e que in- fluenciaram significantemente na tomada de decisões. A condição de depressivo e de ser paciente de um psiquiatra ou passar por tratamento psiquiátrico levam em si um estig- ma popular de fundo histórico. O surgimento das institui- ções psiquiátricas (hospitais psiquiátricos e manicômios) e da internação psiquiátrica em moldes não muito humanitári- os na antigüidade, levou à ligação da psiquiatria com peri- go, medo e caos. Em sua grande maioria tais locais eram usados para isolar a pessoa, incapacitá-la de conviver com os normais e vigiar suas atividades a fim de não oferecer perigo a si mesmo e aos outros(18) . Essa autora ainda ressalta que não se romperam os ‘ver- dadeiros grilhões’ das antigas práticas de internação dos loucos, mas elas parecem ter se estreitado em torno dos doentes mentais. As pessoas têm diversas atitudes a res- peito do que seja a doença mental, expectativa referente ao comportamento das pessoas “mentalmente doentes” e al- gumas idéias sobre como os doentes mentais devem ser tratados. Ainda afirma que essas atitudes estão diretamen- te relacionadas às crenças culturais. O doente mental perde, para a sociedade à qual perten- ce, a sua condição de sujeito, no sentido etimológico do termo, sub-jectum, aquele que subjaz às ações, às enunciações do discurso. Desde o instante em que a marca da loucura lhe foi imputada, é como se no lugar do sujeito aparecesse a doença mental. Então, o discurso e as ações expressos pelo doente cessam de significar em si próprias, tornando-se apenas sintomas da doença(19) . Diante disso, é conseqüente inferir que ocorre uma liga- ção inconsciente: depressão-psiquiatra-loucura, sendo isto parte de uma herança cultural e formadora de crenças pró- prias de cada pessoa podendo influenciar negativamente na busca de atendimento especializado. CONSIDERAÇÕES FINAIS Percebemos dificuldades dos pais dos adolescentes de- primidos relacionarem os sintomas percebidos com a de- pressão. A dificuldade de se fazer tal associação é, por ve- zes, tão individual que mesmo pais que teriam, teoricamente, capacidade clara de reconhecer os sintomas depressivos (pai psicólogo) não o fizeram. Por vezes, o reconhecimento ocorreu de forma mais tranqüila e eficaz, sendo que o pai, utilizando sua percepção e subjetividade, pôde proporcio- nar um início mais rápido do tratamento. Entretanto a percepção não tem sido tão rápida algumas vezes fazendo com que o adolescente passe por episódios (tentativas de suicídio e crises de agressividade) que pode- riam ser evitados com um tratamento precoce, melhorando a qualidade de vida do adolescente, contribuindo para o restabelecimento da normalidade e, conseqüentemente, da melhoria do prognóstico da depressão. A existência das crenças em saúde e crenças culturais, mostra-se altamente modificadoras da percepção individual da doença depressiva e da conseqüente busca de tratamen- to especializado. Fatores pessoais como experiências prévi- as com a doença, contato com profissionais da saúde e ou- tros foram alguns destes agentes. Fatores socioculturais como a visão positiva sobre a psiquiatria e a doença mental, também se mostraram modificadores de conduta. Reconhecemos o modelo médico-assistencial privativista, ainda hegemônico no país, comprovadamente um modelo de ‘mão única’ por atender somente a demanda espontânea(20) . Ainda que importante, carece de um movimento de educação em saúde, fato que já vem ocorrendo com a adoção do modelo de promoção da saúde, com programas como o de Saúde da Família,quefacilitamoacessoàinformação,vistoqueatendea família como um todo, na própria comunidade e pode desen- volver no trabalho direto com os pais.Acreditamos que nes- te programa possa ser incluído um trabalho de educação e conscientização em relação à possibilidade de ocorrência das doenças mentais em adolescentes, melhorando o aces- so a informações e serviços, facilitando assim a percepção dos pais e responsáveis pelo adolescente, no tocante à des- coberta da doença e a busca mais precoce por atendimento para seus filhos. Pais e responsáveis do adolescente deprimido: buscando conhecer experiências que levaram à procura de atendimento especializado Antunes HM, Campos CJG. 211 Rev Esc Enferm USP 2007; 41(2):205-12. www.ee.usp.br/reeusp/
  • 8. O treinamento de profissionais da área de saúde (to- das as áreas) e principalmente os profissionais de enfer- magem que estão mais próximos ao paciente e família, para fornecer informações específicas, também é fato impor- tante.Acreditamos que um trabalho educativo realizado em conjunto com os diversos seguimentos da sociedade e o mais próximo possível da comunidade possa criar novas perspectivas e possibilidades de uma maior abrangência de disseminação de conhecimentos básicos à população, para a percepção dos sinais e sintomas da depressão, doença que tem tido importante aumento de incidência no passar dos anos, sobretudo na população adolescente. REFERÊNCIAS 1. Versiani M, Reis R, Figueira I. Diagnóstico do transtorno depressivo na infância e adolescência. J Bras Psiquiatr. 2000;49(10/12):367-82. 2. Bueno FS. Minidicionário da língua portuguesa. São Paulo: FDT; 2000. 3. Montero P. Da doença à desordem: a magia na Umbanda. Rio de Janeiro: Graal; 1985. 4. Jorge MR, coordenador. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. Trad. de Dayse Batista. 4ª ed. Porto Ale- gre:Artmed; 2002. 5. Soares KVS. Sintomas depressivos em adolescentes e adultos jovens: análise dos dados do estudo multicêntrico de morbidade psiquiátrica em áreas metropolitanas [tese]. Campinas: Univer- sidade Estadual de Campinas; 1993. 6. Paproki J. O atendimento e a trajetória habitual do paciente deprimido. Arq Bras Med. 1992;66(3):220-5. 7. Bahls SC. Aspectos clínicos da depressão em crianças e adoles- centes. J Pediatr. 2002;78(5):359-66. 8. Osinaga VLM, Vieira MJ,Armelin MVAL, FuregatoARF. Tra- balhando com histórias de vida de familiares de pacientes psi- quiátricos. Rev Esc Enferm USP. 2000;34(4):401-6. 9. Coleta MFD. O modelo de crenças em saúde: uma aplicação a comportamentos de prevenção e controle da doença cardiovascular [tese]. Brasília: Universidade de Brasília; 1995. 10. LescuraY, Mamed MV. Educação em saúde: abordagem para o enfermeiro. São Paulo: Sarvier; 1990. 11. Ludke M, André MEDA. Pesquisa qualitativa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU; 1986. 12. Campos CJG. A vivência do doente renal crônico em hemodiálise: significados atribuídos pelos pacientes [tese]. Campinas: Universidade Estadual de Campinas; 2002. 13. Bogdan RC, Biklen SK. Investigação qualitativa em educação. Porto: Porto Editora; 1994. 14. Campos CJG. O método de análise do conteúdo: ferramenta de análise de dados qualitativos no campo da saúde. Rev Bras Enferm. 2004;57(5):611-4. 15. Boltanski L.As classes sociais e o corpo. 3ª ed. Rio de Janeiro: Graal; 1989. 16. Silva MCF, Furegato ARF, Costa Junior RLC. Depressão: pontos de vista e conhecimento de enfermeiros da rede básica de saúde. Rev Lat Am Enferm. 2003;11(1):7-13. 17. Helman CG. Cultura, saúde e doença. 2a ed. PortoAlegre:Artes Médicas; 1994. 18. Humerez DC. Enfermagem e loucura: visão do conceito de loucura e do ser louco no cotidiano da instituição manicomial e os reflexos na prática de enfermagem [dissertação]. São Paulo: Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo; 1988. 19. Naffah Neto A. O estigma da loucura e a perda da autonomia. Bioética. 1998;6(1):81-7. 20. Paim JS. A reforma sanitária e os modelos assistenciais. In: Rouquayrol MZ,Almeida Filho, N. Epidemiologia e saúde. 5a ed. Rio de Janeiro: MEDSI; 1999. p. 473-87. Correspondência: Helmer Magalhães Antunes Rua Dep. Antônio Franco Ribeiro, 67 CEP 36400-000 - Conselheiro Lafaiete - MG212 Rev Esc Enferm USP 2007; 41(2):205-12. www.ee.usp.br/reeusp/