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O que você sabe sobre a
embriologia do tecido
ósseo, os tipos de ossos, o
turnover ósseo e os exames
de imagem mais utilizados
em Ortopedia?
1.1 INTRODUÇÃO
Osistemamusculoesquelético,comoqualqueroutrosistema
biológico,nãoéestático.Eleestáemestadodeequilíbrioconstante,
queédenominadohomeostase.Écompostodeossos,cartilagens,
ligamentos,músculos,tendões,sinovias,bursasefáscias.Esse
sistemaéderivado,embriologicamente,domesênquima,sendo
formadoportecidosconjuntivosdurosemoles.
Ocolágeno,umalongaproteínalinear,éomaisabundantedos
materiaisextracelularesencontradosnostecidosconjuntivos.O
colágenoconsisteemumasequênciarepetitivadeaminoácidosque
formamcadeiaspolipeptídicas.Trêsdessascadeiassãotrancadas
juntasparaformarumabandahelicoidaltripladenominada
tropocolágeno.
Diferentestiposdecolágenoexistemparadiversascategoriasde
tecidos.Ocolágenotipo1éencontradoemtecidosconjuntivos,como
ossos,tendõeseligamentos.Ocolágenotipo2estápresente
unicamentenacartilagemarticularhialina.Alémdesses,existem
outrostiposdecolágeno.
1.2 BIOLOGIA ÓSSEA E CONCEITOS
FUNDAMENTAIS
Oosso,principaltecidoquecompõeoesqueleto,éumaestrutura
complexa,altamenteespecializada,detecidoconjuntivoeem
constanterenovação–turnover.Otecidoósseosadioapresentao
equilíbrioentrerigidezeflexibilidade,ouseja,mineralizaçãoda
matrizorgânica,colágenotipo1,proteoglicanos,alémdacapacidade
deregeneraçãonãovistaemnenhumaoutrapartedocorpo.
Oossoforneceestruturaaocorpohumano.Éomaisdurodetodosos
tecidosconjuntivos.Umterçodoossoéformadodefibrascolágenas
e2terçossãocompostosdesaisminerais,primariamente
hidroxiapatitadecálcio.Forma-seossoemreaçãoaoestresse.Essa
respostaósseaàsuahistóriadecargaédenominadadeleideWol .
Osdiversosossosquecompõemoesqueleto–aproximadamente
206–variamemtamanhoeforma,podendoserlongos,curtos,
chatos,planosoulaminareseirregulares,eunem-sepormeiodas
articulações.
Oossolongoédivididoemsegmentos:epífise,metáfiseediáfise.
Figura 1.1 - Tipos de ossos que compõem o esqueleto
Fonte: site Ciência em treinamento.
Existemossoscomcaracterísticaspeculiares,comoospneumáticos
–face,ossesamoides,nointeriordetendões,comoapatela,maior
sesamoidedocorpohumano,eacessóriosousupranumerários.
Oesqueletoédivididoem:
1. Axial: crânio, coluna, caixa torácica e cinturas, ou cíngulos,
escapular e pélvica;
2. Apendicular: membros superiores e inferiores.
Ascinturasescapularepélvicaunemoesqueletoapendicularao
axial.
Figura 1.2 - Cinturas (A) escapular e (B) pélvica
1.2.1 As variadas funções do esqueleto
1. Estrutural: sustentação do corpo;
2. Motor: base do mecanismo de alavancas e inserções musculares
para permitir a locomoção do indivíduo e a execução dos movimentos
dos membros, tronco, cabeça etc.;
3. Endócrino e armazenamento – cálcio, fósforo;
4. Hematopoese;
5. Proteção das vísceras e de estruturas nobres.
1.3 EMBRIOLOGIA
Noiníciodaterceirasemanadedesenvolvimento,oembriãoéum
discocom2camadasdecélulas:oendodermaeoectoderma.Nesse
estágio,ocorreofenômenodegastrulação,queconsisteno
surgimentodo3ºfolhetoembrionário:omesoderma.
Omesodermacentral,porsuavez,originaanotocorda.Ascélulasdo
mesodermaaoredordarecém-formadanotocordacondensam-se,
formando3colunas;deumadelas–apara-axial–originam-seos
somitos.Omesodermaquecircundaessascolunastransforma-seno
tecidoconjuntivofrouxo,omesênquima.Cadasomitodiferencia-se
em1dermomiótomoe1esclerótomo.
Aspartesdomesênquimaquesecondensamnosesclerótomos
iniciamodesenvolvimentoósseodoesqueletoaxialnaquarta
semana:algumascélulasdomesênquimaprimordialdiferenciam-se
emcondroblastos,osprecursorescartilaginososdosossosde
ossificaçãoendocondral.Osossosdeossificaçãointramembranosa,
mesenquimatosa,originam-sediretodomesênquima,sema
formaçãopréviadeummoldecartilaginoso.
Osdermátomosemiótomosoriginamosmúsculos,esua
distribuiçãodeterminaainervaçãocaracterísticaqueconhecemos:
umaraizéresponsávelpelasensibilidadedeumterritóriodocorpo
–osdermátomos–epelafunçãodedeterminadosmúsculos.Tal
conhecimentoédeextremaimportâncianapráticaclínica.
Figura 1.3 - Distribuição dos dermátomos por regiões
Fonte: adaptado de Ralf Stephan, 2005.
1.4 HISTOLOGIA E ESTRUTURA ÓSSEA
O tecido ósseo é formado por células, matriz
óssea e camadas de revestimento das
superfícies.
1.4.1 Matriz óssea
Écompostapelasporçõesorgânicaeinorgânica.Aparteinorgânica
correspondea70%dacomposiçãodoosso.Éaporçãodematriz
intercelularcalcificada,eseusprincipaiscomponentessãoocálcioe
ofósforo,queseencontramsobaformadecristaisdehidroxiapatita
–Ca10(PO4)OH2.Háumapequenaquantidadedesódio,
bicarbonato,citrato,magnésioepotássio.
Aparteorgânicatemcomoprincipalcomponente(95%)ocolágeno
tipo1.Emmenorproporção,encontram-seosmucopolissacarídeos,
proteoglicanoseglicoproteínas,substânciafundamentalamorfa,e
fibrasreticulares.
Amatrizaindanãocalcificadaéchamadadematrizosteoide.Os
cristaisdeCa10(PO4)OH2sãoarranjadosaolongodefibrilasde
colágenotipo1esubstânciafundamentalamorfa.Asuperfíciedos
cristais,porsuavez,éhidratadaparafacilitaratrocadeíonscomo
líquidointersticial.
1.4.2 Células
1. Osteoblasto: localiza-se nas superfícies, junto ao periósteo,
revestimento externo, e ao endósteo, revestimento interno. Tem função
de síntese, sendo responsável pela produção da parte orgânica da
matriz óssea, além de deter a capacidade de concentrar o fosfato de
cálcio para mineralizar a matriz formada. Como consequência dessa
calcificação, ocorre o aprisionamento do osteoblasto em lacunas,
quando então perde sua capacidade de síntese e passa a ser 1
osteócito;
2. Osteócito: não tem a função de síntese, mas é fundamental para a
manutenção da matriz óssea. Existe 1 osteócito por lacuna, que é
interligado por seus prolongamentos, formando conexões necessárias
para a nutrição celular, o fluxo de íons, hormônios e moléculas, uma
vez que estes não se difundem através da matriz mineralizada;
3. Osteoclasto: célula gigante multinucleada que tem a função de
reabsorção e remodelamento ósseos.
1.4.3 Revestimento das superfícies
Operiósteoécompostodecélulasosteogênicas,semelhantesa
fibroblastoseosteoblastos,etecidoconjuntivo,tendofunçãono
crescimentodoossoenoreparodefraturas.
Acamadaexternaécompostadetecidoconjuntivodenso,ena
interna,juntoaoosso,estãoascélulaseosvasossanguíneosque
ramificamepenetramnoosso,alémdeestruturaschamadasfibras
deSharpey,responsáveisporprenderoperiósteoàsuperfícieóssea
externa.
Aperdadorevestimentolevaàreabsorçãodoossoeaoprejuízono
aportesanguíneo,naresistênciaenacapacidadedecrescimento,
consolidaçãoeremodelamento.
A reação periosteal corresponde à neoformação
óssea junto ao periósteo em resposta ao seu
descolamento da superfície do osso.
Areaçãoperiostealpodeocorrerapósfratura,devidoàpresençade
hematomafraturárioeaoiníciodoprocessodeconsolidação.Éum
sinalcaracterísticotambémdaosteomielite,emrazãodaexistência
desecreçõeslocalizadasentreoperiósteoeasuperfícieóssea,edos
tumoresdecrescimentorápido,quecausamdestruiçãocortical,eé
umimportanteindíciodeagressividade.
Jáoendósteoéumrevestimentointerno,formadoporcamadaúnica
decélulasosteogênicas.
Todosesseselementoscompõemumaestruturaúnica,complexae
especializada,comosmaisdiversosformatos,espessurasetexturas
paraatenderatodasasfunçõesexercidaspelosossosecadaumade
suaspartes:
1. Osso compacto: forma a tábua dura dos ossos, a “casca”, também
chamada córtex, sendo, portanto, o osso cortical, espesso nas diáfises
e mais fino nas metáfises e epífises. É formado por lamelas
concêntricas; no centro de cada uma, há canal para a passagem dos
vasos sanguíneos, chamados canais de Havers, conectados por
anastomoses chamadas canais de Volkmann;
2. Osso esponjoso ou trabecular: encontrado na parte interna e
protegido pelo osso cortical, forma a medula óssea. Alberga as células
hematopoéticas e, no recém-nascido, é predominantemente da cor
vermelha, devido à intensa atividade hematopoética. Com os anos,
ocorre deposição de gordura, tornando a medula óssea amarela. Essa
alteração é claramente visualizada na Ressonância Nuclear Magnética
(RNM), pela alteração de sinal da medula óssea, chamada
reconversão medular.
1.5 METABOLISMO ÓSSEO
Aatividademetabólicadotecidoósseoéintensa,fatocomprovado
pelasuacapacidadederegeneração,nãovistaemnenhumoutro
tecidodocorpohumano.Sãodiversasassuasfunções;nãosó
locomotora,mastambémhormonalehematopoética.
Otecidoósseoestáemconstanterenovação(turnover);paraisso,
contacomoperfeitofuncionamentodesuascélulasemrespostaa
estímulosmecânicos,bioquímicosehormonais.Receptores
especializados,quedetectamaquantidadedecálcioionizadoséricoe
extracelular,estãopresentesemdiversostecidoscomorim,tireoide
eosso,etrabalhamparamanteronívelséricoconstantedecálcio;
dissodependeobomfuncionamentodomiocárdio,dosneurôniose
dosmúsculosesqueléticos.Essenívelséricodeveficarentre8e10
mg/dL,sendoque60%estãonaformaionizável,podendodifundir-
sepelasmembranas,e40%estãoligadosemproteínas.
Emumasituaçãodehipocalcemia,asparatireoidessecretam
paratormônio(PTH),queestimulaoosteoclastoareabsorverossoe
ofertaraquantidadenecessáriadecálcio,alémdeaumentara
reabsorçãodecálciodofiltradoglomerularnostúbulosrenais
proximaisedistais.Nasituaçãooposta–ahipercalcemia–,o
hormônioqueentraemaçãoéproduzidonascélulasparafoliculares
datireoide:acalcitonina,queinibeaaçãodoosteoclasto.
A1,25-diidroxicolecalciferol(1,25-D3),ouvitaminaD3,estimulaa
absorçãodecálcioefósforonointestinodelgado.Talabsorçãoestá
tambémsujeitaàinfluênciadepH–aacidezfavoreceaabsorção–,
calcitonina,PTHesaisbiliares.
Anecessidadediáriadecálcioé,emcriançasegestantes,de1a1,5
g/d;emmãesemperíododealeitamento,2g/d;emadultos,0,65
g/d.JáanecessidadediáriadevitaminaDéde5mg(200UI).Apósos
50anos,anecessidadediáriadestaaumenta,devendoserde10a15
mg/d(400a600UI).Anecessidadepodesermaioremregiõescom
poucosol,empacientescomsíndromesdisabsortivas,pós-cirurgias
bariátricas,entreoutroscasos.
Doençasosteometabólicas,comohiperparatireoidismo,doençade
Paget,raquitismoeosteoporose,ocorremdevidoàdisfunçãoem
algumaetapadessaregulaçãooupordeficiências,comoasdecálcio
evitaminaD.
1.5.1 Ossificação e crescimento ósseo
Tantoaformaçãodeumossoquantooseucrescimentopodem
ocorrerde2maneiras:
1. Intramembranosa: formação a partir de membranas conjuntivas.
Estas aparecem nos chamados centros de ossificação primária. A
confluência dos centros forma traves ósseas que conferem aspecto
trabeculado ao osso esponjoso. A ossificação intramembranosa
ocorre, tipicamente, nos ossos chatos, como os do crânio e escápula,
e é responsável pelo crescimento em espessura dos ossos. A camada
de membrana conjuntiva que não se ossifica origina o periósteo e o
endósteo;
2. Endocondral: é a ossificação a partir de um molde cartilaginoso, e
é responsável pelo crescimento em comprimento do osso longo.
A clavícula conta com os 2 tipos de ossificação:
a intramembranosa na porção proximal e a
endocondral na porção distal.
1.5.2 Processo de reparo e remodelação
Osfenômenoslocaisqueseseguemapósainjúriadotecidoósseo
iniciam-seimediatamenteapósodanotecidualetêmporobjetivo
restauraraintegridade,formaefunçãodosegmentoafetado.Tão
logoocorreoextravasamentodesanguedostecidoslesados–osso,
periósteo,partesmolesadjacentes–,asplaquetasecélulasmortas
liberammediadoresinflamatórios,queprovocamvasodilatação,
formaçãodeexsudato(edema)emigraçãodecélulasinflamatórias
paraofoco–leucócitospolimorfonucleares,seguidosdos
macrófagoselinfócitos.Ascitocinasliberadasporelasestimulama
angiogênese.Amigraçãodefibroblastosedecondrócitosiniciaa
formaçãodenovamatriz,conhecidacomocalodafratura.Asforças
queincidemsobreoossoesolicitaçõesprovocadaspelomovimento
efunçãodaquelesegmentoestimularãoaremodelaçãodocaloparaa
suaformaoriginal.
Resumodaestruturaóssea:
1. Osso esponjoso ou trabecular:
a) Preenchimento da medula do osso;
b) Aspecto trabeculado – traves ósseas;
c) Formação por meio de ossificação intramembranosa a partir de
centros de ossificação primários;
d) Abrigo da medula óssea vermelha – hematopoese.
2. Osso cortical ou compacto:
a) Formação da “casca” dura dos ossos;
b) Configuração em lamelas concêntricas;
c) No centro de cada lamela, formação dos canais de Havers.
Resumodoseventosdereparoósseoapósafratura:
1. Trauma:
a) Lesão do tecido ósseo, periósteo e tecidos moles;
b) Lesão dos vasos sanguíneos;
c) Morte celular.
2. Fase inflamatória:
a) Liberação de mediadores inflamatórios;
b) Vasodilatação;
c) Migração de neutrófilos, macrófagos, linfócitos;
d) Organização do coágulo.
3. Fase de reparo:
a) Reabsorção dos tecidos necrosados;
b) Formação de osso intramembranoso, subperiosteal;
c) Migração de fibroblastos e condroblastos;
d) Calo fibroso ou cartilaginoso – mole;
e) Formação endocondral de osso;
f) Calo ósseo.
4. Fase de remodelação:
a) Osteoclastos reabsorvem, e osteoblastos produzem osso;
b) Restauração dos contornos ósseos, bem como de suas
diferentes densidades – esponjoso e cortical.
1.6 OUTRAS ESTRUTURAS QUE
COMPÕEM O SISTEMA LOCOMOTOR –
PARTES MOLES
1.6.1 Cartilagem
Acartilageméumtecidoconjuntivofeitodecélulas–condroblastos
econdrócitos–queproduzumamatrizextracelularde
proteoglicanosedefibrascolágenascomaltoteorhídrico.O
esqueletoemformaçãoé,emsuamaiorparte,cartilaginoso,eserve
demoldeparaoesqueletomaduro.Osprimeirossinaisdeformação
decartilagemsãoobservadosnoembriãocom5semanasdevida
intrauterina.
Acartilagemestáestreitamenterelacionadacomotecidoósseo,
sendoumtecidoconjuntivodenso,constituídodecélulassituadas
emlacunasdeumamatrizdecolágenofirmeecompacta,conferindo
aessaestruturaacapacidadedesuportarpressõesetensões,porém
nãocontacomboareparaçãoecicatrizaçãoquandolesada.Além
disso,éavascularenãopossuiinervação.Hádiversostiposde
cartilagem,comformaseconsistênciasvariadas,dependendodesua
localizaçãoefunçãonocorpo.Osistemalocomotorcontacom:
1. Cartilagem hialina: reveste as superfícies articulares dos ossos e
une as costelas ao esterno. Sua matriz contém colágeno do tipo 2 e
proteoglicanos (glicosaminoglicanos sulfatados – condroitina-4-sulfato,
condroitina-6-sulfato, queratossulfato + proteínas). O ácido hialurônico
também compõe a matriz e é um glicosaminoglicano de altíssimo peso
molecular. A interação dessas substâncias, somada à sua capacidade
de reter água, torna-a resistente a pressões e choques, agindo como
amortecedor. A matriz possui condronectina, uma glicoproteína que a
mantém unida às células condrais. É encontrada na superfície articular
dos ossos, nas articulações do tipo sinovial;
2. Fibrocartilagem: encontrada nas sínfises, como a sínfise púbica e
os discos intervertebrais, e em alguns locais de inserção tendinosa e
ligamentar. Compõe-se por colágeno tipo 1 e ácido hialurônico, e
sempre se associa ao tecido conjuntivo denso;
3. Fibroelástica: encontrada nos meniscos e nos discos
intervertebrais;
4. Cartilagem da placa de crescimento: localizada na fise de ossos
imaturos.
Opericôndrioéabainhaconjuntivaquerevesteacartilagem,com
exceçãodafibrocartilagem.Écompostoporcolágenotipo1ecélulas,
edetémafunçãodenutriçãoeoxigenaçãodacartilagem,eliminando
asescóriasmetabólicaseproduzindooscondrócitos.
1.6.2 Ligamentos
Osligamentossãoestabilizadoresestáticosedinâmicosdas
articulações,formadosdetecidoconjuntivodensoeorganizado,
constituídosdecolágenotipo1edequantidadevariáveldeelastina.
Amaioriadosligamentosedostecidoscapsularespenetranoosso
comoumdesenvolvimentoapartirdefibrascolágenaspara
fibrocartilagem,destaparacartilagemcalcificadae,então,parao
osso.Algunsligamentosunem-seprimeiroaoperiósteoe,depois,ao
osso.Osligamentosresistemmaisàcargalentadoqueàcarga
rápida.Avascularizaçãodosligamentosépobre,logo,sua
cicatrizaçãoéprecária.
1.6.3 Tendões
Ostendõesconectamosmúsculosaoutrasestruturas.Trata-seda
ligaçãodomúsculoaoesqueleto,responsáveispor“puxar”oosso
quandoocorreacontraçãomusculareexecutaromovimento
articular.Compostosdetecidoconjuntivodensomodelado–
colágeno,substânciabasalecélulas–,emqueosfeixescolágenos
seguemumaorientação,demodoaproporcionarresistência
máximaàsforças.Tambémcontamcomumrevestimento,o
peritendão,quecontémlíquidoquefacilitaodeslizamentoea
nutriçãodotendãoedeveserreparadonaslesõestendinosas.São
capazesdesuportarpelomenos2vezesaforçamáximaqueos
músculospodemexercersobreeles.Ainflamaçãodaestruturado
tendãoéconhecidacomotendinite.
1.6.4 Músculos e fáscias
Omúsculoesqueléticoéumtecidocontrátilcompostodefibrasque
possuemproteínasespecializadas.Umtecidoconjuntivofrouxo,
chamadoendomísio,preencheosespaçosentreessasfibras.Esse
tecidoliga-seaumtecidoconjuntivomaisforte,queenvolveas
vesículasmusculares,conhecidocomoperimísio.Operimísio,por
suavez,estáconectadoaoepimísio,queenvolvetodoomúsculo.
Amusculaturaestriadaesqueléticacompõe,juntoaoesqueleto,o
sistemadealavancasquepossibilitaosmovimentosarticulares,
mantémnossaposiçãoortostática,asustentaçãodacabeçaetc.O
funcionamentoharmônicodosgruposmuscularesnosseusdevidos
papéis–agonista,antagonistaesinergista–possibilita,ainda,
executarmovimentos,caminharoucorrercomomínimogasto
energético.Asfibrasmuscularessãodivididasemtipos1e2,
distribuídasemdiferentesproporções.
Asdotipo1sãoasfibrasvermelhaselentas,adaptadaspara
contraçãolentaecontinuada,comoamusculaturadesustentaçãodo
tronco.Jáasdotipo2,oubrancas,sãodecontraçãorápida,vigorosa
edecurtaduração.Acoloraçãomaisoumenosvermelhaédadapela
maioroumenorquantidadedemioglobina,queédiretamente
proporcionalàatividademetabólicaeàquantidadedeestímulo
nervoso,oqueexplicaaatrofiadeummúsculodesnervadoou
imobilizado.
Asfibrasmuscularessãocapazesdeencurtaraproximadamente50%
doseutamanhooriginal.Ostiposdecontraçãomuscularesincluem
oconcêntricoouencurtamento,oexcêntricooualongamento,eo
isométrico,noqualomúsculonãomudaseucomprimento.
Osmúsculossãocaracterizadosporsuafunção.Assim,osagonistas
sãoosmovimentadoresprimárioseosantagonistasresistemàação
dosmovimentadoresprimários.Podemosclassificaraslesões
muscularesem3graus:ograu1indicadanomínimo,ograu2
representaquantidadeintermediáriadelesãoàestruturamusculare
ograu3revelarupturacompletadomúsculo.
Afásciaécompostadetecidoconjuntivofrouxoedenso.Existem3
tiposdetecidosfasciais:superficial,queseencontrasobapele;
profundo,sobasuperficialequetambémenvolveacabeça,troncoe
membros;esubseroso,queenvolveosórgãosnoabdome,tóraxe
pelve.
1.6.5 Cápsula articular, sinóvias e bursas
Sãoestruturasquecompõemasarticulaçõessinoviais.Acápsulaeos
ligamentosagemcomoestabilizadoresestáticos.Alémdisso,essas
estruturasestãosempresujeitasalesõesnasentorses,luxações,
comdestaqueàslesõesnapráticaesportivaeàsdoenças
reumatológicas,comoartritereumatoide,entreoutrascolagenoses.
Otecidosinovialficanaparteinternadasarticulaçõessinoviaisedos
sacosbursais.Possuem2funções:produzirfluidoslubrificantese
fagocitar(remover)corposefragmentosestranhos.Asinóviaé
altamentevascularizadaeinervada.Asbursas,pequenasbolsascom
líquido,estãoespalhadasportodooorganismoeservempara
reduzirafricção.
1.7 AVALIAÇÃO CLÍNICA NA
ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA
Assim como em todas as clínicas, na Ortopedia
não haveria de ser diferente. Na vida e na prova,
a história e o exame clínico constituem os
pilares da prática adequada da Medicina.
1.7.1 Anamnese
Aanamnesedevesercompletaecompreender:identificaçãodo
paciente,queixaeduração,históriapregressadamoléstiaatual,
antecedentespessoaisefamiliares,alémdaverificaçãode
comorbidades.Ahistóriaclínicadeveserdetalhadae
pormenorizada.
Sehouvetrauma,sãorelevantesasseguintesinformações:
mecanismodetrauma,háquantotempoocorreu,sehouvequeda,
qualfoiaaltura,sefoiautomobilístico,aquevelocidade,olugarque
ocupavanoveículo,sefoiatropelamento,quedadamotooubicicleta
etc.Sehouvefraturasemtrauma,convématentar-seàsfraturas
patológicas,comonapresençadetumoresprimáriosou
metastáticos.Háquantotempoexisteaqueixaequaléotipodedor.
Depoisdaanamnese,realizamosoexamefísico,primeiroogerale
depoisoexamefísicoortopédico,queédivididoem:inspeção
estáticaedinâmica,palpaçãodepartesmolesedepartesósseas,
arcosdemovimentopassivoeativo,mensuraçãodaforçamuscular,
marchaemanobrasespeciais.
1.7.2 Inspeção estática e dinâmica
Ainspeçãoinicia-seapartirdomomentoemqueopacienteentrana
salamédica.Devemosavaliar:tipodemarcha,claudicação,
capacidadededeambulação,postura,deformidades,tônus
muscular,fáciesdedor,tufospilosos,cicatrizes,manchasoulesões
cutâneasedefâneros,limitaçõesfuncionais,movimentosanormais,
amplitudedemovimentoarticular,posiçãoantálgica.
1.7.3 Palpação
Deve-sesempreexecutaroexamefísicopropriamenteditode
maneirasistemáticaeobjetiva,combasenospontosdereferência
ósseos,atentando-seatumorações,assimetrias,deformidades,
cicatrizes,localdadoreatitudededefesaeapreensãoàpalpaçãodos
pontosdolorosos,contraturaseatrofiasmusculares.Devemos
realizarapalpaçãodosprincipaiselementosósseosedepartes
moles.
1.7.4 Arcos de movimento
Observarasexecuçõesativaepassiva.Paratestaraforçamuscular,
fazeromovimentoarticularativamente,contraresistência.
Compararos2lados,nocasodoesqueletoapendicular.Nocasode
limitaçãodaamplitudedomovimento,tentaridentificaraestrutura
queestácausandotalrestriçãoeseelaéagudaoucrônica.
1.7.5 Marcha
Devem-seobservaracadência,oequilíbrio,abásculadabaciana
fasedebalanço–presençanoapoiomonopodálicoconfiguraosinal
deTrendelenburg–,oapoioplantar,odesprendimentodoretropé,
inclinaçõesdotronco,encurtamentoseassimetriasetc.
Asemiologiaortopédicacontacomosvaliosostestesespecíficos
paraasmaisdiversaspatologias,comoostestesdegavetae
Lachmanparalesõesligamentaresdojoelho,otestede
Trendelenburgparadisfunçãodoglúteomédio,testespara
diagnosticarlesõesmeniscaisnojoelhoenomanguitorotadordo
ombro,entremuitosoutros.
Examesneurológicos,comoostestessensitivos,deforçamusculare
reflexostendíneos,tambémfazempartedapropedêuticaortopédica.
1.8 EXAMES DE IMAGEM EM
ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA
NaEmergência,noambulatórioenocentrocirúrgico,osexamesde
imagemestãosempreacompanhandoasdoenças
musculoesqueléticas.
Para diagnóstico, planejamento cirúrgico,
seguimento da resposta ao tratamento e
consolidação das fraturas, a soberania clínica
encontra na Radiologia o seu braço direito.
1.8.1 Radiografia
Éatécnicamaiselementar,acessívelefundamental.Porém,
depende-sedosolhosedaatençãodomédicoassistenteparaobtero
melhorproveitodesserecurso.Existemasincidências
convencionais,mas,mudandoaangulaçãodeincidênciadosraiosou
oposicionamentodopaciente,alterandoarotaçãodomembroe
tracionando-o,emdecúbitoouposiçãoortostática,melhoramosa
análisedeestruturasousegmentosespecíficos.Podemser
identificadasfraturas,incongruênciasarticulares,lesões
neoplásicasepseudotumoraisereaçõesperiosteais.
Aradiografia,porém,élimitadanaavaliaçãodelesõesnasregiões
escapular,pélvicaenacoluna,emgrandeparteporser
bidimensionalepormostrarasestruturassobrepostas.Poresse
motivo,sãosemprenecessárias2incidênciasortogonaispara
avaliaçãocorretadedeterminadosegmentoouarticulação.Osraios
Xtambémsãousadosemtemporealnocentrocirúrgicoduranteos
maisdiversosprocedimentos,tambémchamadosde“escopia”,
radioscopiaearcocirúrgico.
1.8.2 Ultrassonografia
Otransdutoremiteecaptaondassonorasdealtafrequênciaque
refletem(ecos)ouatravessamostecidos,transformando-osem
imagenspelocomputador.Otecidoquedeixapassartodasasondas,
istoé,quenãorefletenenhuma,échamadodeanecoicoou
anecogênico,queéocasodetecidoshidratados,comoacartilagem.
Dessamaneira,forma-seumaimagempreta,sembrilho.
Osmúsculosrefletemparcialmenteosecos,aparecendoem
coloraçãocinza,eosseptos,comoestriashiperecogênicas–
brancas.Podemseridentificadasrupturasehematomas.Nas
inflamações,ostendõesaparecemsemocaracterísticoaspecto
fibrilar,espessados,comoecodiminuídoeirregularidades.Podem
estaracompanhadosdehaloanecogênicodevidoaoaumentode
líquido.
Aultrassonografia(USG)éutilizada,também,paradiagnósticode
lesõesligamentares,artrites,neuromas,fasciite,tumoresdetecidos
moles,fístulasecomoguiadeprocedimentos,comodrenagemde
coleçõesebiópsias,alémdeseratécnicadeescolhaparaavaliação
dadisplasiadoquadrilnorecém-nascido.
1.8.3 Tomografia simples – planigrafia – e
tomografia computadorizada
AtomografiatambémusaraiosXeformasecçõesdasregiões
estudadasdocorpo,mostrandolesõesbempequenas,de1mm.
Formaasimagenscomnitidezdosdiferentestecidos,quepodemser
hipo,isoouhiperatenuantes.Aradiaçãoéemitidaemmovimento
contínuoemposiçãoopostaaochassi,quecaptaocoeficientede
absorçãodosraiosXpelosdiferentestecidos.Essecoeficienteé
medidoemunidadesHounsfield(HU),sendoadaágua0HU,edo
ossocortical,1.000HU.
Atomografiasimples,formamaisrudimentardeutilizaçãodas
imagens,foiamplamentesubstituídapelaTomografia
Computadorizada(TC),naqualaemissãoderaiosXsefazde
maneiracircular.Ossensorescaptamasimagens,eocomputadoras
processa,conferindoavisãotridimensionaldaregiãocorpórea
estudada,alémde,apartirdasimagenscaptadasnoplanoaxial,
fazerreconstruçõessagitais,coronaiseem3D.Ademais,avalia
calcificaçõeselesõesósseascommaisdetalhes,complementaa
radiografianoestudodoanelpélvico,escápula,coluna,calcâneo,
escafoide,etambémnoplanejamentodotratamentocirúrgicode
fraturasintra-articulares,comoasdaregiãodojoelho,ombroe
tornozelo–pilãotibial.
Temgrandeutilizaçãonainvestigaçãodemetástasespulmonares,
estudodelesõesósseascommatrizcalcificada,comoasneoplasias
cartilaginosas,identificaçãodonichodoosteomaosteoideecomo
guiadebiópsiasepunções.
OPET-CTéatomografiaporemissãodepósitronseconsistena
combinaçãodaTCcomcintilografiaóssea,afimdeaumentara
acuráciadomapeamentodelesõesneoplásicasósseasedepartes
moles.Identificaalteraçõesbioquímicasefisiológicas,comoo
aumentodometabolismocelularedaperfusão,detectandoum
marcadorradioativo,comoo2-flúor-2-desoxiglicosemarcadacom
flúor-18-ribose(FDG18).
1.8.4 Ressonância nuclear magnética
Cadavezmaisacessíveleemaperfeiçoamentoconstante,aRNM
utilizacomoestímulopulsoseletromagnéticosderadiofrequência,
quetransmitemenergiaporressonância,eaformaçãodaimagem
baseia-senaspropriedadesdohidrogênio.Paraisso,opacienteé
colocadodentrodeumcampomagnéticoquerecebeenergiana
formaderadiofrequência,provocandoaressonânciadosátomosde
H+.Comoaquantidadedestevarianosdiferentestecidos,o
computadorcaptaessesinaleoconverteemimagens.Podemser
obtidasimagensem2sequências:
1. T1: capta o sinal após a aplicação da radiofrequência, quando os
prótons estão voltando ao seu equilíbrio. Nessa ponderação,
evidencia-se com alto sinal (imagem de coloração branca) a gordura
(tecido adiposo, gordura da medula óssea) e mostra detalhes
anatômicos, podendo detectar lesões ligamentares e tendíneas;
2. T2: capta o sinal logo após a aplicação da radiofrequência e tende a
evidenciar com sinal intermediário músculos e com alto sinal as
estruturas hidratadas, coleções, processos inflamatórios, derrames
articulares, bursites, abscessos. Os tumores em geral apresentam-se
com alto sinal.
AsimagenspodemsofrersupressãodegorduraemT1,em
associaçãoàinjeçãointravenosadegadolínioparaevidenciaro
segmentomaisvascularizado,característicacomumaostecidos
lesadosoucomalgumapatologia.Oexameapresentavantagensem
relaçãoaTCemaspectoscomoaquisiçãoemqualquerplano,usode
radiaçãonãoionizanteeexcelentecontrastedepartesmoles,uma
vezquetembasenotipodesubstânciadecadatecido,enãoemsuas
densidadescomonaTC.
Émuitoútilnoestudodelesõesósseasosteolíticas,tumoresde
partesmoles,alteraçõesdamedulaespinaledeestruturasque
compõemasarticulações,comomeniscos,discosintervertebrais,
labrum,ligamentosetendões.
Éprecisotercuidadocomimplantesmetálicosintravasculares,
marca-passosecorposestranhosmetálicos.Osimplantes
ortopédicospodemserdeligasdemetaisantimagnéticos,porém
sempreproduzemartefatosnasimagens,oqueprejudicaaavaliação
delas.Opacientedevemanter-sedeitadoequietoemumambiente
fechadoqueproduzocampomagnético,situaçãoquepodeserdifícil
paraclaustrofóbicos.
1.8.5 Cintilografia óssea
Denominadatambémdemapeamentoósseo,cintigrafiaósseaou
gamografiaóssea,éummétododediagnósticoporimagemda
MedicinaNuclear.Consistenadetecçãodeconcentraçãoaumentada
deradioisótoposinjetados.Adistribuiçãodoradioisótopoé
heterogênea,dependendodemetabolismo,funçãoeestrutura
tecidual.Nocasodotecidoósseo,suaavidezpelotecnécioaumenta
quandoapresentaatividademetabólicaelevada(consolidaçãode
fraturas,tumores,ossosubcondraldearticulaçõesartríticaseáreas
decrescimento,porexemplo).Aáreacomhiperconcentraçãodesse
traçadortorna-seligeiramenteradioativa,eessaradiação(raios
gama)édetectadapelacâmaradecintilação.Temaltasensibilidade
nadetecçãodeáreascompatologiasqueaumentemaperfusão,a
vascularizaçãoeometabolismotecidual,comoinfecções,tumores
primáriosoumetástases.Algumaspatologiasmostram-secomo
áreas“frias”nacintilografia,ouseja,comhipoconcentraçãodo
traçador,casodomielomamúltiplo,dahistiocitosedecélulasde
Langerhans,doinfartoósseoedosequestroósseo.Ogálio,pela
afinidadedemonstradaporleucócitos,éempregadoeventualmente
nainvestigaçãodeprocessosinflamatórioseinfecciosos.
1.8.6 Densitometria mineral óssea
Destina-seaodiagnósticoeaoseguimentodaperdademassa
mineral,útilaogeriatra,ginecologista,endocrinologistaetc.Deve
serassociadaaoestudolaboratorial,comooperfilhormonal,eà
pesquisadedoençasosteometabólicas,metástasesoumieloma
múltiplo.Usacomopontosdereferência,paraquantificara
densidadeóssea,orádiodistal,acolunalombareocolodofêmur.A
densitometriadeenergiadupla(DEXA)analisaasvértebrasdeL1a
L4,otriângulodeWarddocolofemoralearegiãotrocantéricado
fêmurproximal.Amedidaéfornecidapormeiododesvio-padrãode
densidadeósseadeumadultojovemedaestimadaparaogêneroe
paraaidadedopacienteexaminado.
1.8.7 Escaniometria óssea
Éumexamedeimagemutilizadoparasemedirummembroem
relaçãoaooutro.Podeserutilizadotantonosmembrossuperiores
quantonosinferiores.Utiliza-seumaparelhoderaiosXdigitalou
convencional,e,comumarégua,ocomprimentodomembroé
comparadoaodomembrocontralateral.Maisutilizadoparase
compararocomprimentodosmembrosinferioreseparamediro
encurtamentodosossosemsequelasdefraturas,empós-
operatórios,emdeformidadescongênitasetc.
O que você sabe sobre a
embriologia do tecido
ósseo, os tipos de ossos, o
turnover ósseo e os exames
de imagem mais utilizados
em Ortopedia?
O tecido ósseo origina-se do mesoderma. As partes do
mesênquima que se condensam nos esclerótomos iniciam
o desenvolvimento ósseo do esqueleto axial na quarta
semana: algumas células do mesênquima primordial
diferenciam-se em condroblastos, os precursores
cartilaginosos dos ossos de ossificação endocondral. Os
ossos de ossificação intramembranosa, mesenquimatosa,
originam-se direto do mesênquima, sem a formação
préviadeummoldecartilaginoso.
Os dermátomos e os miótomos originam os músculos, e
sua distribuição determina a inervação característica que
conhecemos: uma raiz é responsável pela sensibilidade de
umterritóriodocorpo–osdermátomos–epelafunçãode
determinados músculos. Tal conhecimento é de extrema
importâncianapráticaclínica.
Os diversos ossos que compõem o esqueleto –
aproximadamente 206 – variam em tamanho e forma,
podendo ser longos, curtos, chatos, planos ou laminares e
irregulares,eunem-sepormeiodasarticulações.
O osso, principal tecido que compõe o esqueleto, é uma
estrutura complexa, altamente especializada, de tecido
conjuntivo e em constante renovação – turnover ósseo. O
tecido ósseo sadio apresenta equilíbrio entre rigidez e
flexibilidade, ou seja, mineralização da matriz orgânica,
colágeno tipo 1, proteoglicanos, além da capacidade de
regeneração não vista em nenhuma outra parte do corpo. O
osso fornece estrutura ao corpo humano, sendo o mais
duro de todos os tecidos conjuntivos. Um terço do osso é
formado de fibras colágenas e 2/3 são compostos de sais
minerais, primariamente hidroxiapatita de cálcio. Forma-
se osso em reação ao estresse. Esta resposta óssea à sua
históriadecargaédenominadaLeideWol .
Os principais exames de imagem utilizados em Ortopedia
são:
Radiografia: é o exame mais simples e fundamental na
Ortopedia. Utilizada para se examinar a parte óssea do
corpohumano.
Tomografia: também utiliza raios X e forma secções das
regiões estudadas do corpo, realizando cortes de 1 mm.
Tem grande utilização na investigação de neoplasias
primarias, metástases, fraturas osteocondrais, fraturas
complexas,entreoutras.
Ressonância magnética: utiliza estímulos
eletromagnéticos de radiofrequência, que transmitem
energia por ressonância, e as imagens são baseadas nas
propriedades do hidrogênio. As imagens são divididas em
T1 e T2. É o exame de escolha para a avaliação de partes
moles.
Ultrassonografia: baseia-se na formação de imagens
atravésdeemissãodeondassonorasdealtafrequênciaque
refletem ou atravessam os tecidos. É muito utilizada para a
avaliação de partes moles, mas é um exame considerado
examinador-dependente.
Densitometria óssea: utiliza também raios X e destina-se
ao diagnóstico e ao seguimento da perda de massa óssea
g g p
mineral (utilizada para o acompanhamento e diagnóstico
daosteoporoseeosteopenia).
Cintilografia: é um método de diagnóstico da Medicina
Nuclear. Consiste na detecção de concentração aumentada
deradioisótoposinjetados.
Escaniometria:utilizaraiosX,sendoumexamedeimagem
utilizadoparasemedirummembroemrelaçãoaooutro.
Você sabe diagnosticar e
tratar a pioartrite e a
osteomielite?
2.1 INTRODUÇÃO
Aartritesépticaeaosteomieliteagudasãopatologiasdistintasque
acometemacriançaemqualquerfaixaetáriaequeguardam
similaridadeemsuaapresentaçãoclínica,nodiagnósticoeno
tratamento.Ambassãousualmentesecundáriasàbacteriemia,
ocorrendoisoladasousimultaneamente,podendoaartriteséptica
sersecundáriaàosteomielite.
Aosteomieliteédefinida,pelaliteratura,comoumprocesso
inflamatórioósseocausadoporumorganismopiogênico,quepode
seapresentarsobasformasclínicasaguda,subagudaoucrônica.
Apresentampicodeocorrênciados18aos24mesesdevidaeoutro
picoaos6anos,acometendomaisosmeninosdoqueasmeninas.
Nosrecém-nascidos,nãoéincomumencontrarmosfocosmúltiplos
deinfecção,enquantonascriançasmaisvelhasaosteomieliteé
geralmentemonostótica.
Asinfecçõesosteoarticularessãoconsideradasumaemergência,eos
pacientesnãodevemsertratadosambulatorialmanteourevisados
nasemanaseguinte,umavezqueexisteriscodesepticemiaemorte
nessasafecções.
2.2 OSTEOMIELITE
Aosteomieliteéumprocessoinfecciosoqueacometeosossos,
geralmentecausadoporbactérias.Raramenteécausadaporfungos,
comexceçãoemindivíduosimunossuprimidos.Osmecanismosde
infecçãopodemser:
1. Inoculação direta: causada por ferimento penetrante, infiltrações,
picadas de insetos, fratura exposta, cirurgia e outras;
2. Contiguidade: infecção por proximidade de foco infeccioso
adjacente;
3. Via hematogênica: por meio da circulação sanguínea por
bacteriemia.
Figura 2.1 - Exemplo de possível contaminação direta, por meio do teste do pezinho
Fonte: Blog da Saúde, 2013.
A osteomielite hematogênica é muito mais
comum entre crianças, podendo ser decorrente
de bacteriemia, em infecções como impetigo,
otite média, faringite ou pneumonia.
Aregiãometafisáriaósseaémuitoricaemvascularizaçãosanguínea,
oquediferenciaoossodacriançaemrelaçãoaodoadulto,ea
membranasinovialtambémémaisvascularizadaemcrianças,oque
favoreceoacometimentodosprocessosinfecciososnessas
localizaçõesemcrianças.
Ofluxosanguíneo,aoatingirosramosterminaisdasartérias
metafisárias,sofrereduçãodavelocidadeeturbilhonamento,que
propiciacondiçãofavorávelparaabactériaalojar-senessaregião
(Figura2.2).
Aepífisegeralmenteépoupada,poisaplacadecrescimento
constituiumabarreiramecânicaecirculatórianatural.
Ainfecçãopodeprogredirpelacavidademedular,atéocórtex
metafisário,elevandooperiósteoeformandoumabscesso
subperiosteal.
Figura 2.2 - Irrigação metafisária
Fonte: ilustração Claudio Van Erven Ripinskas.
Figura 2.3 - Região metafisária
Nota: os ramos terminais das artérias formam alças na altura da placa de crescimento e
entram nos sinusoides venosos, provocando fluxo lento e turbulento, que facilita a
instalação de bactérias.
Fonte: ilustração Claudio Van Erven Ripinskas.
Aliberaçãodecitocinaseinterleucinas,peloprocessoinflamatório
associadoàtrombosedosvasosterminais,podecausarnecrosee
osteólisedentrode12a24horasapósoiníciodainfecção.Porém,a
manifestaçãoradiológicasóévisívelde10a14diasapósoinícioda
doença,comáreasderadiotransparênciaereaçãoperiosteal.
Devemoslembrarqueoestadogeral,nutricionaleimunológicodo
pacienteéumfatorqueinfluenciadiretamentenoestabelecimento
deumainfecção.
Aosteomielitehematogênicapodeserclassificadaemaguda,
subagudaecrônica.
2.2.1 Osteomielite hematogênica aguda
2.2.1.1 Introdução
Formaemqueaviadecontaminaçãoéahemática,devidoà
existênciapréviadeumfocosépticoadistância.Émaiscomumentre
criançaseadolescentes.
Édiagnosticadaaté2semanasdoiníciodossintomas.
#IMPORTANTE
O agente causador da osteomielite
hematogênica aguda mais comum em todas as
faixas etárias é o Staphylococcus aureus
(aproximadamente 85% dos casos). Podemos
verificar também: estreptococos (grupo B),
colibacilos, gonococos, salmonelas,
pseudômonas e outros.
Aosteomieliteacometemaisosexomasculino,comdistribuição
bimodal:menoresde2anosedos5aos12anos.Geralmente,éuma
lesãoúnica(monostótica)queacometeosmembrosinferioresem
90%doscasos.Oslocaismaiscomuns,emordemdefrequência,são
tíbiaproximal,fêmurproximal,úmero,rádioepelve.Em
prematuros,écomumosteomielitemultifocal,devidoàimaturidade
dosistemaimunológicoeànecessidadefrequentedecateteres
intravenosos.
2.2.1.2 Quadro clínico
Oquadroclínicodeosteomielitehematogênicaagudavariade
acordocomalocalização,masgeralmenteestãopresentesfebrealta,
asteniaedorlocalizada.
Ossinaiseossintomasdaosteomieliteagudahematogênica
dependemdagravidadedainfecção,dalocalização,daidadeedas
condiçõesclínicasdopaciente.Manifestaçõessistêmicasde
septicemiaaguda(febrealta,calafrios,vômitosedesidratação)
podemounãoestarpresentes.Nosrecém-nascidoselactentes,a
febrepodeaparecer,sendoairritabilidadeearecusaalimentaros
achadosclínicosmaisconsistentes.Osintomamaisfrequenteéode
dorósseasentidapelamovimentaçãopassivaouativaepela
palpação.
Osurgimentodeedemadependedaproximidadedoossocomapele.
Emlocalizaçõesmaispróximasdasarticulações,podeocorrer
limitaçãodaamplitudedemovimento,porémnãotãorestrita
quantosefosseumaartriteséptica.Acriançamanca,evitandousaro
membroafetado.Ênfasedeveserdadaaoquadroclínicofrustoem
recém-nascidoselactentes,commanifestaçõesclínicastênuesou
mesmoinexistentes.
2.2.1.3 Diagnóstico
Odiagnósticoéfeitopormeiodehistória,examefísico,exames
laboratoriaiseimagensradiográficas.
Ahistóriacaracterísticaédedor,semtrauma,semrelaçãocom
movimentoouesforçoeaumentodevolumedosegmentoafetado.
Quedadoestadogeral,febre,inapetênciaeirritabilidadetambém
caracterizamoquadro.
Osexamesderotinasão:hemograma,velocidadede
hemossedimentação(VHS),ProteínaCReativa(PCR)ehemocultura.
Podehaverleucocitoseouleucopenia,aumentodaVHSedaPCR.A
hemoculturaépositivasomenteem50%a65%doscasos,mas
associadaàpunçãoaspirativadoossoouabscesso,ajudaa
identificaroagenteem70%doscasos.
Osexamesradiográficospodemsernormaisnafaseinicialou
mostraredemanaspartesmoles.Asalteraçõestornam-seevidentes
entre10e14dias,comelevaçãodoperiósteoedasáreas
radiotransparentescomescleroseaoredor,devidoàformaçãoóssea
reativanametáfise–esselevantamentoperiostealdeterminaa
formaçãodecamadasdeossolamelarporaposição(“cascade
cebola”)(Figura2.4).
Figura 2.4 - Áreas radiotransparentes na região metafisária (setas azuis) e levantamento
do periósteo (seta amarela)
Outrosexamescomplementarespodemserúteisquandohádúvida
diagnóstica.Aultrassonografiaéumexamesimples,nãoinvasivo,
quepoderevelarprecocementeoedemadepartesmoles,o
deslocamentoperiostealouumabscesso,alémdeauxiliaremuma
eventualpunção.Acintilografiacomtecnéciotemboasensibilidade,
porémbaixaespecificidadeparaosteomieliteaguda,sendoútilpara
mostrarasáreasdehipercaptaçãoeparaidentificarmúltiplosfocos
deinfecção(Figura2.5).
Figura 2.5 - Hiperconcentração no terço distal do fêmur direito
Atomografiacomputadorizadaéútilnademonstraçãodaspequenas
áreasdeosteólisenacorticalóssea,daperiostiteedeeventuais
corposestranhos.
ARNMéoexamedeimagemmaissensíveleespecíficoparao
diagnósticodeosteomielitehematogênicaagudaedeveser
consideradaapenasemcasosemqueodiagnósticonãopodeser
feitopelosmétodosusuais,devidoaoseualtocusto,necessidadede
sedaçãoeàfaltadedisponibilidadenamaioriadosserviçosde
UrgênciaeEmergência(Figura2.6).
Figura 2.6 - Ressonância nuclear magnética ponderada em T2 que evidencia sinais
consistentes com osteomielite aguda na porção distal do fêmur (seta azul); o paciente
apresentava radiografia normal
Apósosexamesdeimagem,procede-seàpunçãoaspirativadaárea
afetada,eomaterialéencaminhadoparaanálise(culturae
anatomopatológico).Seoaspectodomaterialforpurulento,estará
indicadooprocedimentodelimpezacirúrgica.Odiagnóstico
diferencialdeveserfeitocomartriteséptica,celulite,infartoósseo,
fraturaeneoplasia.Entreostumores,chama-seaatençãoparao
tumordeEwing,devidoàfaixaetáriadeprevalência(entre5e15
anos),àpossibilidadedemanifestaçõessistêmicas,comofebree
leucocitose,eaosaspectosradiográficos,quecontemplamuma
lesãodeaspectolítico,delimitespoucoprecisos,presençadereação
periosteal“emcascadecebola”ecomprometimentodepartes
molesadjacentes.
2.2.1.4 Tratamento
Otratamentoprecoceeadequadoéoprincipalfatorqueinfluencia
noresultadofinaldaosteomielite.
Otratamentodaosteomielitehematogênicaagudacomantibiótico
venosodeveserinstituídodeformaempírica,combasena
probabilidadedoagenteinfecciosodasdiversasfaixasetárias,mas
sempreincluindoS.aureus.Adrenagemcirúrgicadeveráserindicada
seossintomasnãoregrediremnasprimeiras48horasda
antibioticoterapia,ouemcasodeabscessoverificadoemexames
complementares.
ApósomaterialparacoloraçãopelométododeGrameculturater
sidocolhidoeumavezobtidooresultadodaculturaedo
antibiograma,deve-seadequaraantibioticoterapia.Oantibiótico
venosodevesermantidopor6semanasapóslimpezacirúrgica,ou
atéosexameslaboratoriaisnormalizarem,mantendoodeviaoral
naaltahospitalar.
Aspossíveiscomplicaçõesduranteotratamentosãofratura
patológica,colonizaçãoadistânciaouartritesépticaconcomitante,
septicemia,pioartriteecronificação.Comosequela,podeocorrer
lesãodaplacafisáriaporproximidadecomoprocessoinfeccioso,
levandoàinterrupçãodocrescimentoeconsequentedeformidade
angular.Podeocorrertambémcronificação(osteomielitecrônica).
As2principaissequelasdadoençasão:adestruiçãodaplaca
epifisáriaedaepífisenorecém-nascidoelactenteeainstalaçãoda
osteomielitecrônica,comformaçãodesequestronacriançamais
velha.Aprevençãodesses2problemasdependedediagnóstico
precocecorretoetratamentoefetivo.
Existemalgunscritériosderiscoparainfecçõesporpatógenos
específicos,comonaanemiafalciformeouemferimentos
puntiformesnopé,resumidosnoQuadro2.1.
Quadro 2.1 - Fatores de risco, agentes mais comuns e antibióticos
Quadro 2.2 - Antibioticoterapia empírica para infecções osteoarticulares, com base na
idade do paciente
#IMPORTANTE
Na osteomielite vertebral, a coluna lombar é o
local mais acometido.
2.2.2 Osteomielite hematogênica subaguda
Quandoodiagnósticoéretardadoouotratamentodaosteomielite
agudaéinadequado,umgermedebaixaagressividadeea
imunocompetênciadohospedeiropodemdeterminarumainfecção
subaguda,definidaquandoodiagnósticoéfeitoentre2e4semanas
doiníciodossintomas,compondoumquadromaisindolentee
arrastado,semumaclínicaexuberante.Odiagnósticopodesertardio
edifícil,jáqueoquadroclíniconãoétípicoeosexameslaboratoriais
sãoinespecíficos.Ascriançassãotipicamentemaisvelhas,eambos
ossexossãoigualmenteafetados.Afebreébaixaouausente,o
leucogramageralmenteénormaleaVHSpodeestarelevadaou
normal.Aculturaépositivaemapenas30%doscasos.
Odiagnóstico,geralmente,ébaseadonoaspectoradiográficoda
lesão.Aimagemradiográficamaisclássicaédelesão“lítica”bem
delimitadanaregiãometafisária,epifisáriaemaisraramente
diafisáriadeossoslongos,conhecidacomoabscessodeBrodie,
porémodiagnósticodiferencialtambémdeveserfeitocomdiversos
tiposdetumoresósseos.AclassificaçãodeRobertsémuitoútilna
diferenciaçãodecadatipodeapresentaçãoósseadalesão(Figura2.7
eQuadro2.3).
Otratamentoéfeitopormeiodedrenagemcirúrgica,comcoletade
culturas,eantibioticoterapiainicialempíricaparaS.aureusatéo
resultadodasculturas.
Figura 2.7 - Abscesso de Brodie: lesões “líticas” bem delimitadas
Fonte: ilustração Claudio Van Erven Ripinskas.
Quadro 2.3 - Diagnóstico diferencial de alguns tumores ósseos e classificação de Roberts
Figura 2.8 - Abscesso de Brodie na região epifisária do fêmur distal
Fonte: Osteomielite subaguda na criança, 1999.
2.2.3 Osteomielite hematogênica crônica
Égeralmenteresultantedaosteomieliteagudanãodiagnosticada,
nãotratada,outratadademaneiratardiaouinadequada.Apresenta
sintomasporsemanasameseseestáassociadaàantibioticoterapia
portempoinsuficiente(menosdoque3semanas).Estãopresentes
sequestrosósseos(tecidoósseodesvitalizado,sinalradiográfico
radiolucente)devidoaoprejuízovasculardoossoinfectado.Pode
ocorrercomunicaçãodosegmentoósseocomomeioexterno
(fistulização).Afístulanãosódrenaopus,mastambémpodeser
portadeentradaparainfecçãosecundária.
Oantibióticonãoalcançaotecidonecróticoqueservecomomeiode
culturaparaosorganismospatogênicos.Opacientegeralmente
apresentaperíodosdereagudizaçãoeremissãodecrises
inflamatórias,comfrequenteformaçãodefístulasquedrenam
materialpurulento.Emalgumasformasdecronificaçãodainfecção,
encontramosdesmineralizaçãoedestruiçãoósseaintensa,
fragilidadeeriscodefraturapatológica.
Quadro 2.4 - Classificação anatômica de Cierny e Mader para osteomielite crônica
Figura 2.9 - Classificação de Cierny e Mader para osteomielite crônica
Fonte: adaptado de A Clinical Staging System for Adult Osteomyelitis, 2003.
Otratamentodaosteomielitehematogênicacrônicarequer
debridamentoagressivodetodooossonecróticoedotecidocom
vascularizaçãodeficiente,bemcomoantibioticoterapiaguiadapor
culturas.Devidoàextensãodocomprometimentoósseoedepartes
moles,procedimentosreconstrutivospodemsernecessários.
Éessencialquesejamfeitosculturaeantibiogramadoosso
infectado,poisasecreçãopurulentaquedrenapelafístulapodeestar
contaminadacomosgermesdapele.Semprequepossível,deveser
feitaacoberturaósseacomenxertosouretalhosmusculocutâneos.
Naimpossibilidadedecobertura,devemserfeitoscurativosúmidos
ouavácuoatéqueotecidodegranulaçãocubraassuperfícies
expostasouestejaprontopararecebercobertura.Sehouverdefeito
ósseoimportanteapósodebridamento,devesercolocadoenxerto
ósseoautólogoesponjoso.Otratamentocomantibióticointravenoso
émantidopor6a12semanasedeveincluircoberturaparaGram
negativoseS.aureusresistenteàmeticilina,seopacientefor
diabéticoouvítimadeferidaaberta,atéquehajaoresultadoda
cultura.
2.3 ARTRITE SÉPTICA
2.3.1 Introdução
Éainfecçãodeumaarticulaçãosinovialcausadaporbactéria
piogênica,tambémdenominada“pioartrite”.Éfavorecidapor
estadoscarenciais;acometecriançasdequalqueridade,mas
preferencialmenteaquelasnafaixaetáriaentre1e2anos(até49%
doscasosocorrememcriançascommenosde2ou3anos,e28%em
neonatos).Amortalidadeémenordoque1%,masasequelaégrave,
porlevaràdestruiçãoarticular,dorcrônicaelimitaçãofuncional.As
principaisviaspelasquaisasbactériaspodematingiraarticulação
sãoahematogênica,porcontiguidadedofocoinfecciosoadjacente,e
porinoculaçãodireta,pormeiodepunção.
Emcriançaspequenas,atéos2anos,algunsramosdasartérias
metafisáriasatravessamaplacadecrescimento,possibilitandoa
invasãodaepífisee,consequentemente,daarticulaçãopelainfecção.
Alémdisso,emdeterminadaslocalizações,comoofêmurproximal
(Figura2.10),ainserçãodacápsulaarticularocorredistalàplacade
crescimento,eoperiósteonointeriordaarticulaçãoémaisfino.
Uma osteomielite hematogênica aguda pode
perfurar o córtex e provocar artrite séptica. Os
locais mais comuns de acometimento são o
quadril, o úmero proximal, a tíbia distal, joelho e
a porção proximal do rádio.
2.3.2 Agente etiológico
O agente etiológico da artrite séptica mais
comum em todas as idades é o S. aureus,
seguido do H. influenzae e do Streptococcus do
grupo B.
Infelizmente,em19a46%doscasos,oagenteetiológiconãoé
identificado,devidoaerronacoletadomaterialbiológicoouuso
préviodeantibiótico,quemascaraapresençadabactéria.
DosS.aureus,54%sãometicilinorresistentes.Deveserconsiderada
N.gonorrhoeaeemadolescentescomvidasexualativa.
2.3.3 Quadro clínico
A pioartrite predomina em uma única
articulação em 90% dos casos, sendo o joelho o
local mais comum, seguido de quadril,
tornozelo, cotovelo, punho e ombro. Nas
crianças pré-escolares e escolares, o joelho é a
articulação mais envolvida.
Apresençadebactériasnaarticulaçãoprovocarespostainflamatória
acentuada,levandoàdestruiçãodacartilagemarticularapartirde3
horasapósoiníciodainfecção,pormeiodeenzimasetoxinas
liberadaspelasbactérias.Alémdessadestruiçãoporcondrólise
química,ocorreisquemiapeloaumentodovolumelíquidointra-
articular,distensãocapsulareaumentodapressãocommenor
suprimentoarterialparaaepífiseóssea.
Oquadroclínicoécaracterizadopordoreedemanaarticulação
afetada,associadosàfebreeastenia.Opacienteapresentaposição
antálgica,claudicaçãooupseudoparalisia.Aposiçãomais
confortávelparaoquadriléemflexão,abduçãoerotaçãoexterna,
posiçãodemaiorrelaxamentodacápsulaarticular,quepermite
acomodarvolumemáximo.Nojoelhoenocotovelo,éemflexão,eno
tornozelo,emequino.
Qualquertentativademanipulaçãodaarticulaçãoacometidapela
artritesépticaprovocadorintensaecontraçãomuscular,sinal
conhecidocomobloqueioarticular.
2.3.4 Diagnóstico
Algunscritérios,quandopresentes,sãofavoráveisaodiagnósticode
artriteséptica:febre,VHS,PCR,leucocitoseeincapacidadedeapoio
domembro.
Osexamesderotinaincluemhemograma,VHS,PCR,hemoculturae,
principalmente,punçãoaspirativadaarticulaçãoacometida.A
hemoculturaépositivaem40%doscasos.AVHSémuitosensível,
porémpoucoespecífica,masapresentamaiorchancerelativade
tratar-sedepioartritequando>40mm.APCRémaisespecífica.
Recomenda-sefortementeapunçãoarticularapartirde2critérios
positivos;com3critériospositivos,aartrocentesedeveser
realizada.
Quando os cinco critérios diagnósticos
estiverem presentes, a chance de tratar-se de
pioartrite será de 98%.
Tabela 2.1 - Critérios de Kocher modificados para diagnóstico de pioartrite versus sinovite
transitória
Asradiografiaspodemevidenciaredemadepartesmoles,aumento
doespaçoarticular,distensãodacápsula,presençadeosteomielite
nametáfiseproximale,nocasodoquadril,subluxaçãoenecroseda
cabeça,queocorremdevidoàpressãointra-articularaumentada,
alémdeajudaremadescartaroutrascondições.
Aultrassonografiapodeserútilparaconfirmarapresençadelíquido
naarticulação,edevehavercomparaçãocomaarticulação
contralateral.Umaimagemhiperecogênicaéfavorávelàsecreção
purulentaouacoáguloshemorrágicos,masnãodescartaa
necessidadedepunção.Atomografianãoérecomendada,ea
ressonânciaauxilianodiagnóstico,porémédifícildeserrealizada
emcriançaspequenas,poisnecessitadesedação.Acintilografiacom
gálio-67éespecífica,poisconcentraoradioisótopoembactérias,
polimorfonucleares(PMN)eproteínasinflamatórias,masnãoéfeita
derotinapeloaltocusto.Oprodutodapunçãodeveseranalisado
quantoàaparência,coloraçãodeGram,contagemdecélulas,nível
deglicoseecultura.
Tabela 2.2 - Diferenças entre o aspecto do líquido sinovial na sinovite transitória e na artrite
séptica
Figura 2.10 - Artrite séptica no quadril esquerdo
Nota: alteração de sinal evidenciando líquido intra-articular (hipersinal “branco”) e
subluxação da cabeça do fêmur; notar a inserção da cápsula articular distal à fise (seta).
Odiagnósticodiferencialdeveserfeitocomsinovitetransitória,
causamaiscomumdedornoquadrilnainfância.Écaracterizadapor
dor,claudicaçãoelimitaçãodaamplitudedomovimento,porémde
cursomaissuave.Opicoestáentre3e6anos.Geralmente,é
unilateralepodeterfebrebaixaassociada.Teminícioapósquadro
infeccioso(70%ocorremapósinfecçãodasviasaéreassuperiores),
traumaouquadroalérgicoemelhoracomrepouso.Osexames
laboratoriaissãonormaisoupoucoalterados,comaumentodiscreto
daVHSedaPCR.Éumdiagnósticodeexclusãoetemresolução
espontânea,comduraçãomédiade10diasaté8semanas.O
tratamentoconsisteemalíviodecargaeanalgesia.
Outrodiagnósticodiferencialéapsoíte,naqualacriançaapresenta
dornapelveenafossailíacaeatitudeemflexãodoquadril.A
ultrassonografiaauxilianodiagnóstico,pormeiodaausênciade
derramearticular.Atomografiapodeevidenciarabscessopróximo
aopsoas.
Tambémdevemoslembrardeoutrosdiagnósticosdiferenciais,como
artritereumatoidemonoarticulareaosteomieliteaguda.
2.4 TRATAMENTO
Deveserinstituídoprecocementeparaevitarcomplicações,como
destruiçãodacartilagemarticular,luxaçãopatológicaenecroseda
cabeçadofêmur.
Aantibioticoterapiaintravenosaempíricanaartritesépticadeveser
iniciadalogoapósapunçãoarticularcomcomprovaçãodeinfecção
articular,seguindoosmesmoscritériosdaosteomielite
hematogênica.Adrenagemcirúrgicapelaartrotomiadeveserfeita
naurgência,casooprodutodapunçãosejapurulento.
Adrenagemcirúrgicaparalimpezaarticular,lavagemabundantee
remoçãodegrumos,propiciandotambémadescompressão
articular,éopassofundamentaldotratamento.
Pode-seoptarounãopordeixarirrigaçãocontínua,dependendoda
quantidadedepus;éaconselhadodeixardreno.Pacientesrecém-
nascidoscompioartritedoquadril,apósodebridamento,devemser
mantidosemimobilizaçãocomsuspensóriodePavlik,poisnessa
faixaetáriasãomaissuscetíveisàluxaçãoeàinstabilidadecrônica.
Você sabe diagnosticar e
tratar a pioartrite e a
osteomielite?
Odiagnósticodapioartriteérealizadopormeiodahistória,
do exame físico e de exames complementares. É a infecção
deumaarticulaçãosinovialcausadaporbactériapiogênica,
também denominada “pioartrite”. É favorecida por
estados carenciais; acomete crianças de qualquer idade,
mas preferencialmente aquelas na faixa etária entre 1 e 2
anos (até 49% dos casos ocorrem em crianças com menos
de 2 ou 3 anos, e 28% em neonatos). A pioartrite
predomina em uma única articulação em 90% dos casos,
sendo o joelho o local mais comum, seguido de quadril,
tornozelo, cotovelo, punho e ombro. Nas crianças pré-
escolares e escolares, o joelho é a articulação mais
envolvida. Ao exame físico, o paciente apresenta,
principalmente, dor e limitação de arco de movimento da
articulação, podendo ou não ter febre e edema articular. Os
exames mais utilizados são o de sangue e a
ultrassonografia.
Tratamento: antibioticoterapia e tratamento cirúrgico por
artrotomiaparaarealizaçãodalimpezaarticular.
Emrelaçãoàosteomielite,odiagnósticoéfeitopormeiode
história, exame físico, exames laboratoriais e imagens
radiográficas. A osteomielite é um processo infeccioso que
acomete os ossos, geralmente causado por bactérias.
Raramente é causada por fungos, com exceção em
indivíduos imunossuprimidos. Os mecanismos de infecção
podemser:
Inoculação direta: causada por ferimento penetrante,
infiltrações, picadas de insetos, fratura exposta, cirurgia e
outras;
Contiguidade: infecção por proximidade de foco infeccioso
adjacente;
Via hematogênica: por meio da circulação sanguínea por
bacteriemia.
O tratamento varia desde a antibioticoterapia isolada até a
cirurgiaparalimpezacirúrgicajuntoàantibioticoterapia.
Após a leitura deste capítulo, você será capaz de
diagnosticar e tratar a osteomielite e a pioartrite. Lembre-
se de que essas patologias devem ser tratadas
precocemente, pois o potencial de sequelas graves é muito
alto!
Você sabe qual articulação
apresenta o maior arco de
movimento do corpo
humano? Quais músculos
compõem o manguito
rotador? Qual o ligamento
mais lesado do joelho? Qual
síndrome neurológica
compressiva periférica mais
acomete o corpo humano?
Por que as mulheres têm
mais joanetes do que os
homens?
3.1 OMBRO
OombroéaarticulaçãodemaiorAmplitudeDeMovimento(ADM)
nocorpohumano,porissoéumadasmaisvulneráveisalesões.
Possuiumacomplexaestruturaanatômicacompostapor3
diartroses(glenoumeral,acromioclaviculareesternoclavicular),3
sistemasosteotenomioligamentaresdedeslizamento(subacromial,
umerobiciptaleescapulotorácico),14ligamentose19músculos.As
queixasclínicasdasdoençasdoombropodemserdivididas
basicamenteem2grandesgrupos:asligadasàdoreàlimitaçãoda
mobilidade,easrelacionadasàinstabilidade.
3.1.1 Síndrome do impacto e lesão do manguito
rotador
Asíndromedoimpactorepresentaumamploespectrodedistúrbios,
abrangendo,emumespectroprogressivo,tantobursitesubacromial
quantotendinitedomanguito,culminandoinclusivecomruptura
parcialoucompletadeste.
Os músculos que fazem parte do manguito
rotador são: supraespinal, infraespinal, redondo
menor e subescapular.
Otendãosupraespinalinsere-senotubérculooutuberosidademaior
doúmero,juntoaoinfraespinaleaoredondomenor.Osubescapular
insere-senotubérculoounatuberosidademenor.
#IMPORTANTE
O tendão mais acometido na lesão do manguito
rotador é o supraespinal, responsável pelo
movimento de elevação do ombro.
Quandoaelevaçãoocorre,provocaimpactodatuberosidademaior
doúmerocontraoacrômio(Figura3.2).
Figura 3.1 - Músculos do manguito rotador e pontos de referência anatômicos
Fonte: ilustração Claudio Van Erven Ripinskas.
Figura 3.2 - Impacto entre a tuberosidade maior do úmero e o acrômio, que leva à
inflamação da bursa subacromial
Fonte: ilustração Claudio Van Erven Ripinskas.
Alesãodomanguitoéarupturaparcialoutotalde1oumaistendões
domanguitorotador,sendoosupraespinalomaisacometido.A
lesãoocorrepeloimpactodaporçãotendinosadosupraespinalede
outrostendõescontraoarcocoracoacromial(bordaanteroinferior
doacrômio,ligamentocoracoacromialebordalateraldoprocesso
coracoide),queinflamam,degeneramepodemromper-sede
maneiraparcialoutotal.Outrosmecanismosdelesãodomanguito
sãoopós-traumático(pacientesjovens)eodegenerativo
(particularmenteemidosos).
Opacientecomlesãodomanguitorotadorqueixa-sededorna
regiãosubacromial,quepioraàelevaçãoetendeasermaisintensaà
noite.
Atendinitedosupraespinaltambémpodesercausadaporprocesso
degenerativoprimárioepordepósitosdecálcio,patologiaconhecida
comotendinitecalcária.Atendinitecalcáreatemetiologia
desconhecida.Ostestesespeciaisclínicosmaisutilizadospara
avaliarasíndromedoimpactoealesãodomanguitorotadorsão:
3.1.1.1 Teste de Neer
Omembrosuperior(emextensãoerotaçãoneutra)éelevadorápida
epassivamentenoplanodaescápulapeloexaminador(Figura3.3).O
testeépositivoseopacienteapresentardorcausadapeloimpactodo
tubérculomaiorcontraoacrômio.
Figura 3.3 - Teste de Neer
Fonte: Acervo Medcel.
3.1.1.2 Teste do impacto de Yocum
Opaciente,comamãonoombrooposto,elevaativamenteocotovelo
(Figura3.4).Otesteépositivosehádorprovocadapeloimpactodo
tubérculomaiorcontraoarcocoracoacromial.
Figura 3.4 - Teste do impacto de Yocum
Fonte: Acervo Medcel.
3.1.1.3 Teste do impacto de Hawkins-Kennedy
Omembrosuperiorécolocadoem90°deelevaçãocomocotovelo
fletidotambéma90°.Rapidamente,oexaminadorroda
internamenteomembrosuperior,provocandoimpactodotubérculo
maiorcontraoligamentocoracoacromialedotubérculomenor
contraoprocessocoracoide(Figura3.5).
Figura 3.5 - Teste do impacto de Hawkins-Kennedy
Fonte: Acervo Medcel.
3.1.1.4 Teste de Jobe
Avaliaotendãosupraespinal.Opacienterealizaelevaçãoativa
contraresistênciaopostapeloexaminador,comomembroem
rotaçãointerna(Figura3.6).Podeapresentardesdedor,
acompanhadaounãodediminuiçãodeforça,atéincapacidadede
elevaromembro,indicandorupturacompleta.
Figura 3.6 - Teste de Jobe
Fonte: Acervo Medcel.
3.1.1.5 Teste de Patte
Avaliaotendãoinfraespinal,responsávelpelarotaçãoexterna.O
membroéposicionadoemabduçãode90°eocotoveloa90°,eo
pacienterealizarotaçãoexternadomembrocontraresistência
opostapeloexaminador(Figura3.7).Podeapresentardesdedor
(tendinite),acompanhadaounãodediminuiçãodeforça,até
incapacidadepararealizararotaçãoexterna,indicandoruptura
completa.
Figura 3.7 - Teste de Patte
Fonte: Acervo Medcel.
3.1.1.6 Teste de Gerber
Avaliaotendãosubescapular,responsávelpelarotaçãointerna.O
pacientecolocaodorsodamãononíveldeL5eoafastaativamente
dascostas,rodandointernamenteobraço(Figura3.8).A
incapacidadedeafastaroudemanteroafastamentoindicalesãodo
subescapular.
Figura 3.8 - Teste de Gerber
Fonte: Acervo Medcel.
Existemdiversosoutrostestes,quesãovariaçõesdosdescritos,
comoodoinfraespinal,queavaliaarotaçãoexternacomomembro
aoladodotronco(Figura3.9).
Figura 3.9 - Teste do infraespinal
Fonte: Acervo Medcel.
Asradiografiasajudamaexcluiroutrascausasdedornoombro,
comoatendinitecalcária,sequelasdefraturaseaosteoartrite.A
ecografiaapresentabaixocusto,nãoéinvasiva,maséexaminador-
dependenteedificilmentedetectalesões<1cm.ARessonância
NuclearMagnética(RNM)éopadrão-ouro,umavezqueconfirmao
diagnósticoeforneceinformaçõesúteisquantoaograudetrofismo
musculareàextensãodadegeneraçãogordurosa
(lipossubstituição),queocorrenaslesõescrônicas.Tambémpode
serutilizadaaartrorressonância(ressonânciaemconjuntocoma
infiltraçãoarticular),paramelhorarasensibilidadeea
especificidadedaressonância.
Otratamentoclínicodeveserfeitoquandohásíndromedoimpacto
semsinaisderupturatendínea.Otratamentoconservadorbaseia-se
emanalgesia,Anti-InflamatóriosNãoEsteroides(AINEs),
esteroidesefisioterapia,parafortalecimentoealongamento
musculotendíneo.Senãohouvermelhoraclínicaem3a4meses,
estaráindicadaaacromioplastia.Naevidênciaderuptura,deveser
realizadaasutura,quepodeserfeitaporviaabertaouartroscópica.
3.1.2 Capsulite adesiva
Capsuliteadesivaouombrocongeladoéumapatologiacaracterizada
pordornoombroassociadaàperdaprogressivadasamplitudesde
movimentosativosepassivosdaarticulaçãoglenoumeral.Em70%
doscasosnãotêmacausaespecíficadeterminada;osdemaissão
secundáriosalesãodomanguitorotador,fraturasqueexigema
imobilizaçãodomembroepós-operatóriodecirurgiasdoombro.
Podeserprimáriaousecundária.Aprimárianãovemassociadaa
outrasdoenças.Aformasecundáriaestárelacionadacomdiabetes
mellitus,dislipidemias,hipotireoidismo,hipertireoidismo,acidente
vascularcerebraleusodemedicaçõescomobarbitúricoseinibidores
deproteases(HIV),traumatismosrepetitivos,imobilizações,
tendinites,entreoutras.Écomumentreaquartaeasextadécadasde
vida,nosexofeminino,noladonãodominante,maspodeser
bilateralem6a10%(simultâneosematé14%).Apresentaevolução
autolimitada,comresoluçãoespontâneaem1a3anos.
Sãosinaisesintomasdecapsuliteadesiva:perdaprogressivada
funçãodoombro,comdiminuiçãodaADM,seguidadedorintensa
nofimdomovimento.O1ºmovimentoprejudicado,ativoepassivo,
éarotaçãointerna.Émaisfrequentenoombronãodominantede
mulherescommaisde40anosdeidade.
Clinicamente,podeserdivididaem4fases,conformedescritoa
seguir.
3.1.2.1 Fases da capsulite adesiva
1. Fase 1 (zero a 3 meses): dor leve com perda mínima de ADM;
2. Fase 2 (3 a 9 meses): dor intensa e diminuição da ADM
(congelamento);
3. Fase 3 (9 a 15 meses): ADM rígida;
4. Fase 4 (15 a 24 meses): dor leve com melhora progressiva da ADM
(descongelamento).
3.1.2.2 Diagnóstico
Éessencialmenteclínico,poréménecessáriopreencheralguns
requisitos,comodornoombro,restriçãopassivaeativadaelevação,
rotaçãoexternaeinterna.Aradiografiapodesernormalou
apresentardesmineralizaçãoósseaeosteopeniadifusapordesuso
noscasosdeevoluçãolonga.Aartrografiaéútilparademonstrara
reduçãodovolumearticularedorecessoarticular(Figura3.10).A
RNMevidenciamelhoroespessamentodacápsulaarticular
(ligamentocoracoumeral)eadiminuiçãodorecessoaxilar.A
artrorressonânciaéumrecursovaliosonasuspeitadeoutraslesões
associadas.
3.1.2.3 Tratamento
Aprevençãoéomelhortratamento,devendo-seevitarimobilizações
prolongadas,semprepreconizandomovimentaçãoprecoce.
Otratamentoconsisteemanalgesiaintensa,bloqueiodonervo
supraescapularsemanalmente,associadoàfisioterapiaparaganho
deADMquandomelhorarador.Podeserfeitamanipulaçãosob
anestesiaquandoaevoluçãoéruim(60diasdetratamentosem
melhora),emboracadavezmaissejapreconizadaaliberação
artroscópicanoscasosmaisgraves.Podeserrealizadoobloqueio
anestésicodonervosupraescapular,principalmentequandoa
capsuliteadesivaestáassociadaàdistrofiasimpáticareflexa.
#IMPORTANTE
Convém memorizar a sequência de
manipulação (FEAR) no tratamento da capsulite
adesiva: Flexão, Extensão, Abdução/Adução e
Rotação interna/externa.
Figura 3.10 - (A) Anatomia do ombro e (B) suas alterações na capsulite adesiva
Fonte: ilustração Claudio Van Erven Ripinskas.
3.2 PUNHO E MÃO
3.2.1 Tenossinovite de DeQuervain
A tenossinovite de DeQuervain é a causa mais
comum de tendinite no membro superior, que
acomete o 1º compartimento extensor, o qual
contém os tendões extensor curto do polegar e
abdutor longo do polegar (Figura 3.11).
Figura 3.11 - Tenossinovite de DeQuervain
Fonte: ilustração Claudio Van Erven Ripinskas.
Sãofrequentesvariaçõesanatômicasnocompartimento;asmais
comunssãoramificaçõesdoabdutorlongoeapresençadeumsepto
próprioparaoextensorcurtodopolegar,queestreitaaindamaiso
espaçodostendões.Predominamemmulheresdemeia-idade,na
mãodominante,eestãomuitorelacionadasàlesãopormovimento
repetitivo(LER–LesãoporEsforçosRepetitivosouDORT–
DistúrbioOsteomuscularRelacionadoaoTrabalho).Podemocorrer
emdoençasinflamatóriaseemgestantes,nasquaissão
autolimitadas,melhorandoapósagestação.
Oquadroclínicoécaracterizadopordoreedemanaregiãodo
estiloideradial,àsvezescomespessamentopalpáveldabainha
fibrosa.
O teste de Finkelstein, específico para o
diagnóstico da tenossinovite de DeQuervain, é
realizado com o polegar flexionado na palma, e
o examinador promove o desvio ulnar do punho
(Figura 3.12).
Odiagnósticoéclínico,eaultrassonografiaeaRNMnãosão
solicitadasderotina.Quandosolicitadas,podemevidenciaredema
sinovialnocompartimentoeanomaliasanatômicasassociadas.A
radiografiaajudanodiagnósticodiferencialcomofraturado
estiloidedorádio,fraturadoescafoideerizartrose(artroseda
articulaçãodoossotrapéziodocarpocomo1ºmetacarpo).
Figura 3.12 - Teste de Finkelstein: provoca dor na região indicada com ponto vermelho
Fonte: Acervo Medcel.
OtratamentoclínicoéfeitocomusodeAINEs,imobilizaçãodo
polegar,infiltraçãocomcorticosteroidesefisioterapia.Otratamento
cirúrgicoparaaliberaçãodocompartimentoestáindicadonafalha
dotratamentoconservadorpor6mesesedepois,pelomenos,2
infiltrações.
3.2.2 Doença de Dupuytren
Trata-sedeumafibroplasiaproliferativadafásciapalmarquelevaa
contraturasprogressivaseirreversíveis.Adoençanãoacometeos
tendões,esuaetiologiaédesconhecida.Predominanosexo
masculino(10vezesmaiscomum),entreaquintaeasétimadécadas
devida.Acometeprincipalmenteos4ºe5ºdedos,emgeral
bilateralmente(50%),com5%deassociaçãoàdoençade
Ledderhose(contraturadafásciaplantar)edoençadePeyronie
(contraturadafásciapeniana).Tambémestárelacionadaaousode
anticonvulsivantes,alcoolismo,hereditariedade,traumaetrabalhos
manuais.
OquadroclínicodadoençadeDupuytrencaracteriza-sepornódulos
palmareseatitudeemflexãodasarticulaçõesmetacarpofalangianae
interfalangianaproximal,associadoàhiperextensãoda
interfalangianadistalcompensatória(Figura3.13).
Figura 3.13 - Contraturas características da moléstia de Dupuytren
Fonte: adaptado de Dupuytren’s: a systems biology disease, 2011.
Adoençaédivididaem3fases:
1. Proliferativa: aparecimento dos nódulos, sem contratura;
2. Involutiva: os nódulos param de crescer, e ocorre hipertrofia da
fáscia palmar;
3. Residual: os nódulos diminuem, e a contratura é evidente.
Ocordãoespiralocorrequando4estruturasqueexistem
normalmentesãoacometidaspeladoença:bandapré-tendínea,
bandaespiral,lâminadigitallateraleligamentodeGrayson.
Contraturasarticularesimportanteslevamàincapacidadefuncional
eexigemtratamentocirúrgico,comressecçãodaaponeurosepalmar
doente.Porém,deve-seaguardarotérminodafaseproliferativa.
3.3 SÍNDROMES COMPRESSIVAS
3.3.1 Síndrome do desfiladeiro torácico
ASíndromedoDesfiladeiroTorácico(SDT)ocorredevidoà
compressãodoplexobraquialporcausasvasculares,anomalias
ósseas,comocostelacervical,ouanomaliasmusculares,como
bandasfibrosasconectandomúsculosnotriângulointerescalênico.
Oquadroclínicocaracteriza-sepordornoombro,pescoçoouregião
dotrapézio,parestesianomembroipsilateral,dificuldadedepentear
cabelosedornoturna.OstestesdeRooseelevaçãodosbraços
costumamserpositivos.Quantoàclassificação,existem2grandes
grupos:oneurogênicoeovascular.Otiponeurogênicoéomais
comumeésubdivididoemSDTneurogênicaclássicaouverdadeira,
queestáassociadaaanormalidadesósseas,geralmenteunilateral,e
SDTneurogênicaatípicaoucontroversa,quecorrespondeamaisde
90%doscasos,édescritasobretudocomobilateraleacometemais
mulheresjovens.OtipovascularésubdivididoemSDTvascular
arterial,queécomumenteunilateraleafetaadultosjovens,eSDT
vascularvenosa,tambémconhecidacomotrombosevenosade
esforçoousíndromedePaget-Schroetter;elaafetamaisadultos
jovens,eocorreumatromboseespontâneadaveiasubcláviaadvinda
dousoprolongadodaextremidadesuperior.
3.3.2 Nervo mediano
3.3.2.1 Síndrome do túnel do carpo
Éaneuropatiacompressivamaisfrequentedocorpohumano.
Omedianoeseuramointerósseoanteriorsãoresponsáveispela
inervaçãodosmúsculospronadorredondo,flexorradialdocarpo,
palmarlongo,flexorsuperficialdosdedos,flexorprofundodo2ºe
3ºdedos,flexorlongodopolegar,pronadorquadrado,abdutorcurto
dopolegar,oponentedopolegar,flexorcurtodopolegar(cabeça
superficial)elumbricaislaterais.
Ocorreporaumentodapressãodotúneldocarpo,levandoà
compressãodonervomedianononíveldazonaIVdeVerdan(Figura
3.14),porondepassajuntoaos9tendõesflexores(ossuperficiaise
profundosdosdedoseolongodopolegar)atravésdomesmotúnel.
Otúneldocarpoéumaestruturalocalizadanaregiãoanteriordo
punho,delimitadapeloligamentotransversoedorsalmentepelos
ossosdocarpo.Passamporessetúnelostendõesflexores
superficiaiseprofundosdo2º,3º,4ºe5ºdedos,otendãodoflexor
profundodopolegareonervomediano.Aincidênciaémaiorentre
mulheres(5:1),dos30aos60anos,aumentacomaidadeepodeser
idiopáticaouteretiologiapós-traumáticaousistêmica,estando
associadaaobesidade,diabetes,hipotireoidismo,artrite
reumatoide,insuficiênciarenaleamiloidose.Tambémpodem
desencadearouestarassociadosàsíndromedotúneldocarpoo
alcoolismo,atenossinoviteinespecífica,agestaçãoeoutras
situaçõesqueprovocamedema,como,porexemplo,trabalhos
manuais,aumentandoapressãodentrodotúneletc.
Figura 3.14 - Zonas flexoras de Verdan
Fonte: Acervo Medcel.
Apressãonormalnointeriordotúneldocarpoé,emumindivíduo
assintomático,de25mmHgnaposiçãoneutraede30e31mmHg,
respectivamente,comextensãoeflexãomáximas.Nosintomático,a
pressãonaposiçãoneutraatinge32mmHg,eemextensãoeflexão
máximaspodematingir,respectivamente,99e110mmHg.
Opacientecomsíndromedotúneldocarpoapresentaparestesia,
hipostesia,dimininuiçãoprogressivadaforçamusculardamão,
queimaçãonoterritóriodonervomediano(polegar,2ºe3ºdedos)e
dornoturnaqueseirradiaparaoantebraço.
Ostestesmaisutilizadossão:
1. Tinel: percussão sobre o nervo mediano, na altura do túnel do
carpo, provocando sensação de choque;
2. Phalen: flexão máxima do punho por 60 s, provocando início dos
sintomas de parestesia e formigamento (Figura 3.15);
3. Durkan: compressão digital sobre o nervo mediano por 30 s.
Comaevoluçãodoquadro,opacientepodeapresentaratrofiada
musculaturatênar,consequenteaoacometimentomotor(Figura
3.16).
Figura 3.15 - Teste de Phalen
Fonte: Acervo Medcel.
Figura 3.16 - Atrofia da região tênar
Odiagnósticoéessencialmenteclínico,sendorealizadopormeioda
históriaedoexamefísico.Podesercomplementadoeconfirmado
pelaeletroneuromiografia,quemostradiminuiçãodospotenciaisde
açãodamusculaturainervadapelonervoestudado.A
ultrassonografiapodeapresentaredemadonervo,masé
examinador-dependenteeinespecífica.ARNMindicaalteraçõesde
tamanhoeconteúdodotúnel,masnãoéessencialparao
diagnóstico.
Odiagnósticodiferencialdasíndromedotúneldocarpodeveser
feitocomasíndromedopronadorredondo(compressãoproximaldo
nervomediano),cervicobraquialgia,hérniadiscalcervicale
síndromedodesfiladeirotorácico.
Otratamentoinicialmenteéconservador,feitocomórtesedeuso
noturno,AINE,fisioterapiaeinfiltração.
Otratamentocirúrgicoéindicadonafalhadotratamento
conservador,comaliberaçãodotúnel,quepodeserfeitatantopela
viaabertaquantopelaartroscópica.Opós-operatórionãonecessita
deimobilização,eosresultadoscostumamsermuitobons.São
fatoresdepiorprognósticoidade>50anos,tempodeevolução>10
meses,parestesiaconstanteetestedePhalenpositivoemmenosde
30s.
3.3.2.2 Síndrome do pronador redondo
Correspondeàcompressãodonervomedianonoterçoproximaldo
antebraço,caracterizadaporhipoestesianosdedosradiais,Phalen
negativo,Tinelpositivoproximal,alteraçãodesensibilidade
próximaàregiãotênareeletroneuromiografianormal,porsetratar
deumasíndromedinâmica.Podeocorrerperdadaflexãoativada
falangedistaldopolegar,2ºe3ºquirodáctilos,comsinalde
Benedictionpositivo(Figura3.17)eagravamentodossintomascom
otestedapronaçãocontraresistência.Otratamentoécirúrgico,com
descompressãodonervonospossíveislocaisemquepossaestar
comprimido.
Figura 3.17 - (A) Sinal de Benediction (perda da flexão ativa da falange distal) e (B) normal
Otratamentoécirúrgico,comdescompressãodonervonospossíveis
locaisdecompressão:
1. Lacertus fibrosus: extensão da fáscia do bíceps;
2. Entre as 2 cabeças do músculo pronador redondo;
3. Abaixo dos músculos flexores superficiais dos dedos;
4. Terço distal do úmero, no ligamento de Struthers.
3.3.3 Nervo ulnar
3.3.3.1 Síndrome do canal de Guyon
Correspondeàcompressãodonervoedaartériaulnar,quesãoos
únicoscomponentesdocanal,localizadoentreopisiformeeo
hamato.Asprincipaiscausassãotrombosedaartériaulnar,
aneurismaehanseníase.Otratamentovariadeacordocomacausa.
3.3.3.2 Síndrome do túnel cubital
Correspondeàcompressãodonervoulnarnoníveldocotovelo,
entreas2cabeçasdoflexorulnardocarpo,nosulcoentreo
olecrânioeoepicôndilomedial.
Odiagnósticoéfeitoportestedeflexãomáximadocotovelocomo
antebraçoemsupinação,queprovocaformigamentonafaceulnar
doantebraço.Podehaveratrofiadamusculaturaintrínseca,Tinel
positivoeanormalidadesnamobilizaçãodonervo.Otratamento
consisteemprocedimentocirúrgicoparatransposiçãoanteriordo
nervoulnar(Figura3.18).
Figura 3.18 - Transposição anterior do nervo ulnar
Fonte: Avaliação dos tratamentos cirúrgicos das sequelas de hanseníase pelas escalas
Salsa e Dash, 2014.
3.3.4 Nervo radial
3.3.4.1 Síndrome do interósseo posterior
Tambémchamadadesíndromedosupinador,éacompressãodesse
ramodonervoradial,emsuaporçãoproximal.Caracteriza-sepor
déficitpuramentemotor,quelevaàfraquezadosextensorese,em
casosmaiscrônicos,paralisia.
Osúnicosextensoresnãoatingidossãoobraquiorradialeoextensor
radialdocarpo,quesãoinervadospelonervoradialantesdasua
divisão.Assim,opacienterealizaaextensãodopunhocomdesvio
radial.
Ospossíveislocaisdecompressãosão:
1. Bandas fibrosas que mantêm o nervo radial junto à articulação
radioumeral;
2. Arcada de Frohse (local mais comum);
3. Vasos da artéria recorrente radial (Henry);
4. Hipertrofia do extensor radial curto do carpo.
5. O diagnóstico é clínico, por intermédio do teste da extensão do 3º
dedo contra resistência e supinação contra resistência, uma vez que a
eletroneuromiografia é inespecífica.
3.3.4.2 Síndrome de Wartenberg
Distalmente,oramosensitivoradialpodesercomprimidopela
margemtendíneadobraquiorradialedoextensorradiallongodo
carpo,caracterizandoasíndromedeWartenberg.Opaciente
apresentadornoterçodistaleradialdoantebraço,namão,no1º,2º
e3ºdedos,comTinelpositivonoestiloidedorádio.Odiagnóstico
diferencialdeveserfeitocomrizartroseetendinitedeDeQuervain.
3.4 QUADRIL
3.4.1 Artrose
Aartrose,osteoartroseouosteoartrite(OA)constituiadesordem
articularmaisprevalente.
Cerca de 80% dos indivíduos com mais de 55
anos apresentam evidências radiológicas da
presença de artrose no quadril, porém nem
todos aqueles com alterações radiológicas são
sintomáticos.
Denaturezadegenerativa,acometeacartilagemarticulareé
caracterizadaporneoformaçãoósseanasmargensarticulares
(osteófitos),diminuiçãodosespaçosarticulares,dorediminuiçãoda
mobilidade,evoluindocomrigidez,claudicação,alémdo
encurtamentodomembroacometido.Podeteretiologiamecânicae
origemmetabólicaecombinada.Osfatoresderiscosãoidade,
obesidade,trauma,fraquezadamusculaturaperiarticular,genética,
diabetes,sexofeminino,raçabranca,entreoutros,comaidade
comooprincipalfator.Nojoelho,existeforterelaçãocomalterações
biomecânicas,comovaroevalgoexcessivo.Deformidadesemvaro
apresentammaiorriscodedesenvolverOA(Figura3.19).
Figura 3.19 - Anatomia do quadril
Fonte: ilustração Claudio Van Erven Ripinskas.
Odiagnósticoéclínicoeradiográfico.Trata-sedeumadoença
progressivaeinsidiosa,queenvolveprincipalmentearticulaçõesde
carga(quadril,joelho,tornozeloepé),colunaemãos,sendoo
acometimentodepunho,cotoveloeombrosmenosfrequente.No
tornozelo,écomumserpós-traumática.
Oquadroclínicodeartroseenvolvedorarticularaomovimento,
rigidezmatinal<30minutosecrepitaçãoàmovimentaçãoativada
articulação.Edemaederramearticulartambémpodemestar
presentes.
Nojoelho,articulaçãomaisacometidapelaOA,oindivíduorefere
pioraaosubiredescerescadaselevantar-sedaposiçãosentada.No
quadril,adorpodeirradiar-separaafaceinternadacoxaedo
joelho;opacienteapresentalimitaçãodaADM,principalmenteda
rotaçãointerna,eduranteamarchapodetercontraturaemflexãoe
rotaçãoexterna.Nasmãos,sãocomunsosnódulosdeHeberdennas
interfalangianasdistais.Quandonódulosaparecemnas
interfalangianasproximais(nódulosdeBouchard),normalmente
sãodecorrentesdaartritereumatoide.Asalteraçõesradiográficas
maisencontradassão(Figuras3.20e3.21):
1. Diminuição do espaço articular até obliteração;
2. Presença de osteófitos marginais;
3. Esclerose do osso subcondral;
4. Cistos/geodos subcondrais.
Figura 3.20 - Deformidade em varo do joelho, com sobrecarga no platô medial
Nota: obliteração do espaço articular, esclerose subcondral e osteófitos.
Figura 3.21 - Osteoartrite no quadril
Nota: diminuição do espaço articular, esclerose subcondral, subluxação articular, osteófitos
marginais e cistos subcondrais.
Fonte: Estudo por imagem da artrite reumatoide no quadril, 2005.
Otratamentoconsisteemmedidasnãofarmacológicas,
farmacológicasecirúrgicas.Asnãofarmacológicasincluemmedidas
comoreduçãodepeso,ergonomiaocupacionaledoméstica,
fisioterapiacomdestaqueparaexercíciosdefortalecimento
muscularefisioterapiaanalgésica(termoeeletroterapia),RPG
(ReeducaçãoPosturalGlobal),acupuntura,hidroterapiaetc.
Conformeaprogressãodadoença,podesernecessárioousode
equipamentosdeauxílioàmarcha.Repousoe/ouimobilização
prolongadanãosãobenéficosparaadoença,umavezquea
imobilidadeprivaacartilagemdosmecanismospelosquaisocorrem
anutriçãoearemoçãodoscatabólitosquecausamatrofiada
musculaturaarticular.Apráticadeexercíciosregulares,portanto,é
importanteparaamanutençãodaestruturaedafunçãoda
cartilagem,masdevemserevitadascargassignificativase
repetitivassobreaarticulação(devem-seevitarexercíciosde
impacto).
Otratamentofarmacológicodeveserfeitoinicialmentecom
analgésicoseAINEs.Aosquenãorespondemaosanalgésicosetêm
contraindicaçãoaousodeAINEs,autilizaçãodeopioides,comoo
tramadol,torna-sealternativa.Existe,ainda,ogrupodos
medicamentosditos“condroprotetores”,quenãotêmcapacidadede
refazeracartilagemperdida,masmostraminteressanteaçãosobre
ossintomas,comefeitoantálgicomaisprolongadodoque
analgésicoseaçãoderetardosobreaprogressãodadoença.Faz
partedessegrupoosulfatodeglicosamina(1,5g/d),associadoou
nãoaosulfatodecondroitinaeadiacereína.Derivadosdoácido
hialurônicopodemseraplicadosdentrodaarticulação,
procedimentochamadodeviscossuplementação.Essesfármacos
mostramaçãobenéficaprincipalmentenaOAdosjoelhos,se
utilizadosporperíodoprolongado(mínimode3meses).Estudos
mostramque,quantomaisprecocementeforintroduzidoofármaco,
maiorseráaaçãobenéfica.
Otratamentocirúrgicodaartroseéfeitoemúltimocaso,quandoa
dorsetornafatordelimitaçãoimportantenasatividadesdavida
diária.
Asopçõescirúrgicassãodebridamentoartroscópico,osteotomiase
artroplastias(parciaisoutotais)(Figuras3.22e3.23).As
osteotomiasdevemserfeitasparapacientescomdesviodoeixo
mecânicoparaprevenirasformasgravesdeOA,ideaisparaaqueles
semalteraçõesradiográficassignificativas.Asartroplastias
promovemreduçãoimportantedadoremelhorafuncional
significativa.
Figura 3.22 - Artroplastia total do joelho
Fonte: Artroplastia total do joelho com o apoio tibial móvel. Avaliação clínica após
seguimento mínimo de cinco anos de pós-operatório, 2015.
Figura 3.23 - Artroplastia total do quadril
Fonte: Artroplastia total do quadril de Spotorno®, 2008.
3.4.2 Osteonecrose da cabeça do fêmur
Tambémchamadadenecroseasséptica,necroseavascularou
necroseisquêmica,aosteonecrosedacabeçadofêmuracomete
indivíduosentreaterceiraeaquintadécadasdevidaepodeser
bilateralem34a72%doscasos.Estárelacionadaafatoresderisco,
comoetilismo,tabagismo,usodecorticosteroidesistêmicopor
tempoprolongado,hemoglobinopatias,gota,osteodistrofiarenal,
trauma,gravidez,dislipidemias,doençadeGaucher,distúrbiosde
coagulação,diabetes,artritereumatoide,lúpuseritematoso
sistêmico,AIDS,entreoutros.
Clinicamente,caracteriza-sepordornoquadrilevirilha,
claudicaçãoediminuiçãodaADM.Otempodeduraçãodossintomas
>12mesestemrelaçãocompiorprognóstico.
Quadro 3.1 - Classificação de Ficat e Arlet
Aradiografiaapresentaimagemradiodensanacabeçadofêmur,que
correspondeàáreadenecrose(Figura3.24).
Édifícilidentificaranecroseavasculardacabeçadofêmurnafase
inicial,porissoaressonânciaéoexamemaissensívelparadetecção
precoce.
ARNMforneceaextensãodocomprometimentoeajudaa
diferenciaroutrascausasdedor,comoneoplasia,infecção,lesõesde
labrumeosteoporosetransitória.Acintilografiapodesersolicitada
quandonãoháRNMdisponível,mastemmenorsensibilidadee
menorespecificidade.
Figura 3.24 - Alteração de densidade na cabeça do fêmur, que corresponde à área de
necrose
Figura 3.25 - Necrose na cabeça do fêmur, em área de carga na ressonância magnética
Otratamentodependedaextensãodanecroseedaexistênciaounão
decolapsosubcondral.Apósocolapso,nenhummétodoou
tratamentoretardaaprogressãodaartrose.Otratamentoclínico
comrepousoeusodemuletasgeralmentenãoéeficaz.Ocirúrgico
consisteemdescompressãodacabeçaparaalíviodapressão
intraóssea,comumabrocacirúrgicaguiadaporescopiaouporraios
X,quandoaindanãohouvecolapso.Emcasosavançados,pode-se
optarpelaartroplastia,queapresentabonsresultadosfuncionais.
#IMPORTANTE
Uma das principais complicações da
artroplastia do quadril é a insuficiência do
músculo glúteo médio, que gera queda do
quadril ipsilateral, representada pelo teste de
Trendelenburg positivo.
3.5 JOELHO
Ojoelhoéumaarticulaçãoemgínglimooudobradiça.Porcontar
compoucacongruênciaentreseuscomponentesósseos,sua
estabilidadedependedaintegridadedasestruturas
capsuloligamentaresemusculares.Alémdisso,estásujeitoalesões
tantoagudasquantocrônicas,traumáticasoudegenerativas.
Figura 3.26 - Estruturas ósseas, cartilaginosas e ligamentares do joelho
3.5.1 Lesão do ligamento cruzado anterior
OLigamentoCruzadoAnterior(LCA)éumimportanteestabilizador
dojoelho.Éoprincipalestabilizadorestáticoanteriordatíbiaem
relaçãoaofêmur.Alesãoligamentarquemaisacometeojoelhoéa
doligamentocruzadoanterior.
Omecanismomaiscomumdelesãoéabdução+extensão/flexão+
rotaçãointernadofêmursobreatíbia(tíbiaemrotaçãoexterna)+
péfixonochãoemummovimentodedesaceleraçãodomembro
inferiorcomcolapsoemvalgodojoelho.Nomomentodaruptura,o
pacientereferedorintensa,comestalidoaudível,derramearticular
importanteimediato(hemoartrose)edificuldadeparadeambulação.
Ostestesfuncionaisprovocammuitadornafaseaguda,devidoao
derramearticular.Nessemomento,nocasodederramearticular
muitovolumosoeafimdepropiciaralívio,podemosprocederà
artrocentese(punçãoarticular).Seforobservadapresençadesangue
–hemartrose,aprobabilidadedelesãodoLCAémaiordoque70%.
Apósapunção,podehaveralíviosignificativodadoreatéapossível
realizaçãodostestes.
Aradiografiadevesersolicitadaparadescartarfraturasporavulsão,
comoafraturadeSegond,queacometeoaspectolateraldoplatô
tibialouafraturaporavulsãodaeminênciatibial,entreoutras.
O exame de escolha para confirmar o
diagnóstico de lesão do ligamento cruzado
anterior é a ressonância magnética.
Otratamentoinicialdalesãodoligamentocruzadoanterioréfeito
pormeiodeimobilização,repouso,geloeexercíciosisométricos
paraevitaratrofiamuscular.Apóscercade3semanas,podeserfeita
areconstruçãoligamentarporviaartroscópicacomenxertode
tendão.
Otratamentoclínicooucirúrgicovaidependerdaidade,dos
sintomasdeinstabilidade,doestilodevida,dademandafuncional,
doníveldepráticaesportivaetc.Ostestesmaisutilizadospara
avaliarlesãoligamentarsãorelacionadosaseguir.Geralmente,o
tratamentoécirúrgico,masemcasosemqueospacientessão
idosos,sedentários,nãotêmcondiçõesclínicasparasuportara
cirurgia,ounãoqueremfazê-la,pode-serealizarotratamento
conservador.
3.5.1.1 Teste de Lachman
Comopacientedeitadoeojoelhofletidoa30°,oexaminadorsegura
comumadasmãosaregiãosupracondilardofêmure,comaoutra,a
regiãosuperiordatíbia,eprovocaummovimentoantagônico,com
umamãoparafrenteeaoutraparatrás,ocasionandoo
deslizamentodeumasuperfíciearticularsobreaoutra(Figura3.27).
Quandoodeslocamentoanteriordatíbiaocorre,osinalépositivo
paralesãodoLCA.
Figura 3.27 - Teste de Lachman
Fonte: Acervo Medcel.
3.5.1.2 Teste da gaveta anterior
Comopacientedeitadoeojoelhofletidoem90°,oexaminador
sentasobreopédopacienteparadarapoioepromovetraçãopara
frentecomasmãosnaregiãosuperiordatíbia(Figura3.28).A
gavetaanteriordeveserrealizadaemposiçãoneutra,rotação
internaerotaçãoexterna.Emposiçãoneutra,avaliaaintegridadedo
LCA.Emrotaçãoexterna,avaliaaintegridadedocomplexo
ligamentarmedial,poisdeixaasestruturastensionadas.Emrotação
interna,avaliaaintegridadedocomplexolateral.
Figura 3.28 - Teste da gaveta anterior
Fonte: Acervo Medcel.
3.5.1.3 Jerk-test (teste do ressalto)
Comopacientedeitadoeomembroaserexaminadoemflexãode
45°doquadrile90°nojoelho,oexaminador,comumadasmãos,
seguraopéemrotaçãointernae,comaoutra,pressionaoterço
superiorexternodaperna,forçandoumvalgoefazendoaomesmo
tempoaextensão(Figura3.29).Emdeterminadomomento,ocorrerá
umressalto,queéasubluxaçãoanterolateraldatíbia,porlesãodo
LCA.
Figura 3.29 - Jerk-test
Fonte: Acervo Medcel.
3.5.1.4 Teste do pivot shift
Apartirdaposiçãofinaldojerk-test,comojoelhoestendidoem
posiçãoderotaçãointerna,inicia-selentamenteaflexão,que
provocareduçãodaluxaçãoanterior.ÉpositivonalesãodoLCA.
3.5.1.5 Estresse em varo e valgo
Comopacientedeitadoeojoelhofletidoa30°,realiza-seoestresse
emvarocomumadasmãosapoiadasnafacemedialdojoelhosobre
ocôndilofemoral,eaoutrasegurandoopéouotornozelo.O
examinadorprovocaaaduçãodaperna(Figura3.30).Aaberturada
interlinhaarticularlateralexcessivaindicalesãodoligamento
colaterallateral.Quandooestresseérealizadoemextensãototal,
avalia,alémdoligamentocolaterallateral,ocantoposterolateral.
Noestresseemvalgo(Figura3.31),oexaminadorprovocaaabdução
daperna;aaberturadainterlinhaarticularmedialindicalesãodo
ligamentocolateralmedialemflexãode30°;docolateralmedial,
cápsulaposterioreLCAquandoemextensãototal.
Figura 3.30 - Estresse em varo
Fonte: Acervo Medcel.
Figura 3.31 - Estresse em valgo
Fonte: Acervo Medcel.
3.5.2 Lesões meniscais
Osmeniscostêmafunçãodeestabilizaraarticulação,reduziro
estressedofêmursobreatíbiaenutriraarticulaçãopormeioda
cartilagemhialina.Aslesõesmeniscaisgeralmenteocorrempor
traumatorcionalcomojoelhoemleveflexão.Opacienteapresenta
derramearticular,bloqueiosesporádicos(travamento),pioradador
commovimentodeagachamento,doràpalpaçãodainterlinha
articularetestesmeniscaispositivos.
O menisco que mais comumente se rompe é o
medial, por ser menos móvel do que o lateral.
As lesões do menisco lateral geralmente estão
associadas à lesão do ligamento cruzado
anterior.
Aradiografiaajudaadescartarlesõesósseaseavulsão.ARNMéo
examepadrão-ouroparaodiagnóstico,porémaartroscopiatem
ganhadoespaço,poispermitedeterminarsealesãoécompletaou
incompleta,longitudinaloutransversal,alémdejáservirpara
realizaçãodotratamentodefinitivo.
Otratamentopodeserconservadornaslesõesconsideradasestáveis
comrupturalongitudinal,naregiãovascularizadadomenisco(zona
vermelha-vermelha–Figura3.32),poistemmaiorchancede
cicatrização.Otratamentocirúrgicoéfeitopormeiodeartroscopia.
Quandoépossível,procede-seàsuturadalesãomeniscal.A
complicaçãoprincipal,emlongoprazo,éodesenvolvimentode
artrose.
Figura 3.32 - Anatomia do menisco
Fonte: ilustração Claudio Van Erven Ripinskas.
Ostestesmaisutilizadosparaavaliarlesãomeniscalsão:
3.5.2.1 Teste de Apley
Comopacienteemdecúbitoventral,sãorealizadasaflexãodo
joelhoe,segurandoomembropelopé,sãorealizadasrotações
externaeinterna(Figura3.33).Sehouverdornainterlinhaarticular
àrotaçãolateral,indicarálesãodomeniscomedial,eemrotação
interna,lesãodomeniscolateral.
Figura 3.33 - Teste de Apley
Fonte: Acervo Medcel.
3.5.2.2 Teste de McMurray
Comopacienteemposiçãosupina,oquadrilfletidoa90°eojoelho
fletidoaomáximo(pelomenos90°deflexão),oexaminadorpalpa
comumadasmãosainterlinhaarticularecomaoutraseguraopée
promoveasrotaçõesinternaeexterna(Figura3.34).Apresençade
dorjuntoàinterlinhaarticularlateralcomrotaçãointernaindica
lesãodomeniscolateral.Apresençadedornainterlinhamedialcom
rotaçãoexternaindicalesãodomeniscomedial.
Figura 3.34 - Teste de McMurray
Fonte: Acervo Medcel.
3.5.2.3 Teste de Steinmann
Comopacientesentadonamacaesuaspernaspendentesa90°,o
examinadorrealizapassivamenteasrotaçõesexternaeinternada
perna,segurandopelopé(Figura3.35).Dorouestalidojuntoà
interlinhaarticularésinaldelesãodomeniscocorrespondente.
Figura 3.35 - (A) Manobra para testar o músculo tibial anterior e (B) teste para músculo
tibial posterior
Fonte: Acervo Medcel.
3.5.2.4 Menisco discoide
Omeniscodiscoideéavariaçãoanatômicamaisfrequenteno
meniscolateral,prevalentenosexofemininoenosorientais,que
têmumavariaçãoquepredispõeàlesão.Podeounãoser
sintomático.Quandosintomático,opacientepodequeixar-sede
dor,geralmentesemhistóriadetrauma.Épossível,ainda,
apresentarderramearticulareestalidosfrequentes,travamento,
semcrepitaçãofemoropatelar.
Aradiografiaauxilianasuspeitapeloalargamentodoespaço
articularlateraleumaplainamentodocôndilolateral,masaRNM
confirmaodiagnóstico.Otratamentoserácirúrgico(saucerização)
seopacienteapresentarsintomatologia.Realiza-seartroscopiapara
ressecçãoparcial,procurandoofereceraomeniscoumaformamais
próximadonormal(formade“C”).
3.6 HÁLUX VALGO (JOANETE)
Ascausasquepodemlevaraoháluxvalgo(Figura3.36)sãomuitase
podemserdivididasemintrínsecaseextrínsecas,conforme
explicitadoadiante.
Figura 3.36 - Hálux valgo
3.6.1 Fatores intrínsecos
1. Fórmula digital: pé egípcio e pé quadrado (mais vulneráveis à
deformação);
2. Index minus;
3. Flacidez ligamentar;
4. Hipermobilidade da articulação do 1º metatarso-cuneiforme;
5. Pé espraiado;
6. Pé plano valgo;
7. Formato redondo da superfície articular da cabeça do 1º metatarso;
8. Doenças sistêmicas (artrite reumatoide, gota etc.);
9. Predisposição familiar (genética);
10. Sexo feminino.
3.6.2 Fator extrínseco
Calçadoinadequado(saltoaltoebicofino).
3.6.3 Fórmula digital e fórmula metatarsal
Afórmuladigitaléoexamedotamanhorelativodosdedosdospése
define3tiposprincipaisdeconformação:
1. Pé egípcio (1º > 2º > 3º > 4º > 5º – Figura 3.37);
2. Pé grego (1º < 2º > 3º > 4º > 5º);
3. Pé quadrado (1º = 2º > 3º > 4º > 5º).
Figura 3.37 - Pé egípcio
Afórmulametatarsaléoexamedotamanhocomparativoentreo1ºe
o2ºmetatarsosvistospormeioderadiografia.Quandoo1ºémaior
doqueo2º,éconhecidocomoindexplus.Quandoo2ºraioémaiordo
queo1º,éconhecidocomoindexminus.Quandoambossãoda
mesmaaltura,sãochamadosindexplus-minus.
Odiagnósticoéclínico,umavezqueadeformidadeévisível.As
radiografiassãonecessáriasparamensurarograudadeformidade
pormeiodedeterminadosângulos(Figura3.38):
1. Ângulo interfalângico do hálux: formado pelas linhas médias
traçadas entre a falange proximal e distal do hálux. Normal até 6°;
2. Ângulo metatarsofalângico: formado pelas linhas médias traçadas
entre a falange proximal do hálux e o 1º metatarso. Normal até 15°;
3. Ângulo intermetatarsal: formado pelas linhas médias traçadas
entre o 1º e o 2º metatarsos. Normal até 9°.
Figura 3.38 - (A) Ângulos intermetatarsal e (B) metatarsofalangiano
Otratamentoclíniconãocorrigeadeformidade,masaliviaos
sintomas.Asprincipaismedidassãoamodificaçãodocalçadoeouso
depalmilhasparaaliviarmetatarsalgiassubsequentesà
deformidade.Porsetratardeumadeformidadeprogressiva,o
tratamentocirúrgicodeveserrealizadoparapacientessintomáticos.
Sãováriasastécnicasoperatórias,easindicaçõesvariamdeacordo
comagravidadeeosângulosencontrados.
3.7 LOMBALGIAS E LOMBOCIATALGIAS
Alombalgiaéumaimportantecausadeincapacidadefuncionalentre
adultosjovenseidosos.Adegeneraçãodiscalealgumgraudedore
rigidezvãoocorrerinvariavelmentecomaidade,eaté80%da
populaçãoteráqueixadelombalgiaemalgumafasedavida.Aidade
daprimeiracrisecostumaseraos35anoseacometetantoosexo
masculinoquantoofeminino.
Quadro 3.2 - Lombalgias e lombociatalgias – visão geral
Osdiscosdegeneradosapresentamdiminuiçãodealturaemenor
capacidadededissiparasforçasdecompressão,alémdeaumentoda
mobilidade.Comoresultado,ocorremalteraçõessecundárias,como
hérniadedisco,espessamentodoligamentoamarelo,artroseda
articulaçãofacetáriaeformaçãodeosteófitos,tornandodifícilisolar
afonteprimáriadadorlombar.Écomumentrepessoasqueexercem
ocupaçõesnasquaispermanecememumamesmaposição,têmde
levantardaposiçãosentadacomfrequênciaousofremvibrações
repetitivas.Obesidadeesedentarismosãofatoresderisco.
Adordalombalgiapodesersomentelocalouirradiar-separaas
nádegasearegiãoposteriordacoxa,podendochegaràsoladopé.O
termo“lombociatalgia”éutilizadoquandoadorlombarseirradia
atéabaixodojoelho.Apresençadedorciáticaindicaquehá
compressãoderaiznervosa,caracterizandoaradiculopatia.
Geralmente,adormelhoracomrepouso.Éobrigatórioperguntarao
pacientesobredisfunçãoesfincteriana,paradescartarasíndromeda
caudaequina,situaçãodeurgênciacaracterizadapelatríade
compostapor:
1. Alterações sensitivo-motoras nos membros inferiores;
2. Disfunção vesical/esfincteriana;
3. Anestesia “em sela” (região perineal).
Nessecaso,otratamentocirúrgicodeveserimediato.
Aoexamefísico,opacientepodequeixar-sedesensibilidadenas
regiõeslombaresacroilíaca,edorcomflexãoeextensãodacoluna.
Énecessáriofazerexameneurológicominucioso,avaliandoa
sensibilidadedosdermátomos(Figura3.39),forçamotora,reflexos
etestesespeciais.
Figura 3.39 - Distribuição dos dermátomos para investigação da sensibilidade
Aforçamotoradeveseravaliadanosdiferentesmiótomos(grupos
muscularesinervadospelamesmaraiznervosa),sendoumamaneira
simplessolicitaraopacienteparaandarnapontadospésenos
calcanhares.
Quadro 3.3- Raízes nervosas que suprem os membros inferiores e suas funções
Quadro 3.4 - Reflexos correspondentes a cada raiz (também devem ser testados)
Ostestesespeciaissãorealizadoscomoobjetivodereproduziros
sintomasrelacionadosaonervociático,sendoomaisutilizadoo
testedeLasègue(Figura3.40).Quandohouveraparecimentode
sintomasduranteaelevaçãodomembro(entre30e70°),otesteserá
positivoesignificaqueháirritaçãodaraiznervosa.
Figura 3.40 - Teste de elevação (Lasègue) da perna estendida
Nota: para ser positivo, o paciente deve referir dor abaixo do joelho.
Fonte: Acervo Medcel.
Adorlombarpodeserdecorrentededoençainflamatóriasistêmica,
comoespondiliteanquilosanteeartritessoronegativas.Elas
costumamacometeraarticulaçãosacroilíaca,naqualotestede
Patrick(Figura3.41)épositivo.Otesteéfeitocomopacientena
posiçãosupinaedeveflexionarojoelhoposicionandoopédo
membro,quenãoseráexaminadonojoelhodoladooposto(quadril
fletido,abduzidoeemrotaçãoexterna–“FABERE”).Oexaminador
estabilizaaespinhailíacaanterossuperiordoladoqueserá
examinadoepromoveumaforçasobreojoelho,quedesencadeiador
naarticulaçãosacroilíaca.
Figura 3.41 - Teste de Patrick – “FABERE”
No1ºepisódiodedor,nãodevemsersolicitadosexames
radiológicos,amenosqueexistamsinaisdealerta(redflags),tais
como:idade<15ou>55anos;antecedentedetumorouhistóriade
emagrecimentorápido;dornoturna,associadaounãoàsudoresee
febre;dorpormaisde3meses;sinaisderadiculopatia.
Apartirda2ªcrise,devemsersolicitadasradiografias,nasquaisé
possívelobservaralordosefisiológicaousuaretificaçãodevidoao
espasmomuscular,presençadeescorregamentoentreasvértebras
(espondilolistese),pinçamentodiscaleosteofitose(osbicosde
papagaio)(Figura3.42).Asradiografiasajudamadescartartumores,
metástaseseinfecções,comodisciteetuberculosevertebral.ARNM
iráevidenciaradesidrataçãododisco(hipossinalemT2–disco
preto–Figura3.43)eéopadrão-ouroparaevidenciarhérniade
disco,alémdeserútilparaoplanejamentopré-operatório.
Figura 3.42 - Radiografia de incidência em perfil da coluna lombossacra
Nota: evidência de retificação da lordose fisiológica, osteófitos difusos (setas) e diminuição
do espaço discal L5-S1.
Figura 3.43 - Ressonância magnética da coluna lombar mostrando hérnia de disco (seta)
entre os segmentos L5 e S1
Nota: hipossinal no disco (disco preto) – sinal de desidratação discal.
Otratamentoclínicodalombalgiaéem90%doscasosconservador,
feitocomrepousoporcurtoperíodo(3dias),anti-inflamatóriosnão
esteroides,exercíciosdecondicionamento,alongamento,
fortalecimentosparaespinaleabdominal,fisioterapia,RPG,
hidroterapia,acupuntura,pilates,reduçãodepeso,entreoutros.
Deveserevitadoousodemedicamentosopioides.Nahistória
naturaldalombalgia,50%melhoramem1semana,e95%em3
meses.Otratamentocirúrgicoéfeitosemprequehásíndromeda
caudaequinaepioraneurológicaprogressiva.Atualmente,podeser
indicadotratamentocirúrgicoparapacientescomdorpormaisde3
meses.
Serárealizadamicrodiscectomiaisoladaoudiscectomiaparcialse
nãohouverinstabilidade.Asimplesretiradadahérniapodelevarà
mobilidadeexcessivanoespaço,causandorecidivaedorlombar
residual.Sehouverinstabilidadesegmentar,serárealizada
laminectomiaassociadaàartrodese.
Infecçãododiscointervertebral(discite)podeocorrerapós
procedimentoinvasivonacoluna.Écaracterizadapordorem
repouso,impotênciafuncional,escolioseantálgica,febreemau
estadogeral.Devemsersolicitadosexamesdeimageme
laboratoriais,comovelocidadedehemossedimentaçãoeproteínaC
reativa.Drenagemcirúrgicapodesernecessária.
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